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Universidade Estadual Paulista

Campus Universitário de Bauru


unesp Faculdade de Engenharia
Departamento de Engenharia Elétrica

Projeto de Iniciação Científica


PIBIC/CNPq

Variação Dinâmica do Capacitor em motores de


Indução Monofásicos

Relatório Final

Aluno: Luiz Fernando Grijo


Orientador: Prof. Dr. Renato Crivelari Creppe
Índice

1 - Introdução .................................................................................. 1
2 - Objetivos ..................................................................................... 2
3 - Metodologia ................................................................................. 3
3.1 - Revisão Bibliográfica – Máquinas Monofásicas ................... 3
3.1.1 - Motores de Indução Trifásicos e o Campo Girante .............. 3
3.1.1.1 - Análise matemática ........................................................ 7
3.1.1.2 - Escorregamento nos Motores de Indução........................ 8
3.1.2 - Motores de Indução Monofásicos ........................................ 11
3.1.3 - Tipos de Motores Monofásicos............................................ 16
3.1.3.1 - Fase Auxiliar .................................................................. 16
3.1.3.2 - Motores Tipo Capacitor.................................................. 17
3.1.3.3 - Motor de Bobina de Arraste............................................ 19
3.2 - Modelo de Simulação ............................................................. 20
3.2.1 - O Circuito Equivalente ........................................................ 20
3.2.1.1 - O Ramo de Magnetização............................................... 20
3.2.1.2 - O Circuito Equivalente do Rotor .................................... 22
3.2.1.3 - O Circuito Equivalente do Rotor Referido ao Estator ..... 23
3.2.1.4 - O Circuito Equivalente Completo................................... 23
3.2.1.5 - O Circuito Equivalente Aproximado............................... 23
3.2.1.6 - O Circuito Equivalente do Motor Monofásico ................ 24
3.2.2 - O Modelo Dinâmico ............................................................ 27
3.2.2.1 - Equações de Fluxo ......................................................... 28
3.2.2.2 - Equações de Torque ....................................................... 31
3.2.2.3 - Modelo de Simulação do Motor de Indução Monofásico
Utilizado ......................................................................... 32
3.3 - Simulação................................................................................ 34
3.3.1 - Rotinas de Simulação ......................................................... 34
3.3.1.1 - Descrição dos Blocos...................................................... 34
3.3.1.2 - Visualização Gráfica de Resultados e Ajuste Polinomial 37
3.3.2 - Alteração da Capacitância ................................................... 41
3.3.3 - Alteração da Capacitância no Modelo de Circuito
Equivalente........................................................................... 45
4 - Resultados.................................................................................... 46
4.1 - Variação da Capacitância ........................................................ 46
4.1.1 - Perfil de Reta....................................................................... 47
4.1.2 - Perfil de Parábola ................................................................ 50
4.1.3 - Perfil de Exponenciais......................................................... 52
4.1.4 - Comparação ....................................................................... 56
4.1.5 - Observação ......................................................................... 58
5 - Discussão ..................................................................................... 61
5.1 - Do uso de capacitores .............................................................. 61
5.2 - Da Variação Dinâmica da Capacitância ................................... 61
5.3 - Da Comparação entre os Quatro Perfis .................................... 62
6 – Referências Bibliográficas.......................................................... 64
7 – Anexos ......................................................................................... 65
7.1 - Anexo 1 - Participação em congresso de IC ............................ A1
7.2 - Anexo 2 - Arquivo de dados do motor ..................................... A2
1 – Introdução.

Os motores elétricos de indução representam a imensa maioria dos motores


empregados nas mais diversas aplicações na indústria, lar, comércio, etc. Embora, na
indústria, esses motores sejam, na maioria das vezes, de grande potência e operem em
sistemas de alimentação trifásicos, algumas mudanças em suas características
construtivas possibilitam a construção de motores de indução monofásicos, trazendo
para o lar, comércio, etc., os benefícios dos motores de indução (baixa manutenção,
baixo custo). Os motores monofásicos são máquinas amplamente utilizadas em
ambientes residenciais, comerciais e mesmo industriais, como já foi dito e, esta grande
utilização está ligada a facilidade e simplicidade de alimentação, realizada através de
sistemas monofásicos de baixa potência. É possível encontrar motores monofásicos de
indução acionando geladeiras, aparelhos condicionadores de ar, ventiladores e
exaustores, bombas d'água, serras de bancada, além de diversas outras aplicações.
Dentre os diversos tipos de motores monofásicos existentes, destacam-se os
motores de capacitor de partida, capacitor permanente e duplo capacitor, que são
empregados nas aplicações monofásicas que necessitam de maior conjugado como
bombas, compressores e motores industriais. Nestes motores a presença do capacitor
traz importantes benefícios durante a partida e pode ser indesejável durante a operação
normal. Assim, recursos como a retirada do capacitor após a partida ou a utilização de
dois capacitores tentam conseguir os maiores benefícios destas máquinas através do uso
de chaves centrífugas.
Com o atual desenvolvimento da eletrônica de potência é possível o emprego
de um único capacitor, chaveado adequadamente de acordo com a velocidade de
operação, levando a valores elevados de conjugado de partida e de conjugado nominal,
além de melhores valores de rendimento e fator de potência durante a operação,
otimizando o consumo de energia e permitindo uma seleção de potência mais adequada
para cada tarefa. Outro importante ponto a ser observado é que o chaveamento
eletrônico do capacitor dispensa o uso das chaves centrifugas que representam a maior
fonte de problemas para os motores monofásicos.
Dessa forma, para que o chaveamento eletrônico do capacitor possa ocorrer de
maneira satisfatória é necessário o estudo do comportamento do motor de indução
monofásico como função do valor de capacitância empregada e da velocidade, buscando
o melhor perfil de operação para uma dada potência.
2-Objetivos.

O objetivo deste trabalho é estudar o comportamento do motor de indução


monofásico operando com capacitância variável, visando a determinação de um perfil
de variação da capacitância que proporcione o maior conjugado de partida, o maior
conjugado nominal e os melhores valores de fator de potência e rendimento para uma
determinada potência. Este perfil de variação será utilizado no sistema de controle de
disparo dos transistores de chaveamento, eliminando chaves mecânicas do tipo
centrifugas e aumentando sua confiabilidade.
Para que seja conseguido o melhor desempenho final, é necessário o estudo do
motor monofásico através de suas equações fundamentais, amplamente conhecidas, e
sua posterior simulação matemática, através de rotinas que permitam a observação de
todas as suas grandezas como função da velocidade e da capacitância. O programa
utilizado neste trabalho é o Matlab/Simulink, que permite uma rápida e simples
programação, com possibilidade de visualização gráfica dos resultados obtidos, que
facilita as análises do comportamento do motor.
São desenvolvidas rotinas de simulação para as diversas estratégias de variação
de capacitância. Estas estratégias de variação são testadas e comparadas entre si para a
obtenção das melhores características de cada uma. Inicialmente são estabelecidas
regras simples de variação (e.g. linear) e, posteriormente, estas estratégias são
modificadas de acordo com os resultados obtidos.
Após as simulações, um trabalho de análise dos gráficos resultantes é efetuado
visando separar as melhores técnicas de variação para a capacitância com a
especificação de suas melhores contribuições e, eventualmente, das deficiências de cada
uma.
3 – Metodologia.

3.1. Revisão Bibliográfica – Máquinas de Indução.

3.1.1 – Motores de Indução Trifásicos e o Campo Girante.


Os motores de indução se destinguem dos demais motores por serem máquinas
com excitação única. Embora os motores de indução sejam equipados tanto com um
enrolamento de campo como com um de armadura, em condições normais de utilização
a fonte de energia é conectada a um único enrolamento, o de campo. As correntes
circulam no enrolamento de armadura por indução, o que cria uma distribuição ampère-
condutor que interage com a distribuição de campo para produzir um torque líquido
unidirecional. A freqüência da corrente induzida no condutor é ditada pela velocidade
do rotor no qual está colocada; contudo, a relação entre a velocidade do rotor e a
freqüência da corrente de armadura é tal que dá uma distribuição ampère-condutor
resultante que é estacionária em relação a distribuição do campo. Como resultado a
máquina de indução com excitação única é capaz de produzir torque a qualquer
velocidade abaixo da velocidade síncrona1, por esta razão, a máquina de indução é
classificada com uma máquina assíncrona.
Sendo o motor de indução uma máquina com excitação única, é necessário que
tanto a corrente de magnetização como a componente de potência da corrente circulem
pela mesma rede. Além disso, devido à presença de um entreferro no circuito
magnético da máquina de indução, um valor apreciável de corrente de magnetização é
necessário para estabelecer o fluxo por pólo solicitado pela tensão aplicada.
Normalmente, o valor da corrente de magnetização para motores de indução trifásicos
fica entre 25% e 40% da corrente nominal. Conseqüentemente, os motores de indução
trifásicos operam com um baixo fator de potência para cargas leves e um fator de
potência próximo a unidade na vizinhança da potência nominal.
É apresentado a seguir, uma breve teoria sobre o campo magnético girante, pois
este é em suma a força motriz que está por trás dos motores de indução[Del Toro,p136].
Para compreendermos a teoria e funcionamento das máquinas de indução, se faz
necessário o estudo da natureza do campo magnético produzido por um enrolamento
polifásico. Em particular, estudaremos o campo magnético criado pelo enrolamento de
uma máquina trifásica e, em seguida, o estenderemos à máquina de indução monofásica.
A aplicação de uma tensão trifásica no enrolamento trifásico do estator do motor
de indução cria um campo magnético girante que, por efeito de transformador, induz
uma fem de trabalho porque faz uma corrente circular através dos condutores do
enrolamento de armadura. Esta se associa com uma onda de densidade de fluxo girante
para produzir torque. Conseqüentemente, podemos considerar o campo girante como a
chave para a operação dos motores de indução.
O campo magnético girante é produzido por combinações de enrolamentos de
fase deslocados no espaço conduzindo correntes apropriadas deslocadas no tempo. Para
compreender esta afirmação, vamos dirigir nossa atenção às figuras 3.1 e 3.2. Na figura
3.1 aparecem as correntes trifásicas, que são supostas como circulando nas fases a, b e
c, respectivamente. Nota-se que estas correntes estão deslocadas no tempo pelo
1
A velocidade síncrona é determinada pela freqüência da fonte aplicada ao enrolamento de campo e pelo
número de pólos para o qual a máquina é projetada.
equivalente 120 graus elétricos. Na figura 3.2 estão representados a estrutura do estator
e o enrolamento trifásico. Observe que cada fase (normalmente distribuída a cada 60
graus elétricos) está representada, por conveniência, por uma única bobina. Dessa
forma, a bobina a-a’ representa o enrolamento completo da bobina a, tendo seu eixo de
fluxo dirigido ao longo da vertical. Isso significa que sempre que a fase a conduz uma
corrente, ela produz um campo de fluxo direcionado ao longo do eixo vertical – para
cima ou para baixo. A regra da mão direita prontamente verifica essa afirmativa. De
modo similar o eixo do fluxo b está deslocado 120 graus elétricos da fase a e o da fase
c está deslocado 120 graus elétricos da fase b. As letras sem a notação primo se referem
ao terminal inicial de cada fase.

Figura 3.1 – Correntes trifásicas alternadas equilibradas.

Vamos estudar a determinação do módulo e do sentido do campo de fluxo


resultante correspondente ao instante de tempo t1 da figura 3.1. Neste instante, a
corrente na fase a está no seu valor positivo máximo, enquanto as correntes na fase b e c
estão na metade do seu valor negativo máximo. Na figura 3.2 é suposto arbitrariamente
que, quando a corrente numa determinada fase é positiva, ela circula para fora do papel,
com relação aos condutores sem primo. Dessa forma, visto que no tempo t1, ia é
positiva um ponto é usado no condutor a (ver figura 3.2). Evidentemente, uma cruz é
usada para a’, porque ela representa a conexão de retorno. Então, pela regra da mão
direita, segue-se que a fase a produz uma contribuição de fluxo direcionada para cima,
ao longo da vertical. Além disso, o módulo dessa contribuição é o valor máximo,
porque a corrente está no máximo. Portanto, φa=φm , onde φm é o fluxo máximo por
pólo da fase a. É importante entender que a fase a produz na realidade um campo de
fluxo senoidal com amplitude sobre o eixo da fase a, como indicado no figura 3.3. De
qualquer modo, na figura 3.2 (a) essa distribuição senoidal é representada
convenientemente pelo vetor φa.
Para se determinar o sentido e o módulo da contribuição do campo da fase b no
tempo t1, observamos inicialmente que a corrente na fase b é negativa em relação à da
fase a. Portanto, o condutor que representa o início da fase b deve receber a cruz, ao
passo que b’ recebe o ponto. Por isso, a contribuição de fluxo instantânea da fase b é
dirigida para cima ao longo do seu eixo de fluxo e o módulo do fluxo da fase b é metade
do máximo porque a corrente está na metade do seu valor máximo. Raciocínio similar
leva ao resultado indicado na figura 3.2 (a) para a fase c. O exame da representação no
espaço correspondente ao tempo t1, como ilustrado na figura 3.2(a), evidencia que o
fluxo por pólo resultante está direcionado para cima e tem um módulo 3/2 vezes maior
que o fluxo máximo por pólo de qualquer fase.

Figura 3.2 – Representação do campo magnético girante em instantes diferentes de


tempo: (a) tempo t1 da figura 3.1; (b) tempo t2; (c) tempo t3.

A figura 3.3 representa o mesmo resultado que o da figura 3.2(a), mas em termos
de onda de fluxo senoidais, ao invés de vetores de fluxo. Observa-se que o vetor de
fluxo resultante na figura 3.2 mostra o sentido em que o fluxo cruza o entreferro. Uma
vez cruzado o entreferro, o fluxo fica confinado ao ferro.
A seguir, vamos estudar como a situação da figura 3.2(a) se altera, quando o
tempo passa de 90 graus elétricos, de t1 a t3. Aqui, a corrente da fase a é zero, não
dando nenhuma contribuição de fluxo. A corrente na fase b é positiva e igual a ((3)1/2)/2
vezes seu valor máximo. A fase c tem o mesmo módulo da corrente mas é negativa.
Juntas, as fases b e c se combinam para produzir um fluxo resultante tendo o mesmo
módulo que no instante t1 (ver figura 3.2(b)). É importante observar, também, que a
passagem de 90 graus elétricos no tempo resulta numa rotação do campo de fluxo
magnético de 90 graus elétricos.
Um espaço adicional de tempo equivalente a outros 90 graus elétricos leva à
situação representada na figura 3.2(c). Observa-se que, novamente, o eixo do campo de
fluxo gira de outros 90 graus elétricos.

Figura 3.3 – Distribuição dos componentes e do campo resultante correspondente a t1 na


figura 3.1.

Com base na discussão precedente, deve ser evidente que a aplicação de


correntes trifásicas em enrolamentos trifásicos dá origem a um campo magnético girante
que possui duas características : (1) é de amplitude constante e (2) é de velocidade
constante. A primeira característica já foi demonstrada. A segunda segue do fato de
que o fluxo gira de 2π radianos elétricos no espaço a cada 2π radianos elétricos de
variação no tempo para as correntes de fase. Portanto, para uma máquina de dois pólos,
onde os graus elétricos e mecânicos são os mesmos [Del Toro, pag 138], cada ciclo de
variação da corrente produz uma rotação completa do campo de fluxo. Portanto, esta é
uma relação fixa, que é dependente da freqüência das correntes e do número de pólos
para o qual o enrolamento trifásico é projetado. No caso onde o enrolamento trifásico é
projetado para quatro pólos, requer dois ciclos de variação da corrente para produzir
uma rotação no campo de fluxo. Por conseguinte, segue-se que para uma máquina de p
pólos a relação é:

p p n
f = = rps =
2 2 60 (3-1)

onde f está em ciclos por segundo e rps representa rotações por segundo.
Uma inspeção da distribuição ampère-condutor do enrolamento do estator nos
diversos instantes de tempo mostra que as fases individuais contribuem de modo a
produzir um efeito de solenóide no estator. Desta forma, na figura 3.2(a), os sentidos
das correntes são de forma que todas entram para dentro da página no lado direito e
saem no esquerdo. A regra da mão direita indica que o campo de fluxo é, então,
dirigido para cima ao longo da vertical. Na figura 3.2(b) a situação é similar, exceto
que agora a distribuição de cruzes e pontos é de tal forma que o campo do fluxo
resultante é orientado horizontalmente em direção à direita. Portanto, pode-se concluir
que o campo magnético girante é uma conseqüência da fmm girante associada com o
enrolamento do estator.
3.1.1.1 – Análise Matemática.

Para estudarmos analiticamente o campo resultante, fixamos a origem para o


ângulo θ, medido ao longo da periferia do entreferro, no eixo da fase a como mostra a
figura 3.4.

Figura 3.4 – Enrolamento de estator de dois pólos simplificado.

A qualquer instante t, todas as 3 fases contribuem à fmm do entreferro em


qualquer ponto θ. A contribuição da fase a é Fa(pico).cos θ, onde Fa(pico) é a amplitude
da onda de fmm componente no instante t. Da mesma forma, as contribuições das fases
b e c são: Fb(pico).cos(θ−120°) e Fc(pico).cos(θ−240°), respectivamente. Os deslocamentos
de 120° aparecem porque a máquina está enrolada de modo que os eixos das três fases
estão distantes 120 graus elétricos no espaço. A fmm resultante no ponto θ é então:

θ ) = Fa(pico).cos θ + Fb(pico).cos(θ −120° )+ Fc(pico).cos(θ−240°)


F(θ (3-2)

Porém, as amplitudes de fmm variam no tempo de acordo com as variações das


correntes. Assim, com a origem do tempo arbitrariamente tomada no instante em que a
corrente da fase a é um máximo positivo, temos:

Fa(pico) = Fa(max).cos ωt (3-3)


Fb(pico) = Fb(max).cos (ωt - 120°) (3-4)
Fc(pico) = Fc(max).cos (ωt - 240°) (3-5)

As quantidades Fa(max), Fb(max) e Fc(max) são, respectivamente, os valores máximos


no tempo das amplitudes Fa(pico), Fb(pico) e Fc(pico). Os deslocamentos de 120° aparecem
aqui porque as três correntes estão deslocadas de 120 graus no tempo. Desde que as
correntes nas três fases são balanceadas e, portanto, de amplitudes iguais, as três
amplitudes Fa(max), Fb(max) e Fc(max) são também, iguais e o símbolo Fmax pode ser usado
para todas as três. A equação 3.2 torna-se conseqüentemente :

θ ,t) = Fmax.cos(θ)cos(ωt) + Fmax.cos(θ - 120°)cos(ωt - 120°) +


F(θ
+ Fmax.cos(θ - 240°)cos(ωt - 240°) (3-6)

Cada uma das três componentes do segundo membro da equação 3-6 representa
uma onda estacionária pulsante. Em cada termo, a função trigonométrica de θ define a
distribuição espacial como uma solenóide estacionária, e a função trigonométrica de t
indicam que as amplitudes pulsam com o tempo. O primeiro dos três termos expressa a
componente da fase a; o segundo e terceiro termos expressam, respectivamente, as
componentes das fases b e c.
Pelo uso da transformação trigonométrica

cos α .cos β = ½ cos(α-β) + ½ cos(α+β) (3-7)

cada uma das componentes da equação 3-6 pode ser expressa como funções de co-senos
de ângulos soma e diferença. Assim, temos:

θ ,t) = ½ Fmax.cos(θ - ωt) + ½ Fmax.cos(θ + ωt) + ½ Fmax.cos(θ - ωt) +


F(θ
+ ½ Fmax.cos(θ + ωt - 240°) + ½ Fmax.cos(θ - ωt) +
+ ½ Fmax.cos(θ + ωt - 480°) (3-8)

Agora, os três termos em co-seno envolvendo os ângulos θ +ωt, θ + ωt -240° e


θ + ωt -480° são três senoides iguais deslocadas de fase de 120° (Note que um ângulo
de atraso de 480° eqüivale a uma ângulo de atraso de 480°-360°=120°). Sua soma é,
portanto, nula e a equação 3-8 se reduz a:

θ,t) = 3/2 .Fmax.cos(θ - ωt)


F(θ (3-9)

que é a expressão desejada para a onda de fmm resultante.


A onda descrita pela equação 3-9 é uma função senoidal do ângulo espacial θ.
Ela tem uma amplitude constante e um ângulo de fase espacial que é uma função linear
do tempo. O ângulo ωt provê a rotação da onda inteira ao redor do entreferro à
velocidade angular constante ω. Assim, no instante fixo tx, a onda é uma senóide no
espaço com seu pico positivo deslocado ωtx radianos elétricos do ponto fixo no
enrolamento que é a origem para θ, num instante seguinte ty o pico positivo da mesma
onda está deslocado ωty da origem, e a onda moveu-se ω(ty-tx) ao redor do entreferro.
Em t=0, a corrente na fase a é um máximo, e o pico positivo da onda de fmm resultante
está localizado no eixo da fase a, a um terço de ciclo mais tarde, a corrente na fase b é
um máximo, e o pico positivo está localizado no eixo da fase b, e o mesmo acontece em
relação à fase c [Fitzgerald, pag 164].

3.1.1.2 – Escorregamento nos Motores de Indução.

O motor de indução trifásico pode ser comparado com o transformador, porque é


um dispositivo com uma única fonte de energia, que envolve enlaces de fluxo variáveis
com respeito aos enrolamentos do estator e rotor. Neste sentido, considere que o rotor é
do tipo enrolado e conectado em Y, como ilustra a figura 3.5. Com o enrolamento do
rotor em aberto, nenhum torque pode ser desenvolvido. Portanto, a aplicação de uma
tensão trifásica ao enrolamento trifásico do estator dá origem a um campo magnético
girante, que corta tanto o enrolamento do estator com o do rotor na freqüência da rede,
f1. O valor eficaz da fem induzida por fase do enrolamento do rotor é dada pela
equação (3-10)2 abaixo:
E2 = 4,44 f1 N2 Kw2 φ (3-10)

onde o subíndice 2 representa as grandezas do enrolamento do rotor.


2
A prova desta equação pode ser encontrada na referência bibliográfica Del Toro, pag 122
Vale observar que a freqüência do estator f1 é usada aqui porque o rotor está
parado. Portanto, E2 é uma fem de freqüência da rede. Evidentemente, o fluxo φ é o
fluxo por pólo, que é comum aos enrolamentos do estator e do rotor. Uma expressão
similar descreve os valores eficazes da fem induzida por fase que ocorre no enrolamento
do estator. Dessa forma, temos:

E1 = 4,44 f1 N1 Kw1 φ (3-11)

Das equações 3-10 e 3-11 podemos formular a relação:

E1 N K
= 1 w1
E2 N 2 K w2 (3-12)

Observa-se uma semelhança desta equação em relação a de transformação de um


transformador. A diferença está na inclusão dos fatores de enrolamentos do motor,
necessários pelo uso de enrolamentos distribuídos nos motores, me contraste com os
enrolamentos concentrados empregados nos transformadores. Em suma, então, o motor
de indução parado se assemelha, e muito, com um transformador onde o enrolamento do
estator é o do primário e o do rotor é o do secundário.

Figura 3.5 – Representação esquemática de um motor de indução trifásico.

A seguir, vamos considerar o comportamento do motor de indução em


movimento. Para haver a produção de um torque de partida e em seguida a de um
torque de funcionamento, é necessário ter uma corrente circulando através do
enrolamento do rotor. Isto é imediatamente obtido curto-circuitando o enrolamento do
rotor como ilustra a figura 3.5 através das linhas tracejadas. Inicialmente, a fem E2 gera
uma corrente no rotor, I2, por fase, que circula através do curto-circuito, produzindo
uma distribuição ampère-condutor que atua com o campo de fluxo para produzir o
torque de partida. O sentido deste torque é sempre fazer com que o rotor gire no sentido
do campo girante [Del Toro, pág 142 ]. O exame da figura 3.6 torna essa afirmativa
evidente. Considera-se que o campo de fluxo está girando no sentido dos ponteiros do
relógio numa velocidade correspondente à freqüência aplicada no estator e ao número
de pólos do enrolamento do estator. Essa velocidade é chamada velocidade síncrona e é
descrita pela equação 3-1. Assim, temos:

120 f 1
ns = [rpm] (3-13)
p
Pela regra V x B, a fem induzida num condutor típico colocado debaixo de um
fluxo de pólos sul , é direcionada para dentro do papel, como indicado na figura 3.6.
Então, para essa direção de corrente, a regra I2 x B mostra que o torque está no sentido
horário. Por conseguinte, o rotor se move numa direção em que ele tenta se alinhar com
o campo magnético do estator.

Figura 3.6 - Indicação da tensão induzida e do torque desenvolvido num condutor típico.

À medida que o rotor aumenta sua velocidade, a relação na qual o campo do


estator corta as bobinas do rotor diminui. Isso reduz a fem induzida por fase,
diminuindo, por sua vez, o módulo da distribuição ampère-condutor e fornecendo
menos torque. Na realidade, este processo continua até que o rotor atinge uma
velocidade tal que fornece fem suficiente para produzir apenas a corrente necessária
para desenvolver um torque igual aos torques contrários. Se não há carga no eixo, o
torque contrário consiste principalmente e perdas por atrito. É importante compreender
que, enquanto houver um torque contrário a ser vencido, a velocidade do rotor nunca
será a velocidade síncrona; isso é característicos de dispositivos eletromecânicos de
conversão de energia com excitação única. Visto que a corrente no enrolamento do
rotor é produzida por indução, deve sempre existir uma diferença de velocidade entre o
campo do estator e o rotor. Em outras palavras, deve-se permitir uma ação de
transformador entre o enrolamento do estator e o enrolamento do rotor.
Essa diferença de velocidade, ou escorregamento, é uma variável muito
importante para o motor de indução. Em forma de equação podemos escrever:

escorregamento ≡ ns – n [rpm] (3-14)

onde n representa a velocidade real do motor.


O termo escorregamento é usado porque descreve o que um observador
acavalado no campo do estator veria se estivesse olhando para o rotor. Uma forma mais
útil da grandeza escorregamento resulta quando ela é expressa numa base por unidade,
usando a velocidade síncrona como referência. Assim, o escorregamento por unidade é
dado por:

ns − n
s=
ns (3-15)
É usual, na análise de motores de indução, expressar as grandezas do rotor (tais
como a tensão induzida, corrente e impedância) em função de grandezas na freqüência
da rede e o escorregamento como expresso pela equação 3-15. Por exemplo, se o rotor
for assumido como operando em sua velocidade n<ns, então a fem real induzida no
enrolamento rotor por fase pode ser representada em termos da grandeza na freqüência
da rede E2 como sE2. Essa formulação tem importantes vantagens, como será salientado
mais adiante. De modo similar, é possível expressar a impedância do enrolamento do
rotor por fase como:

z2 = r2 + jsx2 (3-16)

Onde z2 representa a impedância de fase do rotor, r2 é a resistência por fase do rotor e x2


é a reatância de dispersão na freqüência da rede por fase do enrolamento do rotor.
Evidentemente, o valor efetivo desta reatância quando o rotor opera numa velocidade n
(ou escorregamento s) é apenas s vezes maior. Logo, a freqüência no rotor pode ser
expressa por:

p( n s − n ) (3-17)
f2 =
120

onde f2 é a freqüência da fem e da corrente no enrolamento do rotor. Por meio da


equação 3-15 podemos escrever:

f2 = sf1 (3-18)

3.1.2 – Motores de Indução Monofásicos.


Estruturalmente, os tipos mais comuns de motores de indução monofásicos se
assemelham a motores polifásicos de gaiola, exceto pelo arranjo dos enrolamentos de
estator. Um motor de indução com rotor em gaiola e um enrolamento de estator
monofásico é representado esquematicamente na figura 3.7. Em lugar de ser uma bobina
concentrada, o enrolamento de estator real é distribuído em ranhuras de modo a produzir
uma distribuição espacial de fmm aproximadamente senoidal. Um tal motor
inerentemente não tem conjugado de partida, mas se partir por meios auxiliares, ele
continuará a girar. Antes de considerar os métodos auxiliares de partida, serão descritas
as propriedades básicas do motor elementar da figura. 3.7.

Figura 3.7 – Motor de indução monofásico elementar.


Observando as condições com o rotor em repouso, conclui-se imediatamente que
não é produzido nenhum conjugado de partida. Da figura.3.7, é evidente que o eixo do
campo do estator permanece em posição fixa ao longo do eixo da bobina. Com corrente
alternada na bobina do estator, a onda de fmm do estator é estacionária no espaço mas
pulsa em módulo, e a intensidade de campo do estator alterna em polaridade, e varia
senoidalmente com o tempo. As correntes que são induzidas no rotor por ação de
transformador, são em tal direção de modo a produzir uma fmm opondo-se à fmm do
estator. O eixo da onda de fmm do rotor coincide com o do campo do estator, o ângulo
de carga portanto é nulo, e nenhum conjugado de partida é produzido. O motor é
meramente um transformador estático monofásico com um secundário curto-circuitado.
As condições não são tão simples, entretanto, quando se faz girar o rotor. Dois
pontos de vista diferentes podem ser adotados para explicar a operação do motor: O
primeiro é deduzir as condições daquelas já estabelecidas para motores polifásicos; a
segunda é começar de novo e mostrar que, sob certas circunstâncias, as condições
necessárias para a produção de conjugado motor são satisfeitas. Ambos os pontos de
vista, naturalmente, levam aos mesmos resultados, e ambos podem ser apresentados em
termos quantitativos. Os métodos analíticos resultantes são conhecidos como a teoria de
campos girantes e a teoria de campos cruzados, respectivamente. Os dois pontos de
vista tem suas vantagens, mas no conjunto há pequena escolha entre eles para efeito de
cálculos.
De acordo com a teoria de campos cruzados, quando o rotor é posto a girar, há,
além da tensão de transformador, uma tensão gerada no rotor em virtude de sua rotação
no campo estacionário de estator. Na figura. 3.7, por exemplo, as tensões rotacionais
nos condutores do rotor estão todas em uma direção na metade superior do rotor e todas
na outra direção na metade inferior. A tensão rotacional produz uma componente de
corrente no rotor e uma onda componente de fmm no rotor, cujo eixo está deslocado 90
graus elétricos do eixo do estator: ângulo de carga para esta componente de fmm do
rotor é 90°, e é obtido um conjugado. Uma análise mais detalhada mostrará que este
conjugado está na direção de rotação e que são satisfeitas as condições necessárias para
a produção continuada de conjugado.
O raciocínio na teoria de campos girantes é que, se é produzido um campo
magnético girante, então resulta um conjugado de motor de indução. Além disso, este
conjugado será quantitativamente similar ao de um motor polifásico tratado no item
3.1.1 e, aproximadamente, pode ser esperado o mesmo tipo de desempenho. O
tratamento de motores de indução monofásicos descrito a seguir será dado sob o ponto
de vista de campos girantes.
Considere-se o motor elementar da figura 3.7, cujo enrolamento de estator
desenvolvido para um pólo é representado esquematicamente pelos lados concentrados
da bobina na figura 3.8(a). Lembre-se, entretanto, que na realidade o enrolamento de
estator está distribuído em diversas ranhuras de modo a produzir uma distribuição
espacial de fmm aproximadamente senoidal, centrada no eixo da bobina. Se harmônicas
espaciais são desprezadas, a onda espacial de fmm do estator F1 pode então ser
expressa:

F1 =F1(pico) cosθ (3-19)

onde θ é o ângulo espacial elétrico medido a partir do eixo da bobina do estator e F1(pico)
é o valor instantâneo da onda de fmm no eixo da bobina e é proporcional á corrente
instantânea no estator. Se a corrente do estator varia senoidalmente, então F1(pico) varia
senoidalmente com o tempo, como mostrado na figura 3.8(b). As distribuições espaciais
da fmm do estator F1 correspondentes a diversos instantes de tempo estão mostradas na
figura 3.8(a). A onda da fmm do estator é estacionária, e sua amplitude varia
senoidalmente com o tempo.
Para fins analíticos, esta onda estacionária pulsante pode ser decomposta em
duas ondas progressivas de amplitudes constantes. Considere-se que a fmm pulsante do
estator pode ser representada por um fasor espacial de comprimento variável, apontando
para cima durante metade do tempo, e para baixo na outra metade, e tendo módulo e
sentido determinados pelo módulo e sentido instantâneos da corrente do estator. Este
fasor espacial é mostrado pelas setas verticais na figura 3.8(c) para os mesmos instantes
de tempo indicados na figura 3.8(a) e 3.8(b). Mas pode ser visto da figura 3.8(c) que um
tal fasor pode ser considerado como a soma de dois fasores iguais girando em direções
opostas, cada fasor componente tendo um comprimento constante igual a metade do
comprimento máximo do fasor pulsante original. Conseqüentemente, a onda de fmm
pulsante do estator pode ser dividida em duas ondas girantes de módulos iguais. Estas
ondas componentes giram em direções opostas, à velocidade síncrona. As ondas
girantes de fmm para a frente e para trás, f e b, são mostradas tracejadas na figura 3.8(a)
para o instante de tempo t2, e os vetores girantes correspondentes que as representam
são f e b na figura 3.8(c).

Figura 3.8 – Ondas de fmm em um motor de indução monofásico: (a) Ondas espaciais; (b)
Variação no tempo; (c) Representação por fasores espaciais.

As mesmas conclusões podem ser a1cançadas por métodos analíticos. A análise


é essencialmente a mesma da teoria de campos girantes do item 3.1.1, exceto que agora
nós temos somente uma fase de estator, enquanto que no motor trifásico, as fmms
estavam envolvidas de 3 fases de estator. Assim, se a corrente do estator é uma função
co-seno do tempo, o valor instantâneo do pico espacial da onda pulsante de frnm é:

F1(pico) = F1(max)cos(ωt) (3-20)

onde F1(max) é o valor de pico correspondente a máxima corrente instantânea.


Conseqüentemente, por substituição da equação 3-20 na equação 3-19, a onda de fmm
como uma função de tempo e espaço é:

F1 = F1(max)cos(ωt)cosθ (3-21)

e, da relação para o produto de dois co-senos,


F1 = ½ F1(max)cos(θ -ωt) + ½ F1(max)cos(θ + ωt) (3-22)

Cada um dos termos em co-seno na equação 3-22 descreve uma função senoidal
do ângulo espacial θ. Cada um tem um valor de pico de metade da amplitude máxima
da onda pulsante, e um ângulo de fase espacial ωt. Ambas as ondas estão centradas
sobre o eixo do enrolamento de estator no instante em que a fmm de estator tem seu
valor máximo. O ângulo ωt provê rotação de cada onda em redor do entreferro à
velocidade angular constante ω radianos elétricos por segundo, e as ondas caminham
em direções opostas. A primeira onda, cujo argumento é θ - ωt, caminha na direção de θ
crescente; a segunda onda, cujo argumento é θ + ωt, caminha na direção de θ
decrescente. Com um enrolamento polifásico balanceado, as componentes que giram no
sentido dos ângu1os decrescentes cancelam, deixando somente as componentes no
sentido crescente, como na equação 3-9 para um enrolamento trifásico. Para um
enrolamento monofásico, entretanto, as componentes f e b estão presentes. Assim, a
equação 3-22 leva a mesma conclusão daquela obtida por meio do diagrama fasorial da
figura 3.8(c).
Cada uma destas ondas componentes de fmm produz ação de motor de indução,
mas os conjugados correspondentes estão em direções opostas. Com o rotor em repouso,
as ondas de fluxo de entreferro f e b, criadas pelas fmms combinadas de correntes de
estator e rotor, são iguais, os conjugados componentes são iguais, e nenhum conjugado
de partida é produzido. Se as ondas de fluxo de entreferro f e b permanecem iguais
quando o rotor está girando, cada um dos campos correspondentes produzirá uma
característica conjugado-velocidade semelhante àquela de um motor po1ifásico com
impedância de dispersão de estator desprezível, como ilustrada pelas curvas tracejadas f
e b na figura 3.9 (a). A característica de conjugado-velocidade resultante, que é a soma
algébrica das duas curvas componentes, mostra que se o motor partisse por meios
auxiliares, ele produziria conjugado na direção inicial de rotação.
A suposição de que as ondas de fluxo de entreferro permanecem iguais quando o
rotor está em movimento é uma simplificação um tanto drástica do estado real das
coisas. Em primeiro lugar, os efeitos da impedância de dispersão do estator são
ignorados. Além disso, os efeitos das correntes induzidas no rotor não são
apropriadamente levados em conta. A seguinte explicação qualitativa mostra que o
desempenho de um motor de indução monofásico é consideravelmente melhor do que
aquele deduzido da hipótese de ondas de fluxo f e b iguais.
Quando o rotor está em movimento, as correntes componentes no rotor
induzidas pelo campo b são maiores do que com rotor parado e seu fator de potência é
menor. Sua fmm, que se opõe àquela da corrente de estator, resulta em uma redução da
onda de fluxo b. Inversamente, o efeito magnético das correntes componentes induzidas
pelo campo f é menor do que com rotor parado, porque as correntes de rotor são
menores, e seu fator de potência é mais alto. Conforme a velocidade aumenta, portanto,
a onda de fluxo f aumenta enquanto a onda de fluxo b diminui, mas a soma permanece
aproximadamente constante, pois é preciso induzir a fcem de estator, que é
aproximadamente constante se a queda de tensão na impedância de dispersão do estator
é pequena. Então, com o rotor em movimento, o conjugado do campo f é maior e o do
campo b é menor do que na figura 3.9(a), e a verdadeira situação é mais ou menos
como mostrado na figura 3.9(b). Na região de funcionamento normal a uns poucos por
cento de escorregamento, o campo f é varias vezes maior do que o campo b, e a onda de
fluxo não difere muito do campo girante de amplitude constante no entreferro de um
motor polifásico equilibrado. Na região de funcionamento normal, portanto, a
característica de conjugado-velocidade de um motor monofásico não é muito inferior
àquela de um motor polifásico tendo o mesmo rotor e operando com a mesma densidade
de fluxo máxima no entreferro.

Figura 3.9 – Característica de conjugado-velocidade de um motor de indução monofásico.

(a) Com base em ondas de fluxo f e b constantes; (b) Levando em conta alterações
nas ondas de fluxo.

Além dos conjugados mostrados na figura 3.9, são produzidas pulsações de


conjugado a dupla freqüência de estator pelas interações das ondas de fluxo e fmm que
giram em sentidos opostos, passando uma pela outra a duas vezes a velocidade síncrona.
Estas interações não produzem conjugado médio polifásico. Tais pulsações de
conjugado são inevitáveis em um motor monofásico devido às pulsações na potência
instantânea de entrada inerentes de um circuito monofásico. Os efeitos de conjugado
pulsante podem ser minimizados pelo uso de uma montagem elástica para o motor. O
conjugado indicado nas curvas de conjugado-velocidade é o valor médio no tempo do
conjugado instantâneo.

3.1.3 - Tipos de Motores de Indução Monofásicos.

Os motores de indução monofásicos são classificados de acordo com os métodos


de partida e são usualmente conhecidos pelos nomes descritivos destes métodos. A
escolha do motor apropriado é baseada nas necessidades de conjugado de partida e de
rotação normal da carga. no ciclo de serviço, e nas limitações na corrente de partida e de
funcionamento da linha de alimentação do motor. O custo de motores monofásicos
aumenta com a potência mecânica e com o desempenho, tal como a razão conjugado-
corrente na partida; assim, o engenheiro de aplicações seleciona o motor de menor
potência mecânica e desempenho que satisfaz suas necessidades, para minimizar o
custo. Quando há necessidade de grande quantidade de motores para uma finalidade
especifica, é projetado um motor especial para a aplicação, para assegurar o mínimo
custo. No ramo de motores de pequena potência mecânica, mesmo pequenas diferenças
de custo são importantes. Os métodos de partida e as características conjugado-
velocidade resultantes serão considerados qualitativamente neste item.

3.1.3.1 - Fase Auxiliar.

Os motores de fase auxiliar têm dois enrolamentos de estator, um enrolamento


principal m e um enrolamento auxiliar a, com seus eixos deslocados 90 graus elétricos
no espaço. Eles são ligados como mostrado na figura 3.10(a). O enrolamento auxiliar
tem uma relação de resistência-para-reatância mais alta do que o enrolamento principal,
de modo que as duas correntes estão fora de fase como indicado no diagrama fasorial da
figura 3.10(b), representativo de condições de partida. Como a corrente do enrolamento
auxiliar Ia está adiantada relativamente à corrente do enrolamento principal Im o campo
do estator primeiro atinge um máximo ao longo do eixo do enrolamento auxiliar e
então, mais adiante no tempo, atinge um máximo ao longo do eixo do enrolamento
principal. As correntes dos enrolamentos são equivalentes a correntes difásicas não
simétricas, e o motor é equivalente a um motor difásico não simétrico. O resultado é um
campo de estator girante, que faz o motor partir. Após a partida do motor, o
enrolamento auxiliar é desligado, usualmente por meio de uma chave centrífuga que
opera a cerca de 75 por cento da velocidade síncrona. O modo simples de obter a alta
relação de resistência-para-reatância para o enrolamento auxiliar é enrolá-lo com fio
mais fino do que o enrolamento principal, um procedimento permissível porque este
enrolamento está no circuito somente durante a partida.
Figura 3.10 – Motor de fase auxiliar: (a) Ligações; (b) Diagrama fasorial na partida; (c)
Característica de conjugado velocidade típica.

Sua reatância pode ser um pouco reduzida colocando-o no topo das ranhuras.
Uma característica conjugado-velocidade típica é mostrada na figura 3.10(c).
Os motores de fase auxiliar têm conjugado de partida moderado com baixa corrente de
partida. Algumas aplicações típicas incluem ventiladores, bombas centrífugas, e
equipamento de escritório. Potências típicas são de 1/20 a 1/2 HP; nesta faixa eles são
os motores de menor custo disponíveis.

3.1.3.2 - Motores Tipo Capacitor.

Podem ser usados capacitores para melhorar o desempenho de partida, o


desempenho de funcionamento normal, ou ambos, dependendo do tamanho e das
ligações do capacitor.
O motor de capacitor de partida é também um motor de fase auxiliar, mas o
deslocamento de fase no tempo entre as duas correntes é obtido por meio de um
capacitor em série com o enrolamento auxiliar como mostrado na figura 3.11(a).
Novamente o enrolamento auxiliar é desligado após o motor ter partido, e
conseqüentemente, o enrolamento auxiliar e o capacitor são projetados a mínimo custo
para serviço intermitente. Utilizando um capacitor de partida de valor apropriado, pode-
se conseguir que a corrente do enrolamento auxiliar Ia com rotor parado esteja
adiantada relativamente à corrente do enrolamento principal Im de 90 graus elétricos,
como aconteceria em um motor difásico simétrico (veja a figura 3.11(b)). Na realidade,
o melhor compromisso entre os diversos fatores como conjugado de partida, corrente de
partida e custo, corresponde a um ângulo de fase algo menor do que 90°. Uma
característica conjugado-velocidade típica é mostrada na figura 3.11(c), sendo uma
característica destacada o alto conjugado de partida. Estes motores são usados para
compressores, bombas, equipamento de refrigeração e condicionamento de ar, e outras
cargas de partida difícil.
Figura 3.11 – Motor de capacitor de partida: (a) ligações; (b) Diagrama fasorial na partida; (c)
Característica de conjugado-velocidade típica

No motor de capacitor permanente, o capacitor e enrolamento auxiliar não são


desligados após a partida; a construção pode ser simplificada pela omissão da chave, e o
fator de potência, rendimento, e pulsações de conjugado podem ser melhorados. Por
exemplo o enrolamento auxiliar e o capacitor podem ser projetados para perfeita
operação difásica a qualquer carga desejada. O campo b seria então eliminado, com a
resultante melhora em rendimento. As pulsações de conjugado na freqüência dupla de
estator também seriam eliminadas, pois o capacitor seria como um reservatório de
armazenamento de energia para aplainar as pulsações na potência de entrada fornecida
pela linha monofásica. O resultado é um motor sem vibração. O conjugado de partida
precisa ser sacrificado porque a capacitância é necessariamente um compromisso entre
os valores de melhor partida e de melhor funcionamento normal. A característica
conjugado-velocidade e um diagrama esquemático são dados na figura 3.12. Se dois
capacitores são usados, um para partida e um para funcionamento, pode ser obtido um
desempenho teoricamente ótimo de partida e de funcionamento. Um modo de
conseguir este resultado é ilustrado na figura 3.13. O pequeno valor de capacitância
necessário para satisfazer as condições ótimas de funcionamento é permanentemente
ligado em série com o enrolamento auxiliar, e o valor muito maior exigido para a
partida é obtido por um capacitor ligado em paralelo com o capacitor de funcionamento.
O capacitor de partida é desligado após a partida do motor.

Figura 3.12 – Motor de capacitor permanente: (a) Ligações; (b) Característica típica.
O capacitor para um motor de partida a capacitância tem uma especificação
típica de 300 µF para um motor de 1/2 HP. Como precisa conduzir corrente somente
durante o período de partida, o capacitor é um tipo eletrolítico para c.a., compacto,
especial, feito para serviço de partida de motores. Para o mesmo motor, o capacitor
permanentemente ligado tem uma especificação típica de 40 pF; como ele opera
continuamente, o capacitor é um tipo para c.a., a óleo. O custo dos motores está
relacionado ao desempenho: o motor a capacitor permanente é o de custo mais baixo, o
de capacitor de partida vem em segundo lugar, e o motor de capacitor de dois valores é
o de custo mais alto.

Figura 3.13 – Motor de duplo capacitor: (a) Ligações; (b) Características típicas de conjugado-
velocidade.

3.1.3.3 - Motores de Bobina de Arraste.

Como é ilustrado esquematicamente na figura 3.14(a), o motor com bobina de


arraste (também conhecido como motor de pólos sombreados) usualmente tem pólos
salientes, com uma parte de cada polo envolvida por uma espira curto-circuitada de
cobre chamada bobina de arraste. As correntes induzidas na bobina de arraste fazem
com que o fluxo na parte do polo onde está esta bobina se atrase relativamente ao fluxo
na outra parte. O resultado é semelhante a um campo girante movendo-se na direção da
parte com a bobina, e é produzido um pequeno conjugado de partida. Uma característica
de conjugado-velocidade típica é mostrada na figura 3.14(b). O rendimento é baixo. Os
motores com bobina de arraste são o tipo menos dispendioso de pequena potência, e são
construídos até cerca de 1/20 HP.

Figura 3.14 – Motor com bobina de arraste e característica típica de conjugado-velocidade.


3.2. Modelo de Simulação.
O modelo de motor utilizado nas simulações deste trabalho foi o modelo
dinâmico, que será resumidamente descrito mais adiante; antes porém, vamos discorrer
brevemente sobre o circuito equivalente do motor de indução que é utilizado para
representá-lo quando operando em regime permanente. Na maioria das vezes em que se
deseja estudar o motor de indução, o circuito equivalente é utilizado ao invés do modelo
dinâmico, devido a sua relativa simplicidade e conseqüente facilidade e rapidez para
cálculos e visualizações gráficas, porém o modelo dinâmico se faz necessário quando o
estudo do motor se refere ao seu regime transitório e a problemas dinâmicos como
partida, frenagem, obstruções e perturbações na rede elétrica.

3.2.1 – O Circuito Equivalente.


É desejável ter um circuito equivalente do motor de indução trifásico e, monofásico também, de
forma a conduzir a análise da operação e facilitar o cálculo do desempenho. Das observações feitas
anteriormente não deve constituir surpresa que o circuito equivalente assuma uma forma idêntica à do
circuito equivalente exato do transformador. A dedução será feita de forma similar, com as modificações
necessárias introduzidas para considerar o fato de que o enrolamento do secundário (o rotor) neste
momento gira e desta forma, desenvolve potência mecânica.

3.2.1.1- O Ramo de Magnetização do Circuito Equivalente

Todos os parâmetros do circuito equivalente são expressos numa base por fase.
Isso se aplica independentemente do enrolamento do estator ser conectado em Y ou ∆.
Neste último caso, os valores se referem à conexão em Y equivalente. Na figura 3.15(a)
está indicada a parte do circuito equivalente que tem relação com o enrolamento do
estator ( ou do primário). Observa-se que ela consiste na resistência de enrolamento de
fase do estator, r1, numa reatância de dispersão do enrolamento de fase do estator, x1, e
numa impedância de magnetização, constituída do resistor de perdas do núcleo, rc, e da
reatância de magnetização, xφ. Praticamente não há diferença na forma entre este
circuito e o equivalente do transformador. A diferença consiste somente no módulo dos
parâmetros. Desta forma a corrente de magnetização total, Im, é consideravelmente
maior no caso do motor de indução, porque o circuito magnético necessariamente inclui
um entreferro. Enquanto que no transformador essa corrente é da ordem de 2 a 5% da
corrente nominal, aqui ela é de aproximadamente 25 a 40%, dependendo do tamanho do
motor. Além disso, a reatância de dispersão do primário para o motor de indução
também é maior por causa do entreferro, assim como porque os enrolamentos do
estator e do rotor são distribuídos ao longo da periferia do entreferro e não concentrados
como no transformador. Os efeitos da ações que ocorrem no enrolamento do rotor
(secundário) devem refletir a si próprias no nível de tensão equivalente adequado nos
terminais a-b na figura 3.15(a).
Para qualquer condição de carga especificada que exige um valor particular do
escorregamento s, a corrente do rotor por fase pode ser expressa como:
sE2
I2 = (3-23)
r2 + jsx2
onde E2 e x2 , são os valores em repouso. A interpretação de circuito da equação 3-23
está apresentada na figura 3.15(b). Mostra que 12, é uma corrente na freqüência de
escorregamento produzida pela fem induzida na freqüência de escorregamento, sE2,
atuando num circuito do rotor que tem uma impedância por fase de r2 + jsx2. Em outras
palavras, essa é a corrente que seria vista por um observador cavalgando com o
enrolamento do rotor. Outrossim, a quantidade de potência real envolvida neste circuito
do rotor é a corrente ao quadrado vezes a parte real da impedância do rotor. Na
realidade, essa potência representa as perdas no cobre do rotor. por fase. Portanto, a
perda total no cobre do rotor pode ser expressa como:
PCu 2 = q2 I 22 r2 (3-24)

onde q2 representa o número de fases do rotor.

Figura 3.15 – Circuito equivalente: (a)- estator; (b)- rotor; (c)- circuito equivalente do rotor; (d)- circuito
equivalente do rotor modificado; (e)- circuito equivalente do rotor referido ao estator; (f)- circuito
equivalente exato; (g)- circuito equivalente aproximado.
3.2.1.2-O Circuito Equivalente do Rotor

Dividindo tanto o numerador como o denominador da equação (3-23) pelo


escorregamento s, obtemos: E2
I2 = (3-25)
(r2 / s ) + jx 2
A interpretação de circuito correspondente desta expressão aparece na figura
3.15(c). Observa-se que o módulo e o ângulo de fase de I2 permanecem inalterados por
esta operação. Contudo, há uma diferença significativa entre as equações (3-23) e (3-
25). No último caso, I2,, é considerada como produzida por uma tensão na freqüência da
rede, E2,, atuando em um circuito do rotor que tem uma impedância por fase de r2 /s +
jX2. Portanto, 12 na equação (3-25) é uma corrente na freqüência da rede, ao passo que
12 na equação (3-23) é uma corrente na freqüência de escorregamento.
A manipulação da equação (3-23) por s nos possibilitou passar de um circuito
real do rotor caracterizado por resistência constante e reatância de dispersão variável
(ver figura 3.15(b)) para um caracterizado por resistência variável e reatância de
dispersão constante (ver figura 3.15(c)). Além disso, a potência real associada com o
circuito equivalente do rotor da figura 3.15(c) é, evidentemente:

r2
P = I 22 (3-26)
s

Portanto, a potência total para q2 fases é:


r2
P = q2 I 22 (3-27)
s

Uma comparação desta expressão com a equação (3-24) indica que a potência
associada com o circuito equivalente da figura 3.15(c) é consideravelmente maior. Por
exemplo para uma máquina grande, um valor típico de s é 0,02. Portanto, Pg é maior
que a perda real no cobre do rotor por um fator de 50. Isto acontece porque na equação
(3-25) a I2 é uma corrente na freqüência da rede. Isso significa que o ponto de
referência mudou do rotor para o estator (representado em 3.15(c)). Essa mudança é
significativa, porque agora, olhando para o rotor, o observador vê não apenas as perdas
no cobre do rotor, mas também a potência mecânica desenvolvida. Na realidade, a
equação (3-27) dá a potência total de entrada no rotor. É a potência transferida através
do entreferro do estator para o rotor. Podemos escrever a equação (3-27) de modo a
evidenciar este fato:

r2  r 
Pg = q 2 I 22 = q 2 I 22  r2 + 2 (1 − s )
s  s  (3-28)

Em outras palavras, a resistência variável da figura 3.15(c) pode ser substituída


pela resistência real do enrolamento do rotor, r2, e uma resistência variável, Rm, que
representa a carga mecânica no eixo. Ou seja:
r
Rm ≡ 2 (1 − s ) (3-29)
s
Essa expressão é útil na análise, porque permite que qualquer carga mecânica
seja representada no circuito equivalente por um resistor. A figura 3.15(d) representa a
versão modificada do circuito equivalente do rotor. Finalmente, fica evidente, com base
nas observações precedentes, que o circuito equivalente do rotor é equivalente apenas
no que diz respeito ao módulo e ângulo de fase da corrente do rotor por fase.
O conjugado eletromagnético interno T correspondente a potência total entregue
ao rotor P pode ser obtido lembrando que a potência mecânica é igual a conjugado
vezes velocidade angular. Assim, quando ωs é a velocidade angular síncrona do rotor
em radianos por segundo é:

P = (1 – s)ωsT (3-30)

com T em newton.metros, pela equação 3-27, temos:

1 r
T= q 2 I 22 2 (3-31)
ωs s

3.2.1.3-O Circuito Equivalente do Rotor Referido ao Estator

A tensão que aparece nos terminais a-b na figura 3.15(a) é uma grandeza na
freqüência da rede, tendo N1 KW1 espiras efetivas. A tensão que aparece nos terminais a'-
b' na figura 3.15(d) também é uma grandeza na freqüência da rede, mas tem N2 KW2
espiras efetivas. Em geral, E1 ≠ E2, de forma que a' -b' na figura 3.15(d) não podem ser
ligados a a-b na figura 3.15(a) para se obter um circuito unifilar equivalente. Para se
obter isso, é necessário substituir o enrolamento real do rotor por um enrolamento
equivalente tendo N1KW1, espiras efetivas, como foi feito com o transformador. Em
outras palavras. todas as grandezas do rotor devem ser referidas ao estator do modo
representado na figura 3.15(e). A notação primo é usada para representar grandezas do
rotor referidas ao estator.

3.2.1.4-O Circuito Equivalente Completo

A tensão que aparece nos terminais a-b na figura 3.15(e) é a mesma que aparece
entre os terminais na figura 3.15(a). Portanto, estes terminais podem ser ligados para dar
um circuito equivalente completo como aparece na figura 3.15(f). Note-se que a forma é
idêntica à do transformador de dois enrolamentos.

3.2.1.5-O Circuito Equivalente Aproximado

Considerável simplificação nos cálculos com pequena perda na precisão pode


ser obtida passando o ramo de magnetização para os terminais da máquina, como
ilustrado na figura 3.15(g). Essa modificação é baseada essencialmente na hipótese de
que V1 ≈ E1=E’2.
3.2.1.6-O Circuito Equivalente do Motor Monofásico

No item 3.1.2, mostrou-se que a onda de fmm do estator de um motor de


indução monofásico é equivalente a duas ondas de fmm de amplitudes constantes
girando em direções opostas, à velocidade síncrona. Cada uma destas ondas de fmn de
estator componentes, induz sua própria componente de corrente de rotor e produz ação
de motor de indução justamente como em um motor polifásico simétrico. Este conceito
de dois campos girantes, não somente é útil para a visualização qualitativa, mas também
pode ser desenvolvido em uma teoria quantitativa aplicável a uma ampla variedade de
tipos de motores de indução.
Um caso simples e importante é o de motor de indução monofásico girando
somente com seu enrolamento principal.
Primeiro considerem-se as condições com o rotor estacionário e somente o
enrolamento de estator principal m excitado. O motor, então, é equivalente a um
transformador com seu secundário curto-circuitado. O circuito equivalente é mostrado
na figura 3.16(a), onde r1 e x1 são, respectivamente, a resistência e reatância de
dispersão do enrolamento principal, xφ é a reatância de magnetização, e r2 e x2 são os
valores da resistência e reatância de dispersão do rotor parado, referidos ao enrolamento
principal de estator pelo uso da relação de espiras apropriada. As perdas no ferro, que
são omitidas aqui, serão levadas em conta mais tarde como se fossem uma perda
rotacional. A tensão aplicada é V, e a corrente do enrolamento principal é Im. A tensão
Em é a fcem gerada no enrolamento principal pela onda de fluxo de entreferro
estacionária pulsante produzida pela ação combinada das correntes de estator e rotor.

Figura 3.16 – Circuitos equivalentes para um motor de indução monofásico: (a)- Rotor
bloqueado; (b)- Rotor bloqueado, mostrando os efeitos dos campos f e b; (c)- Condições de
funcionamento.

De acordo com o conceito de dois campos girantes do item 3.1.2 a fmm de


estator pode ser decomposta em campos de meia amplitude girando para a frente e para
trás. Com rotor parado, as amplitudes das ondas de fluxo de entreferro girantes para a
frente e para trás são iguais à metade da amplitude do campo pulsante. Na figura
3.16(b), a parte do circuito equivalente representando os efeitos do fluxo de entreferro é
separada em duas partes iguais representando os efeitos dos campos para a frente e para
trás, respectivamente.
Agora, considerem-se as condições após o motor ter sido acelerado até a
velocidade de funcionamento por algum meio auxiliar e girando somente com o
enrolamento principal na direção do campo para a frente, a um escorregamento por
unidade s. As correntes de rotor induzidas pelo campo para a frente são de freqüência de
escorregamento sf, onde f é a freqüência de estator. Exatamente como em qualquer
motor polifásico com um rotor polifásico simétrico ou gaiola, estas correntes de rotor
produzem uma onda de fmm caminhando para a frente à velocidade de escorregamento
relativamente ao rotor e portanto à velocidade síncrona relativamente ao estator. A
resultante das ondas para a frente de fmm de estator e rotor cria uma onda para a frente
resultante de fluxo de entreferro, que gera uma fcem Emf no enrolamento principal m do
estator. O efeito refletido do rotor, visto do estator, é semelhante ao de um motor
polifásico e pode ser representado por uma impedância 0,5r2 /s + j0,5x2 em paralelo com
j0,5xφ , como na porção do circuito equivalente (figura 3.16(c)) indicada com f. Os
fatores de 0,5 vêm da decomposição da fmm pulsante de estator em componentes f e b.
Agora considere as condições relativamente ao campo b. O rotor está ainda
girando com escorregamento s relativamente ao campo f e sua velocidade por unidade n
na direção do campo f é:

n = 1-s (3-32)

A velocidade relativa do rotor relativamente ao campo b é 1 + n ou seu


escorregamento relativamente ao campo b é:

1+n=2–s (3-33)

O campo b então induz correntes no rotor cuja freqüência é (2 - s)fe. Para


pequenos escorregamentos, estas correntes de rotor são de quase duas vezes a
freqüência do estator. A um pequeno escorregamento, um oscilograma da corrente no
rotor mostraria uma componente de alta freqüência do campo b superposta a uma
componente de baixa freqüência do campo f. Vista pelo estator, a onda de fmm do rotor
criada pelas correntes de rotor do campo b caminha à velocidade síncrona, mas na
direção b. O circuito equivalente representando estas reações internas do ponto de vista
do estator é semelhante ao de um motor polifásico cujo escorregamento é 2 - s e é
mostrado tia parte do circuito equivalente (figura 3.16(c)) indicada por b. Como com o
campo f, os fatores de 0,5 vêm da decomposição da fmm pulsante de estator em
componentes f e b. A tensão Emb através da combinação paralela representando o campo
b é a fcem gerada no enrolamento principal m do estator pelo campo b resultante.
Pelo uso do circuito equivalente da figura 3.16(c), a corrente de estator, a
potência de entrada, e o fator de potência, podem ser calculados para qualquer valor de
escorregamento, quando a tensão aplicada e as impedâncias do motor são conhecidas.

Para simplificar a notação, seja:

r 
Z f ≡ R f + jX f ≡  2 + jx 2  em paralelo com jxφ (3-34)
s 
 r2 
Z b ≡ Rb + jX b ≡  + jx 2  em paralelo com jxφ (3-35)
2−s 

As impedâncias que representam as reações dos campos f e b do ponto de vista


do enrolamento monofásico de estator m são 0,5Zf e 0,5Zb , respectivamente, na figura
3.16(c).
Um exame do circuito equivalente (figura 3.16(c)) confirma a conclusão
alcançada por raciocínio qualitativo no item 3.1.2 (figura 3.9(b)), que a onda de fluxo de
entreferro f aumenta e a onda b diminui quando o rotor é posto em movimento. Quando
o motor está girando com pequeno escorregamento, o efeito refletido da resistência do
rotor no campo f, 0,5r2/s, é muito maior do que seu valor quando parado, enquanto a
correspondente impedância no campo b, 0,5r2 /(2 - s), é menor. A impedância de campo
f, portanto, é maior do que seu valor com rotor parado, enquanto que a do campo b é
menor. A fcem do campo f, Emf, é portanto maior do que o valor com rotor parado,
enquanto a fcem do campo b, Emb, é menor; i.e., a onda de fluxo de ritreferro f aumenta,
enquanto a onda de fluxo b diminui.
Além disso, as condições de saída mecânica podem ser calculadas por aplicação
das relações de conjugado e potência desenvolvidas para motores polifásicos nas
colocações anteriormente descritas. Cada conjugado produzido pelos campos f e b pode
ser tratado nesta maneira. As interações das ondas de fluxo fmm girantes opostas
produzem pulsações de conjugado a duas vezes freqüência do estator, mas não
produzem conjugado médio.

Como na equação 3-31, o conjugado interno Tf do campo f em newton.metros é


igual à 1/ωs vezes a potência Pgf em watts entregue pelo enrolamento de estator ao
campo f, onde ωs é a velocidade angular síncrona em radianos mecânicos por segundo;
assim

1
Tf = Pgf (3-36)
ωs
quando a impedância de magnetização é tratada como puramente indutiva, Pgf é a
potência absorvida pela impedância 0,5Zf, isto é,

Pgf = I m2 0,5R f (3-37)

onde Rf é a componente resistiva da impedância de campo f definida na equação 3-34.


Da mesma forma, o conjugado interno Tb do campo b, é:

1
Tb = Pgb
ωs (3-38)

onde Pgb é a potência entregue pelo enrolamento de estator ao campo b, ou

Pgb = I m2 0,5Rb (3-39)


onde Rb é a componente resistiva da impedância de campo b, Zb definida na equação 3-
35. O conjugado do campo b está na direção oposta àquele do campo f, e portanto o
conjugado interno liquido T é:

T = T f − Tb =
1
(Pgf − Pgb ) (3-40)
ωs

Como as correntes de rotor produzidas pelos dois campos componentes de


entreferro são de freqüências diferentes, a perda total de rotor I2R é a soma numérica das
perdas correspondentes a cada campo.
Em geral, a perda no cobre do rotor provocada por um campo girante, é igual ao
escorregamento do campo vezes a potência absorvida do estator [Fitzgerald, pág 550],
donde:

I2R no rotor, campo f = sPgf (3-41)

I2R no rotor, campo b = (2-s)Pgb (3-42)

I2R total no rotor = sPgf + (2 – s)Pgb (3-43)

Como a potência é conjugado vezes velocidade angular, e a velocidade angular


do rotor é (1 – s)ωs, a potência interna P convertida a forma mecânica, em watts, é:

P = (1 – s)ωsT = (1 – s)(Pgf – Pgb) (3-44)

Vale salientar que a potência e o conjugado interno não são iguais aos valores de
saída, pois as perdas rotacionais ainda não foram levadas em conta. É correto subtrair
efeitos de atrito e ventilação de T ou P, usualmente supõe-se que as perdas no fero
também podem ser tratadas desta maneira.

3.2.2 – O Modelo Dinâmico.


O modelo dinâmico é consideravelmente mais complexo que o circuito
equivalente adotado para representar o motor em regime permanente, porém, um
entendimento básico deste modelo se faz necessário para a compreensão do
funcionamento do programa de simulação utilizado.
Entre os motores de indução os problemas dinâmicos mais comuns estão
associados à partida, à frenagem e à habilidade do motor continuar a operação após
perturbações sérias do sistema de alimentação. Por exemplo, um problema típico numa
instalação industrial pode estar relacionado à capacidade de partir um motor grande,
sem que outros motores paralelos cessem a operação normal devido à redução de tensão
causada pela forte corrente do motor que está partindo. A seguir, é oferecida uma
pequena explanação do modelo dinâmico do motor de indução utilizado neste trabalho.
Figura 3.17 – Motor monofásico simplificado

Visto que os eixos dos enrolamentos principal e auxiliar, representados na figura


3.10(a), já estão dispostos ortogonalmente entre si, devemos, para uma análise
simplificada, alinhar os eixos estacionários qd sobrepondo-os aos eixos do enrolamento
de estator. Se as bobinas dos enrolamentos principal e auxiliar não ocupam a mesma
ranhura, será desprezado o fluxo devido a dispersão. O rotor de gaiola deve ser
representado por um par de bobinas que são simetricamente equivalentes aos eixos qd.
Utilizando uma aproximação, como o da figura 3.17, para o motor de indução
monofásico, as equações de tensão dos circuitos de rotor e estator, podem ser escritas
da seguinte forma:

dλqs
vqs = iqs rqs + [V]
dt
dλds
vds = ids rds + [V]
dt
(3-45)
dλqr
vqr = iqr rqr + [V]
dt

dλdr
vdr = idr rdr + [V]
dt
3.2.2.1-Equações de fluxo

Na forma matricial, o fluxo concatenado nos enrolamentos de rotor e estator, podem ser
representados da seguinte forma, em termos de indutância de enrolamento e corrente:
Lqsqr cos θ r Lqsdr sen θ r  i
 λ qs   Lqsqs 1
 
     qs 
 λ ds  = 1 Ldsds − Ldsqr sen θ r Ldsdr cos θ r  i ds 
 λ qr   L cos θ − Lqrds sen θ r
  (3-46)
   qrqs r Lqrqr 1  i qr 
 λ dr   Ldrqs sen θ r  i 
 Ldrds cos θ r 1 Ldrdr   dr 
Desprezando a baixa relutância do ferro e sendo Pg a permeância do entreferro,
as indutâncias dos enrolamentos devem ser expressos em termos do número de espiras
(Nqs, Nds, Nqr, Ndr) e da permeância do entreferro, da seguinte maneira:

Lqsqs = Llqs + N qs2 Pg Ldsds = Llds + N ds2 Pg

Lqsqr = N qr N qs Pg Lqsdr = N qs N dr Pg
(3-47)
Ldsqr = N ds N qr Pg Ldsdr = N ds N dr Pg

Lqrqr = Llqr + N qr2 Pg Ldrdr = Lldr + N dr2 Pg

onde Llqs, Llds, Llqr e Lldr são as indutâncias de dispersão dos enrolamentos de rotor e
estator. Para um rotor de gaiola simétrico, Nqr = Ndr e Llqr = Lldr; portanto, de agora em
diante, eles serão denotados por Nr e Llr, respectivamente.
Escolhendo um sistema de eixos de referência qd no enrolamento de estator,
sendo o eixo q alinhado com o eixo qs do enrolamento do mesmo e, o eixo d alinhado
com o enrolamento ds, os eixos qd do rotor podem ser transformados no sistema de
referência qd escolhido, usando a seguinte transformação:

 f qrs  cosθ r sen θ r   f qrr 


 s  =   (3-48)
− sen θ r cosθ r   f drr 
 f dr  144 42444 3
Tqd (θ r )

onde a variável f pode ser tensão, corrente, fluxo concatenado do enrolamento dr e qr,
e θr é o ângulo entre os eixos qr e qs, medidos a partir do eixo estacionário qs. A inversa
de [Tqd(θr)] é:

cosθ r − sen θ r 
[T (θ r )] = 
−1

sen θ r cosθ r 
qd (3-49)

Além da transformação rotacional acima ser aplicada nas variáveis dos


enrolamentos qr e dr do rotor, nós também podemos nos referir às variáveis
do rotor, refletindo-as para o estator ou lado de entrada.
Desde que os enrolamentos qs e ds não sejam exatamente idênticos, um deles
também será refletido através de uma relação proporcional com o outro enrolamento.
Nós refletiremos as variáveis reais do enrolamento auxiliar ds para o enrolamento
principal qs.
Para simplificar a notação, usaremos um s sobrescrito e a notação “primo”(’)
para denotar as variáveis do rotor transformadas para o eixo de referência estacionário
qd e as grandezas refletidas para o enrolamento qs do estator, respectivamente.
Portanto, em termos de variáveis do rotor transformadas e refletidas e variáveis do eixo
ds refletidas para o eixo qs, a equação 3-46 para os fluxos concatenados, tornam-se:
λqs = Llqsiqs + Lmq (iqs + iqr's )

λ'ds = L'ldsids' + Lmq (ids' + idr' s ) (3-50)


λ'qrs = L'lriqr's + Lmq (iqs + iqr' s )

λ'drs = L'lr idr's + Lmq (ids' + idr's )

As equações de tensão dos enrolamentos qs e ds do enrolamento de estator


podem ser expressos em termos de grandezas transformadas e refletidas como:

dλ qs
v qs = rqs i qs +
dt
dλ'ds (3-51)
v =r i +
'
ds
' '
ds ds
dt

Aplicando a transformação, [Tqd(θr)] nas tensões, correntes e fluxos dos


enrolamentos qr e dr nas equações de tensão, nós obteremos:

 v qrs   rr 0  i qrs   λ sqr 


[
 s  = Tqd (θ r )  ] rr 
[Tqd (θ r ) ] −1
[ ][
 s  + Tqd (θ r ) p Tqd (θ r ) ] −1
 s 
 v dr  1 i dr   λ dr  (3-52)

podemos mostrar que:

 s dθ r   dλsqr 
λ   − sen θ r λ  
cosθ r   qr dt 
s

[
p Tqd (θ r ) ] −1
 s =
qr

− sen θ r   s
[
 + Tqd (θ r ) ]
−1
 dt 
λdr   − cosθ r λ
dθ r   dλdrs 
(3-53)
 dr dt   dt 

Substituindo esta última expressão na equação de tensão e simplificando,


obtemos:

dθ r dλqr
's

v =ri −λ
's
qr +
' 's
r qr
's
dr
dt dt

dθ r dλ'drs (3-54)
vdr's = rr'idr's − λ'qrs +
dt dt
Usando ψ para ωbλ nas equações 3-51 e 3-54, nós podemos deduzir que os
resultados destas equações eqüivalem ao circuito mostrado na figura 3.18.

N qs N qs s
v ds' = v ds vdr's = vdr
N ds Nr

N qs s N qs
vqr's = vqr ids' = ids
Nr N ds

Nr s Nr s
iqr's = iqr idr's = idr
N qs N qs

N qs s N qs s
λ'qrs = λqr λ'drs = λdr (3-55)
Nr Nr
2
Lmq = N qs2 Pg N 
L =  qs  N ds2 Pg = Lmq
'
md
 N ds 
2 2
N  N 
L =  qs  Llds
'
lds r =  qs  rds
'
ds
 N ds   N ds 
2
2 N 
N  r =  qs  rr
'
L'lr =  qs  Llr r
 Nr 
 Nr 

3.2.2.2-Equações de torque

A somatória de todas as potências instantâneas de entrada nos quatro


enrolamentos de rotor e estator, podem ser expressas como:

pin = vqsiqs + vdsids + vqr's iqr's + vdr's idr's


' ' [W] (3-56)

Usando as equações 3-51 e 3-54 para substituir as tensões e, eliminando termos


associados com a perda do cobre e taxa de variação de energia do campo magnético,
podemos equacionar os termos restantes como uma taxa de trabalho mecânico, que é:

dθ rm dθ r
Tem ( )
= λ'qrs idr's − λ'drs iqr' s [Nm] (3-57)
dt dt

Trocando a velocidade mecânica, dθrm/dt por (2/P)dθr/dt, o torque desenvolvido


pode ser expresso como:

Tem = (λqr idr − λ'drs iqr' s )= Lmq (idr's iqs − iqr's ids' ) [Nm]
P 's 's P
(3-58)
2 2
Figura 3.18 – Circuito Equivalente de um Motor de Indução Monofásico.

3.2.2.3-Modelo de Simulação do Motor de Indução Monofásico Utilizado

Para a simulação proposta, as equações do motor de indução monofásico devem


ser rearranjadas como mostrado na tabela 3.1.

Tabela 3.1 – Equações da máquina de indução monofásica

Equações de Fluxo e Tensão

 
ψ qs = ω b ∫ vqs + qs (ψ mq −ψ qs ) dt
r
 xlqs 
(3-59)
 
( )
'
r
ψ ds' = ω b ∫ vds' + ds' ψ md
'
−ψ ds'  dt
 xlds 

 ω 
r'
( )
ψ qr' s = ω b ∫ vqr's + r ψ dr's + r' ψ md −ψ qr' s  dt
ωb
 xlr 
(3-60)
 ω 
(
r'
)
ψ dr' s = ω b ∫ vdr' s + r ψ qr' s + r' ψ md −ψ dr's  dt
ωb
 xlr 

(
ψ mq = xmq iqs + iqr' s )
( )
(3-61)
ψ mq
'
= xmq ids' + idr's
ψ qs −ψ mq
ψ qs = xlqsiqs +ψ mq iqs =
xlqs

ψ ds' −ψ md'
ψ ds' = xlds
'
ids' +ψ md
'
ids' = '
xlds (3-62)

ψ qr' s −ψ mq
ψ qr' s = xlr' iqr's +ψ mq i =
's
qr
xlr'

ψ dr's −ψ md'
ψ dr' s = xlr' iqr' s +ψ md
'
idr's =
xlr'

onde:

1 1 1 1
= + + '
x Mq xmq xlqs xlr
(3-63)
1 1 1 1
= + + '
x Md xmd xlds xlr

 ψ qs ψ qr's 
ψ mq = x Mq  + ' 
 lqs xlr 
x
(3-64)
ψ ψ  ' 's
ψ md
'
= xMd  +  ds dr

x x  '
lds
'
lr

Equação de Torque e Movimento do Rotor

Tem =
P
2ωb
(
ψ ds' iqs −ψ qsids' ) [Nm] (3-65)

dω rm [Nm]
J = Tem + Tmec − Tdamp
dt
(3-66)
d  ω r 
ωb 
2H 
[pol / unid]
= Tem + Tmec − Tdamp
dt
3.3 – Simulação.
Com a recente difusão e alta tecnologia e capacidade dos computadores digitais,
a simulação de um modelo matemático mais complexo em um computador, não se torna
algo inviável por razões de relação tempo de implementação/resposta. Para a simulação
do motor de indução monofásico foi utilizado o programa matemático
MATLAB/SIMULINK, que dispõe de consideráveis ferramentas para análises
matemáticas e simulações digitais de sistemas modelados. Inicialmente, um processo de
aprendizado e familiarização com o programa foi necessário para a seqüência do
projeto; uma série de pequenas simulações de sistemas relativamente simples foram
implementados e simulados, sendo os resultados analisados graficamente, dando assim,
um embasamento teórico sobre o funcionamento do SIMULINK. Em seguida, foi
desenvolvido uma rotina de simulação baseada no modelo dinâmico descrito no item
3.2.2.3, cuja estrutura básica está na bibliografia Ong, C. M, pág 243; esta rotina foi
implementada tomando-se como base as bibliotecas do próprio SIMULINK e o
programa descrito na bibliografia citada. Neste trabalho também foram efetuadas
simulações através do modelo de circuito equivalente do motor devido ao fato de não
encontrarmos bibliografia básica para a obtenção do fator de potência e rendimento do
MI através de suas equações dinâmicas e, a tentativa de desenvolvermos tais cálculos
tomar-nos-ia todo o tempo que resta – ou mais – sendo que, o mesmo poderia vir até a
ser tema de um outro trabalho. As rotinas de simulação estão descritas a seguir.

3.3.1 – Rotinas de Simulação.


3.3.1.1-Descrição dos Blocos

Após a fase de aprendizado e familiarização com o programa, a simulação


dinâmica do motor de indução monofásico foi desenvolvida, baseada na rotina do
SIMULINK ilustrada na figura 3.19 [Ong C. M, p243].

Figura 3.19 – Diagrama para simulação do motor no SIMULINK.


A figura acima ilustra o diagrama geral do motor de indução monofásico que,
aqui pode ser simulado operando sem o capacitor de partida (fase dividida), com o
capacitor de partida ou com dois capacitores, o de partida e o permanente. As
observações teóricas relacionadas à esses três tipos de motores podem ser revistas no
item 3.1 deste. A fonte de tensão é representada pela fonte de tensão ideal Sine wave e o
bloco ExtConn propicia a relação entre os enrolamentos auxiliar e principal e, também
comanda o chaveamento do capacitor quando da sua utilização.
O bloco ExtConn pode ser visualizado na figura 3.20 e funciona basicamente
como segue: Quando o bloco inicialize and plot é acionado, o arquivo mvr.m – os
arquivos .m são uma espécie de arquivo de instrução no MatLab – é carregado e na
seqüência o tipo de motor é escolhido, atribuindo assim, valores as variáveis de
controle Caprun e Capstart, sendo a lógica descrita na tabela 3.2; a partir daí e, com a
chave centrífuga sendo executada pelos blocos abs(i’ds), Rel Op, Rel Op1, Logical
Operator, Logical Operator 1,2 e 3, Latch, Latch1, eps, wrswbywb, um chaveamento é
executado de acordo com o tipo de motor escolhido.

Tabela 3.2 – Atribuição das variáveis de controle Caprun e Capstart (arquivo mvr.m).

Tipo de Motor Caprun Capstart


Fase dividida 0 0
Capacitor de partida 0 1
Duplo capacitor 1 0

Tomemos como exemplo uma simulação de um motor com capacitor de partida,


neste caso Caprun será 0 e o Operator Logical 1 não acionará as chaves Switch 1 e 2,
mantendo conectado as variáveis 1/Cstart e Rcstart – estas variáveis são carregadas
quando mvr.m é executado; Capstart vale 1 e então a chave Switch4 conecta o capacitor
à corrente de enrolamento auxiliar in_i’ds e, através de Switch e Switch3 conecta o
enrolamento auxiliar a saída de tensão do eixo ds. Ao ser atingida a porcentagem da
velocidade síncrona definida em wrswbywb, o Latch 1 é ‘setado’ e o Operator Logical 3
desconecta os capacitores e o enrolamento auxiliar através de Switch3.

Figura 3.20 – Bloco ExtConn:


Os demais blocos podem ser visualizados na figura 3.21 e, seus detalhes estão
descritos mais precisamente na tabela 3.1. As equações da tensão de entrada no
enrolamento ds para a simulação das condições de circuito aberto [Ong C. M, p233]
são:

ids' = 0

ψ ds' =ψ md
'
= xmqidr'

xmq didr'
vds' =
ω b dt (3-67)
ψ dr'
idr' =
xlr' + xmq

1 xmq dψ dr'
v =
'

ω b xlr' + xmq dt
ds

Na figura 3.21(a) e 3.21(b), podemos ver os blocos dos eixos dq e o bloco do


rotor pode ser visto em 3.21(c).
Figura 3.21 – Demais Blocos: (a) Eixo Q; (b) Eixo D; (c) Rotor.

Os dados e parâmetros do motor utilizado são inseridos através de um arquivo


carregado quando iniciamos a simulação. Neste arquivo podemos alterar os parâmetros
e grandezas do motor que será simulado, possibilitando assim, o ensaio de diversas
máquinas. No entanto, nestas simulações utilizaremos sempre o mesmo motor que é
descrito na tabela 3.3 e, também pode ser visto no arquivo psph.m no anexo 2.

Tabela 3.3 – Motor Utilizado.

Parâmetro/Dados Magnitude Obs: Alguns parâmetros do


Potência ¼ CV motor não estão descritos na
Tensão 127 V tabela ao lado mas podem ser
Pólos 4 visualizados no anexo 2.
Freqüência 60 Hz
Nq2Nd 1/1.18
Rqs 2.02 Ω
Xlqs 2.79 Ω
Rds 7.14 Ω
Xlds 3.22 Ω
Xplr 2.12 Ω
Rpr 4.12 Ω
Xmq 66.8 Ω
J 0.0146 Kg.m2

3.3.1.2-Visualização Gráfica de Resultados e Ajuste Polinomial

Alguns dos resultados do exemplo da página 33 podem ser visualizados nas


figuras 3.22 e 3.23. Na figura 3.22(a) podemos ver o conjugado aplicado no eixo do
motor, o conjugado desenvolvido pelo motor desde o instante de partida até o instante
em que o capacitor é desconectado e a curva de aceleração do mesmo. Podemos
observar que o conjugado ‘resultante’ se mantém zerado quando da ausência de carga
no eixo do motor, porém vale lembrar que o atrito existente entre algumas partes do
motor (eixo, mancal, anéis) é desconsiderado nesta simulação. Na figura 3.22(b)
podemos visualizar o instante de chaveamento do capacitor, no primeiro gráfico vemos
o instante em que a porcentagem da velocidade síncrona – que é definida no arquivo
mvr.m e pode ser alterada – é atingida, e na seqüência – segundo gráfico – vemos o
instante em que o capacitor é realmente desconectado derrubando o conjugado. A
diferença de tempo entre o primeiro e o segundo gráfico se dá devido à presença do
bloco abs(i’ds) que atrasa a “setagem” do Latch 1. É bom lembrar que nesta fase foram
efetuadas as primeiras mudanças no bloco ExtConn original do livro do Prof. Ong;
foram introduzidas feramentas de visualização e criado mais variáveis para possibilitar
uma análise mais eficiente do chaveamento do capacitor, tais mudanças possibilitaram a
visualização dos dois primeiros gráficos da figura 3.22(b).

Figura 3.22 – Saídas Gráficas: (a) Conjugados; (b) Chaveamento do Capacitor


Nos gráficos acima mostrados podemos observar nitidamente os resultados de
uma simulação do modelo dinâmico do motor, ou seja, todas as variáveis de saída se
encontram em função do tempo e não da velocidade do rotor. Constatamos, observando
o conjugado de saída da máquina, as conhecidas pulsações de conjugado em regime
normal de operação que estão presentes no motor monofásico sem capacitor permanente
porém, o conjugado médio resultante é nulo – o atrito é desconsiderado como já foi dito
– já que não há carga acoplada ao eixo. Podemos ver também, o intenso conjugado de
partida que a máquina apresenta com a presença do capacitor e o instante exato que o
mesmo sai do circuito; se necessário, também podemos utilizar os recursos do MatLab
para a visualização de correntes, tensões e/ou qualquer grandeza simulada em qualquer
ponto no tempo.
Como já citado anteriormente, o MatLab/Simulink nos oferece amplos recursos
para simulações e análises de sistemas modelados matematicamente, tais recursos nos
possibilita a elaboração de um modelo de simulação mais preciso, uma melhor e mais
ampla análise de resultados obtidos e, uma relativa facilidade – se o propósito assim for
definido – na análise e visualização de resultados, não comprometendo para tanto a
eficiência e credibilidade dos mesmos.
Visando a facilidade habitual e mais comum na análise do motor de indução
através de seu circuito equivalente, foi proposto uma adaptação nos resultados de saída
das simulações dinâmicas, com exatamente este intuito, porém, não descartando, em
hipótese alguma, a análise de resultados dinâmicos. Em suma, foram feitas algumas
alterações no programa de simulação – nesta etapa foram feitas alterações somente nas
rotinas de visualização de resultados – para facilitar, e ao mesmo tempo ampliar, a
visualização dos resultados; é aí que a figura 3.23 se torna bastante interessante e
didática para a obtenção deste propósito.

Figura 3.23 – Ajuste polinomial do conjugado.


Inicialmente fica evidente, na análise da figura 3.23, a considerável mudança no
eixo das abcissas, onde agora ao invés da variável tempo, temos a velocidade do rotor
em rpm. A velocidade do rotor foi obtida a partir da variável de número 11, y(:,11), do
Mux da figura 3.19, esta variável corresponde a relação ωr/ωb, ou seja, a relação entre a
velocidade do rotor e a velocidade síncrona. Multiplicando a variável y(:,11) por ωb
obtemos a variável ωr, que na verdade é um vetor com a velocidade do rotor em todos
os instantes de tempo simulados.
Com a obtenção da velocidade do rotor, ωr, podemos através do comando plot,
imprimir na tela qualquer grandeza como conjugado, tensão, corrente, em função de ωr
e não mais em função do tempo, isto graças a igualdade no tamanho dos vetores já que
ωr é derivado de uma variável já existente. Esta mudança se torna de grande
importância para a finalidade principal deste projeto, já que o propósito inicial do
mesmo é fazer uma variação dinâmica do capacitor e, para tanto, devemos obter, em
uma primeira análise, um valor de capacitância que varia em função da velocidade do
rotor, o quê será discutido mais adiante mas, de uma maneira ou de outra, esta rotina de
visualização cuja abcissa é ωr teria que ser implementada.
No entanto a figura 3.23 nos apresenta algo mais. Observando o conjugado real
da máquina vemos a alternância do mesmo, vemos que é um conjugado pulsante e nos
deparamos com a conseqüente complexidade para uma rápida análise do conjugado
médio resultante apresentado. Foi objetivando a otimização da representação gráfica da
figura 3.23, em particular do conjugado, que decidiu-se obter uma curva média do
conjugado da máquina, possibilitando assim, uma rapidez maior quando da seqüência
continuada de simulações que são efetuadas com apenas uma ou outra alteração, ou
seja, o processo: modificação do programa è visualização de resultados, se torna mais
rápido e eficiente.
Para a obtenção de uma curva média de conjugado foi utilizado o comando
polyfit do MatLab, cuja propriedade é fazer um ajuste polinomial de curva através do
método dos mínimos quadrados. Além disso podemos definir a grau do polinômio que
será usado para o ajuste. Executando o ajuste através do comando polyfit obtemos a
curva média representada em vermelho na figura 3.23.
Vale lembrar que para a análise dos valores de rendimento e fator de potência,
foi realizada a simulação do circuito equivalente do motor de indução e não do modelo
dinâmico do MI logo, essas variáveis de saída já saem em função de ωr e também não
necessitam do ajuste polinomial realizado para os demais itens simulados.
Além do ajuste através de polyfit, uma estrutura do tipo for...do...else foi
utilizada para a correção das primeiras posições do vetor a ser ajustado – no caso o
conjugado – isto porque o conjugado real da máquina sai de 0 Nm e logo nos primeiros
instantes de tempo (ou velocidade) já se eleva a um valor considerável; quando
executamos o ajuste, a curva média fica distorcida porque os primeiros dados do vetor
conjugado são discrepantes, e a curva média se torna inviável para análises (ver figura
3.24(b)). Corrigindo as primeiras posições do vetor conjugado – o que não compromete
a validade dos dados, já que são 10 posições dente aprox.2000 – o ajuste se torna eficaz
e isto não implica em distorções de visualização, e o conjugado não mais sai do zero.
Vale reforçar a afirmativa de que a obtenção do curva média só é válida para uma
primeira análise de resultados, sendo levado como verdadeiro o valor do conjugado
pulsante. Vale lembrar também, que em futuras análises e citações será utilizada a curva
média ajustada e não mais o pulsante, mesmo porque muitos gráficos ficam visualmente
difíceis de serem analisados quando plotados no papel, por isso o acompanhamento de
uma curva média ajustada, facilita no entendimento dos resultados.
Na figura 3.24 é mostrado a curva polinomial média do conjugado real sem a
“correção” do zero e a curva polinomial média do conjugado onde foi alterado as
primeiras posições – na verdade as 10 primeiras posições são substituídas pelas 10
subseqüentes.

Figura 3.24 – Ajuste de curvas: (a) Corrigido; (b) Ajuste Distorcido.

3.3.2 – Alteração da Capacitância.


A alteração da capacitância é, em resumo, o objetivo maior deste projeto.
Contudo, devemos antes de mais nada definir como a capacitância será modificada e/ou
variada. Diversas formas de variação e controle do valor do capacitor serão propostos e
simulados e posteriormente, uma análise sucinta avaliará qual o melhor método para a
variação da capacitância do mesmo. Podemos variar o valor do capacitor em função da
velocidade do rotor, do valor da corrente nos enrolamentos, ou em função de um tempo
pré-determinado. Porém, além do método pelo qual variamos o valor do capacitor,
devemos também descobrir qual o melhor perfil de variação da capacitância, neste
trabalho vamos variá-la em função da velocidade do rotor, mas esta função será uma
reta, uma parábola, uma exponencial, ou uma outra curva qualquer? Portanto, é com o
objetivo de definir qual o melhor perfil de variação de capacitância que ensaiaremos
diversos perfis e procuraremos descobrir o melhor deles.
Para possibilitar este estudo, outra alteração no programa de simulação foi
concluída tempo por objetivo a criação de um bloco que possibilitasse a mudança
dinâmica no valor do capacitor. Para tanto, o bloco ExtConn da figura 3.20 foi
modificado, sendo retirado todos os elementos que simulam a chave centrífuga, já que a
mesma será substituída por um único capacitor chaveado eletronicamente – como já foi
descrito no item 2 (Objetivos) – indo de um valor elevado de capacitância na partida até
um valor diminuto quando em regime normal de operação. Além da retirada dos
elementos da “chave centrífuga” outro bloco foi acrescentado para possibilitar,
justamente, esta variação do capacitor, a figura 3.25 ilustra esta mudança.

Figura 3.25 – Novo Bloco ExtConn.

Podemos ver agora, que o bloco capacitor foi incluído. Dentro deste bloco
podemos fazer, dentro do possível, qualquer alteração no valor do capacitor. Na saída
do bloco capacitor temos um produto (1/C)*i que é então entregue ao integrador 1/s,
resultando na tensão do capacitor. Esta tensão é então somada com a da bobina do
enrolamento auxiliar, fechando assim a malha de tensão do enrolamento auxiliar. O
segredo está em fazer o valor C, da expressão (1/C)*i, variar em função da velocidade
do rotor.
Como citado anteriormente, a variação do capacitor em função da velocidade do
rotor foi proposta para uma análise do melhor perfil de variação. As alterações no
capacitor consistem basicamente na elaboração de um bloco capacitor (figura 3.25)
adequado à este método de variação. O bloco elaborado pode ser visto na figura 3.26.

Somente para
disponibilizar
os dados no
espaço de
Define se a função é trabalho
uma reta , parábola, etc.

Figura 3.26 – Bloco Capacitor para variação em função de ωr.


As estratégias para variação do capacitor em função da velocidade do rotor, são
definidas na bloco função [f(u)] denominado (1/Crun)*i na figura 3.26. A velocidade
do rotor é obtida através da porta 2 (in_wr/wb) na figura 3.26 e é instantânea, isto é, é
uma velocidade que vem direto da simulação e muda com o tempo. Dentro do bloco
f(u) , já citado, descrevemos uma equação de variação do valor do capacitor, que pode
ser uma reta, parábola ou exponencial. Tomando como base os valores de capacitores
utilizados para partida e regime permanente de operação temos os pontos de partida
para obtenção da curva de variação, os valores dos capacitores de partida Cstart e
permanente Crun são 270µF e 22µF, respectivamente.
Com estes dois pontos, podemos descrever uma equação qualquer que defina os
valores de capacitância ao longo da aceleração do motor; comecemos com uma reta:

Com um valor elevado de capacitância


(Cstart) para a partida e um valor menor
(Crun) para a operação em regime normal,
podemos definir uma reta como ilustra a
figura 3.27 cuja equação pode ser obtida
facilmente pelo determinante:
0 Cstart 1
ns Crun 1
x f (x) 1

Figura 3.27 – Reta de Variação do Capacitor.

logo, através da solução do determinante da figura 3.27 temos a equação da variação do


capacitor em função da velocidade do rotor segundo a equação de reta:

 Crun − Cstart  (3-68)


C (ωr ) = f ( x ) =   x + Cstart
 ns 

A equação 3-68 esta embutida no bloco f(u) da figura 3.26 onde, o valor da
capacitância está sendo constantemente alterado de acordo com a real velocidade do
rotor. Observemos então a equação em f(u):

 
1 /{[(Crun − Cstart ) / ns ]* u( 2) + Cstart} * u(1) (3-69)
 144444424444443  {
 Valor dinâmico de capacitância  corrente

Nesta equação temos então o valor do capacitor sendo variado. Vale lembrar
que a variável u(2) é a velocidade instantânea do rotor e que o inverso do valor da
capacitância instantânea multiplicado pela corrente – variável de entrada u(1) – resulta
no integrando da integral de tensão no capacitor, que em seguida será solucionado pelo
bloco integrador Vcap_ da figura 3.25, resultando, assim, na tensão no capacitor Vcap.
Com as mudanças elaboradas até este ponto, já é possível obtermos resultados
diferenciados nos parâmetros do motor, principalmente no conjugado. Estes resultados
serão analisados no item 4.
Além da simulação em função de reta, utilizamos também parábola e
exponenciais como é descrito a seguir:
Para a simulação em função de uma parábola, utilizamos como vértice o ponto
de maior valor de capacitância e a partir daí, com apenas dois pontos conseguimos obter
sua equação como ilustra a figura 3.28.

Equação de parábola: ax2+bx+c=y

• Pontos V=(0,Cstart) e (ns,Crun);


• Vértice = V = (b/2a, -∆4a)
logo b/2a = 0 è b=0;
• Substituindo V na equação (sem b):
c = Cstart;
• Substituindo o 2o ponto:
a = (Crun-Cstart)/ns2.

Figura 3.28 – Parábola de variação do capacitor.

Portanto, a equação da parábola fica:

 Crun − Cstart  2
C (ωr ) = f ( x ) =   x + Cstart (3-70)
 ns 2 

e a equação contida em f(u) da figura 3.26 fica análoga à 3.69 porém com u(2) e ns
elevados ao quadrado.

Da mesma forma que simulamos a reta e a parábola, também simulamos uma


exponencial que foi obtida a partir da equação abaixo:

y = a.eb.x (3-71)

onde e vale 2.7183...

A partir da equação 3-71 e dos dois pontos conhecidos da curva (0,Cstart) e


(ns,Crun), obtivemos a equação exponencial abaixo indicada:

−1
*ωr
C (ωr ) = Cstart * eln(Crun / Cstart ) * ns (3-72)

Ainda com a intenção de simular diversas curvas, foi feita uma alteração na
equação 3-72 afim de se obter uma quarta forma de variação, a mudança consistiu em
alterar o expoente da variável das abcissas, ωr, e o resultado é mostrado abaixo:

−4
*ωr 4
C (ωr ) = Cstart * eln(Crun / Cstart ) * ns (3-73)

As equações 3-72 e 3-73 podem ser vistas na figura 3.29 onde representamos o
resultado gráfico da implementação destas equações no bloco f(u) da figura 3.26.
Implementadas no bloco f(u) da figura 3.26, a equação se torna, mais uma vez,
análoga à equação 3-69 salvo as alterações já mencionadas nas equações 3-72 e 3-73.

Figura 3.29 – Exponenciais de variação do capacior.

Executadas as rotinas de simulações segundo os novos perfis de variação da


capacitância, obtivemos resultados satisfatórios que serão analisados na seqüência.

3.3.3 – Alteração da Capacitância no Modelo do Circuito


Equivalente.

Como já dito anteriormente, para a obtenção dos resultados de rendimento e


fator de potência, foram efetuadas simulações utilizando o circuito equivalente do motor
de indução monofásico como é descrito em 3.2.1.6 e não o modelo dinâmico do MIM.
A alteração da capacitância foi obtida pela introdução de uma capacitância
variável em função de ωr – ou do escorregamento s – dentro do laço (loop) do
programa de simulação, ou seja, as equações de reta, parábola e exponenciais descritas
anteriormente foram introduzidas no programa possibilitando assim um novo valor de
capacitância a cada nova iteração do loop. Como exemplo podemos citar a equação 3-74
que representa o valor variável da impedância do capacitor que, numa simulação
comum – sem capacitor dinâmico – seria fixo.

zC = -j/(ω b*((Crun-Cstart)*(1-s)*(1-s)+Cstart)); (3-74)

onde, zC é a impedância do capacitor que varia em função de parábola neste exemplo;


ωb é a freqüência angular da rede – 2π60 Hz ~ 377rad/s; e s é o escorregamento do
motor.
Para a variação do capacitor em função de reta e exponenciais, somente temos
que alterar, de forma adequada, esta linha do programa. É importante lembrar que os
parâmetros do motor como reatância e resistência de enrolamentos, etc, foram obtidos a
partir da tabela 3.3, também.
4 – Resultados.

4.1 – Variação da capacitância.

Os diversos resultados, obtidos através das simulações das rotinas descritas nos
itens anteriores – em 3.3 particularmente – são apresentados aqui na forma gráfica, o
que facilita a análise e entendimento dos parâmetros de saída da máquina.
Como já citado anteriormente, o modelo dinâmico da máquina simulada pode
ser visualizado na tabela 3.1, onde está descrito todas as equações que representam o
funcionamento da mesma. Além disso, os parâmetros destas equações – características
da máquina – que são introduzidos posteriormente e podem ser alterados a qualquer
momento, podem ser vistos na tabela 3.3, e correspondem as características do motor
que também são utilizados para a simulação do modelo de circuito equivalente. A seguir
são apresentados os resultados de saída.
No gráfico da figura 4.1 podemos ver a curva de conjugado que é aplicado ao
eixo da máquina, como podemos visualizar, que a mesma parte sem carga e, ao longo de
seu funcionamento, um conjugado de 1 Nm e, posteriormente, 0,5 Nm é aplicado ao seu
eixo. Esta curva de conjugado será utilizada em todas as simulações salvo as de
rendimento e fp.

Figura 4.1 – Conjugado acoplado ao eixo da máquina durante a simulação.

O gráfico da figura 4.2(a) representa o conjugado aplicado ao eixo da máquina,


este conjugado é o mesmo da figura 4.1, apenas está representado num instante mais
fechado de tempo. Na figura 4.2(b) vemos o conjugado desenvolvido por uma máquina
sem qualquer capacitor, neste gráfico, podemos ver a grande pulsação de conjugado
quando já em regime normal de operação, ou seja, aquela pulsação à dupla freqüência
da rede já comentada. No instante de tempo representado na figura 4.2(b) um conjugado
de 0,5Nm é aplicada ao eixo da máquina e constatamos, em 4.2(b), a assimetria do
forma de onda, cuja resultante pode ser vista pela linha contínua nele representada onde
seu valor aproxima-se de 0,5 Nm, também. A pulsação também fica evidente no gráfico
da figura 4.2(c) e vemos que o mesmo atinge um valor máximo de aproximadamente 8
Nm. Podemos ver também no gráfico 4.2(c) o baixo torque de partida que esta máquina
apresenta, que gira em torno de 1,5Nm. Sem o capacitor a aceleração da máquina se
torna mais lenta, levando mais tempo para atingir sua velocidade normal de operação,
esta afirmativa fica evidente quando da análise do gráfico 4.2(d).
Figura 4.2 – Máquina sem Capacitor - Fase dividida: (a) Carga; (b) Conjugado em operação;
(c)Conjugado desde o transiente de partida; (d) Aceleração da máquina.

4.1.1 – Perfil de Reta.


Na figura 4.3, podemos ver os resultados da simulação da variação da
capacitância em função da velocidade do rotor segundo a equação de uma reta, mais
precisamente a reta de equação como a 3-69. Na figura 4.3(a), representamos o
conjugado – curva polinomial ajustada (ver item 3.3.1.2) – desenvolvido ao longo do
tempo e o conjugado máximo atingido também está descrito. Nos gráficos inferiores
representamos o conjugado em função da velocidade do rotor (figura 4.3(b)) e o gráfico
da variação da capacitância segundo uma reta em função da velocidade do rotor -4.3(c).
Conjugado Máximo
atingido (a)

(b) (c)
Figura 4.3 – Variação da capacitância em função de reta: (a) Conjugado ajustado x tempo; (b) Conjugado
x rpm; (c) Perfil de variação de capacitância.

Podemos ver também na figura 4.3 que o conjugado de partida tem valor igual a
6.261 Nm – na verdade este valor é obtido através do MatLab e não está representado
explicitamente no gráfico. Os gráficos da figura 4.4 e 4.5 dão maior visão sobre as
características da máquina e deste perfil de variação.

(a)

(b) (c)
Figura 4.4 – Correntes no enrolamento auxiliar: (a) Transitório; (b) Ipp; (c) Ipp num intervalo.
Podemos ver em 4.4(c) que a corrente, num intervalo de tempo de 0,1s (2,4s –
2,5s) onde a máquina já se encontra acelerada (ver figura 4.5), atinge um pico de
aproximadamente 1,85 A. Temos também representado no gráfico da figura 4.4(a) a
componente transitória da corrente na bobina auxiliar do motor que parte de 1.2 A em
módulo. Vemos também em 4.4(b) que os picos de corrente no instante da partida
passam de 10A.

Figura 4.5 – Aceleração da máquina com capacitor.

Na figura 4.5 podemos ver a aceração da máquina com capacitor variando em


função de reta. Se compararmos com a aceleração da máquina de fase dividida da figura
4.2, vemos a grande diferença na aceleração que o capacitor proporciona, porém isto só
tem valor ilustrativo e comprova a utilidade do uso do capacitor, em não sendo este o
objetivo deste projeto, analisaremos estes dados de aceleração comparando-os com os
demais perfis, também.

(a)

(b)

Figura 4.6 –Conjugados: (a) Acoplado ao eixo; (b) Pulsação de conjugado em regime normal da máquina
com capacitor.
Tomando como base o tempo representado na figura 4.6(b) (a partir de 1,8s),
podemos verificar através da figura 4.5 que neste instante de tempo a máquina já se
encontra a plena velocidade. Se a máquina está a plena velocidade, podemos verificar
através do gráfico de capacitância x RPM , da figura 4.3(b), que a capacitância neste
instante é a menor possível, ou seja, uma capacitância correspondente a 22uF como
descrito em 3.3.1.2. Este capacitância é suficiente para reduzir as pulsações de
conjugado a dupla freqüência existentes nos motores monofásicos, isto fica evidente
quando comparamos a figura 4.6(b) com a figura 4.2(b). Este dado ainda pode ser
considerado como idêntico nos quatro perfis pois, após a máquina ter sido acelerada o
valor de capacitância final será sempre 22µF, independentemente do perfil.

Figura 4.7 – Rendimento e Fator de Potência: (a) Potências de entrada e saída; (b) rendimento; (c)
defasagem da corrente; (d) fator de potência.

Na figura 4.7 podemos ver os resultados de rendimento e fator de potência para


o motor variando com perfil de reta. Estes resultados foram obtidos a partir da
simulação do circuito equivalente do motor. Nas figuras 4.7(a) e 4.7(b) os valores
impressos no gráfico representam os valores máximos atingidos para potência de saída e
rendimento, respectivamente; já na figura 4.7(c) temos o ângulo de defasagem da
somatória das correntes do enrolamento auxiliar e principal em relação à tensão de
entrada.

4.1.2 – Perfil de Parábola.

De maneira análoga ao item 4.1.1 ilustraremos os resultados gráficos obtidos a


partir da variação do capacitor em função de uma parábola (equação 3.70). A figura 4.8
ilustra as primeiras saídas.
(a)

(b) (c)

Figura 4.8 – Variação da capacitância em função de parábola: (a) Conjugado ajustado x tempo; (b)
Conjugado x rpm; (c) Perfil de variação de capacitância.

Vemos na figura 4.8(a) os valores de conjugado de partida e máximo, na figura


4.8(b) temos o conjugado em função da velocidade do rotor de acordo com uma
capacitância variável em função de parábola, que também está representada em 4.8(c).

Na figura 4.9 vemos as correntes no enrolamento auxiliar.

(a)

(b) (c)
Figura 4.9 – Correntes no enrolamento auxiliar: (a) Transitório; (b) Ipp; (c) Ipp num intervalo.
A curva de aceleração da máquina quando do uso deste método de variação –
parábola – será representada no item 4.1.3 na figura 4.18.
A curva de pulsação de conjugado se torna idêntica a da figura 4.6(b) já que
depois de ter acelerado, o motor trabalha com um capacitor de 22µF,
independentemente do tipo de variação pois, depois de acelerado até sua velocidade de
operação normal, em qualquer perfil de variação, o capacitor tem esse valor.

Figura 4.10 – Rendimento e Fator de Potência: (a) Potências de entrada e saída; (b) rendimento; (c)
defasagem da corrente; (d) fator de potência.

Na figura 4.10 podemos ver os resultados para o fator de potência e para o


rendimento.

4.1.3 – Perfis de Exponenciais.

De maneira análoga ao item 4.1.1, novamente ilustraremos os resultados


gráficos obtidos a partir da variação do capacitor em função de uma exponencial.
Primeiramente a exponencial definida em 3-72 será representada em 4.1.3.1 e em
seguida através da equação 3-73 representaremos os resultados em 4.1.3.2.

4.1.3.1 – Exponencial “simples”


(a)

(b) (c)
Figura 4.11 – Variação da capacitância em função de exponencial : (a) Conjugado ajustado x tempo;
(b) Conjugado x rpm; (c) Perfil de variação de capacitância.

Na figura 4.12 temos as correntes no enrolamento auxiliar da máquina para este


perfil de variação de capacitância.

(a)

(b) (c)
Figura 4.12 – Correntes no enrolamento auxiliar: (a) Transitório; (b) Ipp; (c) Ipp num intervalo.
Na figura 4.13 temos os valores de rendimento e fator de potência.

Figura 4.13 – Rendimento e Fator de Potência: (a) Potências de entrada e saída; (b) rendimento; (c)
defasagem da corrente; (d) fator de potência.

4.1.3.2 – Exponencial “4”

(a)

(b) (c)
Figura 4.14 – Variação da capacitância em função de exponencial4 : (a) Conjugado ajustado x tempo;
(b) Conjugado x rpm; (c) Perfil de variação de capacitância.
(a)

(b) (c)
Figura 4.15 – Correntes no enrolamento auxiliar : (a) Transitório; (b) Ipp; (c) Ipp num intervalo.

Figura 4.16 – Rendimento e Fator de Potência: (a) Potências de entrada e saída; (b) rendimento; (c)
defasagem da corrente; (d) fator de potência.
4.1.4 – Comparação.
Para facilitar a análise dos resultados plotamos, na figura 4.17(a), todos os perfis
de variação da capacitância simulados. Os conjugados obtidos a partir destas simulações
estão representados em 4.17(b), vale relembrar que está é uma curva ajustada por um
polinômio.

Figura 4.17 – Resultados comparados: (a) Capacitâncias;


(b) Conjugados.
Na figura 4.18 abaixo, representamos o comportamento da aceleração do motor
de indução monofásico trabalhando com o respectivo perfil de variação de capacitância.
Não está representado o perfil de reta, porém o mesmo se encontra na figura 4.5 e, este
gráfico da figura 4.18 vem complementar o estudo da aceleração segundo a respectiva
capacitância dinâmica.

Figura 4.18 – Aceleração do motor em cada perfil.

Na figura 4.19 trazemos os resultados de rendimentos(a) e fator de potência(b)


para os diversos perfis de variação de capacitância.
Figura 4.19 – (a) Rendimento; (b) Fator de Potência.

4.1.5 – Observação.
Para termos melhores referências para comparações as figuras abaixo trazem a
resposta de conjugado, corrente e aceleração de uma máquina padrão operando com
duplo capacitor – de partida e permanente – controlados pela tradicional chave
centrífuga.
Na figura 4.20(a) e 4.20(b) vemos o conjugado dinamicamente, em 4.20(c)
vemos o conjugado em função da velocidade do rotor (o médio ajustado e o pulsante) e
em 4.20(d) e 4.20(e) as correntes e, ainda em 4.20 (f) a aceleração.
Nestas figuras podemos ver claramente o instante em que o capacitor é chaveado
e o conjugado muda de um elevado valor para o valor médio nulo enquanto sem carga
no eixo. Podemos ver também a brusca diminuição de corrente e o conjugado médio em
função de ωr.
Também apresentamos a figura 4.21 onde vemos alguns resultados como fator
de potência e rendimento para a máquina de duplo capacitor. Nesta figura os resultados
foram obtidos através da simulação do circuito equivalente do MIM pois, como
havíamos citado, não foi possível a obtenção do rendimento e fator de potência através
da simulação dinâmica.
Particularmente a figura 4.21(a) apresenta o resultado do conjugado que se
comparado com o resultado da figura 4.20(c) dá validade ao uso deste método para
nosso estudo pois ambos os resultados são parecidos na medida que levarmos em conta
o ajuste polinomial (4.20(C1)) que distorce o resultado dinâmico(4.20(c2)). Em 4.21(b)
temos a potência, em 4.21(c) temos o fator de potência e em 4.21(d) temos o
rendimento. Vale ainda, ressaltar que o instante de mudança da chave centrífuga se dá à
75% da velocidade síncrona.
Figura 4.20 – Máquina com duplo capacitor: (a) Conjugado; (b) Conjugado ajustado; (c) Conjugado em
função de rpm; (d) Corrente; (e) Corrente num menor intervalo; (f) Aceleração.
82.72

Figura 4.21 – Máquina com duplo capacitor: (a) Conjugado; (b) Potência; (c) fp; (d) Rendimento.
Obs: Simulação não-dinâmica.
5 – Discussão.

5.1- Do uso de capacitores.


Analisando, inicialmente, os gráficos de conjugado dos motores convencionais
(figura 4.2(c)) observa-se que o conjugado desenvolvido por uma máquina sem
capacitor – máquina de fase dividida, apresenta baixo conjugado de partida (menor que
5Nm). Dessa maneira, a aceleração do motor torna-se lenta, e na ausência do capacitor
permanente o conjugado em regime normal de operação pulsa violentamente. A figura
4.2(b), mostra que o conjugado médio está bem próximo dos 0,5 Nm aplicados ao seu
eixo mas a pulsação passa de 7Nm de valor de pico.
Estes resultados vêm comprovar a necessidade do uso de capacitores para
aumentar a eficiência desses motores. No entanto, deve-se analisar a forma de variação
do capacitor dinamicamente, para obtenção de um rendimento otimizado.
Comparando o conjugado da máquina sem capacitor com a máquina com duplo
capacitor (figura 4.20) já pode-se observar diferenças no conjugado de partida, na
pulsação de conjugado em regime normal e na aceleração. Na figura 4.20(b) pode-se ver
que o conjugado de partida é de 5,143 Nm e o conjugado máximo obtido é de 6,401Nm,
ou seja, é bem maior que os valores do motor de fase dividida, o quê vem afirmar e
comprovar ao mesmo tempo, a evidente melhoria apresentada pelo motor de indução
monofásico operando com capacitores adequadamente acoplados ao seu enrolamento.
Além disso a pulsação de conjugado, à dupla freqüência da rede, que ocorre quando o
motor está em regime normal de operação é bem menor como mostra a figura 4.20(a).
Nas figuras 4.20(d) e (e) pode-se observar o transitório de corrente no enrolamento
auxiliar, mostrando que a entrada de um capacitor de menor valor (o permanente) e o
conseqüente aumento da reatância capacititva, diminui bruscamente a corrente que ali
circula. Vale lembrar ainda que a aceleração do motor deu-se de maneira bem mais
rápida (Figura 4.20(f)).
Comprovada a necessidade do uso de capacitores e a relativa eficácia do método
usado, o objetivo passa ser a busca de uma nova forma de atuação do dispositivo que
controla os capacitores com o intuito de obter uma otimização da aceleração do motor,
do conjugado, do fator de potência e do rendimento obtido pelo motor durante todo o
processo, desde a partida até a operação normal. Sabe-se, como já descrito no item 3.1
que o motor acima analisado opera com uma chave centrífuga que, quando alcança uma
certa porcentagem da velocidade síncrona, abre-se retirando um capacitor do circuito. É
com objetivo de obter uma capacitância que varie continuamente no tempo e não
discretamente, que deve ser realizada a variação dinâmica do capacitor.

5.2- Da variação dinâmica da capacitância.


No item 4.1 são simulados diversos perfis de variação de capacitância em função
da velocidade do rotor. No gráfico de capacitância da figura 4.3, observa-se a variação
da capacitância em função da velocidade do rotor de acordo com uma equação de reta.
Os resultados obtidos através da simulação em função de reta, se mostram
eficazes se comparados com a operação do motor com duplo capacitor e,
principalmente, se comparados ao de fase dividida. Porém, o objetivo deste trabalho não
é somente comparar os motores que operaram convencionalmente com os motores
operando com variação dinâmica da capacitância mas, principalmente, realizar uma
comparação entre os motores com capacitânica dinâmica. Contudo, cabe aqui salientar
algumas melhorias dos motores com variação dinâmica de capacitância em relação aos
motores convencionais, lembrando que as melhorias foram igualmente comprovadas
não só para o perfil de reta mas também para todos os quatro perfis de variação
simulados, inclusive para os valores de rendimento e fator de potência.
A figura 4.3 mostra que o conjugado de partida e, principalmente o conjugado
máximo apresentam um relativo aumento, em módulo, em relação ao dos motores que
operam de modo convencional com o chaveamento centrífugo. Esta melhoria também
fica evidente se observar-se o gráfico de corrente na figura 4.4, que mostra que a
corrente no enrolamento auxiliar decresce mais rápida e suavemente para o menor valor
e não bruscamente como no motor de duplo capacitor (Figura 4.20(d)), permanecendo
menos tempo em valores elevados.
Na figura 4.5 é apresentada a aceleração do motor em perfil de reta, que será
discutida mais adiante, juntamente com a da figura 4.18.
Na figura 4.6 é apresentada a pulsação de conjugado que gira em torno de 1.5
Nm e é idêntica à pulsação de todos os outros perfis, já que neste instante de operação,
em todos os perfis, a máquina já se encontra em operação normal e consequentemente
operando com o mesmo valor de capacitor permanente(22µF neste caso).
Na figura 4.7 apresenta-se de forma clara a melhoria nos valores de fator de
potência e de rendimento da máquina com variação dinâmica em relação à de duplo
capacitor da figura 4.21. Há consideráveis diferenças nos valores de fator de potência
das duas máquinas, contudo os valores de rendimento só apresentam grandes diferenças
quando da aceleração da máquina, pois em regime normal, à um pequeno valor de
escorregamento, o rendimento estão bem próximos nas duas máquinas como pode ser
visto em 4.7(b) e 4.21(d), na verdade com diferenças da ordem de 4%.
Como já dito anteriormente os diversos perfis de variação de capacitância
simulados foram comparados e os respectivos resultados serão discutidos em seqüência.

5.3- Da comparação entre os quatro perfis.


Com todos os resultados em mãos é possível realizar uma comparação entre os
diversos perfis analisados, evidenciando-se as vantagens de cada um dos métodos de
variação.
Na figura 4.17(a) estão representados os diversos tipos de variação de
capacitância em um mesmo gráfico, permitindo uma melhor visualização das diferenças
entre elas. Na figura 4.17(b) é apresentado o resultado comparativo entre os quatro
conjugados obtidos a partir dos respectivos valores de capacitâncias da figura 4.17(a).
Podendo-se logo perceber que o perfil de reta e o exponencial simples se mostraram
insatisfatórios quando comparados com o de parábola e de exponencial “4”. Com
relação às correntes (gráficos de corrente(Aux.) de cada perfil) todos apresentam um
decaimento rápido sendo que o melhor seria o de exponencial, mas este perfil será
descartado pois apresenta um baixo conjugado como já descrito, sendo também, que a
diferença no decaimento da corrente não é de magnitude tão grande a ponto deste item
ser prioritário na decisão do melhor perfil, ou seja, apesar do decaimento da corrente ser
menor no perfil de exponencial, o decaimento dos demais não compromete o uso dos
mesmos; vale lembrar também que a corrente em regime normal de operação será
idêntica nos quatros perfis desde que o conjugado também seja, pois neste instante o
valor do capacitor é idêntico nos quatro.
A aceleração pode ser vista na figura 4.18 e na 4.5 também é mais um parâmetro
para evidenciar o descarte do perfil de exponencial simples, sendo as demais curvas
praticamente idênticas.
Analisando a figura 4.15 e 4.9 observa-se que o comportamento das correntes
desses dois perfis são bem parecidos não sendo causa de superação de um sobre o outro,
somente uma análise minuciosa da figura 4.17(b) possibilita a escolha do melhor perfil
para o conjugado. Desta forma, realizada a análise, vemos que o conjugado do perfil
de parábola supera em maior quantidade de pontos o perfil de exp4, mesmo o exp4
apresentando o maior conjugado máximo (como pode-se ver nos gráficos 4.8(a) e
4.14(a)), pois o que mais interessante é o conjugado próximo à velocidade síncrona, já
que o motor irá trabalhar com um pequeno valor de escorregamento e, neste caso, o
motor com variação dinâmica em perfil de parábola se mostra mais eficaz, pois próximo
à velocidade síncrona seus valores são superiores aos da exp4; também é levado em
conta o fato de ser bem mais simples trabalhar-se com uma parábola à uma função do
tipo exponencial com a variável elevada a quarta potência.
Para determinarmos o melhor valor de fator de potência são analisados os
gráficos das figuras 4.7(d), 4.10(d), 4.13(d) e 4.16(d) ou o gráfico comparativo 4.19(b).
A partir destas análises pode-se verificar novamente o descarte do perfil exponencial
simples; já o perfil de reta e de exponencial elevada à quarta potência são praticamente
idênticos sobrepondo-se um ao outro e, mais uma vez o de parábola se mostrou mais
eficaz próximo à velocidade síncrona.
Mesmo com todas as análises apontando para o perfil de parábola como sendo o melhor entre
todos, é no rendimento que ele apresenta o resultado menos satisfatório dentre os quatro, apesar de suas
diferenças não apresentarem magnitude comprometedora, já que o rendimento máximo do perfil de
parábola gira em torno de 83% e dos demais em torno de 86%, ou seja, uma diferença de apenas 3%,
como podemos ver em 4.7(b), 4.10(b), 4.13(b) e 4.16(b) ou no gráfico comparativo 4.19(a). Neste último,
também observa-se que o rendimento do perfil de reta se mostrou superior aos demais durante todo o
processo de aceleração do motor. De todas as análises realizadas pode-se montar a tabela 5.1 para resumir
os resultados obtidos na tentativa de otimização do funcionamento do motor de indução monofásico
operando com capacitância variável em função da velocidade do rotor.

Tabela 5.1 – Resultados Finais.

Grandeza Avaliada Perfil com Melhor Desempenho


Conjugado de Partida Idêntico nos quatro
Conjugado Nominal Parábola
Rendimento Reta
Fator de Potência Parábola

Visto os resultados da tabela 5.1, pode-se concluir que: quando a aplicação do


motor exige o maior rendimento possível, este deve ser chaveado com o perfil de
variação de reta. No caso da exigência solicitar melhores conjugados ou fator de
potência, o mesmo será chaveado com o perfil de parábola. Este último perfil mostrou-
se mais versátil como opção para motores de “utilização geral”. Porém, como a variação
da capacitância está associada à um circuito eletrônico, o motor poderia ser construído
com o circuito de disparo com dupla função de operação ( linear e parabólico), sem
grandes alterações construtivas, fornecendo ao usuário uma maior liberdade para ajustar
o motor às necessidades.
6 – Referências Bibliográficas.

[1] Fitzgerald, A.E. ; Kingsley Jr., C. ; Kusko A.; “Máquinas Elétricas”


Editora Mc-Graw-Hill, São Paulo, 1975.

[2] Ong, C. M.; “Dynamic Simulation of Electric Machinery using


MatLab/Simulink”, Prentice-Hall, New Jersey, 1998.

[3] Del Toro, V.; “Fundamentos de Máquinas Elétricas” - Editora Prenticce-Hall


do Brasil, Rio de Janeiro 1994.

[4] WEG Motores Elétricos S.A.; “Manual de Motores Elétricos”, 11ª Edição.

[5] Muljadi E.; “Adjustable ac Capacitor for a Single-Phase Induction Motor”,


IEEE Transactions on Industry Applications, Vol 29, No. 3, May/June
1991, p. 479-485
7 – Anexos.

7.1 – Participação no XI Congresso Iniciação Científica


da Unesp ................................................................A

7.2 – Arquivo de Dados do Motor Utilizado .................B

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