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Concentração ou Evaporação

Concentração ou evaporação pode ser definida Evaporador de múltiplos efeitos


como a operação unitária de remoção de parte do
solvente de uma solução ou dispersão de solutos Utilizado se o vapor do solvente produzido for
essencialmente não voláteis pelo mecanismo de reutilizado como meio de aquecimento em outro
vaporização térmica na temperatura de ebulição. equipamento. O vapor não é empregado como
Quando a umidade final esteja situada entre 0 e meio de aquecimento em todos os efeitos. Com
20%, a técnica empregada recebe o nome de essa configuração, obtém-se uma maior eficiência
desidratação; no emprego da energia necessária à evaporação.
Soluções concentradas ou produtos semi-sólidos
com teores de umidade > 20%, e se a temperatura
de vaporização for Tebul. do solvente, o processo
envolvido é denominado de concentração ou
evaporação.

Características
Durante a evaporação, ocorrem fundamentalmente
2 processos cinéticos: transferência de calor do
meio de aquecimento para a solução que está
sendo concentrada e transferência de massa que
ocorre entre a fase líquida e a fase gasosa.
Características do alimento que
>> TC entre meio de aquecimento e a influenciam a operação de concentração
solução: o calor latente de condensação do vapor
À medida que a água é removida, o líquido torna-
ocorre por convecção até a superfície de TC; na
se mais concentrado, provocando uma redução na
superfície o calor é transferido por condução; o
velocidade de transferência de calor. Além disso,
calor é transferido por convecção da superfície
a Tebulição do líquido aumenta, reduzindo ΔT
para o centro da solução.
entre a Tvapor e Tlíquido. O aumento da
consistência do alimento provoca uma redução no
Evaporador de simples efeito U.
É importante para permitir uso de temperaturas >> Viscosidade e consistência: com o aumento de
mais baixas e evitar ou diminuir danos térmicos ao µ, a velocidade de escoamento, turbulência, U e
alimento. O vapor do solvente produzido é TC diminuem.
descartado sem preocupação de se utilizar a >> Incrustação: U diminui devido à deposição de
energia nele contida. escamas e sais. As incrustações são menores em
líquidos com altas viscosidades se escoarem em
altas velocidades no interior dos evaporadores.
Temperaturas maiores provocam maiores
incrustações, maior concentração de sais provoca
maiores incrustações, maior incrustação menor
será U e assim menor será o período de utilização
do equipamento.
>> Formação de espumas: durante a ebulição é
comum formar espumas estáveis, isso é devido a
forças interfaciais que aparecem entre vapor,
líquido e os sólidos suspensos.
>> Sensibilidade à temperatura: Tebulição deve
ser baixa e o tempo de residência da solução no
interior do equipamento deve ser reduzido,
principalmente para materiais termo-sensíveis.
Quanto menor a pressão de operação no raspadora. O mecanismo de TC é por convecção
evaporador, menor será a Tebulição. natural (“h” baixo) e convecção forçada (com
>> Perda de aroma: os constituintes voláteis são agitação).
comumente recuperados da água evaporada, na
forma de essência por destilação fracionada. Essa
essência é, então, adicionada ao concentrado.

Tipos de evaporadores
Evaporadores são trocadores de calor
especializados, que transferem calor latente ou
sensível do meio de aquecimento para a solução a
ser concentrada, que escoa sobre a superfície do
trocador de calor.
>> Evaporadores de circulação natural: resultado
da diferença de densidade, obtida em função do Evaporadores de circulação forçada
aquecimento. Não são recomendados para
concentrar soluções viscosas como extrato de Quando o líquido é mais viscoso, a circulação
tomate a 30 °Brix. através do trocador de calor pode ser melhorada
com o auxílio de bombas centrífugas. O líquido é
bombeado através de um TC multitubular em altas
velocidades, melhorando o U.

>> Evaporadores de circulação forçada: é usada


para assegurar alta velocidade de escoamento
sobre a superfície de aquecimento.

Na evaporação de algumas soluções, é importante


impedir a ebulição da solução nos tubos para que
se reduza a deposição de sólidos.
Nos evaporadores de circulação forçadas, o U
depende da velocidade de circulação, da diferença
global de temperatura, da temperatura de ebulição
e das propriedades de solução.

Principais tipos de evaporadores


Tachos descontínuos >> Tubos curtos
Estes evaporadores são os mais antigos utilizados >> Tubos longos com fluxo ascendente e
pelas indústrias, porém não são econômicos circulação natural ou forçada
devido a grande perda de calor. Possuem área
>> Filme ascendente
insuficiente para aquecimento rápido de grandes
volumes de solução a ser concentrada, assim o >> Filme descendente
tempo de residência do produto é elevado. Alguns
tachos possuem agitadores do tipo âncora >> Filme ascendente/descendente
>> Tipo placas
A circulação da solução pode ser induzida pela
própria ebulição ou pode ser forçada por meio de
bombeamento. Neste caso, a ebulição não ocorre
necessariamente na superfície de aquecimento.

>> Evaporadores verticais de tubo curto: a solução


circula no interior dos tubos. A circulação e a TC
são fortemente afetadas pelo nível de líquido no
interior do evaporador. Empregados em soluções
não corrosivas, límpidas e não cristalizadas. É um
equipamento de fácil limpeza e custo mais baixo.
As desvantagens deste equipamento é que ocupa
uma grande área e peso, alto tempo de residência e
U baixo para soluções em altas viscosidades.
>> Evaporadores de filme ascendente: o vapor
empregado como meio de aquecimento condensa
na superfície externa dos tubos verticais. Líquido
entra em ebulição no interior dos tubos fazendo
com que o vapor formado ocupe o centro dos
tubos. À medida que o fluido sobre no interior dos
tubos, mais vapor é formado ampliando a região
ocupada pelo vapor. É necessária uma diferença
de temperatura entre o meio de aquecimento e o
liquido em ebulição de pelo menos 14°C para que
se tenha um filme bem desenvolvido. Indicados
para processar soluções que tendem à formação de
incrustação.

>> Evaporadores verticais de tubo longo:


equipamento mais comum devido ao baixo custo,
são constituídos de um TC de casco e tubos. O
tempo de residência é baixo, de alguns segundos.
A mistura de líquido e vapor deixa o topo dos
tubos em alta velocidade chocando-se contra a
placa defletora que funciona como separador
líquido-vapor e na retenção de espuma. No caso
de baixa relação entre vazão de alimentação/vazão
de evaporado, se faz necessária a recirculação.

>> Evaporadores de filme descendente: o fluido é


alimentado no topo de um trocador de calor
multitubular de tubos longos verticais. A solução a
ser concentrada escoa pelas paredes dos tubos em
paralelo com o vapor formado. Esta configuração
fornece maiores coeficientes de transferência de
calor e tempos de residência menores. Um
problema é a distribuição uniforme do fluido
sobre as paredes dos tubos. A velocidade de
escoamento é maior. É possível operar este tipo de
evaporador com menores diferenças de
temperatura, tornando-se adequados ao manuseio
de materiais sensíveis ao calor. É comum a
formação de caminhos secos, que reduzem a
eficiência térmica do evaporador. Isso ocorre
quando a vazão de liquido é insuficiente para
manter um filme liquido contínuo.

Onde:
A – produto
B – vapor
C – concentrado
D – vapor
E – condensado
>> Evaporadores de filme ascendente e
F – excedente de vapor
descendente: combina a vantagem de uma
1 – placa do evaporador
alimentação uniforme dos evaporadores de filme
2 - separador
ascendente com uma unidade de filme
>> Evaporadores com compressão de vapor: são
descendente. A separação ocorre na base da
constituídos de um evaporador de simples efeito
unidade e o escoamento do líquido e do vapor
em que parte do vapor empregado como meio de
formado é sempre concorrente.
aquecimento é o vapor de solvente produzido na
evaporação que é comprimido a uma pressão
maior, para aumentar a temperatura de saturação e
então reutilizado no mesmo efeito.

>> Evaporadores de placa: a evaporação pode


ocorrer no interior dos canais das placas ou na >> Evaporadores de múltiplos efeitos: os estágios
câmara de separação de concentrado e vapor. É subsequentes devem operar a uma pressão mais
um equipamento de fácil limpeza, capacidade de baixa que os estágios que o antecedem de modo a
evaporação pode alcançar 25000 a 30000 Kg/h de ser possível manter um gradiente de temperatura
água evaporada. Possui facilidade e flexibilidade adequado. Os evaporadores de múltiplos efeitos
na operação, altos coeficientes de TC, operação podem ser acoplados de diversas formas como em
com líquidos de alta viscosidade, baixo tempo de alimentação direta, alimentação inversa ou em
residência, baixa incrustação. Mas possui um alto contracorrente, alimentação mista.
investimento e alta perda de carga no trocador.
Balanço de massa e energia em
evaporadores
De acordo com a imagem do esquema de um
evaporador simples de tubo vertical, são
indicados:

Seleção de evaporadores
A seleção do evaporador apropriado é conduzida
com base na economia de processo e na qualidade
do produto final. No entanto, as propriedades do
material que está sendo evaporado podem limitar
a escolha, como por exemplo, soluções muito
viscosas, certas soluções que formam espumas,
sucos de frutas (valor nutritivo e sabor são
rapidamente deteriorados pela longa exposição ao
calor). Depende da capacidade de evaporação,
modos de operação de evaporadores.
F: corrente de alimentação (vazão mássica)
Capacidade e economia de um evaporador P: corrente de produto concentrado (vazão
mássica)
Capacidade de um evaporador corresponde à V: corrente de vapor do solvente ou água
vazão mássica de vapor produzida no evaporador. evaporada (vazão mássica)
Economia ou eficiência de um evaporador é a H: corrente de vapor de aquecimento (vazão
relação entre a quantidade de vapor produzido e a mássica)
quantidade de vapor de aquecimento consumida C: corrente de condensado (vazão mássica)
V1 Para o balanço de massa total e parcial de um
Economia=
Vs evaporador de simples efeito no regime
Onde, V1 é a vazão mássica de vapor produzido permanente:
no evaporador e, Vs é a vazão mássica de vapor
consumido no trocador de calor. >> mF=mP+mV
Se a temperatura de alimentação da solução é >> mF.X2F=mP.X2P
igual a temperatura de ebulição no evaporador, o >> mH=mC
calor absorvido é igual ao calor latente de
vaporização Para o balanço de energia é expresso da seguinte
Q=U∗A∗∆ T =V 1∗ʎv forma:

Onde, ʎv é o calor latente de vaporização dos mF.HF + mH.HH = mC.HC + mP.HP + mV.HV + qP
vapores produzidos no evaporador.
Onde:
A economia é fortemente influenciada pelo >> HF: entalpia da alimentação
número de efeitos e pela temperatura de >> HP: entalpia do produto concentrado
alimentação da solução inicial. EPE e as perdas de >> HH: entalpia do vapor de aquecimento
calor para o ambiente também interferem >> HC: entalpia do condensado
diretamente na capacidade e economia de um >> q: perdas térmicas do sistema (para o
evaporador. ambiente)
>> HH é função da pressão (PH) e temperatura 04) mF.X2F = mP.X2P
(TH).
>> O condensado não necessariamente está >> Para o balanço de energia considerando os
saturado e sua HC é função de sua pressão (PC) e diferentes volumes de controle, temos:
temperatura (TC).
>> A entalpia da água evaporada (HV) depende de 05) mH.ΔHH, vap = mP2.CPP2(Tp – TP2) + mV1.
EPE e pode ser expressa por: ΔHV1,vap
06) mV1.ΔHV1,vap = mP3.CPP3(Tp2 – TP3) + mV2.
HV = CPL.(Tb-Tref) + ΔHvap+CPV.(Tv-Tb) ΔHV2,vap
07) mV2.ΔHV2,vap = mF.CPF(Tp3 – TF) + mV3.
As entalpias especificas das correntes de ΔHV3,vap
alimentação e do produto concentrado podem ser
expressas por:
>> Os fluxos de TC em cada um dos efeitos são
>> HF = CPF.(Tf-To) + ΔHFsol expressos por:
>> HP = CPP.(Tp-To) + ΔHPsol
08) q1=mH. ΔHH,vap=U1A1ΔT1
Para simplificar o balanço de energia é necessário 09) q2=mV1. ΔHV1,vap=U2A2ΔT2
atender algumas hipóteses: 10) q3=mV2. ΔHV2,vap=U3A3ΔT3
>> O condensado é líquido saturado Tc=Th
>> As perdas térmicas do sistema são desprezíveis >> Geralmente, em sistemas de múltiplos efeitos,
qP=0 empregam-se evaporadores com a mesma área de
>> As entalpias de solução são desprezíveis TC, logo:
>> O solvente é água
>> A entalpia de vaporização é muito superior às 11) q1= q2= q3
demais variações de entalpia 12) U1A1ΔT1= U2A2ΔT2= U3A3ΔT3
>> Considerando as hipóteses descritas, tem-se,
para o balanço de energia simplificado: >> No caso de áreas iguais:
q
=U 1 ΔT 1=U 2 ΔT 2=U 3 ΔT 3
mH . ΔHH,vap = mF.CPF.(Tp-Tf) + mV.ΔHV,vap A

CÁLCULO DE SISTEMAS DE
EVAPORAÇÃO EM MÚLTIPLOS
EFEITOS
O projeto e cálculo de um sistema de últiplo efeito
requerem o equacionamento dos balanços de
massa e energia e dos fluxos de transferência de
calor, para cada um dos efeitos.

>> Para um sistema de evaporadores de 3 efeitos


com alimentação inversa:

>> Para o balanço de massa considerando os


diferentes volumes de controle, temos:

01) mF = mP + mV1 + mV2 + mV3


02) mF = mP2 + mV2 + mV3
03) mF = mP3 + mV3

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