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Operações Unitárias 2

EVAPORADORES

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Operações Unitárias 2

Evaporação química
A evaporação química é uma operação unitária de
“separação” que tem como principal objetivo a
concentração de soluções diluídas;

Consiste na separação de um solvente volátil de


um soluto não volátil através da evaporação parcial
do solvente (normalmente água);

Geralmente, na evaporação, o produto mais valioso


é a solução não evaporada, o concentrado, de
maior valor agregado, também denominado de licor
grosso.
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Como a evaporação química difere das seguintes


operações unitárias?

Secagem: na evaporação, o resíduo é um líquido (que


pode ser altamente viscoso) e não um sólido como na
secagem.

Destilação: na evaporação, o vapor gerado é formado


geralmente por um só componente e mesmo quando o
vapor gerado é uma mistura, os componentes não se
separam em frações como na destilação.

Cristalização: na evaporação, o interesse é a concentração


de uma solução e não a formação de cristais sólidos como
na cristalização.
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Aplicações:
Evaporadores são utilizados nas indústrias que produzem:
❖ Álcool e açúcar a partir do caldo de cana;
❖ Suco de frutas concentrado e polpas de frutas;
❖ Papel e celulose (produção de licor negro como subproduto);
❖ Medicamentos;
❖ Extrato de tomate, leite em pó, gelatina, sal;
❖ soda cáustica, ácido sulfúrico, entre outras.

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O que é um evaporador?
É um trocador de calor onde uma solução é aquecida até a
ebulição pela troca de calor com um fluido de aquecimento
(geralmente vapor de água). O vapor oriundo do solvente em
ebulição (geralmente água) é separado do produto que é a
solução mais concentrada.

Evaporadores possuem basicamente:

➢ uma superfície de troca térmica


(feixe de tubos): onde o calor do
fluido de aquecimento evapora parte
da solução; e
➢ um separador: compartimento onde
se separa o vapor gerado da solução
concentrada (produto desejado).

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Características importantes das soluções a serem


concentradas:

1. Concentração: o aumento na concentração, inerente ao


fenômeno de evaporação da solução pode conduzir a um
aumento do seu ponto de ebulição, viscosidade e densidade.
Se a solução se torna saturada, a continuação do aquecimento
causará a formação de cristais que pode causar o eventual
bloqueio da tubulação.

2. Formação de espumas: alguns materiais, especialmente


substâncias orgânicas, tendem a formar espuma durante a
vaporização. O arraste desta espuma pelo vapor gerado é
indesejado, isto porque, ela pode arrastar parte da solução, o
que produz um vapor contaminado e perda de soluto.

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1. Sensibilidade térmica: alguns produtos químicos como


medicamentos e alimentos, degradam-se quando expostos a
temperaturas moderadas ou elevadas. Nestes casos, a
concentração da solução termicamente sensível deve ser feita
sob condições especiais e controle de pressão e temperatura.

2. Formação de crostas: algumas soluções tendem a depositar


crostas ou incrustações sobre a superfície de troca térmica.
Logo, o coeficiente global diminui com o tempo de operação do
equipamento, exigindo, portanto, manutenção e limpeza
periódicas das superfícies.

3. Material de construção: Sempre que possível, os evaporadores


devem ser construídos em aço. Entretanto, algumas soluções
corroem materiais ferrosos ou são contaminados pelo material.
Nestes casos, recomenda-se o uso de aço inox ou materiais não
ferrosos (Cu, Ni, Al, entre outros).

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Tabela 1. Exemplos de materiais utilizados na construção de


evaporadores

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Tipos de Evaporadores
Evaporadores podem ser classificados da seguinte forma:

1 - Evaporadores de tubos curtos

2- Evaporadores de tubos longos


• de fluxo ascendente;
• de fluxo descendente;
• de circulação forçada.

3- Evaporadores de Película Agitada

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❖ Evaporador de tubos curtos horizontais


✓ Construção clássica largamente utilizada
durante anos;
✓ Tubos horizontais são localizados dentro de
um recipiente cilíndrico fechado (carcaça);
✓ A solução a ser concentrada vaporiza na
parte externa dos tubos horizontais, dentro
dos quais o vapor condensa;
✓ Os tubos interferem na circulação natural
do líquido em ebulição reduzindo a sua
agitação e o coeficientes de transferência de
calor;
✓ Pouco eficiente para líquidos viscosos;
✓ Não tem dispositivo para separar espuma e
é difícil a remoção de depósitos que se formam
na parte externa dos tubos.

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❖ Evaporador de tubos curtos verticais (tipo calandra)

✓ Possui um feixe tubular vertical


(comprimento dos tubos inferior a 2 m)
localizado dentro de um recipiente
cilíndrico fechado;
✓ A solução em ebulição escoa
dentro dos tubos e o vapor vivo que
condensa escoa externamente a eles;
✓ A solução em ebulição sobe através
dos tubos por circulação natural e o
líquido não evaporado retorna pelo
canal central.
escoamento
chicanas
de vapor vivo

Entrada de
✓ Coeficientes de transferência de
vapor vivo
calor são superiores aos obtidos no
evaporador de tubos horizontais.

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❖ Evaporador de tubos curtos verticais (tipo cesta)


✓ Possui um feixe de tubos removível (cesta)
que pode ser retirado e limpo facilmente;
✓ A solução escoa dentro dos tubos e a parte
não evaporada retorna pelo espaço anular
existente entre a cesta e as paredes do corpo do
evaporador.
✓ Possui defletor no topo para evitar arraste de
líquido e espumas pelo vapor gerado.

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❖ Evaporador de tubos longos verticais de fluxo ascendente


✓ A solução entra pela parte inferior e escoa
pelos tubos de forma ascendente por
circulação natural. O vapor escoa externamente
a eles.
✓ Placas defletoras no topo dos tubos evitam o
arraste de líquido e de espumas pelo vapor.
✓ Não recomendados para soluções muito viscosas
ou salinas.

✓ Os tubos tem de 2,5 a 5


cm de diâmetro e
comprimento de até 15 m.

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❖ Evaporador de tubos longos verticais com fluxo


descendente
✓ A solução entra pela parte superior, e
desce pelo interior dos tubos aquecidos pelo
vapor vivo que sai pelo fundo.
✓ O vapor gerado é arrastado com a solução e
sai pela parte inferior;
✓ Eficazes para soluções viscosas e
termicamente sensíveis (suco de frutas, por
exemplo), que requerem um tempo mínimo de
exposição ao calor;
✓ Rápida evaporação com pequeno tempo
de residência e baixo superaquecimento da
solução.
✓ Tubos com 5 a 25 cm de diâmetro e 3 a 10
m de comprimento.

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Evaporadores com Circulação Forçada


Não são tão econômicos quanto os evaporadores com
circulação natural, porém, eles são necessários quando o
processo envolve a concentração de soluções muito
viscosas, salinas ou soluções com formação excessiva
de incrustação.

✓ Há um limite de viscosidade para que soluções


circulem naturalmente. Acima desse limite, é necessário
o uso de agentes externos para impulsionar o fluido.

✓ Quando há tendência excessiva à formação de


incrustação, o único método para reduzir o excesso de
depósitos nas superfícies é o uso de bombas.

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✓ As altas velocidades obtidas com


o uso de bombas permitem alcançar
altos coeficientes de transferência
de calor e baixos tempos de
residência da solução nos tubos
(de 1 a 3 s);
✓ Como a solução circula a altas
velocidades, utilizam-se sempre
defletores para minimizar o
arraste de gotículas de solução
pelo vapor gerado.
Na figura, tem-se um evaporador
de circulação forçada de tubos
horizontais

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Com isso, evaporadores com circulação forçada são


eficientes na concentração de líquidos sensíveis ao calor,
soluções salinas ou soluções que tendem a formar muita
espuma.

Evaporadores com circulação


natural: a solução entra nos
tubos a uma velocidade que
pode variar entre 0,3 e 1,2 m/s.

Evaporadores com circulação


forçada: a velocidade de entrada
da solução nos tubos pode variar
entre 2 a 5,5 m/s.

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Evaporador de Película Agitada

✓ Formado por uma camisa de


aquecimento que contém um agitador
interno (configuração cilíndrica);
✓ Fluxo descendente: a alimentação
entra pela parte superior da camisa de
vapor e se dispersa pela ação das pás
do agitador. O concentrado sai pelo
fundo;
✓ A agitação do filme líquido
permite aumentar a turbulência, e
assim, obter altos coeficientes de
transferência de calor.

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✓ São bastante utilizados para


concentração de líquidos
viscosos e sensíveis ao calor
(gelatina, sucos de frutas, látex de
borracha, antibióticos);
✓ Para fluidos muito viscosos é até
mais eficiente que os evaporadores
de circulação forçada;
✓ Tem custo maior de fabricação
e manutenção, pois possui peças
rotativas e capacidade operacional
mais reduzida.

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Número de efeitos em evaporadores


Os evaporadores podem ser de simples ou múltiplo efeito:

Evaporador de simples efeito:

✓ Se utiliza apenas um
evaporador;

✓ É importante no entendimento
dos equipamentos de evaporação,
mas na prática, não é muito
utilizado por fazer uso ineficaz
do vapor gerado (que é
condensado e descartado ou
utilizado em outros processos que
não a evaporação).

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Evaporador de múltiplos efeitos:


✓ São utilizados vários evaporadores, acoplados em série;

✓ O vapor gerado em um evaporador é aproveitado como fluido


de aquecimento no próximo evaporador e assim, sucessivamente;

✓ No caso de um evaporador de triplo efeito: a alimentação da


solução entra no primeiro efeito, onde é parcialmente
concentrada; vai para o segundo efeito para atingir uma
concentração adicional e, finalmente, no terceiro e último efeito se
atinge a concentração final desejada.

Esta configuração não resulta em


uma produção maior de vapor, sua
vantagem está na economia de
energia (menor quantidade de
vapor vivo gasto por quilograma
de solução evaporada).
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Vapor gerado em I Vapor gerado em II
e recebido em II e recebido em III

P1  P2  P3

❖ A pressão em cada efeito é menor do que no efeito anterior, do


qual recebe vapor.

❖ O primeiro efeito é aquele em que o primeiro vapor de


aquecimento (vapor vivo) é introduzido e no qual a pressão no
espaço de vapor é a mais alta. No último efeito, teremos a
pressão mínima no espaço de vapor;

❖ Em cada efeito há uma queda da temperatura de ebulição da


solução correspondente à queda de pressão no referido efeito.
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❖ Múltiplo efeito em correntes paralelas

➢ A alimentação e o vapor de aquecimento seguem no mesmo


sentido de escoamento (ALIMENTAÇÃO FRONTAL OU
DIRETA).
➢ O líquido escoa naturalmente de um estágio a outro devido à
diferença de pressão.
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❖ Múltiplo Efeito em correntes contrárias

➢ A alimentação e o vapor de aquecimento escoam no sentido contrário


(ALIMENTAÇÃO REVERSA, DE RETORNO OU RETROALIMENTAÇÃO).
➢ É necessário o uso de bombas para deslocar o líquido entre os estágios,
da região de baixa pressão para a região de mais alta pressão.
➢ Vantajoso para soluções que apresentam aumento significativo da
viscosidade com o aumento da concentração, pois a solução mais
concentrada estará nos estágios mais quentes facilitando a sua circulação.

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Evaporadores
usados na
concentração de
sucos cítricos

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A temperatura de ebulição das soluções


em evaporadores é afetada por dois
fatores:

➢ Elevação do ponto de ebulição (E.P.E) e;

➢ Carga hidrostática do fluido.

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1. Elevação do ponto de ebulição (E.P.E):

Para uma dada pressão, a temperatura de ebulição de


uma solução é maior do que a do solvente puro (água,
no caso de soluções aquosas).
❖ Esse aumento no ponto de ebulição da solução, em
relação ao da água pura, é conhecido como Elevação
do ponto de ebulição (EPE).

Soluções muito diluídas ou soluções orgânicas


→ EPE baixo.

Soluções inorgânicas concentradas → EPE alto.

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Regra de Duhring: relação entre a temperatura de ebulição da solução


e a temperatura de ebulição do solvente puro (água), na mesma pressão
de operação, para cada concentração da solução.

Por exemplo, temos na


figura, as Linhas de Duhring
para o sistema H2O – NaOH:

A temperatura de ebulição
de uma solução a uma
dada concentração é
função linear da
temperatura de ebulição
do solvente puro na
mesma pressão.

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Qual será o E.P.E. de


uma solução aquosa de
NaOH (60%) para uma
pressão na qual a 305oF = 152oC
temperatura de ebulição
da água é 95°C?

E.P.E = 152oC – 95oC


= 57oC

95 oC = 203oF

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2. Carga hidrostática (Efeito da altura do líquido):

✓ A carga estática do fluido no evaporador também afeta o


ponto de ebulição da solução.

✓ Parcelas de solução localizadas no fundo do equipamento


sofrerão o efeito de uma pressão maior do que aquelas
localizadas próximo à superfície porque a sua pressão será
igual à pressão do vapor mais a pressão correspondente à
coluna de líquido acima;

✓ Logo, na base do evaporador será maior a temperatura


necessária para que ocorra vaporização da solução (isto é,
no fundo do evaporador a temperatura de ebulição da
solução é mais elevada).

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Transferência de calor no Evaporador


O calor trocado durante a evaporação obedece a
Lei de Resfriamento de Newton:

q = UA T (1)

q → Calor do vapor de aquecimento transferido para


evaporar a solução;
U → Coeficiente global de projeto;
A → Área total de troca térmica do evaporador.

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onde:

T = Ts − T = Ts (vapor_sat) − T(eb_solução)

Ts → temperatura de condensação do vapor de


aquecimento (vapor vivo);
T → temperatura de ebulição da solução.

A diferença de temperatura no evaporador


influencia no tamanho da área de troca térmica
e nos custos do evaporador.

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Coeficiente global de transferência de calor na


evaporação
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UA = R = R1 + R 2 + R 3 + R 4 + R 5
 R tot tot

R1 → Resistência do vapor vivo na parte externa dos tubos


R 2 → Resistência de incrustação (parede externa dos tubos)
R 3 → Resistência condutiva na parede dos tubos
R 4 → Resistência de incrustação (parede interna dos tubos)
R 5 → Resistência da solução em ebulição na parte interna

A maior parte dos evaporadores trabalha com líquidos


viscosos. Por isso, a resistência da solução (R5) é a que
normalmente controla a troca térmica na evaporação.

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U representa o coeficiente global


típico em evaporadores (Tabela
16.1 do livro do McCabe Smith).

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Efeito de algumas variáveis do processo sobre


a transferência de calor na evaporação

1. Efeito da pressão do vapor de aquecimento (vapor


vivo):

• Geralmente, o fluido de aquecimento utilizado em


evaporadores é vapor de água saturado à baixa
pressão (inferior a 3 atm).

• Com vapor de alta pressão, o ∆T (Ts(vapor_sat) – T(eb_solução)),


seria maior (redução de área de troca térmica e dos
custos). No entanto, vapor de alta pressão é mais caro e
preferencialmente usado para geração de energia.
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2. Efeito da pressão no evaporador:

• Normalmente, o espaço de vapor no evaporador


está sob condições de vácuo parcial, alcançando
pressões de até 0,05 atm (com o uso de bomba de
vácuo);

• Com a redução de pressão no evaporador, a


temperatura de ebulição da solução é reduzida e
assim, a diferença de temperatura Ts(vapor_sat) –
T(eb_solução aumenta (redução de área de troca térmica
e dos custos).

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