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Sorgo/Tecnologia de Produção

te salientar que as sementes quando colhidas com- NOBRE, J.M.E. Mercado potencial para o sorgo no nor-
pletamente maduras são muito melhores para se- deste. Fortaleza, Banco do Nordeste do BrasiI/ETNE,
1975.175 p.
meadura e além disso têm probabilidades de man-
terem sua vitalidade por um período de tempo PRINCIPAIS culturas. Campinas, Instituto Campineiro de
Ensino Agrícola, s.d. v.2., 395 P.
mais longo.
QUlMBY, J.R.; KRAMER, C.J.; STEPHENS, A.K.l. &
KARPER, E.R. Grain sorghum production in Texas,
BIBLIOGRAFIA Texas, Texas Agricultural Experiment Station, 1953.
35 p.
ANDRADE, I.G. de; CORREA, H.; FERREIRA, T. de A. ROSS, W.M. & WEBSTER, O.J. Culture and use ofgrain
& ALVARENGA, E.G. de. Mdquinas agrtcolas. La- sorghum . Washington, United States Department of
vras, ESALlDep. de Engenharia Rural, 1975. (Curso Agriculture, 1970. 30 p.
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SWEARINGIN, M.l.; FOLEY, J.R.; MORRIS, W.H.M. &
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---; MANTOVANI, E.C. & REISS, W.D. Perdas na cional, 1971. 148 o,
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Agrociência, 1965.69 p. Buenos Aires, Hemisfério Sur, 1975,399 p.

dos grãos e o vigor das sementes, reduzindo o seu


valor no mercado. Uma série de medidas devem
ser tomadas visando manter as sementes e grãos em
boas condições durante o armazenamento, tais

Secagem e como:

1. LIMPEZA

armazànamento É comum que o sorgo, principalmente aquele


oriundo de uma colheita mecanizada, chegue da la-
voura misturado com grande quantidade de pó e

de grãos e outras impurezas. Portanto, o primeiro passo con-


siste em se fazer a retirada destes materiais, o- que
pode ser feito através de máquinas próprias de pré-
limpeza ou mesmo manualmente através do uso de
sementes peneiras, pás etc (para pequeno volume de produ-
ção). Esta pré-limpeza facilitará e muito a poste-
rior secagem e armazenagem dos grãos.
Antônio Marcos Coelho
Pesquisador! EPAMIG
2. SECAGEM

Luiz Antonio Bastos Andrade A secagem constitui-se em uma das principais


Prol. Colaborador, Departamento de Agricul- operações no sentido de se obter grãos e sementes
tura!ESAL com excelente padrão de qualidade. O teor eleva-
do de umidade no armazenamento é, em geral, a
principal causa que concorre para a perda do po-
Edwin O. Finch der germinativo, do vigor das sementes, além de
Pesquisador IlCA!EMBRAPA predispor ao ataque de pragas e microorganismos,
levando-se; às vezes, à sua completa deterioração .
. Dos processos usados atualmente podemos
destacar:
-- Jt-~~' ; seJage~, ~ ~r~~~~~amênto e o manejo dos Secagem natural
grãos e sementes de sorgo constituem passos im- - Secagem mista
portantes nas operações de produção e comercial i- - Secagem mecânica: baixa temperatura
zação , uma vez que a secagem e o armazenamento (energia solar ou ar natural), alta temperatura
inadequados contribuem para diminuir a qualidade (combusHveis) .

Int. Agropec., Belo Horizonte ~ (56) ago. 1979 55


Sorqo/Tecnoloqia de Produção

o sorgo proveniente do plantio em fins de se- 2.2. Secagem em silos metálicos.


tembro ou começo de outubro, considerado como
rnonocu Itura, fatalmente sofrerá o processo de se- Ar natural

--1 cagem mecânica pelo seu alto teor de umidade. Se o grão é destinado ao armazenamento em
-- f ~
~Estf{sorgo
r-0
édenominado
sorgo proveniente
"safra das águas".
do plantio de janeiro,
silos metálicos, na fazenda, convém aproveitar este
para proceder à secagem com ar natural.
considerado de rotação com amendoim, sàja pre- Assim os grãos são secados no mesmo silo on-
coce etc, poderá sofrer o processo de secagem na- de ficarão armazenados, aproveitando melhor o in-
tural ou mista, dependendo da situação climática. vestimento e conseguindo uma secagem bem uni:
Este sorgo é denominado "safra das secas". forme, com o minimo risco de incêndio.
A secagem natural caracteriza-se pelo fato de As desvantagens estão re lacionadas com os fa-
se utilizar o sol como fonte de calor para acelera- tores climáticos "não controláveis que influem no
ção do processo de ·secagem. Apresentam duas eta- tempo de secagem, nos riscos e na supervisão cons-
pas distintas: esparramação, aquecimento, movi- tante do sistema durante o processo de secagem.
mentação e aeração e abafamento para igualação. O conjunto (motor-ventilador) escolhido deve
A secagem processa-se em terreiros, tabuleiros ter capacidade para produzir, no mínimo, 30 m3
ou encerados e a técnica empregada é bastante co- de ar /min/t de" grãos, passando pela massa de grãos
nhecida, motivo pelo qual não será aqui descrita. no silo a uma profundidade de 2,4 m.
Na secagem mista utilizam-se a secagem natu- Adotar o sistema de uma distribuição de ar
ral e a secagem mecânica como complemento do adequada, sendo o seu fluxo uniforme em todos os
ponto de seca dos grãos. locais do silo. Projetos de grande porte devem
Na secagem mecânica,"diferentes tipos de seca- ser verificados por um técnico capacitado.
dores são empregados, mas à temperatura, nestes Os grãos devem sertrrtocados uniformemente,
casos, precisa ser controlada, porque se ultrapassar evitando acumulação de impurezas ou grãos que-
a 600C, pode prejudicar o valor alimentício do brados que podem virar, futuramente, focos de al-
grão pelá oxidação dos carboidratos. ta umidade, mofo, insetos e incêndio.
Este trabalho deve ser realizado em ternpo.pa- L igar o venti lador logo que tiver uma camada
-ra evitar fermentação e outros danos nos grãos. uniforme de grãos no silo. Encher o silo até 1,0
A própria secagem em máquinas de pré-limpe- ou no máximo 1,8 m de profundidade e secar, até
za , ar frio, transferências sucessivas de um depósi- que os grãos contidos n-a parte superior apresentem
to ou si 10 para outro, são também processos de se- umidade de 15% ou menos, o que permite adicio-
cagem utilizados, de acordo com a umidade e o nar uma nova camada de grãos com 0,8 m de altu-
volume de colheita. ra. Repete-se o processo até o máximo de 3,0 m
de profundidade. Quando a última camada tiver
2.1. Secagem em secadores comerciais com 15% ou menos.de umidade deve-se começar
a usar o ventilador, seletivamente, nas horas em
Existe no mercado nacional vários secadores
que a umidade do ar estiver abaixo de 75%, nor-
do tipo "batch" ou "lote" e do tipo contínuo.
malmente durante dias de sol, até conseguir que a
Seu uso deve-se basear nas recomendações técnicas
umidade dos grãos esteja no máximo de 12%.
fornecidas pelo fabricante e, no caso de sorgo, evi-
Desligar o ventilador durante os períodos de
tar ~Ievação excessiva de temperatura.
chuva. Se a chuva continuar por mais de 24 horas,
O sorgo, durante a secagem, principalmente
manter a massa de grãos fria através do uso do ven-
em secadores "batch" e contrnuo , como também
tilador por duas a três horas por dia.
em silos, está sujeito a incêndio ou explosão com
Retirar amostras pelo menos duas vezes por
maior facilidade do que o milho, sendo necessários
semana para verificar a umidade dos grãos durante
maiores cuidados. As causas que contribuem para
o processo de secagem, escolhendo vários locais
isto são: maior percentagem de impurezas nos
grãos, acúrnulo de impurezas no equipamento e no silo, aproximadamente 2,0 m de distância um
do outro e sempre fazer a amostragem em três
quando o operador inexperiente aumenta a tempe-
níveis: superior, mediana e inferior. Verificar a
ratura do secador para compensar o fluxo reduzido
de ar. umidade dos grãos, ausência de mofo e tempera-
tura, anotar estes dados que servirão como refe-
É bom lembrar que o sorgo apresenta uma re-
rência para verificar qua Iquer mudança drástica
sistência ao fluxo de ar maior do que o milho, até
na massa de grãos. Estes dados serão úteis como
2,4 vezes, em condições normais de secaqern.
guia para futura secagem e aeração.
As providências i a serem tomadas são: inspe-
ção diária para eliminar focos de impurezas no
Ar aquecido
equipamento, nunca' deixar secadores automáticos
funcionarem por períodos longos sem antes proce- Ar quente (65-90° C) tem a capacidade de re-
der à supervisão, retirar ao máximo as impurezas mover muita umidade dos grãos. Neste caso limi-
dos grãos e não deixar temperatura excessiva des- tar a profundidade de cada camada de grãos no silo
senvo Iver-se em qualquer ponto do sistema. a 0,50 rn, para evitar excesso de temperatura na

56 Int. Agropec .• Belo Horizonte É. (56) ago. 1979


Sorgo/Tecnologia de Produção

parte inferior e deterioração dos grãos na parte su- frio. com boa luminosidade e aeraç.ão. É recomen-
perior. dável ainda que o local da estocagem seja o mais
Devemos ressaltar que a secagem a uma tem- limpo possível, removendo-se do mesmo os restos
peratura acima de 60°C e por períodos longos cau- de sementes, rações ou sacaria velha e suja, que
sam a deterioração dos grãos. possam se constituir em focos de multiplicação de
I
Aeração
insetos e roedores.
O uso de armazéns fechados, com o mínimo
Logo após ter colocado os grãos no silo, ini- necessário de ventilação e luminosidade, depen-
ciar o processo de aeração até que a temperatura dendo do grau inicial de umidade, fatalmente oca-
dos grãos seja inferior a 32° C. Continuar o proces- sionará a deterioração do sorgo.
so nas horas em que a temperatura for superior a A sacaria, quando usada e não expurgada, pro-
32° C e as condições climáticas perm itirem. Não vocará grande desenvolvimento de carunchos, que
operar quando ocorrerem chuvas, neblina ou quan- geralmente são descobertos em perrodcs críticos,
do o ar estiver com umidade alta. Geralmente a tem- pois seu desenvolvimento, nos lotes, ocorre do cen-
peratura do ar deve ser inferior em 5°C à tempe- tro para a per ifsr ia.
ratura dos grãos. Promover aeração 2 ou 3· horas HARA, T. et aI. (1977), estudando o efeito de
por mês, para trocar o ar do interior do silo, mes- dois inseticidas (Malathion e Gardona) no controle
mo quando a umidade dos grãos for baixa. de insetos em sorgo, acondicionado em sacos de
aniagem e de papel multifoliado (4 folhas), verifi-
cou que a sacaria de papel ofereceu maior proteção
3_ BENEFICIAMENTO contra o caruncho do que a sacaria de aniagem, ex-
ceto no tratamento sem expurgo e sem inseticida,
Quando possível, principalmente a parte reser- e que independente do tipo de sacaria os tratamen-
vada para semente, é uma operação que deve -ser tos mais eficazes no controle de carunchos foram
realizada, porque visa o melhoramento ou o apri- Malathion e Gardona em mistura com sorgo expur-
moramento das características de um lote de se- gado.
mentes. Consiste da separação das sementes pela
eliminação de impurezas, que, ás vezes, passam nas
4.2. Silos
máquinas de pré-limpeza ou mesmo que não são
utilizadas, das sementes estranhas presentes, das se- o armazenamento de sorgo com temperaturas
mentes da mesma espécie que não apresentam ca- sempre acima do ambiente fatalmente provocará
racterísticas desejáveis' e da posterior separação em pontos quentes dentro do silo e somente serão re-
frações para efeitos de uniform ização dos lotes. movidos através da transilagem.
facilitando assim a conservação da qualidade das Para perlodos longos de armazenagem utilizar
sementes durante a armazenagem. a umidade mais segura, ou seja, 12%.
Todos. os silos de grande porte deverão ser do-
tados de controle de temperatura, pois é através
4. AR.MAZENAMENTO deste que sabemos o que está acontecendo dentro
da célula.
o objetivo do armazenamento de grãos é man- -Devernos seguir alguns princrpios básicos no
ter as suas características durante um determinado registro dessas temperaturas:
perlodoapós a colheita e secagem. Assim,ascon-' - Leitura pelo menos uma vez por semana
dições do armazenamento devem manter:o poder (mais freqüente se a um idade do sorgo estiver alta).
germinativo no caso de grãos destinados à semente, '.
as qualidades para a indústria se osgrãos são desti- - Leitura no mesmo dia de cada semana.
nados à produção de farinhas ou outro processo - Leituras diárias se a mercadoria estiver em
tecnológico, e o valor nutritivo se .os grãos se desti- perigo.
nam à alimentação animal e humana. . - Calor na parte superior usualmente causado
O armazenamento não melhora a qualidade pela umidade transferida pela corrente difusora de
dos grãos. Os defeitos adquiridos durante' a colhei- calor.
ta e secagem são mantidos. - Com o aquecimento do sorgo seco, normal-
O armazenamento do sorgo qrarufero pode ser mente ocorre o desenvolvimento de insetos.
feito em sacarias depositadas em armazéns, forma - O sorgo úmido esquenta rapidamente.
mais tradicional, ou a granel, em silos especiais.
HARA, T.et aI. (1977);" estudando o arrnaze-"
.~. :J -- -y-- - namrto qe_grãos de sorqo em silo metálico, com o .
f objelf.'?d~ ob.s.r~~r o· co~p~rtamento d~ste cere_al
4.1. ~A::~::~:ente que o lo~al d: ~stocaie~ seja e verificara Viabilidade tecruca de sua conservagao
seco e bem ventilado, para evitar elevações bruscas durante um ano, nas condições de Viçosa, conciuí-
de temperatura e' umidade relativa em seu interior, ram que é viavel o arrnazenarnento de sorqo a gra-
pois é ideal manter as sementes em ambiente seco, nel em silos metálicos, desde que seobservem as

Inf. Agropoc., Belo Horizonte ~(56) a9O.1979 57


. •. ..
;

Sorgo/Tecnologia de Produção -~.

técnicas preconizadas e com o devido controle de do. alguns problemas .semelhantes àqueles do mi-
insetos por perfodo superior a um ano. lho, requer mais cuidados: o grão tem de estar
SOR ENSEN e PE RSON relatam que o sorqo mais seco para o mesmo tempo de armazenamen-
armazenado está a salvo da maioria dos fungos a to; a pré-Iimpeza. importante para o milho, é es-
4-5° C e ccs insetos a 1O-160C. Como tais ternpe-
sencial para o sorgo; aeração e/ou transilagem são
raruras ;::<.:50 abaixo daquelas verificadas em nosso muito m~is important~s para o sorgo; a temPfratuj' ~
pa (s compreende-se a importância do tratamento ra excessiva afeta o vigor das sementes bem'rrrat ,-I
~{micc ~':' ~0rgo armazenado. rápido, correndo o risco de pipocar os grãos em
O pe. íudo seguro de armazenagem para o sor- temperatura excessivamente elevada (secagem me-
go ~ baseado na relação entre a temperatura e o cânica). Lembre-se também que o fluxo de ar na
teor de umidade dos grãos. O limite de umidade secagem ou na aeração, num silo contendo sorgo,
para o armazenamento de grãos de sorgo varia em é menor do que no caso do milho, com os demais
função da temperatura dos grãos e dos fatores cli- elementos do sistema iguais.
máticos do local. Mas em geral pode-se considerar O futuro da armazenagem para o sorgo está
como guia: bastante promissor, principalmente levando-se em
consideração os incentivos governamentais através
do PRONAZEM.
Tempo de A grande loqistica do armazenamento é o bom
% umidade dos grãos
armazenamento condicionamento que é feito através de uma com-
binação de secagem e aeração para finalmente
11 sem aeração 1 ano manter o grão com uma determinada umidade.
12 com aeração 1 ano Devemos considerar que o risco de armazena-
I 14 com aeração 9 meses gem começa desde a colheita até o destino que é o
: 14 e temperatura 29-350C 30 dias armazém ou o silo de recebimento.
18 e temperatura 29-350C 7 dias

5. CONSIDERAÇOES FINAIS BIBLIOGRAFIA

A armazenagem do sorgo, mesmo apresentan- ALLEN, W.S. & SORENSON JR., J.W. Drying and

ãOdê ESQUac
calezinh dO bichO
a Quem mineiro- com
come seus AZincoI40-E.
lucros.


USI COLOMBI S.1
Av. Torres de Oliveira, 154 (Dist. Ind. Jaguaré) - CEP
05347 - Tel. 263·522~: Cx. Postal 1469 - Telex (011)
22788 - End. Teteçráííco "Colombina" São Paulo - S
,
Sorgoflecnologia de Produção

ta o consumo. Entretanto, pouco seganha em va- ao acréscimo de prolamina, uma proteína pobre
lor nutritivo, e em regiões de clima quente o risco em aminoácidos essenciais. O teor de tanino dos
de fermentaç,o deve ser co_nsiderado .. A peletiza- grãos de sorgo é associado à característica de resis-
çéf> do sorgo -moldo é uma forma de processamen- tência ao ataque de pássaros. Em monogástricos,
tej ,qU! red~zfa perd~or iuspensão pulverulenta. altos nlveis de tanino têm interferido no metabo-
Alem dessa vantagem=,; In~edlentes riCOS em pro- lismo normal dos animais. ~ sabido que um dos
teínas, minerais e vitaminas podem ser incorpora- pontos de interferência do tanino é o metabolismo
c'os. Entretanto, a viabilidade econômica deste da metionina. Trabalhos têm mostrado que adição
processo depende do custo da peletização. Outros de metionina ou uso de níveis de proteina mais
métodos de processamento dos grãos de sorgo fo- elevados superam o efeito negativo do tanino em
ram desenvolvidos, mas mesmo em países mais rações de monogástricos. Isto se deve, provavel-
evoluidos, eles são pouco usados. Geralmente, es- mente, a um excesso de metionina oferecida, em
tes processos envolvem maquinário mais complexo relação à capacidade de interferência do tanino do
para tratamentó dos grãos a vapor sob pressão, e sorgo. Pesquisadores da. Universidade Federal de
nem sempre os benefícios obtidos compensam os Viçosa atr iburrarn ao sorgo de baixo e alto tanino,
custos de processamento. valores nutritivos de 95/ e 86)6%, em relação ao
Para su mos e aves o sorgo utilizado nas ra- milho. Aqueles pesquisadores recomendam que
ções concentradas é submetido à moagem média, sorgos de baixo tanino podem substituir comple-
que constitui a forma mais prática de uso. tamente o milho em rações de suínos. Na substi-
tuição total pode-se esperar redução na conversão
Uso do Sorgo em Rações de Bovinos alimentar de 5 a 10%. O sorgo de alto tanino pode
substituir até 50% do milho nas mesmas rações. É
o sorgo pode ser usado em substituição a importante salientar que, como mencionado aci-
qualquer dos outros grãos usados em rações para ma, nlveis mais elevados de protema ou adição de
bovinos. No balanceamento protéico da ração to- metionima permitem maiores percentagens de subs-
tal, além das fontes naturais de protema, pode-se tituição.
usar uréia em nrveis de até 1%. Como a maioria
dos grãos, os teores de cálcio e micronutrientes no Uso de Sorgo para Aves
sorgo são baixos e devem ser complementados em
rações com alto ruvel de sorgo. Com respeito ao Como monogástricos, as aves estão sujeitas
fósforo, apesar do seu bom ruvel nos grãos de sor- às mesmas restrições, 'pelo uso de sorgo em suas
go, quase sempre uma fonte deste elemento tem de rações, que os su (nos. Para rações ·tipo inicial de
ser adicionada à ração, para satisfazer o requeri- ira nqos de corte e aves de reposição, o sorgo pode
mento dos animais. Dentre os micronutrientes, substituir o milho totalmente, mas com ligeira re-
maior ênfase deve ser dada ao cobalto , pois o teor dução na conversão alimentar. Em rações para
deste elemento no sorgo é bastante dependente do poedeiras e reprodutoras e ração tipo acabamento
solo onde ele é produzido. para fra ngo de corte, a su bstitu ição pode .chegar
O sorgo pode satisfatoriamente ser utilizado a 50% sem nenhum efeito adverso. Acima deste
como fonte de energia em rações para gado leitei- ruvel, pigmentação da pele do frango, peso dos -
ro. Se grandes quantidades de ração são forneci- ovos e cor da gema são afetados. Em rações para
das, o uso de quantidades fartas de volumoso rle todas as categorias de aves, recomenda-se que o
boa qualidade é recomendado para se evitar a re- sorgo de alto teor de tanino substitua até 50% do
,Ju:;:ão do teor de gordura no leite. milho, sem maiores efeitos no desempenho delas.
Geralmente, tal situação pode ocorrer com
vacas de alta produção.
REFERÊNCIAS BIBLlOGRAFICAS

Uso do Sorgo em Rações de Su ínos DOGGETT, H. 1970. The utilization of grain sorghum.
In: "Sorghum. London D. Longmans. p. 237 - 243.

Como para bovinos, o sorqo constitui uma HALLE, E. 1970. Sorghum grain in ruminat nutrition. In

boa alternativa para a formulaçâo de rações para Sorghum Productionand Utilization. Westpost
Connectícu t, AVI, p , 506 - 533.
su inos. Entretanto, certos aspectos pertinentes à
composição do sorgo, têm de ser considerados, RIGGS, I.K. 1971. Utilization of sorghum grain by
livestock. In "Grain Sorghum in Texas ... 1970.
quando ele é usado em rações de não-ruminantes.
- Texas Agricultural Experimental Station, p, 82 - 95.
Com o progresso alcançado no campo de nutr ição
ROSTAGNO, H.S. 1977. Uso do sorgo granífero na nu-
de monogástricos, as rações destes são atualmente
trição de aves e suínos. In: "Anais do I Sirnpósio
balanceadas com base na composição de arriinoáci- Brasileiro de Sorgo". Sete Laqoas. MG, EMBRAPA -
dos dos ingredientes. Entretanto, o conhecimento CNPMS.
do teor de prote ma bruta do sorgo é uma informa- ROSTAGNO, H.S., J.C. Alvarenga e P.M.A. Costa. 1979.
ção útil, apesar de se saber que acréscimos dos teo- Valor nutritivo do sorgo para su ínos. Informativo
res de proteina de certas variedades são atr ibu ídos Agrícola 49:68.

60 lnf , Agropec., Belo Horizonte, ~ (56) ago. 1979

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