Você está na página 1de 4

PRINCÍPIOS DA DESTILAÇÃO

Introdução:
As moléculas de um líquido tendem a escapar da superfície, tornando-se
gasosas, mesmo a temperaturas inferiores ao ponto de ebulição. Quando o líquido é
colocado em um recipiente fechado, a pressão exercida pelas moléculas na fase gasosa
sobe até atingir o equilíbrio, a uma determinada temperatura. Esta pressão de equilíbrio
é conhecida como pressão de vapor e é uma constante característica do material para
uma dada temperatura. Usualmente a pressão de vapor é expressa em termos da altura
de uma coluna de mercúrio que produz uma pressão equivalente.
Quando um líquido é aquecido, sua pressão de vapor aumenta até atingir o ponto
onde se iguala à pressão externa. Quando atinge este ponto de equilíbrio o líquido entra
em ebulição. Este fenômeno é importante como método de caracterizar uma amostra
líquida (ponto de ebulição) e/ou como técnica de purificação de misturas (destilação).

Chama-se ponto de ebulição a temperatura na qual a pressão do vapor se iguala à


pressão atmosférica. O ponto de ebulição é uma das propriedades físicas dos líquidos. O
ponto de ebulição normal é a temperatura na qual um líquido entra em ebulição à
pressão de 760 mmHg (1 atm).
A destilação é o método mais usado para purificar líquidos, sendo muito
utilizada para separar líquidos com temperaturas de ebulição diferentes. O processo de
destilação envolve a evaporação de um líquido e a sua subseqüente condensação. A
evaporação é conseguida por aquecimento da mistura, durante a separação o vapor é
rico no componente de menor ponto de ebulição. A temperatura se mantém constante
durante a destilação do componente mais volátil. O mesmo comportamento é observado
com misturas contendo um líquido e uma impureza não volátil, uma vez que o material
condensado não está contaminado pela impureza. Numa mistura, a separação é tanto
mais fácil quanto maiores forem as diferenças entre os pontos de ebulição dos diferentes
componentes que a constituem.

DESTILAÇÃO

O processo da destilação consiste no aquecimento de um líquido até seu ponto


de ebulição, onde os vapores são a um dispositivo refrigerado. Nesse ambiente
refrigerado esses vapores são condensados e coletados na forma de líquido. A destilação
é o método mais comum usado na separação e purificação de líquidos, principalmente
quando os componentes da mistura têm pontos de ebulição bem diferentes ou quando
um dos componentes não destila. Em um laboratório de química orgânica, quatro
métodos básicos de destilação são consideravelmente úteis: destilação simples,
destilação a vácuo (destilação à pressão reduzida), destilação fracionada e destilação
com arraste de vapor, destilação azeotrópica.

Tipos de destilação:

Simples: consiste, basicamente, na vaporização de um líquido por aquecimento


seguida da condensação do vapor formado e recolhimento do condensado em um frasco
apropriado. A destilação simples tem a aplicação na separação de líquidos de impurezas
sólidas, na separação dos componentes de uma mistura cujos pontos de ebulição difiram
de mais de 85 ºC, em reações orgânicas para retirada de produtos com baixo ponto de
ebulição. A Figura 3 mostra uma montagem típica de destilação simples com toda a
aparelhagem utilizada. O bulbo do termômetro deve estar posicionado na direção da
saída da cabeça de destilação, determinando assim a temperatura do vapor. O
condensador de tubo reto (Liebig) deverá estar disposto sempre em posição inclinada,
de maneira que a água fria entre pela sua lateral inferior, sendo expelida pela abertura
lateral superior Se for feito o inverso, entrar com a água por cima, o condensador ficará
com um bolsão de ar, o que prejudicará a eficiência na condensação, outra razão é que a
extremidade do condensador próximo à entrada do vapor é muito mais quente sendo
assim a região onde ocorrerá maior aquecimento da água, e a eficiência da condensação
é melhor quando a temperatura na saída do condensador é o mais baixo possível.

Figura 3. Aparelhagem para uma destilação simples.

Destilação Fracionada: numa destilação fracionada ocorrem sucessivamente


várias destilações simples, embora não sejam independentes umas das outras. Para
realizar a destilação fracionada, recorre-se às chamadas colunas de fracionamento que
se colocam entre o balão de destilação e o condensador, estas colunas diferem em
tamanho, tipo de material e preenchimento. As colunas de fracionamento mais comuns
são as do tipo Vigreux e Hempel. A primeira é um tubo de vidro com várias
reentrâncias em forma de dentes, distribuídas de modo que as pontas de um par de
dentes quase se toquem. A coluna do tipo Hempel é formada por um tubo de vidro
empacotado com pequenas bolas ou anéis de vidro, entre outros.
A coluna de fracionamento é um dispositivo utilizado para aumentar a eficiência
deste processo de redestilação. Consiste em uma coluna vertical empacotada com algum
material inerte, tal como grânulos de vidro ou fornecida com algum outro dispositivo
(dentes internos) aumentando a superfície onde o vapor pode se condensar. Como os
vapores quentes sobem através da coluna, eles condensam e fluem de volta para baixo
da coluna. O condensado, ao bater nas partes mais baixas, mais quentes da coluna, é
revaporizado e os componentes mais voláteis prosseguem coluna acima uma vez mais.
Se a coluna for eficiente, este processo será repetido muitas vezes e o destilado
consistirá nos componentes com pontos de ebulição mais baixos da mistura na forma
quase pura, logo o objetivo desta coluna é proporcionar em uma única destilação, uma
série de microdestilações simples sucessivas.
Ao aquecer a mistura, o vapor que ascende ao longo da coluna de fracionamento
condensa parcialmente. Enquanto que uma parte do condensado forma uma corrente de
líquido descendente, a outra parte sofre evaporação por absorção de calor do vapor
ascendente. Este ciclo repete-se ao longo de toda a coluna, de modo que a ascensão do
vapor é acompanhada por uma sucessão de condensações que lhe vão retirando o
componente menos volátil. Como conseqüência, quando o vapor atinge o topo da coluna
encontra-se bastante enriquecido no componente mais volátil. Pode dizer-se que foi
estabelecido um contato líquido-vapor em contracorrente (líquido descendente e vapor
ascendente) acompanhado de transferência de massa e de calor.
A destilação fracionada é aplicada na separação de componentes de misturas
cujos pontos de ebulições difiram de menos de 80 ºC.
Na Figura 5 mostra uma montagem típica de destilação fracionada com toda a
aparelhagem utilizada.

Figura 5. Aparelhagem para destilação fracionada.

À pressão reduzida: muitas substâncias orgânicas não podem ser destiladas


satisfatoriamente sob pressão ambiente porque tem ponto de ebulição muito alto (l40-
150oC) ou porque sofrem alteração (decomposição, oxidação, etc.) antes que seu ponto
de ebulição seja atingido. Reduzindo-se a pressão externa, sobre o líquido, para l-30
mmHg, o ponto de ebulição é reduzido consideravelmente de modo que, a destilação
pode ser feita sem perigo de decomposição. Além disso, substâncias de alto ponto de
ebulição podem ser mais facilmente destiladas desta maneira.
Exemplo: O acetoacetato de etila entra em ebulição com decomposição à l80oC
sob pressão de 760 mmHg, e entra em ebulição sem decompor a 78 oC sob pressão de l8
mmHg (estas condições são indicadas usualmente da seguinte maneira: 78 o/l8mm). A
redução da pressão externa sobre o líquido é conseguida adaptando-se ao sistema de
destilação uma bomba de vácuo ou trompa de água.
Para efetuar uma destilação à pressão reduzida, devem-se considerar alguns
aspectos: a pressão necessária para atingir o ponto de ebulição desejado; o tipo de
bomba de vácuo empregado e a aparelhagem apropriada.
Ao realizar a operação de destilação à pressão reduzida, lembre-se de: usar
óculos de proteção; certificar-se de que a aparelhagem não esteja trincada; usar vidraria
com juntas; ligar a bomba sempre com a entrada de ar aberta e só então fechar
lentamente, controlando a pressão; ao desligar a bomba, abrir primeiro a entrada de ar.
Durante a preparação de substâncias orgânicas, é freqüente a necessidade de
eliminar o solvente do meio reacional antes de proceder à purificação do produto obtido
ou mesmo após uma purificação prévia. A remoção de solventes é bastante facilitada
pelo uso de um sistema para destilação a vácuo conhecido como evaporador rotatório
(Figura 6). Este sistema emprega normalmente trompa d’água como fonte de vácuo e
banho-maria para aquecimento. O balão contendo a solução a concentrar, é acoplado à
aparelhagem de destilação através de um tubo de vidro que gira a uma velocidade
controlada pelo motor. Ao ser aplicado o vácuo e, em seguida o aquecimento, o solvente
é evaporado, condensado e recolhido no balão do evaporador rotatório. A aparelhagem
permite a evaporação rápida da maior parte dos solventes devido à grande área
superficial de líquido formada com a rotação do balão.

Figura 6. Evaporador rotatório ou rotavapor

Você também pode gostar