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Podemos falar de duas Américas Latinas quanto à questão indígena: uma habitada por

milhões de indígenas, geralmente mestiços, e outra que se construiu com base na


quase eliminação destes povos e de suas culturas. Em alguns países, como México,
Peru, Guatemala, Paraguai e Bolívia, a presença indígena, através da mestiçagem, é
muito grande. No Brasil e nas Antilhas esta situação é quase nula.
Quando os espanhóis chegaram à América, encontraram povos em distintos graus de
"evolução cultural" assim como os Maias, astecas e incas, por exemplo. Ao lado de
maias, incas e astecas, existiam na América espanhola indígenas que viviam ainda na
comunidade primitiva, onde a propriedade da terra era coletiva.
A princípio, os espanhóis, pura e simplesmente, lançaram-se ao saque dos metais
preciosos acumulados pelos indígenas. Ao acabar os estoques, foi necessário
organizar a produção, e os espanhóis passaram a utilizar a mão-de-obra nativa, sob
várias formas de trabalho compulsório, como a mita e a encomienda. A absorção da
mão-de-obra indígena foi facilitada naquelas regiões, onde as comunidades já
produziam um excedente para os seus senhores: incas, maias e astecas. Nos locais
onde as populações indígenas não estavam acostumadas ao trabalho compulsório, foi
mais difícil aos conquistadores organizar o sistema produtivo. As populações indígenas
dessas regiões, para fugir ao trabalho compulsório, deslocavam-se cada vez mais para
o interior.
Era violenta a exploração do excedente que os indígenas produziam. Do seu trabalho
excedente sustentavam-se os encomenderos, mineradores coloniais, companhias
monopolizadoras do comércio, burocracia estatal, além da burocracia da Igreja católica.

A política de Extermínio e a política de deportação

Para lidar com o enorme número de indígenas que atrapalhavam o crescimento


econômico da América os indígenas foram sendo gradualmente expulsos de suas
regiões, os mapuches por exemplo, haviam sido expulsos do Chile devido à ocupação
militar feita pelo governo chileno, como consequência, os mapuches se locomoveram
para o território argentino em busca de um lugar com mais gado para se caçar e
principalmente para firmar as relações com os criollos.
Após algum tempo instalados na Argentina, os mapuches estavam mais uma vez
sendo expulsos, pois de acordo com o governo argentino eles apresentavam uma
ameaça aos estrangeiros. O governo argentino providenciou diversas expedições
militares com o intuito de mapear e dominar o território ocupado pelos indígenas que
viviam na Patagônia oriental e também nas Planícies férteis e durante essas
expedições, diversos indígenas foram massacrados porém não todos, esses indígenas
que restaram dos massacres formaram uma resistência dividida em duas: uma era
controlada pelos mapuches, e a outra pelos ranqueles. Após alguns conflitos contra o
governo, os ranqueles se renderam e fizeram um acordo com o governo, onde iriam ser
catequizados e viveriam de provisões que seriam enviadas pelo governo, já os
mapuches ainda resistiam. Aproveitando a guerra do Paraguai, os indígenas atacaram
a província de Buenos Aires em busca de provisões e gado. Liderado pelo general Júlio
Argentino Roca na Campanha do Deserto, o exército argentino realizou diversos
ataques-surpresa contra os índios, fazendo ataques de madrugada, quando os índios
estavam desprevenidos, os ataques ocorreram até o ano de 1885, onde ocorreu a
trégua do último cacique livre.
Com o fim dos ataques da Campanha do Deserto, o sul da Patagônia foi incluída no
território argentino e muitos dos índios sobreviventes foram presos ou usados como
empregados.
Foi criado no século XIX leis que extinguiam a posse de terras indígenas e como
estratégia os índios fizeram uma deportação em massa, após isso ocorreu diversos
conflitos entre os indígenas (yaquis) que tiveram o apoio dos apaches e o governo até
que em 1896, o governo resolveu realizar a deportação dos indígenas para a península
de Yucatán, onde os indígenas deportados foram subjugados a trabalho escravo, essa
decisão trouxe o fim da guerra e principalmente a extinção desse grupo indígena.
O governo estadunidense mobilizou regimentos de cavalaria para expulsar aos
indígenas de suas terras a partir de 1778. As últimas terras a serem ocupadas, entre a
costa do Pacífico e o rio Mississípi, constituíam o chamado Grande Deserto.
A ocupação de terras indígenas era amparada legalmente. A Lei de Remoção dos
Índios, decretada em 1830, determinava a transferência das populações nativas para
reservas demarcadas pelo governo, a oeste do rio Mississípi. Essa lei beneficiou, até o
final do século XIX, os colonizadores, mas ela sozinha não foi suficiente: a pressão
exercida pelos colonos que participaram da conquista do oeste afetou também as
reservas indígenas. Eles eram atraídos pelas terras próximas a ferrovias ou por lotes
mais distantes oferecidos pelo governo por meio do Homestead Act.
Outro impulso à ocupação do oeste dos Estados Unidos que afetou as áreas indígenas
foi a descoberta de ouro na Califórnia, em 1848. Entre 1859 e 1876, ocorreu na região
um processo de rápido povoamento, acompanhado pela instalação de ferrovias, que
obrigou os indígenas a se deslocarem em direção ao Pacífico. Simultaneamente, para
viabilizar a criação de gado, os estadunidenses promoveram a matança de manadas
de búfalos que garantiam a subsistência de vários grupos indígenas. O discurso da
"pacificação" e a defesa da aculturação dos indígenas fizeram parte de sucessivas
políticas governamentais, até o início do século XX, quando a discussão sobre a
situação do indígena no continente ganhou novos contornos. Intelectuais, movimentos
políticos e sociais e as comunidades indígenas se manifestaram exigindo respostas
dos governos a problemas que se arrastavam havia séculos. Um evento que deu
visibilidade a esse tipo de manifestação foi o XVI Congresso Internacional de
Americanistas, realizado em 1908, em Viena, na Áustria, no qual foram denunciados
massacres sistemáticos de indígenas no Brasil. Diante disso, o governo brasileiro se
viu pressionado a implantar ações de assistência e proteção às populações indígenas.
Para tanto, fundou o Serviço de Proteção ao Índio (SPI), em 1910, órgão cuja
incumbência era evitar o extermínio dos povos indígenas e solucionar os conflitos.
Cândido Rondon com índios Paresi. Imagem do documentário do Major Thomas.
A direção desse organismo foi assumida por Cândido Mariano da Silva Rondon (1865-
1958). Militar adepto das ideias positivistas, Rondon havia se destacado pelo sucesso
na instalação de redes telegráficas no centro-oeste do país, durante a qual
estabelecera contato com diversos povos indígenas considerados hostis, pondo em
prática medidas assistencialistas e declarando-os "pacificados". O SPI atuou de forma
semelhante, prestando assistência médica, instalando escolas e procurando demarcar
terras a fim de minimizar os conflitos. Esse organismo foi extinto em 1967 e deu lugar à
Fundação Nacional do Índio (Funai), até hoje atuante.
O Peru também assumiu, oficialmente, uma política de proteção aos indígenas nas
primeiras décadas do século XX. Em 1920, a fundação do Comitê Central Pró-Direitos
Indígenas e a promulgação de uma Constituição nacional na qual se reconheciam as
terras indígenas representaram conquistas importantes para os povos que constituem
esse país.
Os Estados Unidos, por sua vez, tornaram-se referência, nesse mesmo período, ao
criar leis que favoreciam a autonomia das comunidades indígenas. Em 1934, o governo
decretou a Lei de Reorganização Indígena, que incentivava as comunidades a escrever
suas constituições e a se autogovernar, ainda que devessem se subordinar a um
organismo federal, o Burô de Assuntos Indígenas. Essa medida contribuiu para conferir
legitimidade às tradições e aos costumes indígenas. Em 1940, foi realizado no México
o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, que teve o papel de propor diretrizes
e princípios norteadores para as ações governamentais voltadas aos indígenas. Tais
princípios passaram a ser seguidos por governos de diversos países latino-americanos
e orientaram a fundação de alguns institutos indigenistas, como o da Bolívia, em 1941,
e o do México, em 1948. Apesar dessas iniciativas, a proteção aos indígenas, até
então, estava vinculada à ideia de aculturação, de acordo com a qual os indígenas
deveriam ser educados nos moldes "civilizados" e inseridos no mercado de trabalho,
ainda que isso conduzisse ao abandono gradual de suas tradições. É
consideravelmente recente a concepção de que a organização social, a cultura e os
distintos modos de vida dos povos indígenas devem ser reconhecidos e respeitados,
não cabendo à sociedade envolvente transformá-los ou moldá-los segundo valores que
não fazem parte de sua identidade.
Em todo o continente, atualmente, há organizações de povos indígenas que lutam por
seus direitos, discutem os problemas e as possíveis soluções para garantir a melhora
da qualidade de vida e a sobrevivência das novas gerações. Para a "pacificação" dos
indígenas por meio da catequese, a partir de 1843, o governo patrocinou a vinda de
frades capuchinhos da Itália. A adoção dessa política contava com o apoio de
intelectuais do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), fundado em 1838. Em
sua publicação oficial, a Revista do IHGB, defendiam a aculturação do indígena e sua
utilização como mão de obra. Essa política governamental foi formalizada, em 1845,
com a publicação do Regulamento acerca das missões de catequese e civilização dos
índios. O governo previa a reunião dos indígenas em missões ou aldeamentos oficiais
controlados pelos capuchinhos. Tais instalações seriam gradativamente desfeitas e
transformadas em vilas, paróquias ou freguesias quando os indígenas estivessem
catequizados. Nessa etapa, as famílias indígenas receberiam lotes de terra,
abandonando seu modo de vida comunitário, seus costumes e seus valores, a fim de
se tornar "civilizados". Com a chegada dos capuchinhos, os botocudos foram
"pacificados" e transferidos para aldeamentos oficiais, em geral próximos a povoados.
No entanto, os indígenas não se limitavam a ocupar as terras previamente
demarcadas. Muitas vezes, insurgiam-se contra os religiosos por estes manterem
crianças sob sua tutela, nas escolas de internatos. Em 1893, ocorreu um levante de
cerca de 700 indígenas, no aldeamento de Itambacuri, em Minas Gerais. Boa parte dos
rebeldes foi perseguida e morta.
fontes:
http://oridesmjr.blogspot.com.br/2015/04/a-questao-indigena-na-america-1.html
http://oridesmjr.blogspot.com.br/2015/04/a-questao-indigena-na-america-2.html
http://oridesmjr.blogspot.com.br/2015/04/a-questao-indigena-na-america-3.html
http://oridesmjr.blogspot.com.br/2015/04/a-questao-indigena-na-america-4.html
http://oridesmjr.blogspot.com.br/2015/04/a-questao-indigena-na-america-5-as.html

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