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Darcy Ribeiro
Agenda
• Darcy Ribeiro
• Introdução
Romances
Etnologia
Ensaios
Antropologia
Educação
INTRODUÇÃO
• Povo novo: porque é um novo modelo de estruturação
societária, que inaugura uma forma singular de
organização socioeconômica, fundada num tipo renovado
de escravismo e numa servidão continuada ao mercado
mundial.
• Novo inclusive, pela inverossímil alegria e espantosa
vontade de felicidade, num povo tão sacrificado, que
alenta e comove a todos os brasileiros.
• A unidade étnica básica não significa nenhuma
uniformidade, pois 3 forças atuaram sobre ela:
O Novo Mundo
MATRIZES ÉTNICAS
• A ILHA BRASIL:
• Costa Atlântica percorrida e ocupada por inumeráveis
povos indígenas.
• O que mudou radicalmente o destino deles: introdução de
um novo protagonista - europeu.
• Trouxe as pestes do branco; disputa por territórios, matas
e riquezas; escravização do índio.
• Dificuldade do autor: só existem testemunhos daquela
época por parte dos invasores; ele quem relata o que
sucedeu aos índios e negros, sem dar oportunidade de
registrar suas próprias falas.
MATRIZES ÉTNICAS
• MATRIZ TUPI:
• Na escala da evolução cultural, os povos Tupi davam os
primeiros passos da revolução agrícola
• Agricultura rudimentar e extrativismo.
• A escravidão de índios prevaleceu no século XVI e os
jesuítas passaram a usá-los como soldados de um
exército a lutar contra os invasores protestantes aqui no
Brasil.
• Quando muito dizimados e já incapazes de agredir ou de
defender-se, os sobreviventes fugiam para além das
fronteiras da civilização.
MATRIZES ÉTNICAS
• A LUSITANIDADE:
• O enxame de invasores era a presença local avançada
de uma vasta civilização urbana e classista.
• Corte x Igreja Católica = ativa competição.
• Depois da reforma protestante a Igreja católica perdeu
muitos fiéis, por isso ela autorizou o processo
colonizatório a partir de missões evangelizadoras.
• A Igreja (O tribunal do Sto. Ofício) regulamentava as
normas básica da ação colonizadora.
O ENFRENTAMENTO DOS MUNDOS
• AS OPOSTAS VISÕES:
Vadios, Trabalham
vivendo vida muito sem
sem prestança explicação
Acumulam
tanto para
Não produzem
deixar para os
outros
O ENFRENTAMENTO DOS MUNDOS
• RAZÕES DESENCONTRADAS:
• Cada tribo, lutando por si, foi vencida por um inimigo pouco
numeroso, mas superior em organização, tecnologia e
armas.
• Plano dos jesuítas: violência, intolerância, prepotência e
ganância -> compor programa de Nóbrega, aplicado a ferro e
fogo por Mem de Sá -> destruição + 300 aldeias.
• Conflitos entre jesuítas e colonos: redução missionária ou
escravidão.
• Triunfo dos colonos: guias, remadores, lenhadores,
pescadores, etc.
• Próprios jesuítas foram um dos principais fatores de
extermínio dos índios.
O PROCESSO CIVILIZATÓRIO
• Os iberos expulsaram os árabes e os judeus ao atravessar os
oceanos Atlântico, no entanto conquistaram, saquearam e
evangelizaram os povos da África, Ásia e Américas.
• Organização da vida social econômica
• Estratificação das classes (patronato)
• Introdução da escravatura
• O colono enriquecia e os trabalhadores se salvavam para a
vida eterna
• Aplicação de complexos procedimentos agrícolas, químicos, mecânicos
para a produção de açúcar, mineração do ouro e do diamante;
• Introdução do gado e outros animais como a galinha e o porco;
• Produção de tijolos, telhas
• Bases sobre as quais se edificou a sociedade e cultura
brasileira como uma implantação colonial européia.
CAPÍTULO II
Gestação Étnica
GESTAÇÃO ÉTNICA
• Cunhadismo: incorporar estranhos à sua comunidade.
• Função: surgir a numerosa camada de gente mestiça que
ocupou o Brasil.
• Defeito: acessível a qualquer europeu --> aumento do
movimento dos navios e incorporação da indiada ao
sistema mercantil de produção.
• Por fim, se teve que passar do cunhadismo às guerras de
captura de escravos, quando a necessidade de mão-de-
obra índigena se tornou grande demais.
GESTAÇÃO ÉTNICA
• Uma nova forma de administrar tantas terras e tantos
invasores: capitanias hereditárias.
• Embora tenha vigorado por pouco tempo, o sistema das
Capitanias Hereditárias deixou marcas profundas na
divisão de terra do Brasil.
• A distribuição desigual das terras gerou posteriormente os
latifúndios, causando uma desigualdade no campo.
• Na concepção de Darcy o Brasil tem sido, ao longo dos
séculos, um terrível moinho de gastar gentes. O fato é
que se gastaram milhões de índios, milhões de africanos
e milhões de europeus.
GESTAÇÃO ÉTNICA
• Comenta:
Processo
Sociocultural
PROCESSO SOCIOCULTURAL
• O processo de formação do povo brasileiro foi marcado
constantemente por situações de conflitos.
• Caracteriza o entendido entrechoque dos contingentes
índios, negros e brancos dentro do quadro de conflitos não
puros -->sempre ocorreu uma mescla entre uns e outros.
• As lutas são inevitavelmente sangrentas, porque só à força
se pode impor e manter a condição de escravos. Desde a
chegada do primeiro negro, até hoje, eles estão na luta
para fugir da inferioridade que lhes foi imposta
originalmente, e que é mantida através de toda a sorte de
opressões, dificultando extremamente sua integração na
condição de trabalhadores comuns, iguais aos outros, ou
de cidadãos com os mesmos direitos.
PROCESSO SOCIOCULTURAL
• No processo de formação sociocultural do Brasil, Darcy vê a
organização = empresas.
• A empresa escravista, como a principal, latifundiária e
monocultora que foi sempre altamente especializada e
essencialmente mercantil.
• Outra, já como forma alternativa de colonização, foi a
empresa jesuítica. Esta estava fundada na mão-de-obra
servil dos índios.
• Uma terceira, que tinha um alcance social bastante
considerável, foram as múltiplas microempresas de
produção de gêneros de subsistência e de criação de gado,
baseada em diferentes formas de aliciamento de mão-de-
obra.
PROCESSO SOCIOCULTURAL
• Elabora uma visão de conjunto do processo de urbanização
brasileira. Segundo ele, o Brasil nasceu já como uma
civilização urbana, separada em conteúdos rurais e citadinos.
Comenta:
• Essas cidades e vilas, grandes e pequenas, constituíam
agências de uma civilização agrário-mercantil, cujo papel
fundamental era gerir a ordenação colonial da sociedade
brasileira, integrando-a no corpo de tradições religiosas e civis
da Europa pré-indústrial e fazendo-a render proventos à Coroa
portuguesa.
• Como tal, eram centros de imposição das idéias e das crenças
oficiais e de defesa do velho corpo de tradições ocidentais,
muito mais que núcleos criadores de uma tradição própria.
PROCESSO SOCIOCULTURAL
• Relaciona o temível êxodo rural com o inchaço das
cidades em consequência causando a miserabilização da
população urbana. Para Darcy formou-se um modelo
político-econômico que estratifica a população brasileira;
• Esse caráter intencional do empreendimento faz do
Brasil, ainda hoje, menos uma sociedade do que uma
feitoria, porque não estrutura a população para o
prenchimento de suas condições de sobrevivência e de
progresso, mas para enriquecer uma camada senhorial
voltada para atender às solicitações exógenas.
PROCESSO SOCIOCULTURAL
• A distância social entre ricos e pobres;
• Grande parte desses negros dirigiu-se às cidades, onde
encontra um ambiente de convivência social menos
hostil.
• Constituíram, originalmente, os chamados bairros
africanos, que deram lugar às favelas.
• Desde então, elas vêm se multiplicando, como a soluçào
que o pobre encontra para morar e conviver. Sempre
debaixo da permanente ameaça de serem erradicados e
expulsos.
PROCESSO SOCIOCULTURAL
• Para Darcy a característica distintiva do racismo brasileiro
é que ele não incide sobre a origem racial das pessoas,
mas sobre a cor de sua pele.
• Para ele, a possibilidade de existência de uma
democracia racial está vinculada com a prática de uma
democracia social, onde negros e brancos partilhem das
mesmas oportunidades sem qualquer forma de
desigualdade.
• Composta como uma constelação de áreas culturais, a
configuração histórico-cultural brasileira conforma uma
cultura nacional com alto grau de homogeneidade;
PROCESSO SOCIOCULTURAL
• Milhões de brasileiros, através de gerações, nascem e vivem
toda a sua vida encontrando soluções para seus problemas
vitais, motivações e explicações que se lhes afiguram como o
modo natural e necessário de exprimir sua humanidade e sua
brasilidade.
• Constituem partes integrantes de uma sociedade maior, dentro
da qual interagem como subculturas, atuando entre si de modo
diverso do que o fariam em relação a estrangeiros.
• Sua unidade fundamental decorre de serem todas elas produto
do mesmo processo civilizatório que as atingiu quase ao mesmo
tempo; de terem se formado pela multiplicação de uma mesma
protocélula étnica e de haverem estado sempre debaixo do
domínio de um mesmo centro reitor, o que não enseja definições
étnicas conflitivas.
PROCESSO SOCIOCULTURAL
• Para Darcy, os brasileiros são hoje, um dos povos mais
homogêneos linguística e culturalmente. Fala-se, como
diz, uma mesma língua, sem dialetos.
• Como mestiços "na carne e no espírito" temos o desafio
de firmar nosso potencial, nossos modos distintos entre
todos os povos. Devemos forjar um verdadeiro conceito
de povo que englobe a todos sem distinção, em todos os
direitos que devem assistir a cada cidadão brasileiro.
• Nesse país mestiço, o povo brasileiro segundo Darcy,
veio formando-se como uma nova Roma. A maior
presença neo-latina no mundo, ainda em ser, forja-se
como a grande presença do futuro.
CONCLUSÕES
• Sua obra surge como um espelho em que nós brasileiros
podemos nos identificar, nos reconhecer;
• De onde afinal vem esse povo tão sofridamente descrito no
livro de Darcy Ribeiro, de onde procede sua identidade?
• O autor propõe uma teoria baseada na condição de
“ninguendade”, com perdão do neologismo esquisito, do
fruto da miscigenação processada inicialmente entre o
colonizador português e a índia, mais tarde entre aquele e a
escrava negra.
• Darcy afirma que os filhos brotados desses acasalamentos,
origem da miscigenação generalizada que passou a
caracterizar a etnia brasileira, eram ninguém, já que nem
eram brancos, nem índios, nem negros.
CONCLUSÕES
• Eram produto de uma mistura rejeitada por qualquer das
etnias individuais das quais eram formados.
• Foi portanto dessa condição de zé ninguém que se forjou
a nossa identidade cultural.
• Darcy Ribeiro ressalta o fato de que o Brasil se formou
economicamente como um apêndice da Europa, como
colônia produtora de bens primários subordinada à
demanda do mercado europeu.
CONCLUSÕES
• Esse dado primário está na raiz da violência exercida pela
classe dominante ao longo da nossa história.
• Está também inscrito na condição de proletariado externo vivida
pelo povo brasileiro.
• Darcy Ribeiro usa repetidas vezes expressões cruas, mas
infelizmente verdadeiras, para denunciar os processos brutais
que ao longo da nossa formação histórica oprimiram nosso
povo.
• Quando usa expressões como moinhos de gastar gente, ou
gente usada como carvão, denuncia a opressão imposta pela
classe dominante ao povo, particularmente o povo escravizado,
o povo castigado por um regime de trabalho incompatível com o
ideário humanista e cristão nunca de fato estendido à maioria da
população.
OBRIGADA!