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UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

DCEEng - Departamento de Ciências Exatas e Engenharias


Curso de Engenharia Mecânica – Campus Panambi

LENIOR DAL CORTIVO

IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA ERP: METODOLOGIA E ESTUDO DE CASO


MÓDULO PP/LOVC (SAP) NA EMPRESA KEPLER WEBER S/A

Panambi
Dezembro de 2013
LENIOR DAL CORTIVO

IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA ERP: METODOLOGIA E ESTUDO DE CASO


MÓDULO PP/LOVC (SAP) NA EMPRESA KEPLER WEBER S/A

Trabalho de conclusão de curso


apresentado à banca avaliadora do curso de
Engenharia Mecânica da Universidade
Regional do Noroeste do Estado do Rio
Grande do Sul – UNIJUÍ, como requisito
parcial para a obtenção do título de
Engenheiro Mecânico.

___________________________
Gil Eduardo Guimarães (Orientador)
Prof. Dr. / Unijuí

___________________________
Luiz Carlos da Silva Duarte (Avaliador)
Prof. Ms. / Unijuí

___________________________
Gil Eduardo Guimarães (Avaliador)
Prof. Dr. / Unijuí

Panambi, 06 de Dezembro de 2013


AGRADECIMENTOS

À minha família, em especial aos meus pais Nilson e Ilce, pelo apoio incondicional
dado durante todo o período em que estive lutando incansavelmente pelos meus objetivos.
À todos os meus colegas de curso, que durante estes sete anos foram muitos, e que nem
sempre foram os mesmos até sua conclusão.
Aos colaboradores e colegas de trabalho da empresa Kepler Weber S/A e consultores
do Projeto 3D, que muitas vezes cederam parte de seu tempo para fornecerem informações
importantes no desenvolvimento deste trabalho.
Ao meu professor Dr. Gil Eduardo Guimarães, pelo carinho, compreensão e conselhos
desde o início deste trabalho.
À Deus, pela força recebida para que eu continuasse na luta pelos meus objetivos.
DEDICATÓRIA

Aos meus pais Nilson e Ilce Dal Cortivo pelo apoio dado
incondicionalmente todo o tempo em que estive longe de casa em busca dos
meus objetivos, pelo amor e conselhos recebidos durante períodos de difíceis
escolhas, sem vocês nada teria sentido.
A minha namorada Bruna Valduga, pessoa muito especial na minha
vida que graças a Deus tive a oportunidade de ter ao meu lado me apoiando
nas horas difíceis, pelo seu carinho imenso e conselhos nas horas difíceis,
sem você talvez não tivesse me tornado a pessoa que sou hoje.
Aos meus mestres, que neste período transpuseram seu conhecimento de
forma extraordinária, em especial ao meu orientador Prof. Dr. Gil Eduardo
Guimarães.
A minha família, em especial aos meus tios(as) Marinês Tomasi, Marli
Tomasi, Elso Tomasi, Dilema Dal Cortivo, Leda Dal Cortivo, os quais tenho
muito amor e carinho.
Aos meus colegas de trabalho, que nestes seis anos de empresa me
orientaram e passaram seus conhecimentos profissionais, permitindo o meu
crescimento pessoal e profissional.
“Seja você quem for
Seja qual for a sua posição social
Que você tenha na vida, a mais alta
Ou a mais baixa,
Tenha sempre como meta muita força,
Muita determinação e sempre faça
Tudo com muito amor e com muita fé em Deus,
Que um dia você chega lá.
De alguma maneira você chega lá”

Ayrton Senna
RESUMO

Neste trabalho serão apresentados estudos feitos sobre a implantação do software ERP
(Enterprise Resource Planning) SAP o qual tem por objetivo aprimorar as informações que
circulam na companhia, garantir a segurança de informação e integrar o fluxo de informações
entre as diversas áreas da empresa de forma mais rápida e segura. O trabalho inicialmente
apresenta o processo de escolha de um novo ERP, modelo de implantação, etapas do
processo, impactos gerados na empresa e os riscos de implantação de um novo software ERP.
Em seguida mostra as mudanças culturais sofridas na empresa e como minimizar este efeito.
Posteriormente é demonstrado como é dada a implantação do módulo PP / LOVC e em
específico e seu desenvolvimento durante o projeto de implantação.

Expressões chaves: Implantação de ERP, Segurança de Informação, ERP, Variant


Configuration.
ABSTRACT

In this paper we present studies on the deployment of ERP (Enterprise Resource


Planning) SAP which aims to improve the information circulating in the company, to ensure
security of information and integrate the flow of information between the various areas of the
company so quicker and safer. The work initially presents the process of choosing a new ERP
deployment model, process steps, impacts business and the risks of deploying a new ERP
software. Then shows the cultural changes undergone in the company and how to minimize
this effect. Later is shown as given deployment module PP / LOVC and specific and its
development during the project implementation.

Keywords: Implementation of ERP, Information Security, ERP, Variant Configuration.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 14

1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 16

1.1. SISTEMA ERP ...................................................................................................... 16


1.2. FATORES HISTÓRICOS E EVOLUÇÃO ....................................................................... 17
1.3. PRINCIPAIS ETAPAS PARA ADOÇÃO DE UM ERP ..................................................... 20
1.4. CICLO DE VIDA DE UM ERP .................................................................................. 22
1.5. MERCADO DE SISTEMAS ERP ............................................................................... 23
1.6. MÓDULOS E PROCESSOS DE UM SISTEMA ERP ........................................................ 28
1.7. IMPACTOS DA IMPLANTAÇÃO DE UM ERP .............................................................. 30
1.8. CONCEITO DE CULTURA ORGANIZACIONAL ........................................................... 31
1.9. FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO ........................................................................... 31
1.10. PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE UM ERP................................................................. 32
1.11. PRODUTO, SERVIÇO OU RESULTADO ÚNICO ........................................................... 33
1.12. GERÊNCIA DE PROJETOS ....................................................................................... 34
1.13. ÁREAS DE CONHECIMENTO DA GERÊNCIA DE PROJETOS.......................................... 35
1.14. PLANO DE PROJETO.............................................................................................. 37
1.15. EXECUÇÃO DO PLANO DE PROJETO ....................................................................... 38
1.16. FERRAMENTAS TÉCNICAS PARA EXECUÇÃO DO PLANO DE PROJETO ......................... 39

2. IMPLANTAÇÃO DO MÓDULO PP-LOVC NA EMPRESA KEPLER


WEBER ................................................................................................................................... 40

2.1. A EMPRESA ......................................................................................................... 40


2.2. SELEÇÃO DO NOVO ERP ...................................................................................... 40
2.3. METODOLOGIA SELECIONADA PARA IMPLANTAÇÃO ............................................... 41
2.4. ASAP ................................................................................................................. 42
2.5. ESTRUTURA DO ASAP ......................................................................................... 43
2.6. VANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DA METODOLOGIA ASAP .......................................... 45
3. PROJETO 3D KEPLER WEBER ......................................................................... 46

3.1. OBJETIVO DO PROJETO ......................................................................................... 47


3.2. CRONOGRAMA DO PROJETO .................................................................................. 48
3.3. ORGANOGRAMA DO PROJETO 3D .......................................................................... 48
3.4. CUT-OVER........................................................................................................... 50
3.5. BIG BANG ........................................................................................................... 51
3.6. SMALL BANGS..................................................................................................... 51
3.7. FASES ................................................................................................................. 52
3.8. PONTOS FORTES E FRACOS DOS MODOS DE CUT-OVER ............................................. 52
3.9. ESCOLHA DO MODO DE CUT-OVER NO PROJETO 3D................................................. 53
3.10. O MÓDULO PP/LOVC .......................................................................................... 54
3.11. VARIANT CONFIGURATION ................................................................................... 56
3.12. LISTA TÉCNICA E SUPER BOM ............................................................................. 57
3.13. MODELAGEM E CONSTRUÇÃO DE UM CONFIGURADOR DE PRODUTOS ....................... 58
3.14. MODELO DE CONFIGURAÇÃO ................................................................................ 59
3.15. DEFINIÇÃO DAS CLASSES ..................................................................................... 63
3.16. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS ........................................................................... 69
3.17. PERFIL DE CONFIGURAÇÃO ................................................................................... 71
3.18. FUNÇÕES ADICIONAIS .......................................................................................... 77
3.19. FUNÇÕES ADICIONAIS – MANTER TABELAS ........................................................... 77
3.20. MANTER DEPENDÊNCIAS ...................................................................................... 81
3.21. GERENCIAR CONFIGURADOR ................................................................................ 87

4. DISCUSSÃO E RESULTADOS ............................................................................. 92


LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Estrutura Típica de Funcionamento de um sistema ERP.......................................... 17


Figura 2 – Abrangência do MRP e do MRP II. ........................................................................ 18
Figura 3 – Evolução do Sistema ERP....................................................................................... 19
Figura 4 – Logomarca SAP. ..................................................................................................... 23
Figura 5 – Logomarca Oracle. .................................................................................................. 24
Figura 6 – Logomarca TOTVS................................................................................................. 24
Figura 7 – Logomarca PeopleSoft ............................................................................................ 25
Figura 8 – Logomarca Microsoft Dynamics............................................................................. 25
Figura 9 – Logomarca Primavera BSS. .................................................................................... 26
Figura 10 – Logomarca Baan. .................................................................................................. 26
Figura 11 – Logomarca J.D. Edwards. ..................................................................................... 27
Figura 12 - Participação de mercado das principais empresas do setor. .................................. 27
Figura 13 - Os Módulos do Sistema SAP. ................................................................................ 29
Figura 14 - Visão geral das Áreas de Conhecimentos e dos Processos .................................... 37
Figura 15 - Baseline da metodologia ASAP. ............................................................................ 42
Figura 16 - Estrutura da Metodologia ASAP ........................................................................... 43
Figura 17 - Logotipo do Projeto 3D Kepler Weber. ................................................................. 46
Figura 18 – Cronograma do Projeto. ........................................................................................ 48
Figura 19 – Macro Organograma Projeto 3D. .......................................................................... 49
Figura 20 – Equipe do Projeto .................................................................................................. 50
Figura 21 – Mapa de Modelagem do Configurador. ................................................................ 57
Figura 22 - Criar característica / Dados Básicos. ..................................................................... 60
Figura 23 – Criar Característica / Denominações. ................................................................... 62
Figura 24 – Criar Característica / Valores. ............................................................................... 62
Figura 25 - Criar Característica / Restrições. ........................................................................... 63
Figura 26 - Criar Classe / Dados Básicos. ................................................................................ 65
Figura 27 - Criar Classe / Inclusão de Características. ............................................................. 66
Figura 28 – Criar Classe / Dados Adicionais. .......................................................................... 68
Figura 29 – Classificar Material. .............................................................................................. 70
Figura 30 - Criar Perfil de Configuração. ................................................................................. 71
Figura 31 - Criar Perfil de Configuração / Síntese. .................................................................. 72
Figura 32 - Criar Perfil de Configuração / Tela de Configuração. ........................................... 73
Figura 33 - Criar Perfil de Configuração / Design Interface. ................................................... 75
Figura 34 - Criar Perfil de Configuração / Lista Técnica. ........................................................ 76
Figura 35 - Criar Tabela / Dados Básicos................................................................................. 79
Figura 36 - Criar Tabelas / Inserir Características. ................................................................... 79
Figura 37 - Criar Tabelas / Atualizar Valores. ......................................................................... 80
Figura 38 - Criar Dependência / Dados Básicos....................................................................... 85
Figura 39 - Criar Rede de Dependências. ................................................................................. 85
Figura 40 – Rede de Restrições. ............................................................................................... 86
Figura 41 - Modelagem de uma Restrição................................................................................ 87
Figura 42 - Acesso ao Ambiente de Modelagem. .................................................................... 88
Figura 43 - Gerenciador do Configurador. ............................................................................... 88
Figura 44 - Criar Design Interface. ........................................................................................... 89
Figura 45 - Edição Design Interface ......................................................................................... 90
Figura 46 – Edição Design Interface ........................................................................................ 91
Figura 47 – Simulação de Configuração. ................................................................................. 92
Figura 48 – Seleção do Modelo / Opções Disponíveis............................................................. 93
Figura 49 – Seleção do Modelo / Modelo Selecionado. ........................................................... 94
Figura 50 – Modelo Selecionado. ............................................................................................. 95
Figura 51 – Seleção de Opcionais. ........................................................................................... 96
Figura 52 – Opcionais Selecionados. ....................................................................................... 97
Figura 53 – Resumo da Avaliação de Características. ............................................................. 98
Figura 54 – Gerar Lista Técnica de Engenharia. ...................................................................... 99
Figura 55 – Lista Técnica do Produto. ................................................................................... 100
Figura 56 – Lista Técnica do Produto / Visualização Especial. ............................................. 101
Figura 57 – Árvore Construtiva do Configurador de Produtos. ............................................. 102
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Estrutura da Metodologia ....................................................................................... 44


Tabela 2 – Pontos fortes e fracos dos modos de Cut-over........................................................ 52
Tabela 3 – Parâmetros para Criação de uma Característica ..................................................... 61
Tabela 4 – Parâmetros de Denominação de Criação Característica ......................................... 62
Tabela 5 - Parâmetros de Valores de Criação Característica.................................................... 63
Tabela 6 – Dados Básicos de Criação de Classe ...................................................................... 65
Tabela 7 – Parâmetros de Inserção da Característica na Classe ............................................... 67
Tabela 8 – Parâmetros de Dados Adicionais de Criação de Classe.......................................... 68
Tabela 9 – Parâmetros de Classificação de Material ................................................................ 70
Tabela 10 – Parâmetros de Perfil de Configuração .................................................................. 72
Tabela 11 – Parâmetros de 1ª Tela de Configuração do Perfil ................................................. 74
Tabela 12 – Parâmetros de Interface do Perfil de Configuração .............................................. 75
Tabela 13 – Parâmetros da Lista Técnica da Ordem ................................................................ 76
Tabela 14 – Parâmetros para Criar Design Interface................................................................ 89
Tabela 15 – Parâmetros de Edição de Design Interface ........................................................... 91
13

LISTA DE ABREVIATURAS

ERP Enterprise Resource Planning Planejamento de Recursos Empresariais


BOM Bil of Materials Lista de Materiais
CO Controling Controle
FCS Fator Crítico do Sucesso
FI Financial Accouting Financeiro
MM Materials Management Gerenciamento de Materiais
MRP Materials Requirements Planning Planejamento das Necessidades de Materiais
MRP II Manufacturing Resource Planning Planejamento dos Recursos de Manufatura
PP Production Planning Planejamento da Produção
Systemanalyse und
SAP
Programmentwicklung
KW Kepler Weber S/A
VC Variant Configuration Configurador de Variáveis
ASAP As Soon As Posible
SD Sales and Distribuition Vendas e Distribuição
KMAT Material Configurável
RPM Rotações Por Minuto
RH Recursos Humanos
TI Tecnologia da Informação
RFP Request for Proposal
IMB International Business Machines
14

INTRODUÇÃO

A competitividade entre as empresas no mercado de trabalho cresce diariamente e de


forma exponencial, fazendo com que novas soluções sejam necessárias para manterem-se
competitivas. As constantes mudanças, sob o ponto de vista de descobertas e avanços de
novas tecnologias, acarretam em uma forte competição, forçando as organizações a
assumirem riscos perante tais inovações.

Com o passar do tempo, muitos mecanismos foram desenvolvidos com o intuito de


disponibilizar aos gestores ferramentas adequadas para o tratamento de informações,
otimizando o desempenho empresarial e aprimorando suas decisões ligadas ao planejamento
estratégico da companhia. Mesmo com a crescente acurácia das ferramentas e quantidade de
ferramentas disponíveis, muitas vezes o gestor não se encontra suficientemente informado,
seja isto por não conseguir localizar uma informação importante ou simplesmente pelo fato da
informação localizada não ser a desejada.

Através deste contexto destaca-se o papel da tecnologia, que auxilia no armazenamento,


processamento e disponibilização de informações de uma maneira mais simples e direta,
tornando-se um elemento de diferenciação.

A empresa então, focada no desenvolvimento e crescimento realiza uma análise das


suas condições de operação de seu software ERP (Enterprise Resource Planning) em
operação, a fim de verificar se o mesmo atende as condições acima citadas. Quando a decisão
de que se faz necessário a troca do ERP é iniciado um processo longo e complexo até a sua
troca por completa.

A implantação de sistemas ERP é uma tarefa complexa que obrigatoriamente deve ser
bem desempenhada a fim de se evitar falhas, além de exigir que mudanças organizacionais
sejam feitas. O processo de implantação requer minimamente: análise dos processos da
empresa, treinamentos, investimentos em informática e crucialmente métodos de trabalho. O
ciclo consiste basicamente em: decisão de utilização do sistema, seleção do fornecedor,
implantação do ERP e utilização propriamente dita.
15

Neste trabalho, além do enfoque na metodologia de implantação e seus impactos na


companhia, será mostrado como é dado o processo de implantação de um módulo específico
do sistema SAP (Systemanalyse und Programmentwicklung), o qual se denomina PP/LOVC
(Variant Configuration) na empresa Kepler Weber S/A.

Este processo será demonstrado de forma sistemática e técnica, para que possibilite a
absorção do conhecimento de forma rápida e eficiente, pois trata-se de um módulo que muitas
empresas não possuem atualmente em seu caráter de operação normal. Isso se dá devido a
complexidade construtiva do mesmo, gerando um volume de trabalho relativamente grande.

Existem várias metodologias de implantação do sistema SAP, tendo grande parte das
consultoras desenvolvidas a sua própria. Basicamente, a maioria está baseada nas
metodologias desenvolvidas propriamente pela SAP, a criadora do sistema. A principal razão
para tal reside na necessidade de se obter uma certificação por parte do fornecedor de que a
consultora e a sua metodologia respeitam as normas definidas pelo mesmo.
16

1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.1. Sistema ERP

A sigla ERP traduzida literalmente significa, “Planejamento dos Recursos da Empresa”,


o que pode não transmitir a realidade dos seus objetivos.

Tipicamente, um sistema ERP é um sistema de informação integrado na forma de um


pacote de software composto por vários módulos, tais como produção, vendas, finanças e
recursos humanos, disponibiliza uma integração de dados horizontais ao longo da organização
e através dos seus processos de negócio. Esses pacotes podem ser personalizados de forma a
responder as necessidades específicas da organização (ESTEVES J., 1999).

Outro conceito, apresentado refere que um ERP oferece à organização um sistema


operacional, financeiro e de gestão integrado, sendo uma estrutura acessível que permite
partilhar informação por toda a organização e por todo o mundo (COOPER & KAPLAN,
July, 1998).

Também pode-se definir um ERP como sendo um sistema de software que permite a
uma organização automatizar e integrar a maioria dos seus processos de negócio, partilhar
práticas e dados comuns através de toda a empresa, e por fim, produzir e ceder a informação
num ambiente de tempo real (SOUZA & ZWICKER, 2000).

Deste modo um sistema ERP propõe essencialmente, eliminar a redundância de


operações e burocracia, ao automatizar os processos. Os módulos de um ERP permitem
desenvolver e gerir o negócio de forma integrada. As informações são mais consistentes,
permitindo uma melhor tomada de posição, com base em dados reais. Para muitas empresas,
estes benefícios traduzem-se em grandes benefícios de produtividade e rapidez
(DAVENPORT, Thomas, 1998).
17

De uma forma abrangente e integrada, estas atividades incluem, por exemplo, o


desenvolvimento de produto; a compra de matéria-prima e componentes; a interação com
fornecedores e clientes, a gestão de estoques, gestão de recursos humanos, entre outros.

Os módulos identificados na Figura 1 fazem parte, da estrutura típica da maioria dos


sistemas ERP existentes no mercado. Além destes, alguns sistemas ERP ainda possuem
módulos adicionais, tais como: Gestão e Controle da Qualidade, Gestão de Projetos, Gestão
da Manutenção, entre outros.

Figura 1- Estrutura Típica de Funcionamento de um sistema ERP.

Fonte : (DAVENPORT, Thomas, 1998).

Pode-se dizer que um sistema ERP é a base da gestão da informação do negócio da


organização. Deste modo o sistema de gestão integrado permite uma maior fluidez de
informação em toda a organização, melhorando o reconhecimento e a compreensão das
responsabilidades e inter-relações organizacionais.

1.2. Fatores históricos e evolução

Os sistemas ERP surgiram na década de 60, a partir da utilização do BOM (Bil of


Materials – Lista de Materiais) que alterou a funcionalidade das questões relacionadas ao
18

controle das necessidades de materiais das empresas e os problemas da programação da


produção intermitente.

Em um futuro próximo, aproximadamente na década de 70, a necessidade de


aperfeiçoamento dessas técnicas geraram os primeiros MRP’s (Material Requirement
Planning – Planejamento das Requisições de Materiais), cujos quais surgiram já na forma de
conjuntos de sistemas (ou pacotes) que se inter-relacionam e possibilitam o planejamento do
uso dos materiais e a administração das mais diversas etapas dos processos produtivos
(LAUDON, 2004).

É uma ferramenta para melhores processos de negócios, como produção, compras ou


distribuição, com informações on-line e em tempo real (CHOPRA & MEINDL, 2004).

Nos anos 80, o sistema e o conceito do planejamento das necessidades de materiais


foram expandidos e integrados a outras partes da empresa e o MRP evoluiu para o MRP II,
uma extensão do antigo sistema para o chão de fábrica e o gerenciamento da distribuição das
atividades. O MRP II era usado para o planejamento e monitoramento de todos os recursos de
uma empresa de manufatura: Manufatura, Marketing, Finanças e Engenharia.

A principal diferença entre eles (Figura 2) é que o MRP orienta as decisões sobre o que,
quanto e quando produzir e comprar, enquanto que o MRP II engloba também as decisões de
como produzir.
Figura 2 – Abrangência do MRP e do MRP II.

Fonte: (CORRÊA, GIANESI, & CAON, 1999).


A partir de da década de 90, nos mercados americano e europeu, podemos notar que as
empresas começaram a sofrer modificações radicais e repentinas, assim possibilitando que um
19

volume de informações cada vez maior pudesse ser gerenciado por cada vez mais pessoas, a
partir de um ambiente interno e externo. No Brasil estas modificações começaram desde
1996, presenciando um aumento na demanda crescente no uso destas ferramentas. Com o
crescimento da globalização econômica, surgiu-se a necessidade da redução de diversos
custos e novos padrões de qualidade. Dentro desta meta foi verificado que a integração entre
diversas áreas funcionais da empresa, Figura 3, era cada vez mais necessária. Podemos citar
as áreas de marketing, produção, finanças e RH (Recursos Humanos), dando assim início aos
sistemas ERP (COLANGELO FILHO, 2001).

Figura 3 – Evolução do Sistema ERP.

Fonte: (COLANGELO FILHO, 2001).

O sistema ERP é um pacote comercial de software com a finalidade de padronizar,


integrar e organizar as informações que transitam pelas organizações. É um sistema integrado
que permite uma informação confiável de acordo com os dados mestres em tempo real,
possuindo uma estrutura modular onde as “melhores práticas do mercado” foram aplicadas
aos principais processos de negócios das empresas como: contabilidade, financeiro, compras,
vendas, distribuição, planejamento, controle de produção, recursos humanos, processos
fiscais, entre outros (DAVENPORT, Thomas, 1998).

A implantação de um software ERP emprega práticas diferenciadas para cada empresa,


devido a inúmeras características como: tipo de negócio, dispersão geográfica, recursos
financeiros e retorno do investimento.
20

Antes do início de um projeto de implantação é necessária a realização de um estudo


detalhado de todos os processos que a empresa possui, pois a sua organização é um fator
muito importante, e que muitas vezes é mal dimensionado, acarretando em problemas durante
a implantação do sistema. Esta dificuldade pode ser encontrada devido ao planejamento
inadequado, à equipe de implantação contratada inexperiente, a própria resistência dos
funcionários ao sistema e aos impactos organizacionais avaliados anteriormente.

1.3. Principais Etapas para Adoção de um ERP

As principais etapas em um processo para adoção de um novo ERP envolve a seleção,


aquisição, implantação e testes, os quais se presumem que devem ser planejados com
antecedência passando por uma avaliação técnica de todas as funcionalidades da empresa e do
sistema, e estar de acordo com a orientação estratégica da empresa.

Para que os gestores possam se guiar referente a reflexão sobre a adoção de sistemas
integrados é necessário seguir um roteiro, conscientizando para as necessidades e
consequências da mudança organizacional. Um roteiro amplamente utilizado compreende
basicamente cinco partes principais:
i. Avaliação sobre a necessidade do ERP dividindo-se em 3 etapas: (1) análise da situação
atual (refletir e discutir sobre os pontos fortes e fracos da empresa); (2) análise
conceitual do ERP (realizar um estudo imparcial sobre os sistemas ERP); (3) análise do
ERP como solução (confrontar o sistema com os pontos fortes e fracos da empresa)
(ARAUJO, MATTOS, SANTOS, RODRIGUES, SILVA, & TAMAE, 2005);
ii. Através de um documento RFP (Request For Proposal) é iniciado a seleção e
adequação das funcionalidades dos sistemas integrados a empresa, relacionando os
processos atuais com os fornecedores de ERP, tendo por objetivo analisar as soluções
disponíveis no mercado, podendo assim selecionar a mais adequada às particularidades
e especificidades da empresa, detalhada em 4 etapas: (4) análise dos processos da
empresa (avaliar as necessidade de customizações, adaptações e modificações do
sistema); (5) seleção do sistema (analisar os sistemas disponíveis no mercado através da
avaliação de suas características técnicas (RFP)); (6) adequação (comparar as
funcionalidades e processos do sistema default com as necessidades organizacionais);
21

(7) análise de custo (verificar customizações necessárias, mão de obra especializada


para implantação, treinamento, investimento em hardware, e o contrato de manutenção
após a implantação).
Finalizada estas sub etapas a empresa solicita ao fornecedor a elaboração de um
contrato, onde estejam definidas as funcionalidades do sistema, tempo total de projeto
de implantação, serviços de suporte e os processos de manutenção e atualizações
necessárias para manter o sistema, onde devem ser previstas as consequências da
rescisão deste e do não cumprimento de suas cláusulas (ARAUJO, MATTOS,
SANTOS, RODRIGUES, SILVA, & TAMAE, 2005).
iii. A terceira etapa consiste na implantação, onde é planejado desde as atividades que
procedem a implantação até a consumação da mesma, detalhada em três etapas: (8)
definição da equipe de implantação (constituída por funcionários experientes e
conhecedores plenamente dos processos atuais da empresa, envolvendo o menor
número possível de funcionários externos a empresa, devido ao seu custo elevado); (9)
Planejamento de todas as atividades de implantação (estabelecer o escopo do projeto e o
tempo necessário para a sua execução, definindo os módulos a serem implantados, a
ordem de implantação, ordem de implantação, atribuição de responsabilidades e planos
de contingência); (10) Implantação dos módulos do sistema (parametrização e/ou
customização do sistema e instalação do equipamento necessário, que deverá estar
funcionando corretamente) (ARAUJO, MATTOS, SANTOS, RODRIGUES, SILVA, &
TAMAE, 2005).
iv. Conscientização e treinamento para os membros organizacionais e de treinamento
operacional e gerencial, constituída por três etapas: (11) palestras e seminários de
conscientização sobre o sistema, mudanças introduzidas, importância organizacional,
implicações sobre má utilização e relevância do papel dos envolvidos; (12) treinamento
gerencial focando aspectos e possibilidades gerenciais do sistema; (13) treinamento
operacional realizado por área da empresa, focando os módulos específicos (enfatizar a
busca pelo aperfeiçoamento do sistema e o não estabelecimento dos controles paralelos)
(ARAUJO, MATTOS, SANTOS, RODRIGUES, SILVA, & TAMAE, 2005);
v. Utilização – abrangendo etapas de uso e identificação de alterações para se atender as
mudanças nas regras de negócio, detalhada em duas etapas: (14) identificação de
modificações no sistema; (15) feedback, dando orientação as modificações necessárias
para atender as mudanças da empresa, podendo ser simples ou exigirem novos
22

desenvolvimentos, induzindo a nova aplicação do roteiro (ARAUJO, MATTOS,


SANTOS, RODRIGUES, SILVA, & TAMAE, 2005).

1.4. Ciclo de Vida de um ERP

Como já vimos anteriormente, existe um processo gerido por algumas etapas quanto a
adoção de um novo ERP na organização. Seu ciclo de vida passa também por estas etapas
sendo acrescentado mais uma e importante: Abandono.

O abandono do software se dá por muitos fatores, entre eles o surgimento de novas


tecnologias, a inadequação do sistema ERP ou ainda a estratégia do negócio, fazem com que
os gestores decidam substituir o sistema existente por um produto mais adequado as
necessidades organizacionais do momento.

O ciclo de vida dos sistemas ERP pode ser dividido em quatro etapas: decisão e seleção,
implementação, estabilização e utilização. A primeira etapa, decisão e seleção, é o momento
no qual a empresa decide adotar um sistema integrado de gestão que deve ser encarado como
um projeto empresarial e não como um projeto de tecnologia (SOUZA & ZWICKER, 2000).
Dentro dessa etapa, deve ser escolhido o fornecedor de software de acordo com as
necessidades da organização.

Após a decisão do fornecedor, define-se o plano geral de implementação referente aos


módulos que serão implantados. Para isso, é necessário responder as seguintes questões:
quais, onde e em que ordem esses módulos serão implantados. Também nessa fase devem ser
estabelecidos os objetivos, o escopo do projeto, as metas, as métricas, a definição das
responsabilidades e a estratégia de implementação. Dentro dessa estratégia, deverá ser
definido o modo de inicio da operação, as atividades a serem realizadas e o cronograma com
prazos e custos (SOUZA & ZWICKER, 2000).

Todas as decisões devem ser baseadas em um volume considerável de informações, cuja


a obtenção nem sempre é fácil, de maneira que, ao fim do projeto, o resultado seja positivo.
23

1.5. Mercado de Sistemas ERP

Com o crescimento significativo da economia em países emergentes, o mercado de


sistemas ERP foi um dos que cresceu em uma velocidade muito elevada na indústria de
software. É possível verificar que os sistemas necessitam de um planejamento cauteloso,
devido a sua complexidade, possibilitando assim um projeto de implantação de sucesso.

Atualmente o foco das empresas fornecedoras de softwares ERP está localizado nas
empresas de pequeno e médio porte, especialmente no Brasil. Podemos chamar esta aplicação
de “Small/Midle Market”. A classificação do que é uma empresa média varia muito com o
fornecedor de ERP, porém de uma forma geral é possível englobar nesta faixa, empresas cujo
faturamento anual gira na faixa de U$$10 milhões e U$$300 milhões.

As organizações modernas estão preocupadas com uma efetiva integração dos seus
sistemas de informação e com a atualização da sua base tecnológica. Os sistemas ERP
apresentam benefícios neste sentido.

Existem disponíveis no mercado vários tipos de sistemas ERP, com características


específicas e com pontos fortes e fracos em seus sistemas. Algumas fornecedoras de sistemas
ERP são:
o SAP – Fundada em 1972 na Alemanha por cinco engenheiros da IBM
(International Business Machines). O seu sistema foi otimizado para gerir os
processos de produção e gestão, logística e recursos humanos. É considerada a
maior empresa fornecedora de ERP a nível mundial, contribuindo para isso ter
sido uma das pioneiras.
Figura 4 – Logomarca SAP.

Fonte:[http://www.metaanalise.com.br/inteligenciademercado/images/stories/banco_de_imge
ns/Materias/Logos/ - Acesso em 20/10/2013]
24

o Oracle – Produz e vende aplicações ERP desde 1987, sendo a maioria dos seus
clientes são empresas ligadas à produção e consumo de dados, sendo assim um
adversário direto da SAP. Curiosamente em cerca de 80% dos casos, o
software da SAP opera sobre uma base de dados da Oracle.

Figura 5 – Logomarca Oracle.

Fonte: [http://houston-mfg.com/ghma-summer-tour-of-saint-arnold-brewery-and-networking-
event-sponsored-by-oracle/oracle-logo/ - Acesso em 20/10/2013].

o Totvs – A totvs é uma empresa de software, serviços e tecnologia. Possui mais


de 30 anos de mercado, sendo a primeira do setor de TI da América latina a
fazer o IPO no mercado da bolsa de valores. Foi criada com o intuito de
elaborar softwares acessíveis para empresas de pequeno e médio porte.
Atualmente é a líder absoluta no mercado de ERP’s no Brasil, possuindo cerca
de 55,4% share de mercado, sendo também a maior empresa do setor sediada
em países emergentes.
Figura 6 – Logomarca TOTVS.

Fonte: [http://www.olharempreendedor.com.br/2010/07/06/empresas-de-t-i-brasileiras-estao-
entre-as-100-melhores-do-mundo/logo-totvs/ - Acesso em 20/10/2013].

o PeopleSoft – A sua imagem de marca são os módulos de gestão de recursos


humanos. Atualmente está direcionando seus produtos para as áreas de
serviços, com produtos de controle de custos.
25

Figura 7 – Logomarca PeopleSoft

Fonte: [http://www.bi.dev42.es/2011/06/26/una-historia-sobre-el-origen-de-
obiee/ - Acesso em 20/10/2013].
o Microsoft – Empresa multinacional norte americana fundada em 1975,
frequentemente abreviada como MS. Microsoft Dynamics é a linha da
Microsoft destinada a empresas. Era anteriormente conhecido pelo seu nome
de projeto Green, e substitui a família de aplicações da Microsoft Business
Solutions. Esta família de produtos inclui software como o Microsoft
Dynamics AX, direcionado para a gestão corporativa – ERP.

Figura 8 – Logomarca Microsoft Dynamics.

Fonte: [http://www.itoutsource.ca/index.php?v=dynamics – Acesso em 20/10/2013].

o Primavera BSS – Empresa portuguesa de software, fundada em 1993.


Desenvolve e comercializa soluções de gestão e plataformas para integração de
processos empresariais, disponibilizando soluções para as pequenas, médias,
grandes organizações e administração pública.
26

Figura 9 – Logomarca Primavera BSS.

Fonte: [http://mei.di.uminho.pt/?q=pt-pt/1213/mfes - Acesso em 20/10/2013].

o Bann – Empresa fundada em 1978 por Jan Baam em Barneveld, Países Baixos,
para prestar serviços de consultoria administrativa e financeira. Com o
desenvolvimento de seu primeiro pacote de software, Jan Baan e seu irmão
Paul Baan, entraram na indústria de ERP. Baan ganhou popularidade no início
dos anos noventa. O software Baan é famoso por as suas Dynamic Enterprise
Modeler (DEM), arquitetura e sua linguagem em 4GL.

Figura 10 – Logomarca Baan.

Fonte: [http://wikireedia.net/wikireedia/index.php?title=File:Baan_logo.gif – Acesso


em 20/10/2013].

o J.D. Edwards – Empresa fundada em 1977 em Denver, Colorado por Jack


Thompson. Teve sucesso na criação de um programa de contabilidade para
pequenas empresas, o Sistema/38. A companhia foi acrescentando funções ao
seu software de contabilidade, em 1996 desenvolveu uma aplicação ERP que
se designou OneWorld. Em junho de 2003, o conselho de administração de
J.D. Edwards acedeu a oferta de aquisição da PeopleSoft, completando-se a
aquisição em Julho. OneWorld acrescentou-se à linha de produtos de
PeopleSoft.
27

Figura 11 – Logomarca J.D. Edwards.

Fonte: [http://nimishprabhu.com/jd-edwards-9-10-standalone-installation-step-by-step-
guide.html - Acesso em 20/10/2013].

Na Figura 12 pode-se realizar uma análise através de uma pesquisa realizada pela
empresa MBI, a participação de mercado de algumas das principais fornecedoras de softwares
ERP.

Figura 12 - Participação de mercado das principais empresas do setor.

Fonte:[http://www.mbi.com.br/mbi/biblioteca/relatorios/2010-06-pesquisa-erp-bi-
outsourcing-grandes-empresas-brasil/ - Acesso em 20/10/2013].

Como podemos ver a liderança na SAP neste mercado, confirmada pela pesquisa, não se
constitui em uma surpresa, visto que a mesma é a maior do segmento, bem como a segunda
posição ocupada pela Oracle. Entretanto, a presença da Totvs e Microsoft em terceiro e quarto
28

lugares, são um fato novo neste mercado. Estas empresas se posicionam no mercado como
fornecedoras de software para o mercado de empresas de porte médio. O crescimento de
mercado da TOTVS em empresas de grande porte pode ser vista como uma tentativa destes
clientes em reduzir seus custos com os softwares ERP. Através da soma dos percentuais de
todos os fornecedores, podemos chegar a um valor ligeiramente superior a 150%, indicando
que as empresas possuem, em média, pouco mais de 1,5 soluções ERP (ou módulos de
fornecedores diferentes) implementadas.

1.6. Módulos e Processos de um sistema ERP

Os sistemas ERP são comercialmente e didaticamente divididos em módulos. Nesta


divisão podemos encontrar módulo financeiro, controladoria, materiais, vendas, produção,
engenharia, qualidade, recursos humanos e assim sucessivamente. Neste conceito é
importante salientar a diferença entre os dois conceitos: módulos e processos.

Cada módulo dos sistemas de gestão integrada contempla funcionalidade relacionadas a


área de atuação específica. Os módulos financeiros e de controladoria abrangem, por
exemplo, funcionalidades de contabilidade geral, faturamento, contas a receber, contas a
pagar, contabilidade de centros de custos, gestão de ativos, etc. Já o módulo de materiais
contempla, entre outras, as funcionalidades de compra e controle de estoques.

O sistema ERP SAP, por exemplo, é composto por vários módulos, abaixo demonstrado
na Figura 13, com uma forte integração entre eles, garantindo a qualidade e a segurança dos
dados corporativos. É comum encontrar comentários entre as gestões empresariais
demonstrando que este ERP é feito para atender a gestão de toda a empresa, necessidades de
controle e governança, e não para atender operacionalmente os processos, que incialmente
ficam mais burocráticos em suas execuções. Porém, é sem sombra de dúvidas o melhor
sistema corporativo do mundo.
29

Figura 13 - Os Módulos do Sistema SAP.

Módulo Estudado

Fonte: [Material de Treinamento Consultoria Complex – Projeto 3D Kepler Weber S/A]

No processo de implantação do software SAP na empresa Kepler Weber S/A, vamos


destacar o módulo PP, com enfoque no Variant Configuration (LOVC), denominado nas
bibliografias como produção sob encomenda com configuração de variantes. Este cenário
demonstra o processamento da ordem do cliente com a configuração de variantes.

O módulo PP ( Planejamento da Produção) é utilizado para planejar e controlar todas as


atividades relacionadas a produção da empresa. Para facilitar o entendimento, é neste módulo
onde todas as etapas do processo produtivo são monitoradas desde o planejamento dos
materiais até a preparação final do equipamento ou peça produzida.

O sistema SAP é um sistema totalmente integrado entre todos os seus módulos


permitindo que qualquer alteração esteja visível para todos os departamentos em tempo real.
30

O módulo PP, seguindo este parâmetro, possui uma ligação mais forte que o normal com os
módulos de MM (Mestre de Materiais), CO (Contabilidade e Custos) e SD (Vendas e
Distribuição).

1.7. Impactos da Implantação de um ERP

Com as empresas cada vez mais preocupadas com as rápidas mudanças no cenário
econômico-comercial atual, a atualizção constante é uma tarefa árdua que deve ser realizada
constantemente. Estas atualizações passam invariavelmente pela troca de sistemas
informatizados, com mais capacidade de processamento de encorpados em sua essência,
respondendo com eficácia às solicitações de melhorias contínuas.

Contudo, estas trocas de sistemas ou atualizações oferecem riscos contundentes quando


mal implementados no que se refere a cultura orgaizacional da empresa. É necessário se ter
uma visão estratégica de tomadas de decisões para a implantação de sistemas com esta
filosofia. É de suma importância considerar alguns pontos no momento de se admitir a
implementação, como o levantamento dos riscos mais comuns em que a empresa estará
exposta durante este processo e o funcionamento em geral do sistema.

A implantação do ERP não implica somente em adaptações de processos técnicos e


administrativos ao sistema, implica também em mudança de postura de analistas de sistemas
que deixaraão de se preocupar apenas em desenvolver sistemas, em desenvolver o
processamento, e passam a atuar com a análise e suporte ao negócio.

Dessa mudança de postura dos profissionais pode decorrer o sucesso ou insucesso da


implantação e a empresa cliente precisa estar segura de que, ao contrarar a consuloria para o
preocesso, fez a melhor escolha baseada nas competências e histórico de sucesso da
contratada.

A filosofia do software ERP acarreta em mudanças culturais e comportamentais de alto


risco, sendo seu custo e complexidade igualmente altos. Daí a importância de analisar e
ponderar sobre a relação custo x benefício da aquisição, levando em conta o tamanho da
organização e aplicabilidade do sistema.
31

1.8. Conceito de Cultura Organizacional

Para que se possa compreender o conceito de cultura organizacional é necessário partir


do princípio, o conceito de organização. Para melhor compreendermos este conceito,
podemos descrever da seguinte maneira “uma organização é a coordenação de diferentes
atividades de contribuintes individuais com a finalidade de efetuar transações planejadas
com o ambiente” (CHIAVENATO, 1999). Percebe-se que os indivíduos são referenciados
como contribuintes das organizações, em vez de estarem nas organizações. Através desta
colocação é permitido vislumbrar que nas organizações, cada indivíduo participa do grupo
com suas experiências, suas crenças, seus anseios, seus valores, seus comportamentos
formando uma identidade ímpar.

Do outro lado, o ambiente em que a organização está inserida, proporciona elementos


que implicam na forma de como estas contribuições são reconhecidas e transformadas,
permitindo que a organização sobreviva como organismo mais amplo. Esta relação, entre o
meio e as contribuições individuais vem a formar a Cultura Organizacional.

Podemos citar ainda que “dá-se o nome de cultura organizacional ao modo de vida
próprio que cada organização desenvolve em seus participantes” (CHIAVENATO, 1999).
Os valores e crenças disseminadas, as tradições e hábitos que são reconhecidas pelos
indivíduos formam o modo como a organização será vista e reconhecida no meio em que está
inserida. Neste sentido o meio não é estático e permanente, mas sim pelo contrário, vive em
constantes mudanças, logo a estrutura de uma organização precisa também ser dinâmica.

1.9. Fatores Críticos de Sucesso

Os fatores mais importantes para que a implantação do sistema seja um sucesso tanto na
parte técnica quanto na comportamental são: participação ativa da alta gerência; gerenciar as
mudanças buscando reduzir o “medo” dos usuários pouco informados; identificar os usuários
chave, que são indispensáveis em seus respectivos departamentos; escolher com segurança
para Gerente do Projeto (Gerente-Usuário) um profissional experiente e respeitado; planejar e
realizar treinamentos; definir claramente os diversos papéis na implementação do sistema
através da união de conhecimentos e esforços para o alcance do sucesso; adaptar o sistema à
empresa e vice-versa, refletindo sobre a realidade atual da empresa ou a utilização das
32

melhores práticas e know-how (escolher a consultoria adequada; garantir a qualidade; e


simplificar em todos os sentidos: na definição de modelos, no desenho da solução, nos
terinamentos e na própria implementação do sistema) (ARMELIM, BITTENCOURT,
NUNES, & ALVES, 2009).

Para tornar a utilização do novo sistema amigável aos usuários é necessário durante a
implantação, realizar treinamentos, auditoria operacional e manualização sistêmica. Os
treinamentos de usuários finais é uma tarefa fundamental e demorada devendo, portanto, ser
considerada desde o início do projeto. O tempo de treinamento do ERP é mais elevado do que
um treinamento em uma aplicação única. O planejamento das pessoas que serão terinadas, o
local, a preparação do material a ser utilizado, a definição dos instrutores e as datas de
realização dos treinamentos são fatores que devem ser tratados com bastante antecedência
(ARMELIM, BITTENCOURT, NUNES, & ALVES, 2009).

1.10. Projeto de Implantação de um ERP

As organizações executam um trabalho e este trabalho envolve serviços continuados


e/ou projetos, embora possa haver superposição dos dois. Serviços continuados e projetos
possuem muitas características comuns: por exemplo, ambos são:
• Executados por pessoas;
• Restringidos por recursos limitados;
• Planejados, executados e controlados.

Projetos são frequentemente implementados com meios de realizar o plano estratégico


da organização. Serviços continuados e projetos diferem principalmente porque enquanto os
primeiros são contínuos e repetitivos, os projetos são temporários e únicos. Assim, um projeto
pode ser definido em termos de suas características distintas – um projeto é um
empreendimento temporário com o objetivo de criar um produto ou serviço único.
Temporário significa que cada projeto tem um começo e um fim bem definidos. Único
significa que o produto ou serviço produzido é de alguma forma diferente de todos os outros
produtos ou serviços semelhantes. Para muitas organizações, projetos são o meio de responder
a requisitos que não podem ser atendidos através dos limites normais de operação da
organização (PMI, 2006).
33

Os projetos são desenvolvidos em todos os níveis da organização. Eles podem envolver


uma única pessoa ou milhares delas. Podem durar poucas semanas ou mais de cinco anos. Os
projetos podem envolver uma unidade isolada da organização ou atravessar as fronteiras
organizacionais, como ocorre com consórcios e parcerias. Os projetos são os meios pelos
quais as estratégias são implementadas (PMI, 2006).
Pode-se citar como exemplo de projetos:
• Desenvolver um novo produto ou serviço;
• Implementar uma mudança organizacional a nível de estrutura, de pessoas ou de
estilo gerencial;
• Planejar um novo veículo de transporte;
• Desenvolver ou adquirir um sistema de informação novo ou modificado.
• Construir um prédio ou instalações;
• Desenvolver um sistema de abastecimento de água para comunidades em
desenvolvimento;
• Implementar um novo processo ou procedimento organizacional.

1.11. Produto, Serviço ou Resultado Único

Os projetos envolvem o desenvolvimento de algo que nunca foi feito antes, e que é,
portanto único. Um produto ou serviço pode ser único mesmo considerando que já tenha sido
desenvolvida uma infinidade de produtos/serviços em sua categoria. Um exemplo fácil que
podemos destacar é a incontável quantidade de edifícios que já foram construídos, mas cada
nova unidade que é lançada é única, seja ela de um proprietário diferente, projeto próprio,
localização específica, construtor diferente, e assim por diante (PMI, 2006).

Através deste conceito podemos perceber que as presenças de fatores repetitivos não
mudam a característica intrínseca de unicidade do esforço global do trabalho do projeto.
Como exemplo, cita-se:
• Um projeto para desenvolver um novo tipo de avião comercial pode requerer
uma série de protótipos;
34

• Um projeto para liberação à população de um novo medicamento, pode requerer


milhares de doses da droga para distribuição em testes clínicos;
• A construção de um conjunto habitacional pode incluir centenas de unidades
individuais.

1.12. Gerência de Projetos

A gerência de projetos é a aplicação de conhecimentos, habilidades, e técnicas para


projetar atividades que visem atingir os requerimentos do projeto. O gerenciamento do projeto
é acompanhado através do uso de processos como: iniciação, planejamento, execução,
controle e encerramento (PMI, 2006). A equipe de projeto gerencia o trabalho do projeto e o
trabalho tipicamente envolve:

• Demandas concorrentes: escopo, tempo, risco e qualidade;


• Partes envolvidas com diferentes necessidades e expectativas;
• Identificação de requerimentos.

É importante notar que muitos processos dentro da gerência de projetos são


naturalmente iterativos, isto é, em parte, devido a existência e a necessidade da elaboração
progressiva no projeto durante todo o ciclo de vida do projeto, e logicamente quanto mais
conhecimento na área, melhor você é capaz de gerenciá-lo (PMI, 2006).

O termo gerência de projetos é algumas vezes usado para descrever uma abordagem
organizacional para gerenciamento dos processos operacionais contínuos. Esta abordagem,
mais conhecida como gerência por projetos, trata muitos aspectos dos serviços continuados
como projetos, objetivando aplicar também a eles, os conceitos de gerência de projetos.
Embora seja óbvia que o conhecimento da gerência de projetos é essencial para uma
organização que a aplica uma discussão detalhada desta abordagem não é o foco deste
trabalho (PMI, 2006).
35

1.13. Áreas de Conhecimento da Gerência de Projetos

As áreas de conhecimento da gerência de projetos descrevem os conhecimentos e


práticas em gerência de projetos em termos dos processos que as compõem. Estes processos
estão organizados em nove áreas de conhecimento, descritos abaixo e como ilustrado na
Figura 14 (PMI, 2006).
• Gerência da Integração do Projeto – trata os processos necessários para assegurar que os
diversos elementos do projeto sejam adequadamente coordenados. É composto pelo
desenvolvimento do plano do projeto, execução do plano do projeto e controle integrado
de mudanças (PMI, 2006).
• Gerência do Escopo do Projeto – trata os processos necessários para assegurar que o
projeto contemple todo o trabalho requerido, e nada mais do que isso, para completar o
projeto com sucesso. É composto pela iniciação, planejamento do escopo, detalhamento
do escopo, verificação do escopo e controle de mudanças do escopo (PMI, 2006).
• Gerência do Tempo do Projeto – trata os processos necessários para assegurar que o
projeto termine de acordo com o prazo previsto. É composto pela definição das
atividades, sequenciamento das atividades, estimativa da duração das atividades,
desenvolvimento do cronograma e controle do cronograma (PMI, 2006).
• Gerência do Custo do Projeto – trata os processos necessários para assegurar que o
projeto seja completado dentro do orçamento previsto. É composto pelo planejamento
dos recursos, estimativas dos custos, orçamento dos custos e controle dos custos (PMI,
2006).
• Gerência da Qualidade do Projeto – trata os processos necessários para assegurar que as
necessidades que originaram o desenvolvimento do projeto serão satisfeitas. É
composto pelo planejamento da qualidade, garantia da qualidade e controle da qualidade
(PMI, 2006).
• Gerência dos Recursos Humanos do Projeto – trata os processos necessários para
proporcionar a melhor utilização das pessoas envolvidas no projeto. Ele é composto
pelo planejamento organizacional, montagem da equipe e desenvolvimento da equipe
(PMI, 2006).
• Gerência das Comunicações do Projeto – trata os processos necessários para assegurar
que a geração, captura, distribuição, armazenamento e pronta apresentação das
informações do projeto sejam feitas de forma adequada e no tempo certo. É o composto
36

pelo planejamento das comunicações, distribuição das informações, relato de


desempenho e encerramento administrativo (PMI, 2006).
• Gerência dos Riscos do Projeto – trata os processos que dizem respeito à identificação,
análise e resposta a riscos do projeto. É composto pelo planejamento da gerência de
risco, identificação dos riscos, análise qualitativa de riscos, análise quantitativa de
riscos, desenvolvimento das respostas aos riscos e controle e monitoração de riscos
(PMI, 2006).
• Gerência das Aquisições do Projeto – trata os processos necessários para a aquisição de
mercadorias e serviços fora da organização que desenvolve o projeto. É composto pelo
planejamento das aquisições, preparação das aquisições, obtenção de propostas, seleção
de fornecedores, administração dos contratos e encerramento do contrato (PMI, 2006).

Na Figura 14 pode-se verificar uma visão geral da gerência de projetos.


37

Figura 14 - Visão geral das Áreas de Conhecimentos e dos Processos

Fonte: (PMI, 2006)

1.14. Plano de Projeto

O plano do projeto é um documento aprovado formalmente, utilizado para gerenciar e


controlar a execução do projeto. O cronograma do projeto lista as datas planejadas para a
38

execução das atividades e para encontrar os marcos identificados neste plano. O plano e o
cronograma devem ser distribuídos seguindo o que ficou definido pelo plano de gerência de
comunicações. Em alguns casos, pode ser utilizado o termo plano integrado do projeto para
referenciar este documento (PMI, 2006).

Há varias maneiras de organizar e apresentar o plano do projeto, o qual em uma maneira


geral inclui alguns itens, destacados abaixo:

• Descrição da abordagem ou estratégia da gerência de projetos;


• Declarações de escopo que incluem os objetivos e os subprodutos do projeto;
• Estimativas de custos, datas programadas para início e fim das atividades e
atribuições de responsabilidade para cada subproduto;
• Documentos base de medição de desempenho para escopo técnico, cronograma
e custo;
• Principais marcos e suas datas previstas;
• Mão de obra chave ou necessária e sua expectativa de custo e/ou esforço.

1.15. Execução do Plano de Projeto

Para a execução do plano de projeto é importante salientar algumas etapas a serem


seguidas, indicadas na metodologia geral de implantação de projetos (PMI, 2006). O plano de
execução está dividido em cinco etapas, sendo elas:
• Plano de Projeto;
• Detalhes de Suporte;
• Políticas Organizacionais;
• Ações Preventivas;
• Ações Corretivas.
39

1.16. Ferramentas Técnicas para Execução do Plano de Projeto

As ferramentas técnicas consistem em metodologias e habilidades para a execução do


plano. Podemos constar que ao iniciar esta etapa, é importante seguir alguns fatores essenciais
(PMI, 2006).

A habilidade da administração geral engloba a liderança, comunicação e negociação,


sendo essencial para uma efetiva execução do plano.

As habilidades técnicas e o conhecimento do produto devem estar contemplados na


equipe do projeto. Estas habilidades necessárias são definidas como parte do planejamento e
são providas durante o processo de alocação de pessoal.

O sistema de autorização do trabalho é um procedimento formal para sancionar o


trabalho do projeto tendo por objetivo assegurar que o trabalho seja feito no tempo certo e na
sequência adequada. Tipicamente é utilizado o mecanismo de uma autorização escrita para
começar o trabalho (PMI, 2006).

Uma ferramenta muito importante é a reunião de revisão de status (Status Report), as


quais são encontros planejados com acontecimento regular e tendo por objetivo a troca de
informação sobre o projeto. Na maioria dos projetos estas reuniões são periódicas e envolvem
diversas áreas da empresa. O objetivo de envolver as áreas da empresa é uniformizar as
informações de desenvolvimento do projeto para todos os gestores, possibilitando assim uma
integração mais efetiva da empresa com o projeto.
40

2. IMPLANTAÇÃO DO MÓDULO PP-LOVC NA EMPRESA


KEPLER WEBER

2.1. A Empresa

A Kepler Weber S/A é uma empresa que atua no setor de agronegócios, na etapa pós
colheita da cadeia produtiva de grãos. A companhia fabrica equipamentos para armazenagem,
beneficiamento e movimentação de granéis, sendo especializada no desenvolvimento de
soluções completas em armazenagem para seus clientes.

O portfólio de produtos é constituído por silos metálicos, transportadores horizontais e


verticais, secadores e máquinas de limpeza de grãos.

A carteira de clientes da empresa é constituída dos mais variados consumidores destes


produtos, como por exemplo Trading Companies, cooperativas, indústrias de
beneficiamento/industrialização de alimentos, bem como produtores de grãos de médio e
grande porte, sendo que para qualquer solução são desenvolvidos projetos sob medida no
sistema turn key.

A companhia é de capital aberto, possuindo duas plantas fabris instaladas


respectivamente em Panambi – RS e Campo Grande – MS, está no mercado a mais de 85
anos, sendo há mais de 40 anos exportadora e líder no setor na América do Sul.

2.2. Seleção do Novo ERP

A empresa está atualmente em constante desenvolvimento e com o mercado agrícola em


crescimento ascendente, com isso verificou-se a necessidade de realizar melhorias em seu
sistema de informação.

O processo de seleção do novo ERP da organização passou por diversas etapas, sendo
uma delas a abertura e solicitação de cotação do software, onde as empresas interessadas no
41

fornecimento deveriam realizar um estudo dos processos existentes e elaborar uma proposta
técnica para a sua solução.

Cada consultoria realizou seu estudo e entregou uma proposta para a empresa,
indicando o que seu software atenderia e quais suas possíveis melhorias a um determinado
prazo. Através destas propostas, foi verificado que o sistema ERP que atenderia as
expectativas estipuladas no início do processo seletivo seria o SAP ECC 6.0.

As expectativas da companhia são relacionadas quanto a compatibilidade com o


mercado de negócio, qualidade e segurança da informação, volume de dados gerados pela
mesma. A empresa vem em uma ascensão no mercado e possui uma visão de negócio muito
audaciosa, e para que isso seja de possível execução, a segurança de informação e fluxo de
dados é extremamente importante.

A companhia espera que o novo sistema possa, além de uma maior segurança na
informação, possa também permitir mudanças em sua forma de trabalho, pois historicamente
a empresa possui muitas informações desatualizadas, as quais interferem significativamente
na sua operação.

Um fator que pode ser levado em consideração e que possui muita influência na seleção
do novo ERP é o mercado de ações, visto que a organização é de capital aberto, os acionistas
visam o lucro, e o novo ERP possui atualmente uma forte imagem no mercado de ações.

2.3. Metodologia Selecionada para Implantação

Posteriormente do processo de seleção do software ERP para a companhia, iniciou-se a


seleção e estudo das metodologias de implementação disponíveis no mercado. Através da
ajuda de consultorias, pode-se concluir que, para um projeto de implantação SAP a melhor
metodologia a ser seguida seria a ASAP (As Soon As Possible), que significa em português,
assim que possível.

Esta metodologia foi escolhida pelo fato de ser desenvolvida pela própria criadora do
ERP, buscando as melhores práticas e aumentando assim a probabilidade de sucesso do
projeto.
42

2.4. ASAP

Em 1996, a SAP introduziu o Accelerated SAP, a metodologia de implementação do


sistema SAP, com o objetivo de diminuir o tempo de implementação dos projetos em uma
organização. O ASAP é uma metodologia estruturada que facilita adesão dos utilizadores ao
sistema com um “roadmap” bem definido, eficiente documentação nas várias fases que a
compõem. A metodologia ASAP possibilita aos novos clientes utilizar a experiência e
conhecimentos adquiridos pelas milhares de implementações a nível mundial. O ASAP
unifica todo um processo de implementação, de modo a alcançar a missão crítica das
funcionalidades do negócio da organização.

O centro da metodologia ASAP é o “roadmap”, um processo com cinco etapas que


apoiam a empresa, desde a preparação inicial até à conclusão do projeto com a entrada em
produção. A Figura 15 representa a baseline da metodologia ASAP, enquanto a Figura 16
demonstra a estrutura da metodologia ASAP.

Figura 15 - Baseline da metodologia ASAP.

Fonte: [Apresentação de Kickoff Projeto Implantação Bayer – Módulo PP]

As cinco fases que a compõem são:


• Preparação do Projeto;
• Análise dos Processos de Negócio;
• Realização;
• Preparação Final;
• Entrada em Produção e Suporte.
43

Figura 16 - Estrutura da Metodologia ASAP

Fonte: (ESTEVES J., 1999)

Os componentes que se destacam nesta metodologia são os roadmap de implementação,


plano do projeto, melhorias contínuas, ferramentas e aceleradores, área de conhecimento,
procedimentos dos processos de negócio e base de dados de perguntas e respostas.

O ASAP fornece um guia passo a passo com as atividades paralelas e orientadas por
processos dentro de cada fase necessária à implementação, servindo-se de uma base de dados
de informação gerada durante todo o projeto.

2.5. Estrutura do ASAP

As fases que compõem esta metodologia também são conhecidas por ASAP roadmap
são definidas através da Tabela 1.
44

Tabela 1 – Estrutura da Metodologia.


Fases de
Descrição
Implementação
O objetivo desta fase é definir o início do projeto, identificando os elementos da
equipe e o desenvolvimento do plano de trabalho. Oficialmente o perâmbulo dos
trabalhos é marcado com uma reunião chamada Kickoff, onde estão presentes
Preparação do todos os intervenientes do projeto e se clarificam as funções e responsabilidades
Projeto de cada um dos elementos.
No preparar da implementação são definidos as metas e objetivos, esclarecimento
do âmbito e a estratégia de implementação, planejamento e sequência geral e o
estabelecimento da organização.
Consiste em criar uma análise de processos de negócio, que se caracteriza numa
descrição pormenorizada dos resultados das entrevistas (Workshops) entre os
Análise dos consultores funcionais e os utilizadores chaves (Key-Users). Dessa forma são
documentadas as exigências do processo de negócio da organização através duma
Processos de Negócio ferramenta de perguntas e respostas, baseadas num fluxo de documentos. Tendo
por base a documentação compilada atinge-se um entendimento comum de como
a organização pretende gerir seus negócios no sistema SAP.
Desenvolve-se um modelo de estado futuro, de uma forma integrada e de acordo
com as soluções documentadas nos processos de negócio do cliente. Cada um dos
Realização processos analisados na fase anteior é parametrizado, testado, validado e
documentado de um modo clínico. Conceitualmente o processo de refinamento é
interativo, em que se obtém um resultado através das várias repetições, até à
obtenção de resultados satisfatórios das necessidades declaradas.
O intuito desta fase é concluir a preparação final, estratégia de arranque, migração
dos dados de negócio, teste, treino dos utilizadores, administração do sistema,
preparação da saída dos consultores, de modo a finalizar os pendentes para o
início em produtivo. A preparação final serve para resolver todas as atividades
Preparação Final cruciais que estão pendentes. A conclusão bem-sucedida desta fase, irá permitir ao
utilizador as condições necessárias ao sistema ativo SAP. A SAP contempla um
serviço de testes que permite que especialistas da própria SAP inspecionem
remotamente o sistema e avalia potenciais problemas, disponibilizando
recomendações para a sua otimizações.
Esta etapa é marcada pelo culminar de um ambiente pré-produtivo para o início
oficial do sistema em produtivo. É necessário preparar uma organização de
suporte para os utilizadores, não só nos primeiros dias críticos das operações
Entrada em produtivas, mas para fornecer um suporte a longo prazo. O principal produto do
Produtivo e Suporte ASAP utilizado é a avaliação do desempenho do sistema.
Desta forma dá-se o projeto como concluído, passando a organização a ser
responsável pela sobrevivência do sistema onde poderão haver mudanças
contínuas de reengenharia de processos.
Fonte: (PMI, 2006)
45

2.6. Vantagens da utilização da Metodologia ASAP

O ASAP preocupa-se muito com o To-Be, como vai ser a organização, ao contrário das
outras metodologias que evidenciam a necessidade de uma análise do As-Is, como é
atualmente, bem como a necessidade de uma definição clara de quais objetivos do projeto.

A metodologia do ASAP é uma metodologia muito bem estruturada no que se refere às


tarefas a realizar, possivelmente excessivamente detalhada no que se refere ao número de
tarefas do ponto de vista de projetos de implementação em pequenas e médias empresas. O
ASAP possui uma grande vantagem no quesito de exigência de uma maior disciplina e
organização por parte da equipe do projeto.

Devido ao seu desenvolvimento e criação ser realizado pela própria SAP, a metodologia
ASAP torna o projeto de implantação mais efetivo, no caso de implantação do ERP SAP.
46

3. PROJETO 3D KEPLER WEBER

A implantação do novo ERP na empresa teve como marco inicial o nome do projeto.
Projeto 3D foi o nome dado a este plano de implantação, cuja nomenclatura destaca as três
dimensões que são os principais fatores críticos do sucesso para uma implantação de Sistemas
de Gestão (ERP).
São elas:
• Pessoas;
• Processos;
• Tecnologia.

Através de uma entrevista com o gerente de projeto, o mesmo cita que a empresa
acredita que as três dimensões trabalhando de forma integrada formam o tripé de sustentação,
execução e entrega das estratégias corporativas, conforme ilustrado na Figura 17.

Figura 17 - Logotipo do Projeto 3D Kepler Weber.

Fonte: [Material Interno de Treinamento do Projeto 3D – Kepler Weber S/A].


47

3.1. Objetivo do Projeto

Pode-se verificar nas bibliografias disponibilizadas por empresas de diversas áreas de


casos que possuíram um tempo de implantação do ERP muito acima do esperado
inicialmente, sendo isto um ponto muito importante a ser considerado, pois através destes
casos é possível tentar evitar cometer os mesmos erros em um novo projeto.

Quando um projeto está na sua fase de concepção e elaboração é necessário especificar


estritamente os objetivos que se deve alcançar em um determinado período de tempo. Os
objetivos são extremamente importantes para que o projeto tenha um foco único, assim
demandando toda a mão de obra disponibilizada para atingi-lo.

No caso estudado detaca-se que os objetivos principais do projeto de implantação foram


definidos para que estivessem atingidos após determinados períodos de tempos após o Go
Live. São os seguintes:

Um mês após Go Live:


• Todos os processos da organização deverão estar operacionais.

Pode-se verificar que este objetivo é bastante audacioso, visto que quando é realizada a
troca de ERP, é normal que as empresas adotem a implantação por módulos. Há um risco
elevado para que este objetivo possa ser alcançado, pois toda a equipe deve estar totalmente
dedicada e comprometida. A integração dos módulos é um fator que muitas vezes dificulta
uma implantação por completo de todos os processos, pois é comum encontrar problemas
com o saneamento de informações existentes, sendo que cada ERP possui diferentes
classificações dos materiais bem como a quantidade de informações.

No caso estudado, é constatado que a principal demanda de trabalho foi no saneamento


de informações e materiais existentes na empresa.

Um ano após Go Live:


• Melhoria de Processo (redução de despesas operacionais);
• Aumento da Produtividade do Funcionário;
48

• Aumentar a receita/resultado (eficiência de marketing e vendas);


• Melhores Práticas/Controles (gerenciamento de riscos);
• Continuidade dos Negócios / Expansão para novas áreas de atuação.

A implantação do novo ERP faz com que novas metas sejam traçadas na organização,
assim pode-se verificar através dos objetivos em longo prazo que os principais pontos
abordados são em relação à melhoria de processo e aumento da produtividade. Estes objetivos
são compatíveis com o período em que estão estipulados, pois como já mencionado
anteriormente, toda troca de sistema possui um período significativo de adaptação dos
usuários. É válido ressaltar que a resistência da mudança de ERP começa perder espaço em
um período de um ano após a sua implementação.

3.2. Cronograma do Projeto

O Projeto 3D foi dimensionado inicialmente para um tempo total de 9 meses, conforme


demonstrado na Figura 18. A data de Go-Live inicial foi determinada para 06/01/2014.

Figura 18 – Cronograma do Projeto.

Fonte: [Kickoff Operacional Projeto 3D Kepler Weber S/A - 2013].

3.3. Organograma do Projeto 3D

Para um projeto ser bem sucedido é necessário estar bem estruturado e com as posições
na empresa bem definidas, para que as tomadas de decisões sejam rápidas e fáceis de
49

gerenciar. No Projeto 3D, foi desenvolvido um macro organograma do projeto, conforme


Figura 19.

Figura 19 – Macro Organograma Projeto 3D.

Fonte: [Kit Boas Vindas Projeto 3D Kepler Weber S/A – 2013].

3.4. Equipe do Projeto

Para o desenvolvimento do Variant Configuration, foi necessário montar uma equipe


para sua construção e modelagem, devido ao alto volume de trabalho contido nesta
ferramenta. A equipe foi escolhida pelas gerências de cada área de engenharia e também
analisando o perfil profissional de cada colaborador. O trabalho de modelagem e construção
poderia ser realizado por menos pessoas, porém devido ao tempo de implantação ser
relativamente curto, foi necessário alocar mais profissionais para esta tarefa sendo que a
mesma é realizada em tempo integral. A figura 20 mostra os componentes da equipe no
projeto 3D. Da esquerda para a direita: Stevan Haag, Daniel Schmidt, Lenior Dal Cortivo,
Paulo Ott e Reginaldo Leandro Marchione.
50

Figura 20 – Equipe do Projeto

Fonte: O Autor.

3.5. Cut-over

Cut-Over, “é a interrupção total ou parcial da produção dos sistemas substituídos e o


início da operação do novo sistema ERP. É, portanto, um dos marcos, senão o principal do
projeto” (COLANGELO FILHO, 2001).

Para os autores (COLANGELO FILHO, 2001) e (SIEBER, SIAU, NAH, & SIEBER,
1996)as atividades que compõem o Cut-over são: carregamento dos dados, fechamentos dos
sistemas legados e início da produção do sistema ERP. Para que seja possível dar início as
atividades do novo sistema, devem-se realizar as tarefas no menor tempo possível e com
segurança afim de minimizar o impacto da mudança sobre a organização.

O planejamento do modo de Cut-over pode prever a implantação simultânea de todos os


módulos necessários (Big Bang), assim como a implantação por Fases, implantando os
módulos sucessivamente. Outra opção seria a realização de um projeto piloto (Small Bangs),
no qual a implantação seria feita inicialmente em uma unidade menor da empresa para depois
ser estendida às demais unidades.
51

O Cut-over é planejado para acontecer no final do modelamento do novo ERP, onde o


mesmo encontra-se preparado para entrar em operação. É uma data importante e está
diretamente ligada ao Go Live.

3.6. Big Bang

Podemos definir o modo Big Bang (SOUZA & ZWICKER, 1999) como a total
substituição dos sistemas existentes pelo novo sistema ERP, implantando todos os módulos
simultaneamente em todas as unidades da organização. É considerada uma estratégia de alto
risco, pois o grau de mudança é grande em um curto período de tempo. Por outro lado, não há
necessidade do desenvolvimento de interfaces para a comunicação com o novo sistema
(SOUZA & ZWICKER, 1999).

Através das bibliografias consultadas, pode-se verificar que este método é inicialmente
utilizado pelas empresas como inicio do processo de Cut-over, pelo fato de parecer menos
custoso. Porém verifica-se que em muitas das organizações que optaram por este método
possuem um alto índice de descontinuidade do projeto neste modo.

É constatado que neste modelo de Cut-over a maior dificuldade das organizações é o


fato de que os sistemas legados não estão mais operacionais, fazendo com que esta fique de
certa forma, desprotegida durante o período de implantação.

3.7. Small Bangs

Para o modo Small Bangs (SOUZA & ZWICKER, 2000), deve-se escolher “uma
unidade de negócio ou localidade de menor porte ou importância para o início simultâneo da
operação”, isto é, “a implantação é realizada com base na configuração de uma outra
implantação” (COLANGELO FILHO, 2001). Dessa maneira, é possível obter experiência na
implantação sem comprometer demasiadamente o negócio da empresa. Este modo é muito
utilizado em empresas que possuem mais de uma unidade de negócios ou em implantações
que envolvem muitos países.

Cabe salientar que o modo Small Bangs pode ser utilizado em combinação com outros
modos apresentados. Após a organização utilizar o modo Small Bangs, cabe a ela executar o
52

próximo passo estabelecido na estratégia de implantação. Neste momento pode ser utilizado o
modo Big Bang ou modo Fases.

3.8. Fases

O modo Fases (SOUZA & ZWICKER, 2000) é definido por “implementar inicialmente
um módulo ou grupo de módulos em uma ou mais localidades da empresa. Após esta
implementação inicial o projeto prossegue com o próximo grupo de módulos e localidades”.

Neste modo de Cut-Over, o risco é reduzido se comparado ao Big Bang. Entretanto,


existem aspectos negativos associados a ele. Um deles é o custo elevado, pois há a
necessidade do desenvolvimento de interfaces para a comunicação do sistema legado com o
novo sistema. Essas interfaces serão inutilizadas à medida que os outros módulos forem sendo
implantados. Outro aspecto a considerar é o tempo de duração do projeto, que neste caso, é
maior que o tempo que seria utilizado no modo Big Bang (COLANGELO FILHO, 2001)
(SOUZA & ZWICKER, 2000).

3.9. Pontos Fortes e Fracos dos modos de Cut-over

Na Tabela 2 é possível verificar uma tabela com os pontos fortes e fracos dos modos de
início de operação de um sistema ERP.

Tabela 2 – Pontos fortes e fracos dos modos de Cut-over

Pontos Fortes Pontos Fracos

• Há uma maior motivação para • Possibilidade de parar a


enfrentar os momentos iniciais da empresa, caso haja problemas
operação. com o novo sistema.
• Elimina a necessidade de construção • É muito difícil voltar para o
Big de interfaces. sistema antigo.
Bang • Cria um “senso de urgência” que • Grande necessidade de esforço
facilita o estabelecimento de por parte da equipe na etapa de
prioridades. estabilização.
• Ocorre uma grande mudança
em um curto período de tempo.
53

• Há mais motivação para enfrentar os • É difícil voltar para o sistema


momentos iniciais da operação. anterior.
• Cria um “senso de urgência” • Há a necessidade de
Small
facilitando o estabelecimento de construção de interfaces.
Bang
prioridades.
• Facilita a implementação em vários
países.
• Menor possibilidade de parar a
Há a •necessidade de
empresa. construção de interfaces.
• • Não há o envolvimento
Maior possibilidade de “voltar
atrás”. simultâneo de toda a empresa.
• Não consideração, nos
Fases primeiros módulos, das
necessidades dos módulos
seguintes.
• Custo elevado
• Maior tempo de duração do
projeto.
Fonte: (ARAUJO, MATTOS, SANTOS, RODRIGUES, SILVA, & TAMAE, 2005)

3.10. Escolha do modo de Cut-over no Projeto 3D

Dentre os modos citados e existentes a organização realizou um estudo para verificar


em qual módulo se encaixaria da melhor forma possível. Foi constatado que devido aos
sistemas legados estarem em bom funcionamento, com uma taxa de informação relativamente
boa, o método ideal de Cut-over seria o modo de Fases.

O modo de Fases foi escolhido por se encaixar nas características que a empresa possui
como, tempo de projeto, valor para implantação, mão de obra e menor risco de implantação
do novo sistema. Através de entrevistas com os gestores, pode-se constatar que o maior
parâmetro pelo qual a organização decidiu optar pelo método de Fases foi o risco de
implantação.

Esta característica é compatível com o objetivo do projeto, já traçado anteriormente,


sendo ele “estar operacional após a virada do sistema”. A determinação “estar operacional”
significa que todos os processos da empresa, sejam eles legado ou novos, devem estar
funcionando completamente.
54

Devido ao alto faturamento da organização, a mesma necessita que o faturamento e as


entregas dos produtos aos clientes não sofram impactos, podendo assim prejudicar seu ano
fiscal e até mesmo impactando na perda de alguns clientes, pelo fato de não estar atendendo
as demandas nos prazos determinados.

3.11. O módulo PP/LOVC

O Variant Configuration (VC) é um módulo do sistema SAP que permite a seleção de


vários componentes (materiais) através da resposta de características pré-definidas. Estes
componentes fazem parte de um produto ou equipamento ao qual será realizada a sua
produção posteriormente.

Este cenário de configuração de variantes demonstra o processamento da ordem de um


determinado cliente com materiais, contendo valores característicos pré-selecionados
(variantes do material) e componentes produzidos de acordo com as quantidades de vendas
planejadas para as determinadas variantes.

Um exemplo clássico que se pode demonstrar é quando uma pessoa tem a intenção de
adquirir um veículo, onde a mesma tem a possibilidade de escolher várias características e
combiná-las conforme suas necessidades entre elas podem citar as mais conhecidas como:
- Cor;
- Motorização;
- Ar Condicionado;
- Direção Hidráulica;
- Tamanho das Rodas;
- Farol de Neblina;
- Computador de Bordo;
- Etc.

No Projeto 3D, este módulo será utilizado para a modelagem de dezesseis equipamentos
que atualmente fazem parte do escopo comercial padrão da organização. São eles:

- Silos Armazenadores;
55

- Silo Granja KWDR;


- Silo Chapa Lisa;
- Rosca Varredora;
- Secadores;
- Fornalha;
- Máquinas de Limpeza;
- Roscas Transportadoras;
- Correias Transportadoras;
- Transportador de Corrente;
- Elevador Agrícola;
- Canalização;
- Tulhas Metálicas;
- Estaiamento;
- Galeria metálica;
- Estruturas Metálicas.

O modelamento dos produtos no Variant Configuration consiste em criar perguntas e


possíveis respostas, a fim de determinar as características técnicas construtivas do
equipamento a ser vendido/fabricado. Isto é necessário quando uma organização possui
produtos com diversas características ou opcionais disponíveis para o cliente. Esta ferramenta
possibilita que o cliente escolha o seu produto de forma mais rápida e eficiente.

Para ter-se uma ideia, a gama de configuração dos produtos da Kepler Weber S/A é
extremamente grande. É possível constatar tal fato, aplicando um cálculo de possibilidades
para um equipamento teoricamente simples, Elevador Agrícola, que atualmente possui mais
de 75 milhões de possibilidades disponíveis em sua forma standard. Para que isso possa ser
gerenciado e de fácil escolha, o Variant Configuration é construído atendendo todas estas
possibilidades de todos os equipamentos da linha padrão.

As possibilidades citadas, são de forma mais simplificada, possíveis configurações em


que pode ser construído um Elevador Agrícola. Isso faz com que a produção seja
extremamente eficiente e que todas as áreas da organização estejam em perfeita sincronia.
56

Podemos dizer ainda que, para atender toda a linha de produtos da organização seria
necessário realizar cerca de 7,5 bilhões de configurações (valor estimado).

O configurador de produtos é atualmente utilizado por toda a área comercial da


organização, sendo uma ferramenta muito poderosa para a realização de cotações e vendas
para clientes a qualquer momento. Sua flexibilidade permite que o setor de vendas escolha
com facilidade o produto que o cliente deseja, realizando sua configuração em tempo real.

Devido a grande variação de produtos, seria praticamente impossível a organização


trabalhar, por exemplo, com uma lista de preços, pois seria extremamente insensato possuir
75 milhões de opções impressas de modelos de produtos para o cliente escolher a desejada.

3.12. Variant Configuration

A configuração de variantes, como é tecnicamente chamada na linguagem SAP, destina-


se à fabricação de produtos extremamente complexos. O fabricante, neste caso a empresa
Kepler Weber, necessita sempre oferecer novas variantes (características) de seus produtos.
Isso denomina-se a evolução constante dos produtos disponíveis no portfólio da empresa,
ocasionando a constante criação de novas variantes para os produtos (Sap Help). Na Figura 21
é possível analisar o mapa de modelagem do configurador.
57

Figura 21 – Mapa de Modelagem do Configurador.

Fonte: [Material de Treinamento Consultoria Complex – Projeto 3D Kepler Weber – 2013].

3.13. Lista Técnica e Super BOM

Para que se possa controlar de forma eficiente a produção de qualquer produto, é


necessário possuir um controle eficiente de todos os componentes que são produzidos ou
comprados para a montagem completa do produto. Desde uma empresa de pequeno até uma
de grande porte, os produtos são cadastrados em um sistema, onde são codificados
singularmente.

Um produto possui uma quantidade muito variada de componentes, sendo estes


selecionados através do configurador de produtos. Super BOM é o nome técnico dado a lista
de componentes total de um produto, ou seja, todos os componentes que podem ser utilizados
para a produção de um determinado produto.

A lista técnica é o resultado obtido através de uma configuração de variantes, sendo esta
totalmente dinâmica e variável. Consiste basicamente na organização dos componentes da
58

Super BOM de acordo com os valores de características escolhidos pelo usuário. O Lista
Técnica é a lista de componentes que é disponibilizada para a fabricação.

3.14. Modelagem e Construção de um Configurador de Produtos

Para que se possa iniciar o processo de modelagem e construção de um configurador de


produtos é extremamente importante possuir um estudo detalhado do produto a ser modelado,
sendo que neste é necessário contemplar todos os seus dados construtivos e características
técnicas. Do contrário, a modelagem e a definição de características do produtos caminhando
juntas, tendem a retardar o tempo de trabalho para uma mesma tarefa. Desta forma, este
estudo do produto é chamado de Mapa do Configurador.

O mapa do configurador é elaborado pelo Engenheiro/Projetista responsável pelo seu


desenvolvimento, onde o mesmo consta todas as suas variações e possibilidades construtivas.

O início da modelagem e construção de um configurador de produtos tem como base o


estudo do material didático do software em que o mesmo está sendo construído. No sistema
SAP, este material elaborado pela própria SAP e em alguns casos por consultorias.

A construção do configurador de produtos possui algumas etapas que devem ser


seguidas, possibilitando assim um resultado final satisfatório. Neste caso, será apresentado
apenas a sua forma de construção, lembrando que o processo por completo possui várias
integrações com diversos módulos do sistema, os quais não estarão sendo tratados neste
estudo de caso.

As principais etapas para que se possa construir um configurador de produtos no SAP


são as seguintes:
• Processo de Modelo de Configuração;
• Definição das Características;
• Definição das Classes;
• Classificação dos Materiais;
• Perfil de Configuração;
59

• Funções Adicionais:
• Manter Tabelas;
• Atualizar Registros em Tabelas;
• Manter Dependências;
• Manter Rede de Dependências;
• Gerenciar Configurador.

3.15. Modelo de Configuração

O modelo de configuração é a primeira etapa da construção de um configurador. Neste


processo é necessário definir o sistema de classificação das características que serão utilizadas
bem como seus respectivos valores. O modelo de configuração consiste em criar uma
característica e atribuir seus possíveis valores, sendo que esta característica deve representar
uma informação relevante do material, identificando de alguma maneira.

É importante criar regras para a modelagem, seguindo um padrão construtivo, pois o


mesmo permite que posteriormente seja fácil identificar e diferenciar as características
construídas e onde estão utilizadas.

No Projeto 3D foram determinados alguns parâmetros para que este padrão construtivo
fosse desenvolvido de forma correta. Todas as características criadas seguiram o seguinte
padrão:
- CT_EQUIPAMENTO_CARACTERÍSTICA
Onde:
CT = Característica Técnica
EQUIPAMENTO = Equipamento a ser Modelado
CARACTERÍSTICA = Característica do Equipamento
Exemplo:
CT_EA_MODELO
Onde:
CT = Característica Técnica
EA = Elevador Agrícola
MODELO = Modelo do Elevador Agrícola
60

Após definido a estrutura da nomenclatura da característica, é então iniciado o seu


processo de criação. Para que isto ocorra de forma correta, é necessário parametrizar o
sistema de forma correta. Lembra-se que, para cada implantação de sistema SAP a sua
parametrização pode ser diferente, pois se trata de um projeto singular para uma determinada
empresa.
Na Figura 22 verifica-se um exemplo de como criar uma característica e seus principais
parâmetros. A transação SAP utilizada para realizar este processo é a CT04.

Figura 22 - Criar característica / Dados Básicos.

Fonte: (COMPLEX, 2013).


61

A Tabela 3 traz de forma detalhada os parâmetros citados na Figura 21.


Tabela 3 – Parâmetros para Criação de uma Característica
Nº Campo Descrição Parâmetro
O nome da característica deve ser criado
seguindo uma regra. O sufixo
1 Característica Nome da Característica
normalmente utilizado inicialemente é CT.
É possível utilizar até 30 caracteres.
É um campo livre que permite a descrição
2 Denominação Descrição da Característica
resumida da função da característica.
Deve-se selecionar o grupo para qual esta
característica pertence. Este campo é
3 Grup. Caract. Grupo de Características
parametrizado de forma ímpar para cada
projeto de implantação.
Durante a criação sempre utilizar “0 – Em
Criação”, para evitar que seja colocada em
alguma classe. Após finalizar o
Status da Liberação da
4 Status
Característica
preenchimendo dos dados pode-se mudar
para o status “1 – Liberado”. O status “3 –
Bloqueado” é utilizado para bloquear o seu
uso em uma nova classe.
No configurador de produtos são tratados
somente dois tipos “CHAR” e “NUM”. O
Categoria de Tipo de Dados para os formato CHAR permite que um valor de
5 Dados Valores característica seja alfanumérico enquanto o
formato NUM permite somente valores
numéricos.
É recomendado que a característica seja
criada sempre com o valor máximo de
6 N de Posições Tamanho para os Valores
caracteres. No caso de CHAR utilizar o
tamanho com 30 e NUM utilizar 15.
Caso necessário a diferenciação entre os
Maíusculas / caracteres, é necessário marcar o flag. Nas
7 Minúsculas
Permitir letras minúsculas
bibliografias não é recomendado a
utilização deste recurso.
Apenas um valor poderá ser atribuído se
8 De valor único Valor único
esta opção estiver marcada.
Permite que seja selecionado mais que um
9 Polivalente Múltiplos valores
valor de característica.
Quando selecionada esta opção, a
Característica pode ser característica é habilitada para que seus
10 Restringível
restringível valores possam ser limitados por uma
regra de dependência do tipo constraint.
Entrada É obrigatório informar um Indica que a característica deve,
11 Necessária valor obrigatoriamente, ser respondida.
Esta opção permite informar as regras de
12 Dependência Dependência de Objetos dependência para a característica. Não é
recomendado a sua utilização nesta etapa.
Fonte: (COMPLEX, 2013).
62

As denominações necessárias para o processo de criação de uma característica são


demonstradas através da Figura 23.

Figura 23 – Criar Característica / Denominações.

Fonte: (COMPLEX, 2013).

Na Tabela 4 verifica-se os parâmetros das denominações demonstradas na Figura 23.

Tabela 4 – Parâmetros de Denominação de Criação Característica.


Nº Campo Descrição Parâmetro
1 Idioma Idioma Neste campo pode-se informar diferentes
Descrição da característica descrições para qualquer idioma.
2 Denominação
para o idioma
Fonte: (COMPLEX, 2013).

Os valores de características são adicionados conforme Figura 23.


Figura 24 – Criar Característica / Valores.

Fonte: (COMPLEX, 2013).


63

Os parâmetros do processo de inclusão de valores de característica são determinados


através da Tabela 5.

Tabela 5 - Parâmetros de Valores de Criação Característica.


Nº Campo Descrição Parâmetro
Esta opção é utilizada quando o usuario
Valores
1 Adicionais
Valores Adicionais deseja informar um valor diferente da lista
de valores.
Neste campo pode-se relacionar todos os
valores de características desejado. A
Valores
2 Permitidos
Valores Permitidos opção valor proposto “V” define qual valor
já estará previamente selecionado para a
característica.
Fonte: (COMPLEX, 2013).

Figura 25 - Criar Característica / Restrições.

Fonte: (COMPLEX, 2013).

Este campo (Figura 25) é utilizado para informar quais as classes de materiais que a
característica pode ser utilizada. Caso não seja informado nenhum valor, esta característica
poderá ser utilizada em qualquer classe de material. No caso estudado, as características
criadas não possuem classe definidas, podendo ser utilizada nas diferentes classes de
materiais.

3.16. Definição das Classes

As classes são um parâmetro criado para que seja possível agrupar mais de uma
característica, e posteriormente associar as mesmas em um material configurável. As classes
são extremamente importantes no processo de modelagem, assim é necessário que a sua
criação seja realizada de forma correta e clara.
64

Assim como as características é essencial determinar regras para a sua criação,


permitindo também um padrão construtivo para todos os produtos a serem desenvolvidos. A
parametrização de dados cadastrais é essencial em um processo de modelagem de um
configurador de produtos, pois permite que a sua identificação e manutenção seja mais
simplificada.
No projeto em questão, as classes foram criadas com o seguinte padrão:
- CL_EQUIPAMENTO_VERSÃO

Onde:
- CL = Classe
- EQUIPAMENTO = Equipamento a ser Modelado
- VERSÃO = Versão do Equipamento / Ano do Equipamento

Exemplo:
- CL_ELEVADOR_2014

Onde:
- CL = Classe
- EQUIPAMENTO = Elevador Agrícola
- VERSÃO = 2014

Nas Figuras 26, 27 e 28 verifica-se como é o processo de criação deste parâmetro no


sistema SAP e seus principais parâmetros a serem preenchidos pelo usuário. É válido lembrar
que para cada Projeto de implantação de sistema SAP, as parametrizações podem ser
diferentes, atendendo as necessidades específicas da empresa em questão.

As classes podem ser criadas no sistema SAP a partir da transação CL01, modificadas
na CL02 e disponíveis apenas para exibição na transação CL03.
65

Figura 26 - Criar Classe / Dados Básicos.

Fonte: (COMPLEX, 2013).

Através da Tabela 6 é possível verificar os parâmetros de dados básicos para criar uma
classe.
Tabela 6 – Dados Básicos de Criação de Classe.
Nº Campo Descrição Parâmetro
Neste campo é preenchido a nomenclatura
técnica da classe a ser criada. O padrão de
1 Classe Nome da Classe
nomenclatura pode ser diferente para cada
projeto.
Texto breve que identifica a classe técnica
2 Denominação Denominação da Classe
a ser criada.
Segue a mesma regra definida para as
3 Status Status de liberação
características técnicas.
O grupo é utilizado para agrupar classes
criadas. Deve ser previamente
4 Grupo Grupo de Classes
parametrizado no sistema e definido pela
equipe do projeto.
66

Caso for selecionada a opção “Verificar c/


Validação quando erro” o sistema irá verificar se existe
Mesma
5 Classificação
identificada classificação algum objeto já classificado com os
igual mesmos valores, e não deixará criar
duplicatas.
Fonte: (COMPLEX, 2013).

Após os dados básicos estarem preenchidos, o usuário deve então incluir na classe, as
características criadas anteriormente para o seu produto. Lembra-se que, caso o usuário
esqueça de criar uma característica inicialmente, e finalizar o processo de criação de uma
classe, é possível inserir uma nova característica na classe a qualquer momento.

No estudo realizado, foi utilizado como padrão na modelagem a utilização da validação


da classe como “Verificar c/ erro” para que se alguma classe fosse criada duas vezes o sistema
identificasse e não permitisse a duplicação de informações.

Na Figura 27 verifica-se como são inseridas as características em uma determinada


classe.
Figura 27 - Criar Classe / Inclusão de Características.

Fonte: (COMPLEX, 2013).


67

As características podem ser inseridas manualmente ou podem ser copiadas de uma


planilha eletrônica (Excel). Uma forma simples de agilizar este processo é salvar as
características criadas anteriormente em uma planilha Excel para que nesta etapa não seja
necessário redigitar todas novamente.

Na Tabela 7 está descrito o que significa cada parâmetro no sistema.

Tabela 7 – Parâmetros de Inserção da Característica na Classe.


Nº Campo Descrição Parâmetro
Nestes campos, deve-se incluir todas as
1 Característica Lista de Características características que estarão ligadas a esta
classe.
Caso a característica seja global e por
algum motivo específico é necessário
alterar um parâmetro da mesma apenas
2 Botão Sistema Sobregravar Característica para esta classe, utiliza-se este campo para
sobregravar parâmetros apenas para esta
classe, mantendo os demais para as outras
classes.
Este campo segue os mesmos princípios de
3 Botão Sistema Sobregravar Valores sobregravar características, porém
destinado apenas aos seus valores.
Fonte: (COMPLEX, 2013).

As abas Textos, Documentos e Normas (Txts. Doc. Norm respectivamente indicadas no


sistema) não foram parametrizadas no projeto 3D, não tendo relevância significativa no
processo de modelagem a na sua utilização.

Os últimos parâmetros a serem definidos para criação da classe são os Dados Adicionais
(Figura 28). Este campo é muito importante e contém informações essenciais para a utilização
e modelagem do configurador. Através da Tabela 8 é possível verificar a parametrização para
cada campo mencionado na Figura 28.
68

Figura 28 – Criar Classe / Dados Adicionais.

Fonte: (COMPLEX, 2013).

Tabela 8 – Parâmetros de Dados Adicionais de Criação de Classe.


Nº Campo Descrição Parâmetro
Esta opção é utilizado somente quando é
Perm. em lista
1 Técn.
Permitido em listas técnicas necessário utilizar a classe em uma lista
técnica com nó de classe.
Sempre que a classe for permitida em lista
Componente técnica é recomendado utilizar o este
2 Obrigatório
Componente obrigatório
campo pois o mesmo evita que ocorra
inconsistências na lista técnica.
Neste caso a seleção múltipla permite que
Seleção múltipla de
3 Seleção Múltipla
componentes
sejam selecionados mais que um
componente para a mesma classificação.
Fonte: (COMPLEX, 2013).

No projeto, o campo componente obrigatório foi determinado como padrão para


utilização. O campo seleção múltipla não foi utilizado, pois foi determinado que nenhum
material diferente poderia ser selecionado a partir da mesma classificação.
69

3.17. Classificação dos Materiais

Para que se possa criar um configurador de produtos é necessário possuir um código


KMAT (Material Configurável) para o produto desejado. Este código é específico para o
variant configuration e utilizado para selecionar o produto no início da configuração.

O código é criado a partir de uma série de parâmetros específicos para cada


organização, pois nem todos os dados disponibilizados pelo sistema padrão são utilizados
pelas empresas, assim como alguns dados utilizados pelas empresas não estão atendidos de
forma standard.

No caso da classificação de materiais, vamos utilizar como simulação um código criado


para um Elevador Agrícola, sendo ele K99_EA_14. Foi definido pela equipe de
desenvolvimento que todos os códigos com início K (alfanumérico) seriam códigos apenas
para modelagem em testes e não para um ambiente de produção.

A classificação dos materiais é executada para associar as classes específicas aos


materiais configuráveis e responder as características não configuráveis. Este processo é
executado através da transação MM02, conforme Figura 29.
70

Figura 29 – Classificar Material.

Fonte: (COMPLEX, 2013).

Os parâmetros para classificação do material são determinados através da Tabela 9.


Tabela 9 – Parâmetros de Classificação de Material.
Nº Campo Descrição Parâmetro
Neste campo deve ser informado todas as
classes que serão utilizadas no material
1 Atribuições Atribuições de Classe
criado. Pode-se utilizar mais que uma
classe por material.
Responder as características que não são
Avaliação de
2 Classe
Avaliar Características inferidas pelo configurador e servem de
base para as regras de dependência.
Fonte: (COMPLEX, 2013).
71

3.18. Perfil de Configuração

Nesta etapa é definido como será o perfil da configuração e o seu design interface com o
usuário, bem como definido todos os parâmetros de como a lista técnica ira se comportar
durante a configuração.

O perfil de configuração possui algumas parametrizações standard e que devem ser


seguidas por orientação da SAP. Também é neste processo onde é definido como a lista
técnica será explodida para visualização de seus componentes pelo usuário.

O primeiro passo para que este processo seja de possível execução é criar um perfil de
configuração através da transação SAP CU41. O perfil deve ser criado seguindo as mesmas
premissas técnicas e construtivas de uma característica técnica, conforme já citado
anteriormente.

Pode-se analisar que para um modelamento adequado do sistema, é necessário em cada


etapa do seu processo, desenvolver regras próprias de organização dos dados cadastrais, pois
permite assim um controle muito efetivo das informações que estão sendo abastecidas no
sistema. É orientável que na fase de preparação do projeto seja desenvolvido estas regras
através dos materiais disponibilizados pela SAP. Estes materiais podem ser encontrados
através do site oficial da empresa ou através da consultoria de implantação.

Na Figura 30 é demonstrado como é realizado a criação do perfil de configuração:


Figura 30 - Criar Perfil de Configuração.

Fonte: (COMPLEX, 2013).


72

Primeiro passo a ser realizado é informar para qual material é desejado ser criado o
perfil de configuração, conforme mostrado acima.

Posteriormente é informado o nome do perfil e o seu tipo de classe, demonstrado na


Figura 31 e detalhado na Tabela 10.

Figura 31 - Criar Perfil de Configuração / Síntese.

Fonte: (COMPLEX, 2013).

Tabela 10 – Parâmetros de Perfil de Configuração.


Nº Campo Descrição Parâmetro
Caso for utilizado mais de um perfil de
configuração para um mesmo material,
Prioridade do Perfil de este campo define a prioridade em que eles
1 Prioridade
Configuração serão executados. Conforme as
bibliografias, recomenda-se a utilização de
somente um perfil.
Neste campo deve ser informado o nome
do perfil de configuração, atribuindo as
2 Nome Perfil Nome do Perfil
regras de construção definidas no início do
projeto.
Para este parâmetro, deve-se informar o
tipo de classe configurável. A ligação da
3 Tipo Classe Tipo de Classe Associado
classe com o perfil ocorre através da
classificação do material.
Fonte: (COMPLEX, 2013).
73

Após a criação dos dados básicos estar completamente preenchida, deve-se então
parametrizar como será a tela de configuração do sistema. É importante salientar que, antes de
qualquer definição, é orientável realizar várias discussões entre a equipe, assim chegando a
um resultado satisfatório.

Os principais parâmetros são definidos conforme Figura 32 e detalhados na Tabela 11.

Figura 32 - Criar Perfil de Configuração / Tela de Configuração.

Fonte: (COMPLEX, 2013).


74

Tabela 11 – Parâmetros de 1ª Tela de Configuração do Perfil.


Nº Campo Descrição Parâmetro
Utilizar neste parâmetro sempre “LT da
Ordem – conforme resultado” que irá
Tipo de Processamento do
1 Processo
Configurador
garantir a geração de uma Order BOM
com todo o resultado de inferência das
regras de dependência.
Para este campo é orientado utilizar o
Explosão Lista Nível de explosão da lista valor “Multinível” para que sejam
2 Técnica técnica apresentados todos os subconjuntos do
material na visualização do resultado final.
Este campo é parametrizado singularmente
para cada projeto de implantação. Neste
caso foi parametrizado o sistema SAP para
Parâmetro para Parâmetros para explosão da
3 Explosão lista técnica
a aplicação PP01. Caso necessário, pode-
se escolher os filtros que definem quais os
materiais serão apresentados para o
usuário.
Esta opção é marcada quando há
Executar verificação de
Funções de necessidade de verificar a disponibildiade
4 Ordem
disponibilidade dos
dos componentes no momento da
componentes
configuração.
Esta opção permite que seja visualizado
Apenas conjuntos apenas os subconjuntos configuráveis. Não
5 Nível de Explosão
configuráveis foi aplicado este parâmetro no projeto
estudado.
Fonte: (COMPLEX, 2013).

Após os parâmetros da configuração estarem definidos, é possível iniciar a próxima


etapa muito importante, onde é criado o design interface e parametrizado o seu
comportamento no configurador.

Segue-se nesta etapa as mesmas premissas anteriores quanto a parametrização da


nomenclatura utilizada na modelagem do configurador. No projeto 3D foi definido que os
designs interfaces seriam nomeados da seguinte maneira (Figura 33):

- ID_EQUIPAMENTO_ VERSÃO
75

Figura 33 - Criar Perfil de Configuração / Design Interface.

Fonte: (COMPLEX, 2013).

A Tabela 12 demonstra os parâmetros de forma detalhada.

Tabela 12 – Parâmetros de Interface do Perfil de Configuração.


Nº Campo Descrição Parâmetro
Informar neste campo um nome para
identificar a interface no configurador.
1 Design Interface Identificação da Interface
Não é permitido deixar o campo em
branco.
Esta opção, quando selecionada, deixa o
Browser
2 Visualização com Browser configuração com uma visualização mais
Configuração
amigável.
Telas exibidas na Deve-se selecionar quais as telas / visões
3 Telas permitidas
configuração são permitidas a partir do configurador.
Indicar qual tela deve ser a primeira a ser
4 Iniciar c/ Primeira tela apresentada
exibida quando é aberto o configurador.
Fonte: (COMPLEX, 2013).

Posteriormente da interface do configurador estar configurada e parametrizada, é


necessário parametrizar a exibição da lista técnica no perfil de configuração, conforme Figura
34.
76

Figura 34 - Criar Perfil de Configuração / Lista Técnica.

Fonte: (COMPLEX, 2013).

Os parâmetros para a configuração da lista técnica são detalhados na Tabela 13.

Tabela 13 – Parâmetros da Lista Técnica da Ordem.


Nº Campo Descrição Parâmetro
Esta opção deve ser selecionada, caso você
Atualiz. Permitida na Atualização permitida no queira que o botão “Engenharia” apareça
1 Ordem documento de vendas na configuração pelo documento de
vendas.
Este parâmetro deve ser selecionado para
Fixar Fixar Order BOM
2 Automaticamente automaticamente
que ao ser criado uma ordem de venda a
lista técnica seja gerada automaticamente.
É utilizado para definir o comportamento
Método de fixação e criação
3 Botão Sistema
de instâncias
da fixação e criação de instâncias. Não foi
utilizado no Projeto.
Fonte: (COMPLEX, 2013).

Quando todos os parâmetros estiverem devidamente preenchidos é possível finalizar o


processo de criação do perfil de configuração. Pode-se verificar que o processo é teoricamente
simples, porém necessita que as informações estejam bem alinhadas na equipe do projeto.

Todas as parametrizações até aqui mostradas formam uma cadeia de informações


contínua durante todo o projeto e após projeto. É comum verificar em empresas de grande
porte um volume de informações repetidas sem necessidade e em alguns casos, cadastradas de
forma diferente, porém tentando exibir o mesmo resultado.
77

No projeto 3D foi utilizado como solução para este problema, colocar um quadro na
sala da equipe e informar em um único lugar, visível a todos os colegas, as informações
necessárias para a construção e modelagem do configurador. Parâmetros como nomenclatura,
nomenclatura técnica, dados básicos e entre outros, foram todos colocados em um mesmo
local, possibilitando uma visão rápida da informação, evitando que na dúvida ocorra um erro.

Até o presente momento, a solução tem se mostrado eficiente, e os resultados são


satisfatórios.

3.19. Funções Adicionais

As funções adicionais são essenciais no processo de modelagem do configurador de


produtos pois ajudam a solucionar problemas de grande complexidade de forma fácil e ágil.
Essas funções contemplam Atualizações em Tabelas, Dependências, Constraints e
Gerenciamento do Configurador.

Muitas das funções adicionais podem ser executadas de forma direta no sistema SAP,
através de uma transação muito utilizada para a modelagem, chamada PMEVC, onde se pode
dizer que se passa cerca de 60% do tempo de modelagem somente nesta transação.

Para que as funções adicionais possam ser executadas é necessário possuir todos os
materiais previamente cadastrados no sistema. Estas funções estão definidas por: Manter
Tabelas, Atualizar Registros em Tabelas, Manter Dependências, Manter rede de
Dependências e Gerenciar Configurador.

3.20. Funções Adicionais – Manter Tabelas

As tabelas são amplamente utilizadas no configurador de produtos para gravar


combinações de valores para diferentes características, tem-se como exemplo um carro onde
somente é possível telo com o interior cinza se a sua pintura externa for azul.
78

É verdadeiro o fato de que as tabelas auxiliam a entrar dependências, pois o usuário


entra a tabela em uma dependência. No SAP, o sistema utiliza a tabela para determinar e
verificar valores. Deve-se tomar cuidado com a manutenção das interdependências entre as
características, pois se as mesmas forem modificadas o usuário deve, obrigatoriamente
modificar a tabela, não as dependências. Caso este procedimento não seja realizado, o
configurador possuirá dados inconsistentes, e exibirá informações erradas para o usuário.

As tabelas são possíveis de utilização em condições de seleção, condições prévias,


atividades, procedimentos e restrições. Em condições de seleção, condições prévias, restrições
e na parte condicional de atividades e procedimentos, são utilizadas para verificar a
consistência dos valores entrados.

Em atividades, procedimentos e restrições, as tabelas podem servir para determinar


valores. No projeto 3D, o principal uso de tabelas foi implantado em condições de seleção,
procedimentos e restrições.

Neste processo, seguem-se os mesmos padrões e regras de nomenclatura estabelecidas


no início do processo. Para as tabelas ficou definido que a nomenclatura técnica seria
realizada da seguinte maneira:

- TBV_EQUIPAMENTO_UTILIZAÇÃO
Onde: TBV corresponde a Tabela de Valores, Equipamento corresponde ao produto em
que está sendo criado a tabela e a Utilização é qual será a sua funcionalidade no sistema.

Exemplo:
TBV_EA_RPM1
Essa tabela seleciona o RPM do motor através da potência instalada.

Na Figura 35 verifica-se como é realizado este processo no sistema SAP. As transações


utilizadas para este processo são CU60, CU61, CU62 e CU63, onde há incialmente a
Atualização de Tabelas, Criação, Manutenção e Exibição respectivamente.
79

Figura 35 - Criar Tabela / Dados Básicos.

Fonte: (COMPLEX, 2013).

Nesta etapa o usuário informa ao sistema qual o nome técnico e descritivo da tabela de
valores a ser criada.
Figura 36 - Criar Tabelas / Inserir Características.

Fonte: (COMPLEX, 2013).

Através da modificação de tabela, no campo características (Figura 36) o usuário


informa ao sistema quais as características que serão utilizadas pelo sistema para processar as
devidas informações. O flag campo chave determina quais as características são referência
80

para a tabela, ou seja, necessitam ser informadas pelo usuário. No caso acima, é constatado
que o usuário deve informar o Modelo do Elevador, a Frequência, o Modelo da Caçamba e a
Potência Calculada para que a tabela retorne o valor da RPM.

Após a inclusão das características na tabela, é necessário atualizar seus valores, para
que se possa informar os dados ao usuário. Na Figura 37, está representado como ficam
dispostos os valores em uma tabela.

Figura 37 - Criar Tabelas / Atualizar Valores.

Fonte: (COMPLEX, 2013).

Após a atualização de valores, pode-se concluir o processo de criação de tabelas no


sistema SAP. As tabelas são “acionadas” a partir de regras de constraints elaboradas em uma
próxima etapa.
81

3.21. Manter Dependências

As dependências têm por finalidade descrever as interdependências entre as


características e valores de características, controlar os componentes que são selecionados de
uma lista técnica e que operações são selecionadas de uma lista de tarefas.

Para manter as dependências é necessário realizar uma sintaxe especial no editor de


dependências. As dependências são divididas em:
- Condições Prévias
- Condições de Seleção
- Atividades (não utilizável)
- Procedimentos
- Restrições
As condições prévias são utilizadas para ocultar características e valores de
característica que não são permitidos e, assim, assegurar que a configuração de um objeto seja
consistente.

Podem-se diferenciar as dependências entre locais e globais. As dependências locais são


criadas apenas para um único objeto e utilizadas para esse mesmo objeto, enquanto as
dependências globais podem ser utilizadas em qualquer objeto.

É possível atribuir condições prévias aos seguintes objetos:


- Uma característica que o usuário deseja ocultar.
- Um valor de característica que o usuário deseja ocultar.

Uma condição prévia é atendida quando a condição de entrada é verdadeira ou não é


violada.
As condições de seleção são utilizadas para assegurar a marcação de todos os objetos
relevantes para uma variante. Essas condições são basicamente utilizadas em componentes da
lista técnica, porém, é possível atribuí-las aos seguintes objetos:
- Características
- Itens de Lista Técnica
- Operações em listas de tarefas
82

- Sub-operações
- Sequência de Operações
- Meios Auxiliares de Produção

As condições de seleção determinam as variantes (variáveis) que requerem um


componente ou operação específica. Também determinam quando é obrigatório atribuir um
valor a uma característica.

Uma condição de seleção é atendida quando a condição contida nela é inequivocamente


verdadeira.

Os procedimentos são utilizados para determinar valores para as características, os


mesmos podem sobregravar valores propostos definidos por outros procedimentos. Essa
ferramenta é utilizada é vários tipos de objetos, tais como:
- Valor de característica, para acionar um procedimento.
- A característica que aciona um procedimento.
- Perfil de configuração.
- Itens de Lista Técnica (mais utilizado).
- Operações em lista de tarefas.

No projeto de desenvolvimento 3D, os procedimentos foram basicamente utilizados


para realizar operações sobre os itens da lista técnica.

Quando um procedimento é utilizado para deduzir um valor para uma característica,


deve entrar a variável $SELF antes da característica. Este é um parâmetro de programação do
próprio sistema SAP. Para que um procedimento altere um valor de qualquer característica é
necessário parametrizar o sistema SAP com uma característica especial para a execução desta
tarefa. Esta característica pode ser nomeada de acordo com o Projeto.

Pode-se colocar vários procedimentos para um mesmo item na lista técnica, podendo o
mesmo ser ativado por diferentes condições. A sequência de procedimentos para um item
pode ser definida pelo usuário.
83

Supondo que temos um material que possui as características COR e PRESSÃO


podemos desenvolver um exemplo de procedimentos conforme abaixo:

- 0010 $SELF.COR = ‘VERDE’ IF PRESSÃO >= 10


- 0020 $SELF.COR = ‘AMARELO’ IF PRESSÃO >= 50
- 0030 $SELF.COR = ‘VERMELHO’ IF PRESSÃO >= 100

A partir dos procedimentos acima mencionados, o sistema identifica uma sequência de


procedimentos, iniciando com a 0010, depois 0020 e finalizando com a 0030, assim a
sequência assegura que uma pressão maior ou igual a 100 sempre define a cor ‘vermelha’.
Este mesmo processo pode ser utilizado para a determinação de valores de característica.

As restrições são um tipo de dependência utilizada para tarefas intensas de configuração


interativa e para tarefas de configuração em que o usuário precisa considerar as dependências
entre as características de vários objetos. O objetivo principal de uma restrição é supervisionar
a consistência de uma configuração.

Estas restrições possuem as seguintes características distintivas:


- É possível utilizar as restrições para descrever as dependências entre objetos
totalmente diferentes e suas características.
- As restrições não são processadas em uma ordem específica, assim não se pode
determinar quando uma restrição específica será utilizada.
- As restrições não são atribuídas diretamente a objetos individuais. Elas são agrupadas
para a formação de redes de dependências e são atribuídas a um material configurável no
perfil de configuração.

No sistema SAP de programação, as restrições possuem uma estrutura de restrições


onde cada parte é identificada por uma palavra-chave. A palavra-chave é seguida por dois-
pontos e cada seção termina com um ponto final.
84

Essas estruturas estão estruturadas da seguinte maneira:


- OBJECTS:
Nesta seção, deve-se entrar com os objetos relevantes somente para restrição. É
extremamente necessário entrar com os objetos relevantes em todas as restrições.

- CONDITION:
A Condition determina que uma condição inicial precisa ser atendida para que a
restrição escrita abaixo seja utilizada. Essa função é opcional, visto que se você possuir uma
restrição que deve ser executada o tempo todo, ela não possui nenhuma condição de
execução.

- RESTRICTIONS:
As restrições o usuário deve entrar com a relação que precisa existir entre os objetos e
as características para que a configuração seja consistente. O sistema só irá aceitar a restrição
se houver no mínimo uma restrição correta.

- INFERENCES:
Neste parâmetro devem ser informadas as características para quais os valores de
característica serão determinados.

A quantidade de restrições podem afetar também na performance operacional do


sistema. O indicado é utilizar o menor número de restrições possíveis.

Com as definições das restrições já apresentadas é possível iniciar o processo de criação


e desenvolvimentos das restrições e sua rede de restrições no configurador de produtos.

O primeiro passo a ser realizado é a criação da dependência, que pode ser efetuada
através da transação SAP CU01, ou até mesmo pela transação gerencial PMEVC. A Figura 38
demonstra como é realizado este processo.
85

Figura 38 - Criar Dependência / Dados Básicos.

Fonte: (COMPLEX, 2013).

Posteriormente de criada uma restrição, é iniciado o processo de criação de uma rede de


restrições, que irá conter todas as já criadas anteriormente para um mesmo produto. A rede de
restrições é criada no meu SAP CU21, CU22 e CU23, demonstrado na Figura 39.
Figura 39 - Criar Rede de Dependências.

Fonte: (COMPLEX, 2013).


86

Após a rede de restrições estar criada, é então atribuída todas as restrições nesta rede
conforme demonstrado na Figura 40.

Figura 40 – Rede de Restrições.

Fonte: (COMPLEX, 2013).

Conforme a estrutura de restrições mencionada anteriormente, as restrições são escritas


de acordo com a Figura 41.
87

Figura 41 - Modelagem de uma Restrição.

Fonte: (COMPLEX, 2013).

Após os parâmetros estarem definidos é possível iniciar o processo de gerenciamento do


configurador de produtos.

3.22. Gerenciar Configurador

O processo de gerenciamento do configurador compreende todas as funções


apresentadas anteriormente, ou seja, através deste processo é possível aplicar no perfil de
configuração todas as opções já estudadas. Para que seja possível gerenciar as informações, é
importante que as etapas anteriores já estejam sido desenvolvidas e bem estudadas. É possível
realizar esta tarefa através da transação SAP PMEVC. A transação PMEVC é uma transação
que trás uma visão completa do configurador.
88

Para acessar o ambiente de modelagem, é necessário informar alguns dados na tela


inicial do sistema, que são: Material, Nº da Modificação, Tipo de Classe (geralmente é 300) e
Centro, conforme Figura 42.
Figura 42 - Acesso ao Ambiente de Modelagem.

Fonte: (COMPLEX, 2013).

Após os dados serem inseridos, é possível acessar o ambiente de modelagem conforme


demonstrado na Figura 43.
Figura 43 - Gerenciador do Configurador.

Fonte: (COMPLEX, 2013).


89

Através do gerenciador, é necessário criar um design interface onde será modelado e


parametrizado o design do configurador, onde o usuário irá visualizar as características e
responde-las para concluir o processo. Na Figura 44 é possível verificar como é desenvolvido
o processo de criar um design interface, e posteriormente na Tabela 14 é detalhado suas
funções operacionais.

Figura 44 - Criar Design Interface.

Fonte: (COMPLEX, 2013).

Tabela 14 – Parâmetros para Criar Design Interface


Nº Campo Descrição Parâmetro
Agrupamento de Nome utilizado para a Ficha (1a)
1 Característica
Criação de Fichas

Através deste flag é Selecione (Ficha)


Agrupamento determinado que os grupos
2 como fichas de de características são
registro ordenados em fichas de
registro na avaliação.
90

Código que determina que a Selecionar (SD)


Ordenação das sequência de características,
3 caracerísticas para determinada através do
a Engenharia design interface apenas seja
relevante pela engenharia.
4 Botão SAP Eliminar Eliminar agrupamento de característica

No projeto de construção do variant configuration na Kepler Weber, o padrão de design


interface foi utilizado como Fichas e dados relevantes para Engenharia, em avaliação conjunta
pela equipe de modelagem.

Quando o design interface é criado é possível ainda realizar algumas edições de


posicionamento das características e quantidade de abas a serem utilizadas no configurador.

Nos desenvolvimentos dos produtos estudados, projeto 3D, foi adotado como padrão a
utilização de duas abas, contendo informações de Modelo e Acessórios respectivamente,
facilitando assim a configuração dos produtos e das regras de dependência do configurador.

Nas Figuras 45 e 46 pode-se verificar como é o processo de edição do design interface


no sistema SAP, e através da Tabela 15 é demonstrado como é sua parametrização.

Figura 45 - Edição Design Interface

Fonte: (COMPLEX, 2013).


91

Figura 46 – Edição Design Interface

Fonte: (COMPLEX, 2013).

Tabela 15 – Parâmetros de Edição de Design Interface.


Nº Campo Descrição Parâmetro
1 Síntese Edição de Fichas Selecione o nome da Ficha (1a)
2 Inserir um espaço vazio Shift + F5
3 Reposicionar Marcar Característica F9
4 Característica Deslocar Shift + F4
5 Excluir espaço Vazio Shift + F2

Com todos esses parâmetros mencionados é possível construir um configurador muito


eficiente e rápido atendendo as expectativas comerciais e de engenharia.
92

4. DISCUSSÃO E RESULTADOS

Este trabalho de modelamento e construção do configurador atualmente estão em


constante desenvolvimento na empresa estudada, com isso, existem algumas integrações com
o módulo de vendas que não estão contempladas.

O processo de modelamento de um configurador é bastante complexo e possui várias


etapas até a sua conclusão. Abaixo é possível verificar o resultado de um exemplo de
configurador realizado neste estudo de caso, seguindo o processo acima destacado.

Através da tela de gerenciamento do configurador no sistema SAP (PMEVC), pode-se


realizar uma simulação de configuração (Figura 47), chamada tecnicamente de Avaliação de
Características. Abaixo segue exemplo:

Figura 47 – Simulação de Configuração.

Seleção de Valores

Fonte: (Sistema SAP - Projeto 3D Kepler Weber SA, 2013).


93

Através desta tela, verifica-se que os parâmetros de construção do configurador de


produtos mencionados anteriormente estão sendo seguidos, onde as opções estão divididas em
abas e também respeitando a nomenclatura de criação das características.

O processo de configuração consiste em selecionar valores de características pré-


definidos pela engenharia. Para realizar a configuração basta clicar duas vezes na área em
branco, ao lado da característica, conforme indicado na figura.

Existem dois tipos de possíveis respostas no modelo de configurador SAP, sendo elas
do tipo CHAR ou do tipo NUM, conforme já mencionado anteriormente. Nesta simulação, a
seleção do modelo do silo ocorre em uma característica do tipo CHAR, abrindo para o usuário
as possíveis entradas para esta característica.

Figura 48 – Seleção do Modelo / Opções Disponíveis.

Fonte: (Sistema SAP - Projeto 3D Kepler Weber SA, 2013).

Na Figura 48, o sistema está mostrando algumas opções de modelos, porém neste caso,
o produto possui várias outras opções, que por questões técnicas não estão sendo
demonstradas nesta imagem. O usuário então seleciona a opção desejada.
94

Figura 49 – Seleção do Modelo / Modelo Selecionado.

Fonte: (Sistema SAP - Projeto 3D Kepler Weber SA, 2013).

Após a seleção do modelo estar realizada, basta confirmar a escolha clicando na seta
verde no canto inferior direito da tela de seleção (Figura 49). Devido a sua forma construtiva,
após realizada a seleção do modelo, o sistema preenche algumas respostas de características
de forma automática, que o usuário não possui permissão para alterar, ou seja, servem apenas
de informação para o mesmo durante o período de configuração.
95

Figura 50 – Modelo Selecionado.

Fonte: (Sistema SAP - Projeto 3D Kepler Weber SA, 2013).

As características, Altura do Corpo, Diâmetro e Volume estão diretamente relacionadas


com o modelo do silo escolhido, desta forma assim que o usuário escolhe o modelo desejado,
o sistema já lhe informa quais são as suas principais características técnicas.

Após a seleção do modelo estar concluída, o sistema habilita o usuário para responder
quais são os seus opcionais a serem parametrizados. Desta forma a segunda aba é habilitada
para o usuário conforme Figura 51.
96

Figura 51 – Seleção de Opcionais.

Status da Configuração

Fonte: (Sistema SAP - Projeto 3D Kepler Weber SA, 2013).

Para responder os valores de característica, basta seguir o mesmo processo de seleção


do modelo, conforme já mencionado anteriormente e demonstrado na Figura 49. Pode-se
verificar que na tela de simulação, o sistema possui uma “sinaleira” informando o status da
configuração. Na Figura 51, é constatado que a configuração está em alerta, pois nem todas as
características estão avaliadas. Na Figura 52 tem-se a configuração completa.
97

Figura 52 – Opcionais Selecionados.

Status da Configuração

Fonte: (Sistema SAP - Projeto 3D Kepler Weber SA, 2013).

Após concluído a avaliação das características, é constatado que o sistema habilita a


configuração para prosseguir no processo posterior, conforme indicado na “sinaleira” do
sistema. A sinaleira indica também se a configuração realizada possui alguma inconsistência,
informando ao usuário qual é a inconsistência e quais os seus possíveis valores.

Para certificar-se que a configuração realizada é a desejada, o usuário pode imprimir um


resumo da sua avaliação das características, conforme Figura 53.
98

Figura 53 – Resumo da Avaliação de Características.

Fonte: (Sistema SAP - Projeto 3D Kepler Weber SA, 2013).

Esta lista das características avaliadas, serve somente para informativo ao usuário, não
possuindo impactos no resultado final. Feita a verificação e confirmação dos dados
avaliativos, o usuário pode obter então a lista técnica dos itens selecionados para esta
configuração realizada. Este processo é simples, basta o usuário clicar no campo Engenharia,
no canto esquerdo superior da tela de configuração, conforme Figura 54.
99

Figura 54 – Gerar Lista Técnica de Engenharia.

Lista Técnica dos Configuração de Engenharia


Itens

Fonte: (Sistema SAP - Projeto 3D Kepler Weber SA, 2013).

Depois de realizado este processo, basta o usuário clicar no primeiro ícone da barra
avaliação de características para obter a listagem dos materiais desta configuração (Figura
55).
100

Figura 55 – Lista Técnica do Produto.

Fonte: (Sistema SAP - Projeto 3D Kepler Weber SA, 2013).

A lista pode ser mais bem visualizada através de uma seleção simples no sistema SAP,
selecionando a opção Lista, no canto direito inferior (Figura 54), assim a lista estará visível
para o usuário conforme demonstra a Figura 56.

Depois de obtido a visualização da lista técnica do produto configurado a mesma pode


ser utilizada para diversas tarefas na Engenharia, como orçamentos e projetos especiais.
101

Figura 56 – Lista Técnica do Produto / Visualização Especial.

Fonte: (Sistema SAP - Projeto 3D Kepler Weber SA, 2013).

Através destes resultados é constatado que, o objetivo principal do configurador de


produtos é então permitir ao usuário milhares de opções de escolha de valores de
características e como produto final retornar ao mesmo a lista de produtos necessária para
fabricar a sua devida escolha. Este processo demanda pouco tempo para o usuário e agiliza
todos processos da companhia ligados a produção. O sistema SAP ainda permite que esta lista
possa ser exportada para diferentes extensões de arquivos, como .xls, .txt, .html entre outros,
atendendo a necessidade do usuário.

Para facilitar o entendimento de como é o processo de construção, é demonstrado na


figura 57 um modelo de árvore construtiva permitindo a compreensão mais simplificada deste
processo.
102

Figura 57 – Árvore Construtiva do Configurador de Produtos.

Fonte: O Autor.

É constatado que ao construir um novo configurador é necessário possuir todas as


informações pertinentes ao produto em questão, e posteriormente planejar sua construção para
atender as expectativas geradas pela empresa. A árvore construtiva permite ao usuário uma
localização rápida de onde ele está trabalhando ou até mesmo construindo o seu produto. Foi
verificado no projeto, que o desenvolvimento do configurador tornou-se mais rápido e
eficiente a partir do momento em que este fluxo de processo foi bem compreendido.
103

CONCLUSÃO

É importante salientar que o objetivo deste trabalho é demonstrar como é selecionado


um sistema ERP , como é realizado um projeto de implantação e um estudo de caso específico
no módulo PP/LOVC - Configurador de Produtos.

A implantação de sistemas ERP faz parte de uma etapa crucial no desenvolvimento de


uma organização e no seu crescimento, onde buscam construir sistemas de informação
integrados. Pode-se verificar que apesar dos sistemas serem adquiridos como pacotes de
software, eles possui um ciclo de vida totalmente diferente dos demais softwares que são
instalados na organização.

É comum verificar casos atualmente de empresas que optaram pela troca do seu sistema
ERP sem possuir um conhecimento base de como isso é realizado e quais os seus impactos na
organização. O projeto de implantação trouxe uma visão macro de como é realizado este
processo, permitindo aos usuários uma informação genérica, para que se possa iniciar um
trabalho real de implantação.

O fato da organização estudada já possuir um sistema ERP em funcionamento e com um


configurador de produtos em atividade de produção, gerou facilidade e agilidade na
montagem de informações para o início do desenvolvimento do mesmo no sistema SAP.

O sistema de desenvolvimento e modelagem SAP possui muitas características e opções


que permitem aos usuários uma ampla gama de possibilidades, porém é fato que devido ao
sistema ser totalmente integrado com diversos módulos, as informações que são ali
abastecidas devem possuir uma assertividade muito elevada, por isso é importante salientar
que, através desta experiência, é válido direcionar um maior volume de tempo na parte da
preparação e construção dos dados dos equipamentos, chamados dados mestres. A
modelagem do configurador de produtos nos permitiu absorver um conhecimento dos
produtos da empresa em um nível excelente.
104

Por fim, pode-se constatar que, parcialmente, o sistema atendeu as expectativas iniciais
do projeto na parte do configurador de produtos. Devido ao processo de implantação estar em
pleno desenvolvimento, não é possível concluir com absoluta certeza e precisão que todas as
expectativas serão atendidas, porém o sistema se mostra robusto, inteligente e ao mesmo
tempo flexível para atender todas as variações construtivas dos produtos da empresa.

Como sugestão, trabalhos posteriores a este poderão ser desenvolvidos analisando os


resultados obtidos após a realização do Go-Live onde o desenvolvimento realizado neste
estudo será colocado em atividade operacional.
105

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