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UNIVERSIDADE FEEVALE

Felipe Luiz Coltro

Trabalho estágio básico

NOVO HAMBURGO

2014
INTRODUÇÃO

Esta resenha trata de um capítulo específico do livro A entrevista psiquiátrica na


prática clínica, que aborda o tratamento de pacientes psicossomáticos.

O autor inicia o texto falando sobre como são frequentes sintomas


psicossomáticos na vida das pessoas. Ele também fala sobre as reações como raiva,
culpa, medo e amor são regulados pelo sistema neuroendócrino, sistema que também
afeta aspectos emocionais e de cognição, e como a mente e o corpo estão diretamente
interligados e se influenciam mutuamente. O capítulo enfatiza tanto a construção de
uma aliança quanto às técnicas que podem ajudar a determinar o grau de contribuição
dos fatores psicológicos para a queixa física.

FUNCIONAMENTO PACIENTE

Em relação ao funcionamento do paciente, ele cita algumas categorias de


doenças psicossomáticas, sendo elas:

1 – Grupo formado por pacientes que apresentam uma reação psicológica a uma doença
médica.

2 – Formado por pacientes que apresentam uma doença médica que induz
fisiologicamente uma doença psiquiátrica.

3 – Apresentam uma doença médica definida, que piora com a angústia psicológica.

4 – Pacientes que simulam conscientemente os sintomas.

O autor também fala da dificuldade de estabelecer essas distinções clínicas, pois


faltam subsídios como testes diagnósticos definitivos para qualquer doença
psicossomática. É difícil também para os médicos fazer uma avaliação deste tipo de
paciente, devido a sua complexidade. Muitas vezes, os médicos acreditam que os
sintomas desaparecerão assim que a indisposição física for identificada e tratada, mas,
ao invés disso, muitos pacientes acabam sentindo-se incompreendidos por seus médicos
e agarram-se ainda mais fortemente às queixas.

Outro assunto abordado são os fatores psicodinâmicos, como, por exemplo, um


paciente que pode induzir a uma regressão, pois, dependendo da estrutura do caráter
básico, pode retornar a um estado de dependência. Também pode ocorrer uma projeção,
para punir as pessoas mais próximas. Também pode se apresentar uma negação do
aspecto emocional envolvido no sintoma.
Ocorrem muitos processos inconscientes que influenciam o paciente
psicossomático, de modo que afete muito mais o indivíduo que a própria queixa médica.
Por isso, a entrevista destes pacientes deve objetivar a compreensão da pessoa muito
mais que aplicar técnicas predefinidas a um conjunto de sintomas.

Em um diagnóstico diferencial, são exploradas queixas físicas secundárias a um


transtorno primário de Eixo I, como, por exemplo, pacientes com depressão maior que
apresentam queixas somáticas, em que ansiedade e outros fatores podem influenciar
sintomas físicos. Outro exemplo são pacientes psicóticos e esquizofrênicos, que podem
ter delírios psicossomáticos.

MANEJO ENTREVISTA

Segundo o autor, é um tanto complexa a avaliação de componentes psicológicos


de um sintoma físico, visto que existem diversos fatores psicológicos que podem
acarretar alterações corporais, e vice-versa.

Existem algumas perguntas tradicionais a serem respondidas na avaliação


psicológica, são elas:

1 – A sintomatologia do paciente não se enquadra em um padrão conhecido de doença


orgânica?

2 – Os sintomas físicos podem estar relacionados aos conflitos emocionais do paciente?

3 – Os estresses emocionais ou interpessoais eram proeminentes na vida do paciente no


início da condição ou estavam claramente relacionados a remissões e exacerbações?

4 – O paciente associa algum significado psicológico raro aos seus sintomas?

5 – Uma condição psiquiátrica pode ser diagnosticada? Os sintomas físicos são


compatíveis com o diagnóstico?

6 – O paciente obtém um ganho secundário com sua doença?

Na parte de condução da entrevista, é discutida a fase de abertura, etapa em que


o paciente deve se sentir desconfortável ao consultar um psiquiatra, e, ao invés de
reconhecer o profissional como fonte de auxílio, ele teme que possa ser classificado ou
rotulado como louco ou que tais sintomas sejam fruto de sua imaginação. Assim, o
momento inicial deve ter como princípio construir um vínculo de confiança entre
terapeuta e paciente.
Ao explorar os sintomas apresentados, deve-se questionar qual a sensação
referida, quando começou, se existe algum tipo de padrão, se são graves, o que alivia e
piora, entre outras perguntas. Também é importante explorar o histórico psiquiátrico do
paciente e de sua família, devem-se evitar longos períodos de silêncio, que podem
contribuir para o desconforto do paciente, e o entrevistador também poderá detectar
rapidamente as ligações que não foram percebidas pelo paciente, como perceber
momentos de tensão e nervosismo que façam os sintomas aflorarem. Os pacientes
costumam ser receptivos a essas questões estruturadas, desde que sejam coerentes com
suas expectativas de entrevista médica.

O entrevistador é orientado a não desafiar esse paciente, pois, muitas vezes,


explicar sua doença física pode deixa-lo nervoso ou perturbado. O objetivo é não
pressioná-lo a concordar com a conexão, mas, ao contrário, torna-lo curioso a respeito
de si. O entrevistador poderá começar obtendo uma descrição detalhada da dor, da
época em que teve início até o que parece provoca-la, o que traz alívio e qual a
compreensão do paciente das causas e significados.

É muito importante saber questionar os possíveis ganhos secundários, através de


perguntas como: “O que sua doença impede que você faça?” ou ”O que você faria, se
estivesse bem, que não está conseguindo fazer agora?”. Também é interessante, neste
tópico, perguntar como os membros da família e médicos encaram suas queixas.

Porém, muitos psicossomáticos podem ser literais, então é válido não iniciar
sugerindo uma relação de causa e efeito, com perguntas que busquem os motivos de um
sintoma, mas sim permitir que o paciente descreva com liberdade inicial suas queixas. É
sempre benéfico explorar a compreensão e os sentimentos relacionados com a doença.
Deve ser questionado como e o que o paciente faz para ajudar a si próprio, que tipo de
atividades faz para combater sua situação. Algumas pessoas sofrem várias doenças há
anos, e suas queixas médicas e incapacidades físicas gradualmente estruturaram seu
autoconceito, sua situação social e seus relacionamentos interpessoais.

Devem ser analisadas as expectativas do paciente e como ele vê que o


tratamento pode auxiá-lo. Muitas vezes o paciente pode acreditar que, devido as suas
questões, ele pode ser visto como louco, então é importante tranquiliza-lo e explicar que
é perfeitamente natural ter essas sensações. Esta também pode ser uma excelente
oportunidade para explorar os temores e fantasias do paciente relativas à sua doença.

É extremamente importante observar aspectos contra-transferenciais, como, por


exemplo, a natureza da queixa apresentada, que pode ser descuidada pelo terapeuta se
não analisada em seu tratamento. Isso pode ocorrer devido a uma ansiedade gerada pelo
assunto abordado. Por isso, é necessário ter cuidado ao fazer um questionamento
prematuro e focado em sentimentos e conflitos intrapsíquicos, pois isso pode zangar e
magoar o paciente, gerando hostilidade e resistência. A atitude do entrevistador deve ser
de respeito e cuidado em relação a qualquer informação trazida.

No manejo de um paciente psicossomático, diagnóstico e tratamento poderão


ocorrer simultaneamente.

E, por fim, na fase de fechamento, é aconselhável uma explicação do que foi


aprendido, como um relato do caso do paciente, reorganizando as informações de um
modo que induza a formulação do paciente sobre seu tratamento. Também devem ser
esclarecidos mal entendidos, avaliados possíveis insights e dar um tempo restante para
possíveis perguntas e dúvidas que tenham restado, e para explicações sobre a lógica da
medicação, o regime de dosagem, os benefícios e os efeitos colaterais esperados.

CONCLUSÃO

Acho o tema de psicossomática muito interessante e sua discussão muito


relevante na atualidade, devido ao grande número de casos referentes ao aparecimento
da mesma. Ao ler e desfrutar das palavras do autor sobre o tema, percebi a
complexidade que se envolve na identificação, manejo e tratamento de um paciente e
como deve-se ter cuidado ao lidar com as questões que demandam de um sofrimento
com reações corporais que acompanham o caso. São diversas as peculiaridades, como
fatores psicodinâmicos, processos inconscientes e diagnósticos clínicos, que entram no
conjunto de influencias que ocorrem no processo de tratamento do paciente
psicossomático. Também é de extrema importância ter habilidade para realizar uma boa
entrevista, que faz a exploração de toda o histórico pregresso e atual do paciente, realiza
uma observação da demanda e analisa as condições, permitindo assim um
aprofundamento subjetivo que irá subsidiar e servir de base para o tratamento.

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