Você está na página 1de 28

Pesquisa Quantitativa e

Medida em Psicologia
A teoria da medida em Psicologia

Prof. Me. Tiago Lima


Objetivo da Aula
• Desmistificar o uso da medida em Psicologia;

• Compreender os fundamentos da medida em psicologia;

• Compreender o que é validade e precisão de uma medida em psicologia.

2
“Qualquer coisa que existe, existe em alguma
quantidade” (Thorndike, 1918)

“Qualquer coisa que existe em quantidade,


pode medir-se” (McCall, 1939)
Introdução

• Na nossa prática, é necessário muito mais do que as sensações para


construirmos um entendimento sobre mundo;
• É preciso medirmos atributos;
• Clínica: Avaliar o estado psicológico de um paciente
• Organizacional: Avaliar as competências de um candidato a uma vaga
A natureza da medida

• A medida em Psicologia desenvolve uma discussão em torno da


utilização do símbolo matemático (o número) no estudo científico
dos fenômenos naturais
• Portanto, o uso do número na descrição dos fenômenos constitui
o objeto da Teoria da Medida.
• Como a medida consiste na atribuição de números aos
fenômenos, ela deve garantir que as operações empíricas salvem
os axiomas dos números e os atributos dos fenômenos
(Isomorfismo).
A natureza da medida
• Três axiomas:
• Identidade: Um número é igual a si mesmo e diferente dos outros.
• Ordem: Os números são distintos, e esta diferença se expressa
também em termos da quantidade. Números podem ser
organizados hierarquicamente.
• Aditividade: Números podem ser somados.
A natureza da medida
A natureza da medida

• A medida é um procedimento empírico, e não existe procedimento empírico


isento de erro.
• Pontuação observada = Pontuação Verdadeira + Erro de Medida
• Pontuação Verdadeira = Pontuação que o participante teria obtido se a medida fosse
perfeita, isto é, se fossemos capaz de medir sem erro.
• Erro de Medida = O componente da pontuação observada que é o resultado de fatores
que distorcem a pontuação de seu valor verdadeiro.
Tipos de erros

• ERROS DE OBSERVAÇÃO
• erros instrumentais, devidos a inadequações do instrumento de
observação;
• erros pessoais, devidos às diferentes maneiras de cada pessoa reagir;
• erros sistemáticos, devidos a algum fator sistemático não controlado,
como, por exemplo, fazer uma avaliação sem controlar as variáveis
ambientais;
• erros aleatórios, sem causa conhecida ou conhecível.
A medida na Psicologia
• No entanto, não basta ter números para que algo seja medido;
A medida na Psicologia

• Além de resguardar as propriedades dos números a medida deve


ter por base uma teoria.
• A medida na Psicologia é chamada de medida por teoria

Nesta concepção, a teoria versa sobre processos mentais (estruturas


psicológicas hipotéticas), conceitualizando sua estrutura e sua
dinâmica, e define o conjunto de comportamentos que os expressa.
A medida na Psicologia

• Assim, uma teoria da inteligência trata dos processos cognitivos, sua


estrutura, sua gênese, seu desenvolvimento, seus processos operativos;
• bem como dos comportamentos típicos em que ela se expressa, tais como
resolver problemas numéricos, problemas espaciais, problemas com palavras,
etc.
• E é no nível dos comportamentos que se faz a medida.
• De sorte que, ao se medir por teoria neste caso, consiste em dizer que ao se
proceder a medida de um atributo empírico (o comportamento) está-se de
fato medindo a estrutura psicológica latente, isto é, um outro atributo e de
outra natureza (um atributo hipotético).
A medida na Psicologia

A personalidade é o conjunto de Teoria do Big Five (McCrae & Costa, 1997).


caracteríticas de um indivíduo que
o caracterizam e diferenciam dos
outros Extroversão

A teoria dos cinco grandes fatores Amabilidade Consciência


(CGF) da personalidade tem sido
vista por vários teóricos como a
base para uma representação
adequada da estrutura da
personalidade Estabilidade Abertura para
emocional experiências
A medida na Psicologia
• Para se medir por teoria é necessário também a precisão e clareza das
definições constitutivas (conceitos do construto, teoria) e operacionais
(comportamentos que expressem os construtos).

• Definição constitutiva: O construto é concebido em termos de conceitos


próprios da teoria em que ele se insere;

• Definição operacional: Uma definição de um construto é operacional quando


o mesmo construto é definido em termos de operações concretas, isto é,
comportamentos físicos através dos quais o tal construto se expressa;
A medida na Psicologia
• Definição constitutiva de Extroversão: é um importante componente da
personalidade humana que, no modelo dos Cinco Grandes Fatores (CGF), está
relacionado às formas como as pessoas interagem com os demais e indica o
quão comunicativas, falantes, ativas, assertivas, responsivas e gregárias elas
são.

• Definição operacional de Extroversão: Pessoas com elevados escores em


extroversão tendem a apresentar comportamentos sociáveis, a serem ativas,
falantes, otimistas e afetuosas. Indivíduos com escores baixos em extroversão
tendem a ser reservados, independentes e quietos.
A medida na Psicologia

E1 E2 E3 E4

1 1 1 1

Definição Alegre Animado Falante Aberto


Operacional

Teoria

Extroversão
Definição (Construto)
Constitutiva
A medida na Psicologia
A medida na Psicologia

• Como definir se os comportamentos realmente representam o traço latente?


• Ou seja, se o teste psicológico a ser utilizado avalia realmente o que pretende
medir?
• A Psicometria responde a esta questão pela análise de uma série de
parâmetros que os testes (e seus itens) devem representar:
• Validade
• Precisão
Validade e Precisão das medidas

• Para que possa ser utilizado para o uso profissional, um teste precisa possuir
evidências empíricas de validade e precisão.

• O SATEPSI é o sistema de avaliação de testes psicológicos desenvolvido pelo


Conselho Federal de Psicologia (CFP) para divulgar informações sobre os
testes psicológicos à comunidade e às(o) psicólogas(o).
Validade e Precisão das medidas

• Exemplo do Teste Wartegg de Complementação de Desenhos: Técnica gráfica


para avaliação da personalidade segundo a teoria dos arquétipos de Jung.
• Estudos não conseguiram encontrar evidências de validade para sustentar as
interpretações sugeridas no manual.
• No entanto, novos estudos devem ser realizados.
Evidências de validade
• VALIDADE: o teste mede aquilo a que ele se propõe medir;
• A validade é uma indicação do grau em que um instrumento mede um
construto específico em um contexto particular — assim, uma medida pode
ser válida para um propósito, mas não para outro.
• Por exemplo:
• Para avaliar a personalidade no contexto clinico -> Psicoterapia
• Avaliar a personalidade para tirar carteira de habilitação.
• Diferentes populações
Evidências de validade

• Portanto, a validade não é absoluta, por isso falamos em “evidências de


validade”.
• Diferentes fontes de validade (Primi, Muniz, & Nunes, 2009).
• Do conteúdo (Validade de conteúdo)
• Relações com outras variáveis (Validade convergente/discriminante)
• Estrutura interna (Validade fatorial)
• Das consequências da testagem (Validade de critério)
Evidências de precisão

• A precisão (confiabilidade ou fidedignidade) refere-se à estabilidade do teste,


de maneira que, quanto mais próximas forem as pontuações obtidas por um
teste em situações diferentes, maior será a sua precisão (Cronbach, 1996).

• Por exemplo: se uma pessoa responder a um mesmo teste de


personalidade com um tempo de diferença entre uma aplicação e outra,
espera-se que os resultados sejam muito próximos.
Evidências de precisão

• O conceito de precisão opõe-se ao de erro de medida, de maneira que,


quanto mais preciso for um teste mais livre de erros ele se encontra.

• Medidas confiáveis asseguram medições consistentes de uma ocasião a


outra.

• No entanto, isto também depende do construto: Teste de personalidade x


Teste de humor.
Relação entre validade e precisão
• Validade x Precisão
• Validade: Capacidade do teste medir o que pretende medir.
• Precisão: Capacidade do teste de reproduzir o mesmo resultado ou similar
quando for repetido.
Resumo da aula

• Para construirmos um entendimento sobre mundo é preciso mais do que usar


nossas sensações, precisamos medir atributos para embasar nossa prática.
• O uso do número na descrição dos fenômenos constitui o objeto da Teoria da
Medida.
• Medir é usar números para representar um atributo, a partir de algumas
regras bem definidas.
• Importância da teoria e definições operacionais.
• Uma medida válida mede o que pretende medir.
• Medidas confiáveis asseguram medições consistentes de uma ocasião a outra.
Referências

• Pasquali, L. (2010). Instrumentação psicológica. Porto Alegre: Artmed.


• Primi, R., Muniz, M., & Nunes, C. (2009). Definições Contemporâneas de
Validade dos Testes Psicológicos. In C. Hutz (Org.), Avanços e Polêmicas em
Avaliação Psicológica (pp.243-265). São Paulo: Casa do Psicólogo.
• Rodolfo, A., Rabelo, I., Pacanaro, S., Alves, G., & Leme, I. (2011). Avaliação
Psicológica: Guia de consulta para estudantes e profissionais de psicologia.
São Paulo: Casa do Psicólogo.
• Urbina, S. (2007). Fundamentos da Testagem Psicológica. Porto Alegre:
Artmed.
Obrigado!
email: tiago.souzalima@hotmail.com

Você também pode gostar