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Motivação

O direito à habitação é um direito fundamentado na Constituição da República Portuguesa. O


acesso à habitação é parte essencial de uma existência condigna, existência essa que se encontra na
base de toda a nossa democracia. A existência de uma habitação própria faz inevitavelmente parte do
projeto de vida de cada um, independentemente de idade, género, classe social ou etnia. Ter uma
habitação a que possamos chamar nossa é parte essencial do processo de maturidade de cada jovem,
assim como um dos principais fatores da concretização da sua independência. É uma pré-condição
para a criação de família e muitas vezes uma necessidade para a ocupação de vários tipos de funções
ou postos de trabalho nos setores público e privado.

É, portanto, com profundo desagrado e incompreensão que constato que é cada vez maior o
número de jovens que se vêm impedidos de obter uma habitação estável, que lhes permita começar
um projeto de vida com suficiente segurança. Os jovens saem cada vez mais tarde de casa dos seus
pais, incapazes de sustentarem o peso económico de uma habitação própria e obrigando os seus
progenitores a suportarem esse fardo durante mais tempo do que planeado ou até possível. Isto
prejudica as possibilidades de os jovens obterem segurança pessoal e profissional e causa um peso
nos pais que é muitas vezes insustentável mas sustentado através de sacrifícios que não podemos
exigir deles. Uma conjunção de fatores que vai desde o aumento da procura de alojamento por turistas
até à especulação imobiliária são responsáveis pelo aumento brutal das rendas e dos preços de
habitações, assim como o aumento da insegurança no arrendamento. A fuga ao fisco e a exploração
pura praticadas no alojamento universitário praticada por muitos senhorios tornam pouco eficientes
os incentivos fiscais atualmente praticados. Os preços estabelecidos por senhorios pouco
escrupulosos estão portanto a criar uma bolha imobiliária que apenas beneficia os próprios e que faz
com que apenas aqueles que têm fundos suficientes para suportar os preços exagerados consigam ter
hipótese de viver nos centros das cidades. Este problema é sério e presente, com séria probabilidade
de piorar rapidamente, podendo resultar em consequências nefastas para todos, incluindo para os
senhorios. Esta crise imobiliária tem impactado principalmente os mais jovens, e como tal devem ser
implementadas medidas de controlo dos mecanismos de obtenção de habitação que os tenham como
principais visados. Cada jovem tem o direito de estabelecer um projeto de vida e de obter a sua
independência económica e pessoal através do seu trabalho, mas infelizmente isto não se tem
reproduzido na obtenção de habitação graças ao descontrolo nesse mercado. É essencial portanto
procurar implementar medidas concretas para a resolução deste problema. Apesar das inúmeras
chamadas de atenção para a falta de alojamento de muitos jovens trabalhadores ou estudantes e das
mais recentes medidas de encorajamento ao arrendamento de longa duração, não considero que
esteja a ser feito suficiente para a resolução de um problema causado essencialmente pela subida
descontrolada de preços de um mercado que há muito devia ter sofrido intervenção estatal mais séria.
Proposta

No seguimento da análise do problema venho propor que a Juventude Socialista tome uma
posição pública pela colocação de limites máximos para arrendamento jovem em programas de
apoio para arrendatários, como o Programa de Arrendamento Acessível. Este limite máximo teria
como objetivo evitar a exploração de que muitos jovens são vítimas, quando necessitam de
alojamento para poderem estar presentes no local de trabalho ou estudo e não se encontram
opções aceitáveis nas proximidades do mesmo. Um teto aceitável para arrendatários abaixo dos
trinta anos de idade produziria efeitos imediatos na revitalização dos centros urbanos, assim como
asseguraria que não existiria uma subida descontrolada de preços, como atualmente, devido ao
aumento constante da procura. Com o reforço dos programas de apoio para novos arrendatários ou
jovens que se encontram a alugar uma habitação pela primeira vez estaríamos a assegurar que
aqueles que têm menos possibilidades seriam capazes de obter alojamento. São necessários mais
programas como o referido acima, que promove uma isenção total de impostos sobre rendimentos
provindos do arrendamento acessível para contratos de duração mínima de três anos, que inclui
estudantes do ensino superior e que garante um seguro de renda. Através da isenção completa de
contribuições fiscais é possível aliciar mais senhorios a tomar parte nestes programas, permitindo
que mais habitações de qualidade fiquem disponíveis a preços mais acessíveis para os jovens que
mais deles precisam.

Em conjunção com a imposição de valores máximos para rendas de jovens, esta medida iria
assegurar que todos aqueles que necessitassem de habitação a pudessem obter, independentemente
do seu background económico. Havendo a capacidade de fixar uma maior estabilidade na vida destes
jovens e sem o medo de serem despejados em prol de arrendatários que estivessem dispostos a pagar
mais, estes seriam mais capazes de se centrar nos seus projetos de vida e de trabalhar para atingir os
seus objetivos pessoais e profissionais, algo que apenas pode, apenas, beneficiar o país. Muitos serão
aqueles que se levantarão contra aquilo que vêm como limitação de liberdade de posse e intervenção
exagerada no mercado de habitação, mas num estado democrático baseado no princípio da dignidade
da pessoa humana, como o que vivemos, é necessário que o Governo seja capaz de tomar ação
decisiva contra os problemas detetados, assim como é necessário que as entidades de defesa da
juventude não tenham medo de tomar uma posição mais reivindicativa neste que é um aspeto
essencial da emancipação e maturação dos jovens portugueses. Pelos jovens portugueses e pelo
futuro da nossa nação, peço que nesta assembleia magna se aprove esta moção, de modo a combater
finalmente um flagelo que assola a juventude do nosso país há já demasiado tempo.
Subscritores

Nº de Militante Nome
130924 José Freitas
115302 Bruna Coto
130923 Nuno Coto
135696 Gonçalo Faria
135634 Cláudia Ribeiro
125315 Pedro Pinto
135622 Cátia Rosário
132715 Jorge Freitas
125280 Eduardo Freitas
135629 Juliana Gonçalves

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