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ABR/JUN de 2018
EXPEDIENTE:
MAIO 2018 2
Avanço marcou os últimos 18
anos do segmento Instituições profissionalizantes
O CRQ é o órgão responsável por emitir
Com mais de 30 anos, a criação do CRQ-12 trouxe um
considerável avanço tanto para a profissional químico quanto o documento de registro profissional, que
para a economia dos estados que representa habilita o profissional da química a exer-
cer legalmente a sua profissão.
Mais do que apenas uma “autorização
legal” para o exercício profissional, o re-
gistro no Conselho Regional de Química
é a garantia da qualidade do trabalho do
químico. A regulamentação das ativida-
des relacionadas à Química, sob respon-
sabilidade do Sistema CFQ/CRQs, valori-
za a profissão do químico, além de inibir
que a atividade seja exercida por pessoas
não habilitadas.
O aumento do número de instituições
formadoras de profissionais químicos
também pode ser contemplado na 12ª
Região. Em 2000 o número de instituições
de ensino superior castradas no CRQ-12
Para assegurar o correto uso da Ciência era de apenas 10 instituições. Hoje esse
e da Tecnologia em benefício da sociedade, dado saltou para 60 instituições distribu-
evitando que pessoas não habilitadas le- ídas em 99 unidades (campus). Naquele
galmente na área da química coloquem em mesmo ano o número de cadastro de cur-
risco o bem estar da sociedade, o Conselho sos no CRQ-12 era somente 11. Agora, o
Regional de Química 12ª Região (CRQ-12) é total chega a 149 cadastrados.
a instituição responsável pela fiscalização
do exercício profissional e de empresas com
atividades na área da Química nos estados
de Goiás e Tocantins e no Distrito Federal.
Criado em 22 de novembro de 1985, o CRQ-
12 tem escritórios regionais que oferecem
atendimento exclusivo aos profissionais e em-
presas com o objetivo de garantir a qualidade
dos serviços e itens químicos produzidos em
suas áreas de alcance. Ligado ao Conselho
Federal de Química (CFQ), o CRQ-12 é o re-
presentante das áreas profissionais ligadas
à atividade química frente aos poderes públi-
cos, com a função de regulamentar, fiscalizar Empresas e profissionais
e aplicar penalidades caso as empresas e os Em uma época em que a concorrência viam realizado registro. Atualmente,
profissionais não se enquadrem nas condições está cada vez mais acirrada, com novas esse número subiu para 1.690 empresas.
que garantam o correto exercício da atividade. marcas de produtos entrando no merca- Quanto aos profissionais, até ano 2000 o
O principal objetivo da fiscalização é evi- do consumidor, estar registrado e dentro número de profissionais que haviam rea-
tar que a sociedade seja prejudicada pela das normas estabelecidas pelo sistema lizado registro na 12ª Região era de 814
fabricação de produtos e execução de ser- CFQ/CRQ além de obrigatório, é um pre- profissionais, atualmente esse número é
viços na área da Química por empresas irre- ceito básico, que a empresa precisa ter de 8.455 profissionais.
gulares ou pessoas desprovidas de conheci- para poder oferecer ao consumidor tran- Conforme aponta o presidente do CRQ-
mentos nesse setor. quilidade e segurança. 12, Prof. Dr. Luciano Figueiredo de Sou-
São os CRQs, de cada região, que autuam O CRQ é o órgão responsável por fisca- za, a Secretaria da Fazenda do Estado de
as empresas que insistirem em não cum- lizar e atestar que o profissional químico, Goiás disponibiliza anualmente a lista das
prir as normas técnicas necessárias para Responsável Técnico por uma empresa, empresas que mais contribuíram com o
a segurança do profissional, garantindo as possua as atribuições necessárias para o imposto ICMS no Estado. Ao analisar as
estruturas mínimas para o bom desenvolvi- desempenho dessa atividade. Além dis- empresas que ocupam as 100 primeiras
mento da atividade em questão. Uma condi- so, o CRQ ainda fiscaliza se as atividades posições da lista referente a 2016, veri-
ção básica para o aprimoramento e desen- que são privativas dos químicos estão fica-se que 58 dessas empresas são da
volvimento profissional do químico. sendo desempenhadas por profissionais área da Química. “É visível de que temos
Cabe ao sistema CFQ/CRQs estipular as legalmente habilitados. uma considerável importância no cresci-
atribuições relacionadas às atividades quími- Desde o início do CRQ-12, no ano de mento econômico de Goiás, sem contar
cas, verificando as capacitações técnicas de 1986, até o ano 2000, 646 empresas ha- Tocantins e o Distrito Federal”, enfatiza.
cada profissional e sua área de abrangência.
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O mercado de atuação do
profissional de Química
segue em expansão
Dentre os inúmeros campos de atuação no mercado de
trabalho, a formação industrial e a especialização em legislação
se destacam pela necessidade do mercado por profissionais
com essa formação
Um pouco da história
A profissão de químico foi reconhecida
pelo Decreto no 24.693, de 12/07/34, en-
quanto que a regulamentação do exercício
da profissão ocorreu com a edição do Decre-
to-lei no 5.452, de 01/05/43, de acordo com
a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Naquela época, somente eram reco-
nhecidos como profissionais da química os
portadores de diploma de químico, químico
industrial, químico industrial agrícola ou en-
genheiro químico. Mesmo que não possu-
íssem formação específica, também foram
reconhecidos como profissionais da química
pelo Decreto no 24.693/34 os trabalhadores
que se encontravam no exercício da ativida-
A Química é uma profissão que tem um ção do profissional. de de químico.
vasto campo de trabalho, por isso, o quími- No entanto, o mercado de trabalho onde Com a criação da CLT, a fiscalização do
co possui atribuições para desempenhar sua atua o CRQ-12 vem sofrendo uma significa- exercício da profissão de químico era exe-
profissão não só nos laboratórios, mas em tiva carência por técnicos e especialistas em cutada pelos fiscais das Delegacias Re-
todas as atividades da área da Química. Ele diversas áreas, com formação industrial e es- gionais do Trabalho. Os profissionais eram
utiliza as propriedades químicas das substân- pecializações na área de Química, que visem obrigados a apresentar seus diplomas nas
cias para criar novos produtos, melhorar pro- atender as múltiplas legislações, normas de Delegacias Regionais de Trabalho (DRTs) e
cessos industriais, além de realizar pesqui- licenciamento e pareceres técnicos. as empresas obrigadas a comprovar a con-
sas. Essas atividades podem ser realizadas Neste contexto, o trabalho de um químico tratação de profissionais da Química devi-
em diversos segmentos da área da química, industrial engloba a escolha das matérias- damente regularizados.
tais como alimentos, energia, desenvolvendo -primas e controle e uso das mesmas nos Esses artigos foram incluídos na Lei no
novos combustíveis, indústria farmacêutica, órgãos competentes, o desenvolvimento 2.800 para tratar da situação dos profissio-
entre outros. do produto com as matérias-primas mais nais graduados anteriormente a 18/06/56 e
O desempenho da profissão de químico en- adequadas, o projeto de instalações indus- que já estavam registrados nos Conselhos
volve atividades como projeto, planejamento triais de acordo com cada tipo de produto, o Regionais de Engenharia (CREAs).
e controle de produção; desenvolvimento de acompanhamento do processo produtivo, a Com a criação dos Conselhos Regionais
produtos; operações e controle de processos validação da qualidade através do processo de Química, os Engenheiros Químicos e En-
químicos; saneamento básico; tratamento de de controle de qualidade, o desenvolvimen- genheiros Industriais Modalidade Química,
resíduos industriais; segurança; gestão de to de procedimentos e métodos, dentre ou- após a conclusão de seus cursos, devem
meio ambiente entre outros campos de atua- tras atividades. se registrar em um CRQ para o exercício de
sua profissão.
Os Engenheiros Químicos, tanto são
Responsabilidade Técnica considerados profissionais da Química, que
Portanto, para uma boa atuação do profissional no exercício da função de Respon- têm representatividade na composição dos
sabilidade Técnica dois aspectos são fundamentais: o conhecimento abrangente da Conselhos Federal e Regionais de Química,
legislação específica na área da Química e áreas correlatas e o exercício permanente conforme artigos 4o e 5o da Lei no 2800/56.
da ética profissional. Outros cursos de formação profissional na
O Código de Ética Profissional pauta-se, dentre muitos outros, nos princípios de ho- área da Química, que surgiram após a re-
nestidade, lealdade e respeito à dignidade humana. E a sociedade não apenas espera, ferida Lei, foram reconhecidos através de
mas necessita que o profissional que ingressa no mercado de trabalho seja, a despeito Resoluções Normativas do CFQ, conforme
de qualquer benefício próprio, cumpridor desses princípios. prevê o artigo 24 da Lei no 2800/56.
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Graduação e
Existe um questionamento que vem intri-
gando o CRQ-12: “Os profissionais licenciados
que são formadores dos profissionais Químicos
mercado de
também são profissionais da Química?”. O Con-
selho tem vivenciado que muitos professores
trabalho enfrentam
licenciados na referida Ciência lecionam na área
e alegam que não atuam na profissão, alguns
solicitando até suspensão de registro e isenção
de anuidade. A reflexão é, se eles lecionam para
futuros profissionais, como não atuam na área?
Preocupado com a formação dos profissio-
divergências
nais que estão sendo inseridos no mercado Formação do profissional da Química, em algumas instituições de
de trabalho, o CRQ-12 realizou, recentemen- ensino superior, está deficiente do ponto de vista da preparação
te, uma espécie de questionamento, inter-
namente, com alguns profissionais que bus-
cam os serviços oferecidos pelo Conselho, e
acabou chegando a um resultado alarmante.
“Apesar dos grandes avanços, ainda enfren-
tamos a deficiência da formação dos profis-
sionais da área da Química”, revela o Prof°.
Dr. Wilson Botter Júnior.
A pesquisa procurou abordar algumas infor-
mações que os profissionais com formação na
área da Química deveriam saber, após a con-
clusão da graduação, para estarem preparados
para o mercado de trabalho e que, via de regra,
não são tratadas nos cursos de graduação.
Duas profissionais da área de Química e uma cionamento de uma empresa ou sobre siste- parecer técnico. A resposta da estudante para
estudante de graduação cursando o último pe- mas de BPF e gestão de qualidade. Ela ainda todos esses questionamentos foi negativa. Ela
ríodo foram questionadas sobre os documentos alegou que teve muitas dificuldades quando foi também não recebeu informações sobre a prá-
obrigatórios para o funcionamento de empresas, inserida no mercado de trabalho, “pois conside- tica de funcionamento de uma empresa durante
como alvará de funcionamento da prefeitura; al- rava sua formação rica do ponto de vista teórico a sua formação.
vará da Vigilância Sanitária (empresas da área quanto ao conteúdo referente à Química, mas Por fim, a segunda profissional, que se gra-
de alimentos, cosméticos, produtos de limpeza, que lhe faltou uma formação que a preparasse duou em um curso da área ambiental, ao ser
dentre outras); certificado do Corpo de Bombei- para o mercado de trabalho”, relatou. questionada sobre temas referentes a área em
ros (dependendo da área da empresa, onde há Ao ser questionada, a profissional disse que que atua (como conhecimento sobre a legisla-
armazenamento de GPL – gás liquefeito de pe- ao sair da graduação não tinha ciência sobre ção ambiental e sobre quais os procedimentos
tróleo – produtos inflamáveis, dentre outros); nenhum procedimento de solicitação de regis- para adquirir uma licença ambiental), afirmou
licença ambiental; registro no Ministério da Agri- tros e alvarás obrigatórios, muito menos sabia que o assunto foi abordado durante a sua gra-
cultura, Pecuária e Abastecimento (empresas fa- quais eram essas documentações. Inclusive, duação. O mesmo aconteceu com os temas li-
bricantes de bebidas, produtos de origem animal, disse que em nenhum momento da sua gradua- gados a procedimentos de gestão de qualidade
produtos para alimentação animal, fertilizantes, ção foi orientada pelos seus professores de que na área ambiental, como a ISO 14.001. Conclui-
dentre outras); registro no Órgão de Fiscalização precisava de um registro no CRQ para desem- -se que essa última profissional recebeu in-
Profissional competente; Certificado de Licença penhar sua profissão. formações durante sua graduação que precisa
de Funcionamento (CLF) e Certificado de Regis- Para a estudante de graduação foi pergun- para atuar no mercado de trabalho, o que não
tro da Cadastral (CRC) da Polícia Federal; Certi- tado se ela sabia quais os documentos uma ocorreu com as demais.
ficado de Registro (CR) do Ministério da Defesa indústria precisava para funcionar; se tinha co- Diante desses depoimentos, concluiu-se
– Exército Brasileiro (no caso de certificados e li- nhecimento do procedimento para solicitar um que a formação do profissional da Química, em
cenças da Polícia Federal e do Exército, os quais alvará da Vigilância Sanitária; se sabia que al- algumas instituições de ensino superior, é de-
se referem ao controle de produtos químicos. Há guns produtos químicos eram controlados pela ficiente do ponto de vista da preparação para
uma lista de produtos que são controlados por Polícia Federal e pelo Exército, ou seja, que é o mercado de trabalho. Para encerrar, mais um
cada um desses órgãos. Caso a empresa utilize preciso ter licença para utilizá-los; se conse- reflexão: “a quem devemos atribuir a responsa-
algum deles, ela necessita de autorização para guia escrever um manual de BPF ou emitir um bilidade pela formação?”
comprá-los e deve informar a quantidade utiliza-
da periodicamente).
Além dos documentos obrigatórios os pro-
fissionais ainda necessitam ter conhecimento
sobre outros assuntos como Boas Práticas de
Fabricação (BPF), Procedimentos Operacio-
nais Padrão (exigidos legalmente), Sistemas
de Gestão de Qualidade (procedimentos ABNT/
NBR/ISO).
Uma das profissionais, que é bacharel em
Química, declarou que em nenhuma de suas
disciplinas teve qualquer tipo de orientação
quanto à documentação obrigatória para o fun-
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NOTAS
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Diferentes
Um dos famosos vilões: o
bendito açúcar
áreas marcam
o mercado
promissor da
indústria de Aproximadamente 90% de todo o açúcar consumi-
alimentos
do no mundo se destina à alimentação humana. Se-
gundo a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás
(Faeg), o Estado é o segundo maior produtor nacional
de cana-de-açúcar, atrás apenas de São Paulo (dados
Enquanto o ser humano precisar de comida para
referentes à safra 2017/2018). Quanto à produção do
sobreviver, haverá trabalho para o responsável açúcar, Goiás ocupa a quarta posição, já que 75% da
técnico em alimentos matéria-prima é utilizada para a produção de etanol.
A composição básica do açúcar comercial é a saca-
rose, uma molécula do tipo dissacarídeo. Os tipos de
açúcar mais fabricados em escala industrial no Bra-
sil são o açúcar cristal e o açúcar demerara. O açúcar
cristal caracteriza-se pelo alto teor de pureza (cerca
de 99,3 a 99,9%). O demerara caracteriza-se por apre-
sentar uma coloração mais escura, por apresentar
cristais envoltos por uma película de mel (isso confere
ao açúcar uma pureza entre 96,5 a 98,5%).
Dessa forma, fica claro que a diferença entre o açú-
car cristal e o açúcar demerara é o teor de impurezas
(substâncias que não são sacarose), sendo esse últi-
mo recoberto com uma pequena quantidade de mel
Nos últimos 70 anos, a expansão A partir desse conhecimento, ele tem sobre os cristais de sacarose. Conclui-se que não há
da indústria de alimentos se deu pelo mais capacidade para criar um produto diferenças nutricionais significativas entre esses dois
surgimento ou aprimoramento de téc- diferente, aprimorar sabores, realizar a produtos. A diferença perceptível ao paladar refere-se
nicas envolvendo processos químicos conservação de alimentos. ao leve sabor de melaço do açúcar demerara propor-
como a desidratação, o congelamen- Além de trabalhar com procedimen- cionado pela impureza da sacarose.
to e a higienização. Agora, a chegada tos para evitar contaminação e doen- Mas no final dos anos de 1980 e início dos anos de
dos alimentos funcionais, enriquecidos ças causadas pelos alimentos e méto- 1990, o açúcar passou a ser criticado, assim como
com substâncias benéficas à saúde, é a dos higiênico-sanitários, o profissional muitos alimentos industrializados. No caso específi-
novidade do setor. da química determina quais os proce- co do açúcar cristal, a alegação para que as pessoas
Dividido em duas áreas, alimentos dimentos serão utilizados na produ- deixassem de usá-lo seria que ele perderia todos os
naturais e industrializados, os primei- ção e transformação dos produtos. O nutrientes durante o seu processamento, isso justi-
ros envolvem aqueles que não pas- profissional da química pode atuar em ficaria a sua substituição pelo açúcar mascavo que,
sam por transformações ou sofrem indústria, laboratórios químicos e em- por ter um processamento mais simplificado, mante-
apenas pequenas modificações, como preendedorismo na área de alimentos. ria esses nutrientes. É claro que o açúcar cristal per-
os concentrados, secos, desidrata- Entretanto é bom que fique claro de seus nutrientes durante o processamento, pois o
dos, resfriados e congelados. Já os que alimento natural não é o mesmo objetivo desse produto é dar sabor adocicado aos ali-
industrializados sofrem grandes mo- que alimento saudável, uma vez que mentos aos quais ele é adicionado, não atuar como
dificações – como os pasteurizados, tudo está diretamente ligado na sua fonte de nutrientes.
esterilizados, salgados e defumados –, quantidade de ingestão. “Vejo que o A quantidade disponível de cálcio no açúcar mas-
ou são transformados – como os fer- alimento que mata a fome na quan- cavo é 127 miligramas em 100 gramas de açúcar e a
mentados, balas e caramelos, bebidas tidade moderada é saudável, já aque- quantidade diária de cálcio que uma pessoa precisa
estimulantes, bebidas fermentadas, le que se come em excesso não é”, consumir diariamente, conforme a Organização Mun-
chocolates, condimentos e temperos, cita o Prof°. Dr. Wilson Botter Júnior. dial da Saúde, é de 1 grama ou seja, uma pessoa deve-
gelados comestíveis, gomas de mas- Segundo ele, as pessoas acabam fa- ria ingerir quase 800 gramas de açúcar mascavo para
car, derivados do leite, massas, óleos zendo confusão por desinformação e consumir a quantidade necessária de cálcio. Sendo
e gorduras, e produtos de confeitaria. a mensagem subliminar de que os ali- assim, fica muito claro que o açúcar mascavo também
Profissão com mercado de traba- mentos industrializados fazem mal à não pode ser usado como fonte de nutrientes. Vale
lho promissor, por atuar com algo que saúde e os naturais fazem bem. Neste entender que o açúcar é um alimento bastante caló-
todo o ser humano precisa para sobre- caso, ele aconselha que o profissional rico e deve ser consumido moderadamente. Inclusive,
viver - a comida -, o responsável téc- de química que atua na área de ali- os valores calóricos dos açúcares mascavo e cristal
nico em uma indústria de alimentos mentos como responsável técnico da são semelhantes. Então, também não se justifica a
analisa as propriedades químicas dos empresa não promova a propaganda substituição do açúcar cristal pelo açúcar mascavo
alimentos, com a finalidade de enten- enganosa do produto e mantenha a em termos de redução de consumo de calorias.
der o seu processo de transformação. ética e a consciência.
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Químico forense é o braço
direito no campo legal e judicial
na busca de provas Ressonância Magnética Nuclear (RMN), den-
tre outras técnicas.
O perito forense, munido de seu conhecimento técnico e os Conforme ele explica, para a análise quí-
resultados das análises, pode fornecer segurança e eficiência à mica de drogas brutas ilícitas são empre-
produção de prova pericial gados testes colorimétricos e, também, os
instrumentais, principalmente as técnicas de
Cromatografia Gasosa acoplada a Espectro-
metria de Massas (CG-EM) e Infravermelho.
“Porém, o surgimento das chamadas ‘novas
substâncias psicoativas’, dificultou a identifi-
cação dessas drogas, sendo necessário o uso
de mais técnicas analíticas e, consequente-
mente, exigindo um maior conhecimento na
área instrumental para desenvolver a ativi-
dade e emitir o laudo”, pontua.
É claro que isso também exige um proces-
so permanente de aperfeiçoamento e atua-
lização científica. “Razão pela qual cursei,
ao longo deste período, uma especialização
em Toxicologia e o doutorado em Química na
área de RMN, além de sempre participar dos
O Brasil está apenas dando os primeiros perito de cena de crime ou em laboratório. congressos e eventos da área”, revela. Neste
passos na área da Química Forense, quan- No entanto, Dr. Luciano esclarece que em caso, os cursos de pós-graduação vão am-
do comparado com outros países. O químico Goiás o concurso ainda não é realizado por pliar o conhecimento do profissional que bus-
forense é o profissional da área da Química área de formação, sendo exigido o curso de ca a área de Química e Toxicologia Forense,
que analisa amostras encontradas na cena do nível superior em qualquer área. “Assim, após visando a sua atuação como Perito Judicial
crime e que chega a conclusões baseando-se o ingresso na carreira de Perito Criminal da ou Assistente Técnico em processos judiciais
em testes realizados com estas evidências. O Polícia Técnico-Científica do Estado de Goiás, diversos. “No Código de Processo Penal exis-
seu trabalho consiste em identificar e carac- com o devido curso de formação, a lotação do te previsão legal para que as partes, caso
terizar a evidência como parte de um grande profissional químico será realizada em fun- queiram, indiquem assistentes técnicos para
processo para desvendar o crime. ção de sua formação/qualificação, observan- um possível questionamento do laudo emiti-
Conforme relata o presidente do CRQ-12, do também, o quadro atual de servidores do do pelo Perito Criminal”, cita.
Dr. Luciano Figueiredo de Souza, o profissio- Laboratório Químico”, explica, acrescentando Para encerrar, Dr. Luciano assegura que
nal atua aplicando seus conhecimentos quí- que esses concursos normalmente são bas- outra dica para aqueles que queiram conhe-
micos na análise dos vestígios encaminha- tante concorridos, logo, exigem muita dedi- cer melhor a profissão é a participação em
dos ao laboratório, os quais são solicitados cação aos estudos para obtenção de sucesso eventos ligados à área. “Por isso, realizare-
por uma autoridade policial, com o objetivo nas provas. mos em Goiânia, em 2019, o XXV Congresso
de produzir a prova pericial (Laudo Pericial) e O presidente conta que ingressou no qua- Nacional de Criminalística, um dos eventos
instruir os processos criminais. dro de Peritos Criminais da Polícia Técnico- mais tradicionais da Perícia Criminal, que en-
Ele acrescenta que dentre os laudos e ati- -Científica do Estado de Goiás em 2004. “No globará, além de outras áreas temáticas, a
vidades periciais mais comuns realizadas no laboratório químico, já atuei realizando todas de Química e Toxicologia Forense” finaliza.
Laboratório Químico do Instituto de Crimina- as análises citadas. Atualmente, estou lo-
lística Leonardo Rodrigues (ICLR), localizado tado na Seção de Química Forense do ICLR,
em Goiânia, estão as análises de identificação realizando análises de drogas e substâncias
e adulteração em medicamentos, bebidas, correlatas apreendidas no Estado de Goiás”,
cosméticos, agrotóxicos, perfumes e com- compartilha, enfatizando que por se tratar de
bustíveis, pesquisa de acelerantes, pesquisa análises químicas, obviamente existe a roti-
de resíduos de disparo de arma de fogo, iden- na laboratorial. “Porém, com certa frequência
tificação de drogas e substâncias correlatas, nos deparamos com um novo desafio analíti-
análise de artefatos e resíduos de explosivos, co, o que torna a profissão muito interessante
bem como a análise toxicológica do mate- e atrativa”, destaca.
rial coletado das vítimas e/ou infratores, tais Segundo Dr. Luciano, os desafios normal-
como, alcoolemia e carboxihemoglobina. mente estão relacionados a parte analítica,
No Brasil, um químico forense pode se tor- visando a identificação ou confronto de de-
nar um perito, estadual ou federal, por meio terminado material coletado/apreendido que
de um concurso público. Após a seleção, o foi encaminhado para perícia. Logo, isso exige
candidato passa por um curso de formação, um conhecimento técnico especializado na
ministrado pela própria polícia, estadual ou área instrumental, como por exemplo, Cro-
federal, e poderá optar em trabalhar como matografia Gasosa ou Líquida, Infravermelho,
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