Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Aplicacao Do Processo de Pensamento Da Teoria Das Restricoes para Melhoria em Processos de Negocios - ENEGEP - 2006 PDF
Aplicacao Do Processo de Pensamento Da Teoria Das Restricoes para Melhoria em Processos de Negocios - ENEGEP - 2006 PDF
Resumo
O presente trabalho apresenta uma abordagem de uso dos conceitos e ferramentas do
Processo de Pensamento da Teoria das Restrições, teoria proposta pelo físico israelense Eli
Goldratt, na melhoria dos processos de negócios. Inicia-se a discussão pela modelagem dos
processos que habilita a construção de uma visão integrada, possibilitando o entendimento
da situação da organização e de seus problemas. Após formação deste diagnóstico inicial, é
utilizado o Processo de Pensamento da Teoria das Restrições na análise crítica dos
processos e na proposição de melhorias. Em linhas gerais, a abordagem procura realizar
uma análise sistêmica e sistemática das oportunidades de ganhos a partir da representação
dos processos da organização. Busca-se, portanto, integrar dois campos de conhecimento: a
Engenharia de Processos e o Processo de Pensamento da Teoria das Restrições. A
abordagem metodológica será ilustrada por um caso de aplicação para explicitação do seu
uso e seus possíveis benefícios.
Palavras-chave: Processos de Negócios, Melhoria contínua, Teoria das Restrições.
1. Introdução
O Processo de Pensamento da Teoria das Restrições é um conjunto de ferramentas que
permitem identificar, analisar e propor soluções aos problemas organizacionais (ANTUNES
et al., 2004). Noreen et al (1996) relata diversos casos de aplicação do Processo de
Pensamento para a resolução de problemas específicos da organização. Entretanto, não se
verificam trabalhos que sistematizem a utilização dessa ferramenta para os processos
organizacionais como um todo. Realizar uma análise dos efeitos indesejados e suas causas em
nível de processo pode contribuir para o entendimento destes efeitos e de suas relações com
outros processos organizacionais.
Nesse sentido, a Engenharia de Processos pode cooperar efetivamente como elemento
condutor das análises organizacionais em nível de processos, contribuindo para o Processo de
Pensamento da Teoria das Restrições. A visão por processos privilegia a análise das
atividades transversais à organização, permitindo o entendimento e a melhoria da organização
como um todo em função de seu objetivo final.
Assim sendo, o objetivo dessa pesquisa é apresentar um caso de aplicação do Processo de
Pensamento da Teoria das Restrições na melhoria dos processos organizacionais. Os
benefícios esperados dessa aplicação são: i) melhor compreensão dos processos; ii) uma visão
sistêmica dos problemas encontrados nos processos; e por conseqüência; iii) um melhor
redesenho dos processos. Para evidenciar a aplicação e seus possíveis benefícios realizou-se
um estudo de caso em uma indústria do setor de cimento. Assim, foi possível ter uma visão
integrada dos processos e dos efeitos indesejados, buscando priorizar as soluções cuja atuação
focasse nos pontos de alavancagem do sistema.
XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006
2. Referencial Teórico
A seguir são apresentados alguns dos conceitos que serviram para construção deste trabalho.
2.1. Processo de Pensamento da Teoria das Restrições
A Teoria das restrições é uma filosofia de gerenciamento que tem como objetivo aprimorar
sistemas. Ela é composta basicamente de dois conjuntos de solução: os Processos de
Pensamento e os Aplicativos Específicos como o TPC (Tambor-Pulmão-Corda), a Corrente
Crítica (Gestão de projetos), entre outros. Segundo Dettmer (1997) a Teoria das restrições é
uma teoria prescritiva, ou seja, ajuda a identificar o que está impedindo uma melhor
performance da organização e também apresenta o que deve ser feito e a forma de fazê-lo.
Para Cox & Spencer (2002), o Processo de Pensamento é um conjunto de ferramentas que
podem ser utilizadas individualmente ou podem ser interligadas logicamente, permitindo a
identificação de problemas centrais, determinação de soluções do tipo ganha-ganha e na
determinação e superação dos obstáculos possíveis para implantação da solução.
O Processo de Pensamento baseia-se no método científico e busca responder a três perguntas:
O quê mudar?, Para o quê mudar? e Como provocar a mudança?. A lógica do Processo de
Pensamento baseia-se em relações de efeito-causa-efeito e na visão crítica da realidade, onde
se procura saber por que as coisas acontecem e não como elas acontecem. Conforme Cox &
Spencer (2002), a Teoria das Restrições possui cinco ferramentas que visam responder estas
três perguntas fundamentais, essas estão representadas na Tabela 1. Para os fins desse trabalho
apresenta-se apenas a Árvore da Realidade Atual, ferramenta que foi utilizada para a
identificação das causas-principais dos problemas verificados nos processos modelados.
Pergunta Central Ferramenta
O quê mudar? Árvore da Realidade Atual (Current Reality Tree – CRT)
Evaporação das Nuvens (Evaporating Clouds)
Para o quê mudar?
Árvore da Realidade Futura (Future Reality Tree – FRT)
Árvore dos Pré-Requisitos (Prerequisite Tree – PRT)
Como provocar a mudança?
Árvore de Transição (Transition Tree – TT)
Tabela 1 – Cinco ferramentas do Processo de Pensamento - fonte: Os Autores.
Adaptado de (COX & SPENCER, 2002)
afirma que processos são importantes, mas é preciso ter sucesso no sistema, não sendo
suficiente apenas melhorar o processo e não o sistema como um todo. Portanto, a partir desse
diagnóstico, segue-se para a construção de uma visão sistêmica de como os problemas
encontrados nos diversos processos se relacionam e impactam no desempenho do sistema. O
segundo passo, então, consiste em construir a Árvore da Realidade Atual (ARA).
Segundo Scheinkopf (1999) é preciso olhar embaixo da “pilha de problemas” com os quais
nos confrontamos no dia a dia para identificar as restrições políticas e paradigmas que inibem
uma melhor performance da organização. Por isso, a ARA é construída e, permite identificar
estas restrições, que são os elementos centrais que ocasionam a maior parte dos problemas
levantados. Encerra-se, então, o método com a proposição de melhorias apenas para estes
elementos centrais, objetivando a implementação de soluções efetivas e com ganhos
sistêmicos para a organização.
Identificação dos
problemas a serem
priorizados Identificação
Construção
Localização dos da Árvore da das causa-
Modelagem de raiz ou Proposição de Priorização das
problemas no Realidade
Processos problemas soluções soluções
Macroprocesso Atual
Identificação dos principais
problemas em
cada processo
Figura 1 – Procedimento Técnico proposto – fonte: os autores.
ESTRATÉGIA E GESTÃO
PREVISÃO DE LOGÍSTICA
VENDAS (PCP)
AVALIAÇÃO DE
z Necessidade de alteração da origem doDA
CONTROLE CONTROLE DE
pedido em
CRÉDITO
PRODUÇÃO QUALIDADE
função de impossibilidade de cumprimento de
determinada alocação logística
CARREGAMENTO EXPEDIÇÃOplanejada
(FÁBRICAS) (FÁBRICAS)
DEFINIÇÃO DA AQUISIÇÃO
VENDAS RECEBIMENTO PRODUÇÃO RECEBIMENTO
LOGÍSTICA DO DE
DOS PEDIDOS DE MATERIAIS
PEDIDO MATERIAIS
ESTOQUE
z Reprogramação
CARREGAMENTO do
EXPEDIÇÃO z Pedido não confere
(DEPÓSITOS)
(DEPÓSITOS)
z Dificuldade de reagir pedido
MANUTENÇÃO
(quantidade, prazo e produto) –
adequadamente aos PROBLEMAS VISÍVEIS
picos de demanda z Erro no cadastramento do pedido AO CLIENTE
CONTAS A CONTAS A
(vendas acima da média) (ausência do cliente na linha)
RECEBER PAGAR
A construção destas relações de causa e efeito com base no Macroprocesso foi realizada para
todos os problemas identificados, de forma que as propagações dos efeitos até os clientes
ficassem evidenciados em toda a cadeia de atividades. Em seguida, foi construída a ARA.
5. Árvore da Realidade Atual (ARA)
As relações de causa e efeito entre os diversos problemas foram consolidadas, buscando a
construção de um mapa único onde os inter-relacionamentos estivessem explicitados e,
consequentemente, os impactos percebidos pelos clientes ficassem evidenciados. A ARA
diagramada na Figura 3 identifica, portanto, os principais efeitos indesejados e as possíveis
causas no Macroprocesso da organização estudada. Verificam-se os efeitos indesejados
principais: atraso na entrega do produto, produto não confere com o pedido do cliente (prazo,
quantidade e/ou produto) e sacarias rasgadas na entrega para o cliente, esses efeitos
indesejados proporcionam perda de vendas e de clientes para a empresa.
25. Perda de
vendas e
clientes
24. Atraso na
entrega do produto
23. Rasgamento
nas sacarias
20. Não aviso da quebra 21. Re-carregamento
dos veículos pelos dos sacos de cimento
motoristas 16. Falta de
15. Descuido no
19. Quebra de estoque para
18. Carregamento manuseio das
veículos 22. Pedido não expedir
acima / abaixo do sacarias
confere (prazo,
peso
quantidade e
17. Infra-estrutura
rodoviária ruim 14. Não observação 11. Paradas na 12. Parada do
das especificidades produção não carregamento
13. Manutenção dos 7. dos clientes na hora previstas
8. Erro na
veículos realizada com Carregamento 10. Problemas no
reprogramação do 9. Atraso no
menor freqüência do que equivocado paletizador ou na
pedido cadastramento ensacadeira
do pedido
1. Dificuldade de
reagir à demanda