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Sumário

Evolução recente da economia


Avaliação prospectiva das tendências da inflação
Implementação da política monetária
Inflação
Atividade econômica
Expectativas e sondagens
Mercado de trabalho
Crédito e inadimplência
Ambiente externo
Comércio exterior e reservas internacionais
Mercado monetário e operações de mercado aberto
 
Data: 31/08/2010 e 1º/09/2010
 
Local: Sala de reuniões do 8º andar (31/8) e do 20º andar (1º/9) do Edifício-Sede do
Banco Central do Brasil – Brasília – DF
Horário de início: 16h30 (31/8) e 17h45 (1º/9)
Horário de término: 18h35 (31/8) e 20h30 (1º/9)
 
Presentes:
Membros do Copom
Henrique de Campos Meirelles – Presidente
Aldo Luiz Mendes
Alexandre Antonio Tombini
Alvir Alberto Hoffmann
Anthero de Moraes Meirelles
Antonio Gustavo Matos do Vale
Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo
Luiz Awazu Pereira da Silva
 
Chefes de Departamento (presentes no dia 31)
Adriana Soares Sales – Departamento de Estudos e Pesquisas (também presente no dia
1º/9)
Altamir Lopes – Departamento Econômico
João Henrique de Paula Freitas Simão – Departamento de Operações do Mercado Aberto
José Antonio Marciano – Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de
Pagamentos
Márcio Barreira de Ayrosa Moreira – Departamento de Operações das Reservas
Internacionais
Renato Jansson Rosek – Gerência-Executiva de Relacionamento com Investidores
 
Demais participantes (presentes no dia 31)
Alexandre Pundek Rocha – Assessor da Diretoria
Eduardo José Araújo Lima – Chefe-Adjunto do Departamento de Estudos e Pesquisas
Emanuel Di Stefano Bezerra Freire – Assessor da Diretoria
Francisco Leopoldo Carvalho de Mendonça Filho – Assessor de Imprensa
Wagner Piazza Gaglianone – Assessor do Departamento de Estudos e Pesquisas
 
 
Os membros do Copom analisaram a evolução recente e as perspectivas para a
economia brasileira e para a economia internacional, no contexto do regime de política
monetária, cujo objetivo é atingir as metas fixadas pelo governo para a inflação.
 
 
Evolução recente da economia
 
1. A inflação medida pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA), após elevação no primeiro quadrimestre, foi nula em junho e próxima de zero
em julho (0,01%). Com isso, a inflação acumulada nos sete primeiros meses de 2010
alcançou 3,10%, o que reflete, em grande parte, o comportamento dos preços livres,
que aumentaram 3,55% até julho. Especificamente sobre os preços livres, note-se que
enquanto a variação dos preços dos bens comercializáveis mostrou certa estabilidade
nos primeiros sete meses de 2010 em relação ao mesmo período do ano anterior
(2,22% ante 2,26% em 2009), a dos preços dos bens não comercializáveis aumentou
(4,74% ante 3,33% em 2009). Por sua vez, os preços administrados desaceleraram,
com alta de 2,03% até julho, ante 2,81% em igual período de 2009. A variação dos
preços dos serviços, cuja dinâmica tende a exibir maior persistência do que a dos
preços dos bens, mostra certo arrefecimento na margem, atingiu 5,12% até julho e
6,90% em doze meses. Em síntese, o conjunto das informações disponíveis evidencia
que houve melhora da dinâmica inflacionária.
 
2. As três principais medidas de inflação subjacente calculadas pelo Banco Central
tiveram comportamento homogêneo entre junho e julho. O núcleo por médias aparadas
com suavização reduziu-se de 0,40% em junho para 0,25% em julho, assim como os
núcleos por dupla ponderação (de 0,29% para 0,20%) e por exclusão (de 0,36% para
0,24%). No acumulado até julho, o núcleo por exclusão elevou-se em 3,32%, enquanto
os núcleos por médias aparadas com suavização e por dupla ponderação registraram
elevações de 3,14% e de 2,98%, respectivamente. Apesar da dinâmica mais favorável
nos últimos meses, essas variações situam-se, respectivamente, 0,24 p.p., 0,58 p.p. e
0,13 p.p. acima das taxas vigentes no mesmo período de 2009. Por sua vez, em julho,
as taxas de variação acumuladas em doze meses se posicionaram em 4,98%, 4,96% e
4,87% para o índice por exclusão, por médias aparadas com suavização e por dupla
ponderação, respectivamente, portanto ainda acima do centro da meta. Após seis
meses se posicionando acima de 60%, em junho o índice de difusão do IPCA recuou
para 57,3% e, em julho, voltou a recuar (48,7%).
 
3. A inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI)
deslocou-se de 0,34% em junho para 0,22% em julho. No ano até julho, a variação do
IGP-DI atingiu 5,71% (-1,68% no mesmo período de 2009). Sob esse critério, a
aceleração do IGP-DI manifestou-se em seus três componentes. O principal, o Índice de
Preços ao Produtor Amplo – Disponibilidade Interna (IPA-DI), atingiu 6,54% no
acumulado do ano até julho (-4,03% no mesmo período de 2009). Por sua vez, o Índice
de Preços ao Consumidor – Brasil (IPC-Br) variou 3,42% no mesmo período (3,01% em
2009), enquanto o Índice Nacional da Construção Civil (INCC) variou 6,09% (2,69% em
2009). No que se refere ao IPA-DI, a aceleração derivou tanto do comportamento dos
preços agrícolas como dos industriais. A variação do IPA industrial atingiu 6,82% (-
5,06% no mesmo período de 2009) e a dos preços agrícolas no atacado chegou a
5,64% (-1,04% em 2009). Por outro lado, cabe enfatizar que a dinâmica dos preços no
atacado mostra melhora, em particular a dos preços agrícolas. De toda forma, o Copom
avalia que os efeitos do comportamento dos preços no atacado sobre a inflação para os
consumidores dependerão, entre outros fatores, das condições atuais e prospectivas da
demanda, da exposição de cada setor à competição externa e interna, e das
expectativas dos formadores de preços em relação à trajetória futura da inflação.
 
4. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) incorpora estimativa para
a produção mensal dos três setores da economia, bem como para os impostos sobre
produto, e, portanto, constitui importante indicador coincidente da atividade econômica.
Após registrar crescimento por dezesseis meses consecutivos até abril, o IBC-Br se
mostrou estável no bimestre seguinte. A evolução do IBC-Br, bem como de outros
indicadores de atividade, sugere acomodação da economia no segundo trimestre, ao
contrário do ritmo intenso verificado no primeiro. Entretanto, as perspectivas para o
segundo semestre apontam no sentido de que a economia deverá crescer, mas, em
ritmo mais condizente com taxas de crescimento avaliadas como sustentáveis a longo
prazo.  
 
5. A série de produção industrial geral, segundo dados dessazonalizados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na comparação mês a mês, registrou alta
de 0,4% em julho, após haver recuado nos três meses anteriores. Na comparação com
o mesmo mês do ano anterior, em julho a produção aumentou 8,7%, ante 11,1% em
junho. No acumulado em doze meses, após declínios consecutivos de fevereiro de 2009
a março de 2010, pela quarta vez seguida a produção industrial mostrou expansão, de
8,3% (4,5% e 6,5% em maio e junho, respectivamente). Por sua vez, a taxa de
crescimento da média móvel trimestral da série de produção industrial geral, segundo
dados dessazonalizados pelo IBGE, recuou 0,3% em julho, após diminuir 0,7% em
junho. Nos primeiros meses deste ano, o dinamismo da atividade fabril foi influenciado
pela conjuntura internacional, pelas expectativas de empresas e famílias, bem como
pelas condições financeiras domésticas, fatores esses que impulsionaram a demanda
doméstica. Esse processo foi amparado também pela recomposição de estoques e pela
antecipação do consumo, que, por sua vez, decorreu, em parte, das perspectivas de
retirada de estímulos fiscais. Devido à queda na comparação mensal verificada em todo
o segundo trimestre, o comportamento da série da indústria geral e de seus
componentes continua próximo ao verificado antes da crise de 2008/2009. A produção
industrial deve retomar a tendência de crescimento, processo este amparado, além das
fontes de crédito tradicionais, pela recuperação do mercado de capitais e pela ação de
instituições financeiras públicas, entre outros fatores.
 
6. Entre as categorias de uso, segundo dados dessazonalizados pelo IBGE, os destaques
com maiores contribuições positivas em julho foram as indústrias de bens de consumo
duráveis (0,9%) e as de bens intermediários (0,9%). As indústrias de bens de consumo
semi e não duráveis também apresentaram crescimento (0,3%), enquanto as de bens
de capital contraíram (-0,2%). Considerando a média móvel trimestral, enquanto a
categoria de bens intermediários registrou leve aumento (0,1%), as de bens de capital
(-0,7%), bens de consumo duráveis (-0,9%) e semiduráveis (-0,5%) apresentaram
redução. Vale ressaltar que a indústria de bens de capital apresentou crescimento de
28,3% até julho, maior expansão entre as categorias de uso, evidenciando a retomada
consistente da economia doméstica. Após a crise de 2008/2009, a recuperação do
dinamismo da produção industrial foi inicialmente liderada pela produção de bens
duráveis, mas se disseminou posteriormente, refletindo medidas de desoneração
tributária, que a rigor se encontram em processo avançado de reversão, bem como
distensão nas condições financeiras e aumento da renda. O comportamento futuro da
produção industrial dependerá também da evolução da confiança dos consumidores e
dos empresários, que devem continuar sendo fontes de dinamismo, entre outros
fatores.
 
7. A taxa de desemprego nas seis regiões metropolitanas cobertas pela Pesquisa Mensal
de Emprego (PME), do IBGE, passou de 7,0%, em junho, para 6,9% em julho, taxa 1
p.p. inferior àquela observada no mesmo mês de 2009. Na série dessazonalizada, a
taxa permaneceu estável, em 7,0%, pelo terceiro mês consecutivo. Após recuar
substancialmente após a crise de 2008/2009, a taxa de desemprego mostra certa
estabilidade. O rendimento médio habitual real apresentou alta de 2,2% em julho em
relação ao mês anterior. O emprego, por sua vez, teve elevação de 3,5% em junho e de
3,2% em julho, em relação aos mesmos meses do ano anterior, com destaque para o
setor industrial. Em consequência, a expansão da massa salarial real atingiu 8,4% na
comparação interanual em julho, e permanece como fator-chave para a sustentação da
demanda doméstica. Ainda sobre o mercado de trabalho, dados divulgados pelo
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) indicam continuidade da geração de vagas no
setor formal. De fato, em julho foram criados 182 mil postos de trabalho e, nos sete
primeiros meses do ano, 1,66 milhão, registrando o terceiro melhor mês de julho e o
maior saldo acumulado no mesmo período da série histórica, iniciada em 1985. De
forma idêntica, a indústria de transformação, o comércio, os serviços e a construção
civil geraram os maiores saldos acumulados desde 1985. Também no que se refere ao
emprego formal, o setor mais dinâmico continua sendo a construção civil, no qual o
emprego se expandiu 13,9% frente aos primeiros sete meses de 2009.
 
8. O volume de vendas do comércio ampliado, de acordo com dados dessazonalizados
pelo IBGE, apresentou estabilidade em junho, após quedas de 0,1% em maio e de 6,7%
em abril. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve elevação de 3,4%
em junho. A média do trimestre encerrado em junho recuou 1,9%, em relação ao
encerrado em março, na série com ajuste sazonal. Na comparação com o mês anterior,
pela série com ajuste sazonal, foram destaques positivos as vendas de equipamentos e
material para escritório (5,4%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (5,2%) e dos
hipermercados, supermercados e produtos alimentícios (1,5%). A despeito da
estabilidade na margem, nos próximos meses espera-se que a trajetória do comércio
continue sendo beneficiada por transferências governamentais, pelo crescimento da
massa salarial real, pela expansão do crédito e pela confiança dos consumidores.
 
9. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) na indústria de transformação
calculado pela FGV, sem ajuste sazonal, se posicionou em 85,4% em agosto, próximo
aos níveis verificados antes da crise de 2008/2009. Segundo dados da Confederação
Nacional da Indústria (CNI), dessazonalizados pelo Banco Central, o Nuci reduziu-se
para 82,7% em junho (82,8% em maio), enquanto aquele calculado pela FGV, com
ajuste sazonal, atingiu 84,9% em agosto (85,1% no mês anterior). Entre as quatro
categorias de uso, as indústrias de bens de consumo (84,9% ante 85,0% no mês
anterior) e a de materiais de construção (91,0% ante 91,7% no mês anterior)
registraram redução em agosto ante o mês anterior. Por outro lado, a indústria de bens
de capital (84,0%) apresentou alta de 1,3 p.p., enquanto a de bens intermediários
(86,3%) registrou estabilidade em comparação ao mês anterior. A reduzida margem de
ociosidade é resultado da expansão da atividade, ainda não compensada pela
maturação de projetos de investimento. Por sua vez, os dados sobre absorção de bens
de capital mostram recuperação na comparação com os mesmos períodos do ano
anterior. A absorção de bens de capital apresentou redução de 0,2% em julho ante o
mês imediatamente anterior, dados dessazonalizados, e crescimento de 27,9% em
relação a julho de 2009. No acumulado do ano até julho o aumento atingiu 31,0%. A
produção de insumos para a construção civil registrou redução (2,5%) em julho em
relação ao mês anterior. Pela série observada, houve alta de 9,5% em relação a julho
de 2009, com aumento de 7,9% em doze meses. Em síntese, os dados sugerem que as
taxas de utilização da capacidade instalada se acomodaram em patamares elevados. A
propósito, como assinalado em Notas anteriores das reuniões do Copom, a trajetória da
inflação mantém estreita relação com os desenvolvimentos correntes e prospectivos no
tocante à ampliação da oferta de bens e de serviços para o adequado atendimento da
demanda.
 
10. O saldo da balança comercial acumulado em doze meses totalizou US$17,7 bilhões
em julho, valor US$9,4 bilhões inferior ao observado no mesmo período do ano
passado. Esse resultado adveio de US$175,8 bilhões em exportações e de US$158,0
bilhões em importações, o que representa variações de 2,8% e 9,9%, respectivamente,
em relação a julho de 2009. De fato, o maior dinamismo da demanda doméstica frente
à externa é relevante para a redução do superávit comercial. O comportamento das
remessas de lucros e dividendos contribuiu para elevar o déficit em conta corrente
acumulado em doze meses, que aumentou de US$40,9 bilhões, em junho, para
US$43,8 bilhões em julho, equivalente a 2,2% do PIB. Por sua vez, os investimentos
estrangeiros diretos totalizaram US$26,7 bilhões em doze meses até julho, o
equivalente a 1,4% do PIB.
 
11. A recuperação da economia global continua sendo liderada pelas economias
emergentes, mas desde a última reunião do Comitê acumulam-se indícios de que a
intensidade desse processo poderá ser menor do que se antecipava, em cenário no qual
a observância de dinamismo nas economias do G3 (Estados Unidos, Europa e Japão)
para 2011 se torna menos provável. A economia americana registra sinais de
enfraquecimento, evidenciando que a recuperação em curso deverá ser mais lenta do
que se vislumbrava anteriormente, não se descartando por completo a possibilidade de
reversão. De fato, os níveis de confiança dos consumidores ainda permanecem em
patamares inferiores aos vigentes antes da crise de 2008/2009, e o desemprego
continua em patamar elevado, com previsão de recuo paulatino ao longo dos próximos
meses.Por sua vez, a economia japonesa continua registrando crescimento
marcadamente lento. A propósito, na Área do Euro a recuperação se mostra bastante
incerta, além de lenta e desigual entre as economias do bloco, em parte devido à
consolidação fiscal e às dificuldades por que passa o mercado de crédito. Por outro lado,
a economia da Alemanha, a mais importante da área, mostra alguns sinais de
retomada. Em suma, aumentou, desde a última reunião do Comitê, a incerteza quanto à
sustentabilidade e ao ritmo da expansão nas economias maduras, de modo especial nos
Estados Unidos e na Europa, em cenário em que medidas de estímulos são substituídas
por medidas contracionistas. Como as economias do G3 apresentam elevada ociosidade
dos fatores de produção, processo agravado por preocupações fiscais, os bancos
centrais mantêm o caráter acomodatício de suas políticas monetárias. Nesse contexto,
após período de flexibilização agressiva, a política monetária segue inalterada em
diversos países, e em algumas economias menos afetadas pela crise de 2008/2009, que
se recuperaram mais rápida e intensamente e adotaram posturas de política monetária
restritivas, parece ter se verificado certa acomodação. 
 
12. Os preços do petróleo mostraram redução no mercado a vista e aumento no
mercado futuro desde a última reunião deste Comitê. A volatilidade aumentou e a
incerteza que envolve esses preços segue elevada, uma vez que o cenário prospectivo
depende da evolução da demanda, em contexto de retomada assimétrica da economia
mundial, da perspectiva de evolução da oferta global, condicionada pelo ritmo de
maturação de investimentos no setor, além das questões geopolíticas que atuam sobre
os preços dessa mercadoria. Não obstante, o cenário central de trabalho adotado pelo
Copom prevê preços domésticos da gasolina inalterados em 2010. Cabe assinalar,
entretanto, que, independentemente do comportamento dos preços domésticos da
gasolina, a evolução dos preços internacionais do petróleo pode, eventualmente, se
transmitir à economia doméstica tanto por meio de cadeias produtivas, como a
petroquímica, quanto pelo efeito potencial sobre as expectativas de inflação. Registre-
se, ainda, que os preços de commodities agrícolas, que têm impacto particularmente
importante na evolução dos custos alimentares, registraram elevação desde a reunião
anterior do Comitê, com destaque para o trigo e o milho. Por sua vez, as cotações das
commodities industriais também aumentaram no mesmo período.
 
Avaliação prospectiva das tendências da inflação
 
13. Os choques identificados, e seus impactos, foram reavaliados de acordo com o novo
conjunto de informações disponível. O cenário considerado nas simulações contempla as
seguintes hipóteses:
a) as projeções de reajuste para a gasolina e para o gás de bujão permaneceram iguais
a 0% para o acumulado em 2010;
b) no tocante às projeções de reajuste das tarifas de telefonia fixa e de eletricidade,
para o acumulado em 2010, a primeira foi mantida em 1,6%, enquanto a segunda se
elevou para 3,7%, ante 1,5% considerado na reunião de julho;
c) a projeção de reajuste, construída item a item, para o conjunto de preços
administrados por contrato e monitorados para o acumulado de 2010 foi mantida em
3,6%, mesmo valor considerado na reunião de julho, segundo o cenário de referência.
Esse conjunto de preços, de acordo com os dados publicados pelo IBGE, correspondeu a
29,30% do total do IPCA de julho;
d) a projeção de reajustes dos itens administrados por contrato e monitorados para
2011 foi mantida em 4,4%, segundo o cenário de referência. Essa projeção baseia-se
em modelos de determinação endógena de preços administrados, que consideram,
entre outros, componentes sazonais, variações cambiais, inflação de preços livres e
inflação medida pelo Índice Geral de Preços (IGP); e
e) a trajetória estimada para a taxa do swap pré-DI de 360 dias indica spread sobre a
taxa Selic, no cenário de referência, de 142 pontos-base (p.b.) e de 27 p.b. para o
quarto trimestre de 2010 e de 2011, respectivamente.
 
14. Em relação à política fiscal, a hipótese de trabalho levada em conta nas projeções é
o cumprimento da meta para o superávit primário de 3,3% do PIB em 2010. Considera-
se ainda a possibilidade de que esse percentual seja reduzido em até 0,90 p.p., em
virtude da implementação dos projetos vinculados ao Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC), dos quais 0,44 p.p. corresponde à conta de restos a pagar de 2009.
Além disso, admite-se que o superávit primário em 2011 retornaria, sem ajustes, ao
patamar de 3,3% do PIB em 2011. As demais hipóteses consideradas na reunião
anterior foram mantidas.
 
15. Desde a última reunião do Copom, a mediana das projeções coletadas pela
Gerência-Executiva de Relacionamento com Investidores (Gerin) para a variação do
IPCA em 2010 deslocou-se de 5,42% para 5,07%. Para 2011, a mediana das projeções
de inflação deslocou-se de 4,80% para 4,87%.
 
16. O cenário de referência leva em conta as hipóteses de manutenção da taxa de
câmbio em 1,75 R$/US$ e da taxa Selic em 10,75% ao ano (a.a.) em todo o horizonte
relevante. Nesse cenário, a projeção para a inflação de 2010 reduziu-se em relação ao
valor considerado na reunião do Copom de julho, mas ainda se encontra acima do valor
central de 4,50% para a meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). No
cenário de mercado, que leva em conta as trajetórias de câmbio e de juros apuradas
pela Gerin junto a analistas no período imediatamente anterior à reunião do Copom, a
projeção de inflação para 2010 também se reduziu, mas ainda se encontra acima do
valor central da meta para a inflação. Para 2011, no cenário de referência, a projeção
reduziu-se em relação ao valor considerado na reunião de julho, e agora se encontra ao
redor do valor central da meta. No cenário de mercado, a projeção também se reduziu e
se posiciona ao redor do valor central da meta. No que se refere ao primeiro semestre
de 2012, no cenário de referência a projeção recuou, verificando-se o contrário no
cenário de mercado, mas nos dois casos se encontra em torno do valor central da meta
para a inflação.
 
Implementação da política monetária
 
17. O Copom avalia que a política monetária deve contribuir para a consolidação de um
ambiente macroeconômico favorável em horizontes mais longos. Nesse sentido, reitera
que, no regime de metas para a inflação, orienta suas decisões de acordo com os
valores projetados para a inflação pelo Banco Central e com base na análise de cenários
alternativos para a evolução das principais variáveis que determinam a dinâmica dos
preços. O Comitê entende, também, que riscos baixos para a inflação subjacente no
curto prazo tendem a reduzir incertezas em relação ao comportamento futuro da
inflação plena, facilitam a avaliação de cenários por parte da autoridade monetária,
assim como auxiliam no processo de coordenação de expectativas dos agentes
econômicos, em particular, dos formadores de preços. Note-se, adicionalmente, que
riscos baixos para a inflação subjacente no curto prazo tendem a potencializar os efeitos
das ações de política monetária, fazendo com que elas possam afetar de forma mais
duradoura a dinâmica da inflação plena no futuro. Embora reconheça que outras ações
de política macroeconômica podem influenciar a trajetória dos preços, o Copom
reafirma sua visão de que cabe especificamente à política monetária manter-se
especialmente vigilante para garantir que pressões detectadas em horizontes mais
curtos não se propaguem para horizontes mais longos.
 
18. A evidência internacional, no que é ratificada pela experiência brasileira, indica que
taxas de inflação elevadas levam ao aumento dos prêmios de risco, tanto para o
financiamento privado quanto para o público, e ao encurtamento dos horizontes de
planejamento, tanto das famílias quanto das empresas. Consequentemente, taxas de
inflação elevadas reduzem os investimentos e o potencial de crescimento da economia,
além de terem efeitos regressivos sobre a distribuição de renda. De outra forma, taxas
de inflação elevadas não trazem qualquer resultado duradouro em termos de
crescimento da economia e do emprego, mas, em contrapartida, trazem prejuízos
permanentes para essas variáveis no médio e no longo prazo. Assim, a estratégia
adotada pelo Copom visa assegurar a convergência da inflação para a trajetória de
metas neste e nos próximos anos, o que exige a pronta correção de eventuais desvios
em relação à trajetória de metas. Tal estratégia leva em conta as defasagens do
mecanismo de transmissão e é a mais indicada para lidar com a incerteza inerente ao
processo de formulação e de implementação da política monetária.
 
19. Como consequência da estabilização e da correção de desequilíbrios, as quais
determinaram mudanças estruturais importantes, o processo de amadurecimento do
regime de metas se encontra em estágio avançado, e isso se reflete favoravelmente na
dinâmica da taxa de juros neutra e na potência da política monetária. Evidências a esse
respeito são oferecidas, entre outros, pelo cumprimento das metas para a inflação nos
últimos seis anos, ao mesmo tempo em que as taxas reais de juros recuaram.
Progressos na estrutura dos mercados financeiros, redução do prêmio de risco cambial e
do inflacionário, entre outros, parecem ter determinado redução significativa da taxa
neutra. Também contribuiu para isso a geração de superávits primários consistentes
com a manutenção de tendência decrescente para a relação entre dívida pública e PIB.
Em outra perspectiva, alguns desses desenvolvimentos, combinados a outros, como o
alargamento de prazo dos contratos, também sugerem que o poder da política
monetária no Brasil vem aumentando ao longo dos últimos anos. Apesar de reconhecer
que um elevado grau de incerteza envolve o dimensionamento de variáveis não
observáveis, o Copom considera que as estimativas mais pessimistas sobre o nível atual
da taxa de juro real neutra tendem, com probabilidade significativa, a não encontrar
amparo nos fundamentos. O Comitê também pondera que há evidências de que a
tração da política monetária aumentou no passado recente e, comparativamente ao que
se observava há alguns anos, atualmente pressões inflacionárias são contidas com mais
eficiência por meio de ações de política monetária.
 
20. Nos mercados internacionais, a volatilidade e a aversão ao risco mantiveram-se
elevadas desde a última reunião do Comitê, a liquidez permanece limitada, apesar de a
percepção de risco de crise sistêmica mostrar arrefecimento. Preocupações com dívidas
soberanas de países europeus e com a desaceleração na China continuam elevadas, ao
mesmo tempo em que cresceram as preocupações com a sustentabilidade da
recuperação da economia americana. Ainda assim, os preços de certas commodities e
de ativos brasileiros se elevaram e, de modo geral, as perspectivas para o
financiamento externo da economia brasileira seguem favoráveis. Em outra frente, a
trajetória dos índices de preços mostra arrefecimento das pressões inflacionárias em
algumas economias relevantes, enquanto persistem preocupações com a perspectiva de
deflação em outras. Nessa conjuntura, permanece elevada a probabilidade de que se
observe alguma influência desinflacionária do ambiente externo sobre a inflação
doméstica, conquanto persista incerteza sobre o comportamento de preços de ativos e
de commodities em contexto de substancial volatilidade nos mercados financeiros
internacionais. Independentemente de como evoluírem esses aspectos da conjuntura
internacional, o Comitê reafirma sua visão de que o principal desafio da política
monetária é garantir que os resultados favoráveis obtidos nos últimos anos sejam
preservados.
 
21. As perspectivas para a evolução da atividade econômica doméstica continuam
favoráveis, a rigor, em compasso menos intenso do que o observado no início deste
ano, como revelam, entre outros, dados sobre comércio, estoques e produção
industrial. Essa avaliação é sustentada pelos sinais de expansão mais moderada da
oferta de crédito, tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas, pelo fato de
a confiança de consumidores e de empresários se encontrar em níveis historicamente
elevados, mas com alguma acomodação na margem, e pela trajetória recente dos níveis
de estoques em alguns setores industriais. O Copom avalia, por outro lado, que o
dinamismo da atividade doméstica continuará a ser favorecido, entre outros fatores,
pelo vigor do mercado de trabalho, pelos efeitos remanescentes dos estímulos fiscais e
das políticas dos bancos oficiais e, em escala menor do que a esperada anteriormente,
pela atividade global.
 
22. O Copom considera importante ressaltar, mais uma vez, que há defasagens entre a
implementação da política monetária e seus efeitos tanto sobre o nível de atividade
como sobre a inflação. Dessa forma, a análise de decisões alternativas de política
monetária deve se concentrar, necessariamente, no cenário prospectivo para a inflação
e nos riscos a ele associados, em vez de privilegiar valores correntes e passados para
essa variável. O cenário prospectivo sofreu deterioração substancial no início deste ano,
mas essa dinâmica se reverteu, com sinais mais claros desde a última reunião, em
grande parte refletindo perspectivas menos favoráveis para a atividade global e as
ações de política monetária implementadas neste ano. Essa avaliação encontra suporte,
por exemplo, na significativa redução das projeções elaboradas por analistas para o
nível da taxa Selic, sem contrapartida de mudanças desfavoráveis na mediana das
projeções de inflação, que, de fato, recuaram bastante para 2010 e se elevaram apenas
marginalmente para 2011. Além disso, sobre o cenário prospectivo é fundamental
destacar que houve recuo nos valores projetados para a inflação pelo Banco Central.
 
23. A despeito de reconhecer a existência de riscos de elevação da inflação no curto
prazo, o Copom considera que a convergência da inflação para o valor central da meta
tende a se materializar. Para tanto, ampara-se na consideração pertinente de que a
política monetária atua com defasagem sobre a atividade e sobre a inflação, e de que os
efeitos do processo de ajuste da taxa básica de juros iniciado em abril de 2010 ainda
não se fizeram sentir integralmente. Por outro lado, o Comitê assegura que, caso esse
cenário não se concretize tempestivamente, a postura de política monetária deve ser
ajustada de modo a garantir a convergência entre o ritmo de expansão da demanda e o
da oferta. Dito de outra forma, caso a inflação não convirja tempestivamente para o
valor central da meta estabelecida pelo CMN, a política monetária deve atuar a fim de
redirecionar a dinâmica dos preços e, portanto, assegurar que a meta seja atingida.
 
24. A intensidade e a frequência dos choques a que têm sido submetidas tanto a
economia global quanto a brasileira nos últimos anos impõem desafios adicionais à
análise do cenário prospectivo. O Comitê reconhece um ambiente econômico em que
prevalece nível de incerteza acima do usual, no qual os riscos restantes para a
consolidação de um cenário inflacionário benigno se circunscrevem ao âmbito interno.
Por exemplo, os derivados da expansão da demanda doméstica, em contexto de estreita
margem de ociosidade dos fatores de produção. Evidências sobre isso vêm dos ganhos
reais de salários em alguns segmentos e de maiores pressões de preços ao produtor no
passado recente. É plausível afirmar, entretanto, que os fatores de sustentação desses
riscos domésticos mostram desaceleração. Por exemplo, há sinais de que a economia
tem se deslocado para uma trajetória mais condizente com o equilíbrio de longo prazo
e, assim, os efeitos das pressões de demanda e do elevado nível de utilização dos
fatores sobre o balanço de riscos para inflação tendem a arrefecer.   
 
25. Em suma, desde a última reunião, reduziram-se os riscos à concretização de um
cenário inflacionário benigno, no qual a inflação seguiria consistente com a trajetória de
metas, o que, em parte, se deveu à reversão de parcela substancial dos estímulos
introduzidos durante a crise financeira internacional de 2008/2009 e, de modo especial,
ao ajuste da taxa básica implementado desde abril. Também contribuiu para isso o fato
de que, nesse mesmo período, se elevou a probabilidade de desaceleração, e até
mesmo de reversão, do já lento processo de recuperação em que se encontram as
economias do G3.  Por conseguinte, a influência do cenário internacional sobre o
comportamento da inflação doméstica revela viés desinflacionário.
 
26. Diante disso, o Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 10,75%
a.a., sem viés. Ao mesmo tempo em que não espera que o nível de inflação registrado
nos últimos meses se mantenha em um futuro próximo, o Copom observa a
continuação do processo de redução de riscos para o cenário inflacionário que se
configura desde sua penúltima reunião. Nesse contexto, o Comitê avalia que, neste
momento, a manutenção da taxa de juros básica no nível estabelecido em sua reunião
de julho proporciona condições adequadas para assegurar a convergência da inflação
para a trajetória de metas.
 
27. A demanda doméstica se apresenta robusta, em grande parte devido aos efeitos de
fatores de estímulo, como o crescimento da renda e a expansão do crédito. Além disso,
embora tendam a arrefecer, impulsos fiscais e creditícios foram aplicados na economia
nos últimos trimestres, e ainda deverão contribuir para a consolidação da expansão da
atividade e, consequentemente, para que o nível de ociosidade dos fatores se mantenha
em patamares baixos. Aos efeitos desses estímulos, entretanto, contrapõem-se os
efeitos da reversão de parcela substancial das iniciativas tomadas durante a recente
crise financeira de 2008/2009, os da sensível piora nas perspectivas para a economia
global e especialmente os da mudança de postura da política monetária. Esses
elementos são parte importante do contexto no qual decisões futuras de política
monetária serão tomadas, com vista a assegurar a convergência tempestiva da inflação
para a trajetória de metas.    
 
28. Ao final da reunião, foi registrado que o Comitê voltará a se reunir em 19 de
outubro de 2010, para as apresentações técnicas, e no dia seguinte, para deliberar
sobre a política monetária, conforme estabelecido pelo Comunicado nº 18.927, de 9 de
outubro de 2009.
 
SUMÁRIO DOS DADOS ANALISADOS PELO COPOM
 
Inflação
 
29. O IPCA-15 variou -0,05% em agosto, ante -0,09% em julho, acumulando altas de
3,21% no ano e 4,44% em doze meses. O desempenho no mês refletiu, sobretudo, a
contribuição do grupo alimentação e bebidas, -0,16 p.p., com variação de -0,68%. O
índice de difusão atingiu 52,86%, ante 48,96% em julho.
 
30. A variação mensal do IPCA-15 foi influenciada pela desaceleração registrada nos
preços monitorados, 0,01% em agosto ante 0,21% em julho, enquanto os preços livres
comercializáveis evidenciaram menor recuo, -0,18% ante -0,35% nos mesmos
períodos. Os preços de não comercializáveis registraram reversão da trajetória de
queda, com variações de 0,01% em agosto e -0,10% no mês anterior. Os preços livres
cresceram 4,74% no período de doze meses finalizado em agosto, resultado de
elevações de 2,50% no segmento de bens comercializáveis e de 6,69% no relativo a
não comercializáveis, enquanto os preços monitorados cresceram 3,77%. Ressalte-se
que nessa base de comparação, todos os segmentos assinalaram desaceleração no mês
relativamente a julho.
 
31. As três medidas de núcleos de inflação do IPCA-15 apresentaram arrefecimento em
agosto. O núcleo por exclusão variou 0,12% no mês, ante 0,20% em julho, acumulando
crescimento de 4,79% em doze meses. O núcleo pelo critério de médias aparadas com
suavização registrou taxa de 0,24%, ante 0,30% no mês anterior, acumulando 4,95%
em doze meses, e o indicador calculado pelo método de dupla ponderação variou
0,15%, ante 0,19% em julho, assinalando elevação de 4,81% em doze meses.
 
32. O IPCA registrou variação mensal de 0,01% em julho, após variação nula no mês
anterior. No ano, o índice acumula alta de 3,10%, e no período de doze meses, 4,60%,
comparativamente aos 4,84% registrados até junho e 5,22% até maio.
 
33. O comportamento do IPCA em julho refletiu impactos em sentidos opostos das
trajetórias dos preços monitorados, que aceleraram para 0,32% no mês ante 0,12% em
junho, e dos preços livres, cuja taxa passou para -0,12% comparativamente a -0,05%
no período anterior influenciada, principalmente, pela variação do segmento de
comercializáveis, -0,21%, ante -0,09% em junho. Considerando-se o IPCA por grupos,
evidencia-se que a estabilidade do índice nos dois últimos resultados refletiu,
principalmente, os efeitos dos recuos dos preços de alimentação e bebidas, que têm
compensado contribuições positivas dos demais segmentos. Não obstante a estabilidade
do índice nos últimos dois resultados, deve-se ressaltar que o recuo dos preços do
grupo alimentação e bebidas no período mostrou arrefecimento, evolução que poderá
afetar o padrão de comportamento do índice nos próximos meses. O índice de difusão
atingiu 48,70%, ante 57,29% em junho.
 
34. As variações das três medidas de núcleo do IPCA registraram desaceleração mensal
em julho. O núcleo calculado pelo critério de médias aparadas com suavização variou
0,25%, ante 0,40% no mês anterior, acumulando alta de 4,96% no período de doze
meses, ante 5,02% em junho. O núcleo por exclusão, que exclui dez itens de
alimentação no domicílio e combustíveis, cresceu 0,24% em julho, ante 0,36% em
junho, acumulando 4,98% em doze meses, ante 5,02% em junho. O núcleo de dupla
ponderação variou 0,20% em julho, ante 0,29% em junho, acumulando variação de
4,87% em doze meses, ante 4,99% em junho.
 
35. O IGP-M aumentou 0,77% em agosto, ante 0,15% em julho, acumulando 6,66% no
ano e 6,99% em doze meses. O IPA registrou variação de 1,24% em agosto, ante
0,20% em julho, reflexo da aceleração tanto nos preços dos produtos industriais, de
0,18% para 1,26%, quanto na variação dos preços dos produtos agropecuários, de
0,28% para 1,15%. No período de doze meses encerrado em agosto, o IPA aumentou
8,13%, resultado de altas respectivas de 8,97% e 5,56% nos preços dos produtos
industriais e agropecuários. O IPC-M apresentou variação de -0,27% em agosto, ante
-0,17% em julho, acumulando 4,04% em doze meses. O INCC variou 0,22% em
agosto, ante 0,62% em julho, acumulando 6,80% em doze meses.
 
Atividade econômica
 
36. O IBC-Br registrou estabilidade em junho, comparativamente ao mês anterior,
considerados dados dessazonalizados. Após alta mensal de 1,2% em março, o indicador
mostrou relativa estabilidade nos meses subsequentes. A média do trimestre encerrado
em junho apresentou elevação de 1,3% em relação ao finalizado em março, quando
cresceu 2,4% no mesmo tipo de comparação, considerados dados livres de efeitos
sazonais. O resultado do trimestre finalizado em junho apresentou expansão de 9,9%
em relação a igual período de 2009, tendo acumulado 10% no ano e 6% em doze
meses.
 
37. As vendas do comércio ampliado apresentaram estabilidade em junho,
comparativamente ao mês anterior, após quedas de 0,1% em maio e de 6,7% em abril,
segundo dados dessazonalizados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do IBGE. Por
atividade do comércio, registrou-se queda em cinco dos dez segmentos pesquisados,
comparativamente ao mês anterior, segundo a série com ajuste sazonal, com ênfase
nos recuos de 3,1% em material de construção; 2,3% em livros, jornais, revistas e
papelaria; e 1,2% em combustíveis e lubrificantes. Por sua vez, as vendas de
equipamentos e materiais para escritório registraram crescimento de 5,4%, seguidas
por outros artigos de uso pessoal e doméstico, 5,2%; e hipermercados, supermercados
e produtos alimentícios, 1,5%. A média das vendas realizadas no trimestre encerrado
em junho registrou queda de 1,9%, relativamente ao trimestre encerrado em março.
 
38. Em relação a junho de 2009, as vendas do comércio ampliado aumentaram 3,4%,
acumulando crescimentos de 11,8% no ano e 10,6% nos últimos doze meses. Entre os
segmentos do comércio, apenas o relativo a veículos e motos, partes e peças registrou
retração na comparação com igual período do ano anterior, de 9,5%. Entre os
segmentos com expansão no período, destacaram-se os aumentos nas vendas relativas
a equipamentos e materiais para escritório, 23,2%; e móveis e eletrodomésticos, 17%.
No acumulado no ano, registraram-se maiores vendas em todas as atividades
consideradas, em especial, nas relativas a equipamentos e materiais para escritórios,
20,6%, e móveis e eletrodomésticos, 25,8%. O resultado do comércio ampliado nos
últimos doze meses encerrados em junho, relativamente a igual período anterior,
também evidencia alta generalizada por atividade, com destaque para os aumentos nas
vendas de equipamentos e materiais para escritório, 15,3%; e de veículos e motos,
partes e peças, 14,1%.
 
39. As consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) e ao Sistema
Usecheque registraram retrações respectivas de 0,7% e 0,4% em julho, de acordo com
dados da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) relativos à capital paulista,
ajustados sazonalmente pelo Banco Central. Considerados os dados observados, os
indicadores registraram aumentos respectivos de 9,1% e 6% nos primeiros sete meses
de 2010, em relação a igual período do ano anterior.
 
40. As vendas de autoveículos pelas concessionárias, incluindo automóveis, comerciais
leves, caminhões e ônibus, apresentaram elevação mensal de 12,7% em julho, segundo
dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave),
dessazonalizados pelo Banco Central, com destaque para o aumento de 14,4% nas
vendas de automóveis e de 8,2% nas relativas a caminhões. As vendas totais subiram
6% em relação a julho de 2009, com ênfase nos acréscimos de 51,7% e 26,4% nas
referentes a caminhões e comerciais leves, respectivamente, enquanto as de
automóveis mantiveram-se praticamente estáveis, -0,3%. No acumulado do ano e no
período de doze meses finalizado em julho, as vendas de autoveículos assinalaram
expansões respectivas de 8,5% e 15%, determinadas por maiores vendas em todos os
segmentos, em especial de caminhões, ônibus e comerciais leves.
 
41. As importações de bens de capital cresceram 12% em julho, em relação a junho, de
acordo com o índice de quantum da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior
(Funcex), dessazonalizado pelo Banco Central. Em comparação a julho de 2009,
registrou-se elevação de 61,8%, enquanto os acumulados do ano e de doze meses
assinalaram aumentos respectivos de 31,3% e 7,1%, em relação a iguais períodos do
ano anterior.
 
42. A produção de bens de capital diminuiu 0,2% em julho, implicando expansão de
1,5% no trimestre, de acordo com dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção
Física (PIM-PF), do IBGE. Os maiores recuos na produção em julho, relativamente ao
mês anterior, verificaram-se nos segmentos de bens de capital para fins industriais –
seriados, 7,8%; bens de capital de uso misto, 8,4%; e bens de capital para construção,
4,9%. Por outro lado, destacaram-se pela ampliação da produção no período, os
segmentos de peças agrícolas, 9,5%; bens de capital para a agricultura, 6,6%; e bens
de capital para o setor de energia elétrica, 2,9%. De janeiro a julho deste ano, em
relação a igual período de 2009, a produção de bens de capital aumentou 28,3%, com
ênfase no aumento de 167,2% no segmento de bens direcionados para a construção.
 
43. Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES), de janeiro a julho deste ano, atingiram R$72,7 bilhões, 3% a menos que o
registrado para igual período do ano anterior. Ressalte-se que essa evolução mostra-se
influenciada pelo empréstimo de R$25 bilhões concedido à Petrobras em junho de 2009.
O setor de infraestrutura absorveu 39% do total dos recursos liberados nos primeiros
meses de 2010, seguindo-se os segmentos relativos à atividade industrial, 33%;
comércio e serviços, 20%; e agropecuária, 8%.
 
44. A produção física da indústria geral cresceu 0,4% em julho em relação ao mês
anterior, pela série com ajuste sazonal, após variação de -1,1% (revisada) em junho,
conforme dados da PIM-PF. Por categorias de uso, registraram-se elevações mensais na
produção dos segmentos relativos a bens intermediários, 0,9%, bens de consumo
duráveis, 0,9%, e bens de consumo semi e não duráveis, 0,3%, enquanto a produção
de bens de capital recuou 0,2%. Consideradas as atividades da indústria, as maiores
variações verificaram-se em equipamentos de instrumentação médico-hospitalar,
13,8%, outros equipamentos de transporte, 6,8%, e mobiliário, 6,6%. Apresentaram
retração, os segmentos de máquinas e equipamentos, 6%, edição, impressão e
reprodução de gravações, 5,6%, e indústrias diversas, 3,4%.
 
45. Em relação a julho de 2009, a produção industrial cresceu 8,7%, com ênfase nas
expansões observadas nas produções de bens de capital, 21,1%; bens intermediários,
11,3%; e bens de consumo semi e não duráveis, 3,9%. Considerados períodos de doze
meses, a indústria assinalou crescimento de 8,3% em julho, em relação a igual
intervalo do ano anterior, ressaltando-se os aumentos de produção na indústria de bens
de consumo duráveis, 14,5%, e de bens de capital, 9,3%.
 
46. O Nuci na indústria de transformação, calculado pela FGV, atingiu 84,9% em
agosto, queda de 0,2 p.p. em comparação ao mês anterior e alta de 3,8 p.p. acima do
patamar observado no mesmo mês de 2009. A elevação da taxa de utilização da
capacidade, na comparação interanual, também se verifica em todas as categorias de
uso: indústrias de bens de consumo, 1 p.p.; bens intermediários, 4,3  p.p.; bens de
capital, 7,3 p.p.; e material de construção, 2,9 p.p.
 
47. A produção de autoveículos atingiu 315,9 mil unidades em julho, de acordo com
dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea),
representando recuo de 0,1% em relação a junho, considerados dados ajustados
sazonalmente pelo Banco Central. A produção do setor apresentou expansão de 11,9%
em relação a julho de 2009, de 18,2% no acumulado no ano e de 18,5% no período de
doze meses finalizado em julho.
 
48. As vendas de autoveículos pelas montadoras cresceram 2,3% em julho, em relação
a junho, resultado de expansões de 3,6% nas vendas ao mercado interno e de 6,1%
nas direcionadas ao mercado externo. No acumulado no ano e em doze meses, as
vendas no mercado interno registraram elevações respectivas de 6,8% e 15,5%, e as
direcionadas ao exterior, aumentos de 78,4% e 25,5%, na ordem.
 
49. O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) de julho, do IBGE,
projetou expansão anual de 9,2% na safra de grãos de 2010, que deverá totalizar 146,4
milhões de toneladas. A perspectiva de crescimento para o ano refletiu os aumentos nas
produções de soja, 19,8%, trigo, 7,4% e milho, 4,4%, com impactos superiores aos
efeitos dos recuos previstos para as safras de arroz, 10,3%, e feijão, 4,2%.
 
Expectativas e sondagens
 
50. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), considerados dados dessazonalizados
da Sondagem de Expectativas do Consumidor, da FGV, de abrangência nacional,
registrou elevação mensal de 0,7% em agosto, atingindo 120,8 pontos. O resultado foi
influenciado pelas expansões de 0,6% no Índice da Situação Atual (ISA), que atingiu
novo recorde histórico pelo quinto mês consecutivo, e de 0,7% no Índice de
Expectativas (IE). O ICC cresceu 9,2% em relação a agosto de 2009, resultado de
aumentos de 19,1% no ISA e de 3,7% no IE.
 
51. O Índice de Confiança da Indústria (ICI), da FGV, apresentou recuo mensal de 0,6%
em agosto, atingindo 112,9 pontos, segundo dados dessazonalizados, resultado da
retração de 1,4% no ISA e da elevação de 0,3% no IE. O ICI cresceu 12,1% em relação
a agosto de 2009, reflexo de aumentos de 13,4% no ISA e de 10,9% no IE.
 
52. O Índice de Confiança de Serviços (ICS), da FGV, apresentou redução de 1,5% em
julho, relativamente a junho, influenciada pela queda de 5,2% no Índice da Situação
atual (ISA-S), enquanto o Índice de Expectativas (IE-S) voltou a apresentar alta, de
1,5%, após quatro meses consecutivos de queda. O ICS de julho situou-se 6,6% acima
da média histórica de 121,4 pontos, e 12,5% acima do índice de julho de 2009. No
entanto, em julho registrou-se a quarta diminuição consecutiva do ICS, acumulando
redução de 4,4% desde março. O trimestre encerrado em julho assinalou queda de
1,8% do ICS, relativamente ao trimestre imediatamente anterior.
 
Mercado de trabalho
 
53. Segundo o Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados (Caged,) do MTE,
foram gerados 181,8 mil postos de trabalho em julho, elevando para 1.655,1 mil o
resultado acumulado no ano, melhor desempenho para o período desde o início da
série, em janeiro de 1985. De janeiro a julho deste ano, registraram-se recordes na
ampliação de postos de trabalho no setor de serviços, 551,6 mil; na indústria de
transformação, 435,7 mil; na construção civil, 268,4 mil; e no comércio, 172,4 mil. Em
julho, destacaram-se as contrações no setor de serviços, 61,6 mil; na indústria de
transformação, 41,5 mil; e na construção civil, 38,4 mil. De agosto de 2009 a julho
deste ano, foram criados 2.212,3 mil empregos formais, melhor resultado histórico para
o intervalo de doze meses. Considerados dados dessazonalizados, registrou-se
expansão mensal de 0,4% no nível de emprego.
 
54. A taxa de desemprego aberto situou-se em 6,9% em julho, segunda menor taxa
histórica, com queda de 0,1 p.p. em relação a junho e de 1 p.p. em relação ao mesmo
mês de 2009, de acordo com a PME do IBGE, realizada nas seis principais regiões
metropolitanas do país. Considerados dados dessazonalizados, a taxa de desemprego
manteve-se estável em 7%, pelo terceiro mês consecutivo, resultado de aumentos de
0,6% tanto na População Economicamente Ativa (PEA) como na ocupação. Segundo a
mesma pesquisa, o rendimento médio real habitualmente recebido pelos trabalhadores
apresentou altas de 2,2% no mês e de 2,1% no acumulado no ano, que contribuíram
para os crescimentos de 5,1% e 8,4% da massa salarial nos mesmos períodos.
 
Crédito e inadimplência
 
55. O saldo dos empréstimos do sistema financeiro atingiu R$1.548 bilhões em julho,
equivalente a 45,9% do PIB, registrando crescimentos de 1,2% no mês, 9,4% no ano e
18,4% em doze meses. A carteira de recursos livres assinalou aumentos respectivos de
0,7%, 7,2% e 13,8%, nas mesmas bases de comparação, destacando-se os
crescimentos no saldo das operações com pessoas físicas, de 1% no mês, 8,7% no ano
e 16,6% em doze meses, enquanto os relativos às operações com pessoas jurídicas
situaram-se em 0,4%, 5,8% e 11%, respectivamente. Os financiamentos com recursos
direcionados aumentaram 2,3% no mês, 14% no ano, e 28,8% em doze meses, com
ênfase nas elevações respectivas de 4%, 26,3% e 51,1% observadas nos
financiamentos habitacionais e de 4,7%, 22,7% e 45,4% referentes aos repasses do
BNDES.
 
56. A taxa média anual de juros incidente sobre as operações de crédito referencial
subiu 0,8 p.p. em julho, para 35,4%, a maior desde outubro de 2009. As taxas relativas
aos segmentos de pessoas físicas e de pessoas jurídicas alcançaram 40,5% e 28,7%,
respectivamente, registrando, na ordem, elevações de 0,1 p.p. e de 1,4 p.p.
 
57. O prazo médio das operações de crédito referencial atingiu 452 dias em julho, ante
448 em junho, reflexo dos aumentos respectivos de cinco e três dias nos prazos
relativos aos segmentos de pessoas físicas e pessoas jurídicas, que atingiram, na
ordem, 528 dias e 385 dias.
 
58. A taxa de inadimplência das operações de crédito referencial em julho,
correspondente a atrasos superiores a noventa dias, permaneceu em 5%, mesmo nível
registrado em junho, estabilidade que vem se mantendo praticamente inalterada desde
março de 2010, quando a inadimplência situou-se em 5,1%, patamar repetido nos dois
meses subsequentes. As taxas relativas às operações com pessoas físicas e com
pessoas jurídicas permaneceram estáveis em 6,5% e 3,6%, respectivamente.
 
Ambiente externo
 
59. Os dados relativos aos PIB dos EUA, Japão e China, referentes ao segundo trimestre
do ano, confirmaram a desaceleração do ritmo de crescimento da atividade econômica
mundial. Entre o primeiro e o segundo trimestre, as taxas de crescimento anualizadas
do PIB dos EUA e do Japão passaram, na ordem, de 3,7% para 1,6% e de 4,4% para
0,4%. No mesmo período, o PIB chinês também registrou arrefecimento da taxa de
crescimento interanual, passando de 11,9% para 10,3%. Indicadores mais recentes, de
alta frequência, têm renovado as perspectivas de continuidade desse processo de
desaceleração. Na Europa, embora a questão fiscal permaneça como fonte de
preocupação importante, o ambiente econômico evoluiu positivamente, influenciado
pelos resultados favoráveis dos testes de estresse aplicados sobre os bancos da região.
Na Área do Euro, a taxa de crescimento anualizada do PIB do segundo trimestre
avançou para 3,9%, ante 0,8%, em função, sobretudo, do resultado alcançado pela
Alemanha.
 
60. Desde a última reunião do Copom, os mercados financeiros internacionais têm
alternado momentos de maior confiança com outros de maior aversão ao risco, ditados
principalmente pelas perspectivas sobre a evolução futura da atividade econômica das
maiores economias.  No período, o dólar atingiu a menor cotação frente ao iene, em
quinze anos, e os rendimentos dos papéis governamentais de dez anos das maiores
economias desenvolvidas recuaram, com os títulos da Alemanha atingindo o menor
valor da história.
 
61.  A inflação segue bem controlada, sendo que a variação anual dos índices de preços
ao consumidor (IPC) nos EUA e na Área do Euro alcançou 1,2% e 1,0%, em julho,
nessa ordem. No Japão, o IPC de julho registrou deflação anual de 0,9%. Os bancos
centrais das economias do G3 mantiveram o caráter acomodatício de suas políticas
monetárias, com o Fed reinvestindo os recursos gerados com o vencimento de títulos
lastreados em hipotecas das agências de crédito hipotecário em treasuries de longo
prazo. Nas economias emergentes e economias exportadoras de commodities, como
Canadá e Austrália, em função do aquecimento da demanda interna e/ou da redução do
hiato do produto, diversos bancos centrais prosseguiram com a supressão do caráter
acomodatício da política monetária, ainda que em ritmo mais lento do que o previsto.
Com efeito, esse processo de retardamento da normalização da política monetária tem
sido verificado na maior parte das economias maduras e emergentes.
 
Comércio exterior e reservas internacionais
 
62. A balança comercial do país registrou saldo positivo de US$2,4 bilhões em agosto,
acumulando US$11,7 bilhões nos primeiros oito meses do ano. Considerados os valores
médios diários, o superávit de janeiro a agosto declinou 41,6% em relação a igual
período de 2009, em função de expansões de 45,7% nas importações e de 28% nas
exportações. A corrente de comércio atingiu US$240,5 bilhões no período analisado,
com ampliação de 35,8% em relação aos primeiros oito meses do ano anterior.
 
63. As reservas internacionais somaram US$261,3 bilhões em agosto, com elevação de
US$4 bilhões em relação ao estoque de julho e de US$22,3 bilhões no ano. As compras
líquidas do Banco Central no mercado a vista de câmbio totalizaram US$3 bilhões no
mês, acumulando US$18,6 bilhões nos primeiros oito meses de 2010.
 
Mercado monetário e operações de mercado aberto
 
64. Desde a última reunião do Copom, a curva de juros apresentou recuo em toda a sua
extensão. No âmbito interno, os fatores preponderantes para esse movimento foram a
divulgação de índices de inflação em linha com as expectativas de mercado e de dados
indicando acomodação da atividade econômica. No cenário externo, sinais de
arrefecimento do ritmo de recuperação da economia norte-americana e de perda de
dinamismo da economia mundial ocasionaram um movimento global de queda das
taxas de juros, estimulando o fluxo aplicador de investidores estrangeiros no mercado
de juros local, o que contribuiu para o recuo das taxas de juros de longo prazo. Entre 19
de julho e 30 de agosto, a taxa de juros de um mês apresentou estabilidade, enquanto
que as taxas de três e de seis meses reduziram-se, respectivamente, em 0,21 p.p. e
0,31 p.p. As taxas para os prazos de um, de dois e de três anos caíram 0,31 p.p., 0,38
p.p. e 0,54 p.p., respectivamente. A taxa real de juros, medida pelo quociente entre a
taxa nominal de um ano e a expectativa de inflação (suavizada) para os próximos doze
meses, recuou de 6,30% em 19 de julho para 5,89% em 30 de agosto.
 
65. Na administração da liquidez do mercado de reservas bancárias, o Banco Central
realizou, de 20 de julho a 30 de agosto, operações compromissadas de prazo de seis
meses, tomando recursos no valor de R$25,4 bilhões. Com isso, o saldo diário médio do
estoque das operações de longo prazo alcançou R$100,1 bilhões. No mesmo período,
realizou operações compromissadas de prazos entre treze e trinta dias úteis, levando o
saldo diário médio das operações tomadoras de curto prazo para R$232,2 bilhões. O
Banco Central atuou ainda em 31 oportunidades como tomador de recursos por meio de
operações compromissadas de curtíssimo prazo e realizou operações de nivelamento, ao
final do dia, com prazo de dois dias úteis. As operações de curtíssimo prazo, incluídas as
de nivelamento, tiveram saldo diário médio tomador de R$55,0 bilhões no período. O
saldo diário médio do estoque total dos compromissos de recompra do Banco Central
diminuiu de R$389,1 bilhões, entre 8 de junho e 19 de julho, para R$387,3 bilhões,
entre 20 de julho e 30 de agosto. Considerando o saldo diário das operações no período
mais recente, foi registrada uma queda dos compromissos de recompra no valor de
R$39,4 bilhões, com o estoque total passando de R$408,8 bilhões, em 19 de julho, para
R$369,5 bilhões, em 30 de agosto. Os principais fatores condicionantes da retração da
liquidez no período foram as receitas líquidas da União e a emissão líquida de títulos
pelo Tesouro Nacional.
 
66. Entre 20 de julho e 30 de agosto, as emissões do Tesouro referentes aos leilões
tradicionais somaram R$62,2 bilhões. A colocação de títulos de remuneração prefixada
alcançou R$45,5 bilhões, sendo R$32,2 bilhões em Letras do Tesouro Nacional (LTN)
com vencimentos em 2011 e 2012 e R$13,3 bilhões em Notas do Tesouro Nacional –
Série F (NTN-F) com vencimentos em 2014 e 2021. As vendas de Letras Financeiras do
Tesouro (LFT) totalizaram R$6,6 bilhões, com emissão de títulos com vencimentos em
2014 e 2016. Nos leilões de Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B), foram
vendidos títulos com vencimentos em 2013, 2015, 2020, 2030, 2040 e 2050, em um
montante total de R$10,1 bilhões.

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