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13/01/14 Você mais rico - Só mais um site Rede EXAME de Blogs

Liderança familiar e finanças pessoais [1]

Conrado Navarro

Você já parou para pensar se lidera o suficiente sua família quando o assunto é
dinheiro? Recebi uma dúvida legal de um leitor, que dizia: “E se o problema com
as finanças pessoais forem reflexos da liderança (ou falta dela) em casa?”. O que você
responderia?

Concordei na hora! A abordagem é perfeita porque lidar com o dinheiro de


uma forma inteligente pressupõe olhá-lo como uma ferramenta, não como
um fim. Logo, para que o patrimônio seja associado com qualidade de vida e
felicidade, é preciso que exista liderança capaz de equilibrar desejos de
consumo, prioridades e gastos sociais.

Cabe uma rápida reflexão sobre o que diz meu amigo Alex Arcanjo sobre isso:
“Muita gente ainda insiste em dizer que em casa há um ‘chefe de família’, já percebeu?
Onde está o líder da família?”. Pois é, por onde anda a liderança em casa para
assuntos importantes como o dinheiro?

Algumas sugestões para lidar com a questão:

1. Trabalhe nos propósitos antes de tomar decisões

Trocar o carro agora, começar aquele MBA ou reformar o apartamento? A


pergunta mais importante não é essa. Quais são as prioridades e os propósitos
da família? Não existe certo ou errado, mas existe o mais adequado para o
momento familiar atual (e seu futuro, é claro) e para a relação “necessidade-
oportunidade-possibilidade”.

Para descobrir e praticar essa relação, no entanto, é preciso dialogar, ponderar


e respeitar as diferenças. Constituir família significa criar laços duradouros
com pessoas diferentes de nós, o que significa que teremos que ser capazes
equilibrar e realizar nossos sonhos com os sonhos dos demais. O que é mais
importante na sua vida agora?

2. Proponha, respeite e participe de reuniões periódicas para tratar das


finanças

O fato é que muitas famílias não fazem o controle financeiro porque


consideram mexer com números algo “chato”. Bobagem, afinal de contas
fazemos muitas coisas chatas no nosso dia a dia. Ah, fazemos porque
precisamos fazer? Claro, mas se não tomarmos conta de nosso dinheiro, quem
o fará? Pois é.

Uma vez por mês costuma ser suficiente, mas é preciso que essa data seja
respeitada. É fundamental também a participação de todos os membros da
família, de maneira que as prioridades sejam sempre avaliadas (e revistas, se
for o caso) e a realidade financeira do lar exposta e trabalhada de forma única,

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com responsabilidades e deveres para todos.

3. Ao apontar problemas, aponte também possíveis soluções

Não existe nada pior do aquele tipo que fala que há algo errado, vira as costas e
vai embora. Ok, se podemos fazer melhor, então que tal ser parte da solução
ou, pelo menos, tentar ajudar indicando algumas saídas? Criticar é bom
quando aprendemos com a crítica e possamos crescer a partir dela. Uma
“mãozinha” para assimilar isso e enfrentar os problemas faz bem.

Com o dinheiro, não é diferente: a família precisa enfrentar unida o desafio do


planejamento financeiro, o que pressupõe que seus integrantes façam questão
de participar. Precisamos olhar para a realidade financeira não como uma
casualidade, mas como consequência de nossas escolhas. E se fomos os
responsáveis pelos problemas, seremos também pela solução. Um exemplo é a
questão da renda. Se ela é baixa, precisamos trabalhar para aumentá-la (e não
apenas reclamar disso).

Hora de liderar!

Liderar, como podemos perceber, não é uma disciplina apenas para


profissionais e empresas, mas um estilo de vida. Exercer nossa influência para
realizar e conquistar coisas boas é a atitude desejada dentro de casa, o que
implica lidar de forma pró-ativa com o dinheiro.

Você concorda? Tem algo a compartilhar neste sentido? Deixe seu comentário
por aqui ou também no Twitter – sou o @Navarro [2] por lá. Até a próxima.

17.07.2013 - 22h28

Solucionar problemas ou ser consumido


por eles [3]
Conrado Navarro

Quando penso nos meus objetivos financeiros, gosto de pensar de uma forma
lógica e planejada. Uma das principais características do bom cuidado com as
finanças está nas escolhas que fazemos ao nos depararmos com problemas
e/ou situações inesperadas.

Diante de uma questão que requer de envolvimento, participação e alguma


ação, é muito comum notar famílias adiando o necessário enfrentamento do
problema. A procrastinação é tão perigosa quanto a escolha deliberada de
não fazer nada! Se adiar não vai resolver o diminuir a gravidade do problema,
a consequência será a mesma: o problema vai ficar ainda pior.

Acontece que não percebemos a inércia e a falta de ação como escolhas e,


talvez por isso, não admitimos que os problemas podem tornar-se mais sérios
por conta da falta de atitude. Agimos como se a culpa fosse sempre dos juros
altos, das promoções fantásticas, da oferta de compra parcelada, do banco, do
emprego que paga mal e por ai vai.

De volta aos problemas

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Como você lida com eles? Como classifica algo como um problema a ser
resolvido? Eu confesso que uso uma mania dos tempos de analista de sistemas
e só enxergo em alguma situação um problema quando ela tem solução. Em
outras palavras, se não tem solução, então já está resolvido – e não é um
problema.

Ai vem a hora de agir e não há meio termo. Ou atacamos o que acabamos de


diagnosticar como um problema, tomando decisões e definindo tarefas claras
para buscar uma solução, ou seremos engolidos pelas consequências de
“deixar para depois”. Causa e efeito, lembra disso?

É simples: problemas financeiros não se solucionam com força de vontade e


intenção; eles precisam disso, é claro, mas também exigem planejamento e
execução. Lembre-se que ninguém vive endividado por opção, por desejo, mas
por desinteresse e falta de controle pessoal. Ou, se preferir, porque adia de
forma constante e viciada a hora de encarar suas finanças.

A solução está em agir


“Ok Navarro, concordo que a responsabilidade é minha e tenho negligenciado meu
orçamento, mas e agora?” é uma dúvida recorrente depois de algumas conversas.
Agora, caro leitor, é hora de estruturar a situação, identificar os problemas e
associá-los a tarefas capazes de resolvê-los.

Vejamos um exemplo: a família do Sr. Silva tem uma dívida de R$ 3 mil no


cheque especial, mas mês após mês continua a usar o limite e manter um
padrão de vida incompatível com a realidade.

Quais são os problemas?


Problema 1: Endividamento;
Problema 2: Gastar mais do que ganha (padrão de vida incompatível).

O que precisa ser feito?


Tarefa 1: anotar as receitas e despesas familiares de forma a criar um
orçamento doméstico completo;
Tarefa 2: eleger pelo menos três categorias de gastos do orçamento e
procurar diminuí-las em pelo menos 50%;
Tarefa 3: levantar o total devido e informar-se sobre as formas de
renegociação oferecidas pelo banco;
Tarefa 4: informar-se sobre as alternativas de crédito mais baratas para
trocar a dívida (contratar um empréstimo consignado ou crédito pessoal
para quitar a dívida do cheque especial);
Tarefa 5: respeitada a tarefa 2, garantir no orçamento o valor necessário
para as parcelas a serem pagas na renegociação (item anterior).

Repare que trata-se de um exemplo simples. Minha intenção foi apenas


demonstrar que problemas que possuem solução precisam ser encarados e
logo associados com tarefas passíveis de conclusão. Note que cada item da
lista acima pode ser marcado como executado – o famoso √ de “atividade
concluída”.

Reitero, por fim, a mensagem do dia: não deixe para depois, nem subavalie a
gravidade de um problema financeiro. Encare-o e parta para a ação! Torço
para que você atinja logo o sucesso financeiro que merece. Deixe sua opinião

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nos comentários ou fale comigo também no Twitter – sou o @Navarro [4] por
lá. Até a próxima.

Conrado Navarro
www.conradonavarro.com.br [5]

20.06.2013 - 01h14

Lições das manifestações para você e seu


bolso [6]
Conrado Navarro

Primeiro, parabéns! Parabéns a você, brasileiro(a), que finalmente arregaçou


as mangas e agiu com firmeza, determinação e sem violência contra as mazelas
do país. O resultado está ai: uma sociedade unida e alguns resultados
alcançados (tarifas baixaram nas principais cidades, não é?).

Como bem apontam muitos recados nas redes sociais, “os vinte centavos
representaram o preço da gota d’água”. O movimento é mais amplo e pede por
reformas nas mais variadas frentes: educação, saúde, gastos públicos e
infraestrutura, para ficar nos pedidos mais urgentes. O Brasil se mexeu.
Parabéns!

Com o espírito de quem é capaz de mudar o país, agora é hora de fazer uma
associação de tudo o que está acontecendo com a sua realidade financeira.
Será que é possível extrair lições aplicáveis às finanças familiares a partir das
manifestações Brasil afora? Aposto que sim. Acompanhe.

Lição 1: Cidadania
O retrato claro das manifestações diz respeito à nossa maior conquista
enquanto democracia: a cidadania como arma de construção de um país
melhor. Traduzindo, é com exemplo que mudamos a cultura predominante – a
ação (e não apenas as palavras e a boa intenção) de milhares de brasileiros
resgatou o orgulho de ser brasileiro.

Nas finanças pessoais, acontece algo semelhante. Ensinamos e reforçamos


conceitos importantes (investimento, limites, discussões saudáveis em torno
do tema e etc.) através de exemplos e não apenas com discursos vazios. É
preciso praticar o respeito ao dinheiro para que a educação financeira se torne
um estilo de vida – e não apenas uma saída temporária para problemas
financeiros.

Educação financeira é cidadania porque envolve a transferência de valores e


princípios relevantes. A família só viverá de forma sustentável se houver
naturalidade na abordagem ao tema, o que significa aprender de forma tácita,
diária e invisível, evitando o “Faça o que eu falo, mas não o que eu faço”.

Lição 2: Definição de prioridades


O que você responderia se lhe perguntassem: “Mas por que tantas manifestações e
tanta gente?”. Parece óbvio que o consenso será algo como “A população
brasileira tem problemas e necessidades mais urgentes que a Copa do Mundo, há
corrupção demais e muita desigualdade”. Trocando em miúdos, nossos

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representantes parecem agir com prioridades absurdas e fora de sintonia com


a realidade do país.

Nas finanças pessoais, são os objetivos bem definidos que geram a necessária
motivação para orgulhar-se da educação financeira e insistir em sua
aplicação diária. Ou seja, é preciso que nosso senso de urgência e nossas
prioridades estejam calibrados de acordo com nossa realidade, desejada
qualidade de vida e aspirações pessoais.

Educação financeira significa definir muito bem metas e garantir que a família
possa não só respeitá-las, mas principalmente atingi-las e comemorá-las. Para
tal, é importante saber o que está sendo construído e evitar que o desperdício
de recursos atrapalhe essa jornada.

Lição 3: Mobilização
Alguém acredita que as autoridades voltariam atrás se as manifestações
fossem isoladas, com pequeno número de participantes e organizadas apenas
de forma virtual? Trata-se da lição mais óbvia, mas também da mais poderosa.
O que transforma é nossa efetiva participação.

Nas finanças pessoais, isso se traduz em interesse seguido de escolha


consciente. Sem que as famílias dediquem tempo e energia para o
planejamento financeiro, é claramente difícil que algum resultado melhor
apareça. O envolvimento, através de reuniões frequentes e definição de
responsabilidades, faz muita diferença.

Educação financeira significa manter constante contato com a realidade


financeira familiar e o conhecimento oferecido através da leitura especializada,
participação em palestras e eventos e trabalho dos profissionais da área. Onde
investir? Em quem confiar? Como melhorar os resultados? As respostas
passam pela mobilização, obrigatoriamente. Atitude, ora bolas.

E ai, tudo isso faz mesmo sentido?


O recado hoje é bem direto: é fundamental discutir e lutar por direitos amplos,
mas é crucial que as mudanças também venham nas pequenas coisas, em casa,
ao lado da família ou nos momentos comuns. Nada de ver uma rodovia
engarrafada e tentar ser mais “esperto”, passando a circular pelo acostamento
para ir mais rápido e “se dar bem”.

O exemplo acima é real, mas também metafórico. Muita gente faz isso com seu
dinheiro, reclamando da alta carga tributária e dos juros, mas adiantando a
restituição do Imposto de Renda através de um empréstimo no banco, para
ficar em um caso cotidiano. Reclamar, não esperar pela (pequena) devolução do
imposto e optar pelos juros é algo incoerente.

Pense bem. Cidadania, envolvimento, definição de prioridades, participação


familiar, disciplina, dedicação e respeito, você concorda que tais ingredientes
podem mudar nossa realidade financeira, assim como fizeram com algumas
reivindicações nos protestos e fazem com diversas outras áreas de nossas
vidas?

Participe da discussão. Um Brasil melhor e um quadro financeiro mais


tranquilo dentro de casa esperam por você. Siga-me também no Twitter – sou o
@Navarro [7] por lá. Até a próxima.
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12.06.2013 - 23h40

Como vencer a falta de disciplina? [8]


Conrado Navarro

Defendi no artigo anterior (clique para ler) [9] que nós, investidores brasileiros,
estamos diante de uma necessária mudança de cultura. Ou aprendemos a
enxergar (e planejar) o longo prazo e passamos a lidar melhor com o risco
(optando por investimentos mais arrojados) ou estaremos fadados a
rentabilidades modestas e, em muitos casos, equiparadas à inflação.

O tom das opiniões foi favorável às sugestões, o que denota amadurecimento


na discussão, mas não faltaram mensagens apontando a falta de disciplina
como o principal obstáculo para a mudança de hábitos proposta por mim.
“Investir no longo prazo através de aportes constantes exige uma disciplina de
investimento que o brasileiro não tem”, apontou Milena Coelho, de São Paulo.

É fato! Disciplina é um dos principais pilares para construirmos patrimônio.


Mas, cuidado, podemos concordar com essa realidade e agir de duas formas
distintas: apoiar-se nela, como uma muleta, para usá-la como justificativa para
não crescer; ou encarar o desafio de criar novos hábitos que nos aproximem
do desejado estado disciplinado.

Pense bem: qualquer área que desejamos desenvolver requer níveis de


disciplina muito elevados, seja para estudar um tema de forma profunda, seja
para frequentar determinados lugares ou mesmo para refletir sobre temas
relacionados ao que queremos dominar. Ou seja, disciplina é pré-requisito para
ser bem-sucedido.

Três formas de disciplinar-se para investir

1. Encare os investimentos como despesas


Os especialistas normalmente chamam este item de “Pague-se primeiro”. É
simples: parte da receita líquida precisa ser destinada aos investimentos assim
que ela cair na conta. Nada de usar o hábito comum da maioria que “investe se
sobrar alguma coisa no fim do mês”.

Aquele que só investe quando sobra está disciplinado a não investir quando
pode. É preciso inverter a equação e investir quando o dinheiro está disponível
e disciplinar-se a viver com o que sobrar depois de respeitados os objetivos
futuros (alvos do investimento).

2. Automatize seus investimentos


Conheço muita gente que reconhece que só consegue adquirir bens e construir
patrimônio se tiver algum carnê para pagar. É aquele caso típico de quem
compra carro financiado e considera que a hora de trocar de carro chega
quando as parcelas acabam. “Hora de trocar de carro e pegar outro carnê”. Já viu
esse tipo por ai?

A boa notícia é que este grupo também pode investir através de boletos e
aplicações programadas. Investimentos de longo prazo como previdência
privada podem ser contratados de forma a tornar o objetivo uma “dívida”
(lembre-se do item anterior), bem como fundos e poupança podem ser alvo de

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investimentos programados através do Internet banking.

3. Crie uma rotina em outra área de interesse


Por fim, há um número grande de leitores que reluta em aceitar que a
disciplina pode ser aprendida e incorporada como um novo hábito. Estas
pessoas insistem em apoiar-se na muleta da desculpa de que “Para mim, não é
tão simples colocar a disciplina no dia a dia”.

Façam como eu: esqueçam a ideia de mudar um hábito antigo e comecem algo
totalmente novo, em outra área. Eu era sedentário e pouco disciplinado (para
piorar, sou um TDAH diagnosticado). A rotina era questão de sobrevivência,
então apelei para o esporte e comecei a caminhar, depois trotar e, finalmente,
correr.

Os treinos precisam ser respeitados e essa realidade mostrou que eu poderia


agir de forma semelhante com outras áreas da minha vida. Parece simplista,
mas funcionou muito bem no meu caso. Depois de oito anos assim, tudo
mudou bastante por aqui. O que posso é dizer é: experimente.

Fico por aqui. Deixei sua opinião no espaço de comentários e também no


Twitter – sou o @Navarro [10] por lá. Abraços e até semana que vem.

06.06.2013 - 13h28

Os desafios são arriscar mais e aprender


a esperar [11]
Conrado Navarro

O artigo passado em que discutimos a preferência dos brasileiros pelo


investimento na caderneta de poupança [12] levantou opiniões interessantes.
Separei algumas mensagens para refletirmos e, quem sabe, apontar um
caminho diferente para quem deseja rentabilizar melhor seu dinheiro.

O leitor Marcelo, de São Paulo, disse que “o problema é que as aplicações fora dos
bancos são muito complicadas para o investidor comum e acabamos optando pelo que é
mais fácil e direto”. Já André Santos, do Rio de Janeiro, acha que “a poupança
ainda é atrativa em relação aos fundos conservadores com taxas de administração muito
alta”.

Andrea, também do Rio de Janeiro, acredita que “os brasileiros só passarão a


investir em instrumentos mais sofisticados, como ações, fundos multimercado e de ações
quando (e se) os juros e a inflação caírem a níveis ainda mais baixos”.

Por fim, Roberto Azevedo, meu conterrâneo de Itajubá, diz que “a maioria das
pessoas que está investindo na poupança não tem conhecimento, nem disponibilidade
para investir em outras modalidades. É gente que começou a poupar a pouco tempo, não
tem objetivos bem definidos e por isso guarda seu dinheiro na aplicação mais simples, a
poupança”.

Quem está certo?


Todos os leitores que opinaram estão certos, uma vez que em investimentos
não há verdades absolutas – não existe o melhor investimento. A situação de

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cada um, seu nível de aversão ao risco, o grau de conhecimento e interesse e a


disponibilidade de capital sao fatores determinantes para a escolha do
“melhor” investimento, algo que termina por ser subjetivo e individual.

Para o caso específico da poupança, é preciso ter em mente que apesar da


remuneração maior, a poupança continua rendendo menos que a inflação. Sua
rentabilidade atual é de 5,6% ao ano (70% da Selic, atualmente em 8% a.a.).De
acordo com o boletim Focus, pesquisa com instituições financeiras divulgada
toda semana pelo Banco Central, o IPCA deverá fechar o ano em 5,81%. No
último “Relatório de Inflação” divulgado pelo Banco Central a projeção é de
5,7% para o IPCA no fim de 2013.

Os números acima são projeções – eu diria que são expectativas. Não


obstante, a análise da situação atual do país – juros em 8% ao ano e IPCA dos
últimos 12 meses na casa dos 7% – traz uma realidade bastante óbvia:
investimentos conservadores voltados para o curto e médio prazos serão
suficientes apenas para manter o poder de compra, não servindo para o
aumento do patrimônio.

O que fazer?
As saídas para investir melhor e garantir aumento do patrimônio passam por
duas decisões normalmente ignoradas pela maioria dos pequenos poupadores:
alongar o prazo de investimento e aumentar a exposição ao risco.

Alongar o prazo de investimento significa redefinir certas prioridades e


definir objetivos a serem realizados em prazos superiores a 5 anos. Com isso,
o investidor terá a possibilidade de fazer mais aportes e alocar parte dos
recursos ligados à meta em opções de investimento mais arrojadas – neste
caso o prazo mais longo será usado para diluir o risco e permitir mudanças de
estratégia.

Aumentar a exposição ao risco significa sair da zona de conforto criada pela


renda fixa, especialmente no passado recente. Ganhos de dois dígitos sem
risco foram nossa realidade por muito tempo, mas isso já é história. Portanto,
será necessário arriscar parte do capital investido para tentar obter
rentabilidades mais interessantes.

Ah, investir para longo prazo e arriscar mais são garantia de maior
retorno?
Não, de jeito nenhum. Garantia é algo que não se pode dar quando se mistura
tempo, emoção e risco. Sim, eu acredito que agindo assim teremos mais
oportunidades de conseguir elevar o retorno dos investimentos, mas ao
mesmo tempo estaremos diante do desafio de escolher diante de muitas
aplicações ainda desconhecidas pela maioria.

Volto a insistir em três pontos que já mencionei em outros textos:

Conhecimento e interesse (valorizar a educação financeira) são


características fundamentais para quem quer investir mais e melhor;
Quando eu falo em arriscar, repare que menciono parte do capital investido,
ou seja, é importante manter a maior parte do capital protegido (em renda
fixa);
A definição de objetivos de longo prazo não exclui as metas de curto e
médio prazo. O que defendo é que o brasileiro precisa aprender a planejar
melhor o seu futuro mais distante.
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Por fim, agradeço aos leitores que deixaram seus comentários por aqui e
também no Twitter – sou o @Navarro [13] por lá. Torço para que este texto
também traga importantes reflexões. Até a próxima.

22.05.2013 - 13h51

Brasileiro só sabe investir na caderneta


de poupança? [14]
Conrado Navarro

Você que está lendo um artigo relacionado a investimentos, deve estar se


perguntando com frequência: “ O nde devo investir meu dinheir o?” . Ao
buscar respostas para essa pergunta em artigos e textos publicados em
revistas especializadas, jornais e blogs da Internet, é provável que encontre
muitos especialistas recomendando a caderneta de poupança.

O “boom” da poupança
Para ilustrar a situação dos investimentos no Brasil, é preciso olhar o estágio
atual de captação da caderneta de poupança: ela registrou entrada recorde de
recursos para meses de abril e para o primeiro quadrimestre, segundo dados
divulgados no início de maio pelo Banco Central (BC).

Os depósitos na poupança superaram os saques em R$ 2,616 bilhões no mês


passado, maior valor para o período na série iniciada em 1995. O recorde
anterior era de abril de 2007, quando a captação líquida de recursos somou R$
2,046 bilhões.

De janeiro a abril de 2013, os depósitos superaram os saques em R$ 13,197


bilhões, acima do recorde anterior, de R$ 5,942 bilhões, verificado nos quatro
primeiros meses de 2010. A captação representa crescimento de 221% no
quadrimestre em relação ao mesmo período de 2012, quando somou R$ 4,107
bilhões.

O Prof. Alcides Leite, da Trevisan Escola de Negócios, resume o que acontece


quando brasileiros buscam alternativas para investir seu dinheiro. “A maioria
tem poucos recursos e conhecimento, e por isso eu ainda aconselho a poupança. Por
quê? Porque não tem Imposto de Renda, não tem taxa de administração, é fácil, todo
mundo pode ter. Aconselho para quem tem até uns R$ 50 mil”, explica.

Por que tanto amor à poupança?


A decisão de investir em uma ou outra aplicação depende, entre outras coisas,
de quatro fatores:

1. Grau de aversão ao risco;


2. Tempo previsto para o investimento;
3. Montante a ser aplicado;
4. Objetivo associado ao investimento.

O que ocorre é que ao questionar os brasileiros sobre cada um desses fatores,


recebemos respostas ultraconservadoras e um tanto “desencontradas”. O
pequeno poupador, aquele que só conseguiu equilibrar as contas recentemente
e que ainda dispõe de pouco capital para investir, tende a responder da
seguinte forma:

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1. Grau de aversão ao risco: conservador – a resposta vem depois de


preenchimento e análise dos formulários de análise do perfil do investidor
(API);
2. Tempo previsto para o investimento: curto prazo (no máximo um ano);
3. Quanto será aplicado: até R$ 5.000,00 e pequenas parcelas mensais de, no
máximo, R$ 400,00;
4. Objetivo associado ao investimento: compra de bens de consumo.

Ora, se o investidor é conservador, deseja investir no curto prazo (quando não


no curtíssimo), tem pouco capital e quer usar o dinheiro para o consumo, a
aplicação mais apropriada é mesmo a caderneta de poupança, isenta de
impostos e taxas.

Indicar fundos de renda fixa ou mesmo títulos públicos pode significar


rentabilidade menor dependendo do prazo e das escolhas feitas. Para descobrir
se vale a pena escolher uma dessas alternativas, algumas contas teriam que ser
feitas, além de uma escolha mais cuidadosa no caso dos fundos.

Pesquisar, calcular e comparar exige esforço e dá trabalho. Valeria a pena ir por


esse caminho em busca de um mínimo percentual a mais de ganho? Sim, claro.
Não, não na cabeça do pequeno poupador.

A conclusão rápida é que a caderneta de poupança ainda é vantajosa porque


sua rentabilidade se aproxima bastante do retorno das principais alternativas
conservadoras e é muito mais simples de compreender e investir. Para
qualquer especialista essa explicação soa simplista, mas para a população que
ainda não enxerga a educação financeira como estilo de vida ela faz todo
sentido.

Você investe na caderneta de poupança? Por quê? Investe em algo mais? Deixe
sua opinião por aqui e também no Twitter para levarmos adiante essa
discussão – sou o @Navarro [15] por lá. Até a próxima.

14.05.2013 - 14h19

Transformação financeira só sustenta


com exemplos [16]
Conrado Navarro

Sempre que lemos um livro sobre finanças pessoais ou assistimos a uma


palestra sobre o tema, é normal que uma questão apareça: “Como será que o
autor age no dia a dia?”. A pergunta parece simples, mas revela uma verdade
muito simples no que tange a educação financeira: o verdadeiro aprendizado
vem dos exemplos.

Tomemos como exemplo os profissionais ligados à área de finanças pessoais


que vivem um estilo de vida totalmente diferente daquele proposto em seus
livros e palestras. Se isso existe? Bastante. O caso clássico é do autor que prega
a importância do tempo com a família e da valorização da qualidade de vida,
mas que na prática é um workaholic com a família dilacerada.

O tema é espinhoso, mas é relevante para os resultados das ações voltadas para

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a educação financeira do brasileiro. Uma das razões pelas quais não nos
sentimos motivados a levar adiante novos hábitos financeiros é justamente a
falta de resultados imediatos.

Se não temos um “espelho”, alguém em quem nos apoiarmos, para perceber


que ainda que os resultados demorem um pouco, eles virão e transformarão
nossas vidas, então a esperança realmente não existirá. Por isso defendo que
os profissionais de educação financeira tenham patrimônio, atitudes e estilo
de vida compatíveis com o discurso que pregam.

Como isso soa para você? Faz sentido? Repare que meu objetivo não é criticar,
mas mudar o enfoque no relacionamento entre autores, palestrantes,
consultores e seu público-alvo. Afinal, não há nada pior do que assistir a uma
palestra e ter aquela sensação de que o palestrante é “alguém de outro mundo”,
um cara distante da nossa realidade e, portanto, um sonho difícil de ser
alcançado.

Acredito que ao tornar tangível nosso discurso – e isso se faz vivendo e


convivendo de forma sincera com nossa mensagem -, seremos capazes de
tocar mais profundamente a cabeça e o coração das pessoas que necessitam de
transformação financeira. Ao tornar nosso conteúdo acessível através de nossa
figura, colocamos diante das pessoas um exemplo factível, alguém com quem
ela pode contar.

De certa forma, o que proponho é que tenhamos mais mentores (ainda que em
escala menor) e menos ídolos. Que possamos contar e aproveitar mais e
melhor as pessoas bem-sucedidas que estão à nossa volta e que sonhemos
menos em ser o próximo Warren Buffett. Não soa mais tangível e fácil de
colocar em prática?

Vamos discutir mais esse assunto? Se você tem uma experiência com algum
profissional bem-sucedido na área de finanças ou assistiu/leu alguma
palestra/livro e teve a sensação de que a mensagem não condiz com o autor,
conte o que sentiu. Siga-me também no Twitter: @Navarro [17] .

Até a próxima. Valeu!

10.04.2013 - 12h38

Warren Buffett investe como uma


garota? [18]
Conrado Navarro

Que Warren Buffett é o maior investidor do mundo, isso você já sabe. Mas,
qual o segredo de seu sucesso? Tanta coisa, não é mesmo? Tanta coisa que o
mercado editoral está repleto de obras muito interessantes sobre como Buffett
toma suas decisões de investimento e leva sua vida.

Que tal saber, por exemplo, que um dos segredos de seu sucesso é justamente
o fato de Warren investir como uma garota? É o que defende Louann Lofton,
editora do site “The Motley Fool” [19], que publicou o livro “Warren Buffett investe
como uma garota”, a ser lançado no Brasil pela Editora Saraiva.

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“Estudos mostraram que as mulheres possuem uma abordagem distinta da dos homens
em investimentos. Elas pensam as situações a longo prazo e não negociam muito. Elas
evitam riscos mais do que os homens. São mais capazes de pensar por si mesmas e não
se dobram à pressão dos colegas. E têm muito menos testosterona, o que afeta os
mercados de forma que ainda estamos descobrindo, graças a novos desenvolvimentos no
campo da neuroeconomia”, explica Louann.

Buffett investe como uma garota?


A proposta do livro é abordar características essenciais para o investidor que
deseja repetir, guardadas as devidas proporções, o sucesso de Buffett no
investimento em ações:

Menor exposição ao risco;


Investimento em empresas com modelos de negócios simples;
Paciência;
Estratégias de longo prazo, evitando a compra e venda de papéis no curto
prazo.

Segundo Louann, “a forma como as mulheres tendem a abordar os investimentos é


mais saudável e mais calma, e é a forma como deveríamos todos abordar investimentos,
tanto homens quanto mulheres”.

Antes de ler o livro, cheguei a pensar que se tratava de uma obra com viés
feminista, seguindo o importante movimento iniciado pelas famosas Marissa
Mayer (CEO do Yahoo) e Sheryl Sandberg (Executiva do Facebook). É muito
mais do que isso: o livro traz importantes reflexões para quem deseja investir
de modo mais conservador, mas ao mesmo tempo sustentável e com
rentabilidades expressivas no longo prazo.

No livro, Louann enumera pesquisas que mostram que as investidoras passam


mais tempo que os homens estudando uma empresa antes de comprar uma
ação, não tendem a concentrar demais o portfólio, evitam mais o risco porque
possuem menos testosterona e leem com interesse informações que possam
mostrar que elas mesmas estão erradas. Estas características são comuns ao
maior investidor do mundo, é fato!

Você deve se lembrar de que, enquanto todo mundo comprava e vendia ações
de empresas de Internet, lá nos idos de 1990 e 2000, Mr. Buffett aumentava suas
posições na maior fabricante de refrigerantes do mundo. A crise das empresas
“pontocom” acabou com muitos participantes do mercado. Buffett saiu ileso.

O principal a observar é que o investidor bem-sucedido acredita mais em


evidências do que em especulação ou em movimentos pontuais do mercado –
e, por isso, aloca seu patrimônio no sentido de gerar valor no longo prazo.
Louann aborda essa estratégia propondo que o investidor “negocie menos,
ganhe mais” e “evite riscos”. A crise de 2008 “quebrou” muita gente. Buffett
aproveitou para aumentar suas posições em empresas com estratégias de
longo prazo.

Outra máxima que o guru de Omaha faz questão de difundir é a de que


informação demais pode paralisá-lo. A situação se repete em muitos lares:
brasileiros cada vez mais interessados no tema “investimentos”, lendo mais,
buscando informações na Internet e através de seus gerentes. Diante de tantas
opções de investimento, a sensação de ser um “ignorante” e a aparente
complicação paralisam a tomada de decisões.
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As mulheres e Buffett vão além, pesquisam muito, conseguem aceitar melhor a


pressão e lidam de forma positiva com o pessimismo do mercado. A questão
apontada no livro é que o investidor bem-sucedido é uma pessoa bem
informada, mas também que valoriza pessoas e relacionamentos, além de
aprender com os erros e ser capaz de agir sempre de forma justa e ética.

Certo, mas será que podemos mesmo “investir como uma garota”?
Louann, que tem em seu portfólio ações da Berkshire Hathaway, garante que
sim. “Aqui está a boa notícia: podemos aprender a adotar um temperamento focado em
investimentos de longo prazo. Podemos nos tornar investidores mais calmos. Podemos
passar de especuladores a investidores. Podemos diminuir nossos riscos. E se não
quisermos ver os erros da crise financeira e do pânico de 2008 repetidos, parece
inteligente fazer isso”, diz ela.

Se você é apaixonado pelas histórias de personagens místicos das finanças


(como eu sou), e Warren Buffett é certamente o mestre neste sentido, preste
atenção ao que fazem: a jornada deve ser vencida com esforço constante, não
apenas com tacadas brilhantes. Buffett não é conhecido por trades fantásticos
(ganhos de curto prazo), mas por decisões inteligentes de longo prazo
(construção de valor).

A leitura de “Warren Buffett investe como uma garota” é muito interessante e


reveladora. Se você é fã do mega-investidor mais famoso do mundo, precisa
ler.

12.03.2013 - 13h55

Hábitos novos versus comportamentos


enraizados. Criar em vez de mudar. [20]
Conrado Navarro

O feedback em relação ao dinheiro como um tabu (falei disso no artigo anterior


[21]) foi muito positivo, o que mostra que há muita gente disposta a encarar as

finanças como um assunto relevante e presente no dia a dia familiar. Essa


disposição é importante, mas ela não pode ser mascarada pela angústia gerada
a partir da tentativa de mudar de hábitos.

Na prática, o que ocorre nas pessoas é sempre a tentativa imediata de alterar


seu comportamento. Isso é bem-vindo, mas da maneira usualmente realizada
traz poucos resultados. Farei um paralelo simples entre saúde e dinheiro para
insistir na tese de que é mais produtivo focar em novos comportamentos que
em consertar velhos hábitos.

A saúde e a alimentação
Imagine aquela pessoa habituada a uma alimentação nada saudável, mas há
muitos anos presente em sua vida. Refrigerantes em excesso, muita fritura e
carboidratos, poucas frutas e sempre em horários perigosos. De repente ela
começa uma dieta que muda completamente a sua “agenda alimentar”.

Ela tem que comer de três em três horas, não poderá ingerir alimentos
gordurosos, terá que cortar o açúcar e passar a comer muitas verduras e frutas.
Ela terá que alterar sua rotina e se desfazer de velhos hábitos. O que acontece?

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A maioria das pessoas não consegue seguir a dieta por muito tempo e vive
tentando mudar isso. O resultado? Praticamente nulo.

Agora suponha que o acompanhamento profissional dado a essa pessoa inclua


a criação de novos hábitos saudáveis antes completamente desconhecidos por
ela. Exemplo: ainda que a alimentação esteja totalmente desequilibrada,
praticar exercícios (caminhada moderada todos os dias, digamos) e cozinhar a
própria comida com a presença de familiares e amigos (pratos saudáveis,
agora sim), abrirão em sua rotina duas atividades novas, sem vícios.

Este é um exemplo pessoal. Eu já tive problemas sérios com alimentação e


índice de gordura corporal (era clinicamente o “falso magro”) e não conseguia
mudar meus hábitos alimentares. Quando experimentei um jeito diferente de
encarar a rotina, criando novos comportamentos, passei a ver resultados.
Comecei a caminhar, depois a correr e pedalar. Hoje corro 60 quilômetros por
semana e meus índices e exames clínicos estão em ordem.

E o dinheiro?
O raciocínio é o mesmo. Insistir em mudar um hábito financeiro perigoso é
válido, mas nem sempre dá resultados. O mais interessante é criar hábitos
novos e, a partir dos resultados destes novos comportamentos, corrigir a
conduta – afinal, quando os benefícios são claros e capazes de nos motivar, os
velhos hábitos simplesmente desaparecem e dão lugar aos novos.

O salário cai e o sujeito imediatamente saca todo o dinheiro e gasta, seja


pagando contas, seja consumindo. Que ele está fazendo algo errado, isso ele já
sabe. A rotina tomou conta. O hábito perigoso é o de consumir, o que
provavelmente lhe dá prazer e, em tese, ajuda a aplacar a angústia do dia a dia.
E se, com uma aplicação automática programada via Internet banking, ele
investisse todo mês, durante 12 meses, uma parte do salário para fazer uma
viagem, por exemplo?

O novo hábito é o de investir para alcançar uma meta. A conta corrente


ficaria com menos dinheiro e ele continuaria sacando toda a quantia, mas
agora esse montante total seria menor e um objetivo (prioridade) está sendo
respeitado. Em um ano, o prazer da viagem “acenderá” em sua família uma luz:
“Puxa, conseguimos viajar com nosso próprio dinheiro, sem dívidas”. Uma sensação
maravilhosa, com certeza. O novo hábito tomou lugar.

Este também é um exemplo pessoal. Antes, eu tinha tudo, mas não tinha nada
– comprava porque tinha dinheiro. Hoje sou livre e financeiramente
independente porque um dia consegui realizar um objetivo simples: comprar
um videogame. E fiz isso tendo que lidar com a frustração de deixar de
consumir tudo que gostaria, mas o resultado foi compensador. Desde então, os
resultados têm sido fantásticos.

Conclusões
Nosso comportamento é fruto de muitas variáveis. Ambiente familiar,
exemplos, educação, formação, cultura e por ai vai. Quando nos propomos a
mudar um hábito, decidimos enfrentar todas essas variáveis com a certeza de
que vamos vencer, o que dificilmente acontece. Começar algo NOVO e ainda
DESCONHECIDO (não praticado) nos liberta dessas amarras. O desapego é
importante para curtirmos cada novo passo sem associá-lo ao que já vivemos
ou passamos. E os resultados aparecem.

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13/01/14 Você mais rico - Só mais um site Rede EXAME de Blogs

Você tem alguma história semelhante às que contei aqui que deseja
compartilhar? Tenha em mente que tratei de aspectos pessoais e exemplos –
não tenho nenhuma intenção de desmerecer quem faz dietas altamente
restritivas ou tenta de todo jeito chegar ao final do mês com dinheiro na
carteira. Meu objetivo é compartilhar o que deu certo comigo e, quem sabe,
permitir alguma reflexão na sua vida.

Deixe seu comentário neste artigo ou mande sua opinião para mim no Twitter
– sou o @Navarro [22] por lá. Até a próxima.

Último comentário por julio cesar cezzarotto : Navarro fale alguma de pessoas
que são o oposto dos que gastam muito. Tenho 1 familiar que passou uma fase
...

06.02.2013 - 22h13

Dinheiro: tabu, fator de inclusão ou


utopia? [23]
Conrado Navarro

Tenho discutido de forma bem interessante com alguns amigos e leitores


nossa relação com o dinheiro. Muitos são incisivos ao afirmar que a maioria
de nossos problemas financeiros surge porque decidimos que “fazer parte”,
ou seja, pertencer ao grupo, é a única forma de manter alguma dignidade e
buscar a felicidade – e que, assim, o consumo e os gastos dele derivados são
essenciais para uma vida plena.

Sim, dinheiro é um meio eficaz para tornar a vida em sociedade mais agradável
e é fundamental como meio de interação, relacionamento e construção de
identidade. No entanto, o “consumismo da inclusão” não pode se tornar uma
justificativa para decisões incoerentes e capazes de dirigir a família na direção
de graves problemas (endividamento, divórcio etc.).

O fato é que a relação entre dinheiro e sociedade é mesmo bastante íntima e


interpretar cada um desses agentes de forma isolada só faz aumentar a
angústia e as emoções negativas que costumamos associar às finanças. Alguns
dirão que isso é óbvio, o que é verdade.

Concordamos, portanto, que dinheiro é um importante fator dentro do


contexto social. A prática, por outro lado, mostra que estamos pouco
dispostos a incluir as finanças como um tema a ser discutido com frequência
em casa e entre amigos. Ele é importante, mas é tratado no âmbito pessoal e de
forma rasa e egoísta.

O estilo “caixa preta” de tratar o orçamento conforta porque permite que uma
falsa sensação de controle instale-se e alivie a dureza do dia a dia. Preferimos
nos enganar com o clássico “A hora que eu quiser eu resolverei esse problema” a
compartilhar a realidade com a família e receber críticas.

Nada mais natural, afinal ao abrir o problema para todos ficamos frágeis diante
dos julgamentos dos outros e, a depender da maturidade de todos, é provável
que essa situação só gere mais angústia, vergonha e culpa. Pois é, a verdade é

exame.abril.com.br/rede-de-blogs/voce-mais-rico/ 15/17
13/01/14 Você mais rico - Só mais um site Rede EXAME de Blogs

que lidar com o dinheiro requer desprendimento, tolerância e muita


humildade.

Consumo e dinheiro são parte de nossas vidas, ok. Só isso não basta para
cuidar bem do aspecto financeiro de nossas vidas, ok. Lidar com essa
realidade sozinho paralisa, ok. Abrir o jogo e pedir ajuda significa assumir que
fracassamos, ok. O que fazer? Agir, apesar de tudo isso! Sim, porque ignorar a
questão (ou, ainda pior, tratar o dinheiro como algo “ruim”, “do mal”) só
aprofunda os problemas, todos eles, financeiros ou não.

Abordar o tabu que envolve as finanças domésticas é sempre complicado, já


que muitas escolhas neste campo são feitas a partir de raízes culturais fortes e
com base em emoções e situações de momento. Amor, casamento, amizade,
saudade, culpa, raiva, frustração, quase tudo que sentimos ou pelo que
passamos é capaz de detonar reações financeiramente catastróficas.

Tudo o que eu disse poderia ser resumido em um parágrafo: sabemos de


nossos problemas, temos consciência de quais são as atitudes necessárias
para mitigá-los e somos capazes de usar as ferramentas disponíveis para
organizar todos esses passos. O problema, pois, não é falta de força de vontade
ou desinteresse, é mais profundo. Mesmo encrencados, encontramos na zona
de conforto desculpas e justificativas (“consumir aproxima”, “comprar deixa
feliz” etc.) capazes de fazer o tempo passar. E o tempo passa.

Por fim, admito que textos assim costumam receber poucos comentários, são
relativamente menos compartilhados, costumam ser lidos de forma tímida e
preocupada. Editores e gente experiente com as palavras costumam dizer que
minhas palavras muitas vezes soam como “tapas” na cara dos leitores, e isso
não é nada bom. Mas como destruir um tabu sem enfrentá-lo?

Ao falarmos abertamente sobre o tema, suas raízes pessoais e consequências


nas diversas esferas pessoais, estamos contribuindo para contar com o
dinheiro como um aliado para mais realizações, e assim mais alegria. Espero
que você, caro leitor, entenda e participe do debate. Escreva abaixo sua opinião
e mande um alô também lá no Twitter – sou o @Navarro [24] por lá. Até mais.

Último comentário por Benilton : Muito interessante o texto. Essa é a pura


verdade que ocorre nas familias brasileiras. Eu mesmo sou casado e minha ...

1. http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/voce-mais-rico/2013/08/20/lideranca-
familiar-e-financas-pessoais/

2. http://www.twitter.com/Navarro

3. http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/voce-mais-rico/2013/07/17/solucionar-
problemas-ou-ser-consumido-por-eles/

4. http://www.twitter.com/Navarro

5. http://www.conradonavarro.com.br/

6. http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/voce-mais-rico/2013/06/20/licoes-das-
manifestacoes-para-voce-e-seu-bolso/

7. http://www.twitter.com/Navarro

exame.abril.com.br/rede-de-blogs/voce-mais-rico/ 16/17
13/01/14 Você mais rico - Só mais um site Rede EXAME de Blogs

8. http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/voce-mais-rico/2013/06/12/como-vencer-
a-falta-de-disciplina/

9. http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/voce-mais-rico/2013/06/06/os-desafios-
sao-arriscar-mais-e-aprender-a-esperar/

10. http://www.twitter.com/Navarro

11. http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/voce-mais-rico/2013/06/06/os-desafios-
sao-arriscar-mais-e-aprender-a-esperar/

12. http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/voce-mais-rico/2013/05/22/brasileiro-so-
sabe-investir-na-caderneta-de-poupanca/

13. http://www.twitter.com/Navarro

14. http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/voce-mais-rico/2013/05/22/brasileiro-so-
sabe-investir-na-caderneta-de-poupanca/

15. http://www.twitter.com/Navarro

16. http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/voce-mais-rico/2013/05/14/transformacao-
financeira-so-sustenta-com-exemplos/

17. http://www.twitter.com/Navarro

18. http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/voce-mais-rico/2013/04/10/warren-
buffett-investe-como-uma-garota/

19. http://www.fool.com/

20. http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/voce-mais-rico/2013/03/12/habitos-novos-
versus-comportamentos-enraizados-criar-em-vez-de-mudar/

21. http://vocesa.abril.com.br/blog/voce-mais-rico/2013/02/06/dinheiro-tabu-fator-de-
inclusao-ou-utopia/

22. http://www.twitter.com/Navarro

23. http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/voce-mais-rico/2013/02/06/dinheiro-tabu-
fator-de-inclusao-ou-utopia/

24. http://www.twitter.com/Navarro

exame.abril.com.br/rede-de-blogs/voce-mais-rico/ 17/17

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