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- Economia
São Paulo - Enquanto o mundo alterna surtos de entusiasmo e decepção com o Brasil, Albert
Fishlow pede serenidade e olhos no futuro.
João Pedro Caleiro, de
Estudioso do país há décadas, ele acredita que nossa economia não vai conseguir escapar
de aumentar investimentos e produtividade, ainda que ofereça oportunidades únicas.
O professor falará no centro do Rio de Janeiro na próxima segunda-feira, dia 30. O evento faz
parte de uma série de palestras organizadas pelo grupo IBMEC com o tema "Metamorfoses
do Brasil Contemporâneo". Fishlow concedeu a seguinte entrevista exclusiva para
EXAME.com:
Albert Fishlow - Uma mudança tem sido o crescimento econômico mais baixo nos últimos
dois anos, com o ministro da economia sempre citando previsões iniciais muito mais altas, e
culpando os Estados Unidos e ocasionalmente políticas chinesas pelas perdas.
Outra tem sido a tendência de usar métodos questionáveis para inflar o superávit primário e a
balança comercial, e aumento da dívida bruta sem mexer na dívida líquida, o que levou a uma
política fiscal expansionária. E claro, o ritmo lento para lidar com infraestrutura e com o
desenvolvimento dos recursos do pré-sal.
EXAME.com -Os fundamentos econômicos do país são sólidos? O mundo está sendo
injusto conosco?
Fishlow - A visão de fora tem uma tendência de exagerar os problemas, porque os Estados
Unidos, a Comunidade Europeia e o Japão já estão lidando com uma desaceleração na Índia,
Rússia e Turquia, além de dúvidas sobre a China.
O Brasil é um caso praticamente único no mundo: tem um setor agrícola produtivo, recursos
minerais e de petróleo, e pode ser mais competitivo na indústria com uma política melhor
para a taxa de câmbio.
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14/10/13 Viu a receita de Albert Fishlow para o Brasil crescer? - Economia
EXAME.com - A inflaçãotem sido uma causa de preocupação importante, mas parece ter
se estabilizado, pelo menos por enquanto. É uma ameaça que está sendo subestimada
ou exagerada?
O preço da comida, que estava em alta, caiu, mas os preços dos serviços - onde a
competição externa é limitada - continuam altos e com pouca tendência de queda.
EXAME.com Qual você acredita que tem sido o principal fator limitando o
-
desenvolvimento brasileiro atual?
Fishlow - A taxa baixa de investimento. O boom das commodities escondeu esta realidade
por um tempo, mas agora ele acabou. O Brasil precisa de uma taxa de no mínimo 25%, dada
toda a necessidade de infraestrutura, e não chega nem perto disso.
Fishlow - Não há armadilha, e sim uma taxa provável de não mais que 3% de crescimento. O
crescimento do consumo, mesmo que popular, não pode impulsionar a economia. Só uma
mudança de produtividade pode.
Fishlow - As coisas parecem estar voltando para onde estavam. Os protestos de rua contam
apenas quando são capazes de influenciar as instituições políticas. Mas esta nova geração
não vai ficar parada: eles querem ver uma resposta, e haverá oportunidades com a Copa do
Mundo e as Olimpíadas.
Fishlow - A presidente Dilma mudou a política econômica: ela lidera todas as decisões
importantes. Ela sustentou e estendeu os avanços em política social da era Lula. Na política
econômica doméstica, através das Parcerias Público Privadas (PPP), ela se distanciou da
crença que o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) seria suficiente para engajar o
setor privado e o investimento estrangeiro.
Isso está funcionando apenas lentamente, e os termos originais foram modificados muitas
vezes. É aqui que a incerteza tem um papel importante: quem quer estabelecer um
compromisso de 25 anos com uma taxa baixa pré-fixada?
EXAME.com - Se você pudesse escolher uma única reforma importante que o Brasil
precisa fazer o quanto antes, qual seria?
Fishlow - O investimento precisa subir. Uma forma de fazer isso é assegurar que o setor
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14/10/13 Viu a receita de Albert Fishlow para o Brasil crescer? - Economia
Outra emenda constitucional será necessária eventualmente. É um bom lugar para começar
e para o setor público mostrar seu compromisso em fazer a taxa de crescimento crescer.
Fishlow - Uma taxa mais baixa de atividade industrial na medida em que a renda cresce se
tornou uma característica comum na economia mundial. O Brasil oferecia um retorno alto
para manufatura através de altas taxas protecionistas - que continuaram - e investimento
externo. O setor automobilístico é um exemplo clássico.
Fishlow - Continuo otimista. Fazer as pessoas prestarem mais atenção para o médio e longo
prazo - e para políticas de continuidade da globalização e participação no comércio
internacional - é onde o futuro está.
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