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CAPÍTULO 4

MÉTODO DA RIGIDEZ COM BASE NA TÉCNICA DO


MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

4.1 - INTRODUÇÃO

O método dos elementos finitos (MEF) é um método numérico de grande


eficiência e generalidade na obtenção de soluções aproximadas de problemas
do contínuo, em particular para análise de problemas da engenharia. Como
utiliza procedimentos de cálculos sistemáticos em suas diferentes fases, o
MEF é adequado para programação computacional. Assim, o grande
desenvolvimento e a difusão do uso do MEF na análise de problemas de
engenharia devem-se aos seguintes fatores:
 Possui uma base matemática segura;
 Permite, na maioria das vezes, uma visualização física das grandezas
envolvidas nas diversas etapas da análise;
 É capaz de representar de forma adequada a geometria, a composição
física e condições de contorno de problemas complexos, além de
permitir a consideração de ações de diferentes naturezas;
 Os procedimentos de cálculo nas diversas etapas da análise independem
da forma do domínio ou condições de contorno;
 As etapas de análise pelo MEF envolvem procedimentos sistemáticos que
podem ser adequadamente programáveis, sendo possível analisar
diferentes tipos de problemas a partir de um único programa principal;
 Permite, na maior parte das vezes, uma solução aproximada com grau
adequado de precisão, por meio de sucessivas análises, sem a
necessidade de reformulação de todo o problema.

O MEF pode obtido por meio de diferentes formulações. Quando se dispõe de


um princípio energético que represente o comportamento do problema é
possível uma formulação direta do método. Quando se dispõe de um princípio
variacional aplicável a um funcional cuja condição estacionária defina a solução
procurada, utiliza-se uma análise do tipo Rayleigh-Ritz. Quando são conhecidas
apenas as equações diferenciais de governo do problema, emprega-se a técnica
de ponderação dos resíduos do tipo Galerkin ou Galerkin-Petrov.

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Em linhas gerais, a análise pelo MEF consiste em se representar o domínio de
um dado problema por uma associação de elementos de forma simples, nos
quais as funções de interesse podem ser sistematicamente definidas, por meio
de funções de forma polinomiais simples aplicadas a valores ou parâmetros
nodais das funções primárias de interesse. Com base em alguma das possíveis
alternativas de formulação, pode-se obter um sistema de equações que
interrelaciona os parâmetros nodais, cuja solução conduz aos valores
incógnitos das funções primárias.

elemento

Figura 4.1 – a) Divisão do domínio do problema em elementos finitos.

A partir da Figura (4.1) podem ser definidas as seguintes variáveis:


 ne, número de elementos;
 nn, número de nós;

Para cada nó:


 ngdl, número de parâmetros (graus de liberdade) nodais, utilizados
para a definição das funções primárias de interesse;

Para cada elemento:


 nni, número de nós do elemento i;
 ngdle = nni x ngdl, número de graus de liberdade do elemento;
 nie, número total de graus de liberdades nodais incógnitos do elemento;

Para todo o conjunto:


 ntgdl = nn x ngdl, número total de graus de liberdade nodais;
 ngdlr, número de graus de liberdade conhecidos ou restritos;
 nti = ntgdl- ngdlr, número de graus de liberdade nodais incógnitos.

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Seja f a função de interesse do problema em análise, sobre cada um dos
elementos a função de interesse é aproximada pela combinação de funções
linearmente independentes, obtidas pelo produto dos valores nodais desta
variável (valores localizados da função f incógnitos e conhecidos) e funções de
forma ou de interpolação (N) válidas no elemento.

f i  f i  N if  N j i fji


i
(4.2a)

Onde i representa o domínio do elemento de ordem i.

No caso de um único parâmetro (grau de liberdade) por nó:

fi  f1 f2 ... fnni 


i
(4.2c)

N i  N1 N2 ... Nnni 


i
(4.2b)

As funções de forma ou de interpolação Ni representam a influência do


parâmetro ou valor nodal fi sobre a função f ao longo do elemnto.

Com base em algum princípio energético que represente uma solução direta do
problema, na aplicação do método de Rayleigh-Ritz para obtenção da solução
aproximada do problema quando definido pela condição estacionária de um
funcional ou por meio da técnica de ponderação dos resíduos das aproximações
das equações de governo do problema, obtêm-se as equações finais que
interrelacionam os parâmetros nodais, que no caso do modelo de
deslocamentos para problemas da Mecânica do Contínuo representam equações
de equilíbrio de forças nas direções dos deslocamentos nodais.

Os coeficientes do sistema de equações resultante são obtidos por avaliações


numéricas sobre cada elemento, de integrações de funções de forma ou de
suas derivadas (para o termo independente ou vetor de forças nodais
equivalentes) e de produtos das derivadas das funções de forma para a matriz
do sistema.

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4.2 - RELAÇÕES DA TEORIA DA ELASTICIDADE

Com a finalidade de formular o MEF aplicado ma problemas da Mecânica do


Contínuo, será apresentado a seguir uma breve descrição das equações de
governo de problemas no âmbito da Teoria da Elasticidade bidimensional.

Assim, um corpo elástico contínuo genérico é formado pelo interior ou domínio


_
(W), onde atuam as forças de volume bi  bi , e pela superfície ou contorno (S
= Su + St), sendo Su a parte do contorno onde os deslocamentos ui  ui são
prescritos ou conhecidos e St, a parte onde são aplicadas as forças externas
de superfície ti  ti . Na Figura (4.2) representa-se um corpo elástico
bidimensional com suas regiões e condições de contorno.
t
St

Y,v
by
W
bx

X, u Su

Figura 4.2 – Corpo elástico plano genérico em equilíbrio submetido a um


sistema de forças.

Considerando-se problemas de estado plano e utilizando-se a notação indicial e


vetorial, podem-se identificar as seguintes variáveis de interesse:

 ui  u  u vT , deslocamentos nodais;


bi  b  bx by , forças de volume ou de massa;
T

 ti  t  tx tyT , forças de superfície;
  ij     x  y  xy  , componentes do tensor de tensões;
T

 ij     x  y 
 xy T , componentes do tensor de deformações;

 
 0ij   o    ox  oy  oxy 
T
, componentes do tensor de tensões iniciais;

     
T
  0ij o o
x  oy  oxy , componentes do tensor de deformações
iniciais;

4
As equações de equilíbrio no domínio W são definidas por:

  xx  xy
   bx  0
 x y
 ij, j  bi  0   , (4.1a)
  yx   yy  b  0
 x y
y

com a vírgula representando derivação em relação à direção indicada, isto é,


 ij, j   ij / x j .

A simetria do tensor de tensões fornece:

 ij   ji   xy   yx (4.1b)

As relações deslocamentos-deformações para um regime de pequenos


deslocamentos:

 x  u
1 x

 ij 
2

ui, j  uj,i  

  y  v y (4.1c)

 
 ij  ui, j  uj,i  2 ij , para i  j


   u  v 
 xy  y x 

A simetria do tensor de deformações define:

 ij   ji   xy   yx (4.1d)

As relações constitutivas tensão-deformação:

 ij  Cijkl  kl   kl0    il0    E    o    o  (4.1e)

As relações inversas valem:


 ij  Dijkl .  kl   kj
0

   kj0    F    o    o , (4.1f)

Para problemas de estado plano de tensões e material isotrópico:

 
1  0
E  
E   1 0  (4.1g)
1  2  (1   ) 
0 0 
 2 
e:

5
 1  0 
1  
F    1 0  (4.1h)
E
 0 0 2(1   ) 

sendo:

E , módulo de deformação do material;


, coeficiente de Poisson.

A deformação ezz, na direção normal ao plano de definição do problema é dada


pela relação:

 zz  -

E
 
 x   y   T (4.1i)

No caso de estado plano de deformação, as grandezas de interesse são as


mesmas do problema de estado plano de tensões e as relações constitutivas
podem ser obtidas a partir das expressões (4.1g) e (4.1h), pela simples
substituição das constantes E e  pelos valores:

E'  E (4.1j)
1 -  2

e:
 '   1 -   (4.1k)

Resultando para as relações definidas em (4.1e) e (4.1f):

 
(1   )  0 
E
E    1    0  (4.1l)
1   1  2   (1  2 ) 
 0 0
 2 

(1   )  0   x 
(1   )    
F  E 1     (1   ) 0  y  (4.1m)
E
 0 0 2   xy 

Neste caso,  yz   xz  0 e a tensão  z é não nula, valendo:

E
 z  (  x   y ) =
(1   )(1  2 )
 
 x   y  E T (4.1n)

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4.3 - FORMULAÇÃO DIRETA DO MEF PARA MECÂNICA DO
CONTÍNUO COM BASE NO PRINCÍPIO DOS TRABALHOS VIRTUAIS

Para problemas da Mecânica do Contínuo pode-se estabelecer uma formulação


direta do MEF com base no “Princípio dos Trabalhos Virtuais”, desenvolvido a
seguir para problemas no âmbito da Teoria da Elasticidade.

O princípio dos trabalhos virtuais estabelece que para um corpo em estado de


equilíbrio deformado, o trabalho das forças internas ( WInt
*
) é igual ao trabalho
das forças externas ( WExt
*
) para um campo de deslocamentos virtuais
infinitesimais (  u* ) compatíveis com os vínculos existentes, isto é:

WInt
*
 WExt
*
(4.2a)

Como:

   d ,
* T
WInt
*
 (4.2b)

onde  , é o campo de deformações virtuais associado a u .


* *

 u  bd   u  t dS .


T
* T
WExt
*
 *
(4.2c)
 S

Considerando uma subdivisão do domínio que n elementos, resultam:

n
  
i 1
i , (4.2d)

e:

n n
S   S    S ,
i 1
i
i 1
i (4.2e)

Os deslocamentos em um elemento genérico de ordem i podem ser estimados


por:

u   Ndi ,
i
(4.2f)

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isto é, os valores de u em qualquer ponto do subdomínio i podem obtidos
por meio da interpolação dos valores nodais di, com emprego de funções de
interpolação adequadas [N].

De forma semelhante pode-se escrever:

u   Ndi  uT


i i
 d
i,T
NT (4.2g)

Como as deformações são obtidas dos deslocamentos a partir do uso das


adequadas relações deslocamentos-deformações, pode-se escrever:

   u (4.2h)

sendo   , o operador diferencial que define as relações cinemáticas


deslocamentos – deformações.

Assim:

i   Ndi  Bdi  B   N , (4.2i)

i  Bdi  i,T  di,T BT , (4.2j)

i  Ei  EBdi . (4.2k)

O trabalho virtual das forças internas pode então ser escrito como:

n n 
    d    d  B EBd d  ,
T
* i,T T i
WInt
*
 *
i  i (4.2l)
i  1 i i1  
e:

 d  bd   d  tdS 


T T
WExt
*
 * *

 S

n   (4.2m)
    d *

  N bd
i,T T
i   d 
* i,T
N t dSi 
T

i  1  i Si 

Fazendo WInt
*
 WExt
*
e como d *   representa os valores arbitrários do campo
i

de deslocamentos virtuais e participa de todas as parcelas pode, portanto, ser


eliminado resultando:

8
n   n  
 BT EBd di     N bd
   N tdSi 
T T
WInt
*
 WExt
*
 
 i
 i


i  1 i
 i 1
 i Si 
(4.2n)

que representa um sistema de equações algébricas que pode ser reescrito


como:

n n

 S d  F


i i i
G  G , (4.2o)
i 1 i 1

sendo o índice G indicativo que todas as parcelas, que são obtidas por meio de
contribuições acumulativas de avaliações realizadas nos elementos, devem
estar referidas ao mesmo sistema global.

Assim:

SiG  B EBd ,


T
 i (4.2p)

e:

FiG  N bd  N tdSi .


T T
 i  (4.2q)
i Si

A expressão (4.2o) indica uma soma acumulativa, ordenada em relação aos


deslocamentos nodais d, que pode ser reescrita de forma simplificada como:

SG d  FG . (4.2r)

No caso de existência de forças concentradas diretamente aplicada nas


direções dos deslocamentos nodais P , resulta:

n
SG d  FG   F i
G  P. (4.2s)
i 1

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4.4 - FORMULAÇÃO VARIACIONAL DO MEF PARA ELASTICIDADE
LINEAR

4.4.1 – Formulação Geral

A formulação variacional do MEF tem por base a aplicação localizada do


Método de Rayleigh-Ritz, que se constitui num método matemático de
obtenção de soluções aproximadas de problemas que possuem um funcional
cuja condição estacionária conduz a solução do problema.

Nesta formulação, os parâmetros da solução aproximada são definidos pelos


valores nodais das funções de interesse, designadas de coordenadas
generalizadas ou graus de liberdade nodais. Os valores dos graus de liberdade
nodais incógnitos são obtidos pela condição estacionária do funcional utilizado.

O procedimento básico do MEF consiste em representar o domínio do


problema por meio de uma malha constituída de elementos e nós. As
aproximações das variáveis primárias de interesse em cada um destes
elementos são definidas a partir dos valores nodais destas variáveis e do
emprego de funções de interpolação ou de forma, definidas por polinômios
simples, válidas em cada elemento.

A partir do emprego da técnica de Rayleigh-Ritz, obtém-se um sistema de


equações que interrelaciona os valores nodais (parâmetros conhecidos e
desconhecidos) das funções procuradas, cujos coeficientes são obtidos por
integrações numéricas sobre os elementos, envolvendo as funções de forma,
seus produtos ou de suas derivadas.

São vários os problemas de engenharia para os quais são conhecidos funcionais


do tipo f , cuja solução exata f que satisfaz as equações de governo do
problema e, portanto, representa sua solução analítica, define um ponto
estacionário do referido funcional, isto é:

 f   0 (4.3a)

A função genérica f do funcional pode ser constituído de uma ou mais funções


dependentes, com uma ou mais variáveis independentes e o funcional envolve
avaliações da função f e de suas derivadas fi’.

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O MEF produz uma solução f a  f , a partir da divisão do domínio do problema
em pequenas regiões ou elementos, na forma esquematizada na Figura (4.2). O
valor do funcional f  sobre todo o domínio do corpo é obtido pela soma das
contribuições dos valores parciais, avaliados em cada elemento, a partir da
solução aproximada f:

ne
 ( f)   ( f a )  
i 1
e
i (f a ) (4.3b)

A contribuição de cada elemento, indicada por  ie ( f ) , é obtida pela integração


da função integrando utilizando-se a função aproximada f a , na forma:

ni
f a, i  N
j 1
i
j fja, i (4.3c)

Tendo em vista que as funções de interpolação Nj são conhecidas e


adequadamente deriváveis, a expressão final é função unicamente dos
parâmetros incógnitos fj, na forma:

 ie (f a , i)   ie (fja, i ), j  1,2,..., ni (4.3d)


e:

ne
(f a )   a (fk )    ie (fja, i ), (4.3e)
i 1

sendo que  a (fk ), k  1, 2, ..., nti .

Utilizando a condição estacionária do funcional, pode-se fazer de forma


aproximada:

ne
  a (fk )     ie (fja, i )  0, (4.3f)
i 1

ou:

ne nie   ie (fja, i ) nti


  a (fk )
 
i 1 j 1 (fj )

k 1 (fk )
 0, (4.3g)

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Esta expressão representa de fato um sistema de equações nos parâmetros
incógnitos (fk, k = 1, 2, ..., nti). A partir da solução do sistema, os valores das
variáveis de interesse (funções primárias e suas derivadas) no interior de um
elemento podem ser obtidos por meio dos valores nodais das variáveis
primárias, das funções de forma e de suas derivadas.

A qualidade da solução depende de vários fatores, tais como complexidade da


solução correta, densidade da malha utilizada (distribuição dos elementos),
qualidade ou grau das funções de interpolação empregadas, capacidade de
representação correta das condições no contorno externo e nas interfaces
dos elementos, precisão das avaliações numéricas e do cálculo computacional.
Quando a solução aproximada é formulada de forma adequada, ocorre uma
convergência para a solução correta na medida em que se refina a malha,
aumentando o número de elementos e de parâmetros nodais incógnitos.

4.4.2 – Formulação do Modelo Compatível ou dos Deslocamentos para


Problemas da Teoria da Elasticidade

Este modelo tem por base a aplicação do princípio da energia potencial mínima,
válido para problemas de comportamento elástico linear, cujo funcional
correspondente é dado, considerando-se as variáveis definidas de acordo com
a representação da Figura (4.2), por:

1
 u bd   u t ds  u P .

 p    T  d  T T T
(4.4a)
 
2   St

Utilizando-se as relações constitutivas tensão-deformação definidas em


(4.1e), resulta:

1 
 p    T E   T E  o   T  o  d
 
2 
(4.4b)
 u bd   u t ds  u P
T T T

 St

Deve-se notar que os valores de E,  o ,  o , b, t e P são conhecidos e
como  depende dos deslocamentos u , a energia potencial é função
unicamente de u e de suas derivadas  ,  p   p u .

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Efetuando agora a divisão do domínio Ω em n elementos Ωi (i = 1, 2, ..., ne),
definidos a partir de seus nós, pode-se escrever:

1 
  2  E   E      d
T T T
 pe,i  o o

i
(4.4c)
 u bd   u t ds
T T

i St ,i

e:
ne
 p    pe,i  uT P (4.4d)
i 1

Adotando-se sobre cada elemento um campo aproximado de deslocamentos,


definido a partir dos valores nodais dos deslocamentos e de funções de
interpolação escolhidas de modo a garantir a continuidade dos deslocamentos
nas interfaces dos elementos e as eventuais exigências de continuidade de
algumas de suas derivadas, tem-se:

u i  N d
i
(4.4e)

sendo:
di , valores dos deslocamentos nodais do elemento;
N  , funções de interpolação para os deslocamentos.

Como:

    u (4.4f)

sendo   o operador diferencial que define as relações deslocamentos-


deformações dadas em (4.1c), obtendo-se:

 i  B d
i
(4.4g)
sendo:

B    N , (4.4h)

as funções de interpolação resultantes para as deformações.

Substituindo (4.4g) e (4.4h) em (4.4c) resulta:

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1 T o 
 d  B EBd  B E   B   d
i,T i T T
 pe,i  o

i 2 
(4.4i)
 d N bd   d N t ds
i,T T i,T T

i S ti

Como:

ne
 p    pe,i  d P
T
(4.4j)
i 1

e:
ne

  d P  0,


T
 p  0  e ,i
p (4.4k)
i 1

sendo:

  pe,i  d  B EBd  B E   B   d


i,T T i T o T o

i
(4.4l)
 d  N bd  d  N t ds
i,T T i,T T

i Sti

Tendo em vista que as variações d são arbitrárias, resulta:


i

 {  B EBd  B E   B   d


ne
T i T o T o

i 1 i
(4.4m)
 N bd   N t ds} - P  0
T T

i St ,i

que pode ser escrito de forma condensada como:

  K  d  F    P  0
ne
i i i
e
G
e
G (4.4n)
i 1

resultando:

K d  F  0 (4.4o)

e:
K d  F (4.4p)

sendo:

14
K 
e i
G  i
B E B d
T

G
, (4.4q)

chamada de matriz de rigidez do elemento no sistema global.

A matriz de rigidez global da estrutura é dada pela soma acumulada ordenada


das contribuições de todos os elementos, referidos ao sistema global, como:

ne
K    K e  Gi (4.4r)
i 1

O vetor resultante de forças nodais equivalentes às forças aplicadas no


elemento de ordem i, também referido ao sistema global, é dado pela
expressão:

 
F  e i
G
T

   B E o   B  o  d 
T
  N bd   N t ds
T T
(4.4s)
i i S ti G

A expressão anterior pode ser reescrita na forma condensada como:

F  e i
G  Feo    F  i
G
e i
o G
 Fbe G  Fte G
i i
(4.4t)

Os termos da expressão (4.4t) representam as forças nodais equivalentes no


elemento devidas, respectivamente, às deformações iniciais, tensões iniciais,
forças de volume e forças de superfície:

F   B E  d
e i T o
o G

i

F 
e i
o G

   B  o  d
T

i

(4.4u)
F 
e i
b G   N bd
T

i

F   N t ds
e i T
t G 
S ti

Finalmente obtém-se o vetor resultante das forças atuantes na estrutura no


sistema global, pela soma acumulada das contribuições de cada elemento com o

15
vetor de forças diretamente aplicadas nas direções dos deslocamentos nodais
{P}, na forma:
ne
F   F e  Gi  P (4.4v)
i 1

A expressão (4.4p) traduz um sistema de equações de equilíbrio, com cada


equação referida a um mesmo sistema de referência, correspondentes às
direções dos deslocamentos nodais ou graus de liberdade da estrutura d.
Este sistema inter-relaciona todos os deslocamentos nodais (valores
conhecidos e incógnitos) e é obtido pela soma ordenada das contribuições
acumuladas de todos os elementos. Assim, como o equilíbrio trata de
grandezas vetoriais, as contribuições devem ser obtidas considerando-se um
mesmo sistema de referência, dito global.

A matriz do sistema global inicialmente obtida é singular. Para retirar esta


singularidade, torna-se necessário introduzir condições de contorno, relativas
aos deslocamentos prescritos d nas direções dos vínculos externos (apoios).
Os apoios devem impedir toda e qualquer possibilidade de movimento de corpo
rígido da estrutura, tornando-a estável. Quando os deslocamentos nodais
prescritos são diferentes de zero (condições de contorno essenciais não-
homogêneas), o vetor final resultante que forma o termo independente recebe
contribuições devidas a estes deslocamentos não-nulos, designados de forças
nodais equivalentes aos deslocamentos prescritos não nulos.

Após a introdução das condições de apoio, os valores incógnitos do vetor d


podem ser determinados pela solução do sistema final resultante, cujos
valores representam de modo geral limites mínimos dos resultados exatos.

Uma vez determinados os deslocamentos, podem ser obtidas as deformações


nos elementos por derivação das funções de interpolação, conforme as
expressões (4.4g) e (4.4h), resultando:

 i  B d
i
(4.4x)

As tensões são obtidas utilizando-se as relações constitutivas, como:

 i
 i
 i

i  E i   o    o   E Bdi   o    o 
i
(4.4z)

16
4.5 – ETAPAS DE UMA ANÁLISE TÍPICA PELO MEF

4.5.1 - Discretização do domínio do problema

Uma análise pelo MEF tem início com a definição do problema, que exige a
representação da geometria ou domínio por meio de uma malha de elementos
finitos pré-definidos, com os seguintes dados:
 distribuição de elementos e nós no domínio do problema, devidamente
numerados de acordo com os recursos do programa disponível;
 coordenadas dos nós;
 tipo (forma e comportamento físico idealizado), incidências nodais e
propriedades físicas de cada elemento.

De fato, os diferentes tipos de elementos existentes são definidos pela sua


geometria, pelo comportamento considerado e pelas aproximações utilizadas,
que por sua vez dependem da ordem das funções de interpolação e
correspondente número de pontos nodais empregados. Atualmente, são
conhecidos elementos de diferentes formatos e várias funções de
interpolação, desenvolvidos ao longo das últimas décadas. No caso de
problemas planos, é comum o emprego de elementos triangulares e
quadrilaterais, com funções de forma lineares, quadráticas ou cúbicas.

Funções polinomiais de ordem mais elevada que a cúbica, apesar de


teoricamente viáveis, tem sua utilização bastante reduzida, uma vez que o
custo computacional para determinação dos coeficientes de cada elemento é
bastante mais elevado, além de dificultar a definição das condições de
contorno e o refinamento da malha utilizada.

Os primeiros elementos utilizados no MEF para problemas bidimensioanis


foram os de lados retos, sendo os elementos triangulares mais versáteis e,
portanto, indicados para representar problemas de geometria mais complicada.
Além disso, eles permitem com facilidade a variação da distribuição dos
elementos (malha irregular ou variável) ao longo do problema, em função da
complexidade da resposta esperada.

Os elementos retangulares são preferencialmente utilizados em problemas de


forma retangular, sendo capazes de produzir resultados equivalentes aos
triangulares de mesma ordem, com a utilização de menor número de elementos
e nós, proporcionando usualmente uma melhor performance computacional.

17
Adicionalmente, foram desenvolvidos elementos ditos isoparamétricos, que
definem a geometria dos elementos através de interpolação polinomial das
coordenadas dos nós, com a mesma ordem das funções de interpolação
utilizadas nas aproximações das variáveis de interesse. Desta forma, podem
ser obtidos, além de elementos lineares, elementos de lados curvos com
formas quadráticas e cúbicas, que são capazes de representar com perfeição
contornos curvos.

Figura 4.3 – Elementos finitos para problemas bidimensionais: a) triangulares;


b) quadrilaterais; c) isoparamétricos.

A representação do comportamento de um problema real por meio de uma


análise efetuada com o MEF exige a escolha adequada da malha (distribuição
dos nós e elementos) e tipos de elementos (forma, ordem das funções de
interpolação e tipo de comportamento) a serem utilizados. Esta tarefa,
aparentemente simples, é difícil de ser realizada em problemas mais
complexos, exigindo sensibilidade do analista para avaliação do comportamento
esperado, conhecimento dos modelos disponíveis e certa experiência no tipo de
análise considerada.

De modo geral, a malha empregada deve ser mais concentrada nas regiões em
que a resposta estimada apresente variações mais acentuadas, exigindo assim
um maior número de nós e elementos de menores dimensões. Devem ainda ser
evitados elementos de formas irregulares e aqueles que apresentem grandes
distorções.

18
4.5.2 - Cálculo das contribuições dos elementos nas equações de
equilíbrio do problema

Como visto, a definição das variáveis primárias (deslocamentos no caso do


modelo compatível) em um elemento típico é feita por meio de funções de
forma N adequadas e dos valores dos deslocamentos ou graus de liberdade
nodais, como:

u i  N d
i
(4.5)

As contribuições de cada elemento nas equações globais discretas de


equilíbrio, conforme expressão (4.4n), isto é:.

 K  d  F    P  0


ne
i e i
e i
G G (4.6)
i 1

Assim, para cada elemento são obtidas as seguintes contribuições:


 matriz de rigidez do elemento no sistema global ( Ke  Gi );

 vetor de forças nodais equivalentes às forças atuantes no elemento,


referidas ao sistema global ( F e  Gi ).

Inicialmente, estes valores são obtidos no sistema local de referência do


elemento e, posteriormente, são transformados para um sistema de referência
único, dito global, para permitir a soma algébrica da contribuição de
diferentes elementos. Esta transformação é efetuada com auxílio de matrizes
de rotação adequadas que representam mudança de base de referêcia, na
forma:

K  e i
G  R 
i,T
K  R
e i i
(4.7)

F  e i
G  R 
i,T
F 
e i
(4.8)

sendo:

Ri , a matriz de rotação do elemento i, de transformação do sistema


global para o sistema local;

K  e i
e F e i
, a matriz de rigidez e o vetor de forças nodais
equivalentes do elemento i, obtidos no sistema local do elemento.

19
4.5.3 - Montagem e Solução do Sistema de Equações. Cálculo dos Valores
Complementares da análise

Com base nas incidências nodais dos elementos, deve-se estabelecer a relação
entre os graus de liberdade locais (valores nodais das variáveis primárias) e os
graus de liberdade globais, isto é, a relação entre a numeração local, a nível de
elemento, e a numeração global dos graus de liberdade da malha.

A partir desta relação de endereçamento, é feita a distribuição das


contribuições de cada elemento referidas ao sistema global no sistema global
de equações, com a soma acumulada das contribuições, resultando:

ne
K    K e  Gi (4.9)
i 1

ne
F   F e  Gi  P (4.10)
i 1

O sistema global de equações, montado pela soma integral das contribuições


de todos os elementos, é inicialmente singular. A singularidade é retirada com
a substituição dos valores dos deslocamentos prescritos ou conhecidos, que
devem ser capazes de impedir todos os deslocamentos de corpo rígido.

Com esta finalidade, o sistema global de equações pode ser reordenado de


modo a separar os valores relativos aos deslocamentos incógnitos dos valores
de deslocamentos conhecidos, na forma:

KDD KDR  dD  PD 


K     (4.11)
 RD KRR  dR  PR 

Onde o índice R refere-se aos valores de deslocamentos prescritos ou


restringidos e o índice D, aos incógnitos. Operando os termos conhecidos,
obtém-se o sistema final de equações, na forma:

K d   P   P 
DD D D DR (4.12)

sendo:

PDR   KDR dR  (4.13)

o vetor de forças nodais devido aos deslocamentos restringidos.

20
Os valores dos deslocamentos incógnitos são obtidos pela solução do sistema
final definido em (4.13). Usualmente para a solução do sistema, utilizam-se o
método direto de Gauss ou uma de suas variantes. Em determinadas aplicações
é vantajoso o emprego de métodos iterativos de solução.

Resolvido o sistema de equações e determinados os valores dos deslocamentos


nodais incógnitos, as tensões no interior de cada elemento são obtidas por
meio das relações deslocamentos-deformações e das relações constitutivas, na
forma:

i  B di (4.14)

i  E i (4.15)

4.4 – FUNÇÕES DE INTERPOLAÇÃO

4.4.1 – Descrição

Funções de interpolação são funções que interpolam uma grandeza em um


determinado domínio, a partir dos valores desta grandeza em determinados
pontos do domínio, e eventualmente de suas derivadas, em determinados
pontos do domínio. Assim, a avaliação de um campo ou função  em um elemento
de n nós é feita com funções de interpolação N e valores nodais
   
e
1  2 ... n  , na forma:

n
  N e    N i i (4.16)
i 1

Sendo N  N1 N2 ... Nn  , o operador formado pela matriz de funções de


interpolação ou de forma e Ni , a função de interpolação ou de forma de ordem
i dependente das coordenadas.

As funções de interpolação e a malha utilizada formam as bases da solução no


MEF, visando à avaliação de uma grandeza ou função primária de interesse,
com a precisão necessária. Com este objetivo, funções de interpolação devem
ser simples de trabalhar e capazes de representar um campo que apresente
um comportamento complexo, a partir de uma discretização adequada. Assim,
foram desenvolvidos elementos de diversas formas e funções de interpolação
polinomiais de ordem linear, quadrática e cúbica.

21
A necessidade de escolha do tipo de elemento e da malha a ser utilizada,
conduz a uma pergunta de difícil resposta: é melhor utilizar poucos elementos
de ordem ou grau mais elevado ou muitos elementos de ordem mais baixa?

A resposta correta pode ser dada por profissionais experientes no tipo de


análise em consideração. No entanto, se deve ter em mente que os elementos
que utilizam funções de interpolação de ordem mais elevada necessitam de
maior número de parâmetros nodais e, portanto, conduzem a um maior sistema
de equações, quando comparado ao produzido por uma malha similar de
elementos de menor ordem. Por outro lado, são capazes de fornecer melhores
resultados para campos complexos.

4.4.2 – Funções de Interpolação Unidimensionais

i) Grau de Continuidade do Campo de interpolação

Um campo tem continuidade Cm se as derivadas de avaliação do campo são


contínuas até uma ordem m. Assim, ( x )  C 1 se  e  'x são contínuas e  'xx é
descontínua em algum ponto do domínio de avaliação. Em geral, quando se
utiliza derivadas de  de ordem m como grau de liberdade nodal, o campo 
de uma malha de elementos finitos deve pertencer a C m .

ii) Funções  C o

As funções de interpolação Ni  C o garantem a continuidade do campo ou


função  , mas não a de todas as primeiras derivadas de  , devendo no caso
unidimensional, satisfazer às seguintes características:
 todas as funções N i e, conseqüentemente, a função  , devem ser
polinômios de mesma ordem;
 para todas as funções:

Ni  1 , para x  xi ;

Ni  0 , para x  x j ; com j ≠ i; (4.17)

 a soma dos valores das funções em um ponto qualquer é igual à unidade:


n

N
i 1
i 1 (4.18)

22
iii) Polinômios de Lagrange

As funções polinomiais de Lagrange para interpolação de uma função   ( x )


de grau m = n – 1, a partir de n valores nodais i , de coordenadas xi ,
apresentam a forma:

n
   N
i 1
i i  N1 1  N2  2  ...  Nn n (4.19)

são definidas por:

( x2  x)( x3  x)( x 4  x)...( xn  x )


L1m ( x )  N1 ( x) 
( x2  x1 )( x3  x1 )( x 4  x1 )...( xn  x1 )

( x1  x )( x3  x )( x 4  x )...( xn  x )
L2m ( x )  N2 ( x ) 
( x1  x2 )( x3  x2 )( x 4  x2 )...( xn  x2 )

( x1  x )( x2  x )( x3  x )...( x(n  1 )  x )
Lnm ( x )  Nn ( x )  (4.20)
( x1  xn )( x2  xn )( x3  xn )...( x(n  1 )  xn )

Assim, a função de forma genérica de ordem i, correspondente a uma


interpolação de ordem m é definida como:

( x1  x )( x2  x )...( x(i 1 )  x )( x(i 1 )  x )...( xn  x )


Lim ( x )  (4.21)
( x1  xi )( x2  xi )...( x(i1 )  xi )( x(i1 )  xi )...( xn  xi )

Nas figuras (4.4) são apresentados exemplos de interpolação unidimensional. A


figura (4.4a) indica uma função L25 , enquanto as figuras (4.4b) e (4.4c)
mostram as funções lineares e quadráticas, respectivamente.

23
1 2 3 4 5 6

1
(a)

N1  (L  x )
1
(4.22a)
1 2 L
L

N2  x L (4.22b)
1

1 2

 1 
  N1 N2   (4.22c)
2 2 
(x)
1 x
x1 x x2

(b)
1
x2  x x3  x 
N1  (4.23a)
1 2 3 x2  x1 x3  x1 

1
 x x3  x 
x1
N2  (4.23b)
2 3 x1  x2 x3  x2 
1

1 x1 x x2  x 
N3  (4.23c)
1 2 3 x1  x3 x2  x3 

 1 
 
  N1 N3  2 
2 3
N2
(x)
1
(4.23d)
 
x1 x x2 x3 u1  3
(c)
Figura 4.4 – interpolação unidimensional: a) função L25 ; b) funções lineares
Lagrangianas; c) funções quadráticas Lagrangianas.

24
v) Polinômios de Hermite – Funções  C 1

Problemas de flexão introduzem a necessidade de serem satisfeitas as


condições relativas às deflexões e suas derivadas. As funções de interpolação
que reproduzem estas condições (  C 1 ) são chamadas de funções de Hermite.
A situação mais simples se refere à interpolação entre dois pontos, sendo
conhecidos os valores da função e de sua inclinação (derivada) nos pontos
extremos:

( 0)  1 ;  'x ( 0)  1 ; (L )  2 ;  'x (L )  2 (4.24a)

Como são conhecidos quatro parâmetros nodais, uma interpolação polinomial de


terceira ordem pode ser utilizada:

  1  2x  3x2   4 x3 (4.24b)


ou:

  X (4.24c)

Substituindo os valores conhecidos nos pontos extremos, resulta:

 1   1 0 0 0 1 
   0 1 0 0   2 
 1   
   (4.24d)
 2   1 L L2 L3   3 
 2  0 
1 2L 3L2   4 

ou: d  A (4.24e)

e:   A1 d (4.24f)

resultando:

  Nd (4.24g)

ou:   N1 1  N2 1  N3  2  N4  2 (4.24h)

sendo as funções de interpolação Hermitianas representado pela expressão:

N  N1 N2 N3 N4   XA1 (4.24i)

25
Na figura (4.5) apresentam-se as funções de interpolação cúbicas de Hermite,
que são utilizadas para gerar a matriz de rigidez do elemento de viga.

Em x = 0 Em x = L
Ni Ni,x Ni Ni,x
3x 2 2x
1 N1  1  
L2
L 1 0 0 0
L (4.25a)

2x 2 x
N2  x  
L L0 1 0 0
(4.25b)
3x 2 2x 3
1 N3  
L2 L3 0 0 1 0
(4.25c)
x2 x3
N4    2
L L 0 0 0 1
x 1 (4.25d)

Figura 4.5 – Funções de interpolação cúbicas de Hermite.

vi) Coordenadas Naturais

Coordenadas naturais de um elemento são coordenadas adimensionais relativas


ao posicionamento no elemento, não dependendo, portanto, do sistema global
de referência. Para um elemento linear, as coordenadas naturais são definidas
pela expressão (4.19a) e representadas na figura (4.6):

 1  (L  x ) L
'
(4.26a)

2  x L
'
(4.26b)

Satisfazendo a relação:

1  2  1 (4.26c)

26
1 P 2
x’ L-x’
x1 x2 x L
1 2

x’1=0 x’2=L
1
1 2
x’ ξ1=(L-x’)/L
ξ1=1 ξ1=0
L

ξ2=x’/L
ξ2=0 ξ2=11

Figura 4.6 – Definição das coordenadas naturais em um elemento


unidimensional retilíneo.

A coordenada real em um ponto qualquer do elemento pode ser obtida a partir


das coordenadas naturais do ponto e dos valores das coordenadas reais nos
pontos extremos (coordenadas nodais), na forma:

x1 ,  2   1 x1   2 x2 (4.26d)

As funções de interpolação Lagrangiana, correspondendo a um polinônio de


ordem n (n+1) pontos, são definidas em termos das coordenadas naturais como:

Ni 1 ,  2   f j 1   fk  2 , (j  k  n) (4.26e)

sendo:
nl l 1
fl i  
l!
 
LL  0
i  iLL  e (4.26f)

 , é o produtório de funções na forma, por exemplo:

 
LL  0
i  iLL   i  io i  1i i  i2  (4.26g)

iLL  LL n (4.26h)

Assim, para n = 1, 2, 3, obtêm-se as funções de interpolação unidimensionais de


Lagrange em termos de coordenadas naturais, representadas nas Figuras
(4.7a), (4.7b) e (4.7c) e definidas como:

27
n  1  N1  1 ,  2    1
(4.26i)
N2  1 ,  2    2

n  2  N1  1 ,  2    1 2 1  1
N2  1 ,  2    2 2 2  1 (4.26j)
N3  1 ,  2   4 1  2

1
n  3  N1  1 ,  2    1 3 1  23 1  1
2
1
N2  1 ,  2    2 3 2  23 2  1
2
(4.26k)
9
N3  1 ,  2    1  2 3 1  1
2
9
N4  1 ,  2    1  2 3 2  1
2

Para se efetuar a integração no domínio (0,L) de produtos de potências de ξ1 e


ξ2, utiliza-se a expressão:

L
p! q!
 
p q
 L (4.26l)
0
1 2
p  q  1!

As funções de Hermite em coordenadas naturais são definidas por:

3x 2 2x 3
N1  1    N1 ( )  1  3 2  2 3 (4.26m)
L2 L3

2x 2 x3
N2  x   2  N2 ( )  L  2 2   3  (4.26n)
L L

3x 2 2x 3
N3  2  3  N3 ( )  3 2  2 3 (4.26o)
L L

x2 x3
N4    2  N4 ( )  L  2   3  (4.26p)
L L

28
m=1 m=2 m=3
1
1 1

1 2 3 1 3 4 2
1 2

1
1
1 1 3 4
2

1 3 2

1
1
1 2 1 3 4 2

1 1
1 3 2
1 3 4 2

f2
f1 f2
f1 f3 f2
f1 f3 f4
1 2 1 3 2 3 4 2
1
L L/2 L/2 L/3 L/3 L/3

Figura 4.7 – Interpolações unidimensionais de Lagrange em termos das


coordenadas naturais: a) funções lineares; b) funções quadráticas; c) funções
cúbicas.

29
4.7 – FORMULAÇÃO DE ELEMENTOS UNIDIMENSIONAIS

4.7.1 – Formulação do Elemento de Treliça

Seja a treliça representada na Figura (4.13a) submetida à ações externas, com


um elemento genérico de ordem i submetido apenas a deformações axiais, com
comprimento Li e a orientação de seu eixo baricêntrico xl, em relação ao eixo
global xG = x é definida pelo ângulo i.

x
l
2 N1
i 1 2

y 1
l N2
i 1 2
(a)
1
(b) (c)

Coordenadas Locais 1 Coordenadas Locais 2 Coordenadas Globais


xl
v2 xl vk
u2
2 u2 uk
k
2
i Li
i i Y
y vj
l
i v1
u1 1 i
1 j uj X
u1
(d)
Figura 4.13 – a)Treliça plana; b) Elemento genérico i da treliça; c) Funções de
interpolação lineares; d) Sistema de coordenadas locais 1 e 2 e globais para o
elemento i.

Em um elemento submetido a deformação axial constante, a variação dos


deslocamentos entre os extremos do mesmo é linear. Assim, utilizando uma
aproximação linear para o campo de deslocamentos axiais, o deslocamento em
um ponto qualquer da barra, no sistema local, é definido pela expressão
representada na forma matricial como:

u  u 
u  N  1   N1 N2   1  (4.27a)
u  2 u  2

30
As funções N1 e N2, denominadas funções de forma, além de serem lineares,
devem atender as seguintes condições:

u  u1 , para x  0 ;
u  u2 , para x  L ; (4.27b)

Pode-se verificar facilmente que as funções que atendem estas exigências são
definidas por:

1
N  N1 N2   L  xl xl  (4.27c)
L

Os deslocamentos podem ser expressos como:

1 u1 
u  L  xl xl    (4.27d)
L u2 

A deformação específica   ( x ) é definida como:

du    L  xl xl  u1 
     u   L   (4.27e)
dxl xl xl  L  u2 

ou seja:

 1 1  u1 
     (4.27f)
 L L  u2 
e:
1
B  - 1 1   N (4.27g)
L xl

Para uma barra de inércia EA constante, a matriz de rigidez do elemento


referida ao sistema local (l) é dada por:

 1
 L  EA  1  1
K    B E B d  
e i T L  1
 1 EA 
1
dxl 
L  1 1 
(4.27h)
i 0
   L L
 L 

No sistema local, com as coordenadas nodais generalizadas ou deslocamentos


nodais representados na Figura (4.13d), a matriz de rigidez do elemento fica
definida como:

31
1 0  1 0
 0 0 0
K e  i  EA 01 0 1 0
 (4.27i)
L
 
0 0 0 0

Para referir a matriz de rigidez do elemento segundo o sistema global xy


utiliza-se a matriz de rotação RT  :

R  0
RT   0 , (4.30j)
 R

com:
 Cx Cy 
R    C (4.30k)
 y Cx 

sendo:
Cx = cos  e Cy = cos (90-) = sen , os cossenos diretores dos eixos xl e
yl em relação aos eixos globais x e y.

A matriz de rigidez do elemento no sistema global é obtida pela


transformação da base, definida por:

K 
e i
G  RT  K e  RT 
T i
(4.27l)

Após as operações de transformação do sistema de referência, as


contribuições resultantes de cada elemento são:

 cos 2  cos  sen  cos 2   cos  sen 


 
EA  cos  sen sen 2   cos  sen  sen 2  
K 
e i
G 
L   cos 2   cos  sen cos 2  cos  sen 
 
 cos  sen  sen 2  cos  sen sen 2  
(4.27m)

A matriz de rigidez global da estrutura é então obtida pela soma acumulada


ordenada da contribuição de cada elemento, na forma:

ne
K    K e  Gi (4.27n)
i1

32
Para o cálculo das forças nodais equivalentes às forças atuantes no elemento,
inicialmente estes valores são mais facilmente obtidos no sistema local de
referência do elemento e, posteriormente, são transformados para o sistema
global de referência único, para permitir a soma algébrica da contribuição dos
diferentes elementos concorrentes em um nó. Esta transformação é efetuada
com auxílio de matrizes de rotação adequadas, expresso na forma

F  e i
G  R 
i,T
F 
e i
(4.27o)

O vetor de forças aplicadas à estrutura é então obtido pela soma acumulada e


ordenada das forças nodais equivalentes às ações aplicadas nos elementos,
referidas ao sistema global, com forças aplicadas diretamente nas direções
dos deslocamentos nodais:
ne
F   F e  Gi  P (4.27p)
i 1

sendo:
Ri , a matriz de rotação do elemento i, de transformação do sistema
global para o sistema local;
F  e i
, o vetor de forças nodais equivalentes do elemento i, obtidos no
sistema local do elemento.
P, vetor de forças aplicadas diretamente nas direções dos graus de
liberdades ou deslocamentos nodais da estrutura.

O sistema de equações resultante, definido pelas equações de equilíbrio nas


direções de todos os deslocamentos nodais pode ser escrito como:

 K  d  F    P  0


ne
e i i e i
G G (4.27q)
i 1

que pode ser escrito de forma reduzida como:

K  d  F (4.27)

Esta matriz que interrelaciona todos os deslocamentos nodais da estrutura é


singular. A retirada da singularidade da matriz de rigidez é obtida com a
introdução das condições de contorno essenciais relativas aos apoios, que
devem impedir todo e qualquer movimento de corpo rígido. Com esta
finalidade, o sistema global de equações pode ser reordenado de forma a
separar os valores relativos aos deslocamentos incógnitos dos valores de
deslocamentos conhecidos, na forma:

33
KDD KDR  dD  FD 
K     (4.27s)
 RD KRR  dR  FR 

onde o índice R refere-se aos valores de deslocamentos prescritos ou


restringidos e o índice D, aos incógnitos. Operando os termos conhecidos,
obtém-se o sistema final de equações, na forma:

K d   F   F   F 
DD D D DR D
R
(4.27t)

sendo:

FDR   KDR dR  (4.27u)

o vetor de forças nodais devido aos deslocamentos restringidos.

No caso da treliça da Figura (4.13), como os deslocamentos prescritos são


nulos (deslocamentos nos dois apoios fixos), a expressão (4.27x) resultará
nula. A solução do sistema final resultante expresso de forma geral pela
expressão (4.27t), fornece os deslocamentos nodais incógnitos, no sistema
global:

dD   KDD 1 FD R (4.27v)

Os deslocamentos do elemento i no sistema local serão obtidos a partir dos


deslocamentos no sistema global e da matriz de rotação, na forma:

d 
D
e i
 
 R  dDe
i i
G (4.27x)
ou:
u1 v2 u2 v2 TL  R  u1 v2 u2 v2 TG
i
(4.27z)

Considerando as forças externas aplicadas somente nos nós da treliça, os


esforços internos no elemento i são dados por:

F   K  d 
int i e i e i
D (4.27w)
ou:

i, T
 EA 1
F 
int i
 u1  u21  0 EA  u11  u21  0  (4.27y)
 L L 

34
4.7.2 – Formulação do Elemento de Viga

Considere o caso de um elemento i de viga, conforme indicado na Figura (4.14),


submetida à deformação por flexão em virtude de estar submetida à carga
transversal uniformemente distribuída q sobre seu comprimento L.

P
q q(x)

j i k

(a)

Coordenadas Locais
y
l

v1 v2
x
j i k l
1 2
Li
(b)

1 2 3 4 5 6
7
1 2 3 4 5 6
(c)
Figura 4.14 – a) Viga contínua submetida a carregamento qualquer; b) elemento
típico de viga com rigidez EJ constante e sistema de coordenadas locais; c)
malha de elementos.

A energia potencial de um elemento i de viga genérica carregada


transversalmente por uma carga distribuída q, desprezando-se o trabalho de
deformação dos esforços cisalhantes é dada pela expressão:

L
1 
 pe,i    EIv'xx 2  qv  dx (4.31a)
0 
2 
Sendo:
E, módulo de elasticidade do material;
I, momento de inércia da seção transversal;
v = v(x), flecha ou deslocamento vertical;

35
Em problemas de flexão, como os que ocorrem em vigas e placas, é mais
adequado definir B de modo que Bdrepresente curvaturas ao invés de
deformações. A expressão (4.31a) da energia potencial pode ser escrita
conforme expressão (4.31b), em que (4.31c) representa a energia de
deformação e (4.31d), a energia potencial da carga q:

 pe,i  U e  W e , (4.31b)

L
1
Ue   v 
EI v'xx dx , (4.31c)
T
'xx
2 0

L
W -  qv dx (4.31d)
e

O campo de deslocamento v pode ser definido no domínio do elemento por meio


de funções de interpolação e valores nodais de v e  , na forma expressa em
(4.31e):

v  Nd (4.31e)

sendo:
  ( x)  dv  v,x , a rotação;
dx

N  N1 N2 N3 N4  , (4.31f)

as funções de interpolação de Hermite definidas como:

3x 2 2x 3
N1  1    N1 ( )  1  3 2  2 3
L2
L3

2x 2
x3
N2  x   2  N2 ( )  L  2 2   3  (4.31g)
L L
3x 2
2x 3
N3  2  3  N3 ( )  3 2  2 3
L L
x 2
x3
N4    2  N4 ( )  L  2   3 
L L

Sendo  a coordenada intrínseca, e o vetor de forças nodais definido por:

dT  v1 1 v2 2  (4.31h)

36
Assim:

v' xx  Bd (4.31i)

sendo:

d2  6 12x 4 6x 6 12x 2 6x 
B  N    L2  L3   2    2  (4.31j)
dx 2  L L L2 L3 L L 

resultando:

K    B D B d   B D Bdx 


L
e i T T
i
0

 12 EJ 3 6 EJ 2  12 EJ 6 EJ 
 L L L3 L2 
 6 EJ 2 4 EJ  6 EJ L 2 EJ L 
L L
   
(4.31k)
 12 EJ 3  6 EJ 12 EJ 6 EJ 
 L L L 3
L2 
 6L EJ 2 2 EJ L 6 EJ 4 EJ L 
 L L2 
 12 6L  12 6L 
 2L2 
EJ 6L 4L2 6
 3  
L  12  6L 12  6L 
 
 6L 2L2  6L 4L2 
e:
 qL 
 2 
 qL2 
F 
q
e i T L

0
T 
  N qd   N qdx  
qL
12 
 (4.31l)
  2 

- qL
2

 12

No caso de eventuais cargas ou momentos aplicados na barra, as forças nodais


equivalentes resultantes podem ser obtidas de forma consistente fazendo-se:

F   N
P
e i T
( x(p)).P (4.31m)

d
F 
e i
M  NT x(M) M  N, x T x(M) M (4.31n)
dx

37
Considerando uma carga P, aplicada de cima para baixo, e um momento M,
aplicado no sentido horário, por exemplo, em x  L 2 , resultam:

 P 
 2 
 PL 8 
F 
P
e i
 N L/2 P  
T
P 
(4.31o)
 2 
 PL 
 8

 3M 
 2L 
  M 
F 
e i
 N,x  L/2 M  
T 4  (4.31p)
M
3M 
 2L 
 M 
  4 

O sistema global de equações é obtido pela soma das contribuições de cada


elemento, notando que no caso de vigas o sistema local do elemento é paralelo
ao sistema global, resultando:

K d  F   K e iG di 


ne
 F e G  P  0
i
(4.31q)
i 1

sendo:
ne ne
K    K e iG   K e i
(4.31r)
i 1 i1

ne ne
F   F  e i
G  P  F e   P
i
(4.31s)
i 1 i 1

O sistema final de equações no sistema global é obtido a partir da introdução


das condições de apoio (valores nodais prescritos de v e  ), resultando:

K d   F 
DD D D (4.31t)

cuja solução fornece os deslocamentos nodais incógnitos. Os esforços finais


nas extremidades do elemento F e  são obtidos por:
i

F 
e i
 K e G dG  F e G  K e  d  F e   F e 
i i i i i i i
G (4.31u)

As direções das forças nodais aplicadas obedecem ao sistema de coordenadas


globais.

38
4.7.3 – Formulação do Elemento de Pórtico

Seja um elemento de um pórtico plano, de rigidezes EJ e EA constantes,


submetido ao carregamento genérico, como na Figura (4.15a) e (4.15b). Nas
Figuras (4.15c) e (4.16d) são representados os deslocamentos nodais no
sistema local e no sistema global.

P1
q (x )
3 3 4 4 5 6
5
j i
2 7
P2 2 6
Y ,v 1 8
7
1 9
Z ,v X ,u
(b)
(a)
Coordenadas Locais Coordenadas G lobais
xl
v2 v2
2 u2
yl ku k
v1 2
v1 2 i v2
i u1 j
u1 j Li
Li 1
1

(c) (d)

Figura 4.15 – a) Pórtico plano e sistema de referência global; b) Deslocamentos


no sistema local; d) Deslocamentos no sistema global.

Um elemento de pórtico plano apresenta os deslocamentos nodais do elemento


de treliça e o de viga em conjunto, resultando em uma matriz de rigidez no
sistema local definida pela combinação adequada das respectivas matrizes:

 EA 0 0  EA 0 0 
 L L 
 0 12EJ 3 6EJ 0  12EJ 6EJ 
 L L2 L3 L2 
 0 6EJ 2 4EJ 0  6EJ 2EJ 
L L  (4.32a)
K  e i
 
 EA
L
EA
L2

L 0 0 L 0 0
 
 0  12EJ 3  6EJ 2 0 0 12EJ  6EJ 2 
 L L L3 L
 0 6EJ 2EJ 0  6EJ 4EJ 
 L2 L L2 L 

39
A matriz de rotação é definida por:

R  0
RT   0 , (4.32b)
 R

sendo:

 Cx Cy 0
R    C y Cx 0 , (4.32c)
 0 0 1

Cx , Cy, são os cossenos diretores dos eixos xl e yl em relação aos eixos


globais x, y.

40

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