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Artigos do Fantástico Todas as épocas e civilizações tiveram a sua cosmologia, a narrativa de como
Artigos de Ciências começou o universo e para onde ele vai. Que lugar ocupamos no cosmos e, questão
Resenhas de Livros
Scarium Cinema crucial, estaremos sozinhos na vastidão dos espaços estelares e galácticos?
Foram os gregos, a civilização que esteve na base da nossa, que tentaram explicar
os fenômenos astronômicos em termos físicos pela primeira vez. Muitos
anteciparam-se para a sua época. Sabemos, por exemplo, que Aristarco de Samos (c.
320 -250 a.C.) antecipou em mais de 1700 anos o sistema heliocêntrico de
Copérnico, postulando que a Terra era apenas um planeta que, tal como os outros,
girava em volta do Sol e que as estrelas estavam a distâncias enormes. Um seu
contemporâneo, da mesma cidade, Epicuro, escreveu que "talvez possam existir
outros locais possíveis de vida, para além da Terra", devendo ser considerado
justamente o precursor da moderna astrobiologia.
A astrobiologia é com efeito o estudo científico das possibilidades de vida no
universo, seu passado, presente e futuro. Começa com a investigação da vida na
Terra, o único local até ao momento onde sabermos que ela existe, e estende-se aos
outros planetas e corpos do sistema solar, espaço interplanetário, outros sistemas
planetários, sistemas galácticos e universo em geral. Os seus limites espaciais
envolvem tudo o que é observável, e temporalmente podemos dizer que os seus
horizontes se prolongam aos primórdios do universo, logo após o "big bang",
quando as primeiras nucleossínteses de elementos se deram.
Mas voltando aos gregos, foi Leucipo (século 5 ª.C), pai da teoria atômica, que
ao considerar que a existência de um número infinito de átomos e de
combinações entre eles levaria a um número infinitos de mundos e seres
como o nosso, que criou as bases científicas em que se sustentaram as
teorias do cosmo e da astrobiologia de Aristarco e Epicuro.
Para Isaac Asimov, esta foi a mais notável visão individual, da história da Ficção
Científica, uma vez que o principio do foguete depende da Terceira Lei do
Movimento, que foi enunciada por Newton muitos anos depois da morte de Cirano.
“Então lhe contei a história natural das abelhas, a respeito das quais
ela não conhecia muito mais do que o nome. Assim vedes, prossegui,
que simplesmente transporto para outros planetas coisas que se
passam em nosso mundo, imaginaríamos extravagâncias que iriam
parecer bizarras e, no entanto, seriam plenamente reais...”
(FONTENELLE, pág 110)
Sabemos hoje que a primeira pessoa a ter concebido as estrelas como sendo
mundos foi o cardeal alemão Nicolau de Cusa; em 1440, ele publicou algumas
noções, que parecem notavelmente modernas, sobre o Universo. Sustentava que o
espaço era infinito, e que as estrelas eram outros sóis, e já que, era absurdo que todos
aqueles sóis fossem desperdiçados, ele presumiu que cada qual tinha sua família de
planetas em volta, e estes eram habitados.
Entretanto foi Immanuel Kant na parte final de sua obra, História natural e teoria
geral do céu, que além de lançar sua revolucionaria teoria sobre a gênese do
sistema solar, defendendo que os sistemas planetários teriam se formado a
partir da contração gravitacional de uma nuvem de matéria no espaço; teoria esta
ainda aceita com algumas alterações. Também formula uma hipótese sobre as
inteligências extraterrestres.
Nesta hipótese Kant propõe que a natureza destes seres derivaria de fatores
astronômicos, como a distancia do Sol e a composição da matéria, ou em sua
próprias palavras:
“... a qualidade dos seres racionais .. está submetida a certa regra,
segundo o qual a maior qualidade e perfeição situa-as na
proporção da distancia de seus habitantes ao Sol.” (KANT apud
BARCELOS, pág. 18)
Mas Herschel era propenso a especular além dos fatos, e estava convencido por
um argumento incerto de analogia de que todas as estrelas e planetas têm vida
inteligente. Nas palavras de Flammarion:
Pelo ano 1835 John estava em Feldhausen, África do Sul, onde ele construiu um
telescópio para tirar proveito do ar mais claro por lá e ver porções do céu do sul não
visíveis a latitudes mais ao norte. Nesse ano o jornal New York Sun publicou, em
formato de novela com capítulos, uma suposta reimpressão dos relatos das
descobertas de John Herschel na África do Sul.
Os artigos descreveram em detalhes a invenção de um telescópio maravilhoso, do
qual uma pessoa poderia observar a superfície da lua como se estivesse de pé sobre
ela. À medida que os capítulos se desenvolveram, este observou as crateras da lua,
cristais de ametista com 90 pés de altura, rios, vegetação e animais, antílopes,
cabras, cegonhas, pelicanos, bisões com tapadeiras de olhos feitas de pele para
proteger seus olhos do sol e castores sem cauda.
Mas John não era um cético, ele acreditava, como seu pai na pluralidade dos
mundos habitados, em suas próprias palavras:
“Com que objetivo devemos supor que as estrelas tenham sido criadas
e que corpos assim magníficos tenham sido dispersos na imensidão
do espaço? Isto não foi, sem dúvida, para iluminar nossas noites,
objetivo que poderia ser melhor satisfeito por mais uma lua, que fosse
a milésima parte da nossa, nem para brilhar como um espetáculo
vazio de sentido e de realidade, e nos iludir em vãs conjecturas. Esses
astros são, é verdade, úteis ao homem como pontos de referência, aos
quais pode tudo referir com exatidão; mas seria preciso ter tirado bem
pouco fruto do estudo da astronomia para poder supor que o homem
seja o único objeto dos cuidados de seu criador, e para não ver, no
vasto e desconcertante aparato que nos cerca, moradas destinadas a
outras raças de seres vivos.” (HERSCHEL apud FLAMMARION,
1995, pág 60).
Quando seus pais mudaram para Paris, ele passou a estudar na Associação
Politécnica de Paris em cursos gratuitos, onde aprendeu melhor as matemáticas. Aos
domingos Flammarion estudava as disciplinas que despertavam seu interesse, como
a frenologia, a fisiognomia e os sistemas de Laváter, Gall e Spurzheim.
Aos 15 anos Flammarion escreveu um livro de cerca de 500 páginas, que ele
próprio ilustrou com 150 desenhos, intitulado "Cosmogonia universal: estudo do
mundo primitivo". Este trabalho seria publicado mais tarde com o título: "O mundo
antes da aparição do homem." Com este livro em mãos, o jovem ganhou coragem e
apresentou-se no Observatório de Paris, à época dirigido por Le Verrier, o astrônomo
que houvera descoberto Netuno sem instrumentos, apenas usando cálculo. Após ser
entrevistado e avaliado foi aceito como aluno-astrônomo.
Seu primeiro livro publicado foi "Pluralidade dos Mundos Habitados" (1861),
seguido-se "Viagem extática às regiões lunares", "Os mundos imaginários e os
mundos reais" (1865), "As maravilhas celestes" (obra popular de divulgação da
astronomia), "Estudos e leituras sobre astronomia" (1867), "Viagens aéreas" (1867),
"Galerie Astronomique" (1867), "Contemplações científicas" (coletânea de escritos
publicados nas revistas "Siècle", "Magasin pittoresque" e "Cosmos" - 1870), "A
atmosfera" (1871), "Astronomia Popular" (1880), "O mundo antes da criação do
homem" (1885), "Os cometas, as estrelas e os planetas" (1886), "Astronomia para
amadores" (1904) e "Raio e trovão" (1906).
Uma afirmação sem duvida valida até os dias de hoje, além das obras citadas
referentes a suas pesquisas astronômicas, Flammarion escreveu pelo menos quatro
livros que podemos classificar como ficção científica, ainda que carregados de
influência espírita, são eles:
3. "Narrações do infinito " O autor o considera como seu sexto livro, e o define
como um "romance astronômico" escrito em forma de diálogo entre um vivo e um
morto.
4. "Estela" é narrativa que tem por centro o amor de Rafael e Estela. Traz em
seu bojo as informações da Astronomia, o debate com o materialismo e os temas
espiritualistas.
Referências Bibliográfica: