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CIRURGIA DIGESTIVA
1. PATOLOGIAS CIRÚRGICAS DO PÂNCREAS
PSEUDOCISTO
➢ Epidemiologia:
5% das pancreatites agudas evolui com pseudocisto, e uma porcentagem ainda maior das
pancreatites crônicas; no caso das pancreatites crônicas, a resolução espontânea frequentemente
não ocorre.
O pseudocisto é a doença cística do pâncreas mais comum.
O US pode ser usado em pacientes magros e não distendidos, e no seguimento para ver tamanho.
A RM também é uma opção e pode ser necessária (assim como us) para verificar existência de
conteúdo sólido necrótico. Ecoendoscopia é o exame mais sensível para avaliar a espessura da
parede e permite drenagem. Na ecoendo = conteúdo anecóide, debris, uniloculado e com parede
espessa e definida.
➢ DDX: É preciso atentar ao diagnóstico diferencial de neoplasia cística do pâncreas tanto benigna
quanto maligna além de outras doenças císticas. Contudo, 75% das lesões císticas são pseudocistos.
Na análise do liquido, o liquido do pseudocisto tem coloração amarronzada, não possui mucina (string
sign negativo) é fluido e rico em amilase e lipase (!), e apresenta níveis baixos de CA (não utilizado
atualmente) e CEA.
Além disso, o pseudocisto NÃO possui uma cápsula interna própria (por isso é pseudo).
No BR não é possível, mas nos outros países pode-se mensurar a Mucina para diferenciar de
neoplasia cística mucinosa.
➢ Tratamento:
➜ Conservador/expectante: pseudocistos assintomáticos e sem nenhum sintoma possibilitam que
se aguarde pelo menos 6 meses antes de intervir.
➜ Excisão: É a opção com menor chance de recidiva porque existe remoção TOTAL da lesão.
É o tratamento quando o pseudocisto se localiza na CAUDA do pâncreas.
Ou obviamente quando se trata de uma neoplasia cística e não de um pseudocisto.
Não fazer quando as paredes não estiverem bem formadas e com espessura adequada.
➜ Drenagem: Pode ser interna ou externa e deve sempre ser realizada após 4 semanas, quando há
parede fibrótica e o pseudocisto está mais maduro. As drenagens em geral possuem uma taxa de
recidiva devido ao risco de não drenar todo o líquido.
→ Drenagem interna: É feita nos casos de compressão/sintomatologia e com cistos MADUROS.
O método ecoendoscópico é o preferido, principalmente quando o pseudocisto está próximo ao
estômago ou duodeno, mas pode ser feita em cirurgia aberta. Quando o cisto é na cabeça, drena pro
duodeno, fazendo uma pseudocistoduodenoanastomose. Quando é no corpo, drena para o
estômago; sempre para o órgão mais próximo.
→ Drenagem externa percutânea: é feita SÓ nos casos de infecção. Ela pode ser feita guiada por
tomografia com contraste. Pode ser feita com cirurgia aberta, nos casos de cistos que não possuam
parede com consistência suficiente para drenagem interna. Assim como na interna, é colocado dreno.
Tem recidiva ainda maior que a interna.
➢ Complicações:
➜ Infecção: a conduta é antibiótico, hidratação e drenagem externa (percutânea ou laparoscópica).
➜ Sangramento: se o paciente estiver em choque, faz laparotomia de emergência para ligar o vaso
sangrante. Se o sangramento for menos intenso e houver disponibilidade, deve-se fazer Arteriografia
com Embolização do vaso sangrante.
➜ Ruptura: cursa com abdome agudo por peritonite química; o tratamento é cirúrgico com lavagem
da cavidade e drenagem externa.
“ São formações revestidas por tecido epitelial, de conteúdo líquido, sem comunicação com o ducto
pancreático principal”. Os cistos neoplásicos, ao contrário dos pseudocistos, possuem parede interna
própria (e por isso são removíveis cirurgicamente). Se dividem em mucinoso, seroso, IPNM/NIMP e
cistoadenocarcinoma.
➢ Epidemiologia: A incidência aparenta ter aumentado principalmente com o advento dos exames
de imagem e maior número de diagnósticos. Em geral são assintomáticos ou oligossintomáticos.
As neoplasias císticas representam apenas 15% de todas as lesões císticas do pâncreas, e 1% das
neoplasias do pâncreas. NC Mucinosa e Serosa são neoplasias císticas primárias.
Microcistos; massa tumoral multiloculada (mínimo 6), com septos finos de 2mm
➜ Macroscópico =
e regulares, com presença de cicatriz central deixando um aspecto de colméia.
Quando ocorre em macrocisto, é preciso atentar ao dd de lesão mucinosa.
➜ Possui células cubóides benignas ricas em glicogênio. É um cisto bem vascularizado. O líquido
do cisto é tipo água serosa, e pobre em CEA. Tanto a Serosa quanto a Mucinosa não possuem
comunicação com o ducto pancreático principal.
➢ Neoplasia cística Mucinosa: Representa 32% dos cistos e 3% dos tumores exócrinos do
pâncreas. 90% dos pacientes são mulheres! (MUcinoso = MUlher).
Têm maior risco de malignização, evoluindo a cistoadenocarcinoma. Deve SEMPRE ser removido
cirurgicamente. Ocorre em corpo e cauda.
A sobrevida em geral é maior que o Ca de cabeça de pâncreas, atingindo até 60% em 5 anos.
O tratamento cirúrgico é feito nos pacientes com possibilidade de serem submetidos à cirurgia.
Cabeça → Duodenopancreatectomia. Remove a cabeça do pancreas, antro do estômago, duodeno e
parte do jejuno, vesícula e colédoco terminal.
Corpo e cauda → Pancreatectomia caudal ou corpo-caudal e esplenectomia.
➢ Neoplasia Intraductal Mucinosa Papilífera ou NIMP: Na vdd não é uma neoplasia cística.
Ocorre excesso na secreção das células mucosecretoras gerando obstrução do ducto, que causa
uma dilatação do sistema ductal que deixa um aspecto de cisto. É uma dilatação pseudocistica por
produção de mucina.
Ocorre na cabeça do pâncreas. Maligniza mais que o mucinoso.
Ecoendoscopia: Aspecto de cacho de uvas, com nódulos murais e bolha de mucina. Possui
comunicação com o ducto pancreático principal (por isso não é bem uma neoplasia cística), possível
de ser vista até na endoscopia (“olho de peixe” na ampola de Vater).
Quando as lesões são pequenas e dificil id a comunicação com o dpp, o diagnóstico fica difícil.
Pode estar associada a lesões mucosas ou apenas sintomas (não necessita ter esofagite). A
esofagite é diagnosticada endoscópica e/ou anatomopatologicamente. 30% dos pacientes com DRGE
não tratada desenvolvem esofagite.
É uma das principais queixas, atinge pacientes jovens em torno dos 30-40 anos e tem alta
prevalência que vem aumentando ainda mais. Tem considerável impacto econômico pelo uso crônico
de medicação.
Obs: existe refluxo fisiológico, de curta duração e assintomático, após a refeição.
➢ Clínica: Azia ou pirose presente em 60% dos pacientes + regurgitação não precedida de reflexo
do vômito, que pode causar gosto amargo na boca. Apresenta disfagia nos casos de esofagite mais
grave ou esôfago de Barrett (devendo o médico sempre investigar), odinofagia e sialorréia.
Extra Esofágicas: broncoespasmo, laringite, tosse crônica, infecção respiratória de repetição, soluço,
náusea, plenitude pós prandial e eructação. Deve-se SEMPRE excluir angina!!!
A gravidade não tem nenhuma relação com a presença dos sintomas.
➢ Complicações: as complicações da DRGE são esofagite grave que pode evoluir a ulceração,
estenose de esôfago e esôfago de Barrett (lesão pré maligna para adenocarcinoma).
As complicações são mais comuns quanto maior a quantidade de refluxo, o tempo de exposição e o
clearance esofágico - mecanismos de defesa e limpeza do esôfago.
➢ Diagnóstico:
➜ Pode ser clínico, apenas pela sintomatologia.
➜ O padrão-outro é pHmetria de 24h! O diagnóstico se dá quando o pH é menor que 4, ou quando
o índice calculado é maior que 14,8.
➜ EDA: é essencial porque identifica e quantifica graus de lesão, além de identificar hérnias hiatais
e complicações.
➜ RX contrastado: geralmente pede junto com a EDA quando se pensa em cirurgia porque é
necessário no pré-op; é importante para ver o comprimento do esôfago (que pode encurtar pela
inflamação), além de identificar divertículos, lesões intraluminais, estreitamentos, e também hérnia
hiatal.
➢ Tratamento:
1. Clínico:
→ Medidas comportamentais devem ser feitas por todos os pacientes.
→ Antiácido como hidróxido de alumínio: é SÓ sintomático, pode ser usado apenas por pacientes que
tem sintomas no máximo 1x por semana.
→ Antagonistas H2 como a Ranitidina: atuam sobre as células parietais gástricas e diminuem
sintomas. Não funciona em pct com esofagite erosiva. Demora pra fazer efeito, mas dura bastante
tempo. Taquifilaxia - perda de sensibilidade ao medicamento.
→ IBP: diminuem até o índice de cirurgias e são os mais eficazes para o alívio dos sintomas. Usados
em esofagites graves e erosivas ou nos pacientes em que antagonista H2 falhou, porém são mais
caros que estes.
→ Procinéticos: aumentam a pressão do esfíncter esofágico inferior e o esvaziamento gástrico;
menos usado.
2. Cirúrgico:
Feito apenas nos casos de hérnia hiatal segundo as indicações, que devem ser respeitas devido aos
riscos associados e complicações possíveis:
→ Falha do tto clínico / necessidade de doses progressivamente maiores do medicamento;
→ Desejo do paciente;
→ Sintomas atípicos com phmetria positiva;
→ Tratamento medicamentoso de muito longa duração;
→ Hérnia hiatal maior que 5cm ou paraesofágica (maior risco de encarceramento);
→ Esofagite Los Angeles grau C e D = continuidade entre os ápices de duas pregas;
→ Esofagite Los Angeles A e B com esfíncter esofágico inferior defeituoso.
→ Complicações da DRGE = Estenose benigna do esôfago, ulceração e esôfago de Barrett
OBS:: NÃO se faz em paciente obeso!
➢ Tipos:
- Nissen: válvula total; contorna com o fundo gástrico envolvendo 360º o esôfago. Mais usada!
- Toupet: válvula parcial posterior; envolve 270º na parte posterior. (penteia o topete pra trás)
- Dor: válvula parcial anterior; 180º.
- Gastroplastia de Collis: feita quando o esôfago é curto; grampeia uma parte do fundo gástrico
em forma de tubo e usa a parte restante ao lado para fazer a válvula. (Collis é C
urto).
Sempre fazer o rx contrastado para se preparar!
➢ Tipos de hérnia:
➜ Tipo I: Deslizamento; quando a junção gastroesofágica migra através do hiato.
➜ Tipo II: Paraesofágica; a junção fica no lugar, mas o fundo gástrico passa pelo lado e sobre pelo
tórax; principal indicação de crg pelo risco de estenose.
➜ Tipo III: Mista; migra tudo pro tórax.
ACALÁSIA DE ESÔFAGO
É um distúrbio motor primário, decorrente de um déficit de relaxamento do EEI e falha no
peristaltismo. Atinge principalmente homens e mulheres de 25 a 60 anos; alguns casos são
secundários a Chagas mas a maioria é idiopática.
➢ Clínica: Disfagia é o principal sintoma (90% dos pacientes!) e tem evolução bem lenta. Dor
torácica/queimação retroesternal, regurgitação, emagrecimento gradual e halitose, pneumonia
aspirativa também podem ocorrer.
➢ Diagnóstico:
Manometria → Padrão-ouro para acalásia! Mostra ausência de peristalse + Relaxamento inadequado
e aumento do tônus do EEI.
EDA → Sempre fazer endocospia em paciente com disfagia, para excluir a possibilidade de Ca.
Rx contrastado → Mostra dilatação esofágica com afilamento importante no final do esôfago, e é
usado para classificar o megaesôfago.
➢ Tratamento: Não tem como restaurar a atividade muscular; o esofago está denervado.
O que pode ser feito é diminuir a pressão do EEI.
➧Técnicas:
➜ Dilatação pneumática via endoscopia: pode precisar repetir várias vezes até conseguir. A dilatação
causa fibrose, que prejudica uma possível miotomia cirúrgica - usar apenas em pacientes que não
tem condição cirúrgica e nunca serão candidatos a miotomia.
➜ Miotomia de Heller: Tratamento definitivo para megaesôfago grau I e II. Secciona apenas a
camada muscular, mantendo toda a mucosa. O indicado é fazer miotomia de 8cm, 5cm pro esofago e
3cm pro estômago mais ou menos. Depois pode fazer fundoplicatura anti-refluxo. Melhor por video.
➜ Esofagectomia: megaesôfago III e IV.
➜ Relaxantes musculares: Isossorbida e inibidor do canal de cálcio. Pode ser usado quando dor ou
antes das refeições, como alívio sintomático.
➜ Toxina botulínica: Injeta na parte dilatada; inibe a liberação de Ach. Alivia os sintomas em 85% dos
pacientes, mas mais da metade recidiva. Também não fazer em paciente candidato a Miotomia!
DIVERTÍCULOS
➢ Diagnóstico: é com RX contrastado / esôfagograma, mas deve ser feita EDA junto.
➢ Tratamento: Acima de 1cm requer intervenção.
➜ Diverticulectomia/excisão via cervicotomia + aproximação/miotomia dos músculos do triângulo
(cricofaríngeo)
➜ Diverticulopexia que é a suspensão do divertículo dando apenas um ponto.
➢ Esofágico ou medioesofágico: Por tração, especialmente por aderência. Ocorre no terço médio
do esôfago, principalmente próximo à bifurcação da traquéia. Secundário a patologias mediastinais e
pulmonares que causem inflamação e aderência.
Costuma ser achado incidental porque os pct em geral são assintomáticos embora possam ter
disfagia e dor torácica como os outros.
Diagnóstico também por esofagograma contrastado. Fazer EDA para excluir dg diferencial.
O tratamento é observação; casos de pacientes sintomáticos e/ou com distúrbios motores devem ser
avaliados e o tto individualizado, porque a cirurgia requer toracotomia e acesso ao mediastino.
3. HÉRNIAS ABDOMINAIS
➢ Anatomia da Parede Abdominal: As camadas da parede abdominal são Pele, tecido SC com a
Fáscia de Camper superficialmente e fáscia de Scarpa profundamente, músculos (MOI, MOE e reto),
fascia transversalis, gordura pré-peritoneal e peritônio.
➢ Fatores de risco: Hipertrofia prostática (pela força para urinar), ascite, constipação crônica e
tumorações abdominais, tosse crônica, tabagismo, envelhecimento e história familiar.
➢ Hérnias Inguinais: Mais frequentes, representam 75% das hérnias abdominais. As Indiretas são
mais comuns. Ambas são mais comuns em homens e à direita.
➜ Inguinais Indiretas: Saco herniário lateral aos vasos; são congênitas, causadas pelo não
fechamento do conduto peritônio vaginal - que deveria ser obliterado totalmente, formando o
ligamento de Cloquet.
➜ Diretas: Saco herniário medial aos vasos, dentro do triângulo de Hesselbach. É um defeito
adquirido por fraqueza na parede posterior. Envolve fatores bioquímicos e celulares (colágeno).
➢ Classificação de Nyhus:
I é Indireta com anel profundo normal, II é indireta com anel inguinal maior que 2cm.
III é qualquer uma (A. Direta, B. Indireta, C. Femoral) com defeito na parede posterior.
IV é qualquer uma recidivada.
➢ Videolaparoscópias:
➜ TAP: Transabdominal pré-peritoneal, dentro da cavidade.
➜ TEP: (Totalmente) Extraperitoneal.
A indicação de vídeo é principalmente hérnias bilaterais (na vdd é problemático porque fica tela na
pelve inteira e dificulta futuras), hérnia recidivante ou qualquer hérnia primária unilateral. Tem
complicações mais graves e depende da experiência do cirurgião.
Complicações:
Hematoma, seroma, infecção.
Orquite isquêmica = É a trombose do plexo pampiniforme; cursa com edema e congestão testicular,
com ou sem dor, 2-5 dias após a cirurgia. O tratamento é clínico, mas se necrosar é cirúrgico; pode
evoluir a atrofia testicular.
Lesão nervosa = A lesão do ramo genital do nervo genitofemoral causa hiperestesia genital e dor na
face interna da coxa e bolsa escrotal (grandes lábios); os demais, ilioinguinal e ílio-hipogástrico,
causam apenas dor. O tratamento é clínico.
➢ Hérnias Femorais: Representam 3% das hérnias e são mais comuns em mulheres obesas, acima
dos 45 anos. A hérnia femoral está localizada abaixo do ligamento inguinal, com protrusão pelo canal
femoral. Tem maior risco de estrangulamento.
Tratamento: técnica de McVay - sutura do tendão conjunto no ligamento de Cooper. Mais seguro
colocar a tela de Márlex também.
➢ Hérnias Umbilicais: Persistência do canal umbilical. Mais comum em crianças negras. As
menores de 2 cm fecham até os 4 anos em 80% dos casos. No adulto é defeito adquirido - gravidez,
ascite ou traumatismo. Tratamento cirúrgico quando é sintomática, anel grande, ascite em cirrótico e
encarceramento. Se for volumosas tem que usar tela de marlex.
➢ Hérnias Incisionais: Menos comum em incisões transversais. Fatores de risco incluem tudo que
dificulta cicatrização, como idade avançada, anemia, ascite, etc. O tratamento crg é trabalhoso e tem
alto índice de recidiva; sempre usar tela!
HÉRNIAS ESPECIAIS:
➢ Hérnia de Spiegel: É uma hérnia entre a borda lateral do reto e a linha semilunar; infraumbilical,
na fáscia semilunar. O diagnóstico é difícil; tratamento cirúrgico. (SALIENTOU ESSA NA AULA)
➢ Hérnia de Richter: Pinçamento lateral da borda antimesentérica, causando estrangulamento
segmentar sem obstrução. Mais comum em hérnia femoral.
➢ Hérnia de Littré: Divertículo de Meckel no saco herniário. Não causa obstrução. É anomalia
congênita do intestino. Borda antimesentérica do íleo.
➢ Hérnia por Deslizamento: Quando um órgão compõe a parede do saco herniário, mais comum
com cólon e bexiga. Maioria é na hérnia inguinal indireta.
➢ Hérnia Obturadora: Sexo feminino, pessoas debilitadas. Causa compressão do nervo obturador,
com dor na face interna da coxa e sinal de howship-romberg.
➢ Hérnia de Amyand: Apêndice no saco herniário.
➢ H. de Grynfelt: Hérnia no trígono lombar superior, abaixo da borda inferior da 12ª costela, acima
do músculo denteado menor e medial ao MOI.
➢ H. de Petit: Trígono lombar inferior; acima da crista ilíaca, entre o grande dorsal e o MOE.
4. TRANSPLANTE HEPÁTICO
Os primeiros foram em 1960; apenas em 1983 foram aceitos como opção terapêutica; hoje é
realizado no mundo todo. A sobrevida 1 anos após transplante chega a 90%; o sucesso é devido aos
imunossupressores como o Tacrolimus. O grande problema é a baixa oferta de órgãos.
➢ Indicações: Hepatocarcinoma, cirrose por hepatite C, cirrose por álcool e NASH. Os pacientes
com insuficiência hepática aguda são os de maior prioridade. Causas menos comuns incluem Cirrose
por hepatite B, o utras neoplasias como grandes nódulos (hemangioendotelioma, adenoma) e tumores
neuroendócrinos.
Distúrbios metabólicos como deficiência de alfa-1-antitripsina, doença de Wilson, fibrose cística,
hemocromatose, porfiria aguda intermitente, polineuropatia amilóide familiar e hiperoxalúria primária.
➢ Critérios de Barcelona: São critérios para hepatocarcinoma.
Ou seja, para Barcelona, vão para transplante hepático nódulos menores de 2cm com aumento da
pressão portal ou até 3 nódulos menores de 3cm, desde que não haja doença associada.
➢ Critérios de Milão: Paciente cirrótico com nódulo menor que 5cm ou até 3 menores de 3cm, sem
metástase nem invasão de pedículo vascular.
➢ Contraindicações:
➜ Doença cardiopulmonar não corrigida, risco cirúrgico muito alto
➜ AIDS (não HIV)
➜ Malignidade fora do fígado, disseminação metastática, colangiocarcinoma intra hepático
➜ Anormalidades anatômicas que impeçam o transplante
➜ Sepse não controlada
➜ Insuficiência hepática aguda com pressão IC > 50 ou pressão de perfusão cerebral <40
➜ Paciente sem estrutura social e emocional para cuidados
➜ Doença hepática alcoólica com menos de 6 meses de abstinência (tem que esperar e tem que
ser documentado)
➜ RELATIVO: Maior de 65 anos, HIV e IMC>40.
➢ Avaliação pré-transplante:
➜ LAC: Grupo sanguíneo, função hepática, função renal (creatinina e sódio), alfa-fetoproteína,
cálcio e vitamina D, sorologia para CMV, EBV, HIV, hepatites e varicela.
➜ Cardiológico em pacientes acima dos 40 ou antes de fator de risco - ECG, ecocardio, cat.
Pulmonar idem em pct acima de 40 anos ou antes se fator de risco - oxi, gasometria.
➢ Seleção do paciente:
➜ MELD: Escore para doença hepática em estágio final que ordena a lista de transplante.
Define a chance de mortalidade do paciente em 3 meses, indo de 6 a 40 pontos.
Parâmetros = BILIRRUBINA, INR e CREATININA (bic).
*O nível máximo de creatinina aceito é 4mg/dL para não dar vantagem p/ pct em diálise.
Menor que 9: 1.9%
Acima de 40: 71%
Quanto maior o MELD, maior a preferência na fila do transplante.
➜ Seleção:
MELD>10 inicia avaliação pra transplante (antes disso não entra na lista).
O escore deve ser atualizado periodicamente.
MELD de 11 a 18 eu repito a cada 3 meses; MELD de 19 a 25 a cada 1 mês; MELD acima de 25 eu
repito toda semana.
Os que não precisam de MELD porque é urgente são: os de insuficiência hepática aguda, não
funcionamento primário do enxerto/órgão transplante, paciente que perdeu o fígado por trauma e
trombose da artéria hepática.
Outras exceções são carcinoma hepatocelular, síndrome hepatopulmonar, hipertensão
portopulmonar, polineuropatia amilóide familiar, hiperoxalúria primária e fibrose cística.
➢ Seleção dos doadores: Os doadores cadavéricos são: Morte encefálica, coração parado
recentemente ou coração parado tardio (quanto mais tardio, pior o enxerto).
➜ Sorologias: HIV, HTLV, sorologias para hepatite B e C, sífilis e chagas.
A sorologia para toxo, CMV, EBV são facultativos - depende da comissão.
➜ Exclusão do doador: HIV, HTLV1 e 2, tuberculose ativa, neoplasias (com exceção de tumores
primários do SNC e carcinoma in situ de útero e pele), sepse refratária e infecções virais e fúngicas
graves com exceção das hepatites B e C.
➢ Manutenção do doador: O objetivo é manter o órgão nas melhores condições e diminuir o risco
de parada cv - 10 a 20% tem parada cv durante esse período.
25% dos órgãos são perdidos no momento do transplante porque a equipe não consegue manter o
doador.
➢ Metas: PAM > 65 mmHg; débito urinário de 0.5 a 4 mL/kg; DVA menor que 10 mcg/kg/min; FE >
45%; glicemia entre 140 e 180, Hb > 7, T> 35ºC.
Repor volume com ringer ou solução fisiológica, corrigir alterações, usar antibióticos. Usar drogas
vasoativas, fazer reposição hormonal, corrigir hipocapnia.
➢ Consegui manter o doador, e agora? Tempo de isquemia é o tempo entre a parada da irrigação
e o implante no receptor. Isquemia fria é do clampeamento até a retirada do gelo; isquemia quente é
da retirada do gelo até a reperfusão. O fígado é melhor se retirado antes da parada e aguenta até
24h.
➢ Captação do fígado: Tira o fígado da cavidade por laparo, bota dentro de um saco com solução
de conservação de collins, e esse saco dentro do gelo. Chega, tira do gelo, injeta heparina e solução
de conservação. Prepara as anastomoses.
➢ Tipos de transplante:
1. Ortotópico: é a técnica convencional; tira o fígado do doador com a cava inferior e coloca o enxerto
total ou parcial no lugar do fígado original.
A técnica de Piggyback tem maiores benefícios - hepatectomia com preservação da cava inferior
retrohepática.
2. Heterotópico: coloca o fígado fora da loja hepática.
3. Reduzido: beneficia crianças quando o doador é adulto.
4. Split Liver: divide o fígado entre dois receptores, tipo lobo direito pro adulto e esquerdo pra criança
5. Dominó: pega um fígado +/- de paciente com doença metabólica e bota no paciente quase
morrendo, e bota o fígado bom do doador no que tinha o mais ou menos. Ou seja, o receptor se torna
doador para um receptor em piores condições.
6. Intervivos: Teve origem no Brasil; tira parte do doador sadio vivo para paciente com doença
hepática terminal.