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Pomilio
IT - 741
UNICAMP/FEEC/DSCE
LCEE-DSCE-FEEC-UNICAMP
Condicionamento de Energia Elétrica e Dispositivos FACTS S. M. Deckmann e J.A.Pomilio
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• globalização da economia;
• crise energética mundial;
• pressões ambientalistas;
• desenvolvimento sustentado;
• geração distribuída de pequena potência;
• avanços tecnológicos.
A primeira crise energética que começou nos anos 70 com o boicote do petróleo árabe,
impôs uma dependência maior da indústria em relação à energia elétrica, forçando uma mudança
na maneira de gerenciar os recursos naturais. A conscientização acerca da limitação dos recursos
materiais e energéticos teve muitos reflexos na economia mundial e na política de
desenvolvimento dos países em geral. Restrições econômicas e preocupações com a conservação
e recuperação do meio ambiente começaram a surgir em todo o mundo, forçando técnicos e
autoridades a pensar em projetos de desenvolvimento auto-sustentados, utilizando recursos
renováveis. Novos modelos de desenvolvimento, por sua vez, requerem novas soluções para sua
implementação, estimulando o desenvolvimento de novas tecnologias. Esse é o aspecto do
problema que nos traz ao tema do Curso.
A ordem econômica mundial que se impôs nas últimas décadas criou um grande impacto
sobre o setor energético em geral e, especialmente no setor elétrico em todos os paises, uma vez
que tanto a geração (nuclear, termoelétrica, hidroelétrica ou de fontes alternativas) como a
transmissão e a distribuição interferem bastante no meio ambiente, seja pela matéria prima
utilizada na conversão da energia, seja no espaço físico ocupado para a sua transmissão e
distribuição aos centros urbanos. A história dos sistemas elétricos já tem mais de 100 anos e
desde seu início a expansão do sistema vinha sendo feita com vistas apenas aos interesses
econômicos e a viabilidade técnica dos projetos de interligação dos centros de geração e de
consumo.
Como conseqüência desse enfoque, podem-se apontar alguns projetos no Brasil que hoje
parecem ter recebido tratamento inadequado como, por exemplo, o afogamento do Salto de Sete
Quedas pela barragem de Itaipu, a inundação de enormes regiões de terras férteis e de florestas
tropicais (barragens de Balbina, no Amazonas e Tucuruí, no Pará), sem que estudos de impacto
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ambiental mais amplos se realizassem e sem que a população fosse devidamente consultada,
recompensada e esclarecida sobre a relação custo/benefício social desses projetos na região
envolvida.
Projetos mais recentes, como a recuperação da cachoeira de Paulo Afonso, mostram que
não se precisa destruir patrimônios naturais para obter a energia elétrica necessária, ou que, pelo
menos, há alternativas que minimizam tais impactos. A sociedade atual já está mais atenta a esse
tipo de intervenção no meio ambiente e começa a contestar a instalação de usinas térmicas e
nucleares próximas de centros urbanos, assim como os impactos dos reservatórios das
hidrelétricas. Tem até questionado o direito de passagem para novas linhas de transmissão em
regiões habitadas, preocupada com seus efeitos sobre a população próxima.
Se, por um lado, esses questionamentos colocam barreiras para o atual modelo de expansão
da rede, por outro lado forçam uma busca de soluções alternativas para essa nova situação. É o
que vem acontecendo em praticamente todos os países em vários níveis.
No nível gerencial, uma mudança que já se solidificou em grande parte dos países foi a
passagem da administração dos setores de geração e distribuição para empresas privadas, criando
um efetivo mercado de energia elétrica, da produção ao consumo.
Nessa nova estrutura, a transmissão da energia elétrica pode ou não continuar de
responsabilidade estatal. Este arranjo teria o benefício de garantir aos governos a possibilidade de
disciplinar o mercado, através de agências reguladoras, de uma maneira muito mais enxuta e
eficiente.
Com as novas regulamentações do setor elétrico, a meta é proporcionar o livre acesso dos
agentes de geração e de consumo ao sistema de transmissão. Idealmente os consumidores
passam a poder comprar o produto energia elétrica em bases competitivas, exigindo qualidade e
preço. Contratos de produção e de consumo de energia podem ser feitos diretamente entre os
interessados finais. As empresas gestoras do sistema de transmissão seriam responsáveis pela
circulação da potência, taxando o uso da rede pela transferência da energia entre o produtor e o
consumidor.
Outro aspecto que ganha cada vez mais relevância nesse cenário é a geração distribuída,
principalmente de média e baixa potência. Tais fontes de energia tipicamente se situam nos
locais onde, tradicionalmente, tinham-se apenas cargas. Os próprios procedimentos de gestão de
redes nas quais se tenham estes geradores precisam de novos tratamentos, uma vez que aspectos
de fluxo de carga, proteção, qualidade de energia, etc. são fortemente afetados por esta nova (e
irremediável) realidade. Também a legislação precisa se adequar a estes novos paradigmas de
produção de energia, fato que vai se consolidando, principalmente nos países que lideram este
movimento, como os países da Europa, a Índia e os Estados Unidos.
1.1.2 FACTS e “Custom Power” - Novas perspectivas de controle para o sistema elétrico
Para viabilizar esse novo modelo de gestão e operação do sistema elétrico não basta apenas
a reestruturação administrativa. É necessário desenvolver as tecnologias que permitam o controle
das variáveis elétricas em jogo, visando monitorar o fluxo de potência através das linhas,
otimizar o uso dos equipamentos, garantir a qualidade da energia suprida e aumentar a proteção e
segurança do usuário, bem como a preservação do meio ambiente.
Em 1988, N. G. Hingorani, pesquisador do EPRI (Electrical Power Research Institute) dos
EUA, lançou o conceito básico de FACTS - "Flexible Alternating Current Transmission
Systems" [4], no qual a noção de flexibilização do sistema estava claramente associada à
capacidade do controle direto do fluxo de potência no nível de transmissão de energia elétrica.
A chave para essa flexibilização está no uso do controle através de eletrônica de alta
potência, em conversores de HVDC, compensadores estáticos reativos, controladores de fluxo de
potência, conversores de freqüência e sistemas CA/CC, viabilizando o casamento direto entre
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O IEEE define “Custom Power” [11] como o conceito de utilizar conversores estáticos
controlados, baseados em eletrônica de potência, na faixa de 1 kV a 38 kV (sistema de
distribuição), de modo a suprir os consumidores com energia elétrica com qualidade adequada ao
desempenho dos equipamentos e processos alimentados. Este conceito é uma extensão do
conceito de FACTS, aplicado a redes de distribuição, nas quais os aspectos de qualidade de
energia se tornam muito mais relevantes do que na rede de transmissão.
Para se ter uma idéia de como se obtém tal flexibilização, basta analisar o efeito na
capacidade de transmissão de energia, que resulta da possibilidade de controle da reatância série
de uma linha [7].
Sabemos que o fluxo de potência ativa através de uma linha sem perdas entre dois pontos
k-l é dado por:
V k .V l
Pkl = .sen(θ k − θ l ) (1.1)
X kl
k Xkl l
Vk∠θk Vl∠θl
Variar as tensões terminais (Vk, Vl) visando aumentar a capacidade de transmissão tem suas
restrições, pois afeta as condições de operação de todas as cargas. Sempre que possível deve-se
operar próximo das tensões nominais.
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Controlar o fluxo de potência através do ângulo de abertura da linha (θk-θl) ou vice versa,
não é simples, pois envolve medidas de potência no nível de transmissão.
1. Condição normal
2. Redução de 10% da tensão terminal
3. Redução de 10% da reatância série
4. Compensação de 10% da abertura angular
5. Compensação shunt no meio da linha
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a)
b)
Figura 1.4 Potência transmitida após redução de 300 MVA na geração em Tucuruí: a) sem
compensação; b) com compensadores atuando em Imperatriz e em Serra da Mesa [12].
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solução para o problema foi dotar o compensador série com ações de controle capazes de
atenuar as oscilações observadas. A ação de controle do conversor pode ser a de manter uma
tensão constante, em quadratura com a corrente, ou ajustar a tensão de acordo com a corrente
(reatância fixa) ou a de regular o fluxo de potência pela linha [14].
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Figura 1.9 Princípio de operação do UPFC a partir de um conversor fonte de tensão (VSC).
Obtido em http://www.hpfc.ca/images/upfc.gif
Filtros ativos
Um inversor (conversor CC-CA) controla a corrente de saída de forma que resulte uma
corrente de linha com as forma desejada, seja ela CA ou CC. Normalmente se deseja eliminar
as correntes harmônicas [24]. Pode ser associado a filtros passivos, configurando filtros
híbridos, bem como assumir a compensação de potência reativa na frequência fundamental.
Sua função está mais diretamente relacionada a aplicações de “custum power”.
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Nessas condições o fluxo de potência das fontes para as cargas torna-se constante e pode
ser considerado em condições de regime estacionário, com um mínimo de perdas e baixa
interferência entre diferentes consumidores conectados à rede elétrica.
Nos últimos anos vem aumentando a preocupação com a qualidade da energia elétrica
suprida aos consumidores. O próprio conceito de "power quality", como é designado em inglês,
tem sido debatido em congressos nacionais e internacionais, uma vez que ainda não se chegou a
um consenso sobre a forma de quantificar essa qualidade.
Como as normas que definem as condições de operação aceitáveis para um sistema
elétrico variam de um país para outro, fica difícil estabelecer critérios gerais para avaliar o que
seria a qualidade da energia elétrica. Além disso, as necessidades de maior ou menor grau de
continuidade e pureza da tensão de suprimento também varia em função do tipo de carga dos
consumidores. No entanto, o balizamento e a padronização desse conceito é fundamental para se
poder implementar os sistemas de potência flexíveis, baseados no controle eletrônico de alta
potência. Em princípio, podemos avaliar a qualidade de energia elétrica em termos comparativos
com as características de um sistema ideal.
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Essa abordagem não resolve o problema básico da definição de qualidade, mas permite
estabelecer índices que avaliam a deterioração das condições acima, em função de distúrbios
que são impostos ao sistema.
No presente contexto iremos supor que distúrbio é qualquer evento que provoque a
deterioração de pelo menos uma das condições ideais, consideradas desejáveis, o que de alguma
forma compromete a qualidade da energia elétrica suprida.
Por condicionamento da energia elétrica entendemos todo processo que visa adequar o
fornecimento de energia às necessidades da carga e/ou melhorar a qualidade da energia absorvida
da rede elétrica. Com base nessa definição, podemos caracterizar como condicionamento da
energia elétrica as ações de controle seguintes, as quais serão discutidas nos próximos subitens:
i) regulação e balanceamento da tensão de suprimento;
ii) maximização do fator de potência nas cargas;
iii) estabilização das oscilações eletro-mecânicas entre geradores;
iv) redução do conteúdo harmônico da tensão e da corrente;
v) flexibilização no uso do sistema de energia elétrica.
Para fazer frente aos vários tipos de distúrbios e satisfazer às normas vigentes, os
dispositivos de condicionamento devem ser cada vez mais sofisticados em termos de rapidez de
resposta e precisão na atuação. Nestas aplicações de condicionamento os dispositivos e
conversores controlados eletronicamente estão encontrando cada vez mais aplicações.
A figura seguinte foi extraída de um Workshop sobre ensino de Eletrônica de Potência. A
idéia é mostrar como tem se configurado um sistema de energia elétrica nos anos recentes, ao
qual se somam, cada vez mais, dispositivos controlados eletronicamente.
Conversores eletrônicos de potência estão presentes junto às cargas, nas interfaces de
fontes alternativas de energia e também em dispositivos nas redes.
Por exemplo, um STATCOM está conectado junto a um parque eólico com a função de
regular a tensão por meio de injeção de potência reativa, a qual varia muito fortemente devido à
flutuação da potência gerada em função da variação do vento.
Junto aos painéis fotovoltáicos tem-se um conversor CC-CA, que converte a energia
produzida pelas células solares (em corrente contínua) antes de injetar esta potência na rede,
sendo necessárias estratégias adicionais para garantir o sincronismo, bem como fazer a gestão de
situações de ilhamento.
Cargas sensíveis podem requerer ações de “custom power”, no sentido de garantir a
qualidade da energia, evitando o mau-funcionamento das cargas. Tipicamente estas ações de
condicionamento da energia elétrica se referem à regulação e balanceamento da tensão,
minimização da distorção harmônica.
A proliferação de cargas não-lineares, consumindo correntes harmônicas, leva a uma
deterioração da tensão que, em função do nível de curto-circuito da rede e das correntes, pode
exceder limites aceitáveis e seguros para o bom funcionamento das cargas.
Mesmo quando são estabelecidos limites para a distorção da corrente (pela facilidade de
medição e de identificação da sua origem), o objetivo é preservar a qualidade da tensão, que é a
grandeza elétrica compartilhada pelos consumidores.
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maior demanda de energia elétrica, das 18:00 às 20:00hs). Como o aumento da carga implica em
aumento de corrente, resultam maiores quedas de tensão na rede de transmissão e distribuição,
prejudicando o perfil de tensões disponíveis para os demais consumidores.
A Figura 1.13 mostra o efeito na tensão ao ligar uma carga, bem como o que ocorre
quando se utiliza um dispositivo capacitivo shunt para compensar a queda de tensão. Notar que o
chaveamento do capacitor shunt pode resolver o problema da queda de tensão, mas cria outros
problemas que precisam ser equacionados como o transitório de chaveamento, mostrado na
figura 1.14, com características de ressonância com as indutâncias do sistema e da carga, e a
necessidade de ajustar os reativos requeridos ao nível de variação da tensão no ponto de conexão.
Como veremos adiante, isso tem a ver com a capacidade de curto-circuito local.
Fig. 1.13 Compensação capacitiva shunt de variações da tensão: carga liga em 35ms causando
afundamento da tensão; capacitor shunt entra em 85ms recuperando parcialmente a tensão.
E R C
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C
E R
Fig. 1.15 Compensação capacitiva série para variações de tensão: carga liga em 35ms e capacitor
série entra em 85ms.
Como já foi dito, existem várias alternativas para se realizar o controle do nível de tensão
face aos mais variados impactos. A maioria dessas soluções já explora a idéia de FACTS para
realizar o condicionamento da energia elétrica e ao mesmo tempo contribuir para a flexibilização
do uso da rede.
Como uma maior difusão do uso dessas tecnologias ainda depende de avanços no nível da
potência controlável por meio eletrônico, tem-se que continuar contando com os dispositivos
clássicos para controlar o nível da tensão do sistema. Dentre os dispositivos clássicos tem-se:
Transformadores com relação ajustável (derivações);
Compensadores síncronos;
Reatores de núcleo saturado.
Os transformadores com mudança de tap sob carga são bastante utilizados porque se
baseiam na tecnologia dos transformadores convencionais que está bem dominada sob todos os
aspectos: tecnologia, materiais, confiabilidade, rendimento, economia, etc. Acrescentar o
mecanismo de mudança de derivação sob carga aumenta o custo de fabricação e a necessidade de
manutenção preventiva.
Entre os dispositivos girantes se destacam as máquinas síncronas, sejam as que operam
nas usinas de geração de energia (hidro-, termo- ou núcleo-) elétrica, sejam as que operam como
motores e condensadores síncronos. Sabe-se que pelo ajuste da corrente de campo de uma
máquina síncrona é possível fazê-la absorver ou fornecer potência reativa. A desvantagem dessa
solução é a manutenção e o espaço físico requerido e a grande constante de tempo de resposta
(centenas de milisegundos).
O reator de núcleo saturado, por sua vez, é uma solução com resposta bem mais rápida,
porém introduz significativos níveis de harmônicas, apresentando aumento das chamadas perdas
ferro (histerese e correntes parasitas). Para reduzir o conteúdo harmônico costuma-se utilizar as
estruturas magnéticas conhecidas como twin-treble ou triple-treble, compensando
magneticamente as harmônicas por associação de enrolamentos múltiplos sobre as diferentes
pernas magnéticas, de modo a cancelar as principais tensões harmônicas, de ordens (5-7, 11-13,
15-17).
Dentre os dispositivos estáticos tradicionais, e que serão estudados em detalhe na
seqüência do curso, destacam-se os compensadores reativos controlados por tiristores:
RCT - Reatores Controlados por tiristores;
CCT - Capacitores Chaveados por tiristores;
SVC - Controladores Estáticos de Tensão;
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a) Filtragem passiva
A filtragem passiva utiliza o princípio da ressonância para exercer a função de bloquear
ou desviar as correntes harmônicas e evitar a contaminação de outras partes não afetadas pelo
distúrbio. Sabemos que na condição de ressonância série a impedância total vista assume um
valor mínimo e, na ressonância paralela, assume um máximo. Dessa forma, pode-se bloquear a
propagação de uma determinada harmônica colocando um filtro com ressonância paralela em
série com a fonte harmônica. Analogamente, um filtro com ressonância série, conectado em
paralelo com a fonte harmônica, permite drenar a respectiva corrente sintonizada para terra, a
depender da impedância do restante do circuito.
Filtros
sintonizados
RP XLP
1 2
Xcs
RA
XCP
Fonte Rs
Harmônica carga
XLS
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Sistema 60H z
Zs
I Sh Ih ISh IFh
Ih I Fh
Xc ZS ZF
Fo nte
Filtro
H arm ôn ica
XL sinto nizado
I Fh = I h
I Sh = 0
ou seja, o filtro absorve toda a corrente harmônica gerada pela fonte local. Existe, porém, uma
freqüência de ressonância do filtro com o sistema, e que é dada por:
Z F + ZS → 0
fazendo com que I$ Fh = − I$Sh , ou seja, o filtro e o sistema trocam energia nessa freqüência de
ressonância. Essa ressonância entre o filtro e o sistema poderá ser estimulada por outras fontes
harmônicas do sistema e, portanto, não basta dimensionar o filtro sintonizado apenas em função
das harmônicas da fonte local. É preciso verificar que a freqüência de ressonância com o sistema
esteja em uma região do espectro com poucas possibilidades de excitação.
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V1 Vc XC
V1 2 1
Scc = ≅ pu
XL XL
(1.5)
V2 1
Qc = 1 ≅ pu
XC XC
Scc
n= =4
Qc
Scc
n= > 20
Qc
A escolha de uma ordem baixa (n = 4), torna-se possível porque essa freqüência
harmônica, em geral, não aparece no sistema e a sua excitação é pouco provável que ocorra.
c) Filtragem ativa
Uma das mais promissoras áreas de aplicação dos conversores eletrônicos em sistemas de
potência é a filtragem ativa. A filtragem ativa tem a finalidade de minimizar dinamicamente o
conteúdo harmônico gerado pela operação de cargas não lineares. Através de conversores
eletrônicos de potência consegue-se produzir uma tensão ou corrente que, somada à da carga
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resulta numa forma de onda senoidal. Como, normalmente, não existe potência ativa associada às
harmônicas, o conversor não precisa de uma fonte de potência ativa. Esse assunto também será
retomado em capítulos posteriores do curso.
1 T
P =
T ∫ v ( t ). i .( t ). d t
0
[W] (1.7)
S = V ef . I ef [VA] (1.8)
e os valores eficazes definidos, para qualquer forma de onda com período T, como:
1 T 2
V ef = ∫ v ( t ).d t [V] (1.9)
T 0
1 T 2
I ef = ∫ i ( t ).d t [A] (1.10)
T 0
Usando essas definições pode-se confirmar analiticamente que FP só é igual a cosφ se v(t)
e i(t) forem ondas senoidais e defasadas do ângulo φ.
A hipótese de que a tensão preserva sua forma senoidal é razoável na maioria das redes,
embora existam situações anôma-las associadas a cargas distorcivas muito elevadas e redes com
baixo nível de curto-circuito. No caso em que só a corrente é distorcida, podemos escrever:
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I1
FP = . cos φ1 (1.11)
I ef
I1 / Ief é chamado fator de forma da corrente,
cosφ1 é chamado de fator de deslocamento das ondas fundamentais.
Como
∑ I h2
I ef = I 12 + ∑ I h2 = I1 1+
I 12
= I 1 1 + THDI 2
(1.12)
cos φ1
FP = (1.13)
1 + THDI 2
Portanto, se a tensão for senoidal, para termos FP = cosφ1 devemos ter distorção nula
também nas correntes (THDI = 0).
Na sequência dos capítulos se verá que para ocorrer FP = 1 é necessário que a corrente
siga a forma de onda da tensão, mesmo que esta seja distorcida.
d 2θ m
J = Ta = Tm − Te [N. m] (1.14)
dt 2
onde
J = momento de inércia das massas girantes [kg.m]
θm = posição angular do rotor com respeito à referência fixa [rad]
Ta = torque acelerante [N.m]
Tm = torque de acionamento da turbina
Te = torque elétrico resistente
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θ m = ωms.t+δm (1.16)
dθ m dδ m
= ω ms + (1.17)
dt dt
d 2θ m d 2δ m
= (1.18)
dt 2 dt 2
Conclui-se daí que a equação do balanço de torque (1.14) pode ser expressa igualmente
em função da referência angular síncrona (1.15), resultando:
d 2δ m
J = Ta = Tm − Te (1.19)
dt 2
Como potência é dada pelo torque multiplicado pela velocidade, podemos também escrever
d 2δ m
Jω m = Pa = Pm − Pe [W] (1.20)
dt 2
Para simplificar a notação, costuma-se definir o produto Jωm como sendo a constante de
inércia M, resultando
d 2δ m
M = Pa = Pm − Pe [W] (1.21)
dt 2
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2 H d 2δ m Pa Pm − Pe
2
= = [W] (1.23)
ω ms dt S maq S maq
2 H d 2δ
. = Pm − Pe [pu] (1.24)
ω s dt 2
dδ
=ω −ωs [rad / s] (1.26)
dt
As equações (1.25) e (1.26) podem ser representadas no domínio da freqüência através do
seguinte diagrama de blocos:
ωs
+ Pa ωs ω - 1
Pm δ
2H.s + s
-
Pe
Fig.1.19 Modelo angular dinâmico para o conjunto turbina-gerador síncrono
2 H d∆ω
. = ∆ Pm − ∆ Pe [p u] (1.27)
ωs dt
d ∆δ
= ∆ω [rad / s] (1.28)
dt
que correspondem ao diagrama de blocos seguinte:
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+ ∆Pa ωs ∆ω 1
∆Pm ∆δ
2H.s [rd/s]
s [rd]
-
∆Pe
Em condições transitórias, a potência elétrica gerada por uma máquina de pólos lisos com
reatância transitória X'd=X'q, ligada a uma barra infinita com tensão V0∠0, desprezando as
perdas, é dada por:
E ′q.Vt
Pe = sin( δ − θ t ) (1.29)
X ′d
onde: E'q ∠δ = tensão transitória interna de eixo q, referido a uma barra infinita
Vt ∠θt = tensão terminal com ângulo referido à barra infinita.
Vt∠θt V0∠0
jX'd jXe
E'q∠δ
Além da potência gerada ser função explícita do ângulo δ do gerador, sabe-se que a
demanda de potência das cargas depende também da freqüência da rede. Portanto podemos
assumir que sob tensões constantes, a variação da potência pode ser linearizada:
∆ Pe = K S . ∆δ + K D . ∆ω (1.30)
Essa expressão (1.30) nos permite fechar a malha de realimentação do diagrama de blocos
que representa a equação "swing" da máquina síncrona:
∆ω
1 [pu]
∆Pm + ∆Pa ωs ∆δ
2H.s s
- [rd]
∆Pe
KD
+
+
KS
Fig. 1.22 Modelo angular do gerador com amortecimento da carga e resposta típica a um degrau
na entrada.
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KD K ω
s2 + s+ S s
2H 2H
s 2 + 2ξω n . s + ω 2n (1.32)
onde:
KSω s
ωn = freqüência natural da oscilação eletro-mecânica
2H
KD
ξ= taxa de amortecimento da oscilação
2 K Sω s 2 H
Para que tenhamos um sistema estável, esses pólos devem estar no semi-plano esquerdo
(σ < 0) do plano complexo de s=σ + jω . Nessas condições resultam oscilações angulares e de
freqüência amortecidas.
Imag(jω)
ωd
ωn
σ Real(σ)
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