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BRASIL
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Ver definição adiante.
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Bellah, Robert, “Religious Evolution”, in Beyond Belief, – essays on religion in a post-traditionalist world.
Berkeley, University of California Press, 1991; Batson, Daniel C. et alli, Religion and the Individual. New
York, Oxford University Press, 1993, e, de modo geral, todos os autores de ciência social que adotam a
definição da religião como ligação simbólica com as “condições últimas da existência”. Tal definição é
originária da teologia, mas encontra-se hoje revigorada nos estudos sobre religião que vão na linha da teoria
da escolha racional, ou na linha da psicologia da religião, ou ainda na linha da antropologia física, que parece
ressuscitar com os estudos sobre certo caráter inato (evolucionariamente constituído) da religiosidade no
humano. De todo modo, minha opção por tal linha de definição, que implica o afastamento da historicização
radical na compreensão da religião (de acordo com a receita do Iluminismo e do racionalismo franceses), é
consciente e apóia-se sobre a prosaica observação de ser a cultura religiosa um fator presente em todas as
culturas humanas.
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modo, não há cultura conhecida e tratada pela história comparada que não
tenha se erguido sobre uma ontologia de fundo religioso, aí incluída a
Ocidental contemporânea.
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Note-se que uma cortina de fumaça foi lançada sobre o tema por meio das diversas concepções que
procuram teorizar o modo como o Catolicismo “abrasileirou-se”. Sincretismo, catolicismo popular,
catolicismo devocional e /ou emocional etc, constituem-se, todas, em rodeios sinuosos da mesma crença
fundamental, a saber, a de que o Catolicismo, em razão de sua verdade superior e intrínseca, naturalmente
abarcou e reduziu a seus termos o colorido variado das crenças indígenas e africanas. Ou seja, ainda que com
uma miríade de mitigações, o Catolicismo, enquanto complexo motivacional ético-religioso, seria a matriz
cultural da ação dos brasileiros.
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"Pelo teor das presentes determinamos e declaramos que os ditos índios e todas as mais gentes que daqui em
diante vierem à notícia dos cristãos, ainda que estejam fora da fé cristã, não estão privados, nem devem sê-lo,
de sua liberdade, nem do domínio de seus bens, e não devem ser reduzidos à servidão". Bula Ventas Ipsa de
2/6/1537, do Papa Paulo III.
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Pode-se fazer prova disso com certa facilidade. Como o Vaticano, por motivos estratégicos, não estendeu o
regime do Padroado às Ordens Religiosas, estas estiveram livres para manifestar, no Brasil, seus verdadeiros
interesses. Se a maior parte delas não procurou opor grande resistência ao escravismo português,
comportando-se como se estivessem sob a égide do Padroado, o caso dos Jesuítas é exemplarmente diferente.
É conhecido o conflito, que durou mais de dois séculos, entre os padres da Companhia de Jesus e os agentes
econômicos e políticos coloniais, e que culminou com a expulsão daqueles pelo Marquês de Pombal, em
1759. Embora os jesuítas não se opusessem à escravidão negra, eram francamente contrários à dos indígenas.
Na medida em que, por extensão, seu discurso acabava abarcando também os africanos, foram identificados
como os mais letais inimigos internos da empresa colonial portuguesa, dado que não se orientavam pelas
diretrizes do Padroado, mas, antes, por uma interpretação do universalismo ético cristão. São conhecidas as
suas “reduções”, i. e., comunidades religiosas afastadas dos centros populacionais controlados pelos
portugueses, que fundavam com o duplo fim de cristianizar os indígenas e, como condição para tanto, de
livrá-los da escravidão. Terminavam educando os indígenas para o trabalho e tendo suas reduções dizimadas
posteriormente pelos portugueses, que iam buscar os indígenas assim tornados aptos para a escravidão.
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CONCLUSÃO
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Cf., dentre muitos, Handelmann, Heinrich, Geschichte von Brasilien. Zürich, Manesse Verlag, 1987.
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Cf., dentre muitas obras escritas a partir do mesmo ponto de vista da “teologia da libertação”,
HOORNAERT, Eduardo et alli, História da Igreja no Brasil, vols. I e II. Petrópolis, Vozes, e São Paulo,
Paulinas, 1983.
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Cf. Durkheim, Émile, La Science sociale et la action. Paris, Les Éditions de Minuit, 1991.
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Cf. Horkheimer, Max, O eclipse da razão. Lisboa, Presença, 1982.
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Cf., por exemplo, a tentativa nesse sentido feita pelo antropólogo francês Louis Dumont in Dumont, Louis,
Homo Hierarchicus. São Paulo, EDUSP, 1992.