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ENERGIAS

E
AMBIENTE ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DA VIDA ECONÓMICA Nº 1366, de 15 Outubro de 2010,

E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE

Renováveis
são necessárias
mas não
são suficientes

Alexandre Fernandes, director-geral


da Adene, afirma Artigo de opinião de Oliveira
Fernandes “LÓBI EÓLICO
“PRECISAMOS ESTÁ SENTADO
DE CONTINUAR “A ENERGIA ELÉCTRICA À MESA
A TRABALHAR A EFICIÊNCIA EM PORTUGAL” DOS CONSUMIDORES”
Pág. VI pág. V
ENERGÉTICA NOS EDIFÍCIOS”
Pág.VII
II sexta-feira, 15 Outubro de 2010 ENERGIA E AMBIENTE
António Sá da Costa, presidente da APREN, defende

Renováveis
são necessárias
mas não suficientes
As energias renováveis são, há muito, uma prioridade do Governo de José Sócrates, não
só na área energética, mas também para o desenvolvimento do país. Porém, ainda que
“necessárias”, as energias renováveis “não são suficientes”, pois é cada vez mais importante
sermos “eficientes na forma como utilizamos a energia”, afirma António Sá da Costa.
Em entrevista à ‘Vida Económica’, o presidente da APREN (Associação Portuguesa de
Energias Renováveis) recorda existirem “outras formas de utilização de fontes renováveis”,
como o aquecimento de águas sanitárias através de painéis solares ou a utilização de
“O Governo tem apostado muito na electricidade renovável, contudo
há outras formas de utilização de fontes renováveis”, refere Sá da Costa. biomassa no aquecimento das habitações, que deveriam “ser mais encorajadas”.

Vida Económica – Dois dos maiores constran- cidade não é excepção, os resultados só são palpáveis a mercado precisa de apoios, e estes devem ir-se reduzindo
gimentos ao desenvolvimento económico do país médio e longo prazo, e avanços e recuos só prejudicam o com o tempo. É isto que se está a passar na electricidade
são, neste momento, a elevada intensidade ener- normal desenvolvimento do sector. de origem renovável. Saliento o que referi atrás de que
gética da economia nacional o custo dessa mes- neste sector os resultados não se vêem no imediato, é no
ma energia. Como poderemos alterar esta reali- VE – Todavia, o Plano Nacional para as Energias longo prazo que se devem analisar, tal como mandamos
dade? Renováveis (PNAER) não correspondeu totalmente uma criança estudar não é ao fim de ela completar a
António Sá da Costa – Portugal importa a maior às expectativas do sector. Porquê? 1ª classe que se vêem os resultados mas sim quando ela
parte da energia que utiliza, cerca de 85% segundo a ASC – Fundamentalmente por duas razões. Porque acabar os estudos e entrar no mercado de trabalho, o que
DGEG (Direcção-Geral de Energia e Geologia). E o não estão totalmente considerados os impactos dos pro- leva alguns anos.
preço da energia está dependente do valor dos merca- gramas de eficiência energética que foram lançados pelo Sempre houve tendência de, no sector da electricida-
dos, neste caso do petróleo, do gás natural e do carvão. anterior Governo, isto é, esperávamos que os consumos de, comparar o dia de hoje entre as renováveis e as clássi-
Podemos alterar esta situação através de sermos mais em 2020 fossem inferiores ao apresentado. E ainda por- cas, esquecendo também que o que é pago às renováveis
eficientes e racionais no uso da energia, e sempre que que não são aproveitados totalmente as possibilidades está bem quantificado e às clássicas não, pois existe um
possível usarmos as formas endógenas de energia que te- que as renováveis oferecem nomeadamente na produ- sem-número de apoios que não são tomados em linha
mos ao nosso dispor. ção de electricidade a partir do sol, na utilização desse de conta e que distorcem a realidade.
mesmo sol para aquecimento de águas sanitárias, ou na
VE – As renováveis continuam a ser a prioridade utilização da biomassa no aquecimento das habitações. VE – E a médio/longo prazo? A situação alterar-
do governo, não só na área energética, mas também -se-á?
para o desenvolvimento do país. Mas serão elas, por VE – Em termos concretos, qual é, actualmente, o ASC – Sim, a longo prazo (10 anos) o balanço geral será
si só, a solução? impacto das renováveis na redução da factura ener- nitidamente favorável às renováveis se todos os factores
ASC – São necessárias mas não suficientes, pois temos gética? forem considerados. Contudo não nos podemos esquecer
que ser eficientes na forma como utilizamos a energia. ASC – Evita a importação de combustíveis fósseis, di- que o consumidor português, seja ele qual for, não está a
O Governo tem apostado muito na electricidade reno- minuindo portanto o défice da balança comercial, e evi- pagar o verdadeiro custo pela electricidade que consome.
vável, contudo há outras formas de utilização de fontes ta emissões de gases com efeito de estufa. Em relação a É uma opção política que não discuto mas que deve ser
renováveis que podiam ser mais encorajadas, como por esta questão, gostaria de referir o estudo que a Deloitte considerada. É um facto indesmentível, como o é o facto
exemplo o aquecimento de águas sanitárias através de efectuou em Setembro de 2009 e que está disponível no de uma tal política ser contra o uso eficiente da electrici-
painéis solares, ou a utilização de biomassa no aqueci- nosso site. dade.
mento das habitações.
Apoios às renováveis “devem ir-se reduzindo VE – As tarifas subsidiadas para a Produção em
VE – Esta é a melhor estratégia para enfrentar o com o tempo” Regime Especial (PRE) deverão este ano custar per-
problema ou seria importante reavaliar a actual po- to de 500 milhões de euros ao país. Qual a verda-
lítica energética nacional? VE – Porém, apesar do relativo sucesso das reno- deira pertinência dos subsídios actualmente exis-
ASC – Nunca se está de posse da estratégia perfei- váveis, a verdade é que esta aposta teve um pre- tentes?
ta e, sem apresentar avanços e recuos, o Governo deve ço: uma energia mais cara... Estamos realmente a ASC – O valor apontado é uma mera estimativa mas
sempre ir avaliando as estratégias definidas atendendo á pagar a electricidade mais cara para sustentar as que na minha opinião peca por estar calculado de acor-
evolução das premissas de base, mas também tendo em renováveis? do com uma metodologia definida em legislação desa-
consideração de que no sector da energia, e o da electri- ASC – No início, qualquer nova forma de actuar no justada e que não representa os verdadeiros custos da
produção clássica. Por outras palavras, o cálculo efec-
tuado para a quantidade de energia que se estima vir a
PROGRAMA SOLAR TÉRMICO DEVERIA SER RETOMADO EM 2011 ser produzida em 2010 pela PRE-Renovável, se a forma
de calcular fosse a correcta, era substancialmente infe-
Perspectivando a apresentação do sistema em que se soubesse à partida ças nas importações de combustíveis” rior ,podendo mesmo, em determinadas circunstâncias
Orçamento de Estado para 2011, a que os apoios iram diminuir ao longo que seriam necessários, por exemplo, como as verificadas em 2008, traduzir-se numa poupan-
‘Vida Económica’ desafiou o presiden- do tempo”, em vez de se deixar criar para aquecer a água “bem como no não ça para o consumidor.
te da APREN (Associação Portuguesa uma situação imprevisível em que “um pagamento de licenças de emissão de
de Energias Renováveis) a comentar a ano há, no outro não e no ano seguinte gases com efeitos de estufa”. VE – As autoridades espanholas decidiram recen-
relevância de, ao abrigo deste, ser re- nem se sabe o que será”. Já ao nível da eficiência energética, temente proceder a um corte das tarifas na área
tomado, em 2011, o Programa Solar Questionado se esta indefinição, com António Sá da Costa declinou pronun- das energias renováveis. Tendo em conta a neces-
Térmico com incentivos fiscais à insta- o avanço e recuo na implementação de ciar-se acerca da existência ou não sidade de contenção orçamental do Estado, esta
lação por parte de particulares. medidas como esta, poderia conduzir de condições económicas no OE2011 decisão poderá ser seguida, no curto prazo, em
“Certamente que sim”, afirmou Antó- a um risco de descredibilização dos para que o Governo avance, finalmen- Portugal?
nio Sá da Costa, concordando que esta incentivos perante a opinião pública, te, com a regulamentação e imple- ASC – O sistema espanhol neste aspecto é substan-
seria uma medida bem acolhida pois Sá da Costa reconheceu que este é, de mentação do PNAEE (Plano Nacional cialmente diferente do português, pelo que não exis-
este foi um programa deixou, este ano, facto, “muito grande”. de Acção para a Eficiência Energéti- te qualquer impacto nas contas do Estado se ocorrer
de estar disponível para os particula- “Em minha opinião, o apoio dado num ca), anunciado há já quase 3 anos, e qualquer alteração no sistema tarifário, pelo que não
res, passando a focar mais as Institui- programa desta natureza não é mais do ainda sem resultados concretos. Ainda é expectável qualquer alteração do Governo português
ções de Solidariedade Social (IPSS) e que um adiantamento que o Estado faz assim, o presidente da APREN deixou nesta matéria.
PME, recordou. ao país”, pois, no futuro, o mesmo Es- um alerta assegurando que, se não
Neste âmbito, este responsável suge- tado “irá receber esse apoio de volta, houver essas condições, o “principal
riu ainda poder ser implementado “um várias vezes”, traduzido em “poupan- derrotado será Portugal”. FERNANDA SILVA TEIXEIRA
fernandateixeira@vidaeconomica.pt
ENERGIA E AMBIENTE sexta-feira, 15 Outubro de 2010 III

Ventinveste investe 16 milhões


no seu primeiro parque eólico
Depois de vários atrasos no arranque do projecto, o primeiro parque eólico do consórcio Ventinveste começou já, finalmente, a
ser construído e deverá estar pronto a produzir energia até ao final de Março do próximo ano. Este é, assim, apenas o primeiro
passo de um investimento de mais de 500 milhões de euros e que prevê criação de mais de 1300 postos de trabalho e a
construção de oito parques eólicos com uma potência total de 400 MW (megawatts).
Situado em Arganil, o parque eólico de Energia e Geologia (DGEG) em 2007 e
Vale Grande, o primeiro do consórcio Ven- ganho pela Ventinveste, sendo que o pri-
tiveste, terá uma capacidade de produção meiro foi adjudicado à EDP.
de 10 MW e representará um investimento No total, a fase B deste concurso atri-
estimado em cerca de 16 milhões de euros. buiu à Vestinveste não apenas a criação de
Ultrapassados todos os obstáculos de uma potência de 400 MW, mas de mais
ordem ambiental levantados por organi- 100 MW para reserva e mais 20% de so-
zações ecologistas contribuíram para o seu brecapacidade, uma capacidade produtiva
adiamento, a construção finalmente ar- que, de acordo com o projecto aprovado,
rancou, depois de o consórcio ter fechado deverá ser distribuída por oito parques eó-
um contrato de financiamento para o seu licos, maioritariamente localizados na zona
desenvolvimento com o Banco Espírito centro do país, com uma capacidade ins-
Santo (BES), e a fase de produção tem data talada que varia entre os 10 e o 172 MW.
marcada para Março do próximo ano. A terminar, a Ventinveste informou
Segundo a informação disponibilizada ainda que todas estas unidades já estão em
pelo consórcio, o parque eólico de Vale laboração, com excepção da unidade in-
Grande vai utilizar equipamento produ- dustrial de pás, que está em fase final de
zido nas unidades industriais do cluster construção e que tem ainda a decorrer um
desenvolvido pela Ventinveste, nos dis- processo de licenciamento de outros par-
tritos de Aveiro, Viseu e do Porto. Os ques eólicos na região do Douro Sul, no
aerogeradores a utilizar são produzidos, os conversores, transformadores e gerado- traçado pelo anterior Governo, que em âmbito do seu projecto de 400 MW de
praticamente na totalidade, em território res na Efacec”, precisa. 2005 lançou os concursos para as energias energia eólica, num investimento total su-
nacional, “dando origem a um ‘cluster’ Recorde-se que o investimento do eólicas, com o objectivo de praticamen- perior a 500 milhões de euros e que criará
industrial português”, refere a empresa em consórcio, constituído pela Galp Energia te duplicar a energia produzida por esta mais de 1300 postos de trabalho.
comunicado. Assim, “as pás e nacelles são (49%), pela Martifer Renewables (46,6%), via para os dois mil MW, em três fases.
construídas na unidade da Repower em pela Repower (2,4%) e pela Efacec (2%), A segunda fase do plano corresponde ao
FERNANDA SILVA TEIXEIRA
Oliveira de Frades, as torres pela Martifer e insere-se no âmbito do plano energético concurso lançado pela Direcção Geral de fernandateixeira@vidaeconomica.pt

Produção fotovoltaica
regista crescimento
de 23%
Julho, indicam que estão já licenciados em
Portugal 125 MW de potência fotovoltaica
(número que difere do da REN, porque a
DGEG agrega também as licenças aos mi-
cro produtores).
Todavia, o ganho ambiental vem acom-
panhado de um impacto significativo nos
custos de aquisição da electricidade que é
distribuída aos consumidores finais avalia-
do em dezenas de milhões de euros. Este
défice é o resultado do diferencial entre
a tarifa de referência para o fotovoltaico,
definida administrativamente pelo gover-
no, cerca de 310 euros por megawatt-hora
(MWh), e o preço médio das transacções
grossistas de electricidade registadas no
A produção de energia solar fotovoltai- Omel (operador do segmento à vista do
ca em Portugal ultrapassou já, na primeira Mercado lbérico de Electricidade), cer-
semana de Outubro, o volume produzido ca de 35 euros por MWh. Consideran-
em todo o ano de 2009. Segundo os dados do estes valores e a produção acumulada
apresentados pela REN (Redes Energéticas ao longo destes primeiros nove meses de
Nacionais), no passado dia 5 de Outubro, 2010, o sobrecusto da produção fotovol-
a produção fotovoltaica acumulada desde taica nacional é de cerca de 38 milhões de
o início do ano atingiu 139,3 gigawatt- euros, um diferencial tarifário que está já,
hora (GWh), superando os 139 GWh que em parte, a ser repercutido nas tarifas eléc-
a REN registou em 31 de Dezembro de tricas pagas pelos portugueses. Entretanto,
2009. eventuais acertos face às estimativas com
Os dados agora divulgados represen- que o regulador da energia projectou as ta-
tam um crescimento de 23% do volume rifas de 2010 terão ainda impacto na conta
de produção energética, em comparação de electricidade dos portugueses durante o
com o mesmo período do ano passado. próximo ano.
Porém, apesar deste incremento resultar Até ao final deste ano, as centrais foto-
directamente de um aumento da potência voltaicas deverão ainda injectar mais ener-
instalada, de 64 megawatts (MW) em Se- gia limpa na rede, mas agora a um ritmo
tembro de 2009 para 81 MW agora, a ver- inferior ao dos últimos meses dadas as con-
dade é que a energia fotovoltaica tem ainda dições metereológicas menos favoráveis.
um peso residual no sistema eléctrico na- Em 2009, por exemplo, a taxa de utiliza-
cional, respondendo, este ano, por apenas ção da potência fotovoltaica foi de 29%
0,35% do consumo nacional, face a 0,28% em Setembro e desceu nos meses seguintes,
no último ano. Refira-se entretanto que as caindo para 11% em Dezembro.
últimas estatísticas da Direcção-Geral de FERNANDA SILVA TEIXEIRA
Energia e Geologia (DGEG), relativas a fernandateixeira@vidaeconomica.com
IV sexta-feira, 15 Outubro de 2010 ENERGIA E AMBIENTE

Empresas nacionais testam


tecnologias de aproveitamento solar
Depois de uma selecção provi- grande potencial”, refere Miguel
sória, realizada entre os 87 pedi- Matias. Porém, os que “mais in-
dos de informação prévia (PIP) teressam ao país e que têm que
submetidos, a Direcção-Geral ser prioritariamente apoiados”
de Energia e Geologia (DGEG) são aqueles que poderão possi-
aprovou 15 novos projectos para bilitar a “criação de indústrias
centrais de energia solar. Os pro- em Portugal, com tecnologia e
jectos representam um total de patentes próprias, com investi-
34,5 MW e estão repartidos entre gação nacional e que se destinam
sistemas de energia fotovoltaica a exportar não só o produto mas
de concentração (CPV) e ener- também a inteligência”, sublinha
gia termoeléctrica (CSP), numa Pedro Falcão e Cunha.
aposta governamental clara nas
novas tecnologias que assegurem Projecto da WS Energia
um futuro competitivo nesta avançará “em Portugal ou
área. Interpelados pela ‘Vida Eco- noutro país”
nómica’, os representantes das
empresas Self Energy, WS Ener- Ainda que reconhecendo que
gia e Magpower foram unânimes esta é “umas das melhores inicia-
ao reconhecer a importância des- tivas na área da energia dos últi-
te programa. mos anos”, a WS Energia não foi
“É, evidentemente, de aplau- contemplada na atribuição destas
dir”, sintetiza Pedro Falcão e licenças. Questionado acerca da
Cunha. Recordando o esforço razão pale qual não foi aprovado
desenvolvido na última década qualquer projecto, João Wemans,
ao nível da energia eólica, que administrador da empresa, reafir-
permitiu sermos hoje “reconhe- ma que, por parte da WS Ener-
cidamente líderes nessa forma de gia, “o processo ainda não está
produção de energia”, o Presiden- fechado” e que a questão deve ser
te do Conselho de Administração colocada à DGEG pois foi esta a
da Magpower afirma ser agora entidade que tomou a decisão so- é posta em causa”. “Estamos, de Dificuldades tos de pé”, adianta o empresário
“altura de avançar no solar, onde bre os projectos. momento, pendentes de analisar de financiamento salientando que os “4 a 5 milhões
Portugal é o país mais beneficiado De facto, a única informação o desfecho final deste projecto condicionam projectos de euros” em causa em cada pro-
da Europa”. recebida pela empresa refere que, para podermos tomar uma de- jecto não lhe parecem “uma soma
Também para Miguel Matias, “devido à afluência de pedidos de cisão definitiva” contudo, sendo Todavia, a actual crise econó- exorbitante” sobretudo porque
director-geral do grupo Self Ener- PIP ter sido superior à esperada, que o projecto “tem de ser exe- mica e financeira poderá colocar são projectos “com risco limitado
gy este é um “importante passo apenas alguns projectos seriam cutado de uma maneira ou de algumas dificuldades ao nível do e rentabilidades adequadas”.
que permitirá a Portugal manter- seleccionados”, esclarece este outra” a WS Energia está já a financiamento destes projectos. Já o responsável da Self Energy
se entre os principais players da responsável. A reacção, “dentro equacionar todas as hipóteses al- Ainda que estes sejam “projectos está mais optimista. “Penso ser
indústria de energias renováveis”, das formas legais que o concurso ternativas, “inclusive deslocalizar economicamente equilibrados e baixa” a probabilidade de estes
nomeadamente, no segmento das prevê”, não tardou e a empresas este projecto e investimentos de com tarifas adequadas aos inves- projectos não saírem do papel, na
“tecnologias emergentes de ener- pediu já explicações à DGEG I+D para outro país”. timentos associados” o presidente medida em que as licenças foram
gia solar”. argumentando “ser pertinente a Este é um projecto “estratégico do Conselho de Administração da “repartidas entre várias empresas
O contributo de cada um des- selecção” do seu projecto. e vital para a empresa” e irá ser Magpower reconhece que a reali- que pretenderão demonstrar as
tes projectos para a área de in- Questionado acerca das prin- iniciado “sem falta antes do final dade é que os bancos, para além suas capacidades e tomar a lide-
vestigação irá variar com o grau cipais consequências, quer em de 2011”. “Com o sem o PIP, em da actual falta de liquidez, “têm rança neste sector”. No entanto,
de envolvimento de parceiros termos económicos, quer em ter- Portugal ou noutro país”, esta é sempre enorme aversão a apoiar ressalva, tudo “dependerá igual-
técnicos e de I+D nacionais. O mos de desenvolvimento futuro, uma imposição da estratégia em- tecnologias pouco testadas, como mente das condições tarifárias e
grande objectivo comum de to- da não atribuição de licença ao presa depois de “termos já investi- é, por definição, o presente caso”. de financiamento que existirem
dos eles é o de “proporcionar o projecto, o empresário admite do mais de 1 milhão de euros em “Vamos ver se alguns dos con- para os concretizar”.
desenvolvimento de um clus- que, em termos internos, “é uma I+D neste campo”, remata João correntes conseguirão ultrapassar FERNANDA SILVA TEIXEIRA
ter neste sector emergente e de estratégia de mais de 4 anos que Wemans. estas dificuldades e pôr os projec- farnandateixeira@vidaeconomica.pt

Self Energy descentraliza Magpower simplifica produto WS Energia aposta


pequenas potências No caso do projecto da Magpower, correspondente ao nos preços competitivos
PIP a instalar em Setúbal com 1MW, a empresa prevê ape-
Após ter visto a sua candidatura aprovada pela Direc- nas fornecer a tecnologia, sendo que o investimento é da Apresentada durante o último certame Portugal Tecno-
ção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), a Self Energy responsabilidade do promotor, neste caso, a Sapec. lógico, no final do passado mês de Setembro, a nova gama
prepara-se para avançar com a instalação em Odelouca, “A nossa tecnologia foi escolhida por vários investido- de produtos fotovoltaicos de concentração HSUN, da WS
Silves, de uma central com capacidade de 1 MW baseada res concorrentes aos PIP (pedidos de informação prévia), Energia promete, segundo a empresa, “pela primeira vez,
na tecnologia de discos solares. A instalação dos 50 discos sendo vencedora a proposta apresentada pela Sapec que, produzir electricidade a preços competitivos com a rede
solares decorrerá por fases, mediante a análise do compor- esperamos, arrancará a muito curto prazo”, afirma Pedro eléctrica”.
tamento dos dois primeiros protótipos, de 20 KW cada Falcão e Cunha, um dos quatro accionistas da empresa. Desenvolvida inteiramente pela equipa de Investigação e
um, e prolongar-se-á até 2011. O novo sistema para produção de energia eléctrica a par- Desenvolvimento da WS Energia, o segredo da tecnologia
Segundo os responsáveis pela empresa, a principal mais- tir do sol utiliza células de tripla-junção originalmente de- HSUN para a diminuição do preço da energia baseia-se na
valia da sua tecnologia é a eficiência energética. A empresa senvolvidas para a indústria espacial com uma “eficiência redução em 95% e optimização das células solares, que são
estima, para o projecto em causa, “uma eficiência na or- muito superior à tecnologia clássica de silício”, permitindo substituídas por espelhos de alta reflectividade, também
dem dos 26 a 28%, podendo em certos casos chegar aos assim “oferecer aos promotores rentabilidades muito inte- especialmente desenvolvidos para aplicação nesta tecnolo-
30%”, comparativamente aos “colectores tradicionais que ressantes”. O segredo está na “simplicidade do produto”, gia. Desta forma, esta gama de produtos procura “abrir
têm eficiências de 20%, no máximo”. explica este responsável. portas ao mercado das energias renováveis” de forma a
Comparativamente a outros projectos, a tecnologia “A Magpower constitui assim um exemplo de um pro- “competir directamente com o mercado dos recursos fós-
da Self Energy, baseada no sistema de stirling dish, “tem jecto 100% português, criador de emprego, potenciador seis”, admite João Wemans.
como principal mais-valia a capacidade de poder ser apli- de uma indústria nacional fortemente exportadora e que Segundo a empresa, mais de 50 mil unidades da tecno-
cável a pequenas potências e de forma descentralizada”, consolidará a imagem de Portugal como líder nas tecnolo- logia HSUN encontram-se reservadas pela Volkswagen
quando a maioria das tecnologias concorrentes necessitam gias de ponta em energias renováveis», frisa Pedro Falcão Autoeuropa, evidenciando assim a grande receptividade
de potências muito superiores para serem viáveis. Por esta e Cunha. e interesse do mercado, tanto nacional como internacio-
razão, esta “tecnologia poderá evoluir para poder mesmo Situada no Cacém, a unidade de produção está em fase nal.
servir habitações ou pequenas vilas em zonas de países em final de automatização e terá uma capacidade de produção Ao nível do financiamento, o projecto obteve a aprova-
desenvolvimento, com potenciais reduções a médio prazo de 50MW/ano dentro de três meses. Todos os investimen- ção e o apoio do Programa Operacional Regional de Lis-
de custo e de eficiência global face à tecnologia solar foto- tos estão realizados ou comprometidos e a fase de testes e boa, co-financiado pelo FEDER, num investimento total
voltaica”, explica Miguel Matias. certificação dos produtos está já terminada. de 800 mil euros.
FST FST FST
ENERGIA E AMBIENTE sexta-feira, 15 Outubro de 2010 V

Luís Mira Amaral, presidente do banco BIC Portugal, denuncia

“Lóbi eólico está sentado


à mesa dos consumidores”
É consensual que Portugal vive um grande problema de dependência energética mas
serão as renováveis, por si só, a solução para este problema? Ou o nuclear, a mais
polémica das formas conhecidas de produção de energia, poderá ser uma solução a
considerar? Existirá, de facto, um “poderosíssimo lóbi eólico” do qual “o país está
prisioneiro”, como defende Luís Mira Amaral. Ou, face aos “bons contributos da parte
das energias renováveis”, “não há lugar em Portugal para uma central nuclear”, como
defendem António Sá da Costa e Eduardo Oliveira Fernandes.
“Até agora temos estado sujeitos ao pensamento único eco- Da mesma forma, Oliveira Fernandes salienta ainda que Discussão pública tem ou não existido?
tópico (ecologia + utopia)” que se concretizou num “podero- “a energia nuclear não responde a nenhum dos critérios” de
síssimo lóbi eólico que está sentado à mesa dos consumidores condições de eficiência, respeito pelo ambiente ou boa gestão. Questionado acerca da ausência de uma verdadeira discus-
de electricidade” e cuja “insaciável ganância nos quer deixar A realidade de outros países demonstra que as unidades “têm são pública sobre esta matéria, Luís Mira Amaral devolve a
aprisionados apenas à energia eólica”. É com esta afirmação potências demasiado elevadas” e que, por isso, “uma central pergunta e interroga: “se em nenhuma área se tem feito uma
peremptória que Luís Mira Amaral, presidente do banco BIC dessas não é passível de ser inserida no sistema electroprodutor discussão séria sobre os nossos problemas, porque é que tal iria
Portugal, comenta a existência ou não de condições de base nacional sem prejudicar a eficiência do sistema”. Tal instalação acontecer na energia?”
em Portugal para poder ser equacionada a construção de uma “seria uma catástrofe” para a segurança e a economia de um Já Eduardo Oliveira Fernandes e António Sá da Costa re-
central nuclear. sistema electroprodutor periférico como o nacional e “produz futam esta denúncia e argumentam que a discussão “não tem
Recordando um recente relatório da REN que apontava enormes quantidades de perdas de calor que são difíceis de ge- faltado” nem “tem estado adiada. Tem sido feita em vários se-
que, apesar dos esforços de eficiência energética e de inves- rir sem causar danos ao ambiente”, refere o docente da FEUP. minários e conferências” e que a “conclusão tem sido sempre a
timentos nas renováveis, o país precisaria de novas centrais mesma: não há lugar em Portugal para uma central nuclear”.
térmicas a carvão e a gás natural, o ex-ministro da Indústria “Renováveis tornaram-se num mero instrumento Neste âmbito, o presidente da APREN lembra que o “Go-
e Energia do governo de Cavaco Silva refere que “é nessa de propaganda política” verno actual já disse a mesma coisa” e que os “defensores do
componente térmica que se deveria discutir a energia nuclear, nuclear não se conformam e voltam sempre à carga” dizendo
como alternativa ao carvão e gás natural”, pois “as eólicas, só Ainda assim, ambas as partes reconhecem que existem sem- que não houve debate. “Eles é que não se conformam com a
por si, pela sua volatilidade e intermitência, não conseguem pre, “como em tudo na vida”, inconvenientes. Desvantagens resposta e querem sempre voltar à carga”, reafirma.
satisfazer a procura de electricidade em Portugal”. “Tal como tais como o custo do “sistema de segurança que seria necessário Reforçando esta argumentação, o professor da FEUP lem-
aconteceu em Agosto passado, em que não havia vento mas fe- instalar para prevenir os riscos contemporâneos, já que os ris- bro que o que “não há é um estudo sólido, depois do PEN
lizmente havia carvão e gás natural”, exemplifica Mira Amaral. cos intergeracionais ninguém os quer, ou pode, contabilizar” e (Plano Energético Nacional) de 1984 sobre o quadro macro
outros que muitas vezes, “nem sequer são fáceis de quantificar, da energia em Portugal” e que “se lançarem a discussão com
Central nuclear não seria uma boa opção para a saúde, para o ambiente em geral”, alerta o docente da base num estudo sério, então poderá haver um debate”, ainda
FEUP. A este respeito, “os vendedores da energia nuclear su- que os “resultados serão óbvios pela negativa”, remata.
Ao invés, para António Sá e Costa e Eduardo Oliveira gerem que se fizesse um contrato com o sistema de segurança Recusando qualquer razão ideológica de base, pois “a energia
Fernandes a eventual instalação de uma central nuclear em espanhol. Está claro, não?”, questiona ironicamente Oliveira eléctrica de origem nuclear espanhola ou francesa, importada
Portugal não seria, “por muitas razões”, uma boa opção para Fernandes. quando necessário, é tão boa como qualquer outra”, Oliveira
diminuir a dependência energética do país, nomeadamente Na resposta, Mira Amaral lembra que como os espanhóis Fernandes defende que “o nuclear não tem mais lugar em Por-
pela “necessidade de importar também o combustível para já têm centrais nucleares, “já sofremos em Portugal os riscos tugal”, pois as “fontes renováveis demonstraram, claramente,
essa central”. Abstendo-se de se alongar nos comentários, o das centrais espanholas”, por isso “há que discutir agora as a sua relevância”. Adicionalmente, “o fim da imbecilidade/
presidente da APREN (Associação Portuguesa de Energias possíveis vantagens”. No entanto, reconhece o economista, há covardia de ter preços políticos na electricidade, usada por
Renováveis) prevê, para os próximos 20 anos, haver excesso que, previamente, “criar condições para se discutir o problema muitos de forma abusiva e inapropriada, e a eficiência energé-
de capacidade de produção de electricidade face à evolução do energético português de forma séria e responsável”. tica levarão a que os consumos da electricidade se mantenham
consumo, pelo que uma central nuclear “só agravaria o pro- Ainda que a divisão entre defensores e opositores exista em com crescimentos moderados”, diluindo qualquer necessidade
blema”. todo o mundo, sendo “perfeitamente natural que também de recurso ao nuclear.
“Hoje, dito com mais clareza ainda do que em 1984 pelo exista em Portugal”, o que acontece é que “para o Governo, “Portugal escolheu definitivamente em 2001 o caminho da
Governo de Mário Soares”, reforça o professor da Faculdade as energias renováveis tornaram-se num mero instrumento de suavidade energética” e tem condições para continuar com o
de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), a resposta propaganda política”, sem fundamentação técnica e sem ra- consumo de “gás natural como fóssil limpo de transição”. Por
a uma eventual instalação de uma central nuclear em Portugal cionalidade económica, e por isso “o Governo alinha com o isso, interroga o docente da FEUP” quem quer perturbar o
“é definitivamente não”. No entender do docente, a depen- lóbi eólico”. Na verdade, lamenta o presidente do banco BIC, que está a funcionar bem?”
dência energética externa é “dominantemente de combustí- “o país está prisioneiro, nesta matéria, da propaganda política
veis para os transportes” e uma central nuclear “‘só’ produz do Governo, do fundamentalismo do lóbi eólico e de alguns
electricidade”, segmento onde estão já comprovados os “bons formadores de opinião que nos jornais ‘acham’ isto e aquilo
FERNANDA SILVA TEIXEIRA
contributos da parte das energias renováveis”. sobre a energia, mas sem saberem o que dizem”. fernandateixeira@vidaeconomica.pt

Intervenientes

LUIS MIRA AMARAL, BANCO BIC ANTÓNIO SÁ DA COSTA, APREN EDUARDO OLIVEIRA FERNANDES, FEUP

“Há que criar condições para se discutir o problema “Não, por muitas razões incluindo o facto de o combustível “A resposta é definitivamente não. Hoje, dito com mais
energético português de forma séria e responsável, pois para essa central também vir do estrangeiro”. Além do clareza ainda do que em 1984 foi dito pelo Governo de Mário
até agora temos estado sujeitos ao pensamento único mais, “prevê-se que para os próximos 20 anos haver Soares. (…) O nuclear não tem mais lugar em Portugal.
ecotópico (ecologia + utopia) que se concretizou num excesso de capacidade de produção de electricidade face As fontes renováveis demonstraram claramente a sua
poderosíssimo lóbi eólico que está sentado à mesa dos á evolução do consumo, pelo que uma central nuclear só relevância”. “Mais discussão pública? Discussão não tem
consumidores de electricidade e cuja insaciável ganância agravaria o problema”. “Esta discussão não tem estado faltado. (…) O que não há é um estudo sólido, depois do
nos quer deixar aprisionados apenas à energia eólica”. adiada, tem sido feita em vários seminários e conferências PEN (Plano Energético Nacional) de 1984 sobre o quadro
“Se em nenhuma área se tem feito uma discussão séria e a resposta tem sido sempre a mesma: não há lugar em macro da energia em Portugal. Se lançarem a discussão com
sobre os nossos problemas, porque é que tal iria acontecer Portugal para uma central nuclear”. base num estudo sério, então poderá haver um debate cujos
na energia? O país está prisioneiro nesta matéria da “O Governo actual já disse a mesma coisa, contudo os resultados serão óbvios pela negativa”.
propaganda política do Governo, do fundamentalismo do defensores do nuclear não se conformam e voltam sempre “A racionalidade energética, incluindo o fim da imbecilidade/
lóbi eólico e de alguns formadores de opinião que nos à carga dizendo que não houve debate, eles é que não covardia políticas de ter preços políticos na electricidade,
jornais “acham” isto e aquilo sobre a energia, mas sem se conformam com a resposta e querem sempre voltar á (…) e a eficiência energética levarão a que os consumos da
saberem o que dizem”. carga”. electricidade se mantenham com crescimentos moderados”.
VI sexta-feira, 15 Outubro de 2010 ENERGIA E AMBIENTE
Sea for Life e Generg apresentam tecnologia inovadora

Novos projectos de energia


das ondas ensaiados em Óbidos
A energia das ondas é tema em Portugal desde há cerca de 20 anos
porém, os projectos-piloto nas águas nacionais somam já os dedos
de uma mão, mas tendem a não passar dessa mesma fase inicial de
testes.
Os sistemas sucedem-se, com turbinas, bóias e flutuadores,
em diferentes localizações, sejam elas costeiras, perto da costa
ou oceânicas, e empresas como a Sea for Life e o consórcio
Standpoint, onde participa a Generg, são apenas as mais recentes
a apresentar as suas propostas.
Não há dúvidas que o potencial português é muito interessante, a
profundidade é a ideal e o consumo está muito concentrado junto
à costa, mas muito há ainda a fazer, até porque não parece que vá
haver uma tecnologia única, como no caso da eólica.
A Sea for Life apresentou no início deste investidor que queira ser nosso parceiro no
mês, em Óbidos, uma inovadora tecno- projecto”.
logia de produção de energia a partir das Até ao momento, e durante os últimos
ondas do mar. O projecto WEGA (Wave dois anos, o sistema foi testado em dois
Energy Gravitational Absorber) está ainda tanques de geração de ondas nas instala-
em fase de testes mas é já considerado ino- ções da empresa em Gaeiras, concelho de
vador “pela capacidade de produzir energia Óbidos, e os responsáveis acreditam ter “fi-
sem ter qualquer movimento mecânico na nalmente conseguido chegar ao desenvol-
água” afirmou Jorge Rodrigues, responsá- vimento de um projecto de nova geração
vel da empresa. poderá vir a ser bastante promissor”.
Composto por um corpo suspenso ar- A Sea for Life está já “a desenvolver con- local na costa portuguesa para a instalação essencial ter o local definido  em Novem-
ticulado, semi-submerso, o dispositivo tactos com empresas” para dar o próximo do seu conversor  da energia das ondas. bro”, salientou Ricardo Jesus, secretário-
poderá ser instalado em offshore, a maior passo, que será “colocar um modelo de O investimento em causa é de 8,1 mi- geral da Generg.
distância da costa e maior profundidade, estudo do WEGA no mar”, numa zona lhões de euros, dos quais 5,1 milhões O sistema de aproveitamento energético
ou nearshore, mais próximo da costa e a perto da costa ainda a designar, garantiu correspondem a fundos comunitários, e a a partir do movimento das ondas do mar
menores profundidades, e deverá, segundo o empresário. decisão de localização definida terá que ser que será utilizado tem por base um conver-
as estimativas mais recentes, produzir “en- tomada até final de Novembro, de forma a sor WEC (Wave Energy Convertor), que
tre 100 a 150 kW de energia”. Generg define local de instalação permitir cumprir o calendário predefinido a Wavebob está  a desenvolver há 10 anos
Segundo explicou Jorge Rodrigues, o de protótipo ou projecto corre o risco de sair do país. na Irlanda  e já conta com testes de mar
sistema agora apresentado distingue-se A escolha do local é fundamental para o desde 2006, mas agora o  protótipo que se
“pela durabilidade em condições tão ad- Também o consórcio europeu Stand- êxito do projecto, sendo a zona piloto cria- pretende instalar na costa portuguesa será
versas como as que existem no mar”, pois point, liderado pela irlandesa Wavebob e  da pelo Governo, perto da Nazaré, a pre- à escala real e o objectivo é testá-lo durante
o facto de não ter movimentos mecânicos em que participa também o grupo portu- ferida. Mas “uma segunda zona, perto do um ano.
submersos “diminui o risco para qualquer guês Generg, está a finalizar a  escolha do FERNANDA SILVA TEIXEIRA
Porto,  está também a ser estudada, pois é fernandateixeira@vidaeconomica.pt

EDUARDO
DE OLIVEIRA
FERNANDES
Professor da FEUP
A energia (eléctrica) em Portugal
A
energia é indispensável à vida, ao do aquecimento global por aumento da gador deveria integrar todos esses custos, tamente, funções de fornecedores do calor.
bem-estar e à criação da riqueza. concentração do CO2 na Atmosfera. mas sabemos bem que não, porque se vive Chegados aqui, ao distinguir entre usos
Por outro lado, todo o recurso ener- O que se deixa acima é o da situação co- numa sociedade de ‘batota’ com aparência específicos da electricidade e usos de calor,
gético é um recurso natural e, por isso, é mum da utilização dos recursos energéticos de séria, com reguladores, governantes e estamos a chamar à colação os cidadãos,
parte do ambiente, incluindo os próprios naturais, sol, vento, fluxos de água, biomas- agências nacionais e internacionais espe- ditos consumidores – que designação mais
combustíveis fósseis como o petróleo ou o sa (lenha) e, aqui e ali, alguma geotermia cializadas, no caso europeu desde a Agên- imbecil e ofensiva! – para lhes dizer que,
carvão. natural que o homem foi captando como cia Europeia do Ambiente, a OECDE e a sendo tudo energia, as energias existentes
É a exploração dos recursos energéticos, pode ao longo de milénios até que, numa AIE., todas a jogar o jogo. no mercado adequam-se melhor a uns
vide o caso das barragens de armazenagem, verruga da história, com base nas máquinas No nosso caso, é notável a situação do serviços (não é por acaso que a ERSE se
a exemplo da extracção de qualquer re- térmicas (a vapor e motor de combustão custo da electricidade, que provém de chama Entidade Reguladora dos Serviços
curso natural como a das matérias-primas interna) queimando combustíveis baratos, queimas de combustíveis com baixas efici- de Energia) do que a outros. Como na co-
inertes na Serra da Arrábida, que pode co- lançou a era industrial que permitiria criar ências e com grande poder de emissão de zinha há a possibilidade de escolha entre
locar problemas ambientais. Mas não é só uma civilização de bem-estar e de criação de poluentes, e aparece no mercado a preço diversos vegetais, ainda que todos se cha-
a exploração dos recursos. Também causa riqueza mas também, consumista, energívo- que, segundo certas modalidades de tarifá- mem vegetais, também entre as energias ao
problemas a conversão dos recursos ener- ra e insensível ao ambiente. rio, quase compete com o gás natural para nível da casa de cada um deve haver a pos-
géticos como o que se passa nas centrais Interessante é que se esteja a falar de fins de calor. O preço político que radica na sibilidade de escolha entre várias formas
térmicas em que mais de metade da ener- recursos, de crescimento económico e de leveza da irresponsabilidade leva à criação de energia ainda que todas sejam energia.
gia contida nos combustíveis queimados bem-estar e que a economia não tenha sido do chamado deficit tarifário, irmão menor Para isso, é importante o sinal do preço,
não é aproveitada e se perde no meio am- capaz, em paralelo, ainda hoje, de criar um de tantos deficits que, só por isso, parece sinal que artificialmente é mantido baixo
biente sob a forma de poluição intensa, lo- sistema de contabilidade que tenha em não incomodar. Só que a electricidade com no caso da electricidade.
cal e global. E ainda é causa de problemas conta, quantifique e incorpore na econo- preços reais daria o sinal ao utente de que Num país assim, não é fácil ter-se um
ambientais a utilização da energia, quando mia moderna os custos ambientais, as ex- teria que a usar com mais racionalidade – comportamento de cidadão do Mundo,
se queimam directamente combustíveis ternalidades negativas da cadeia energética nem sequer se diz moderação – para os fins civilizado e responsável pelo aquecimen-
fósseis de proximidade em casa, no carro, qualquer que ela seja, os prejuízos de toda a específicos da iluminação artificial, equipa- to global e pelas alterações climáticas e
etc., contribuindo para a caricata situação ordem que estão associados à exploração, à mentos, electrónica, informação, etc., dei- abrem-se as portas ao desgoverno, aos abu-
de crónica condição de má qualidade do ar conversão até à utilização da energia. xando a outros vectores energéticos como sos e ao reino da asneira, nomeadamente,
no ambiente urbano e, ainda, a novidade No limite o princípio do poluidor pa- ao gás natural, à biomassa e ao Sol, direc- em matéria de energia.
ENERGIA E AMBIENTE sexta-feira, 15 Outubro de 2010 VII

Alexandre Fernandes, director-geral da Adene, afirma

“Precisamos de continuar a trabalhar


a eficiência energética nos edifícios”
O Plano Nacional de Acção para a Eficiência Energética (PNAEE) está em curso e tem
como primeiro horizonte o ano de 2015. Os resultados alcançados estão ainda a cerca
de “um quinto do objectivo delineado” mas já permitiram alcançar uma “redução da
intensidade energética nacional de cerca de 300 mil teps” (toneladas equivalentes de
petróleo), refere Alexandre Fernandes.
Em entrevista à ‘Vida Económica’, o director-geral da Adene – Agência para a Energia
assegura que a adesão dos diferentes agentes de negócio tem sido “muito boa” e revela
estar convicto que a meta de certificação de 475 mil edifícios até 2015 será “largamente
superada”. Ainda assim, Alexandre Fernandes afirma ser necessário “continuar a trabalhar
a eficiência energética nos edifícios” de forma a reduzir significativamente a factura
energética nacional.
VE - Que tipo de instrumentos políticos e económicos consumo e de eficiência energética, forem implementadas pelo
adicionais devem ser promovidos? proprietário da habitação. Se estas forem respeitadas, as pou-
AF – Neste momento há um bom pacote de incentivos, que panças energéticas podem variar, normalmente, entre 15% e,
devem ser aproveitados tanto por particulares como empresas. em alguns casos mais ambiciosos, os 30%. O que quer dizer
É uma questão de estes serem aproveitados. Diria mesmo que, que o investimento tem um período de retorno relativamente
nesta fase, não há necessidade de considerar muito mais ao ní- rápido, entre os cinco e os sete anos. Prazo esse que pode ser
vel benefícios. O país vive uma situação difícil ao nível orça- encurtado através da majoração possibilitada pelos benefícios
“O certificado representa um valor acrescentado para quem vai adquirir fiscais entretanto disponibilizados.
a habitação”, salienta Alexandre Fernandes.
mental, o que exige uma maior contenção. Por isso, devemos
aproveitar o que existe e manter sempre o espírito aberto para
incorporar novas ideias. Mas o grande desafio agora é aprovei- VE - Estarão os compradores e arrendatários portu-
Vida Económica - Quais os resultados, até ao pre- tar, quer por parte das empresas, quer por parte dos particula- gueses preparados para valorizar a questão da certifica-
sente momento, do programa do Plano Nacional de res, o que está criado. ção energética, como factor de decisão na escolha da
Acção para a Eficiência Energética (PNAEE)? sua habitação?
Alexandre Fernandes – Em relação aos resultados de 2009 VE - Como tem sido encarado o processo de certifi- AF – Segundo um recente estudo de mercado realizado pela
estes permitem-nos ter já alcançados uma redução da intensi- cação dos edifícios pelos diversos agentes de negócio? Marktest, onde procuravam verificar qual o impacto do certifi-
dade energética nacional de cerca de 300 mil teps (toneladas AF – Eu diria que bem. O sector da construção, assim como cado energético na decisão da escolha de uma habitação, con-
equivalentes de petróleo). Neste momento, este valor corres- o sector imobiliário têm sido parceiros fundamentais neste pro- cluiu que a valorização é de cerca de 10 a 12% acima do valor
ponde a ter já cumprido cerca de um quinto do objectivo deli- jecto. Há uma adesão muito grande no sector da construção, da de mercado.
neado para 2015. A este ritmo, contamos ultrapassar as metas promoção imobiliária àquilo que são às áreas da certificação e as O estudo demonstra ainda que esta valorização reflecte-se
definidas. Como termo de comparação, as poupanças energé- mensagens que esta acarreta. O sector bancário e financeiro tam- depois, na prática, numa menor factura energética pelo que
ticas que tivemos até agora equivalem ao consumo de energia bém tem contribuído de uma forma excelente para essa dinâmi- o maior custo inicial será recuperado a médio prazo. O certi-
entre a auto-estrada Lisboa-Porto durante um ano, ou, então, ca, pois, hoje em dia, fazer um contrato de venda ou hipoteca, ficado representa ainda um valor acrescentado para quem vai
se quisermos, à venda de combustível nos postos de abasteci- para alguém que recorra à banca, é impossível sem a existência adquirir a habitação.
mento na auto-estrada Lisboa-Porto durante dois anos. do certificado energético. Por isso, diria que há uma adesão mui-
to boa. Já nas áreas mais normativas, como os notários, câmaras VE - Existe na opinião pública uma certa desvalori-
VE - Ainda assim, e apesar do esforço depositado municipais, e outros serviços públicos, existe uma excelente rela- zação da certificação, que encara esta como um mero
na implementação desta estratégia, Portugal continua ção, embora, reconheço, haja sempre pontos a melhorar. acto administrativo, sobretudo para os edifícios já exis-
na segunda metade da tabela em termos de eficiência tentes?
energética na Europa. Porquê? Certificação energética representa poupança mé- AF – O certificado, se não estiver como deve estar, eu diria
AF – Em termos de intensidade energética, a economia na- dia de 15 a 30% que, de facto, aí o consumidor pode ter razão. Se o certificado
cional não é das melhores, mas também não estamos na cauda apenas indicar qual a classe energética da casa e não indicar de
da Europa. A nossa ambição é liderar a tabela, mas estamos, VE - Quais os custos decorrentes de um normal pro- forma clara e sucinta as medidas recomendadas de melhoria do
neste momento, a meio da tabela. cesso de certificação habitacional? comportamento energético, terão toda a razão em considerar a
AF – Pode constituir um encargo entre um e dois euros o certificação como um acto meramente administrativo.
VE - E o que é necessário fazer para alcançar melho- metro quadrado. Este é normalmente o valor de referência, Mesmo no caso de se tratar de um projecto de reabilitação
res resultados? mas em casos excepcionais pode chegar aos três euros. ,deverá existir um estudo ou projecto prévio que permita ao
AF – Precisamos de continuar a trabalhar a eficiência ener- proprietário implementar as devidas acções de melhoria do
gética nos edifícios, a progredir na área de microprodução e VE - E qual a poupança média estimada na factura comportamento energético desta casa. Se isto ocorrer, não te-
na produção descentralizada ao ritmo dos últimos tempos, e a energética? nho dúvidas que este será um documento de valor acrescenta-
apostar na área dos transportes, como é o caso da mobilidade AF – O certificado per si não traz nenhuma poupança ener- do para qualquer proprietário.
eléctrica, onde somos uma referência a nível europeu. gética, só conduz a uma poupança energética se as medidas
FERNANDA SILVA TEIXEIRA
Temos ainda que apostar na substituição do modo rodoviá- que lá estão sugeridas, que são um conjunto de indicações de fernandateixeira@vidaeconomica.pt
rio pelo ferroviário, incentivando a transferência de passageiros
do sector de transporte rodoviário para o sector ferroviário, por
exemplo através do incremento dos sistemas de metros de su- OS TRÊS PILARES DA CERTIFICAÇÃO ENERGÉTICA
perfície, quer no Porto quer noutras cidades do país.
O Sistema Nacional de Certificação Energética da Qua- impondo limites aos consumos energéticos da habitação
lidade do Ar Interior nos Edifícios (SCE) é um dos três para climatização e produção de águas quentes, num claro
VE - E em relação ao transporte de mercadorias? pilares sobre os quais assenta a nova legislação relativa incentivo à utilização de sistemas eficientes e de fontes
AF – Sim, também aí necessitamos de começar a ter uma à qualidade térmica dos edifícios em Portugal e que se energéticas com menor impacte em termos de consumo
maior ambição. Em Portugal continuamos a privilegiar o trans- pretende venha a proporcionar economias significativas de de energia primária. A nova legislação determina também
porte de mercadorias por via rodoviária, quando a maior parte energia para o país em geral e para os utilizadores dos a obrigatoriedade da instalação de colectores solares e va-
da Europa o faz por via ferroviária. Esse é um campo que temos edifícios, em particular. loriza a utilização de outras fontes de energia renovável na
muito que melhorar mas em que teremos que ter a participação Juntamente com os diplomas que vieram rever o Regula- determinação do desempenho energético do edifício.
do sector empresarial e também do sector público. mento das Características de Comportamento Térmico dos O RSECE veio igualmente definir um conjunto de re-
Edifícios (RCCTE), aplicável neste âmbito aos edifícios de quisitos aplicáveis a edifícios de serviços e de habitação
habitação e o Regulamento dos Sistemas Energéticos e de dotados sistemas de climatização, os quais, para além dos
Meta de certificação habitacional “
Climatização dos Edifícios (RSECE), aplicável neste âmbi- aspectos da qualidade da envolvente e da limitação dos
vai ser largamente superada” to aos edifícios de serviços, o SCE define regras e métodos consumos energéticos, abrangem também a eficiência e
para verificação da aplicação efectiva destes regulamentos manutenção dos sistemas de climatização dos edifícios.
VE - O PNAEE define como objectivo a certificação de às novas edificações, bem como, numa fase posterior, aos A aplicação destes regulamentos deve ser verificada em
475 mil edifícios até 2015. Será possível atingir tal meta? imóveis já construídos. várias etapas ao longo do tempo de vida de um edifício,
AF – Aí, somos pouco ambiciosos. Até ao momento já cer- Assim, o RCCTE veio estabelecer requisitos de qualida- sendo essa verificação realizada, no âmbito do SCE, por
tificámos cerca de 300 mil edifícios. Por isso, certamente que de para os novos edifícios de habitação e de pequenos peritos devidamente qualificados para o efeito.
serviços sem sistemas de climatização, nomeadamente FST
essa meta vai ser largamente superada.
VIII sexta-feira, 15 Outubro de 2010 ENERGIA E AMBIENTE
Apesar de obrigatória desde 1 de Janeiro de 2009

Dúvidas subsistem ao nível


da certificação energética
Ainda que o Sistema de Certificação cionado novamente,
Energética (SCE) decorra desde 2006, ape- a menos que tenha
nas desde de 1 de Janeiro de 2009, quando efectuado melhorias
passou a ser obrigatória a emissão dos cer- na sua habitação e
tificados energéticos sempre que se avance as queira ver reflec-
para a construção, venda ou arrendamen- tidas no certificado
to de uma habitação, é que a preocupação da mesma. Tenha
com a eficiência energética dos edifícios em apenas em atenção
Portugal começou que, no caso de um
verdadeiramente a prédio, cada frac-
instalar-se. Porém, ção deverá ter o
são muitas as dú- seu certificado,
vidas que subsistem pelo que o cer-
entre proprietários tificado de uma
e locatários quanto
à responsabilida-
de, obrigatoriedade,
âmbito e custos da
certificação energéti-
ca.
Na prática, com a
entrada em vigor des-
ta lei, que não é mais
do que atribuir uma
categoria energética aos
edifícios, à semelhança
do que sucede já com os
electrodomésticos, por
exemplo, se um proprietá-
rio não possuir o certifica-
do, não pode transaccionar
o seu imóvel.
Porém, o documento é
uma mais-valia para o futu-
ro proprietário, pois fornece
uma análise da qualidade tér- con-
mica do imóvel, permitindo fixa,
que correspon- junta de
o conhecimento antecipado um edifício
do seu desempenho energé- dente à taxa de registo cujo
valor foi definido em 45 euros, para frac- multifamiliar, com soluções
tico através da atribuição de construtivas comuns e fracções muito idên-
classe de desempenho energé- ções de habitação, e 250 euros, para fracções
de serviços; e uma parcela variável, associada ticas. Ainda assim, e como referência inicial
tico, também designada por fracção e apenas com carácter indicativo, o custo da
etiqueta de eficiência energética, não é valido para o aos honorários do perito qualificado e que
deve ser acordada entre este o proprietário certificação poderá variar entre 1 e 3 euros
variando entre A+ (alta eficiência) e prédio inteiro. por metro quadrado de área útil, mais taxa
G (baixa eficiência). que contracta os seus serviços.
Nesta parcela, para além dos aspectos mais de registo.
Para além disso, dá-nos ainda a possibili- Prédios devolutos e em ruínas e Por último, em relação aos apoios à
dade de conhecer algumas medidas para me- lojas de porta aberta escapam à ligados à experiência e forma de trabalhar do
perito qualificado, há outros factores que de- certificação, estão definidos incentivos em
lhoria desse desempenho, acompanhadas de obrigatoriedade sede de IRS, nomeadamente um acréscimo
respectivo custo e benefício, possibilitando verão ser tidos em conta e que fazem variar
o preço cobrado pelo especialista, nomeada- de 10% nas deduções à colecta dos encargos
conhecer antecipadamente a sua viabilidade Pelos motivos óbvios, os prédios devolutos relacionados com juros e amortizações de dí-
económica. Ainda assim, apesar de o certifi- e em ruínas são únicas excepções à obriga- mente: o facto de se tratar de um edifício de
habitação ou de serviços, pois os edifícios de vidas contraídas com a aquisição, construção
cado oferecer tais medidas, não é obrigatória toriedade da existência de certificado ener- ou beneficiação de imóveis, bem como com
a implementação das mesmas, visto terem gético aquando da transacção de edifícios serviços têm um conjunto maior de variáveis
para análise; se é um edifício novo ou exis- prestações devidas em resultado de contratos
um carácter facultativo. habitacionais. Já nos serviços, as lojas em celebrados com cooperativas de habitação ou
que confirmadamente se verifiquem as con- tente, dado que o nível de detalhe de análise
regulamentar nos edifícios novos é normal- no âmbito do regime de compras em grupo,
Proprietários e promotores são dições previstas para que sejam consideradas para a aquisição de imóveis e importâncias
responsáveis pelo pedido de de porta aberta, estão isentas de certificação, mente mais exigente e, por isso, mais caro; a
complexidade do edifício e dos seus sistemas, suportadas a título de renda pelo arrendatá-
certificação tanto nos edifícios novos como em existen- rio para habitação permanente, no caso de
tes. Neste âmbito, para que uma loja possa que acarretam uma maior exigência de análi-
se; e o grau de repetição da análise, pois have- imóveis classificados na categoria A ou A+.
Em termos de responsabilidade, a incum- ser considerada de porta aberta para efeitos FERNANDA SILVA TEIXEIRA
bência do pedido do certificado é dos pro- de verificação regulamentar e aplicação do rá uma natural economia de escala na análise fernandateixeira@vidaeconomica.pt

motores ou proprietários do imóvel e o pra- SCE, devem ser verificadas cumulativamen-


zo de validade do mesmo é de 10 anos para te as seguintes condições: que a loja, por im-
edifícios de habitação e entre 2 e 10 para pedimentos de ordem técnica ou de nature- PEQUENOS CONSELHOS PRÁTICOS
edifícios de serviços, estando dependente za legal, não pode ser dotada de sistemas de Se estiver em vias de realizar uma tran- Apesar de ainda não estar completa-
da necessidade de auditoria e da sua perio- climatização e que a loja está, na totalidade sacção, tome em atenção o seguinte: mente embrenhado no seio da população
dicidade. Ou seja, se for proprietário de um do seu tempo de funcionamento, em aber- O primeiro passo será entrar em con- portuguesa, opte por uma habitação mais
imóvel e estiver a pensar vender ou arrendar tura franca e permanente para o exterior. tacto com o perito qualificado para pedir eficiente do ponto de vista energético
o seu imóvel, deve solicitar a certificação o certificado. No site da ADENE poderá pois, no futuro, poderá vir a ser penaliza-
energética e de qualidade do ar interior da Preços são variáveis em função do consultar a lista de peritos qualificados de do se a categoria for muito baixa.
sua habitação. Para tal, deve consultar a lis- mercado acordo com o seu Distrito e Concelho. Se é proprietário, siga os conselhos do
ta das empresas e peritos qualificados para Se estiver a celebrar um contrato de técnico que realizou a certificação para
realizarem essa certificação, disponibilizada Mas, afinal, quanto custa a certificação promessa de compra e venda, por exem- tornar o edifício mais eficiente.
pela Adene, entidade responsável pela gestão energética de um edifício ou fracção autóno- plo, certifique-se que o vendedor já pos- Se é comprador, tente perceber, no
fiscalização de todo o processo do processo ma? Essa é, normalmente, a pergunta mais sui o certificado para evitar problemas na caso de não ser uma habitação de cate-
de certificação a nível nacional. ouvida. No entanto, o preço não está tabela- data da escritura. Se for o vendedor, trate goria A, quais os conselhos dados pelo
Enquanto o certificado estiver dentro do do. Varia em função do respectivo mercado. do pedido o mais rapidamente possível técnico que realizou a certificação, para
seu prazo de validade, não é necessário pedir Apenas está definido que o mesmo é compos- pois terá de o apresentar na data da es- tornar o edifício mais eficiente e quais os
critura. custos envolvidos.
um novo, mesmo que o imóvel seja transac- to por duas parcelas distintas: uma parcela FST

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