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Manual de bolso da tcpCO2

Autoria: Consultora Científica Annette Melhedegaard Thomsen,


Radiometer Medical ApS.

Participação: Prof. Dr. Konrad E. Bloch, Universitäts Spital Zürich.

Com o contributo de Kevin Bage, Radiometer LTD, Franz von Wirth,


Radiometer GmbH e Phil Lazzara, Radiometer America Inc.

Copyright © 2013 Radiometer Medical ApS, Dinamarca.


O conteúdo deste manual pode ser reproduzido se a fonte for citada.

Impresso na Dinamarca pela Radiometer Medical ApS,


Åkandevej 21, 2700 Brønshøj, Dinamarca, 2013.

ISBN 978-87-91026-09-6
939-620. 201310A.

www.radiometer.pt

0459

Dados sujeitos a alterações sem aviso prévio.


Radiometer, o logótipo da Radiometer, ABL, AQT, TCM, RADIANCE, AQURE,
PICO, CLINITUBES e QUALICHECK são marcas registadas da Radiometer
Medical ApS.
Introdução à monitorização transcutânea
Monitorização das tcpCO²/tcpO² . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
Metodologia TC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Medição combinada das tcpCO² e SpO² . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Indicações gerais para as medições TC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Escolha dos locais de medição .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
Escolha da temperatura de medição. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

Aplicações da monitorização transcutânea


Neonatologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Pediatria .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Bloco operatório, unidades de cuidados intensivos e de
cuidados intermédios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Sedação consciente durante a cirurgia de diagnóstico . . . . . . . . . 50
Laboratórios ou enfermarias de medicina pulmonar/respiratória . 54
Laboratórios do sono .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
Hospitais e laboratórios veterinários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

Uso dos monitores TCM4/40, TCM TOSCA e


TCM CombiM
Estrutura dos menus dos monitores TCM4/40/TOSCA/CombiM . 70
Breves instruções dos monitores TCM4/40, TCM TOSCA e
TCM CombiM .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Como aplicar o sensor TC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
Calibração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
Limpeza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
Manutenção do sensor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
Lista de abreviaturas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

Técnicas complementares
Escolha do local de aplicação e temperatura do sensor . . . . . . . . 101
Introdução à monitorização
transcutânea
As técnicas de medição do dióxido de carbono e do oxigénio
transcutâneos começaram a ser desenvolvidas na década de
1970. Desde então, os grandes avanços verificados traduzem-
se em melhorias significativas na tecnologia e nas aplicações
práticas. Atualmente, a monitorização da tensão dos gases
transcutâneos é valiosa não só para o estado respiratório e
ventilatório dos neonatos, como também é extremamente
importante para os cuidados ventilatórios das crianças e dos
adultos com insuficiência respiratória crónica. Este progresso
acompanhou a evolução dos cuidados hospitalares. A tendên-
cia manifesta-se em duas direções: no sentido de um aumento
da aplicação da ventilação não invasiva em situação aguda e a
longo prazo, e no sentido do uso mais frequente de técnicas
4 como a ventilação a jato de alta frequência (VJAF), a venti-
lação oscilatória de alta frequência (VOAF), e outras modali-
dades terapêuticas inovadoras para os cuidados agudos. Jun-
tas, estas mudanças conduziram ao aumento da necessidade
de prestar uma atenção constante ao estado do dióxido de
carbono (CO2). A monitorização transcutânea do CO2 vai ao
encontro destes requisitos de forma não invasiva.

Este manual de bolso é, principalmente, um guia para a moni-


torização transcutânea do dióxido de carbono (tcpCO2) numa
perspetiva clínica. No entanto, visto que por vezes, para os
mesmos pacientes, a monitorização transcutânea do oxigé-
nio (tcpO2) também é relevante (por exemplo, para os recém-
nascidos a receber oxigénio), este guia também contém infor-
mação sobre este parâmetro. Para informação mais detalhada
sobre a monitorização da tcpO2 em pacientes com doença
arterial periférica (DAP), como a isquemia crítica, por favor,
consulte o “Manual de bolso da tcpO2”. [*]
A técnica de medição da saturação do oxigénio por oximetria
de pulso (SpO2) também se descreve visto que é usada comu-
mente em combinação com a tcpCO2 e por vezes também
com a monitorização da tcpO2.

Este manual de bolso baseia-se em literatura científica e nos


manuais do utilizador dos monitores TCM da Radiometer.
Segundo conclusões de estudos clínicos, o manual apresenta
sugestões por categorias de pacientes em que se pode usar a
monitorização TC.

As referências encontram-se no final de cada tema. Para uma


informação mais detalhada sobre questões técnicas e reso-
lução de ocorrências nos monitores transcutâneos, por favor
consulte os manuais do utilizador destes produtos.

Todas as secções contêm páginas em branco para que o leitor


possa adicionar notas ou fazer as alterações necessárias ao 5
cumprimento dos regulamentos e procedimentos locais.

Nota: A validade de todos os resultados de medição tem


de ser cuidadosamente examinada por um clínico/profis-
sional de saúde e relacionada com a situação clínica do
paciente antes de serem tomadas quaisquer decisões
clínicas com base nesses resultados.

* Thomsen A, Wirth FV, Bryde-Jacobsen J. The tcpO2 handbook.


Radiometer Medical ApS, Åkandevej 21, 2700 Brønshøj, Denmark, 2003.
Edição portuguesa: Manual de bolso da tcpO2, 2012.
Monitorização das tcpCO2/tcpO2

Monitorização contínua não invasiva


O controlo dos pacientes com doenças respiratórias e cardio-
vasculares submetidos a processos anestésicos e cirúrgicos é
feito pela vigilância do estado do oxigénio e do dióxido de car-
bono. A hipercapnia e a hipoxia podem resultar em acidose,
requerendo tratamento; se não forem detetadas, estas podem
levar a acidose, hipercalemia, depressão miocárdica, arritmias,
hipertensão ou hipotensão arteriais, hipertensão intracrani-
ana, narcose e lesões nos órgãos. A hipocapnia e a hiperoxia
também podem ter efeitos adversos ou mesmo graves no cé-
rebro e outros órgãos devido à vulnerabilidade das células e
dos órgãos às alterações no pH do sangue e à dependência
de oxigénio. A monitorização transcutânea contínua e não in-
vasiva do dióxido de carbono e do oxigénio pode ser feita de
várias maneiras e em diferentes combinações:
6
• tcpCO2
• tcpO2
• SpO2
• tcpCO2 + tcpO2
• tcpCO2 + SpO2
• tcpCO2 + tcpO2 + SpO2
Medição transcutânea do dióxido de carbono
e do oxigénio
A monitorização transcutânea do dióxido de carbono e do
oxigénio é uma forma não invasiva de medir continuamente
a tensão destes gases na pele. Um sensor combinado dos
tipos Clark e Severinghaus, também chamando Stow-Sever-
inghaus*, é aplicado na pele e aquecido. O calor emitido pelo
sensor dilata os capilares que estão por baixo e aumenta a
difusão de gases através da estrutura lipídica da pele, per-
mitindo, assim, que o dióxido de carbono e o oxigénio se di-
fundam até 20 vezes mais rapidamente dos capilares através
da pele para o sensor. O oxigénio gera uma corrente e o
dióxido de carbono um potencial no sensor.

Estes sinais são convertidos pelo monitor e são apresentados


no ecrã como os valores de tcpCO2 e tcpO2.

*Na literatura, o sensor de pCO2 é normalmente conhecido como sensor tipo


Severinghaus. No entanto, Richard Stow tinha originalmente inventado e descrito
a técnica de medição de gases em 1954. Mais tarde nesse ano, Leland C. Clark
Jr. concebeu um sensor de gases no sangue arterial para pO2. Em 1958, John
W. Severinghaus desenvolveu um equipamento completo para gases no sangue
ao combinar a sua versão mais prática do sensor de Stow para a pCO2 com o
sensor de Clark para a pO2. É esta a razão pela qual o sensor de pCO2 também é
conhecido pelo nome de sensor de Stow-Severinghaus. Dietrich Lübbers, Albert e
Renata Huch demonstraram, com Patrich Eberhard, em 1972, que ao aquecer a
pele até 42 ºC a 45 °C se provoca uma vasodilatação que faz com que o valor da
pO2 da superfície cutânea esteja razoavelmente perto do da PaO2, especialmente
nos recém-nascidos. Posteriormente, desenvolveu-se também o sensor transcutâ-
neo de pCO2 que foi introduzido no mercado no início da década de 1980 [1].
O sensor aplicado na pele

CO2 O2
O2
CO2
CO2 O2

O2 CO2
O2

O2
Terminação Terminação
arterial capilar O2 CO2 venosa capilar
O2
CO2
CO2

8
FIG. 1: Monitorização transcutânea (TC) da pCO2/O2
O calor do sensor faz dilatar os capilares e aumentar o fluxo de sangue local e a
difusão de CO2/O2 através da pele para o sensor. As tcpCO2/tcpO2 são medidas
eletroquimicamente dentro do sensor.

São as tcpCO2/tcpO2 idênticas aos gases no sangue arterial?


É errado considerar que as tcpCO2/tcpO2 são o mesmo que
os gases no sangue arterial. A finalidade da monitorização
transcutânea das tensões gasosas é obter informação sobre
a situação cardiorrespiratória do paciente sem ser necessário
estar repetidamente a colher amostras de sangue para análise.
Contudo, a pressão parcial transcutânea do oxigénio reflete
o nível de pO2 da camada dérmica subjacente que é influen-
ciado não só pela pO2 arterial, mas também depende do fluxo
sanguíneo local, da libertação de oxigénio da hemoglobina
e do metabolismo cutâneo. A pele viva irá sempre consumir
algum oxigénio e por isso a tcpO2 irá ser sempre inferior à
pO2 arterial, independentemente da temperatura de medição
do sensor.
Calor
Metabolismo Produção
oxigénio dióxido carbono

O2: CO2:
92 mmHg 59 mmHg

O2: CO2:
145 mmHg 55 mmHg

O2: CO2:
100 mmHg 40 mmHg

FIG. 2: Exemplo dos diferentes níveis de gases do sangue para os tecidos


Ilustração do conteúdo fisiológico de oxigénio e dióxido de carbono em indivíduos
saudáveis, nas arteríolas, capilares e células cutâneas, quando o calor do sensor
TC dilata os capilares e aumenta o fluxo sanguíneo local. Fazendo parte da reação
metabólica, há o consumo de algum oxigénio e uma produção adicional de dióxido
de carbono.

Da mesma maneira, a pCO2 dérmica medida por um sen-


sor transcutâneo é determinada não só pela PaCO2 arterial,
como também é influenciada pelo fluxo de sangue local e 9
pelo metabolismo da pele. A adição de pCO2 do metabolismo
celular está dependente da temperatura; esta influência é
minimizada pela aplicação de uma constante específica para a
temperatura e de um fator metabólico. No entanto, existirão
sempre algumas diferenças entre o valor da tcpCO2 e a tensão
do dióxido de carbono no sangue arterial. Geralmente, o valor
da tcpCO2 é superior ao da PaCO2 [2,3].

As tcpCO2/tcpO2 medem as pCO2/pO2 cutâneas


A monitorização das tcpCO2/tcpO2 é um método fácil e não
invasivo que reflete as tendências das alterações dos gases no
sangue arterial. Permite fazer a avaliação da oxigenação e da
eliminação do dióxido de carbono dos tecidos através do sis-
tema cardiopulmonar. Esta informação pode ser um indicador
da necessidade de uma punção arterial [4].
Metodologia das medições TC

Medição da pressão parcial do dióxido de carbono


A medição da tcpCO2 é, na realidade, a medição do pH. A
pCO2 da pele difunde-se através da membrana do sensor para
uma solução eletrolítica onde reage com a água, formando
ácido carbónico que imediatamente se dissocia em HCO3- e
H+ de acordo com a seguinte equação:

H2O + CO2DH2CO3DH+ + HCO3-

Como o HCO3- na solução eletrolítica é mantido num nível


fixo, as alterações na concentração do H+ serão sempre equi-
valentes às alterações no pH. Estas alterações no pH mudam
a voltagem entre o sensor de vidro e o de referência. O pH
medido é convertido numa leitura do dióxido de carbono pela
equação de Henderson-Hasselbalch e é apresentado como o
10 valor da tcpCO2 expresso em mmHg ou kPa [5,6]

Medição do oxigénio
O oxigénio cutâneo passa através da membrana do sensor e
atinge o cátodo de platina. Aí é reduzido em resultado do
processo de geração de corrente:

O2 + 2H2O + 4e-  4OH-

O anel de prata que rodeia o cátodo de platina é o ânodo


onde se dá a seguinte reação de oxidação:

4Ag + 4Cl-  4AgCl + 4e-

A redução do oxigénio gera uma corrente que é convertida


pelo monitor numa voltagem e num valor digitalizado da
tcpO2 expresso em mmHg ou kPa [5,6].
Notas

11

1. Severinghaus JW, Astrup P, and Murray JF. Blood gas analysis and critical
care medicine. Am J Respir Crit Care Med. 1998; vol. 157; nr. 4: 114-22.
2. Wimberley PD, Frederiksen PS, Witt-Hansen J. et al. Evaluation of a trans-
cutaneous oxygen and carbon dioxide monitor in a neonatal intensive care
department. Acta Paediatr Scand 1985; 74: 352-59.
3. Wimberley PD, Pedersen KG, Olsson J. et al. Transcutaneous carbon dioxide
and oxygen tension measured at different temperatures in healthy adults.
Clin Chem 1985; 31, 10: 1611-15.
4. Hill KM, Klein DG. Transcutaneous carbon dioxide monitoring. Crit Care
Nurs Clin N Am 2006; 18: 211-15.
5. Larsen J, Linnet N. tc 110: Solid state transcutaneous combined pO2/pCO2
sensor. Radiometer A/S, Denmark 1990 (ISBN 87-88138-283)
6. TOSCA 500 Operating Manual. Radiometer Basel AG, Radiometer Medical
ApS. 2006; Publ. No: 520.81001/3 – issued Jan. Part No.: 520 0910
Medições combinadas de tcpCO2 e SpO2

Sensor combinado de tcpCO2 e SpO2


A oximetria de pulso fornece informação instantânea e con-
tínua sobre a saturação de oxigénio e a frequência do pulso.
No entanto, não indica a quantidade de hemoglobina dis-
ponível no sangue. A medição da saturação de oxigénio é
usada frequentemente com a tcpCO2 visto que se comple-
mentam, proporcionando uma perspetiva mais alargada do
estado dos gases no sangue do paciente. A oximetria de pulso
é muito bem aceite por ser não invasiva, fácil de usar e barata.
Também é considerada fácil de interpretar, embora a técnica
tenha determinadas limitações que é importante considerar
de maneira a obter uma monitorização ótima.

Metodologia da SpO2
Um sensor oxímetro de pulso contém, tipicamente, dois dío-
12 dos emissores de luz (LED), um de luz vermelha e outro de
luz infravermelha. A luz passa através do tecido irrigado com
sangue para um fotodetetor no outro lado do dedo, do lóbulo
da orelha, do pé ou de um dedo do pé, ou é refletida pelos
ossos e outras estruturas. Quanto mais sangue existir a ab-
sorver a luz no momento da medição, menos luz atinge o
fotodetetor [7].

A imagem da próxima página mostra uma medição espectro-


fotométrica do sangue com a sobreposição das luzes vermelha
(660 nm) e infravermelha (900 nm). Os dois picos de absorção
representam a hemoglobina oxigenada (O2Hb) e desoxigena-
da (HHb).

Porque a O2Hb absorve menos luz vermelha que infraverme-


lha, o fluxo de sangue por baixo do sensor com saturações
elevadas influencia menos o sinal vermelho detetado que o
sinal infravermelho. Com saturações baixas, a situação é a in-
versa e é absorvida muito mais luz vermelha que infravermelha.
Assim, a saturação do oxigénio arterial pode ser derivada
do rácio da absorção das luzes vermelha e infravermelha. As
medições de SpO2 indicam quanto oxigénio está na altura li-
gado à hemoglobina disponível no sangue, mas não mostram
a concentração de hemoglobina ou de disemoglobina. Por
isso, a SpO2 pode nem sempre mostrar o estado real da oxi-
genação do sangue [8].

Espectro Espectro
LED Vermelho LED IV

13

600 700 800 900 1000

Comprimento onda

FIG. 3: Espectro da luz LED emitida


Sobreposição de espectros típica da luz LED emitida e espectro da absorção
relativa da luz da hemoglobina oxigenada e desoxigenada. A linha roxa tracejada
indica o espectro do sangue saturado a 50 %, com a absorvência relativa do
vermelho e do infravermelho indicada pelos círculos pretos. Imagem e texto reim-
pressos com a permissão da Nellcor Puritan Bennett Inc. Pleasanton, Califórnia [8].
Relação entre SpO2 e pO2
A curva de dissociação do oxigénio descreve a relação entre
a pressão parcial do oxigénio (pO2) e a saturação do oxigénio
(SpO2) em condições padrão (Fig. 4).

Esta relação pode ser usada com algumas restrições para esti-
mar a pO2 a partir da SpO2. A posição da curva de dissociação
é, contudo, desviada quer para a esquerda, quer para a di-
reita, por alterações no pH, na temperatura, no 2,3 DPG, no
nível da pCO2 e pela presença de disemoglobinas.

Um estudo realizado em várias instituições sobre estas


variáveis resultou na curva da Fig. 5. Ao ler a saturação de
oxigénio nesta curva, com a PaO2 de 8 kPa (60 mmHg), o
valor correspondente da SpO2 está entre 69,7 % e 99,4
%. Com o nível de SpO2 de 90 %, o valor da PaO2 está
entre 3,82 e 18,3 kPa (29 e 137 mmHg). Para além desta
14 inexatidão em alguns pacientes, também é importante
estar consciente de que com a SpO2 não é possível dife-
renciar a hipoxemia causada por ventilação/perfusão anó-
mala da hipoxemia causada por hipoventilação alveolar.
Estes exemplos ilustram o facto de a saturação do oxigénio
nem sempre proporcionar uma estimativa precisa das hipo
e hiperoxia. No entanto, para o transporte de oxigénio,
a técnica da saturação de oxigénio, em conjunto com a
medição da hemoglobina, é bastante importante [9,10].
sO2

0.9
0.8
0.7
0.6
0.5
0.4
0.3
p50
0.2
0.1 pO2
20 40 60 80 mmHg
0 2 4 6 8 10 12 kPa

FIG. 4: Pressão parcial do oxigénio vs. saturação


Curva de Dissociação do Oxigénio. A p50 definida como a pressão parcial do
oxigénio a metade da saturação, sO2 = 50 %

sO2

1.0 15
0.9
0.8
0.7
0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0.0 pO2kPa
0 5 10 15 20 25

FIG. 5: Pressão parcial do oxigénio vs. saturação


A curva obtida com um estudo realizado em várias instituições mostra a pressão
parcial do oxigénio vs. a saturação medidas em 10 079 amostras de sangue
arterial [9].
Bias na SpO2 devido ao movimento e ao nível de pig-
mentação da pele
O efeito do movimento é muitas vezes um problema para
a oximetria de pulso, podendo originar leituras ou alarmes
falsos. Um estudo que comparou as sondas de saturação de
dedo e o número de alarmes falsos mostrou que se verificaram
significativamente menos alarmes falsos com o dedo médio
em comparação com as medições feitas no indicador, que é o
dedo mais usado como local de medição.

As medições da SpO2 também podem apresentar leituras er-


róneas devido à elevada pigmentação da pele do paciente ou
ao verniz das unhas. Alguns sensores podem mesmo apresen-
tar um pequeno bias nas medições em mulheres. Além disto,
a fixação correta do sensor é muito importante para garantir
uma interação ótima entre o tecido e a luz e assim realizar
medições fiáveis [11,12,].
16
Sensores de lóbulo de orelha vs. sensores de SpO2 de
dedo
Um estudo mostrou que um sensor combinado de tcpCO2/
SpO2 de lóbulo de orelha deteta alterações na saturação do
oxigénio significativamente antes do sensor de SpO2 de dedo.
Isto pode ser explicado pela diferença no tempo da circulação
entre pulmões-orelha e pulmões-dedo, e pelas diferenças na
vascularização do tecido monitorizado. A técnica de proces-
samento do sinal e o uso de um sensor aquecido também
afetam o tempo de resposta da oximetria de pulso. Outros
estudos mostraram que o lóbulo da orelha é menos afetado
pela vasoconstrição sistémica, o que também faz dele um
bom local para a medição do dióxido de carbono transcutâ-
neo [13,14,15,16,17].
100

90

80

70
18 O2 %/min
60
28 O2 %/min
1min
50
tcpCO2/SpO2 combinadas
SpO2 dedo padrão

FIG. 6: Tempo de resposta da SpO2


O tempo de resposta de um sensor aquecido combinado de tcpCO2/SpO2 de
lóbulo de orelha é mais curto que o de uma sonda não aquecida de dedo. Assim,
a deteção pelo sensor de lóbulo de orelha do início e do fim da dessaturação
acontece 20-30 segundos antes, sendo a amplitude obtida quase duas vezes
superior, indicando uma maior especificidade. Isto é importante para pacientes
com alterações rápidas e transitórias na SpO2, como por exemplo, na apneia
do sono. Não é só o número de eventos de dessaturação, mas também o grau
desses eventos que se correlaciona com o enfraquecimento da função cognitiva e
com complicações cardiovasculares. Um tempo de resposta curto é fundamental
para a deteção rápida das alterações na saturação de oxigénio [15]. 17
Sensor combinado de tcpCO2/SpO2
O sensor combinado de tcpCO2/SpO2 ilustrado em seguida
dá uma informação rápida sobre estes parâmetros juntamente
com a frequência do pulso.
LEDs
fotodíodo

capilares arterializados
artérias
lóbulo da orelha
veias
pinça de fixação

FIG. 7: Sensor de tcpCO2/SpO2


As tcpCO2/SpO2 são medidas por um sensor de lóbulo de orelha aplicado numa
pinça. A técnica é uma combinação da técnica TC apresentada em cima com
a medição espectrofotométrica da oximetria de pulso. Este sensor TC contém
uma proteção em ouro que resguarda a membrana, permitindo, assim, que o
sensor faça medições fiáveis durante até 14 dias sem ser necessário substituir a
membrana. A temperatura de medição recomendada é de 42 °C.

18

A SpO2 é bem aceite devido ao caráter não invasivo do mé-


todo, por ser fácil de usar e barata, sendo que ao considerar
as limitações desta técnica, os resultados são fáceis de inter-
pretar. A medição da SpO2 em combinação com a tcpCO2
proporciona uma estimativa contínua da saturação do oxigé-
nio arterial e da frequência de pulso do paciente, junto com
informação sobre a pressão parcial do dióxido de carbono na
pele e, consequentemente, sobre a capacidade de captação
de oxigénio e eliminação de dióxido de carbono do sistema
cardiopulmonar. Em conjunto, dão informação válida sobre o
estado cardiorrespiratório do paciente, funcionando como um
adjuvante na tomada de decisão sobre os cuidados a prestar.
Notas

7. Haymond S. Oxygen saturation; a guide to laboratory assessment. Clinical


Laboratory News 2006; Feb: 10-12. Reprint on the AACC website: www.
aacc.org; Clinical Laboratory News; Series Articles.
8. Nellcor Puritan Bennett Inc. A technology overview of the Nellcor oximax
pulse oximetry system. Web information.
19
9. Gøthgen IH, Siggaard-Andersen O, Kokholm G. Variations in the hemo-
globin-oxygen dissociation curve in 10,079 arterial blood samples. Scand J
Clin Invest 1990; 50, suppl. 203: 87-90.
10. Poets CF. Pulse oximetry vs. transcutaneous monitoring in neonates: practi-
cal aspects. www.bloodgas.org 2003; October: Neonatology.
11. Richards NM, Giuliano KK, Jones GJ. A prospective comparison of 3 new-
generation pulse oximetry devices during ambulation after open heart
surgery. Respiratory Care 2006; 51, 1: 29-35.
12. Poets CF, Stebbens VA: Detection of movement artefact in recorded pulse
oximeter saturation. European Journal of Pediatrics 1997; 156, 10: 808-11.
13. Hickson VM, Mathews GR. Pulse oximeter sensor accuracy. Poster presenta-
tion from the ISAMOV 2007 conference (15-17 Mars 2007 Duke University,
Durham, North Carolina).
14. Senn O, Clarenbach CF, Kaplan V et al. Monitoring carbon dioxide tension
and arterial oxygen saturation by a single earlobe sensor in patients with
critical illness or sleep apnea. Chest 2005; 128, 1291-96.
15. Bloch KE. Tosca – selected case reports. Adipositas-hypoventilation syn-
drome. 2005; Patient 1: Figure 2: 5. (Linde Medical Sensors AG, Austrasse
25, Ch-4051 Basel, Switzerland)
16. Jablonka DH, Aymen A, Stout RG. What is the optimum site to measure the
effect of spontaneous ventilation on the pulse oximeters waveform? ASA
annual meeting abstracts 2004; A-191.
17. Awad AA, Stout RG, Ghobashy AM. Analysis of the ear pulse oximeter wave-
form. Journal of Clinical Monitoring and Computing 2006; 20, 3: 174-84.
Indicações gerais para a medição TC

Aplicação prática
O local ideal para a medição TC é uma zona da pele sobre uma
camada capilar homogénea sem grandes veias nem cicatrizes
ou pilosidade. A aplicação do sensor diretamente sobre um
osso ou uma cicatriz pode originar resultados erróneos devido
à perfusão deficiente dessas áreas. O edema grave também
pode levar a resultados não fiáveis devido à redução do fluxo
sanguíneo causada pela compressão dos capilares e a um
percurso de difusão maior. Para mais informação, consulte a
secção sobre os locais de medição na página 26.

O sensor
O sensor tem de estar em contacto com a pele através de um
meio líquido ou em gel para evitar a formação de bias com o
ar atmosférico entre o tecido e o sensor. Se existirem bolhas de
20 ar, estas afetarão a medição, resultando em níveis de oxigénio
muito altos e de dióxido de carbono muito baixos. Para mais
informação, consulte a secção sobre como aplicar um sensor
TC na página 78.

Iniciar uma monitorização TC implica algum tempo


de estabilização do sensor
Demora cerca de 3-7 minutos depois do sensor ter sido apli-
cado na pele até os valores de tcpCO2 estabilizarem, podendo
demorar mais 10-17 minutos até se obter valores de tcpO2
fiáveis. Pré-aquecer a pele pode reduzir este tempo para 3-6
e 5-16 minutos, respetivamente. As tcpCO2/tcpO2 são con-
sideradas estáveis quando os valores TC, com o paciente em
situação estável, não variarem mais de cerca de ± 2 mmHg (±
0,25 kPa) no intervalo de 1 minuto.
Tempo de atraso e de resposta da tcpCO2
Um estudo realizado com indivíduos saudáveis avaliou a du-
ração do atraso da tcpCO2 e definiu-o como “o tempo que vai
desde o início de uma intervenção ao estado dos gases até à
resposta inicial do sensor”. O tempo médio de atraso para a
tcpCO2 durante a hipercapnia foi de 16,8 ± 1,3 seg. Quando
os indivíduos recomeçaram a respirar ar ambiente a partir da
hipercapnia, o tempo médio de atraso foi de 14,2 ± 1,4 seg.

O tempo de resposta pode ser definido como o tempo desde


o início de uma intervenção ao estado dos gases até à resposta
máxima (100 %) do sensor. O tempo de resposta até aos 90
% foi de 77,9 ± 6,7 seg. O tempo de resposta da tcpCO2 é
mais reduzido quando comparado com o da tcpO2. É muito
provável que isto se deva a um débito cardíaco aumentado
induzido pela hipercapnia, pela perfusão capilar e pela difusão
mais rápida do dióxido de carbono através da epiderme [18].
21

mmHg 90%
pCO2
80
pCO2 alveolar
Tempo de tcpCO2
70 registo

60

50

40

30

20
0 50 100 150 200 250 Tempo (seg.)

Tempo de atraso

Tempo de resposta

FIG. 8: Tempo de atraso e de resposta da tcpCO2


Luz UV
As medições da tcpCO2 e da SpO2 podem ser afetadas pela
luz brilhante das lâmpadas UV, como as usadas com recém-
nascidos com icterícia submetidos a fototerapia. Alguns sen-
sores estão melhor protegidos da luz UV do que outros, no
entanto, recomendamos uma proteção adicional [19].

Ressonância Magnética
Para minimizar o risco de um campo eletromagnético interferir
22 na medição TC, o monitor TC tem de estar sempre colocado
a uma distância segura do equipamento de RM. Consulte o
manual do utilizador dos TCM para calcular o comprimento
relevante da extensão do cabo do sensor para a medição TC
durante a realização da RM.

Vasoconstrição
Não existe consenso sobre a fiabilidade das tcpCO2/tcpO2 no
caso da vasoconstrição epidérmica causada por agentes vaso-
constritores, toxinas nos pacientes com sépsis, hipotermia ou
elevada resistência vascular cutânea, como se vê nos pacientes
com hipotensão hipovolémica ou cardiogénica e com débito
cardíaco baixo. Alguns estudos documentaram que substâncias
vasoativas como dopamina, tolazolina, isoproterenol, nitroprus-
siato, aminofilina, hidralazina, epinefrina, dobutamina, fenile-
frina e norepinefrina não afetam as medições das tcpCO2/
tcpO2 [20,21,22, 23].
Num estudo coexistente, que confirma que as catecolaminas
referidas não afetam as medições TC, os autores concluem
que "contudo, em casos de vasoconstrição profunda da pele
ou choque, a correlação entre a tcpCO2 e a PaCO2 é baixa*”.
Nestas situações, uma tcpO2 baixa pode ser o primeiro aviso
do desenvolvimento de um choque hipotenso [22,24*,25].

Tem-se visto que fumar e mascar pastilhas de nicotina faz de-


crescer o valor da tcpO2 durante até 50 minutos, embora a
tcpCO2 não seja afetada [26].

Temperatura da pele
Tem-se observado um bias relativamente grande da tcpCO2
para a PaCO2 em situações de hipotermia definidas como pa-
cientes com temperatura retal inferior a 36 °C (97 °F) [24].

Índice de massa corporal


Nalguns estudos suspeitou-se que a espessura da pele dos 23
adultos severamente obesos afeta a permeabilidade da di-
fusão do dióxido de carbono e a vasodilatação dos capilares
situados por baixo do elemento de aquecimento do sensor
TC. No entanto, vários estudos confirmaram que a tcpCO2
não é influenciada pelo índice de massa corporal, pelo con-
trário, verificou-se que a tcpCO2 era a mesma em indivíduos
obesos e magros [21,22,27].

Pigmentação
A medição das tcpCO2/tcpO2 baseia-se na medição ele-
troquímica da difusão de dióxido de carbono e de oxigénio
através da pele. Como a técnica TC não usa a luz, ao contrário
do que acontece com a medição da SpO2, pode ser usada
em pacientes de todas as raças sem que haja qualquer bias
causado por diferentes níveis de pigmentação da pele [21].
A idade influencia a respiração
O processo de envelhecimento está associado ao aumento do
risco de hipercapnia por insuficiência respiratória nos pacientes
com pneumonia, insuficiência cardíaca congestiva ou exacer-
bação da doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC). O au-
mento da PaCO2 pode estar relacionado com a diminuição da
força dos músculos respiratórios e do desempenho do sistema
respiratório relativos à idade, e com uma resposta mais fraca
do centro respiratório, entre outros. Um estudo sobre a tcp-
CO2 realizado com doentes com problemas respiratórios com
idades entre 66-97 anos mostrou uma grande correlação entre
a PaCO2 e um bias baixo. Os autores dizem que “o limite de
acordo era compatível com o uso clínico (8,3-8,5 mmHg/1,1
kPa)”. Verificou-se também que o calor (43°C) era bem tolerado
pelos pacientes mais idosos, mesmo após até 8 horas de registo
no mesmo local de medição [27].

24 Fator de correção na TC neonatal


Alguns médicos recomendam que o fator de correção meta-
bólico no monitor TC seja alterado do valor padrão de –4 ou –5
mmHg (–0,5 ou –0,65 kPa) para –8 ou –10 mmHg (–1 ou –1,3
kPa) nas medições neonatais devido à estrutura da pele das cri-
anças. Esta diferença na pele das crianças é também a razão
pela qual o dióxido de carbono transcutâneo e, especialmente,
o oxigénio transcutâneo apresentam uma correlação PaCO2/O2
muito superior nos recém-nascidos do que nos adultos.

Condições de operação
Recomendam-se condições padrão para obter resultados
fiáveis:
• Temperatura ambiente entre 5-40 °C
• Humidade relativa entre 20-80 %.
Notas

25
18. Kesten S, Chapman KR, Rebuck AS. Response characteristics of a dual transcu-
taneous oxygen/carbon dioxide monitoring system. Chest 1991; 5: 1211-14.
19. Myers CS. Measured results: Pulse oximetry is proving the simple solution
to many COPD disease management programs’ success. The Journal for
Respiratory Care Practitioners 1996; Aug./Sep.: RT 83-86.
20. Palmisano BW, Severinghaus JW. Transcutaneous pCO2 and pO2. a multi-
center study of accuracy. J Clin Monit 1990; 6: 189-95.
21. Bendjelid K, Schütz N, Stotz M et al. Transcutaneous pCO2 monitoring in
critically ill adults: Clinical evaluation of a new sensor. Crit Care Med 2005;
33, 10: 2203-06.
22. Janssens J-P, Howarth-Frey C, Chevrolet J-C et al. Transcutaneous pCO2 to
monitor noninvasive mechanical ventilation in adults. Chest 1998; 113: 768-73.
23. Berkenbosch JW, Lam J, Burd RS et al. Noninvasive monitoring of carbon
dioxide during mechanical ventilation in older children: End-tidal versus trans-
cutaneous techniques Anesth Analg (Pediatric Anesthesia) 2001; 92: 1427-31.
24. Rodriguez P, Lellouche F, Aboab J et al. Transcutaneous arterial carbon di-
oxide pressure monitoring in critically ill adults patients. Intensive Care Med
2006; 134: 309-12.
25. Rodriguez P, Lellouche F, Aboab J et al. Transcutaneous arterial carbon
dioxide pressure monitoring in critically ill adults patients, supplementary
material. http://dx.doi.org/10.1007/s00134-005-0006-4
26. Strauss MB, Winant DM, Strauss AG et al. Cigarette smoking and transcuta-
neous oxygen tensions: A case report. Undersea Hyperbaric Medical Society
2000; 27, 1: 43-46.
27. Janssens J-A, Laszlo A, Uldry C et al; Non-invasive (transcutaneous) monitor-
ing of pCO2 (tcpCO2) in older adults. Gerontology 2005; 51: 174-78.
Escolha dos locais de medição

Locais de medição ideais


Os locais ideais para a medição transcutânea são as zonas com
boa perfusão cutânea. Em geral, o local que melhor reflete
as pCO2/pO2 arteriais centrais é o tórax e com temperaturas
elevadas (máx. 44 - 45 °C).

Preparação do local de medição


O local selecionado não deverá ter veias grandes, cicatrizes,
pelos ou gordura proveniente de óleos, cremes ou gordura
fetal. Se necessário, depile e limpe o local com álcool. A apli-
cação do sensor diretamente sobre um osso pode originar
resultados erróneos, e sobre edema grave também dará re-
sultados não fiáveis.

Não aplique o sensor diretamente em locais onde se realiza-


26 ram intervenções cirúrgicas, como acontece com os pacientes
operados ao coração, pulmões ou seios. A perfusão local nes-
ses sítios é inferior devido ao tecido cicatrizado. Não se reco-
menda o uso de sensores TC em pacientes com problemas
dermatológicos graves como com áreas lesionadas devido ao
tratamento com prednisolona, queimaduras ou reações alér-
gicas, entre outras.
Locais de medição da tcpCO2 e da tcpO2
• Lóbulo da orelha (sensor simples de tcpCO2 ou combinado
de tcpCO2/SpO2)
• Face (*)
• Lateralmente no pescoço (raramente usado)
• Tórax, no espaço intercostal (dá o melhor reflexo das
PaO2/PaCO2)
• Abdómen lateral nos adultos magros ou nas crianças e
neonatos
• Costas (principalmente nos neonatos)
• Lado ventral do braço e do antebraço
• Nádegas (principalmente nos neonatos ou em pacientes
com isquemia)
• Coxas (medição da tcpO2 em bebés ou pacientes com
DAOP)
• Pernas (só para o diagnóstico de DAP/isquemia)

27
Mudança do local de medição
Como o sensor é aquecido, poderá ocorrer hiperemia local da
pele que pode desaparecer dentro de 5-15 minutos. No en-
tanto, em pacientes com a pele delicada, esta hiperemia local
pode durar até 24 horas ou mais. Se o sensor ficar no mesmo
sítio muito tempo existe o risco de queimadura. Portanto, é
necessário mudar o locar de medição com regularidade. Para
mais informação consulte a secção sobre a escolha da tem-
peratura de medição na página 29.

Monitorização TC em recém-nascidos e crianças


Os recém-nascidos e as crianças têm a pele muito fina o que per-
mite fazer medições nas costas e nas nádegas com bons resul-
tados. Em simultâneo, estão mais vulneráveis ao aquecimento
do sensor, por isso é muito importante baixar a temperatura de
medição, ou mudar o local de medição mais frequentemente,

(*Alguns médicos não usam este local pelo risco de reações cutâneas)
especialmente nos bebés muito prematuros. A mudança pode
ser feita aplicando-se dois ou três anéis de fixação na criança e
ir mudando a posição do sensor entre eles. Não se esqueça de
secar o líquido de contacto no centro do anel de fixação e de
voltar a encher o centro antes de tornar a usar. Desta forma irá
perturbar a criança o menos possível. No entanto, os anéis de
fixação devem ser retirados a cada 12-24 horas, dependendo
do estado da pele [19].

Evitar pressão direta no sensor


O sensor nunca deve ser pressionado diretamente enquanto
estiver aplicado no paciente e o paciente nunca deverá apoiar-
se no sensor. A pressão direta pode causar medições inválidas
e/ou necrose da pele.

Notas

28

19. Myers CS. Measured results: pulse oximetry is proving the simple solution
to many COPD disease management programs’ success. The Journal for
Respiratory Care Practitioners 1996; Aug./Sep.: RT 83-86.
Escolha da temperatura de medição

Temperatura ideal para a medição transcutânea


A temperatura ideal para a medição transcutânea está entre 42-45
°C. Contudo, a duração da medição e as condições de difusão
da pele são importantes para a escolha da temperatura.

• O melhor reflexo das pO2/pCO2 centrais arteriais é obtido


com o sensor a uma temperatura elevada, i.e. 44 °C
• Quanto mais alta a temperatura, mais curto o tempo de
resposta
• A difusão da pele depende do paciente. A pele mais fina
dos neonatos e das crianças permite fazer medições fiáveis
com temperaturas mais baixas que nos adultos

(As tcpCO2/tcpO2 podem ser obtidas com temperaturas baixas como 37-38,5 °C, mas
os valores medidos não refletem com fiabilidade os gases no sangue arterial, por isso as
temperaturas de medição baixas só são usadas em situações especiais de investigação.)

29
Redução do risco de reações da pele
Para reduzir o risco de queimaduras é necessário mudar o local
de medição com regularidade e/ou usar o sensor com a tempera-
tura mais baixa. Pode obter-se uma boa correlação da medição
escolhendo uma temperatura inicial elevada entre 43-45 °C du-
rante os primeiros 5 minutos; esta função é automática nalguns
monitores. Assim aumenta-se a dilatação localizada dos capilares
e a difusão de gases através da estrutura lipídica da pele. É isto
que acontece também depois da temperatura voltar a ser auto-
maticamente baixada ao usar a função Smart Heat [3].

Os pacientes nas seguintes situações clínicas estão em


maior risco de fazer queimaduras com o calor do sensor:

• Choque
• Tensão arterial muito baixa
• Vasoconstrição sistémica distinta
• Pele muito sensível
Recém-nascidos e crianças
Nas unidades de neonatos e crianças é comum definir a tem-
peratura do sensor de pCO2/tcpO2 entre 42,5-43 °C durante
2-4 horas, ou 44 °C durante no máximo 2 horas. Para recém-
nascidos muito prematuros, a temperatura mais baixa de 42
°C pode ser a escolha ideal [28,29].

Tem-se visto que o dióxido de carbono nos neonatos tem uma


relação próxima com a PaCO2 com o sensor entre 40-44 °C.
Contudo, o oxigénio transcutâneo é medido melhor com a
temperatura do sensor mais alta entre 42-44 °C [27].

A ativação da função Smart Heat, que aumenta a temperatura


1 °C durante os cinco primeiros minutos de medição, só pode
ser recomendada para as crianças com mais de 1000 g. [28].

Nota: O tempo de estabilização fisiológica do sensor é de


30 15-20 minutos para a leitura da tcpO2 e 3-7 minutos para a
leitura da tcpCO2. Durante este tempo, o sensor aquece a
pele lentamente, fazendo as artérias dilatar. Um tempo de
estabilização mais longo pode indicar a necessidade de trocar
a membrana do sensor, ou então a aplicação incorreta do
sensor, um mau local de medição ou um sensor muito usado.

Adultos
Nos adultos, a temperatura e o tempo de medição ótimos para as
tcpCO2/tcpO2 estão entre 44-45 °C durante até 4 horas. Contu-
do, quando houver a necessidade de períodos de medição mais
longos e só de tcpCO2 a literatura recomenda frequentemente
temperaturas de cerca de 43 °C, dependendo do estado da pele
do paciente. Muitos laboratórios do sono definem a temperatura
entre 42-43 °C [30].
Um estudo mostrou que a temperatura do sensor a 43 °C era
bem tolerada durante 5-8 horas de monitorização contínua [30].

Sensor para o lóbulo da orelha para tcpCO2 ou tcpCO2/


SpO2 combinadas
Por favor, note que com um sensor para o lóbulo da orelha para
tcpCO2 ou tcpCO2/SpO2 combinadas é possível obter nos adul-
tos uma estimativa fiável do dióxido de carbono a 42 °C em
medições de mais de 8 horas sem mudar o lugar de aplicação
nem calibrar o sensor [21].

Notas

31

3. Wimberley PD, Pedersen KG, Olsson J. Transcutaneous carbon dioxide and


oxygen tension measured at different temperatures in healthy adults. Clin
Chem 1985; 31, 10: 1611-15.
21. Bendjelid K, Schütz N, Stotz M et al. Transcutaneous pCO2 monitoring in
critically ill adults: Clinical evaluation of a new sensor. Crit Care Med 2005;
33, 10: 2203-06.
27. Janssens J-A, Laszlo A, Uldry C et al. Non-invasive (transcutaneous) monitor-
ing of pCO2 (tcpCO2) in older adults. Gerontology 2005; 51: 174-78.
28. Lundstrøm KE. Continuous blood gas monitoring in neonates and infants.
Radiometer Medical ApS, Åkandevej 21, 2700 Brønshøj, Denmark, 2005
(928-408). 200502B 1-16, (www.tc-monitoring.com).
29. Rüdiger M, Töpfer, Hammer H et al. A survey of transcutaneous blood
gas monitoring among European neonatal intensive care units. Neonatal
Intensive Care 2007; 20, 3: 37-40.
30. Frederiksen PS, Wimberley PD, Melberg SG et al. Transcutaneous pCO2 at
different temperatures in newborns with respiratory insufficiency: Compari-
son with arterial pCO2. In: Continuous transcutaneous blood gas monitor-
ing. Huch R; Huch A. New York: Marcel Dekker inc.; 1983: p. 233-40.
Aplicações da monitorização
transcutânea
Variedade de tipos de pacientes
A monitorização transcutânea pode ser usada em diferentes
segmentos de pacientes. Esta técnica evoluiu de uma ferra-
menta fiável e vantajosa para controlo do dióxido de carbono
e do oxigénio nos recém-nascidos para um método aplicável
em pacientes de todas as idades com problemas cardiovas-
culares e respiratórios. Para além do tratamento de feridas e
da medicina hiperbárica, onde o principal foco é a medição
localizada da tcpO2, um número crescente de médicos passou
a valorizar os benefícios das medições fiáveis da tcpCO2.

Nesta parte do manual descreve-se o uso da monitorização da


tcpCO2 (e até certo ponto da tcpO2) nos seguintes ambientes:
32
• Neonatologia
• Pediatria
• Blocos operatórios, unidades de cuidados intensivos e de
cuidados intermédios
• Laboratórios ou enfermarias de medicina pulmonar/res-
piratória
• Laboratórios do sono
• Hospitais e laboratórios veterinários
Neonatologia

Porque é essencial monitorizar as pCO2/pO2 arteriais?


A monitorização contínua quer do dióxido de carbono, quer do
oxigénio é essencial para todos os neonatos doentes. O seu es-
tado pode mudar rapidamente. Com a monitorização descon-
tínua ou repetidas análises aos gases no sangue, estas mudan-
ças podem não ser detetadas e podem até afetar órgãos [28].

Redução do dióxido de carbono arterial


Uma diminuição nos valores da PaCO2 num fluxo sanguíneo
cerebral reduzido, a par de vários estudos feitos com neona-
tos, mostraram uma correlação forte entre a PaCO2 baixa e
um efeito cerebral adverso. Com valores de 22,5 mmHg (3,0
kPa) ou inferiores, os danos podem ocorrer em poucos minu-
tos, sendo que a exposição a pressões parciais (mmHg) ligeira-
mente superiores por períodos de tempo maiores também
pode ser perigosa. Por isto é tão importante monitorizar os 33
níveis de dióxido de carbono [28,31,32,33].

Redução do número de análises ao sangue


A análise do sangue arterial proporciona estimativas exatas
dos gases no sangue. Contudo, apresenta apenas uma ima-
gem momentânea do estado. As colheitas repetidas podem
não só perturbar o recém-nascido, como também provocar a
necessidade de uma transfusão. Está documentada a alteração
significativa na circulação cerebral e, portanto, na oxigenação,
relativa às colheitas por cateter na artéria umbilical. O número
de amostras deverá, por isso, ser reduzido ao mínimo abso-
luto e ser combinado com a monitorização transcutânea do
dióxido de carbono e do oxigénio. A técnica TC dá informação
contínua sobre as capacidades de oxigenação e remoção do
dióxido de carbono dos tecidos através do sistema cardiopul-
monar do recém-nascido. Esta técnica TC segue as tendências
e as alterações desses gases [28,34].
Hipocapnia e lesões nos pulmões
A hiperventilação resulta em hipocapnia. Verificou-se que
uma pCO2 baixa antes do tratamento com surfactante, tal
como durante o tratamento ventilatório, se correlaciona com
o desenvolvimento de doença pulmonar crónica na criança
prematura. Assim, nas crianças prematuras ventiladas reco-
menda-se a monitorização contínua da pCO2 para minimizar
o risco de lesões pulmonares [28,35].

Ventilação
A ventilação pode causar um pneumotórax, embora seja
provável que com um diagnóstico precoce o paciente me-
lhore. Infelizmente, muitas vezes este diagnóstico é realizado
demasiado tarde. Um estudo mostrou que o tempo médio
entre o início dos sinais e o diagnóstico é de 127 minutos.
Uma tcpCO2 elevada sem qualquer alteração na oxigenação
pode ser um indicador desta situação. Como as tcpCO2/tcpO2
34 seguem continuamente as alterações nas pressões parciais do
dióxido de carbono e do oxigénio apenas com um atraso re-
duzido, passou a ser possível uma intervenção rápida [28,36].

tcpCO2 vs. pCO2 de expiração


Um estudo que comparou as pCO2 de expiração, PaCO2 e
tcpCO2 mostrou que a diferença entre a pCO2 de expiração
e a PaCO2 aumentou significativamente durante a ventilação
de um pulmão, visto que este tipo de ventilação impede o
equilíbrio ventilação/perfusão. O estudo mostrou que a tcp-
CO2 refletia melhor a PaCO2 que a pCO2 de expiração [37].
Nas crianças com doença cardiopulmonar verificou-se que a
pCO2 de expiração se correlaciona mal com os valores arteriais
e, consequentemente, não deverá ser usada. Para estes pa-
cientes, segundo vários estudos, é mais eficaz a monitorização
da tcpCO2 [37,38,39].
Nota: Em pacientes com Persistência do Canal Arterial e
com shunt da direita para a esquerda, a tcpO2 será maior
na parte superior do tórax do que na parte inferior. Nestes
pacientes, o sensor deverá ser aplicado na parte inferior
das costas ou do abdómen ou na coxa. Além disto, as
amostras arteriais para validação devem ser sempre colhi-
das do mesmo lado do shunt enquanto o valor da tcpCO2
estiver a ser medido [40,41].

Ventilação Oscilatória de Alta Frequência (VOAF)


Visto que durante a ventilação oscilatória de alta frequência
(VOAF) só é monitorizada a pressão das vias aéreas proximais,
não é despoletado nenhum alarme se se verificar quer uma obs-
trução, quer uma restrição das vias aéreas. A técnica também
induz um risco de hiperventilação resultante em hipocapnia. Por
isso, muitos fabricantes de equipamentos de VOAF recomen-
dam a realização de medições contínuas das tcpCO2/tcpO2 e
SpO2 durante esta forma de tratamento. Isto é particularmente 35
importante nas crianças maiores que têm um espaço morto
maior e necessidades metabólicas superiores quando estão sob
ventilação [42].

Hiperoxia em crianças
Nos neonatos prematuros, a hiperoxia reduz o fluxo de sangue
cerebral durante horas depois do estado da oxigenação se ter
normalizado. Também tem um efeito tóxico nos pulmões e
poderá causar retinopatia. A monitorização da tcpO2 é um
método de deteção precoce da hiperoxia, que pode não ser
detetada através da medição transcutânea da SpO2 [28,43,29].
Diretrizes clínicas sobre as medições TC
A relevância da monitorização transcutânea está substanciada
pelas diretrizes da American Association for Respiratory Care
(AARC) e pelas National Clearinghouse Guidelines (EUA).

36 Diretrizes da AARC e
National Clearinghouse Guidelines
Segundo as diretrizes práticas da AARC, a monitorização
transcutânea dos gases no sangue dos pacientes recém-
nascidos e pediátricos deverá ser usada:

• se houver a necessidade de monitorizar a adequação


da oxigenação arterial e/ou da ventilação
e/ou
• se houver a necessidade de quantificar a resposta de di-
agnósticos e intervenções terapêuticas evidenciada pelos
valores da tcpCO2 e da tcpO2
As diretrizes ressaltam que as tcpCO2/tcpO2 são apropria-
das para a monitorização contínua e prolongada, como por
exemplo, durante a ventilação mecânica, a pressão positiva
contínua das vias aéreas (C-PAP) e a administração suplemen-
tar de oxigénio. Para além disto, a tcpO2 pode ser usada com
fins de diagnóstico como na avaliação de shunts funcionais,
por exemplo, nos recém-nascidos com hipertensão pulmonar
duradoura ou persistência do padrão de circulação fetal, ou
para determinar a resposta à oxigenação na avaliação da car-
diopatia congénita [41, 44].

Por favor, note que durante os estudos de ventilação,


o local de aplicação do sensor e o local de colheita de
amostras arteriais em pacientes com shunts funcionais
deverá ser o mesmo lado do shunt [41,44].

A monitorização transcutânea dos gases no sangue deverá


ser realizada continuamente para que se obtenham dados 37
de tendência. Períodos de medição curtos e descontínuos
(chamados spot checks) não são apropriados [41,44].
Conclusão

Em conclusão, a monitorização transcutânea da pressão par-


cial do dióxido de carbono e do oxigénio deve ser realizada em
neonatos sempre que existir o risco de alterações súbitas no
estado destes gases, como nas seguintes situações:

• Asfixia, hemorragia da matriz germinal, meningite ou


trauma na cabeça
• Síndrome da Dificuldade Respiratória (RDS)
• Hipertensão pulmonar persistente ou pneumotórax
• Durante tratamentos com surfactante
• Durante tratamentos com várias formas de ventilação
assistida (ventilação com pressão positiva, como CPAP,
Bi-PAP; VOAF)
• Durante o desmame do ventilador ou mudança de
estratégia de ventilação
• Após a extubação
38

Notas
28. Lundstrøm KE. Continuous blood gas monitoring in neonates and infants.
Radiometer Medical ApS, Åkandevej 21, 2700 Brønshøj, Denmark, 2005
(928-408). 200502B 1-16, (www.tc-monitoring.com).
29. Rüdiger M, Töpfer, Hammer H et al. A survey of transcutaneous blood
gas monitoring among European neonatal intensive care units. Neonatal
Intensive Care 2007; 20, 3: 37-40.
30. Frederiksen PS, Wimberley PD, Melberg SG et al. Transcutaneous pCO2 at
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32. Greisen G, Vannucci RC. Is periventricular leucomalacia a result of hypoxic-
ischaemic injury? Hypocapnia and the preterm brain. Biol Neonate 2001; 79:
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33. Ambalavanan N, Carol WA. Hypocapnia and hypercapnia in respiratory
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34. Roll C, Hüning B, Käunicke M et al. Umbilical artery catheter blood sampling
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Pediatria

Monitorização transcutânea das pCO2/pO2 em crianças


A monitorização transcutânea da pressão parcial do dióxido
de carbono e do oxigénio tem-se mostrado clinicamente
relevante não só em neonatos com doença respiratória, mas
também em crianças de todas as idades [45,46,47].

A reatividade do dióxido de carbono cerebrovascular em crian-


ças pequenas é comparável com a dos recém-nascidos, sendo
o risco de isquemia nas crianças semelhante ao dos neona-
tos. Esta razão torna necessária a monitorização contínua da
pressão parcial do dióxido de carbono nestes grupos [28,48].

Infeções por Vírus Sincicial Respiratório e outros vírus


Nas crianças pequenas, as infeções por Vírus Sincicial Res-
piratório podem ser um risco de insuficiência respiratória
40 grave, sendo em muitos países uma causa frequente de hos-
pitalização [49,50].

Muitas crianças sentem desconforto ou medo do pessoal e do


equipamento hospitalar. É sabido que este medo pode persistir
durante bastante tempo depois da saída do hospital, por isso,
é ainda mais importante que nas enfermarias pediátricas se
minimize a vigilância invasiva. A monitorização transcutânea
das tendências do dióxido de carbono e do oxigénio permite a
vigilância não invasiva da respiração.

Suporte respiratório
A monitorização transcutânea dos gases no sangue é uma
ajuda importante para detetar a necessidade da ventilação
assistida e fazer a sua orientação. Também é uma ajuda na
deteção de complicações como obstruções no equipamento
de ventilação ou nas vias respiratórias superiores.
Apneia obstrutiva do sono e outros distúrbios
do sono relacionados com a respiração
Em pediatria, durante a polissonografia de avaliação da apneia
obstrutiva do sono (AOS) e da hipoventilação relacionada com
o sono pode usar-se a tcpCO2, bem como a pCO2 de expiração.
Vários estudos mostraram que as trocas gasosas durante o sono
são monitorizadas corretamente com as tcpO2/tcpCO2 em crian-
ças com DPOC. A tcpCO2 é particularmente útil em crianças que
não toleram tubos nasais de colheita ou com obstrução parcial
grave ou moderada das vias aéreas, taquipneia ou espaço morto
fisiológico aumentado, em que a pCO2 de expiração subestima
o nível de pCO2 arterial. Tem-se observado que a tcpCO2 propor-
ciona uma estimativa correta da PaCO2 num grande intervalo de
valores de dióxido de carbono em pacientes pediátricos jovens e
mais velhos com insuficiência respiratória [23,51,52,53].

Asma
A OMS estima que 300 milhões de pessoas (crianças e adul- 41
tos) sofrem de asma. Em 2005 morreram de asma 2 550 000
pessoas. A asma é a doença crónica mais comum nas crianças
e os casos têm vindo a aumentar. Um exemplo: nos EUA, de
1980 a 1994, a prevalência de asma aumentou mais de 160%
nas crianças com menos de 5 anos e em 1998 foi diagnosti-
cada a mais de 9 milhões de crianças e jovens com menos de
18 anos. Nestes pacientes poderá ser necessário fazer provas
da função respiratória [54,55].
Medições da função respiratória
Pode usar-se uma redução de 20% na tcpO2 como o único
indicador de uma reação brônquica num teste de provocação
com um agente histamínico em crianças pequenas acordadas.
As alterações de ventilação avaliadas pelas medições da tcp-
CO2 tornam possível distinguir entre uma redução da pressão
parcial do oxigénio devido a uma reação prematura “falsa”
resultante da hipoventilação e uma reação brônquica “verda-
deira” [56].

Um estudo sobre medições da função pulmonar em crianças


acordadas com 2 a 6 anos mostrou que a função pulmonar
pode ser avaliada pelas medições transcutâneas, oscilometria
de impulso (Rrs5*), pletismografia corporal total (sRaw*), re-
actância respiratória (Xrs5) e técnicas de interrupção (Rint*).
Estas técnicas são ferramentas fiáveis para a monitorização da
resposta às provas brônquicas usando agentes farmacológi-
42 cos. A reprodutibilidade das medições e a sensibilidade na
deteção das alterações da função das vias respiratórias são,
em comparação com técnicas padrão, como a manobra de
expiração forçada (FEV1*), boas e favoráveis para as crianças
pequenas. Estas crianças não têm a capacidade de realizar a
manobra FEV1 corretamente [57,58].

(*Rrs5 = Resistência respiratória (medida pela técnica oscilatória).


Rint = Técnica de interrupção para medir a resistência respiratória.
sRaw = Pletismografia corporal total para medir resistência específica das vias aéreas.
FEV1 = Volume expiratório forçado em 1 segundo, FEV1% capacidade vital (CV).
*Xrs5 = Reactância respiratória (medida pela técnica oscilatória) (Usou-se a meta-
colina como agente farmacológico) [57,58].
Testes de exercício
Os estudos hemodinâmicos durante a cateterização cardíaca
nas crianças são normalmente realizados em repouso. No en-
tanto, desta forma podem não ser detetados os shunts da
direita para a esquerda induzidos pelo exercício. A monitori-
zação da tcpO2 durante os testes de exercício é um meio não
invasivo de deteção desses shunts [59].

Mais indicações para a monitorização TC


Por favor, consulte a secção deste manual relativa à
aplicação em neonatologia, visto que a maior parte dos
tópicos nessa parte são igualmente relevantes para crian-
ças e neonatos.

Notas

43
23. Berkenbosch JW, Lam J, Burd RS et al. Noninvasive monitoring of carbon
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58 Quanjer PH et al. Become an expert in spirometry 2006. http://www.spirx-
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children with congenital heart defects: A case report. Acta Paediatr 2001;
90: 816-8.
59. Holmgren D; Redfors S, Solymar L. Transcutaneous-pO2 monitoring for
detection of exercise-induced right-to-left shunts in children with congenital
heart defects: A case report. Acta Paediatr 2001; 90: 816-8.
Bloco operatório, unidades de cuidados
intensivos e de cuidados intermédios

O dióxido de carbono nos adultos criticamente doentes


Nas Unidades de Cuidados Intensivos (UCI), a monitorização
contínua da pressão parcial do dióxido de carbono arterial é
vital. Normalmente é feita pela análise aos gases no sangue
de amostras arteriais ou derivada da medição da pCO2 de ex-
piração. As amostras de sangue arterial requerem uma pun-
ção ou a introdução de um cateter, com os respetivos riscos
associados e o desconforto para o paciente. Além disto, os
gases no sangue só são analisados periodicamente. A pCO2
de expiração é um mau previsor para a PaCO2, visto que nor-
malmente subestima a PaCO2. A relação entre os dois valores
varia grandemente, dependendo do rácio ventilação-perfusão
e do débito cardíaco. Assim, a monitorização da tcpCO2 é
uma via alternativa para a estimativa não invasiva da pressão
parcial do dióxido de carbono arterial sem as desvantagens da 45
pCO2 de expiração [4, 21].

Estudos de correlação das tcpCO2/PaCO2


Inúmeros estudos realizados sobre TC centram-se na cor-
relação tcpCO2/PaCO2; contudo, a maior vantagem da téc-
nica da tcpCO2 é que não é invasiva e segue as tendências
da PaCO2 com menos de 1 minuto de atraso. Nas próximas
páginas são citados diversos estudos sobre a correlação TC.

Um estudo importante testou a correlação das tcpCO2/


PaCO2 num grande intervalo de valores da pressão par-
cial do dióxido de carbono arterial: 26-71 mmHg
(3,4 - 9,4 kPa). Os autores encontraram uma correlação forte
(r= 0,968, p < 0,0001); o bias médio foi de 0,75 mmHg (0,1
kPa) (limites de acordo: –4,5 a +6 mmHg (0,6 a-0,8 kPa).
Este estudo também incluía uma revisão de 16 outros estudos
sobre a correlação das tcpCO2/PaCO2. Em geral, estes estudos
mostram haver uma boa correlação. Os autores declararam
que alguns erros pareciam estar relacionados com:

• Uma capnografia específica (nos estudos do sono)


• Falta da calibração antes de cada medição
• Não deixar o sensor estabilizar tempo suficiente
• Perfusão cutânea inadequada

Concluiu-se que a tcpCO2 em pacientes hemodinamicamente


estáveis concordava muito bem com a PaCO2 e que a resposta
às mudanças na ventilação era compatível com o propósito
da monitorização clínica de pacientes em ventilação mecânica
não invasiva [22].

Dois estudos recentes encontraram uma correlação semelhante


46 num intervalo ainda maior de valores do dióxido de carbono:
21-85 mmHg (2,8-11,33 kPa) 38-165 mmHg (5-22 kPa) [60, 61].

Até agora, nenhum estudo avaliou valores normais ou de


referência da tcpCO2 para diferentes grupos de pacientes,
provavelmente devido ao facto de a monitorização trans-
cutânea ser uma ferramenta para a monitorização das
tendências do dióxido de carbono [62].

A monitorização transcutânea do dióxido de carbono mos-


trou proporcionar uma estimativa melhor da PaCO2 do que a
pCO2 de expiração durante o processo de anestesia geral em
pacientes com um índice de massa corporal superior a 40 kg/
m2 [63].

Tendências transcutâneas em situações críticas


Um estudo recente centrou-se nas tendências da tcpCO2 nos
pacientes criticamente doentes, onde a variação é superior
a 8 mmHg (1,06 kPa) do valor correspondente da PaCO2. O
propósito foi avaliar se as alterações relevantes no dióxido
de carbono eram indicadas pelos desvios nas tendências da
tcpCO2. Um desvio numa tendência foi definido como uma
diferença entre a tcpCO2 e a PaCO2 superior a 8 mmHg (1,06
kPa).

Descobriram o seguinte:

Sensibilidade Especificidade VPP* VPN*


86 % 80 % 60 % 97 %

(*Valor previsor positivo/valor previsor negativo)

Os diagnósticos dos pacientes do estudo foram choque sép-


tico, paragem cardíaca, choque cardiogénico, entre outros.
Concluiu-se que a tcpCO2 é uma ferramenta segura e fiá-
vel para a monitorização das tendências se não houver uma 47
grande vasoconstrição [24,25].

tcpCO2 persistentemente elevada em casos de trauma


Observou-se que valores elevados da tcpCO2 na primeira hora
de admissão no hospital estavam bem correlacionados com a
mortalidade nos pacientes com trauma. Imediatamente após
a admissão iniciou-se a monitorização da tcpCO2. Sinais pre-
coces de má perfusão tecidular na primeira hora poderiam
estar relacionados com sobreviventes e não sobreviventes.
Níveis persistentemente elevados de tcpCO2 durante mais de
30 minutos foram associados a uma taxa de mortalidade de
100% [4,64].

Ventilação oscilatória de alta frequência e


ventilação não invasiva por pressão positiva
A medição combinada das tcpCO2/SpO2 é relevante num
ambiente clínico de ventilação não invasiva por pressão posi-
tiva e ventilação oscilatória de alta frequência (VOAF) onde a
medição da pCO2 de expiração e a avaliação clínica podem
ser difíceis ou impossíveis. Também se viu que a tcpCO2 era
útil no ajuste da pressão impulsionadora do ventilador a jato
nos “pacientes em broncoscopia rígida” durante a ventilação
a jato de alta frequência (VJAF). É especialmente relevante nos
pacientes com excesso de peso com doenças pulmonares e
em procedimentos prolongados com intervenções endobrôn-
quicas [66,76].

Como só é monitorizada a pressão proximal das vias aéreas


durante a VOAF e a VJAF, não se desencadeará nenhum
alarme no caso de obstrução ou restrição das vias aéreas. A
técnica também induz o risco de hiperventilação resultante
em hipocapnia. As diretrizes dos fabricantes de equipamen-
tos de VJAF recomendam que as tcpCO2/tcpO2 e SpO2 sejam
medidas durante o tratamento, o que é particularmente im-
portante em crianças mais velhas ou em adultos que têm mais
48 espaço morto e uma maior necessidade metabólica durante a
ventilação [42].

Insuficiência respiratória hipercápnica e terapia por


oxigenação
Um estudo que avaliou a ventilação com pressão positiva
intermitente recomenda que os pacientes com insuficiência
respiratória hipercápnica em terapia por oxigenação sejam
avaliados com uma análise inicial aos gases no sangue arterial
e oximetria de pulso contínua incluindo a monitorização da
tcpCO2 durante o sono [67].

Ventilação de um pulmão
Vários fatores podem influenciar a diferença entre a PaCO2
e a pCO2 de expiração durante a anestesia torácica. Mui-
tos pacientes sujeitos a cirurgia torácica apresentam algum
grau de disfunção pulmonar pré-operatória e um historial de
tabagismo. A ventilação de um pulmão é usada muitas vezes
para melhorar a exposição cirúrgica durante os procedimentos
torácicos. No entanto, a ventilação de um pulmão impede o
equilíbrio da ventilação/perfusão. Diversos estudos concluíram
que os pacientes sob ventilação de um pulmão eram signifi-
cativamente melhor monitorizados pela tcpCO2 do que pela
pCO2 de expiração [68,69].

Hipertensão pulmonar secundária


Os pacientes com DPOC, apneia obstrutiva do sono e fibrose quís-
tica podem desenvolver hipertensão pulmonar secundária. As
tcpCO2/(tcpO2) e SpO2 são por vezes usadas como parte da
avaliação do estado respiratório desses pacientes, tanto re-
cém-nascidos como adultos [70,71,72,73].

Choque hipotenso diagnosticado pela tcpO2


Num estudo foram avaliados mais de 300 casos de episó-
dios agudos de disfunção circulatória e choque na UCI.
Concluiu-se que “As medições não invasivas identificam
precocemente problemas circulatórios de forma fiável e
proporcionam critérios objetivos para análise fisiológica, 49
permitindo também a definição de objetivos e opções tera-
pêuticos”. As pressões parciais do oxigénio e do dióxido
de carbono transcutâneos foram usadas para avaliar a
perfusão tecidular e a oxigenação. Os autores referem-
se a vários estudos que documentaram experimental e
clinicamente que a tcpO2 se altera com as mudanças no
metabolismo do oxigénio. Descobriram que o choque
hipotenso era normalmente precedido por episódios de
grande fluxo, seguido por um período de fluxo fraco e
perfusão tecidular inadequada. Esta última era detetada
através da tcpO2 reduzida [74].

Por favor, note que mesmo que a oxigenação transcutânea


se correlacione significativamente com os valores arteriais,
o acordo entre as tcpO2/PaO2 indica que não deve ser
usada como a única estimativa da PaO2 em pacientes adul-
tos; no entanto, tal como foi documentado anteriormente,
pode ser um aviso precoce de choque [20, 27].
Sedação consciente durante a cirurgia
de diagnóstico
Sedação consciente
Num estado de sedação moderada ou profunda (durante
procedimentos de diagnóstico ou terapêuticos) a respiração
regular é frequentemente perturbada por movimento, com-
pressões, tosse ou alterações entre a ventilação pelo nariz ou
pela boca, causando fugas e, consequentemente, eventos ou
a interpretação errónea dos dados obtidos com a pCO2 de
expiração. Estes problemas restringem muitas vezes o uso da
capnografia side-stream, embora a Sociedade Americana de
Anestesiologistas e a Sociedade Americana de Endoscopia
Gastrointestinal sugiram nas suas diretrizes que a monitori-
zação externa com capnografia deva ser considerada nos pa-
cientes em sedação consciente e profunda [60,65].

Nos últimos anos tem-se usado cada vez mais novas drogas
anestésicas e técnicas de intervenção avançadas. Durante a
50
sedação moderada em colonoscopia, por exemplo, alguns pa-
cientes podem de forma não intencional ser sedados até ao
nível de anestesia geral. Estes pacientes podem desenvolver
depressão respiratória ou obstrução das vias aéreas. Em dois
estudos sobre pacientes submetidos a colonoscopias, usou-se
as SpO2, tcpCO2 e pCO2 de expiração para monitorizar o es-
tado do paciente. Devido à administração de oxigénio suple-
mentar, o oxímetro de pulso não mostrou precocemente sinais
de hipoventilação, mas a monitorização da tcpCO2 indicou
uma hipoventilação prolongada. Concluiu-se que durante a
sedação moderada, a monitorização da tcpCO2 poderia fazer
uma melhor vigilância da ventilação que a pCO2 de expiração,
embora a obstrução das vias aéreas tenha sido indicada mais
cedo pela pCO2 de expiração [60,65].

Broncoscopia e exacerbação da DPOC


Estudos mostraram que a tcpCO2 aumenta frequentemente
nos pacientes sob ventilação assistida durante a broncoscopia.
A monitorização da tcpCO2 é um auxiliar para os ajustes venti-
latórios e é bastante útil na avaliação durante o período inicial
da ventilação. Os autores dizem ainda que o cálculo das tendên-
cias dos níveis de dióxido de carbono também é relevante para
os pacientes com exacerbação da DPOC [75,76].

Endoscopia
Um ensaio aleatório e controlado avaliou a capacidade de
deteção da retenção de dióxido de carbono puramente
por observação clínica ou oximetria de pulso em pacientes
a receber suplementação de oxigénio. Foram seguidos 395
pacientes com estes dois métodos e com a monitorização
da tcpCO2 durante a Colangio-Pancreatografia Retrógrada
Endoscópica (CPRE). Nem a observação clínica, nem a
técnica de vigilância da SpO2 detetaram com fiabilidade a
retenção de dióxido de carbono. Concluiu-se que a moni-
torização adicional da tcpCO2 evitou de forma mais eficaz
a retenção do dióxido de carbono. Em 10 % dos pacientes
que receberam oxigénio suplementar, a SpO2 não indicou 51
dessaturação, embora a tcpCO2 tenha aumentado mais
de 20 mmHg. Além disto, a monitorização da tcpCO2
facilita uma sedação média ligeiramente mais profunda
e uma duração significativamente mais curta da sedação
desadequada. As doses globais de drogas sedativas e anal-
gésicas foram as mesmas independentemente da técnica
de vigilância escolhida. Isto mostrou que a monitorização
transcutânea da pressão parcial do dióxido de carbono
proporcionava de maneira mais precisa a titulação e o
controlo dos tempos destas drogas durante a CPRE [77].
Notas

52

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Enfermarias ou laboratórios de medicina
pulmonar/respiratória

DPOC
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é a principal
causa de morbidade respiratória. A Comissão Europeia para
a Saúde Pública caracteriza a DPOC como a principal causa
de morbidade crónica e os Institutos Nacionais de Saúde dos
EUA classificam-na como a quarta principal causa de morte
no país [78].

Os pacientes com DPOC são geralmente idosos que são


hospitalizados repetidamente, sendo, portanto, importante
minimizar as intervenções e usar a vigilância não invasiva. A
monitorização do nível da pressão parcial do dióxido de car-
bono através de uma sonda combinada de tcpCO2/SpO2 é,
frequentemente e de acordo com os estudos mencionados em
54 seguida, a opção correta.

Monitorização do dióxido de carbono na DPOC e em


pacientes com outras doenças respiratórias
Um estudo comparou a PaCO2 com o sangue capilar arteri-
alizado (PacCO2), a tcpCO2, a pCO2 de expiração e o rácio
entre o espaço morto fisiológico respiratório e o volume cor-
rente (VD/VT) nos pacientes com DPOC, nos pacientes em pós
operatório de cirurgia cardíaca e em indivíduos saudáveis de
controlo. Avaliaram-se três padrões de ventilação mecânica.
As PaCO2, tcpCO2 e pCO2 de expiração correlacionam-se
bem com o VD/VT e a PaCO2 (0,99, 0,97 e 0,87). Contudo,
outros estudos demonstraram que a pCO2 de expiração não
é exata nos pacientes em desequilíbrio ventilação/perfusão
[21,27,79].
Exacerbação da DPOC durante a terapia de oxigenação
Os pacientes hipóxicos com exacerbação aguda da DPOC es-
tão, de acordo com estudos realizados e as diretrizes de “The
ABC of oxygen therapy”, em risco de retenção de dióxido de
carbono ao fazerem terapia com oxigénio. A medição combi-
nada das tcpCO2/SpO2 mostrou ser útil em situações clínicas
de ventilação não invasiva por pressão positiva, onde pode
ser difícil fazer a medição da pCO2 de expiração e a avaliação
clínica. Na Fig. 9 mostra-se um exemplo da monitorização de
um paciente com DPOC [76,80].

2L/min 15L/min
100% O2 37% O2 Vt

62 100 140

120
60 98
tcpCO2 (mmHg)

100
58 96 Pulso (BPM) 55
SpO2 (%)

80

56 94 60

1 min 40
54 92
tcpCO2
SpO2
Pulso

FIG. 9: Paciente com DPOC durante oxigenação de alto fluxo em suflação.


Paciente com DPOC, em monitorização contínua das tcpCO2/SpO2 e pulso, du-
rante insuflação transtraqueal de oxigénio de alto fluxo. A ventilação foi medida
através de pletismografia de indutância respiratória (Vt = alteração do volume
pulmonar). [81].
Manipulação do ventilador segundo a tcpCO2
Um estudo verificou que a medição da tcpCO2 era apropriada
para estimar a resposta ventilatória à Ventilação Não Invasiva
(VNI) nos casos de insuficiência ventilatória hipercápnica por
exacerbação aguda da DPOC [61].

Dessaturação noturna do oxigénio na DPOC


Cerca de 80 % dos pacientes com DPOC crónica grave sofrem
dessaturação noturna do oxigénio devido a hipoventilação. A
consequência é um aumento da pressão parcial do dióxido
de carbono arterial e pode resultar em episódios diurnos ou
noturnos de insuficiência respiratória, cor pulmonale, etc. Para
estes pacientes a monitorização noturna da tcpCO2 poderá
ser benéfica ao iniciarem a oxigenoterapia.

A avaliação contínua não invasiva da pressão parcial do dióxido


de carbono é crucial nos laboratórios do sono para diagnós-
56 tico e tratamento dos casos de DPOC grave. Um estudo mos-
trou uma correlação forte entre os níveis diurnos da PaCO2
e a gravidade da hipoventilação durante a noite, ou seja, é
provável que níveis altos de dióxido de carbono durante o dia
conduzam a hipercapnia durante a respetiva noite. Viu-se uma
relação semelhante entre a hipoventilação durante a noite e
durante o dia num ensaio aleatório controlado multi-institu-
cional, onde a hipercapnia foi detetada em muitos pacientes
através da medição da tcpCO2. O estudo documentou que os
níveis diurnos da PaCO2 dos casos de DPOC estável podem
ser melhorados com base nos ajustes da tcpCO2 da ventilação
noturna não invasiva. A figura 10 mostra um exemplo de uma
medição de paciente obtida neste estudo [67,78,82].
D
5(0
9LJ¯OLD

(VW£JLRGRVRQR





E N3D







HSLVµGLR
     
57

FIG. 10: Medição noturna de um paciente


a) Hipnograma amostra apresentando as fases de sono do paciente.
b) Registos da tcpCO2 noturna. Note a correlação entre a tcpCO2 elevada e o sono
REM. O tempo é indicado no eixo dos x em períodos de 30 seg. A seta da esquerda
indica o episódio 55 (tcpCO2: 6,61 kPa (49,7 mmHg) e PaCO2: 6,29 kPa (47,3
mmHg)); a seta da direita indica o episódio 923 (tcpCO2: 8,09 kPa (60,8 mmHg)
e PaCO2: 7,39 kPa (55,6 mmHg)).”– “ = tcpCO2 com calibração in vivo e “……” =
tcpCO2 sem calibração in vivo. (Direitos de autor obtidos de Eur Respir J) [78]

Síndrome da Insuficiência Respiratória Aguda (ARDS)


Num estudo abrangendo várias doenças respiratórias con-
cluiu-se que a tcpCO2 fornece melhor informação sobre o
estado da ventilação que a pCO2 de expiração. Os autores
dizem que isto se deve ao aumento da ventilação do espaço
morto ou ventilação em excesso de perfusão. Nestas circuns-
tâncias (grande desequilíbrio V/Q) o dióxido de carbono pode
ser eliminado desadequadamente da corrente sanguínea e a
PaCO2 aumenta sem o aumento equivalente na pCO2 de ex-
piração. A discrepância entre a pCO2 de expiração é particu-
larmente grande nos casos de ARDS [83].
Ventilação não-invasiva
Os evidentes benefícios da Ventilação Não Invasiva por Pressão
Positiva (VNIPP) para várias doenças pulmonares levou ao seu
uso generalizado. Verificou-se que a tcpCO2 estava em perfeito
acordo com a PaCO2 nos adultos hemodinamicamente estáveis.
Também se viu que os tempos para alterações na ventilação
detetados pela medição da tcpCO2 eram compatíveis com o
objetivo da monitorização clínica dos pacientes em VNIPP [22].

Fugas durante a VNIPP


Tem-se documentado que muitos pacientes ventilados não in-
vasivamente apresentam fugas de ar clinicamente relevantes
na zona da boca, entre outras, e que estas devem ser medidas
regularmente. As fugas ocorrem principalmente se a resistên-
cia nasal for grande, se o tratamento não for adequado ou se
a arquitetura do sono parecer comprometida. Um estudo fei-
to com indivíduos de controlo em vigília confirmou que uma
58 fuga grande na zona da boca é muito incomodativa e é uma
causa provável para perturbações graves do sono. Verificou-
se que os pacientes assistidos durante o sono por ventilação
nasal com dois níveis e com uma fuga na zona da boca apre-
sentavam um aumento da tcpCO2 [84].

Ventilação de um pulmão
Vários estudos mostraram que a monitorização transcutânea
da tensão do dióxido de carbono faculta uma estimativa mais
exata da PaCO2 durante a ventilação de pulmão único (VPU)
do que a medição da pCO2 de expiração. A tabela seguinte,
tirada de um destes estudos, mostra uma diferença signifi-
cativamente maior entre a pCO2 de expiração e a PaCO2 em
comparação com a diferença entre a tcpCO2 e a PaCO2 em
pacientes com uma hora de VPU em anestesia torácica.
Tempo Diferença em mmHg
relativa à PaCO2
Minutos de VPU pCO2 de expiração tcpCO2
15 6,1 ± 4,6 * 0,0 ± 2,5
30 5,3 ± 4,1 * 0,0 ± 2,4
45 5,5 ± 3,7 * 0,2 ± 2,3
60 6,3 ± 4,1 * 1,3 ± 2,6
Valores expressos como diferença ± SD (*diferença significativa P < 0,05) [72].

O estudo também encontrou esta diferença significativa na


técnica de ventilação de dois pulmões: pCO2 de expiração –
PaCO2: –7,1 ± 4,6 mmHg versus tcpCO2 – PaCO2: 1,4 ± 4,3
mmHg [68,69].

Testes respiratórios
Em relação aos pacientes com asma, alguns médicos pensam
que a medição da hiper-reatividade bronquial não específica 59
causada por agentes broncoconstritores inalados proporciona
uma investigação importante e é uma ajuda no diagnóstico.

A monitorização da tcpCO2 provou ser uma ferramenta útil


e fiável na análise do declive das curvas de dose-resposta da
metacolina inalada nos pacientes asmáticos adultos [85,86].

Notas
21. Bendjelid K, Schütz N, Stotz M et al. Transcutaneous pCO2 monitoring in
critically ill adults: Clinical evaluation of a new sensor. Crit Care Med 2005;
33, 10: 2203-06.
22. Janssens J-P, Howarth-Frey C, Chevrolet J-C et al. Transcutaneous pCO2 to
monitor noninvasive mechanical ventilation in adults: Assessment to a new
transcutaneous pCO2 device. Chest 1998; 113: 768-73.
27. Janssens J-A, Laszlo A, Uldry C et al. Non-invasive (transcutaneous) monitor-
ing of pCO2 (tcpCO2) in older adults. Gerontology 2005; 51: 174-78.
36. Wilson J, Russo P, Russo JA et al. Noninvasive monitoring of carbon dioxide
in infants and children with congenital heart disease: End-tidal versus trans-
cutaneous techniques. J Intensive Care Med 2005; 20, 5: 291-95.
61. Cox M, Kemp R, Anwar S. et al. Non-invasive monitoring of CO2 levels in
patients using NIV for AECOPD. Thorax 2006: 61: 363-4.
67. Sivasothy P, Smith IE, Shneerson JM. Mask intermittent positive pressure
ventilation in chronic hypercapnic respiratory failure due to chronic obstruc-
tive pulmonary disease. Eur Respir J 1998; 11: 34-40.
68. Tobias JD. Noninvasive carbon dioxide monitoring during one-lung ventila-
tion: End-tidal versus transcutaneous techniques. Journal of Cardiothoracic
and vascular Anesthesia. 2003; 17, 3: 306-08.
69. Oshibuchi M, Cho S, Hara T et al. A comparative evaluation of transcutane-
ous and end-tidal measurements of CO2 in thoracic anesthesia. Anesth
analg 2003; 97: 776-79.
76. Rowley D, Walsh BK, Young BS et al. Evaluation of a new digital transcuta-
neous tcpCO2 & SpO2 combination sensor and its correlation to ABG PaCO2.
AARC 51st International Respiratory Congress, Program from the open
forum no. 1. 2005; OF-05-106: 69.
60 77. Chaouat A, Weiltzenblum E, Krieger J et al. Association of chronic obstruc-
tive pulmonary disease and sleep apnea syndrome. Am J Respir Crit Care
Med 1995; 151,1: 82-86
78. O’Donoghue FJ, Catcheside PG, Ellis EE et al. Sleep hypoventilation in hy-
percapnic chronic obstructive pulmonary disease: Prevalence and associated
factors; Eur Respir J 2003; 21: 977-84.
79. Xie X-B; Liu Y. Application of bedside monitoring with arterized capillary
blood, transcutaneous and end tidal carbon dioxide during mechanical
ventilation. Zhonghua jie he he hu xi za zhi = Zhonghua jiehe he huxi zazhi
(= Chinese Journal of tuberculosis and respiratory diseases) 1993; 16, 2:
98-100 (English abstract 124-5).
80. Bateman NT, Leach RM. Clinical review. ABC of oxygen. Acute oxygen
therapy. BMJ 1998; 317. 798-801.
81. Brack T, Senn O, Russi EW, Bloch KE. Transtracheal high-flow insufflation
supports spontaneous respiration in chronic respiratory failure. Chest 2005;
127: 1: 98-04. Reprinted in Tosca - Selected case reports. Adipositas-hy-
poventialtion syndrome. 2005; Patient 1: Figure 2: 5. (Linde Medical Sensors
AG, Austrasse 25, Ch-4051, Basel, Switzerland)
82. Jennum PJ, Tønnesen P, Rasmussen N et al. Søvnrelaterede respirations-
forstyrrelser, definition, forekomst, patofysiologi og konsekvenser. Ugeskr
Læger 2005: 167, 22: 2380-85.
83. Blanchette T, Dziodzio J. Transcutaneous pCO2 and end-tidal pCO2 in venti-
lated adults. Respiratory Care 1992; 92, 3: 240-47.
84. Teschler H, Stampa J, Ragette R et al. Effect of mouth leak on effectiveness
of nasal bilevel ventilatory assistance and sleep architecture. Eur Respir J
1999; 14: 1251-57.
85. Fontana GA, Lavorini F, Boddi V et al. Comparison of dose-response slopes
obtained by simultaneous assessment of changes in FEV1 and transcutane-
ous oxygen partial pressure during methacholine challenges in asthmatic
patients. Journal of Asthma 1995; 32, 4: 301-407
86. Fontana GA, Cardellicchio S, Camiciottoli G et al. Changes in transcutane-
ous oxygen partial pressure as an index of response to inhaled methacholine
in asthmatic patients. Chest 1993; 103,5: 1375-80.

61
Laboratórios do sono

Apneia do sono
A apneia do sono afeta pessoas em todo o mundo. Segundo
estimativas da OMS, estão afetadas 5-20 milhões de pes-
soas na Europa e 15-20 milhões nos EUA, e 11% dos norte-
americanos com apneia obstrutiva do sono também sofrem de
DPOC. Se não forem tratados, estes pacientes sofrem de so-
nolência diurna excessiva e têm o seu desempenho cognitivo
afetado. O risco de causar acidentes de trafego e de sofrer de
doenças cardiovasculares aumenta. A monitorização contínua
não-invasiva dos níveis e das tendências da SpO2 provou ser
crucial nos laboratórios do sono no diagnóstico e tratamento
destes pacientes. Em conformidade, a monitorização da tcp-
CO2 é útil para detetar a hipoventilação [76,77, 78].

62

Episódios de hipoventilação
Para evitar hipoventilações potencialmente perigosas ou ven-
tilação noturna não otimizada, em ambientes clínicos é útil
fazer a medição das tcpCO2/SpO2 combinadas usando venti-
lação não invasiva por pressão positiva. Episódios de hipoven-
tilação que durem apenas 30 segundos são detetáveis pela
monitorização da tcpCO2 [76,78].
22:00 23:00 00:00 1:00 2:00 3:00 4:00 5:00 6:00
100 spO2 (%)

75

50
tcpCO2
52 (mmHg)
48
44

120 Pulso
(bpm)
80
40

22:00 23:00 00:00 1:00 2:00 3:00 4:00 5:00 6:00

FIG. 11: Registo noturno


Exemplo de um registo noturno de um paciente com hipoventilação associada
a obesidade e síndrome da apneia do sono. Os registos foram obtidos entre
as 18h e as 6h com um sensor de orelha de tcpCO2/SpO2. As setas mostram
como as SpO2, tcpCO2 e frequência de pulso refletem bem os eventos de
hipoventilação e o recomeço da ventilação normal, respetivamente [81]. 63

Fibrose quística
Os pacientes com fibrose quística avançada podem desenvolver
hipoxia e hipercapnia durante o sono, particularmente durante
o sono REM. Descobriu-se que nestes pacientes os níveis eleva-
dos de PaCO2 estavam associados com a dessaturação relacio-
nada com o sono e com o aumento da tcpCO2 nos períodos de
transição do sono NREM para REM [88].

Pacientes em ventilação não invasiva prolongada


A ventilação noturna não invasiva prolongada melhora os
sintomas diurnos de hipoventilação, a qualidade do sono e
a insuficiência respiratória mesmo quando os pacientes não
estão sob suporte ventilatório. A monitorização da tcpCO2 é
importante para avaliar a eficácia do tratamento e definir os
valores do ventilador [89].
Fugas na ventilação
Tal como foi mencionado na secção relativa à medicina pul-
monar, os pacientes em ventilação não invasiva por pressão
positiva apresentam frequentemente fugas na máscara ou
através da boca, o que pode perturbar a arquitetura do sono.
Os aumentos associados ao nível de dióxido de carbono po-
dem ser detetados através da monitorização da tcpCO2 [82].

Notas

64
76. Rowley D, Walsh BK, Young BS et al. Evaluation of a new digital transcuta-
neous tcpCO2 & SpO2 combination sensor and its correlation to ABG PaCO2.
AARC 51st International Respiratory Congress, Program from the open
forum no. 1. 2005; OF-05-106: 69.
77. Chaouat A, Weiltzenblum E, Krieger J et al. Association of chronic obstruc-
tive pulmonary disease and sleep apnea syndrome. Am J Respir Crit Care
Med 1995; 151, 1: 82 –86.
78. O´Donoghe Fj, Chatcheside PG, Ellis EE et al. Sleep hypoventilation in hyper-
capnic chronic obstructive pulmonary disease: Prevealence and associatiod
factors; Eur Respir J 2003; 21. 977 -84.
81. Bloch KE. Tosca - Selected case reports. Adipositas-hypoventialtion syn-
drome. 2005; Patient 1: figure 2: 5. (Linde Medical Sensors AG, Austrasse
25,
Ch-4051, Basel, Switzerland)
82. Teschler H, Stampa J, Ragette R et al. Effect of mouth leak on effectiveness
of nasal bilevel ventilatory assistance and sleep architecture. Eur Respir J
1999; 14: 1251-57.
86. Mullory E, McNicholas WT. Ventilation and gas exchange during sleep and
exercise in severe COPD. Chest 1996; 109, 2: 387-94.
88. Milross MA, Piper AJ, Norman M et al. Predicting sleep-disordered breathing
in patients with cystic fibrosis. Chest 2001; 120: 1239-45.
89. Piper AJ, Sullivan CE. Effect of long-term nocturnal nasal ventilation on
spontaneous breathing during sleep in neuromuscular and chest wall disor-
ders. Eur Respir J 1996; 9: 1515-22.

65
Hospitais e laboratórios veterinários

Animais
Embora a monitorização transcutânea tenha sido original-
mente desenvolvida para uso humano, a literatura mostra
vários exemplos do seu uso em animais. Antes da realização
da medição TC, é necessário preparar a pele para otimizar
as condições de difusão dos gases. Assim, aconselha-se a
remoção do pelo e da camada superior de células cutâneas
mortas. Não usar nenhum tipo de químico para depilar para
não afetar as medições. Em animais grandes, como porcos, al-
guns autores recomendam que se prepare a pele friccionando-
a cuidadosamente com lixa de areia depois de depilar [90].

Correlação tcpCO2 - PaCO2 em ratinhos e ratos


Observou-se uma correlação linear entre a tcpCO2 e a PaCO2
de ratinhos e diferentes raças de ratos [91].
66
Viabilidade da pele dos cães
Um estudo concluiu que a oxigenação transcutânea é útil para
a avaliação da viabilidade da pele dos cães [92].

Choque hemorrágico nos porcos


Usaram-se porcos com doze semanas para avaliar a gravidade
do choque hemorrágico. Juntamente com a medição do pH na
parede intramucosa, a monitorização transcutânea do oxigénio
indicou a perda de sangue mais rapidamente que, por exemplo,
o débito cardíaco [90].

Nem todos os estudos mostraram bons resultados


Alguns estudos com animais não apresentaram bons resulta-
dos. Poderá dever-se a uma preparação incorreta da pele do
animal ou a limitações da técnica TC. Recomenda-se, portan-
to, a validação das medições antes de se iniciar novos tipos de
estudos ou usos clínicos com animais.
Uso experimental da técnica TC
O uso experimental da técnica TC requer, por vezes, novas
formas de pensar. Um exemplo é o caso não publicado
sobre a medição TC do oxigénio intestinal de um cavalo
em cirurgia ao íleo. Como o intestino está húmido e em
movimento, é impossível usar anéis de fixação para aplicar
o sensor. Os veterinários usaram um sensor de tcpO2 limpo
(mas não esterilizado) com uma membrana nova. Cortaram
um orifício numa luva esterilizada para a cabeça do sensor,
de maneira que este pudesse ser aplicado diretamente no
intestino em movimento, sem gel ou líquido de contacto. A
temperatura de medição era baixa para evitar queimaduras.
O método permitiu-lhes decidir onde a oxigenação do teci-
do era suficiente e onde era muito baixa. A operação correu
bem; posteriormente, o cavalo foi tratado com antibióticos e
não apresentou nenhum sinal de infeção [*].
*Material não publicado.

67

Notas
90. Hartmann M, Montgomery A, Jönsson K et al. Tissue oxygenation in hemor-
rhagic shock measured as transcutaneous oxygen tension, subcutaneous
oxygen tension, and gastrointestinal intramucosal pH in pigs. Critical care
Medicine 1991; 19,2: 205-10.
91. Ramos-Cabrer P, Weber R, Wiedermann D et al. Continuous noninvasive
monitoring of transcutaneous blood gases for a stable and persistent BOLD
contrast in fMRI studies in the rat. NMR in Biomed 2005; 18: 440-46.
92. Rocbat MC, Pope ER, Payne JT et al. Transcutaneous oxygen monitoring for
predicting skin viability in dogs. Am J Vet Res 1993; 53, 3: 468-75.

68

68
Uso dos monitores TCM4/40,
TCM TOSCA e TCM CombiM
Breve descrição dos monitores TCM4/40/TOSCA/CombiM
Esta secção do manual descreve de forma breve como traba-
lhar com os monitores TCM4/40, TCM TOSCA e TCM Com-
biM. Para mais informação, por favor consulte os manuais do
utilizador destes monitores.

Medições
Durante a monitorização, os resultados podem ser vistos
como resultados numéricos correntes, curvas e tabelas de
tendências. O monitor armazena dados de até 48 horas de
monitorização. É possível imprimir os dados ou enviá-los para
um computador externo.

69
Estrutura do menu dos monitores
TCM4/40, TCM TOSCA e TCM CombiM

Config.

Vista Parâmetro Calibração Impressora Técnica

pCO2 SmartCal Intervalo Introduzir


pO2 Estado Cal tempo cód.
SpO2/Pulso Membrana Período acesso
(Não TCM4) trocada Tipo relatório
Gases Interv. curvas
sangue Tipo
impressora

Normal Tabela Curva tend.


tend.
Ver Intervalo Período
Período tempo Interv. curvas
Interv. curvas pCO2
pO2
70 pCO2 Potência
pO2 SpO2/Pulso (só TCM40)
Potência (só TCM4) Selecionar curvas
Proteção ecrã

Definições Menu de Valores


Data/hora
técnicas Serviço predefinidos
Definições Exclusivo
data/hora Serviço
Formato Técnico
data

Fig. 12: Estrutura do menu dos TCM4/40/TOSCA/CombiM

*Apenas nos monitores TCM TOSCA/CombiM


Breves instruções dos monitores TCM4/40,
TCM TOSCA e TCM CombiM

Por favor, veja as instruções nos manuais do utilizador.

Aqui encontrará apenas uma breve descrição da utilização;


quando usar o monitor, consulte os manuais do utilizador

Aplicação As seguintes instruções são válidas para os


monitores do modelo com a unidade base
391-876 ou posterior.

Ligar Ligue o interruptor da energia na traseira do


monitor e pressione o botão na parte da
frente.

Desligar Pressione o botão na frente do monitor. 71


Em seguida prima OK no ecrã.

Nota: Se o interruptor na traseira estiver ON, a


bateria será recarregada quando necessário.

Calibração Insira o sensor na câmara de calibração e


prima Calibrar.

Nota: Certifique-se que o sensor está bem


colocado na câmara e que a patilha está
posicionada na horizontal sobre o sensor.

SmartCal A função SmartCal assegura que o monitor


está sempre pronto para a monitorização ao
calibrar sempre que for necessário.

Continua na página 72
Siga os passos para ativar/desativar a SmartCal:
1. Prima Config. > Calibração > SmartCal.
2. Use a tecla com a seta azul para selecionar
a opção "SmartCal ON/OFF".
3. Use as teclas com as setas pretas para
escolher a opção ON ou OFF.
4. Use a tecla com a seta azul para selecionar
a opção "Duração SmartCal".
5. Use as teclas com as setas pretas para
escolher o período da SmartCal.
6. Prima OK.
Nota: Embora a opção esteja ativada, é
necessário premir Calibrar para iniciar um
novo período de SmartCal.
Nota: Se a SmartCal não estiver ativada, a
calibração é manual premindo Calibrar.
SmartHeat A função SmartHeat no TCM4/40 aumenta a
72 temperatura do sensor 1 °C. A temperatura
máxima é de 45 °C atingida cinco minutos
após tirar o sensor da câmara de calibração,
proporcionando valores de tcpO2/tcpCO2
8-12 minutos após a aplicação do sensor no
paciente. Siga os passos para ativar/desativar o
SmartHeat:
1. Prima Config. > Parâmetro > pCO2 ou
pO2.
2. Use a tecla com a seta azul para selecionar
a opção "SmartHeat".
3. Use as teclas com as setas pretas para
escolher a opção ON ou OFF.
4. Prima OK.
Nota: A definição desta opção é comum para
a pCO2 e a pO2.
Ajustar limites 1. Prima Config. > Parâmetro > pCO2 ou pO2.
do alarme de (Em alternativa prima apenas o
pCO2 e pO2 parâmetro requerido)
2. Use a tecla com a seta azul para selecionar
as opções "Alarme sup./inf.”.
3. Use as teclas com as setas pretas para
ajustar os valores.
4. Prima OK.
Ajustar limites 1. Prima Config. > Parâmetro > SpO2/Pulso.
do alarme de (Em alternativa prima Parâmetro)
SpO2 e pulso 2. Use a tecla com a seta azul para selecionar
as opções de "SpO2alarme sup./inf." e
"Pulso alarme sup./inf.".
3. Use as teclas com as setas pretas para
ajustar os valores.
4. Prima OK.
Definir os 1. Prima Config. > Parâmetro > SpO2/
SatSeconds* Pulso para o TCM40. 73
2. Use a tecla com a seta azul para selecionar
a opção "SatSeconds".
3. Use as teclas com as setas pretas para
ajustar o valor.
4. Prima OK.
Veja a descrição da função SatSeconds no
Manual do utilizador do TCM4/40.
Silenciar alar- Prima Alarme silêncio para silenciar o alarme
me de todos durante 2 minutos.
parâmetros Siga os passos para desativar o alarme con-
tinuamente:
1. Prima Config. > Parâmetro > pCO2 ou
pO2 ou SpO2/Pulso.

Continua na página 74
2. Use a tecla com a seta azul para selecionar
o alarme de "pCO2", "pO2", "SpO2"
ou Pulso.
3. Use as teclas com as setas pretas para
definir a opção para ON ou OFF.
4. Prima OK.
Símbolos O significado dos símbolos do alarme na vista
Normal é o seguinte:
Alarme desligado (off)
Alarme ligado (on)
Crono O cronómetro é ativado quando o sensor é
aplicado no paciente. Esta função pode ser
usada para indicar quando tem de mudar o
sensor de sítio, quando dar medicação ou
o fim de um período de monitorização. O
cronómetro faz a contagem decrescente em
intervalos de 1 minuto e ao atingir zero é vista
74 a mensagem "Fim da programação" no ecrã.
Siga os passos para ajustar a Programação:
1. Prima Config. >Parâmetro >pCO2 ou pO2.
2. Use a tecla com a seta azul para selecionar
a opção "Programação".
3. Use as teclas com as setas pretas para
definir o crono.
4. Prima OK.
Nota: Se o aquecimento for definido para OFF
na configuração, o aquecimento do sensor é
desligado quando o cronómetro atinge zero e
o TCM4/40 para a monitorização; se definido
para ON, o aquecimento continua.
Nota: A definição desta opção é comum para
a pCO2 e pO2.
Marcar um Prima Evento > OK para marcar um evento
evento (por exemplo, dar medicação). O número do
evento é adicionado às vistas Normal e Tabela
e Curva de Tendências.
Vistas Para ver os dados no formato pretendido,
prima Config. > Normal ou Tabela Tendên-
cias ou Curva Tendências > OK.
Na vista de Tabela de Tendências, são apresen-
tados os valores atuais e os históricos. Na vista
de Curva de Tendências é possível mudar os
valores superiores e inferiores dos intervalos
com as teclas com as setas junto ao
parâmetro.
Cursor na Cur- Na vista de Curva de Tendências prima Cursor
va Tendências para ver o cursor no ecrã.
Os valores do cursor (pCO2, pO2, Potência,
SpO2, Pulso, Hora e Data) são vistos na parte
inferior direita do ecrã e os valores atuais 75
na parte superior direita do ecrã. Quando o
cursor é levado totalmente para a esquerda,
o eixo do tempo muda e é possível recuar no
tempo.
Estado do gás Quando existir 10 % ou menos de gás na
garrafa, o nível do gás é apresentado numa
barra durante a calibração. Recomenda-se a
substituição da garrafa quando a barra
aparecer.
Trocar gás 1. Desenrosque a garrafa usada rodando-a
para a esquerda.
2. Retire a tampa branca de proteção da
garrafa nova e enrosque a garrafa rodan-
do-a o máximo possível para a direita.
Bateria Se o monitor estiver a trabalhar com energia
da bateria, a carga restante é indicada no
topo do ecrã através dos seguintes símbolos:

cheia , quase cheia ,

fraca e criticamente fraca .

Nível do som 1. Prima Config. > Parâmetro > pCO2 ou


do alarme pO2 ou SpO2/Pulso.
2. Use a tecla com a seta azul para selecionar
a opção "Nível do som do alarme".
3. Use as teclas com as setas pretas para
ajustar o volume.
4. Prima OK.
Nota: A definição desta opção é comum às
pCO2, pO2 e SpO2.
76 Ajustar as 1. Prima Config. > Técnica (introduza o
data/hora código "19100") > Enter > Data/hora
2. Ajuste a data e a hora.
3. Prima OK.
Alternar uni- 1. Prima Config. > Técnica (introduza o
dades entre código "19100") > Enter
kPa e mmHg. > Unidades pCO2/pO2 kPa/mmHg
2. Ajuste as unidades.
3. Prima OK.
Ajustar valores Ajuste os valores predefinidos – por ex., as
predefinidos unidades (kPa/mmHg), os limites dos alarmes,
os intervalos das curvas e a temperatura –
segundo as suas necessidades.
Nota: Nas definições técnicas é possível escolher valores
padrão. Ao premir esta tecla poderá alterar muitas das suas
definições (limites dos parâmetros, tempo de medição, vista
de curva, etc.). Veja as instruções completas no manual do
utilizador ou veja os vídeos tutoriais no monitor.

Fatores de conversão
1 mmHg = 1 Torr = 0,133322 kPa [93]

77
Como aplicar os sensores tc

Sensores em anéis de fixação


1. Calibre o sensor tc.
2. Recomendamos que limpe o local de medição com álcool
ou outra solução cutânea e, se necessário, depile a área.
Assim o anel cola-se melhor à pele e evita-se a entrada de
ar para o anel de fixação.
3. Seque bem o local.
4. Pegue num anel de fixação.
5. Retire a película de proteção do anel.
6. Aplique o anel de fixação no local da medição assim:
• Pressione o centro do anel contra o local de medição
com um dedo
• Percorra a circunferência exterior com outro dedo

Nota: É fundamental que faça pressão com firmeza para


78 evitar a entrada de ar atmosférico por baixo do anel.
Devido à diferença entre as tcpO2 e tcpCO2 fisiológicas e
as concentrações atmosféricas de 20,93 % de O2 e 0,03 %
de CO2 (*), é fácil diferenciar os valores das tcpO2/tcpCO2.

7. Encha o centro do anel com 3-5 gotas de líquido de con-


tacto ou uma gota de gel de contacto.
8. Fixe o sensor no anel alinhando a seta no sensor com uma
das marcas no anel de fixação. Rode o sensor 90° para a
direita para o prender ao anel (E5250-E5480), ou pressione o
sensor até ouvir um clique (54-TOSCA92).
Espere uma leitura estável depois do sensor ter sido fixado no
paciente.

Ao escolher o SmartHeat nos monitores TCM4/40, o tempo


de estabilização fisiológico reduz-se para 5-16 minutos para
a tcpO2 e 3-6 minutos para a tcpCO2.

(*Ao nível do mar e à pressão de 1 atmosfera)


Como aplicar a pinça de orelha e o sensor no lóbulo

1. Limpe o lóbulo da orelha


com uma compressa embe-
bida em álcool.

Álcool

2. Pegue numa pinça e tire o


papel branco de proteção.

Papel

79

3. Prenda a pinça à parte


carnuda do lóbulo (com o
anel de fixação virado para
fora). Aperte com suavidade
para garantir que a parte
adesiva adere bem à pele.
Certifique-se que não há ar
sob a parte adesiva.
4. Aplique duas gotas de
gel de contacto na pele
visível no centro do anel;
o suficiente para molhar
ligeiramente.

5. Retire o sensor da câmara de


calibração e insira-o no anel
da pinça.
Pressione suavemente até
encaixar.

80
6. Rode o sensor até à melhor
posição. Certifique-se que
o cabo do sensor tem folga
e que não vai ser forçado
durante a monitorização.
Oriente o cabo para evitar
o estrangulamento. Para ga-
rantir a correta fixação, rode
o sensor cuidadosamente
um quarto de volta.
Calibração

Quando calibrar
A Radiometer recomenda a realização de uma calibração
nos monitores TCM4/40:
• antes de cada período de monitorização
• ao mudar de local de medição
• a cada 4 horas (TCM4/40*) ou a cada 8-12 horas
(TCM/TOSCA/CombiM)*)
• sempre que a membrana do sensor for trocada

Depois de trocar a membrana e depois do monitor TC ser li-


gado, recomenda-se que calibre o sensor duas vezes, com um
intervalo de 30 minutos entre as calibrações, antes de uma
nova medição, para minimizar o desvio do sensor.

Calibração in vivo
A calibração in vivo é um ajuste dos valores iniciais das tcp- 81
CO2/tcpO2 aos valores iniciais dos gases no sangue arterial.
É feita movendo os valores TC vistos para cima ou para baixo
dos níveis de PaO2/CO2 medidos inicialmente. Para fazer uma
calibração in vivo, selecione-a na configuração. Colha uma
amostra de sangue arterial no início do período estável da
monitorização e prima a tecla dos gases no sangue. Quando
a amostra estiver analisada, os valores dos gases no sangue
medidos têm de ser digitados no monitor TC.

*) Num estudo de 8 horas de monitorização contínua da tcpCO2 com este sen-


sor TC, o autor concluiu que durante as 8 horas os resultados das medições foram
fiáveis e sem qualquer desvio significativo. A membrana foi trocada a cada 48 horas.
Portanto, isto é possível, mas não está de acordo com as recomendações para este
sensor. Em alternativa, também é possível usar os sensores TCM/TOSCA/CombiM
que têm de ser calibrados apenas a cada 8-12 horas. [94]
Encontram-se discussões na literatura sobre a necessidade da
calibração in vivo. Em pacientes com lesões graves na cabeça e
no cérebro, o aumento do nível da PaCO2 pode levar ao aumento
do fluxo sanguíneo cerebral e ao aumento do edema. Um autor
recomenda que nestes pacientes seja feita uma calibração in vivo
no início da monitorização e enfatiza a necessidade de a verificar
regularmente. (No entanto, outros autores preferem não usar a
calibração in vivo ao fazer a monitorização da tcpCO2.)

O estudo contava apenas com 12 pacientes com DPOC. Con-


cluiu-se “que os valores da tcpCO2 e as variações refletiram com
exatidão os valores da PaCO2 e que isto parece estar restringido
a pacientes com os valores da PaCO2 abaixo de 56 mmHg”.
Contudo, o estudo teve apenas um paciente com a PaCO2 até
56 mmHg, tornando esta parte da conclusão questionável. Esta
também pode ser a razão para esta correlação limitada não ser
confirmada por nenhum dos estudos maiores aqui menciona-
82 dos. Os autores explicaram a incidência com a temperatura do
elétrodo muito baixa e aconselham os leitores a fazer uma cali-
bração in vivo* ao usar a monitorização TC. [78,95].

Por favor, note que a calibração in vivo não faz o monitor TC


ler valores arteriais, nem elimina o fluxo sanguíneo ou outras
determinantes de que dependem os valores TC. Embora uma
análise aos gases no sangue seja, em muitas situações, o
"padrão de ouro", há sempre o risco de erros pré-analíticos
na amostra usada na calibração in vivo. Além disso, uma
calibração in vivo requer uma amostra de sangue nova a cada
alteração do local de medição ou da temperatura do sensor,
e o sensor continua a necessitar de calibrações regulares para
evitar desvios. As medições TC mostram tendências e não
valores absolutos; inicialmente as tendências mostram o valor
real dos gases no sangue arterial, mas este pode já não ser
exato no final da medição. Para mais informação, por favor,
consulte os manuais do utilizador [21,78,95].
21. Bendjelid K, Schütz N, Stotz M et al. Transcutaneous pCO2 monitoring in
critically ill adults: Clinical evaluation of a new sensor. Crit Care Med 2005;
33, 10: 2203-06.
78. O’Donoghue FJ, Catcheside PG, Ellis EE et al. Sleep hypoventilation in hy-
percapnic chronic obstructive pulmonary disease: Prevalence and associated
factors; Eur Respir J 2003; 21: 977- 84.
93. www.concert-me.com/en/convert/units/pressure/pressure.mm*mercury.
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94. Janssens JP, Perrin E, Bennani I et al. Is continuous transcutaneous monitor-
ing of pCO2 (tcpCO2) over 8 h reliable in adults? Respiratory Medicine 2001:
95.
95. Cuvelier A, Grigoriu B, Molano LC, Muri J-F et al. Limitations of transcutane-
ous carbon dioxide measurements for assessing long-term mechanical
ventilation. Chest 2005; 127: 1744-48.

83
Limpeza

Limpeza
Limpe as seguintes partes com suavidade com um pano macio
humedecido com antissético cutâneo, por ex., álcool a 70 %:
• cabeça do sensor
• cabo

Nota: O uso de loção para as mãos contendo isopropanol/


álcool propílico antes de manusear o sensor pode danificar
o cabo. Para evitar transferir loção para o cabo, seque as
mãos antes de manusear o sensor.

Limpar o exterior
Quando limpar o monitor:
• Desligue o monitor
• Use um pano ligeiramente humedecido com água e sabão
84 ou um detergente suave
• Não use produtos ou panos de limpeza abrasivos para não
danificar a cobertura
• Não use substâncias à base de etanol ou detergentes agres-
sivos; o uso prolongado pode fragilizar o plástico e originar
fissuras

Limpar o ecrã tátil


Pode usar um pano macio que não largue pelos seco ou
ligeiramente humedecido para limpar o ecrã tátil. Limpe com
suavidade apenas para eliminar dedadas e/ou sujidade. Para
evitar riscar, recomendamos um produto de limpeza aprovado.

Desinfeção
Mergulhe o sensor e o cabo numa solução aquosa de 2-3 %
de dialdeídos ativos.
Advertência: Não mergulhe o conector do sensor na
solução de desinfeção; se o fizer, o sensor poderá falhar.

Advertência: Não use a esterilização por aquecimento pois


o sensor não tolera temperaturas acima dos 70 °C (158 °F)
e poderá falhar.

85
Manutenção dos sensores

Recomendações dos fabricantes para os sensores


Para medições ótimas com os sensores E5250 (O2), E5260
(CO2), E5280 (O2/CO2) e E5480 (neo. O2/CO2) recomenda-se a
substituição semanal das respetivas membranas*. As membra-
nas dos TC sensor 54 (CO2), TC sensor 84 (O2/CO2) e TOSCA
sensor 92 (CO2/SpO2) têm de ser trocadas a cada 14 dias.

Trocar a membrana dos sensores E5250-80

1. Retirar os anéis usados: faça


deslizar o extrator por baixo
do anel, mesmo acima da
seta no suporte do sensor.

86

2. Rode o extrator de anéis


para a direita e para a es-
querda para soltar os dois
anéis.
É mais fácil se o sensor
estiver apoiado numa mesa.

*No entanto, num estudo, os autores referem que a troca mais frequente da mem-
brana (i.e., após um máximo de duas vezes 8 horas contínuas de registo ou quando
a calibração é invulgarmente longa) a concordância entre os valores da PaCO2 e da
tcpCO2 aumenta ainda mais [27].
3. Retire as membranas usadas.
Note que são duas se for um
sensor de tcpCO2/O2
combinadas.

4. Limpar a superfície do
sensor: absorva a solução
eletrolítica usada com o
papel de limpeza fornecido.

87
5. Esfregue duas ou três vezes
com cuidado a superfície de
medição do sensor com o
papel de limpeza, para reti-
rar a fina película de prata
que se precipitou no sensor.
6. Deite duas gotas de solução
eletrolítica na superfície do
sensor.
Nota: Certifique-se que a
solução cobre totalmente
a superfície do sensor sem
bolhas de ar.

7 • Ponha a unidade de
membranas numa super-
fície dura e estável.
• Devagar, vire o sensor
até ficar com a face de
medição para baixo. Se a
solução eletrolítica pingar,
volte ao passo cinco.
• Insira a cabeça do sensor
na abertura da unidade
de membranas.
88
Trocar a membrana no sensor E5480

1. Deite duas gotas de solu-


ção eletrolítica no sistema
de troca de membranas.
Nota: Certifique-se que
não existem bolhas de ar
na solução eletrolítica. Se
existirem, espere alguns
segundos e volte a verifi-
car.
2. Insira o sensor (sem a
tampa protetora) na zona
de introdução no sistema de
troca.

3. Retire a membrana usada,


segurando firmemente
ambas as extremidades do
sistema de troca. Puxe na
direção das setas até só se
ver uma seta na zona de
introdução do sensor. Para
terminar a colocação da
nova membrana, puxe com
força no sentido da seta até
o sistema bloquear e não se
ver nenhuma seta.
89
4. Retire o sensor e limpe o ex-
cesso de solução com papel
de limpeza. Calibre o sensor
duas vezes antes de usar.
Trocar a membrana nos tc sensor 54,
tc sensor 84 e tc sensor 92

1. Assegure-se que o sensor está


conectado ao monitor, que
tem de estar ligado. Tire a
unidade de membrana usada
com a zona do entalhe em V
na base do sistema de troca.
O cabo tem de estar virado
para baixo sob o sistema de
troca de membranas. Com
uma mão, pressione o sistema
para baixo enquanto mantém
o sensor no lugar com a outra
mão e a membrana usada é
rejeitada.

Nota: Um sensor novo é


entregue sem membrana,
por isso, comece no
passo dois.

2. Limpe a superfície do sensor


90 com um toalhete embebido
H2O em água. Assim também
tirará o espaçador. Seque
a superfície do sensor sem
deixar fibras do toalhete.
Nota: Não deixe um
sensor por preparar ao ar.
Siga imediatamente para
o passo seguinte.

MEMBRANA 3. Esta mensagem aparece no


TROCADA monitor. Não responda até
+ SIM + chegar ao passo oito.
- NÃO -
4. Levante a tampa do sistema
de troca e deite duas gotas
de solução eletrolítica (co-
incidindo com os números
do sensor) no centro da
unidade de membranas.

5. Insira o sensor (com a


superfície virada para baixo)
dentro do preparador até
ficar ligeiramente preso. Não
pressione.

91
6. Feche a tampa do sistema de
troca e pressione até ouvir
o estalido que indica que a
nova unidade de membrana
está colocada. Abra a tampa,
retire o sensor e rejeite o
sistema de troca.
7. Limpe o excesso de eletrólito
na lateral do sensor.

8. Prima “+” no monitor para


confirmar a troca da mem-
brana. A data fica gravada
na memória do sensor.

A CALIBRAR
38 mmHg 9. Levante a patilha da câmara
CAL - Gás de calibração e insira o
0% 100% máximo possível o sensor
com a superfície virada
para baixo. Solte a patilha.
A mensagem "A calibrar o
92 sensor" aparece. Quando a
calibração terminar aparece
a mensagem "Pronto a
usar". O sensor já está
pronto para as medições.
Lista de abreviaturas

AARC: American Association of Respiratory Care


ARDS: Síndrome da insuficiência respiratória aguda
IMC: Índice de massa corporal (kg/m2)
°C: Graus Celsius
CPAP: Pressão positiva contínua das vias aéreas
DPOC: Doença pulmonar obstrutiva crónica
CO2 expiração: Concentração do CO2 de expiração
°F: Graus Fahrenheit
VJAF: Ventilação a jato de alta frequência
VOAF: Ventilação oscilatória de alta frequência
HHb: Hemoglobina desoxigenada
UCI: Unidade de cuidados intensivos
IV: Infravermelho
kPa: Quilo Pascal
LED: Díodo emissor de luz
mm Hg: Milímetros de mercúrio (o mesmo que Torr) 93
VNPP: Ventilação não invasiva por pressão positiva
VPN: Valor previsor negativo
Nm: Nanómetro
O2Hb: Hemoglobina oxigenada
PaCO2: Pressão parcial do CO2 arterial
PaO2: Pressão parcial do O2 arterial
PcaCO2: Pressão parcial do CO2 capilar
BiPAP: Ventilação das vias aéreas bi-nível por pressão
positiva
VPP: Valor previsor positivo
Prs: Resistência respiratória medida por oscilação
Rint: Técnica da interrupção para medição da re-
sistência respiratória
SpO2: Saturação medida por oximetria de pulso
sRaw: Pletismografia de corpo total para medição da
resistência específica das vias respiratórias
TC: Transcutâneo
tcpCO2: pCO2 transcutâneo
tcpO2: pO2 transcutâneo
tcpCO2/O2: pCO2 e O2 transcutâneos
UV: Luz ultravioleta
VD/VT : Rácio do espaço morto fisiológico respiratório
com o volume corrente
V/O: Rácio ventilação/perfusão
Xrs5: Reactância respiratória medida por oscilação

94
Técnicas complementares
Em seguida apresentamos um resumo das diferentes técnicas
que complementam a monitorização transcutânea.

Amostras de sangue arterial para análise dos gases


A avaliação da ventilação alveolar e da saturação do oxigénio
arterial nos pacientes em estado grave requer frequentemente
a colheita de sangue arterial para a análise dos gases [21].

As análises dos gases no sangue arterial são o padrão de ouro nas


UCI e nos cuidados intermédios. Contudo, as colheitas são inva-
sivas e dolorosas, e podem, raras vezes, originar complicações
graves (lesões nos nervos, trombose arterial e isquemia causadora
de necrose). Além disso, dão apenas uma imagem momentânea
do estado das PaCO2/PaO2 se não houver erros pré-analíticos,
não dando valores contínuos. Em neonatologia, aconselha-se 95
minimizar a quantidade de colheitas devido ao pequeno volume
de sangue destes pacientes e para redução da necessidade de
transfusões de sangue que podem originar complicações graves.
A pesar disto, as amostras de sangue arterial proporcionam o
estado exato dos gases, que pode ser necessário para a correta
vigilância do paciente [96,97].

Oximetria de pulso
A oximetria de pulso permite monitorizar a oxigenação sis-
témica. A técnica é comum e fácil de usar. Movimentos como
tremores podem interromper o sinal da SpO2. O local não
deve ter feridas, cicatrizes ou marcas de nascença. A medição
nos dedos das mãos ou dos pés em pacientes com má circu-
lação periférica também pode ser problemática. Pigmentação
cutânea e verniz das unhas podem originar desvios. A maioria
dos oxímetros são exatos dentro do intervalo de ±3-5 %, e
são considerados não fiáveis abaixo de 70 %. Devido à for-
ma plana da CDO em níveis altos, não é possível estimar a
PaO2 para detetar hiperoxia. As leituras da SpO2 podem não
ser exatas devido a níveis elevados de carboxiemoglobina, al-
terações no pH, temperatura, 2,3-DPG e pCO2, ou níveis de
hemoglobina anormais. Considerando estes fatores, a técnica
é valiosa, barata e fácil de usar. No entanto, a SpO2 indica a-
penas o nível do oxigénio e não do dióxido de carbono. O des-
mame da ventilação mecânica, a redução do volume corrente
na síndrome da insuficiência respiratória aguda e a gestão de
pacientes com edema cerebral requerem a monitorização da
tensão do dióxido de carbono [98,9,40,19,21].

Tonometria gástrica e capnometria sublingual


A tonometria gástrica e a capnometria sublingual baseiam-se
no princípio da elevação do dióxido de carbono nos pacientes
com má perfusão. A técnica da tonometria gástrica requer a
introdução de um tubo nasogástrico específico. O método é
96 difícil e por isso não é usado com frequência, requerendo, por
exemplo, um tempo de equilíbrio longo (90 minutos se o balão
do tubo depender de fluidos e cerca de 20 minutos para de-
pendente de gás). Os bloqueadores de tipo 2 da histamina são
necessários para limitar a geração intraluminal de dióxido de
carbono do ácido gástrico e a nutrição enteral tem de parar 2
horas antes de cada medição. A monitorização sublingual da
pCO2 tem sido usada quando o sistema gastrointestinal esteve
privado de perfusão adequada, como nos primeiros estádios
de choque. É "não-invasiva" e apresenta informação quase
instantânea. No entanto, a experiência clínica com esta técnica
é limitada. Até agora, ambos os métodos mostram uma relação
próxima com as reduções na tensão arterial e no índice cardíaco
durante o choque circulatório ou séptico. Apenas proporcio-
nam medições descontínuas e é necessário usar uma sonda
para obter cada ponto de dado. Devido ao uso limitado, estas
técnicas não voltarão a ser discutidas [4,64, 99].
pCO2 de expiração
A monitorização da pCO2 de expiração refere-se à monitorização
não invasiva das concentrações de dióxido de carbono exalado
ao fim da expiração. É usada principalmente para verificar a
posição do tubo endotraqueal e durante a ressuscitação cardio-
pulmonar. Padronizou-se nos cuidados em BO, em algumas UCI
e está a ser cada vez mais usada no SU. A inexatidão significativa
causada pela presença de shunt intrapulmonar e pela ventilação
do espaço morto é um problema desta técnica. Esta inexatidão
também se encontra em pacientes com doença pulmonar in-
trínseca, desequilíbrio ventilação/perfusão ou em pacientes com
volumes correntes pequenos (por exemplo, recém-nascidos e cri-
anças). Estudos mostraram que em todos estes pacientes a pCO2
de expiração é menos exata que a tcpCO2. Outros estudos mos-
traram que a pCO2 de expiração aumenta bastante durante a
ventilação de um pulmão, mas que nem a tcpCO2 nem a PaCO2
mostraram as mesmas alterações [21,27,36,46,68,69,100,101].
97
Embora as medições TC e de fim de expiração sejam mais
usadas que a PaCO2, estas monitorizam indiretamente os
diferentes elementos da produção, transporte e eliminação do
dióxido de carbono. Num estudo de comparação, concluiu-se
que os valores da pCO2 de expiração podem não refletir sem-
pre com exatidão a PaCO2; ainda assim, a medição da pCO2
de expiração dá informação que pode ser derivada da onda do
dióxido de carbono e o tempo de resposta é rápido [21,102].

tcpCO2
A monitorização da tcpCO2 (e para os neonatos, também
a monitorização da tcpO2) proporciona informação quase
instantânea e contínua sobre a circulação periférica e a
capacidade de eliminar o dióxido de carbono do sistema
cardiopulmonar (e levar oxigénio aos tecidos).
A técnica estima com exatidão a PaCO2 em caso de disfunção
cardiorrespiratória. O monitor pode ser movido, acompanhan-
do o paciente. Contudo, o sensor necessita de aquecimento e
de calibração periódica, o local de medição deverá mudar com
frequência e a membrana do sensor tem de ser trocada regu-
larmente. Por outro lado, a TC é não-invasiva, fácil de usar,
não implica intubação e a calibração demora pouco tempo.
A medição do dióxido de carbono transcutâneo durante as
VJAF/VOAF é recomendada pelos fabricantes dos equipamen-
tos usados nestas técnicas. As tendências da tcpCO2 podem
validar ou limitar a necessidade de tecnologia de monitori-
zação mais cara e mais arriscada, como é o caso das colheitas
arteriais [4,21,102].

Resumo
98 Todas as técnicas têm vantagens e desvantagens. Para
alguns pacientes, a técnica transcutânea não invasiva é
a mais simples e a melhor. Permite fazer a importante
monitorização contínua e não invasiva dos pacientes com
doença cardiorrespiratória (em qualquer idade). Noutros
segmentos, a melhor maneira de monitorizar pode ser
pela combinação de uma ou mais técnicas (TC, GSA, SpO2
oupCO2 de expiração). Por exemplo, quando a monitori-
zação do dióxido de carbono transcutâneo combinada
com a oximetria de pulso reforça a medição intermitente e
invasiva dos gases no sangue arterial. No geral, estas qua-
tro técnicas complementam-se, em vez de se excluírem,
ao tentarem atingir o importante objetivo de otimizar o
estado ventilatório e respiratório do paciente.
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dioxide analysis: Complimentary monitoring strategies. Journal of Intensive
Care Medicine 2005; 20, 5: 307-09.
Escolha do local de aplicação e da temperatura do sensor
Neonatologia/Pediatria
Menos de Mais de
1–3 anos 3–16 anos
2000 g 2000 g

Testa e face

Lóbulo orelha
LOCAL DE APLICAÇÃO DO SENSOR

Pescoço

Tórax

Costas

Antebraço

Abdómen

100
Nádegas

Perna medial
prox.

40 ºC/104 ºF
TEMPERATURA DO SENSOR

41 ºC/106 ºF

42 ºC/108 ºF

43 ºC/109 ºF

44 ºC/111 ºF

45 ºC/113 ºF

O diagrama baseia-se em experiência de mercado e não deverá ser usado


como uma regra geral
Adulto
tc Sensor E5480
Med. BO, UCI, Sedação
Lab. do sono (O2/CO2)
respiratória intermédios consciente
tc Sensor E5280
(O2/CO2)

tc Sensor 92
(SpO2/CO2)

tc Sensor E5260
(CO2)

tc Sensor 54
(CO2)

tc Sensor E5250
(O2)

tc Sensor 84
(O2/CO2)

101

*Advertência de choque

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