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INSTITUTO DE TECNOLOGIA
FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA
BELÉM
2011
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE TECNOLOGIA - ITEC
FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA - FEM
Belém
2011
ADRY KLEBER FERREIRA DE LIMA / 06021001701
__________________________________________
Prof. Dr. Newton Sure Soeiro
(Orientador)
__________________________________________
Prof. Dr. Erb Ferreira Lins
(Examinador Interno)
__________________________________________
Prof. Dr. Gustavo da Silva Vieira de Melo
(Examinador Interno)
__________________________________________
Eng. Jacques Philippe Marcel Sanz
(Examinador Externo)
Conceito: _________________
Belém
2011
Aos meus pais, Antônio Kleber e Ângela Suely
Ao meu irmão, Alysson Kleber
À minha família constituída, Edilma Rodrigues, minha esposa e Juciana Silva, minha cunhada
AGRADECIMENTOS
Aos meus familiares, meus pais, Antônio Kleber e Ângela Suely, e meu irmão, Alysson Kleber,
que sempre me incentivaram positivamente em minhas atividades e decisões. Meu pai por sempre
ter as palavras certas pra me orientar nos momentos de maior indecisão e sua presença valiosa
nos momentos mais difíceis, que não foram poucos, no decorrer desta jornada. Minha mãe, por
seu carinho e amor incondicional, por me incluir em suas orações sempre buscando o meu
melhor. Meu irmão, por ser meu mais fiel e maior amigo e compartilhar comigo de todos os
momentos de minha vida, sejam estes bons ou maus.
Ao professor Newton Soeiro, que no decorrer deste trabalho, bem como na minha jornada
acadêmica, se fez muito presente, pela orientação, conselhos e valorosos ensinamentos
acadêmicos, indo além de seu papel de orientador, chegando a estabelecer uma relação de
amizade.
À minha esposa Edilma Rodrigues, pela compreensão, paciência e amizade dedicada durante
anos. A ela também devo muito de minha conquista, pois possibilitou que eu desenvolve-se meu
trabalho da melhor forma possível, mostrando força e perseverança sem igual, bem como muita
confiança em mim e no meu trabalho.
À minha cunhada Juciana Silva, por nos ter auxiliado, a mim e minha esposa, de muitas formas
ao longo de sua estadia em nossa residência.
À família, em geral, da minha esposa pelo grande apoio, incentivo e confiança, atribuídos por
eles a mim.
Ao Grupo de Vibrações e Acústica – GVA, pela disponibilização de recursos técnicos
imprescindíveis à execução deste trabalho. Agradeço também a todos os integrantes do GVA,
pois sem eles o trabalho de um grupo tornar-se-ia algo de difícil realização.
Às Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A – Eletronorte, por ter propiciado um período de
convivência com seu corpo técnico que foi de grande relevância para meu amadurecimento e
desenvolvimento profissional.
Ao Engenheiro Marcos Antônio Feitosa da Silva (que se mostrou um grande amigo) pelo grande
auxílio técnico referente às informações do equipamento alvo de análise deste trabalho, bem
como sua atuação durante a execução do mesmo.
Aos meus amigos Fabio Setúbal, Danilo Braga, Jefferson Pupin, Rodrigo Galvão e Adriano
Mendonça, pelo companheirismo e sempre agradável presença da qual pude desfrutar durante boa
parte desta longa jornada acadêmica.
Ao professor Erb Lins, por ter me auxiliado na construção do modelo numérico da turbina
hidráulica, bem como por seus ensinamento em MVF.
A todas as outras pessoas envolvidas durante a elaboração deste trabalho, que sem dúvida foram
muito significativas para a concretização do mesmo.
Não importa o que fizeres, ao fazer seja um doutor
(Antônio Kleber Ribeiro de Lima)
Procure ser um homem de valor em vez de ser um homem de sucesso... No meio de qualquer
dificuldade encontra-se a oportunidade.
(Albert Einsten)
RESUMO
A crescente demanda por energia elétrica aliada à grande importância deste setor para o sistema
econômico nacional tem levado governo e empresas particulares a investirem em estudos que
possibilitem melhorar o desempenho dos sistemas envolvidos nesse processo, em virtude dos
relevantes ganhos que a iniciativa pode produzir. Outrossim é comum que estes sistemas
possuam máquinas de fluxo inseridas na etapa de geração de energia, tais como grupos turbinas
hidráulicas. Neste trabalho, o estudo está voltado à análise do comportamento hidrodinâmico da
máquina hidrogeradora número 01 da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, localizada no Estado do
Pará. O problema reside no elevado número de paradas não programadas que este grupo
apresenta, o que reduz de forma significativa a sua eficiência. Ciente de tal fato, propôs-se
realizar uma análise hidrodinâmica neste conjunto, empregando para a representação do seu
modelo numérico o Método de Volumes Finitos (MVF). Assim, através da realização da análise
do perfil de escoamento, que caracterizam a análise hidrodinâmica em questão, é possível avaliar
o comportamento do modelo numérico construído, revendo, de antemão, os aspectos pertinentes
que envolvem os fenômenos inerentes ao fluxo do fluido de trabalho.
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 16
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................ 16
1.2 A USINA HIDRELÉTRICA DE TUCURUÍ .................................................................................... 18
1.3 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................................... 21
1.4 OBJETIVO GERAL .................................................................................................................. 22
1.5 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................................................ 22
1.6 METODOLOGIA ..................................................................................................................... 22
1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................................... 23
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................. 25
2.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 25
2.2 BREVE REVISÃO SOBRE O ASSUNTO ...................................................................................... 25
2.3 INTRODUÇÃO AO MÉTODO DE VOLUMES FINITOS (MVF) ........................................................ 27
2.3.1 CONDIÇÕES DE CONTORNO ................................................................................................ 35
2.3.2 FUNÇÕES DE INTERPOLAÇÃO ............................................................................................. 37
2.4 FUNCIONAMENTO DE HIDROGERADORES .............................................................................. 41
2.5 TURBINAS HIDRÁULICAS ....................................................................................................... 42
2.6 ELEMENTOS CONSTRUTIVOS DE TURBINAS HIDRÁULICAS FRANCIS ....................................... 42
2.6.1 CAIXA ESPIRAL .................................................................................................................. 43
2.6.2 DISTRIBUIDOR ................................................................................................................... 45
2.6.3 ROTOR DA TURBINA ........................................................................................................... 46
2.6.4 DUTO DE SUCÇÃO .............................................................................................................. 48
2.7 FENÔMENOS HIDRODINÂMICOS EM TURBINAS FRANCIS ........................................................ 50
2.8 CAVITAÇÃO .......................................................................................................................... 51
2.9 VÓRTICE ............................................................................................................................. 54
2.10 DINÂMICA DOS FLUIDOS ..................................................................................................... 58
2.11 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................................... 59
3 O ANSYS CFX .......................................................................................................................... 63
3.1 O PROGRAMA ANSYS CFX ................................................................................................... 63
3.2 UTILIZANDO O ANSYS WORKBENCH – CFX .......................................................................... 63
3.3 INICIANDO O PROJETO ......................................................................................................... 64
3.4 UTILIZANDO O DESING MODELER ........................................................................................ 65
3.5 GERANDO A MALHA ............................................................................................................ 82
3.6 CONDIÇÕES DE CONTORNO E SIMULAÇÃO ........................................................................... 85
3.7 PÓS-PROCESSAMENTO ........................................................................................................ 96
4 DESCRIÇÃO DO PROBLEMA ESTUDADO .................................................................... 104
4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................................... 104
4.2 DESCRIÇÃO DO CASO .......................................................................................................... 104
4.3 MODELAGEM NUMÉRICA .................................................................................................... 105
4.4 MODELAGEM NUMÉRICA DO PROBLEMA ABORDADO .......................................................... 106
4.4.1 DESENVOLVIMENTO DA GEOMETRIA ................................................................................ 107
4.4.2 DEFINIÇÃO DA MALHA DE VOLUMES FINITOS ................................................................... 108
4.4.3 EQUACIONAMENTO DE CFD PARA SOLUÇÃO DO PROBLEMA ABORDADO ........................... 110
4.4.4 MODELO DE TURBULÊNCIA .............................................................................................. 111
4.4.5 DEFINIÇÃO DAS CONDIÇÕES DE CONTORNO ..................................................................... 112
4.4.6 CONVERGÊNCIA DA SOLUÇÃO .......................................................................................... 116
5 ANÁLISE E DISCUÇÃO DOS RESULTADOS ................................................................. 117
5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................................... 117
5.2 RESULTADOS PARA ABERTURA DE 50% .............................................................................. 117
5.2.1 RESULTADOS PARA CAIXA ESPIRAL.................................................................................. 118
5.2.2 RESULTADOS PARA O ROTOR ........................................................................................... 122
6. CONCLUSÃO E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................. 142
6.1 CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 142
6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................................................. 142
16
1 INTRODUÇÃO
Outro fato importante destes equipamentos, é que eles são projetados para ter vida útil
bastante longa, entretanto é necessário ter acompanhamento das características, hidráulicas, que
variam com o tempo de operação. Assim, torna-se importante saber avaliar e prever o
comportamento hidrodinâmico, ligado a estes equipamentos, para manter a sua segurança,
confiabilidade e disponibilidade operacional.
17
Fonte: ELETROBRAS
Foi concebida segundo as estratégias estabelecidas pela política do Governo Federal para
o desenvolvimento da região Norte, a partir da década de 60, em busca do crescimento
econômico da região. Seu objetivo foi o de atender o mercado de energia elétrica polarizado por
Belém e as elevadas cargas que seriam instaladas em decorrência da implantação de
empreendimentos eletrointensivos, tendo como base o complexo alumínio-alumina. A linha de
transmissão entre Presidente Dutra (Maranhão) e Boa Esperança (Piauí), promoveu a interligação
com a região Nordeste.Foi criada por Emilio Médici
19
Para atender a demanda de funcionários que a usina necessitava para a sua construção,
surgiu a necessidade de criar vilas residenciais para abrigar as famílias oriundas de outros estados
brasileiros. Construiu-se então a Vila Pioneira que atendera os primeiros funcionários da Usina
Hidrelétrica. Com o andamento da construção e a necessidade de ampliar o quadro funcional,
houve a construção da Vila Temporária I. Anos após foi construída a Vila Permanente, com o
objetivo de absorver também os moradores da Vila Pioneira na qual seria extinta. Em seguida
houve a construção da Vila Temporária II também seguindo os padrões da Vila Temporária I.
O seu vertedouro (Figura 1.3) é o maior do mundo com sua vazão de projeto calculada
para a enchente decamilenar de 110.000 m3/s, pode, no limite dar passagem à vazão de até
120.000 m3/s. Esta vazão só igualada pelo vertedouro da Usina de Três Gargantas na China.
Tanto o projeto civil como a construção foram totalmente realizados por firmas brasileiras, o
Consórcio Projetista Engevix-Themag e a Construtora Camargo Corrêa.
Fonte: ELETROBRAS
publicados, por eles e por outros autores no ICOLD - Comitê Internacional de Grandes Barragens
e ainda no Comitê Brasileiro de Grandes Barragens (CBGB).
Sua construção foi iniciada em 1976. A obra principal, sendo uma barragem de terra,
quebrou todos os recordes mundiais de terraplenagem. Pode-se destacar ainda as obras da casa de
força, do vertedouro (o maior do mundo), da eclusa e da grande linha de transmissão que interliga
Tucuruí à usina hidrelétrica de Sobradinho no Nordeste do Brasil, via Boa Esperança.
A construção da segunda etapa da usina elevou a capacidade final instalada para cerca de
8.000 MW, em meados de 2010.
A Usina constitui-se numa das maiores obras da engenharia mundial e é a maior Usina
brasileira em potência instalada com seus 8.000 MW, já que Itaipu é binacional.
21
Quase toda a energia elétrica consumida nos estados do Pará, Tocantins e Maranhão é
gerada na hidrelétrica de Tucuruí.
O seu vertedouro é o maior do mundo com sua vazão de projeto calculada para a enchente
decamilenar de 110.000 m3/s, pode, no limite dar passagem à vazão de até 120.000 m3/s. Esta
vazão só será igualada pelo vertedouro da Usina de Três Gargantas na China. Tanto o projeto
civil como a construção foram totalmente realizados por firmas brasileiras, o Consórcio Engevix-
Themag e a Construtora Camargo Correia.
1.3 Justificativa
Ao longo das últimas décadas, houve uma enorme evolução tecnológica que permitiu o
aperfeiçoamento da modelagem de máquinas hidráulicas tanto no campo térmico, quanto na
análise dinâmica, a partir da utilização do método dos volumes finitos. Esta tecnologia tem
promovido redução nos custos, otimização nas paradas dos equipamentos e o sistema de
monitoramento dos equipamentos pelo o posicionamento de sensores em locais estratégicos e, em
muitos casos, reduz o número de sensores que se faz necessário e auxilia na elaboração de regras
de diagnósticos.
Fácil perceber que o comportamento hidrodinâmico é fator de fundamental importância
para unidades geradoras, uma vez que através deste comportamento pode-se compreender melhor
o funcionamento da máquina bem como otimizá-lo. O estudo hidrodinâmico da máquina por
meio de metodologias avançadas e com técnicas de soluções computacionais, é muito útil devido
ao fato de que os grupos geradores são unidades complexas que não permitem que tenham seu
comportamento hidrodinâmico, facilmente determinado de forma analítica. Portanto, pouco se
sabe a respeito de fenômenos que influenciam o escoamento do fluido de trabalho e o rendimento
do equipamento.
O comportamento hidrodinâmico de todo o equipamento será originado a partir da
definição do perfil de escoamento por dois parâmetros: pressão e velocidade. Portanto a
modelagem da turbina sobre o efeito hidráulico é extremamente importante e contribuirá para, no
futuro, descrever o comportamento de Unidade Hidrogeradora como um todo.
22
1.6 Metodologia
Este trabalho foi desenvolvido como parte de um projeto de pesquisa, e como tal, segue
uma metodologia construtiva, que será descrita brevemente neste momento para posterior
aprofundamento. A referida metodologia pode ser entendida facilmente a partir de um fluxo
grama, (Figura 1.2), onde temos como etapa inicial o conhecimento do problema físico e a partir
deste a concepção do modelo matemático, que será em seguida submetido as etapas de
simulação, resumidas em pré-processamento, solução (ou análise) e pós-processamento; sendo
23
que ao fim desta ultima etapa obtém-se os resultados, neste caso referentes ao escoamento do
fluido de trabalho, que deverão ser calibrados, afim de validar o modelo numérico.
Fonte: O autor
2.1 Introdução
A fundamentação teórica da análise hidrodinâmica em hidrogeradores é relativa ao
escoamento do fluido, em diferentes componentes da turbina hidráulica. Neste sentido, foram
pesquisados vários trabalhos que investigaram o escoamento hidráulico, nos mais variados tipos
de turbinas. Nestes estudos buscou-se o entendimento das características do escoamento, perdas
de energia e forças dinâmicas de origem hidráulica que interagem com as turbinas, em suas
diferentes partes, quando modelados numericamente.
Neste capitulo será apresentado comentários de forma sintetizada, da literatura
consultada para fundamentação teórica deste trabalho.
Analítico;
Numérico.
O ideal é aliar as vantagens dos métodos, utilizando o método analítico no auxílio dos
modelos numéricos e o experimental em sua validação. Quando se opta por um Método
Numérico tem-se em mente, segundo Maliska (1995), o seguinte objetivo:
“Resolver uma ou mais equações diferenciais, substituindo as derivadas existentes na equação
por expressões algébricas que envolvem a função incógnita.”
Entre os diversos métodos disponíveis, podemos citar os mais utilizados em problemas de
engenharia:
No MVF existem duas formas das equações aproximadas serem obtidas: a) realizando
balanços da propriedade no VC; ou b) integrando a equação diferencial em sua forma
conservativa no tempo e no espaço. Ambas representam balanços de tudo que atravessa as
fronteiras e é gerado ou consumido no VC, e, fundamentalmente, são a mes ma coisa. O processo
de obtenção das equações aproximadas é o processo de discretização do modelo.
Para uma melhor compreensão, suponha um balanço de massa em um volume elementar
(VC) bidimensional em estado estacionário representado na Figura 2.4. A coordenada em z foi
igualada a unidade, assim:
∂ ∂
ρ𝑢 + ρ𝑣 = 0 (2.2)
∂x ∂y
𝑒 𝑛 ∂ ∂
𝑤 𝑠
ρ𝑢 + ρ𝑣 𝑑𝑦 𝑑𝑥 (2.3)
∂x ∂y
obtendo-se
𝑛 𝑒
𝑠
ρ𝑢Δy|𝑒 − ρ𝑢Δy|𝑤 𝑑𝑦 + 𝑤
(ρ𝑣Δx|𝑛 − ρ𝑣Δx|𝑠 )𝑑𝑥 = 0 (2.4)
Ambas as formulações, tanto pela equação de balanço, como pela equação diferencial,
obtêm a mesma resposta, a Eq(2.5) é a própria Eq(2.1). Entretanto, a obtenção das equações
aproximadas através das equações diferenciais na forma conservativa é aconselhada, pois nem
sempre é fácil de se deduzir equações de balanço.
Considerando agora o termo transiente, imagine um sistema em que a difusão (condução)
de calor é dominante e unidimensional na direção do eixo coordenado x. Não há geração:
A equação que descreve este tipo de fenômeno é dada por:
32
𝜕 ρ𝑇 𝜕 𝑘 𝜕𝑇
= (2.6)
𝜕𝑡 𝜕𝑥 C 𝑝 𝜕𝑥
onde
T: temperatura
k : condutividade térmica;
Cp: calor específico a pressão constante.
A discretização do domínio é mostrada na Figura 2.5.
𝑒 𝜕(𝜌𝑇 ) 𝑡+∆𝑡 𝑘 𝜕𝑇 𝑘 𝜕𝑇
𝑤
𝑑𝑥 = 𝑡
⃒𝑒 − ⃒𝑤 𝑑𝑡 (2.8)
𝜕𝑡 C 𝑝 𝜕𝑥 C 𝑝 𝜕𝑥
Precisamos escolher uma função de interpolação espacial para temperatura, pois devemos
avaliar a sua derivada nas faces dos VC’s. Este é um ponto muito delicado do método como será
visto mais adiante.
Podemos para isso usar Diferenças Centrais, que nos apresenta uma aproximação linear
para as derivadas, como mostrado nas Equações (2.9) e (2.10):
33
𝜕𝑇 𝜃 𝑇𝐸 −𝑇𝑃
= (2.9)
𝜕𝑥 𝑒 ∆𝑥 𝑒
𝜕𝑇 𝜃 𝑇𝑃 −𝑇𝑊
= (2.10)
𝜕𝑥 𝑤 ∆𝑥 𝑤
𝐴𝑃 𝑇𝑃 = 𝐴𝑒 𝑇𝐸𝜃 + 𝐴𝑤 𝑇𝑊
𝜃
+ 𝐴0𝑃 𝑇𝑃0 (2.12)
𝑇 𝜃 = 𝜃𝑇 + (1 − 𝜃)𝑇 0 (2.13)
Explicita, onde θ = 0:
Totalmente implícita, θ = 1:
𝐴𝑃 𝑇𝑃 = 𝐴𝑒 𝑇𝐸𝜃 + 𝐴𝑤 𝑇𝑊
𝜃
+𝐵 (2.14)
Este foi um exemplo unidimensional onde apenas um tipo de fenômeno foi considerado.
No entanto, o mesmo raciocínio pode ser empregado na formulação de um fenômeno
tridimensional, sem acarretar grandes alterações na Eq.(2.15). Generalizando a Eq.(2.15) e a
Eq.(2.13) em coordenadas cartesianas e, temos:
𝐴𝑃 𝜙𝑃 = 𝐴𝑒 𝜙𝐸𝜃 + 𝐴𝑤 𝜙𝑊
𝜃
+ 𝐴𝑛 𝜙𝑁𝜃 + 𝐴𝑠 𝜙𝑆𝜃 + 𝐴𝑡 𝜙𝑇𝜃 + 𝐴𝑏 𝜙𝐵𝜃 + 𝐵 (2.15)
𝜙 𝜃 = 𝜃𝜙 + (1 − 𝜃)𝜙 0 (2.16)
Propriedade prescrita:
𝑇𝑓 −𝑇𝑃
𝑞′′𝑓 = 𝑘𝑓 (2.18)
∆𝑥 𝑓
Fluxo prescrito:
Convecção:
𝑇𝑓 −𝑇𝑃
𝑞"𝑓 = 𝑇∞ − 𝑇𝑓 = 𝑘𝑓 (2.19)
∆𝑥 𝑓
𝑞"𝑓 = ∆𝑥 𝑓 𝑇∞ − 𝑇𝑓 (2.20)
1+
𝑘𝑓
𝐴𝑃 𝑇𝑃 = 𝐴𝑒 𝑇𝐸𝜃 + 𝐵 (2.22)
Depois que todo o domínio está discretizado teremos um conjunto de equações algébricas
que podem estar acopladas ou não. Genericamente o sistema formado pode se reescrito na forma
matricial:
𝐴 𝜙 = [𝐵] (2.23)
E deve ser resolvido por algum método numérico que manipule sistemas de equações
algébricas.
Figura 2.8 – Tipos de desvios numéricos para uma variação em degrau da propriedade
Diferenças Centrais:
𝛷 𝐸 +𝛷 𝑃
𝛷𝑒 = (2.24)
2
𝛷 𝑃 +𝛷 𝑊
𝛷𝑤 = (2.25)
2
39
𝜕𝛷 𝛷𝐸 −𝛷𝑃
= (2.26)
𝜕𝑥 𝑒 ∆𝑥 𝑒
𝜕𝛷 𝛷𝑃 −𝛷𝑊
= (2.27)
𝜕𝑥 𝑤 ∆𝑥 𝑤
Upwind:
𝛷𝑤 = 𝛷𝑊 ; 𝛷𝑒 = 𝛷𝑃 ; 𝑢 > 0 (2.28)
𝛷𝑤 = 𝛷𝑃 ; 𝛷𝑒 = 𝛷𝐸 ; 𝑢 < 0 (2.29)
WUDS:
1 1
𝛷𝑒 = 2
+ 𝛼𝑒 𝛷 𝑃 + 2
+ 𝛼𝑒 𝛷𝐸 (2.30)
𝜕𝛷 𝛷 −𝛷
𝛤 𝛷 𝜕𝑥 = 𝛽𝑒 𝛤𝑒𝛷 𝑒∆𝑥 𝑃 (2.31)
𝑒 𝑒
𝑒
𝑃 2
𝛼𝑒 = 10+2𝑃 (2.32)
𝑒2
1+0,005𝑃𝑒 2
𝛽𝑒 = (2.33)
1+0,05𝑃𝑒 2
𝜕 (𝜌𝛷)𝑒 𝛷𝑒 −𝛷𝑒 0
= 𝜌𝑒 (2.34)
𝜕𝑡 ∆𝑡
40
𝜕𝑃 𝑃𝐸 −𝑃𝑃
= (2.35)
𝜕𝑥 ∆𝑥
Convectivos:
𝜕𝛷 𝛷𝑒 − 𝛷𝑃
𝜌𝑢
𝜕𝑥 𝑒
= 𝜌𝑢 𝑒 ∆𝑥
(2.36)
𝜕𝛷 𝛷𝑁𝐸+𝛷𝑁 +𝛷𝑆𝐸−𝛷𝑆
𝜌𝑣
𝜕𝑦 𝑒
= 𝜌𝑣 𝑒 4∆𝑦
(2.37)
Difusivos:
Em todas as aproximações o termo fonte, caso exista, deve ser aproximado de acordo com
a sua expressão que o relaciona com a propriedade 𝛷.
Independentemente do tipo de função escolhida, todas elas procuram minimizar os erros
de truncamento decorrentes das aproximações. Uma função que descrevesse exatamente o
comportamento da propriedade nos daria a solução exata do problema, fosse qual fosse o
tamanho da malha utilizada.
Resumindo, a filosofia do Método de Volumes Finitos se baseia na conservação da
propriedade em estudo dentro de cada Volume de Controle. As equações podem ser obtidas por
simples balanço ou por integração da equação diferencial na forma conservativa.
Neste procedimento usam-se equações aproximadas que descrevem o comportamento da
propriedade entre os nós da malha, interpolando tanto no espaço quanto no tempo. Este
procedimento de discretização transforma a dificuldade da solução exata da equação diferencial
em um problema de solução de um sistema de equações algébricas envolvendo a propriedade de
interesse.
41
esta energia, através da rotação do eixo, ao gerador elétrico. O gerador converte este movimento
em energia elétrica. E a água da caixa espiral segue até o duto de sucção (Siwani, 2008).
Para Tadeo (1998) as diferentes taxas de fluxo através dos compartimentos dão
surgimento a diferentes perdas nas seções de entrada. Estas perdas resultam em diferentes quedas
de pressão, promovendo a formação de vórtice em suas bordas de fuga.
Segundo Maji et al (1998) as perdas hidráulicas, da entrada da caixa espiral à saída do
distribuidor, chegam a ser maior, em algumas situações, que no rotor da turbina; a redução destas
perdas é necessária, para melhoraria da eficiência em toda a turbina hidráulica.
44
Vários estudos experimentais indicam que estas perdas são geradas por fluxos
secundários. Na caixa espiral, os fluxos secundários são gerados pelas curvaturas e forças
viscosas.
Para reduzir as perdas de carga na caixa espiral, a velocidade média na entrada deve ser
pequena, haja vista que a perda de carga é proporcional ao quadrado da velocidade de entrada na
caixa espiral. Segundo Macintyre (1983) a velocidade de entrada deve se em torno de 2 até 6 m/s,
em alguns casos até 8m/s. A equação 2.40 mostra a perda de carga na caixa espiral de uma
turbina Francis de seção transversal circular.
𝑙 𝑣2
𝐽𝑐 = 𝜆 ∙ ∙ 2.40
𝐷 2𝑔
Onde:
λ: coeficiente de perda de carga;
l: comprimento de cada seção da caixa espiral;
D: diâmetro referente a uma seção qualquer;
υ: velocidade média normal em cada seção;
g: aceleração da gravidade local.
Maji et al (1998) em seu estudo, fez uma simulação numérica do fluxo turbulento, em
cada seção da caixa espiral. Os resultados da pesquisa de Maji mostram que a velocidade radial
vr, em geral é uniforme. E o aumento da velocidade tangencial vθ em direção ao distribuidor pode
ser desprezado. Os resultados da pressão total pt, mostram que há um aumento nesta mesma
direção.
Figura 2.11 – Exemplo de distribuição de velocidade e pressão ao longo de uma caixa espiral
2.6.2 Distribuidor
O distribuidor das turbinas francis é constituído de um conjunto de pás diretrizes dispostas
em volta do rotor, de modo a proporcionar um escoamento com um mínimo de perda hidráulica.
O acionamento destas pás se dá por intermédio de servomecanismos hidráulicos que são
comandados pelos reguladores automáticos de velocidade. Este conjunto de pás e servos motores
possibilitam variar a descarga de água que passa pelo rotor da turbina, de modo a fornecer
potência motriz ao gerador, que seja compatível com a potência demandada pela rede.
Em turbinas médias e de grande porte são também empregados pré-distribuidor de pás
fixas, que orientam a água para o distribuidor, cuja inclinação das pás fixas corresponde à posição
do distribuidor para funcionamento normal. A figura 2.12 mostra um desenho esquemático do
distribuidor, ilustrado na cor cinza e pré-distribuidor, na cor amarelo.
instantânea. A esteira hidrodinâmica, construída atrás das bordas, são outros fenômenos instáveis
que podem ser considerados.
O problema de vibração e trincas induzidas por escoamento em pré-distribuidores é
bastante discutido na literatura, por ser um problema bastante comum. Neto (2007) em seu estudo
de vibrações induzidas por escoamento em pré-distribuidores de turbinas hidráulicas, relacionou
as modificações no perfil das travessas do pré-distribuidor com a vibração e a energia transferida
do escoamento para a estrutura. Foi observado que o bordo de fuga tem grande influência na
amplitude de vibração e na energia de excitação do sistema. E constatou que a execução de
chanfro para reparos de travessas é uma boa solução para eliminar a ocorrência do problema.
Para os autores Grosse (1996), Schwirzer (1977) e Simon (1982) a natureza das forças
hidráulicas depende das condições de operação do hidrogerador. Segundo eles as forças
hidráulicas tendem a ser harmônicas ou periódicas, em condições normais de operação.
Porém, condições de operação transientes, como durante a partida, parada, rejeição de
carga e disparo, Grosse (1996), Schwirzer (1977) e Simon (1982) comentam que as forças
hidráulicas passam a ser completamente estocástica com suas amplitudes muito maiores. Para
Egusquiza (2002), a ação dessas forças gera vibrações no rotor e eixo da turbina no qual são
transmitas para os mancais. A resposta do rotor a estas excitações é variável, pois depende da
estrutura mecânica, da massa fluida adicionada ao rotor e amortecimento gerado na interação
entre turbina e água.
Em estudos feitos por Adkins e Brennen (1998) mostram que são duas as fontes de
forças hidrodinâmicas radiais em rotores. Uma delas é devido à distribuição assimétrica de
pressão ao redor do rotor. A outra é causada pelo momento de forças assimétricas no fluxo desde
a entrada a saída do rotor. A interação da pressão é avaliada ao longo do rotor, desde a entrada até
a saída, pela seguinte expressão:
2 2
FP ( Fx jF y ) P b Pi ( R1 ,1 ) R1e j1 d d i Pi ( R2 , 2 ) R2 e j2 d 2 (2.41).
0 0
Onde:
j: parte imaginária correspondente a direção y;
b: diâmetro de saída do rotor;
Pi: pressão no rotor;
R1: raio de entrada do rotor;
θ1: ângulo de entrada;
di: diâmetro externo do rotor ;
R2: raio de saída do rotor;
θ2: ângulo de saída do rotor;
A contribuição causada pelo momento das forças é dada pela seguinte equação:
48
Fm ( Fx jF y ) m 2 R2
e jt (vr " jv " )e j " r" dr" d "
b b t 0 R1
R2
ej t (vr " jv " )vr "e j " r" d "
2
0 R
1
2 R2
e jwt 2 ( jv r "v " )e j " r"dr" d " w 2 ( R22 R12 )e jwt (2.42).
0 R1
Onde:
j: parte imaginária correspondente a direção y;
Ω: rotação do rotor;
t: tempo;
R1: raio de entrada do rotor;
θ1: ângulo de entrada;
v”: velocidade relativa do rotor;
r, θ: sistema de coordenada polar
R2: raio de saída do rotor;
b: diâmetro de saída do rotor;
ρ: densidade do fluido;
w: velocidade do centro do rotor;
ε: distancia do centro do rotor ao centro da voluta.
𝑝3 𝑣2 𝑣2
+ 3 + 2𝑔3 = 𝑝𝑎𝑡𝑚 + 4 + 𝑍4 + 2𝑔4 + 𝐽𝑣𝑠 2.43
𝛾
A altura de sucção, Hs definida como a altura acima do nível da jusante a que se encontra
a turbina, conforme mostra a figura 2.3. Esta altura de sucção é importante no projeto de turbinas
hidráulicas, pois deve ser calculado para evitar que a pressão estática na saída do rotor seja maior
ou igual à pressão de vaporização do fluido, com isso evitar a cavitação. A altura de sucção é
expressa por:
𝐻𝑠 = 3 − 4 + 𝑍4 2.44
𝑝3 1
= 𝑝𝑎𝑡𝑚 − (𝐻𝑠 + 𝑣 2 − 𝑣42 − 𝐽𝑣𝑠 ) 2.45
𝛾𝑠 2𝑔 3
Onde:
p3 é a pressão absoluta na entrada do duto de sucção, em mca;
Hs é a altura de sucção, em m;
γ é o peso especifico da água, em N/m3;
g é a aceleração da gravidade local, em m/s2;
v3 e v4 são velocidades na descarga da turbina e saída do duto de sucção, em m/s;
patm é a pressão barométrica local, em mca;
Jvs é a perda de carga no tubo.
Fonte: O autor
50
Figura 2.15 – Eficiência em dutos de sucção em função da Carga (a) e da Queda (b)
2.8 Cavitação
O processo de evaporação pode ser conseguido por duas formas, a primeira mantendo a
pressão constante e aumentando a temperatura (ebulição), ou por redução de pressão a
temperatura constante, ambos os processos dão origem ao fenômeno de cavitação.
Segundo Gonçalves (1997), para que exista o fenômeno de cavitação é necessário que
no inicio, o fluido contenha minúsculos espaços com gás ou vapor e pequenos núcleos de
cavitação. Quando o escoamento for submetido a uma baixa pressão ocorrerá à vaporização dos
pequenos núcleos de cavitação, ou a expansão do gás contido nas microbolhas, ou ainda as duas
situações simultaneamente, que provocará o crescimento destes núcleos. Após a formação da
bolha, as variações dinâmicas da pressão no escoamento favorecerão a evolução da bolha, ou
seja, nos casos de diminuição da pressão a bolha crescerá até sua explosão. No caso de aumento
de pressão a bolha diminuirá de tamanho até a sua implosão.
Para Marjavaara (2006) a cavitação é um fenômeno físico que consiste na formação de
bolhas de vapor ou cavidades em fluxos de fluido líquido. Esta formação ocorre em pontos
localizados de baixa pressão, onde posteriormente as bolhas se movimentam para lugares de
maior pressão onde implodem violentamente. As implosões destas bolhas provocam ondas de alta
energia que ocasionam erosão.
Portanto, é entendido por cavitação como sendo uma seqüência de eventos de formação
de bolhas, que são desenvolvidas devido ao efeito da redução de pressão e estão associadas aos
pequenos núcleos de cavitação já existentes nos líquido, durante o seu escoamento.
Escalera et al. (2006) investigou experimentalmente cavitação em turbinas hidráulicas.
A sua metodologia foi baseada na analise estrutural de vibração, emissão acústica e pressões
hidrodinâmicas medidas na máquina. Vários tipos de cavitação em turbinas Francis foram
apresentados pelo autor e são mostrados na Figura 2.17.
52
Figura 2.16 – Tipos de Cavitação em turbinas Francis: (a) cavitação de ponta (b) cavitação por bolhas (c) esboço de
trança de tubo e (d) cavitação por vórtice
O fenômeno de cavitação ocorre nos dutos de sucção das turbinas hidráulicas, a sua
construção geométrica proporciona uma redução de pressão após o rotor, visando à garantia de
aumento da diferença de pressão útil na máquina e conseqüentemente redução de perdas na saída
da turbina. No entanto, o ganho na diferença pressão não é ilimitado, porque quando se reduz a
pressão na saída turbina, a nível de pressão de vaporização da água, começa a ocorrer o
fenômeno de cavitação.
Ñaupa (1995) comenta que o fenômeno de cavitação origina uma série de problemas nas
usinas hidrelétricas, dentro dos problemas descritos estão: erosão das turbinas, vibração da
estrutura, redução de potência e eficiência, ruído, etc.
Devido a estes tipos de problemas surge uma necessidade de determinar e quantificar a
relação entre as condições dinâmicas e de pressão estática que indica o inicio da cavitação, para
isso foi desenvolvido um índice adimensional quantitativo que caracteriza o fenômeno,
denominado de coeficiente de cavitação. Este número adimensional foi introduzido por Thoma,
53
𝐻𝑎 −𝐻𝑚𝑖𝑛 −𝐻𝑠 3
𝜎= (2.46)
𝐻
Em que:
Ha: Altura correspondente à pressão atmosférica;
Hmin: Altura correspondente à pressão mínima na saída da Turbina;
Hs: Altura de sucção;
H: Diferença entre a montante e jusante.
Este número fornece uma estimativa da pressão média na saída da turbina para certas
condições de carga.
O número de Thoma é expresso pela relação:
𝐻𝑎 −𝐻𝑣 −𝐻𝑠
𝜎𝑐 = (2.47)
𝐻
Em que:
Hv: Altura correspondente à pressão de vaporização da água.
A Figura 2.17 ilustra a variação do rendimento da máquina em função do número de
cavitação (σ). Experimentalmente pode-se obter esta curva variando a altura de sucção Hs e
mantendo-se constante a queda e o grau de abertura do distribuidor. Para valores relativamente
grandes de σ, o rendimento permanece constante. Conforme o valor de σ diminui, atingi-se um
estado em que o rendimento mostra um ligeiro aumento, em seguida apresenta uma queda
apreciável (Kumar e Saini, 2009).
54
Figura 2.17 – Curva de variação do rendimento em relação ao número de cavitação, em turbinas hidráulicas
2.9 Vórtice
Barbosa (1991) comenta que este fenômeno é bastante evidente em usinas hidrelétricas
que utilizam turbinas Francis, isto se deve ao fato que este tipo de turbina não possui pás
diretrizes em seu rotor, de forma, a adequar o fluxo as condições de operação, principalmente em
cargas parciais e sobrecargas evitando a formação de vórtice. É verificado que este fenômeno é
pouco comum em turbinas Kaplan, que possuem pás diretrizes em seu rotor.
A formação do vórtice de núcleo se dá na saída do rotor da turbina e estende-se ao longo
do tubo de sucção. Este vórtice possui movimento de rotação em torno de seu centro e um
movimento de precessão em torno do centro do tubo de sucção.
A Figura 2.18 retrata as principais faixas de operação de uma turbina Francis. Em cargas
muito baixas ou a vazio, o vórtice está centrado preenchendo todo o tubo de sucção, o sentido de
rotação da trança é igual a rotação do rotor. O ruído de cavitação aparece em cargas muito baixas
e as oscilações de pressão são pequenas, mas crescem à medida que é aumentada a abertura do
distribuidor. A operação nesta faixa ocorre sem problemas.
Para uma faixa de operação de 30 a 40% da carga nominal o vórtice apresenta núcleo
excêntrico de forma helicoidal. A resposta do hidrogerador a esta condição de operação é uma
grande oscilação da pressão e potência. Recomenda-se não operar nesta condição.
55
Para Barbosa (1991) uma forma simples de explicar o fenômeno de vórtice em interiores
de dutos de sucção é pelo método da análise do triângulo de velocidades. No caso a seguir é
tomado um diagrama de velocidade para uma linha de corrente média na saída do roto, tal como,
ilustrada na figura 2.19.
Em uma determinada carga tem-se o ponto de melhor rendimento, no qual a direção de
velocidade absoluta é perpendicular a direção tangencial C , como mostrado na figura 2.6. Neste
ponto de operação, o fluxo não apresenta componente tangencial.
No ponto fora da operação de melhor rendimento, a velocidade absoluta apresenta um
ângulo diferente de 90º com direção tangencial, desta forma, aparece uma componente da
velocidade absoluta nesta direção, Cu . Estas componentes tangenciais fazem com que a água
apresente um valor rotacional do campo de velocidade diferente de zero, isto é U C 0 , com
isso há formação de um rodopio de água na saída do rotor, que é denominado de vórtice de
núcleo.
Barbosa (1991) comenta que vários pesquisadores observaram que o sentido de rotação
do vórtice é o mesmo sentido da rotação da máquina, isto regime de carga parcial, isto é quando
Cu tem o mesmo sentido de U . Entretanto em regime de sobrecarga, o sentido de rotação do
vórtice é contrário ao sentido de rotação da máquina, devido o ângulo formado entre a velocidade
absoluta C e a tangencial U ser maior que 90º.
As turbinas hidráulicas têm seu regime de operação baseado em três variáveis, que são: a
vazão Q, a altura efetiva N e a rotação n. No entanto, em estudos realizados por Brandão (1987)
revelaram que o vórtice de núcleo está diretamente relacionado à vazão e a rotação com pequenas
influencia da altura efetiva. Como nos hidrogeradores a rotação é mantida constante, portanto a
variável de maior influência na formação de vórtice de núcleo é a vazão que passa pelo rotor.
58
isotérmico são a velocidade e a pressão em cada ponto. Estas variáveis são agrupadas nas
equações de Navier-Stokes (Barbosa, 2007).
No estudo dos escoamentos dos fluidos incompressíveis, a modelagem matemática das
leis de conservação fica bem estabelecida através das equações de conservação da massa, energia
e quantidade de movimento.
As equações relacionadas ao escoamento podem ser descritas por equações diferenciais
parciais, no qual não podem ser resolvidas de forma analítica. Para obter a solução numérica
aproximada, é usado o método da discretização, no qual a aproximação das equações diferenciais
é realizada por sistema de equações algébricas, que só podem ser resolvidas em computadores. O
comportamento físico do escoamento baseado em formulações matemáticas, descritas por
equações diferenciais parciais da equação da conservação de massa, quantidade de movimento e
energia são amplamente exploradas para a modelagem e analise tridimensional.
Dentro da dinâmica computacional dos fluidos, os CFDs são instrumentos importantes
para estimar resultados reais, a partir da calibração de ensaios experimentais. Estas análises
permitem obter uma melhor compreensão do fenômeno associado comportamento do escoamento
em turbinas hidráulicas para diferentes condições de escoamento, (RAMOS, 2009). De fato,
estes modelos avançados da mecânica dos fluidos são muito utilizados na análise de zonas
complexas de sistemas hidráulicos com escoamentos compressíveis e incompressíveis,
conduzindo a soluções ótimas de grande precisão.
A abordagem dada neste trabalho será da mecânica do contínuo, no qual o fluido é
considerado como um continuo de matéria, isto é, a estrutura molecular do material é ignorada, e
assume-se que é possível definir as variáveis físicas como pressão, velocidade e densidade num
ponto do fluido.
componentes das turbinas. Estas características são de fundamental importância para o estudo
dinâmico do hidrogerador.
Brandão (1987) estudou o fenômeno de vórtice de núcleo, que ocorre nas turbinas
Francis. Em seu estudo desenvolveu um modelo matemático para o vórtice de núcleo, com ênfase
na forma de excitação na faixa em que o vórtice atua com maior intensidade. Os resultados
calculados do modelo matemático foram à freqüência, força e dimensão do vórtice de núcleo.
Estes resultados foram comparados com dados experimentais obtidos a partir de medições de
modelo reduzido.
Barbosa (1991) desenvolveu a mesma linha de pesquisa que Brandão no estudo de vórtice
de núcleo em turbina Francis. O objetivo do trabalho de Barbosa é prever a freqüência de vórtice
na fase de projeto da máquina. O autor comenta que nas turbinas tipo Francis existem fenômenos
oscilatórios e periódicos que causam sérios problemas, dependendo de seu ponto de operação.
Alguns desses problemas citados são descritos abaixo:
Perda de rendimento em turbinas.
Flutuações de potência nas unidades geradoras.
Falhas estruturais em turbinas e geradores.
Problemas estruturais nas fundações das Usinas.
Do ponto de vista hidrodinâmico, Barbosa considera que são duas as causas principais de
vibração em hidrogeradores, a cavitação e a formação de vórtice.
Wickstrõm (1997) realizou uma análise estrutural em um rotor de turbina Francis, usando
o software ADINA, as análises estáticas das tensões induzidas pelo carregamento das forças
hidráulicas serviram de parâmetro para obtenção da distribuição uniforme de tensão em rotores.
Santos et al (2002) apresentaram um estudo numérico de um escoamento turbulento
através de uma turbina tipo bulbo. A máquina foi simulada a partir da tomada da água, passando
pelo distribuidor, rotor e duto de sucção. Para efeito de comparação a máquina foi simulada
desacoplada e acoplada. As simulações foram executadas com o Software ANSYS CFX,
utilizando o modelo de turbulência SST – Shear Stress Transport. Os resultados obtidos com os
componentes da máquina desacoplados e acoplados foram muito próximos.
Kruger et al (2007) investigaram o escoamento de um fluido em uma turbina Francis,
empregando o método de volume finito. O objetivo era avaliar as regiões de cavitação por análise
de pressão de vaporização, além de conhecer o escoamento do fluido no interior da turbina. A
61
volumes finitos, também foram realizadas, para obtenção do carregamento de pressão que atua
nas pás da turbina. De posse dos carregamentos foi realizadas as análise estruturais estáticas. Os
seus resultados mostraram que a presença de defeitos de cavitação provoca aumento de
deslocamento e tensão mecânica no rotor Francis.
Nesta seção foi apresentado o levantamento bibliográfico sobre o estudo do escoamento e
os fenômenos envolvidos em turbinas hidráulicas, juntamente com a contribuição de cada autor
para este projeto. Das contribuições abordadas pelos diversos autores, para caracterização do
escoamento em turbinas hidráulicas pode-se destacar o estudo apresentado por Kruger et al., que
trata do escoamento em uma turbina Francis, empregando a técnica CFD, como ferramenta
computacional de simulação numérica. Este estudo foi de fundamental importância para o
desenvolvimento desta etapa do projeto, por auxiliar na modelagem dos principais componentes,
tais como, caixa espiral, rotor e duto de sucção da turbina Francis, além de possibilitar a
identificação das regiões do escoamento próximas das pás da turbina.
Xiao et al., também contribuíram com a análise das tensões dinâmicas e estáticas na
interação fluido-estrutura no rotor de turbinas Francis,apresentando uma metodologia para
identificar os fatores causadores de fadiga e trinca em pás de rotor. O trabalho apresentado por
estes autores foi de fundamental importância para elaboração desta modelagem.
63
3 O ANSYS CFX
Após a determinação do modelo geométrico (que pode ser feita em qualquer plataforma
CAD, inclusive no próprio Ansys Workbench, no ambiente Design Modeler), entra-se na etapa de
simulação propriamente dita, sendo esta cosntituida de 3 subetapas (pré-processamento, solução e
pósprocessamento), onde será realizada a configuração do modelo para determinação dos
resultados desejados, essa configuração consiste em aplicar as condições de contorno adequadas,
bem como definição de parâmetros e propriedades do sistema no modelo, como será mostrado
futuramente.
O Pacote Workbench foi desenvolvido para proporcionar um ambiente no qual, vários
tipos de simulações possam ser realizadas. Atende uma gama de tecnologias, tais como CFD,
FEA (método dos elementos finitos) e ferramentas de otimização de Design. O pacote é
organizado usando guias e etapas para deixar a interface mais familiar ao usuário. Você inicia a
página do projeto e o guia fornece-lhe o acesso às ferramentas que você precisa para ler ou gerar
a geometria, criar as condições de contorno (cargas, restrições, materiais), resolver o problema
específico e criar resultados razoáveis de visualização (imagens e animações) e relatórios sobre
os resultados. Segundo a empresa, o sistema foi construído para proporcionar ao usuário fácil
orientação no âmbito da sua interface. Com acesso rápido às tarefas, onde cada etapa realizada é
salva em extensões distintas. Sendo possível à guia mostrar as várias etapas feitas, as tarefas que
você empregou e como poderia proceder em etapas futuras.
Figura 3.23: Definição da velocidade como condição de entrada, para uma face.
Repete-se esse passo, para as demais faces alterando apenas o valor da velocidade em 0,5
m/s finalizando em 6,5 m/s, a fim de reproduzir a variação de velocidade do vento em função da
altura.
90
3.7 Pós-processamento
Após o término da solução das equações, de preferência quando o critério de
convergência for alcançado, ou tecnicamente quando a solução convergir, dá-se inicio a fase de
pós processamento, onde faz-se a verificação dos resultados obtidos e avaliação dos mesmos,
havendo congruência com os preceitos teóricos há, então a possibilidade de tomada de decisões
e/ou realizar projetos embasados no modelo construído, atingindo assim o fim das etapas de
simulação.
97
mesma. Contudo, essa não se mostrou ser uma tarefa fácil, uma vez que para que este plano de
ações seja eficiente, se faz necessário conhecer o comportamento hidrodinâmico da turbina.
Sendo assim, formulou-se um projeto, do qual este trabalho faz parte, que tem como
finalidade desenvolver modelos matemáticos que sejam capazes de reproduzir, com maior
fidelidade possível, o comportamento da máquina 01, quando submetida a condições
operacionais desfavoráveis, neste caso refere-se a condição de operação de 50% da carga
nominal.
resolução de problemas mais complexos. Assim, somente problemas com baixo número
de Reynolds são analisados utilizando esta metodologia.
Simulação de grandes escalas (LES – Large Eddy Simulation) – Esta metodologia é
intermediária entre a simulação direta e a simulação usando as equações médias de
Reynolds. Apenas as menores escalas são modeladas, enquanto que estruturas turbulentas
transportadoras de energia e quantidade de movimento são resolvidas diretamente da
solução das equações filtradas (separação das altas freqüências das baixas freqüências).
Equação média de Reynolds (RANS – Reynolds Averaged Navier – Stokes) – Com esta
metodologia é possível analisar os valores médios e desvios padrão das variáveis do
escoamento, que na maioria dos casos é informação suficiente para a resolução dos
problemas. Através desses valores médios consegue-se reduzir as escalas necessárias
A capacidade computacional existente ainda não consegue acompanhar os dois
primeiros métodos (DNS e LES), pois esses necessitam de computadores com um poder de
calculo extremamente grande. Essa é uma grande desvantagem, em relação às equações médias
de Reynolds, que são resolvidas utilizando máquinas convencionais facilmente encontradas
Levando em consideração que raramente é preciso uma solução com todos os detalhes (escalas de
tempo e espaço), em muitos casos utiliza-se uma abordagem estatística para a solução do
problema médio do escoamento, baseado na tomada média das equações instantâneas de Navier-
Stokes (RANS). Essa metodologia de solução numérica será aplicada no desenvolvimento desse
estudo, para a análise do comportamento hidrodinâmico da turbina hidráulica.
Figura 2.20: Geometria dos principais componentes da turbina hidráulica usados na simulação numérica
ROTOR
(MVF) DUTO DE SUCÇÃO
DISTRIBUIDOR
CAIXA ESPIRAL
Fonte: O autor
Caixa espiral
Número de elementos: 111920
Número de nós: 21607
Tetraedros: 111920
Prismas: 0
Pirâmide: 0
Rotor
Número de elementos: 1535736
Número de nós: 281353
tetraedros: 1535736
Prismas: 0
Pirâmide 0:
Duto de Sucção
Fonte: O autor
∇∙𝑈 = 0 (2.48)
𝜕 𝜌𝑈
𝜕𝑡
+ ∇ ∙ 𝜌𝑈 ⊗ 𝑈 = −∇𝑃 + ∇ ∙ 𝜇 ∇𝑈 + ∇𝑈 𝑇 + 𝜌𝑔 (2.49)
111
𝜕𝜖 𝜕𝜖 𝜕 𝜇𝑡 𝜕𝜖 𝜖 𝜕𝑢𝑖 𝜖2
𝜌 + 𝜌𝑢𝑗 = 𝜇+ + 𝐶𝜖1 𝜌𝑢𝑗 ′𝑢𝑖 ′ − 𝐶𝜖2 𝜌 (2.51)
𝜕𝑡 𝜕𝑥𝑗 𝜕𝑥𝑗 𝜎𝜀 𝜕𝑥𝑗 𝑘 𝜕𝑥𝑗 𝑘
Onde 𝐶𝜀1 , 𝐶𝜀2 , 𝜎𝑘 e 𝜎𝜀 correspondem às variáveis turbulentas de Prandtl (k) e (ε), com os
valores das constantes: 𝐶𝜀1 = 1,44, 𝐶𝜀2 = 1,92, 𝜎𝑘 = 1,0 e 𝜎𝜀 = 1,3 e 𝜇𝑡 a viscosidade
turbulenta.
112
Entrada: A condição de entrada definida foi a vazão mássica, sendo esta determinada
pela velocidade do escoamento através da seção transversal da entrada da caixa espiral, a partir
da equação 5:
2
Π𝑑 𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎 𝑒𝑠𝑝𝑖𝑟𝑎𝑙
𝑄𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 = 𝑣𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎 𝑒𝑠𝑝𝑖𝑟𝑎𝑙 ∗ (2.52)
4
Conjunto distribuidor em
condição de parede, sem
deslizamento, bem como as
demais paredes da voluta.
Vazão de entrada (abertura
de 50%) = 439,96 m³/s.
Fonte: O autor
Paredes: Esta condição de contorno é comum ao longo do modelo nas partes de
confinamento do fluido em escoamento. Dentre as condições de contorno do tipo parede a melhor
opção que representa o escoamento nas partes constituintes da turbina é a sem deslizamento (“no
slip”). Nesta opção é admitido que a velocidade próximo a parede é zero, ou seja, 𝑈𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒𝑠 = 0.
Figura 2.23: Duto de sucção, paredes sem deslizamento Figura 2.24: Rotor Francis, paredes sem deslizamento
Saída: A pressão hidrostática foi inserida no modelo para a condição de contorno saída
do domínio duto de sucção. Este parâmetro depende do valor de queda bruta. Os valores inseridos
no modelo numérico foram extraídos do relatório técnico RT074702006, realizado pelo Centro de
Tecnologia da ELETRONORTE. Na figura 2.26 é mostrado a pressão na saída do duto de sucção
como a condição de contorno na queda 66m
115
Figura 2.26: Duto de sucção, condição de abertura na saída com pressão estática
Fonte: O autor
Para cada condição de abertura do distribuidor foram inseridos nos modelos numéricos
os valores da vazão relativa às aberturas. Estes dados foram extraídos do “relatórios de ensaios de
índex teste”, possibilitando desta forma a realização das simulações computacionais em
diferentes condição de operação. O gráfico da figura 8 foi construído a partir dos valores de
vazão e abertura extraídos dos ensaios de “índex test”, mostrando o comportamento da vazão em
diferentes aberturas do distribuidor e quedas bruta.
Fonte: O autor
116
Figura 5.1: Campo de pressão na entrada da caixa espiral e posicionamento dos sensores de medição
Fonte: O autor
Na Figura 5.1 podemos visualizar o campo de pressão na entrada da caixa espiral variando
entre 5,482 bar e 5,492 bar, e o posicionamento dos sensores de medição de pressão indicados
pelas esferas em roxo. Para essas mesmas condições os dados experimentais apontam como valor
médio de pressão 5,49 bar, como mostrado na Figura 5.2, estando, portanto, plenamente coerente
com os resultados obtidos numericamente.
Figura 5.2 – Relatório técnico de medições de pressão nos componentes da turbina (fonte: Eletronorte)
119
Fonte: Eletronorte
Realizando uma reflexão em torno do resultado mostrado na figura 5.1, podemos observar
que não se faz necessário a instalação e manutenção de 4 sensores de medição de pressão na
entrada da caixa espiral, uma vez que a variação de pressão na entrada é muito pequena e,
consequentemente, eles medem valores muito próximos, portanto seria perfeitamente razoável
pensar na redução do número destes sensores, uma vez que estes apresentam um custo
significativo, seja em sua aquisição ou em sua manutenção.
120
Figura 5.3: Linhas de fluxo no interior da caixa espiral e magnitude de velocidade do escoamento
Fonte: O autor
Na Figura 5.3 podemos observar o escoamento ordenado e não perturbado (sem região de
turbulência significativa), onde evidencia-se o aumento gradativo da velocidade de escoamento, a
medida em que há aproximação da região de saída da caixa espiral e conseqüentemente da
entrada do rotor. Esse acréscimo de velocidade é intencionalmente provocado pelo projeto da
caixa, para potencializar a energia cinética a ser convertida pelo rotor, uma vez que esta é
diretamente proporcional à velocidade do fluido em escoamento.
121
Fonte: O autor
Na Figura 5.4 observa-se a distribuição de pressão no plano imaginário, que passa pelo
centro da caixa espiral, este plano mostra claramente o caráter constante da pressão ao longo da
secção transversal (perpendicular a este plano), efeito este causado pela proposital redução da
secção transversal da caixa, afim de proporcionar uma incidência, do fluido de trabalho,
equânime no rotor, como mostrado e discutido no capitulo 2.
122
Figura 5.5: Campo vetorial de velocidade, atuante no rotor, visualização completa e parcial
Figura 5.5: Campo vetorial de velocidade, atuante no rotor, visualização completa e parcial
Na Figura 5.5 observa-se claramente a formação dos vórtices entre as pás do rotor, isso se
deve ao aumento significativo da velocidade de escoamento, proveniente da abertura do
distribuidor e do incremento proporcionado pela inércia rotativa do rotor ao fluido. A grande
123
velocidade associada a aderência do fluido com as pás, resultam nesses vórtices, que contribuem
para formação de regiões de baixa pressão, que posteriormente, podem se tornar possíveis regiões
de cavitação, isso será mostrado de maneira mais clara posteriormente.
Figura 5.6: Campo de pressão atuante no rotor e campo vetorial de velocidades na saída do rotor
Fonte: O autor
Na Figura 5.6 podemos observar a distribuição de pressão nas pás do rotor, e perceber que
a região mais solicitada é a borda externa da pá, conhecida também como “raiz da pá” (região de
união da pá com o cubo do rotor). Isso se deve à combinação de fatores como a grande diferença
de pressão provocada pelos vórtices formados na região frontal das pás, a forma de incidência do
fluido de trabalho nas pás, como mostra a Figura 5.5, e a geometria complexa que possui a
mesma.
No campo vetorial de velocidades mostrado na saída do rotor podemos observar uma
grande redução de velocidade, uma vez que percebe-se a velocidade máxima nesta região igual a
21 m/s, menos da metade da velocidade máxima de entrada, que é de 48 m/s, com isso pode-se
concluir que para esta abertura, de 50% do distribuidor, a máquina apresenta um bom
desempenho na conversão da energia cinética hidráulica.
124
Fonte: O autor
Na Figura 5.7 são mostradas possíveis regiões de cavitação, decorrentes da grande baixa
do nível de pressão nessas regiões em conseqüência da formação dos vórtices, esse decréscimo de
pressão para o nível próximo da pressão de vapor da água, provoca a formação das bolsas de
vapor, constituídas por incontáveis micro bolhas, podendo acarretar em cavitação (estouro destas
bolhas) no rotor, que viria a fragilizar a estrutura deste, pois em função destes sucessivos estouros
há a deposição de material do rotor, atribuindo-lhe um aspecto “esponjoso”.
Um fator predominante para ocorrência deste fenômeno é a geometria ou forma
construtiva da pá do rotor, uma vez que a recirculação na região frontal da pá se dá em virtude da
forma predominantemente côncava desta, outros estudos, apresentados na revisão bibliográfica
deste trabalho, já foram realizados neste sentido e mostram que com algumas alterações na forma
da pá tem-se uma redução significativa deste fenômeno, tendo assim uma otimização da
performance da máquina, reduzindo as perdas de energia cinética no processo de conversão desta.
125
Fonte: O autor
Pode-se observar na Figura 5.8 que o escoamento no interior do duto de sucção direciona-
-se para as paredes do duto, com velocidade consideravelmente alta, mas isso não quer dizer
ineficiência do rotor, mas sim que o mesmo proporciona um incremento de velocidade no fluido
de trabalho por conta de sua grande inércia em conjunto com seu movimento rotativo em
magnitude considerável (81,8 rpm).
Observa-se, também, que o escoamento possui forma espiral de diâmetro concordante ao
diâmetro do duto, isso provoca o surgimento e uma região, localizada no centro do cone do rotor,
de baixa velocidade de escoamento denominada de vórtice de núcleo, que será tratada de forma
mais detalhada posteriormente.
126
Fonte: O autor
Fonte: O autor
Fonte: O autor
129
Fonte: O autor
As Figuras 5.12 (a) e (b), mostram a formação do vórtice de núcleo, resultante da “zona
morta”, este fenômeno apresenta grande importância como elemento de avaliação do
comportamento da máquina, por se apresentar de forma característica para cada faixa
operacional, servindo como bom indicador de problemas ocorrentes no rotor ou no duto de
sucção. Segundo Brandão (1987), o vórtice de núcleo apresentado nas Figuras 5.12 (a) e (b) é
característico para esta faixa de operação, compreendia entra 40% e 55% da carga nominal.
SENSOR DE PRESSÃO
Fonte: O autor
130
Fonte: O autor
Na Figura 5.14 podemos observar que, como na abertura anterior o escoamento dá-se de
forma não perturbada e com ganho de velocidade na região de saída da caixa espiral, variando
apenas a magnitude deste, que para esta abertura é ligeiramente menor, pois a redução da área de
saída do distribuidor provoca uma desaceleração do escoamento, pois o fluido em questão, para
velocidades abaixo de 0,3 mach, comporta-se como incompressível, portanto a redução da área
de escoamento faz com que a massa de fluido acumulada nas proximidades da saída retenham o
escoamento reduzindo a vazão turbinada.
131
Figura 5.15: Campo de pressão na entrada da caixa e distribuição de velocidade no plano médio da voluta
Fonte: O autor
Na Figura 5.15 é mostrado o campo de pressão na entrada da caixa espiral, que apresenta
como máximo valor a pressão 5,49 bar, perfeitamente coerente com a pressão registrada para esta
abertura, que está compreendida no intervalo de 5,4 bar a 5,56 bar, como no caso anterior o
modelo encontra-se calibrado.
132
Figura 5.16: Campo de pressão na entrada da caixa espiral e posição dos sensores
Sensor 4
Sensor 1
Sensor 4 Sensor 1
Fonte: O autor
Na Figura 5.16, pode-se observar que a variação de pressão na entrada da caixa espiral é
perfeitamente negligenciável e que os sensores nesta região, bem como acontece para abertura
anterior, registram praticamente o mesmo valor, portanto é pode-se considerar viável a redução
do número destes sensores nesta região.
Vale ressaltar que na figura acima não foi plotado o valor de pressão registrado pelos
outros dois sensores em função da característica simétrica apresentada pelo campo de pressão
nesta região.
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Fonte: O autor
Na Figura 5.17 podemos observar a distribuição de pressão no interior da caixa espiral,
que tem como destaque a magnitude mais elevada predominante no interior da caixa espiral e um
grande alivio na saída em função do aumento de velocidade.
Fonte: O autor
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Fonte: O autor
Na Figura 5.19, pode-se visualizar de forma mais ampla o escoamento do fluido na voluta
e no rotor, onde percebe-se o aumento significativo da velocidade do fluido ao trespassar da caixa
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Figura 5.20: Escoamento no duto de sucção e campo de pressão nas pás do rotor
Fonte: O autor
Na Figura 5.20, pode-se observar o campo de pressão atuante nas pás e no cubo do rotor e
as linhas de fluxo, após o fluido passar pelo rotor. No campo de pressão evidencia-se a maior
solicitação na borda mais externa da pá em função da incidência do escoamento, como foi
discutido anteriormente. No perfil de escoamento na saída do rotor, constata-se uma redução de
pouco mais de 10 m/s na velocidade de escoamento, valor considerado significativo e que poderia
expressar um bom rendimento da turbina, uma vez que esta redução de velocidade significa
conversão de energia cinética do fluido em trabalho de eixo, porém esta eficiência é reduzida
pelo fenômeno da cavitação, anteriormente discutido.
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Fonte: O autor
Fonte: O autor
Fonte: O autor
Fonte: O autor
A partir da visualização da figura 5.24, pode-se observar que, como na abertura anterior
de 50%, o perfil vetorial de escoamento mostra formação de vórtices, característicos da forma
geométrica das pás do rotor, responsáveis pela formação dos bolsões de cavitação, como
explanado na figura 5.7.
É mostrado, também, a pressão indicada no ponto correspondente ao sensor de
monitoramento de pressão na entrada do duto de sucção de 1,08 bar, que segundo relatório
técnico do Centro de Tecnologia da Eletronorte –TCT – realizado em 31 de agosto de 2006, varia
entre 0,8 bar e 1,2 bar tendo como valor médio 1,07 bar, portanto se compararmos a pressão no
modelo encontra-se com boa aproximação à pressão média do sistema real, fazendo com que este
modelo esteja calibrado e apto a representar o comportamento do sistema real.
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Fonte: O autor
Fonte: o autor
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A partir das visualizações das figuras 5.25 (a) e (b) é possível observar o comportamento
do fluido em escoamento no interior do duto de sucção, concluindo que em função da natureza
turbulenta do escoamento e da forma que este se dá, no interior do duto, com colisões violentas
nas paredes, há portanto uma redução expressiva da velocidade de escoamento na saída do duto
de sucção, como intenção de projeto, uma vez que o duto de sucção é classificado, enquanto
componente, como difusor, tendo função de reduzir a energia cinética do fluido em sua saída,
afim de evitar maiores impactos ambientais.
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6.1 Conclusão
A partir dos resultados mostrados pode-se entender de forma mais abrangente o
comportamento da máquina em função da abertura do distribuidor, sendo possível então ponderar
de maneira mais eficiente a cerca dos principais problemas inerentes à operação da máquina, bem
como ganhos na manutenção desta, através da redução de sensores de monitoramento, por
exemplo, uma vez que, como mostrado anteriormente, nas Figuras 5.1 e 5.15, a quantidade
necessária destes é de apenas 1 para as regiões mostradas (entrada da caixa espiral). Vale
ressaltar que neste trabalho não foi usado como parâmetro de calibração as pressões medidas na
tampa da turbina, uma vez que estas não se encontravam disponíveis nos relatórios fornecidos,
para este equipamento. Contudo o modelo, a partir das pressões do duto de sucção e da caixa
espiral pôde ser calibrado, como mostrado anteriormente, sendo assim a redução de sensores na
região da tampa da turbina, também, mostra-se viável.
Além da redução dos sensores de monitoramento, pode-se apontar como contribuição
deste trabalho, também, o mapeamento das possíveis regiões de cavitação, bem como a origem
deste problema, fazendo com que o modelo matemático desenvolvido neste trabalho torne-se útil
no auxilio das inspeções de manutenção das pás do rotor e tomada de decisões no sentido de
minimizar os efeitos da cavitação.
Conclui-se que este trabalho pode futuramente ser utilizado como ferramenta na
otimização do desempenho da máquina, uma vez que os modelos gerados encontram-se
calibrados, portanto reproduzem com boa aproximação o comportamento do sistema real,
possibilitando visualizar os efeitos de situações adversas, sem que estas necessariamente venham
a ocorrer.
REFERÊNCIAS
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Publishing Corporation.
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Momentum Transfer in Three- Dimensional Parabolic Flows. Int. Journal of Heat and Mass
Trasfer,15,1787-1806.
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Desenvolvimento de Metodologia para Modelagem e Avaliação Estrutural de Componentes
de Hidrogerador para Diagnóstico de Defeitos e Extensão de Vida Útil. Projetos de
Geradoras – Universidade de São Paulo, SP. 2009.
SIWANIY, D. Dynamic stress assessment in high head Francis runners. Master thesis, Lulea
University of Technologia, Luleã Sweden, 80 p., 2005.
TIAN, Y.; WANG, Z.; ZHOU, L. Numerical Simulation of Vortex Cavitation in Draft Tube.
Artigo apresentado no 23 rd IAHR Symposium, Japão, 2006.