compartilhada na área sul-americana, restauração do prestígio internacional do país, intangibilidade de sua soberania, defesa da agroexportação e, sobretudo, a solução de problemas lindeiros. Aproximação com os EUA. Para Rio Branco, a Doutrina Monroe funcionava como instrumento de defesa territorial do continente contra qualquer predisposição européia. Rio Branco receava a agressividade européia, já que algumas nações européias ainda possuíam colônias no continente americano. Assim, o Barão valorizava o caráter defensivo da Doutrina Monroe e a entendia como aplicável às questões de limites entre as nações latinoamericanas e as então colônias européias. Visão realista na aceitação dos EUA como potência e da América Latina como sua área de influência. Rio Branco não via a possibilidade de formação no continente americano de nenhum bloco de poder capaz de opor-se aos EUA, em razão da fraqueza e falta de coesão dos países hispânicos. Desde a independência, a América fazia parte de uma “órbita separada” da européia. (Expressão de Joaquim Nabuco, primeiro embaixador do Brasil nos EUA) Para Rio Branco, a amizade estadunidense tinha um sentido pragmático. “A principal obra de Rio Branco foi a solução de pendências lindeiras. Contando com a amizade norte-americana, não só evitava dificuldades que poderiam surgir em Washington – capital que segundo ele, era o principal foco de intrigas contra o Brasil –, como podia eventualmente utilizá-la ao seu favor. A aproximação entre os dois países dava-lhe mais liberdade para negociar com as nações sul-americanas na busca de solução para os ainda pendentes problemas da fronteira.” Pág. 187 A questão do Acre: a região foi colonizada sobretudo por nordestinos. O conflito na área se iniciou em 1899, com o estabelecimento de uma aduana em Puerto Alonso, medida boliviana que buscava impor sua soberania. Conflitos armados se seguiram, além da criação de uma companhia conjunta entre estadunidenses e britânicos para a exploração da região. Depois de o Brasil pagar uma indenização pelo distrato entre Companhia e Bolívia (que também pode ser visto como um suborno), restou somente ao Brasil e Bolívia lidar com a questão do Acre, sem intromissão de outros países (os EUA declararam-se neutros). O Tratado de Petrópolis (17/11/1903) estabelecido entre Brasil e Bolívia concedeu o Acre ao Brasil, com o último concedendo pequena faixa territorial e uma indenização de 2 milhões de libras-ouro, além da construção da ferrovia Madeira Mamoré, na qual a Bolívia teria livre trânsito, juntamente com os rios, para o acesso ao oceano, confirmando uma faculdade prevista em tratados anteriores. A incorporação do Acre foi de fato uma compra.