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MAROCO GOULART

ADVOCACIA ASSOCIADA
(32)3026-2444

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___VARA CÍVEL DA


COMARCA DE JUIZ DE FORA MG.

EDER LIBERT DE OLIVEIRA DUARTE, brasileiro,


casado, operador II, residente e domiciliado a Rua: da Estação, 35, Bairro:
Igrejinha, 36091-246, nesta, portador da CI: MG–12757690 e CPF:067.834.706-
95, vem à presença de Vossa Excelência por seu procurador que esta subscreve,
com fulcro no art. 6º e seguintes da lei 8.078/90 e 421 e seguintes da lei
10.406/02 propor a presente:

AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO FINANCEIRO POR EXCESSIVA ONEROSIDADE


DAS PRESTAÇÕES COM PEDIDO DE REVISIONAL DE JUROS CUMULADA COM
REPETIÇÃO DE INDÉBITO E COM A DEVIDA CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

Em face do BANCO SANTANDER BRASIL S.A, pessoa jurídica de direito privado,


devidamente inscrita no CNPJ: 090.400.888/0001-42 com sede AV JUSCELINO
KUBITSCHECK, 2235, SÃO PAULO – SP.

Nos seguintes termos e fundamentos;

PRELIMINARMENTE

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O autor requer que seja concedida liminarmente, NA FORMA DO


ARTIGO 330, §2º DO CPC, a expedição da respectiva guia de depósito judicial
para que seja realizado o depósito do valor controvertido, qual seja R$
471,96(quatrocentos e setenta e um reais e noventa e seis centavos), da
parcela constante no financiamento do veículo para garantia dos direitos aqui
expostos e que serão discutidos no transcorrer do feito.

Art. 330, §2º. Nos litígios que tenham por objeto obrigações decorrentes de
empréstimo, financiamento ou arrendamento mercantil, o autor deverá
discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que
pretende controverter, quantificando o valor incontroverso.
Parágrafo único. O valor incontroverso deverá continuar sendo pago no tempo e modo
contratados. (Incluído pela Lei nº 12.810, de 2013)

Requer ainda preliminarmente que seja concedida a liminar para


que no transcorrer do presente feito o nome do Autor permaneça
excluído de toda e qualquer negativação relativa aos cadastros de
restrição de créditos do SPC e do SERASA, tendo em vista que enquanto
o contrato faz parte de discussão judicial desmotiva, portanto a restrição
do crédito relacionada como referido contrato e as restrições deixam de
ser legais, principalmente a partir dos depósitos judiciais que garantirão
60%(sessenta por cento) da parcela contratual e demonstra a boa-fé da
autora que possui o nome regular e sem restrições até a presente data.

Requer por último em preliminar a concessão dos benefícios da


ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA em favor do Autor porque o mesmo não conseguirá
arcar com a custa judicial sem prejuízo do próprio sustento e de seus familiares.

I - Da Negativação do Nome da Parte Autora.

Com fincas no art. 287 do CPC, 322,§2º e 335 do NCPC e 84 do CDC,


requer a parte Autora seja a parte ré impedida de inscrever o seu nome nos
cadastros restritivos enquanto perdurar a presente demanda, uma vez que
versando a ação sobre a ilegalidade dos juros cobrados, bem como a
capitalização dos mesmos, imprudente seria a negativação do nome da

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parte Autora enquanto não se apurar a ilegalidade ou a legalidade dos juros


cobrados no contrato em comento.

Mister se faz, pois, a concessão da liminar requerida, pois se ao


contrário for, em caso de procedência da ação, sendo reconhecida a ilegalidade
dos juros cobrados, seria a parte Autora extremamente prejudicada com a
negativação do seu nome. Senão vejamos o entendimento dos tribunais:

EMENTA: AGRAVO – REVISÃO CONTRATUAL – SERASA E SPC - PEDIDO


LIMINAR – CABIMENTO Faz jus o agravante ao benefício da antecipação de
tutela, uma vez que se encontra em juízo a discussão sobre a legalidade de
cláusulas contratuais, e até o desenlace da demanda, é salutar que não se
permita a inclusão do nome do recorrente nos órgãos de proteção ao crédito,
vale dizer, SPC e Serasa. (AI 4247581, TJMG, Rel. Saldanha da Fonseca, 12ª
Câmara Cível)

EMENTA: Cautelar. Inscrição na SERASA. Dívida sub judice. Impossibilidade


de negativação do nome do devedor. Afigura-se indevida a inscrição do nome
do devedor, em cadastro de inadimplentes, no caso a Serasa, quando a dívida
respectiva está sendo discutida em juízo. (TJMG, Apelação Cível nº 298.919-7,
Rel. Juíza Maria Elza, Apte: LUIZ CARLOS RIERA e Apdo: BANCO REAL S.A)

Neste sentido, para que não haja prejuízo irreparável para a parte
Autora, caso a razão assista à mesma, mister se faz a determinação, por parte de
V. Exa., de que o Réu se abstenha de incluir o nome da Autora no cadastro de
inadimplentes, bem como, cancele a inscrição se houver, até mesmo pelo fato de
que a Autora propõe, juntamente com a presente demanda, ação de consignação
em pagamento para garantir o depósito dos valores que entende justo.

AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO REVISIONAL DE CLÁUSULAS


CONTRATUAIS - PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA -
IMPEDIMENTO DE NEGATIVAÇÃO DO NOME DO AUTOR NO CURSO DA
DEMANDA. O ajuizamento de ação em que se pleiteia a revisão de cláusulas
contratuais, discutindo-se a ilegalidade de encargos financeiros incidentes
sobre o débito, obstaculiza que se registre nos órgãos de proteção ao crédito,

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como o SERASA e o SPC, inadimplência do devedor. - Inteligência dos artigos


298 do Código de Processo Civil e 42 do Código de Defesa do Consumidor.
Demonstrada a verossimilhança do direito pleiteado com evidente "receio de
dano irreparável ou de difícil reparação" ou “ abuso de direito de defesa ou o
manifesto propósito protelatório", preconizados no artigo 273, I e II, do CPC,
deve-se deferir a tutela antecipada, procedendo o julgador a avaliação,
segundo critérios de cautela e prudência, dos interesses em conflito,
afigurando-se desnecessário o depósito judicial do valor do débito discutido.
(TJMG, AI 1.0024.05.824317-1/001(1), Rel. Otávio Portes, Pub. 07/04/06)

Execução. Embargos do devedor. Ação cautelar inominada. Retirada de


nome da parte em órgão de proteção ao crédito. Viabilidade. Enquanto
pendente demanda acerca do débito exeqüendo, pela interposição de
embargos do devedor, admissível se revela pleito objetivando a não inscrição
de nome da parte litigante em órgãos de restrição e proteção ao crédito,
posto que tal medida reflete negativamente em seus negócios, configurando
iminente risco de lesão grave e de difícil reparação. Apelo provido. (TJMG,
data do acórdão 09/03/00, pub. 30/03/00, Rel. Min. Célio César Paduani, n.º
do 000168904-1.00(1))

II - Do Juízo Prevento

Requer ainda, preliminarmente, seja o banco Réu cientificado da


prevenção desta r. vara cível, impedindo assim que o mesmo efetive a
distribuição de outra ação que verse sobre o contrato de financiamento em
debate, evitando, assim, decisões divergentes e busca e apreensão do veículo,
uma vez que a parte Autora está a consignar valores em juízo. (processo apenso a
estes autos).

Diante de tal fato, para evitar prejuízo irreversível, mister se faz a


notificação do Réu sobre a prevenção do Juízo para a propositura de outra ação
que verse sobre o contrato de financiamento. Aliás é o entendimento do Egrégio
tribunal de Minas Gerais:

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AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO E AÇÃO DE


BUSCA E APREENSÃO. CONTRATO DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. IGUALDADE
DE CAUSA DE PEDIR REMOTA. CONEXÃO EXISTENTE. AGRAVO PROVIDO. 1 -
Existe conexão entre a ação revisional de contrato e a ação de busca e
apreensão, quando a controvérsia envolver o mesmo negócio jurídico,
evitando-se, assim, a ocorrência de decisões conflitantes. 2 - Agravo a que se
dá provimento. (TJMG, AI 1.0145.06.318930-5/001(1), Rel. Francisco
Cupidlowsk, pub. 15/12/06).

ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA - AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO CONVERTIDA EM


DEPÓSITO - AÇÃO REVISIONAL - CONEXÃO. Existe conexão entre a ação de
busca e apreensão fundada no Decreto-lei 911/1969 e a ação revisional
anulatória de clausula contratual, vez que ambas são alusivas ao
financiamento do bem financiado, sendo comuns a ambas o objeto e a causa
de pedir. (TJMG, AP Cível 1.0024.04.310507-1/002(1), Rel. Nilo Lacerda, Pub.
30/09/06)

Caso o pedido seja julgado procedente, será reconhecido o direito


da parte Autora de pagar um valor inferior ao que o requerido exige, logo, com o
valor que está a ser consignado, o contrato estaria sendo quitado.

AÇÃO MONITÓRIA - CONEXÃO - AÇÃO DECLARATÓRIA - OCORRÊNCIA -


REUNIÃO OBRIGATÓRIA DOS PROCESSOS PARA JULGAMENTO
SIMULTÂNEO. Existe conexão entre duas ações fundadas em um mesmo
contrato. Assim, há conexão entre a Ação Monitória e a Ação Declaratória de
discussão do débito objeto das demandas. A discricionariedade do juiz para
a reunião dos processos conexos é afastada sempre que existir a
possibilidade de decisões contraditórias. A improcedência dos embargos
monitórios é prejudicial ao pedido de declaração do débito das embargantes,
havendo, portanto, necessidade da reunião das ações para julgamento
simultâneo. (TJMG, Ap. Cível 1.0024.03.090241-5/001(1), Rel. Alvimar de
Ávila, Pub. 15/06/06)

Assim, requer o DEFERIMENTO DA LIMINAR PRETENDIDA, para


que o requerido seja notificado sobre a prevenção desta r. Vara Cível.

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NOS FATOS E NO DIREITO

O Autor adquiriu um FIAT/ SIENA EL 1.0 FLEX, COR CINZA, ANO


DE FABRICAÇÃO 2012, ANO DO MODELO 2013, sistema de financiamento,
junto à empresa devidamente constituída denominada BANCO SANTANDER S.A.

A forma de pagamento foi parcelada e mensal formalizada através


de contrato de adesão pré-impresso pela financeira em sistema padronizado.

O Autor efetuou contrato com entrada de R$7.000,00(sete mil


reais), com parcelas que foram calculadas pela financeira e foram estabelecidas
em 48 vezes no valor de R$ 786,61 (setecentos e oitenta e seis reais e
sessenta e um centavos) cada parcela, perfazendo o valor total de R$ 44.757,
28 (quarenta e quatro mil, setecentos e cinquenta e sete centavos).

Ocorre que, sem considerar a depreciação do bem em virtude da


quilometragem das condições da mecânica e das variações dos preços dos
veículos no mercado, o valor atual para compra e venda do veículo da autora é de
R$ 24.354,00 (vinte e quatro mil, trezentos e cinquenta e quatro reais).

Nos deparamos já imediatamente com dois fatores relevantes no


âmbito do Direito Econômico, quais sejam, o superfaturamento, que também
pode ser classificado como enriquecimento ilícito em favor da financeira e em
desfavor do autor, e também o segundo fator que é o super endividamento, que
neste caso vem acoplado como caso fortuito que se trata da demissão de emprego
sofrida recentemente pela Autora, sendo que este super endividamento vem a
ser todo o excesso, em termos financeiro verificado no negócio realizado entre as
partes, principalmente em desfavor da Autora, que se torna a parte
desprivilegiada do negócio analisando o desequilíbrio econômico.

Ressaltamos ainda em nossa tese a questão do leigo que fica


evidente e imprescindível na análise jurídica e consumerista, pois é muito
diversificado o manancial de informações para a segurança do negócio a ser
realizado, pois há a possibilidade moral do negócio e a possibilidade legal.

É cediço que a função do Código de defesa do consumidor tem a


árdua missão de abranger da forma mais técnica possível as duas possibilidades,

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para que se consiga o maior equilíbrio possível, é por isso que o Novo Código Civil
veio no momento certo oferecendo, sem pudor e sem conservadorismo, o suporte
necessário e pode-se dizer sem medo, o complemento à Lei consumerista, para
que o vandalismo estabelecido nas contratações das últimas décadas fosse de
alguma forma freado, mas como foram muitos anos de permissividade, onde tudo
era possível ao sistema financeiro, então as mudanças são lentas até que se torne
possível um Estado realmente de Direito realmente social não como temos hoje o
Estado da ditadura financeira.

O Autor esta com as prestações do veículo em dia acontece


que com os juros elevados isso já está se tornou impossível para
pagamento.

O contrato se tornou inviável e ilegal, verifica-se uma composição


de juros por demais onerosa, cobrança de taxas indevidas e torna o contrato nulo
de pleno direito, de acordo com o código de defesa do consumidor e com a mais
atualizada doutrina e jurisprudência que cerca o assunto.

Ora, na realização do cálculo verificamos a cobrança de 100%


(cem por cento) de juros no negócio realizado entre as partes, considerando o
valor total apurado pela financeira e ainda com um percentual de juros em cada
parcela de 90% (noventa por cento), isto basta para entender a grande
necessidade da propositura da presente ação.

A Autora somente pretende adequar o valor do financiamento em


um percentual de juros de fato justo, considerando ainda que a autora na
atualidade se enquadre no preceito do Código Civil no tocante “a teoria da
imprevisão” tendo em vista que atravessa uma fase de perdas, pois este se
encontra em mudança de emprego fazendo contrato de serviços temporários.

Ressalta ainda que o contrato de financiamento nos termos em


que foi determinado gerou um super endividamento o autor em virtude da taxa
elevada e composta dos juros fixados pela financeira, além de comprometer a
renda mensal da Autora.
Assim, portanto a Autora precisa da intervenção do judiciário, no
sentido de promover a reavaliação do contrato de financiamento e através dos
instrumentos legais promover isonomia e equilíbrio na referida transação
comercial.

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DO DIREITO

Partindo de pressupostos eivados de vícios capitulados no artigo 39


inciso V e 51 inciso IV do CDC, atentando desta forma contra o Código de Defesa
do Consumidor, o contrato merece ser reformado para que de seu bojo sejam
retirados e expurgados todos os juros abusivos que tornaram impossível a
liquidação dos débitos impostos.

Dúvida alguma poderá restar sob a aplicabilidade do CDC às


operações de empréstimo eis que, o artigo 3º da Lei 8.078 (CDC) estabelece:

“Fornecedor é toda a pessoa física ou jurídica, pública ou privada, Nacional


ou Estrangeira, bem como, os entes despersonalizados, que desenvolvem
atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação,
importação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de
serviços.”

Por outro lado no parágrafo 1º do citado artigo é definido:

“Produto é qualquer bem móvel ou imóvel, material ou imaterial.”

E em seu parágrafo 2º estabelece:

“Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante


remuneração inclusive as de natureza bancárias, financeiras, de crédito e
securitárias, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.”

Pelo acima visto, dúvida alguma poderá restar à aplicação do CDC


aos contratos de financiamento.

Constituindo os direitos do consumidor Normas de Direito de


Ordem Pública e Interesse Social, o que os tornam interrogáveis e não sujeitos à
preclusão são aplicáveis sem menor dúvida ao caso em tela.

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Dispõe o artigo 6º, V do CDC, ser direito básico do consumidor a


modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações
desproporcionais, ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as torne
excessivamente onerosas.

Por outro lado, estabelece o art. 51 do mesmo Código ser nulas,


entre outras as cláusulas que estabeleçam obrigações abusivas e que “coloquem o
consumidor em desvantagem exagerada”.

Com implantação do Plano Real, que tornou estável a economia com


índices de inflação não superiores a 1% ao mês, criou-se o fato novo previsto no
art. 6º do CDC, qual seja a estabilização monetária e a cobrança de uma taxa de
remuneração de capital não poderá em hipóteses alguma sobrepor-se ao limite
legal de 1%, sob pena de ficar caracterizado o aumento arbitrário dos lucros
defesos pelo artigo 173, parágrafo 4º da Constituição Federal de 1988. No caso
sub judice, o contrato que deu origem ao débito foi taxado com alíquotas bem
superiores àquela acima referida, com taxa de juros e demais encargos em
patamares inacessíveis, tornando impossível o cumprimento do contrato
ajustado.

Nos ensina José Lopes de Oliveira, (“in Contratos”, pag. 09):

“É frequentemente sob o império da necessidade que indivíduo contrata; dali


ceder facilmente ante a pressão das circunstâncias; premido pelas
dificuldades do momento, emocionalmente mais fraco cede sempre às
exigências do

economicamente mais forte e transforma em tirania a liberdade, que será de


um só dos contraentes.”

Assim, mediante às imposições cometidas pelo Réu, outra saída não


encontrou o autor, senão buscar guarida sob o âmbito protetor do CDC que nos
dispositivos citados no preâmbulo da presente lhe vêm em socorro. Dessa forma,
deve a parte autora, exercer o direito que lhe garante o artigo 6º, V, e 51 do CDC.

As hipóteses elencadas no artigo 51 do CDC são meramente


exemplificativas, competindo ao julgador, nos casos concretos, ao verificar a

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existência de desequilíbrio nas posições contratuais das partes no Contrato de


Consumo, decretar a nulidade de qualquer cláusula ou modificá-la por
abusividade, a fim de restabelecer o equilíbrio contratual entre as partes, dentro
do sistema de proteção ao consumidor.

Dois fatos merecem ser destacados:

A um, determina o art. 5º da LICC, que o julgador na aplicação da lei


deve atender os fins sociais a que ela se destina às exigências do bem comum.
Cabe ao Poder Judiciário com espeque no CDC por cobro a tal estado de coisas,
como bem nos ensina o Professor da Faculdade de Direito de Leme-SP, Dr. João
Roberto Parizzato, em sua Monografia “Multas e Juros em direito Brasileiro” –
Editora de Direito 1996 – pag. 82, assim se expressa:

“O Poder Judiciário, haverá de ser um basta a tal situação , revendo-se os


contratos bancários que estejam impondo taxas abusivas e distantes da
realidade monetária do país, distanciando-se de muito do custo de
capitalização do dinheiro. Numa inflação baixa jamais vista no país não se
justifica a nenhum entendimento legal, ético e jurídico, a cobrança de juros
que representem diversas vezes, a própria inflação do país.”

O descalabro das exigências dos Emprestadores é de tal ordem que


apesar de uma economia estável onde os ganhos de capital em qualquer atividade
econômica são diminuídas, aqueles cada vez enchem mais a burra, e com isso
enriquecem sem justa causa, como amplamente divulgado pela mídia.

Não há de se alegar que tal estado de coisas não foi por eles gerado,
eis que as leis são editadas pelo poder econômico que os representa dentro do
governo, pois em sua ganância, não tomaram as devidas precauções. Aumentando
desordenadamente o crédito, muito além da capacidade de solvência dos clientes,
levando-os a terem dificuldades de saldar seus compromissos, isso somado a
juros em patamares astronômicos.

A figura do agiota de apenas alguns anos atrás, seria hoje pintada


de anjo, inclusive com o próprio governo quando este se traveste em banqueiro.

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Para tentar equilibrar a relação entre as partes de forças diversas, e


desta forma, tanto igualar fornecedor como consumidor em suas relações
contratuais, foram criados no Brasil, os organismos de Defesa do Consumidor, e
com eles o CDC, e dentre as quais, uma das mais importantes é o inciso V do
artigo 6º do aludido Diploma Legal, que considera direito básico do consumidor a
modificação de cláusulas que estabeleçam prestações desproporcionais.

A dois, embora a norma constante do artigo 162, parág. 3º da CF/88


não ter sido ainda regulamentada no entender de alguns juristas é de eficácia
plena não dependendo de nenhuma outra regulamentação para que produza seus
efeitos conforme prega JOSÉ AFONSO DA SILVA, in curso de Direito
Constitucional Positivo, 6ª ed. São Paulo, Ed. RT, 1990, pág. 694/695.

Isso porque a Lei Complementar de que trata o caput do artigo 193,


não terá o condão em hipótese alguma,

de alterar aquele dispositivo constitucional, pois ele estabelece um teto o


qual não poderá ser ultrapassado, SEM QUE SE FIRA A CONSTITUIÇÃO
FEDERAL.

Aqui não se discute a constitucionalidade da cobrança de juros,


mais sim a sua legalidade.

“Com o advento da Constituição Federal de 1998, por força do art. 25 do


ADCT, revogadas ficaram todas as instruções normativas e, de resto, o
próprio poder normativo, em matéria de competência legislativa do
Congresso Nacional. Por conseguinte, o poder normativo a respeito de juros
bancários que a Lei nº 4596/64, concedida ao Concelho Monetário Nacional,
restou revogado, a única Lei Federal limitativa de juros é a Lei de Usura que
hoje rege os contratos de toda sociedade, inclusive os bancários”.

Desta forma, as cláusulas contratuais que determinam a cobrança


de juros superiores a 1% ao mês, além de ilegais são abusivas, e como tal, nulas
de pleno direito, como preconiza o CDC.
Assim devem ser revistas as cláusulas que originam a dívida, pois
estas contém em seu bojo uma considerável porção de juros abusivos que devem
ser extirpados, em seus valores revistos para comporem o débito efetivo.

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O E. TA/RS ao julgar pela sua 4ª C. CI. a AC 196116297, cujo


acórdão de lavra do Emitente Juiz João Carlos Branco Cardoso, tem como ementa
pelos estabelecimentos de créditos contra os seus credores. Eis a ementa:

“AÇÃO DE REVISÃO DE CÉDULA DE CRÉDITO COMERCIAL C/C REPETIÇÃO


DE INDÉBITO E COMPENSAÇÃO DE DÍVIDA. JUROS REMUNERATÓRIOS.
Cabe a repetição do indébito nos contratos bancários em que o devedor
efetua o pagamento pressionado pelos mecanismos de coação utilizados pelo
credor na defesa de seus créditos. Os juros remuneratórios devem obedecer à
limitação de 12% ao ano. APELO NÃO PROVIDO.” ( ADCOAS 8152016)

E do texto deste acórdão destacamos o seguinte:

“Sustenta, ainda o apelante que a repetição somente


seria possível se o autor comprovasse o pagamento por erro. Na verdade, esta é a
regra geral (art. 965 CC), entretanto na espécie, conhecidos os mecanismos de
pressão dos agentes financeiros, ressalta evidente que os pagamentos não foram
efetuados voluntariamente, presente a coação que afasta a voluntariedade”.

Desta forma, as cláusulas contratuais, calcadas em valores irreais, e


aquelas que infringem o CDC devem ser modificadas e anuladas, e enquanto
estejam às mesmas sub judice e até que a questão seja julgada em definitivo, não
é possível a divulgação do nome da Autora ou suas inclusões na lista ou
cadastro de inadimplentes, por faltar à dívida a certeza e a liquidez; além de
causar aos mesmos imediatos e irreparáveis prejuízos.

Neste sentido é o acórdão cuja ementa abaixo transcrevemos:

“ARRENDAMENTO MERCANTIL-LEASING-CADASTRO DE INADIMPLENTES-


LIMINAR. Diante da presença dos requisitos do “fumus bonis juris” e do
“periculum in mora” é de ser concedida LIMINAR obstativa da inscrição do
nome do devedor no cadastro de inadimplentes, respaldo da orientação
Conclusão do 11º C.

ETARGS-11ª. Não ofende direito do credor LIMINAR obstativa do nome do


devedor em banco de dados de consumo, assim como, impeditiva de que o

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credor comunique a terceiros registro de inadimplência que haja procedido


em seu cadastro interno durante a pendência de processos que tenha por
objeto a definição da existência do débito ou seu montante. Agravo provido(
TARS-AC UNÂNIME DA 5ª C.CI, 10/10/96- AG 196,147,318-REL JUIZ JASSON
TORRES- COAD 76614)”.

Não cabe aqui o argumento de que as taxas de juros e demais


despesas bancárias são reguladas pela Lei 4595/64 (Lei de Reforma Bancária),
pois tal lei não foi recepcionada pela CF/88, por delegar poderes do Poder
legislativo para o Poder Executivo vedado por aquela Carta Magna que determina
em seu artigo 25 do ADCT, que ficaram revogados todos os dispositivos legais que
atribuem ou deleguem ao Poder Executivo competência assinalada pela CF ao
Congresso Nacional.

Ora, sendo do Legislativo a competência para legislar sobre matéria


financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações (art. 48
XIII da CF/88) não é possível que tais matérias sejam legisladas através de
portarias e resoluções do Banco Central ou mesmo do Conselho Monetário
Nacional.

Neste sentido, nossos Tribunais tem-se manifestado como, o E.


TA/RS comprova o acórdão cuja ementa abaixo pedimos vênia para transcrevê-
lo:

“A Lei 4595/64 (Lei da Reforma Bancária) não revogou o art. 1062 do


Código Civil, e nem os artigos 1º e 13 do Decreto 22626 (Lei de Usura).
Limitar não é sinônimo de liberar e muito menos majorar, exegese iníqua e
equivocada do artigo 4º, VI e 9º da Lei 4595/64 consagrada na súmula 596
do STF. Porque não prorrogadas por lei estão revogadas pela CF/88 todos os
dispositivos legais e órgãos do Poder Executivo competência assinalada pela
Constituição ao Congresso Nacional com as normas que permitiam ao
Conselho Monetário nacional, baixar atos com força de lei, dispondo sobre
limitação de juros bancários, artigo 68, par. 1º da CF e art. 25 da ADCT, e
artigo 4º, IX da Lei 4595/64.
A capitalização de juros apenas se admite na forma semestral, na forma do
art. 5º do Dec. Lei 413/69, eis que vedado o anatocismo pela súmula 121 do

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STF, e ainda pela revogação dos dispositivos que permitiam a delegação


para tais efeitos.
Comissão de permanência e correção monetária são incalculáveis e
simultaneamente e cláusula que assim estipula a de ser tida como abusiva e
nula de pleno direito. (2ª C. CI. TA/RS de 14/12/95, na Ap Cí. nº 195,168,299-
COAD 73944).”

Por outro lado, nos ensina o mestre Arnold Wald, em sua obra
“Obrigações e contratos”, com relação á cobrança de juros sobre juros, proibida
expressamente pelo art. 4º do Dec. nº 22626/33 e praticada pelo réu no caso em
tela, o que se segue:

“O direito proíbe a cobrança de juros sobre juros, ou seja, os chamados juros


compostos, que constituem o anatocismo (súmula 121 do STF) é vedada a
capitalização de juros ainda que expressamente convencionada, ressalvando
, todavia algumas exceções.”

Outrossim, é mansa e pacífica a jurisprudência de nossos


TRIBUNAIS MAIORINOS, condenando veemente a

cobrança de juros capitalizados por anatocismo, como ocorre no caso em tela que
prevê a capitalização de juros a cada prestação mensal, como bem demonstram
os acórdãos cujas fundamentações destacamos:

Vejamos a ementa:

“JUROS- ANATOCISMO - A capitalização de juros é vedada art.4º pelo Dec.


22626 e a proibição aplicam-se também aos mútuos contratos com as
instituições financeiras, não tingindo aquele dispositivo pela Lei 4595/64. (
R.. Especial 3571-MS. 900005507-5,Pub-19/11/90).”

O acórdão cuja ementa dilavra do emitente magistrado Min. Athos


Carneiro da 4ª Turma do Eg. STJ, no julgamento do R. Esp. Nº 16684-0 julgado em
09/03/93, cabe qual luva à mão ao caso sub judice:

“CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO- CHEQUE ESPECIAL-


CAPITALIZAÇÃO MENSA - INADMISSIBILIDADE- FINANCIAMENTO QUE

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ADVOCACIA ASSOCIADA
(32)3026-2444

NÃO SE INCLUI NO ELENCO EM QUE LEIS ESPECIAIS ADMITEM A PRÁTICA


DO ANATOCISMO. O Superior Tribunal de Justiça, após período inicial de
divergência, adotou o entendimento permissivo da capitalização até mensal
de juros, mas isso em existindo expresso dispositivo de Lei que o admita,
como para os créditos rurais, art. 5º do Dec. Lei 167/67, para os créditos
industriais o art. 5º do Dec. Lei 413/89 e, para os créditos comerciais o art.
5º da Lei 6840/80.A não ser assim, vige a súmula 121 do STF, não revogada
pela Súmula 596 do mesmo pretório. Recurso não conhecido. ( in Revista dos
Tribunais, vol. 697, pág. 191).”

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer de V.Exa.,

A) Que sejam concedidas as liminares requeridas na preliminar para


garantir os Direitos da Autora em prosseguimento com a presente ação
de revisional de juros;

B) A expedição de guia judicial para imediato depósito do valor


controvertido da prestação, ou seja R$ 471,96(quatrocentos e setenta
e um reais e noventa e seis centavos), para que consiga manter os
pagamentos;

C) Que seja julgado procedente o presente pedido de revisional de juros;

D) Requer seja deferida a repetição de indébito com a restituição dos


valores em dobro referentes aos juros cobrados excessivamente e
apurado na perícia;

E) A citação por AR da financeira requerida, para, querendo contestar a


presente ação, nos temos legais, sob pena de revelia e confissão;

F) Que mediante concessão da liminar requerida seja incluído no mandado


a aplicação de multa diária, a ser arbitrada por V.Exa., caso a financeira
não cumpra a decisão determinada por este juízo;

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G) A produção de todas as provas admitidas em Direito, testemunhal,


pericial, documental e depoimento pessoal das partes;

H) A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA A FAVOR DO AUTOR, POR SER A


PARTE VULNERÁVEL DA RELAÇÃO CONSUMERISTA.

Dá à presente ação o valor de R$22.500,00, para efeitos meramente fiscais.

Nestes termos,
PEDE DEFERIMENTO.

Juiz de Fora, 26 de julho de 2017.

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NELSON MAROCO FILGUEIRAS
OAB/MG: 164239

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