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O Tratado interno

Neijing

O Neijing , ou Tratado Interno, é um dos primeiros textos de medicina de todo o mundo. Nele
aparecem as primeiras indicações sobre a acupuntura, o funcionamento cosmológico do corpo, a
natureza das energias, etc. A tradição chinesa costuma informar que autoria do livro pertence ao
mítico imperador Amarelo (Huangdi), mas o texto atualmente conhecido data da época Han. Sabe-
se que era um costume da época atribuir a autoria de textos importantes à figuras históricas
igualmente famosas; porém, os conteúdos tratados no livro são, com certeza, bem mais antigos do
que a confecção do próprio tratado, como indicam vestígios arqueológicos da época Zhou.

Tratado sobre a Verdade Natural nos Tempos Antigos

O Imperador Amarelo foi dotado de talentos divinos, nos tempos antigos em que nasceu: na
primeira infância já sabia falar, muito jovem ainda era dotado de entendimento e sagacidade, em
adulto foi sincero e compreensivo e quando atingiu a perfeição ascendeu ao Céu.

Uma vez, o Imperador Amarelo dirigiu-se a T’ien Shih, o mestre divinamente inspirado, no
seguintes termos:

- Ouvi dizer que nos tempos antigos as pessoas viviam mais de um século e mesmo assim
permaneciam ativas e não se tornavam decrépitas nas suas atividades. Hoje em dia, porém, as
pessoas só vivem metade desses anos e mesmo assim tornam-se decrépitas e débeis. É porque o
Mundo muda de geração para geração? Ou será porque a espécie humana está negligenciando as
Leis da Natureza?

E Ch’i Po respondeu:

- Antigamente, essas pessoas que compreendiam o Tao moldavam-se de acordo com o Yin e o Yang
e viviam em harmonia com as artes da adivinhação.

Havia temperança no comer e no beber. As suas horas de levantar e recolher eram regulares e não
desordenadas e ao acaso. Graças a isso, os antigos conservavam os seus corpos unidos às suas
almas, a fim de cumprirem por completo o período de vida que lhes estava destinado, contando cem
anos antes do passamento.

Hoje em dia, as pessoas não são assim; utilizam o vinho como bebida e adotam a temeridade e a
negligência como comportamento habitual. Entram na câmara do amor em estado de embriaguez; as
paixões exaurem-lhes as forças vitais; o ardor dos desejos dissipa-lhes a verdadeira essência; não
são hábeis na regulação da sua vitalidade. Devotam toda atenção ao divertimento dos seus espíritos,
desviando-se assim das alegrias da longa vida. Levantam-se e deitam-se sem regularidade. Por tais
razões só chegam a metade de cem anos e degeneram.

Na antiguidade mais remota os ensinamentos dos sábios eram seguidos pelos que se encontravam
abaixo deles. Os sábios diziam que a fraqueza, as influências insalubres e os ventos nocivos deviam
ser evitados em ocasiões específicas. Sentiam-se tranquilamente satisfeitos no nada e a verdadeira
força vital acompanhava-os sempre, preservavam dentro de si o vigor primitivo. Assim, como podia
a doença acometê-los?

Reprimiam a vontade e reduziam os desejos; os seus corações estavam em paz e sem qualquer
medo; os seus corpos labutavam e, contudo, não sentiam fadiga.

O seu espírito respeitava a harmonia e a obediência, estava tudo de acordo com os seus desejos e
conseguiam o que quer que desejassem. Achavam excelente qualquer espécie de comida e qualquer
espécie de vestuário os satisfazia. Sentiam-se felizes em todas as circunstâncias. Para eles, não
importava que um homem ocupasse na vida uma posição elevada ou inferior. A homens assim se
pode chamar puros de coração. Não há desejo capaz de tentar os olhos destas pessoas puras e sua
mente não pode ser desencaminhada pelos excessos nem pelo mal.

Numa sociedade assim, quer os homens sejam sensatos, quer idiotas, quer virtuosos, quer maus, não
tem medo de nada, estão de harmonia com o Tao, O Caminho Certo. Por isso, os antigos viviam
mais de um século e permaneciam ativos e sem se tornarem decrépitos, porque a sua virtude era
perfeita e nada jamais a punha em perigo.

O imperador perguntou:

- Quando as pessoas envelhecem, não podem mais ter filhos. É por terem esgotado a sua força na
depravação ou por sorte natural?

Ch’i Po respondeu:

- Quando uma menina tem sete anos, as emanações dos seus rins tornam-se abundantes, começa a
mudar os dentes e seu cabelo fica mais comprido. Quando completa o décimo quarto ano começa a
menstruar, pode engravidar e o movimento do pulso da grande artéria é forte. A menstruação ocorre
em períodos regulares e assim a moça pode dar à luz uma criança.

Quando a moça atinge a idade de vinte e um anos, as emanações dos seus rins são regulares, o
último dente saiu e está completamente desenvolvida. Quando a mulher atinge a idade de vinte e
oito anos, os seus músculos e ossos são fortes, o seu cabelo atingiu o comprimento máximo e o seu
corpo está vigoroso e fecundo.

Quando a mulher atinge a idade de trinta e cinco anos, o pulso que indica a região da “Luz Solar”
deteriora-se, o rosto começa a enrugar-se e o cabelo a cair.
Quando atinge a idade de quarenta e dois anos, o pulso das três regiões do Yang deteriora-se na
parte superior do corpo, o rosto enruga-se todo e o cabelo começa a embranquecer.

Quando atinge a idade de quarenta e nove anos já não pode engravidar e a circulação do pulso da
grande artéria diminui. A menstruação acaba, as portas da menstruação deixam de estar abertas; o
corpo deteriora-se e a mulher deixa de poder gerar filhos.

Quando um rapaz tem oito anos, as emanações dos seus rins (testículos)estão completamente
desenvolvidas: o cabelo cresce mais e começa a mudar os dentes. Quando tem dezesseis anos, as
emanações dos seus testículos tornam-se abundantes e começa a segregar sêmen. Tem uma
abundância de sêmen que procura expelir, e se nessa altura o elemento masculino e o elemento
feminino se unem em harmonia, pode ser concebida uma criança.

Na idade de vinte e quatro anos, as emanações dos testículos são regulares, músculos e ossos estão
firmes e fortes, nasceu o último dente e o homem atingiu a altura máxima. Aos trinta e dois anos,
músculos e ossos estão no apogeu, a carne é saudável e o homem é robusto e fecundo.

Na idade de quarenta anos, as emanações dos testículos diminuem, o cabelo começa a cair e os
dentes a apodrecer. Aos quarenta e oito anos, o vigor masculino está reduzido ou esgotado,
aparecem rugas no rosto e o cabelo das têmporas embranquece. Aos cinquenta e seis anos, a força
do fígado deteriora-se, os músculos deixam de funcionar devidamente, a secreção de sêmen esgota-
se, a vitalidade diminui, os testículos deterioram-se e a força física do homem chega ao fim. Aos
sessenta e quatro anos, perde os dentes e o cabelo.

Os rins do homem regulam a água que recebe e armazena a secreção das cinco vísceras (coração,
pulmão, fígado, rins e estômago) e dos seis intestinos (vesícula biliar, estômago, intestino grosso,
intestino delgado, bexiga e o San Chiao (triplo aquecedor)). Quando as vísceras estão
abundantemente cheias, encontram-se aptas a segregar: mas quando, nesse estágio, as cinco vísceras
estão secas, os músculos e os ossos declinam, as secreções reprodutoras exaurem-se e, por isso, o
cabelo do homem embranquece nas têmporas, o corpo torna-se pesado, a postura deixa de ser ereta
e ele torna-se incapaz de procriar.

O imperador perguntou:

- Mas homens que, apesar de velhos em anos, geram filhos. Como é possível?

Ch’i Po respondeu:

- Trata-se de homens cujo limite natural de idade é mais elevado. O vigor do seu pulso permanece
ativo e há um excedente de secreção dos seus testículos (rins). No entanto, se tiverem filhos, os
homens não passarão dos sessenta e quatro anos e as filhas não ultrapassarão os quarenta e nove,
pois nessa altura a essência do Céu e da Terra estará esgotada.

O imperador perguntou:
- Os que seguem o Tao, o Caminho Certo, e atingem assim a idade de cerca de cem anos, podem
gerar filhos?

Ch’i Po respondeu:

- Os que seguem o Tao, o Caminho Certo, podem escapar à velhice e conservar o corpo em perfeitas
condições. Embora velhos em anos, continuam capazes de gerar filhos.

Huang Ti disse:

- Ouvi dizer que em tempos antigos houve os chamados Homens Espirituais, que dominaram o
Universo e controlvam o Yin e o Yang. Respiravam a essência da vida, eram independentes por
preservarem o espírito e os seus músculos e a sua carne permanecia imutável. podiam, portanto,
gozar uma longa vida, pois não há fim para o Céu e a Terra. Tudo isso resultava da sua vida de
harmonia com o Tao, o Caminho Certo.

“Nos tempos medievos existiam os Sapientes, que preservavam a virtude e defendiam


(infalivelmente) o Tao, o Caminho Certo. Viviam de acordo com o yin e o Yang e em harmonia com
as quatro estações. Afastavam-se deste mundo e renunciavam à vida mundana, poupavam as
energias e preservavam o espírito intacto. Viajavam por todo o Universo e eram capazes de ver e
ouvir para além dos oito espaços distantes. Graças a tudo isso aumentavam e fortaleciam a sua vida
e, por fim, atingiam o estágio do Homem Espiritual.

“Sucederam-lhes os Sábios, que alcançaram a harmonia com o Céu e a Terra e respeitaram


estritamente as leis dos oito ventos. Eram capazes de conciliar os seus desejos com os assuntos
mundanos e o seu coração não conhecia o ódio nem a cólera. Não desejavam separar as suas
atividades das atividades do Mundo e conseguiam ser indiferentes ao hábito. Não esforçavam
excessivamente o corpo no trabalho físico nem esforçavam excessivamente a mente em meditações
extenuantes. Não se preocupavam com coisa alguma, consideravam fundamentais a felicidade e a
paz interiores e a satisfação a mais elevada das realizações. Nada podia molestar-lhes o corpo nem
atrapalhar as faculdades mentais. Assim conseguiam chegar à idade de cem anos ou mais.

“Sucederam-lhes os Homens de Excelente Virtude, que obedeciam às regras do Universo e


emularam o Sol e a Lua, além de descobrirem a disposição das estrelas. Podiam prever o
funcionamento do Yin e do Yang e obedecer-lhe, e aprenderam a distinguir as quatro estações.
Respeitaram os tempos antigos e tentaram manter-se em harmonia com o Tao. Fazendo-o,
aumentaram a duração da sua vida, até uma idade avançada.

Grande Tratado sobre a Harmonia da Atmosfera das Quatro Estações com o Espírito
Humano

Os três primeiros meses da Primavera chamam-se o período do princípio e do desenvolvimento da


vida. As exalações do Céu e da Terra estão preparadas para gerar; assim tudo se desenvolve e
floresce.
Após uma noite de sono as pessoas devem levantar-se de manhã cedo, caminhar vivamente pelo
pátio, soltar o cabelo e tornar mais lentos os movimentos do corpo. Procedendo assim podem
realizar o seu desejo de viver saudavelmente.

Durante este período o corpo deve ser encorajado a viver e não a ser morto; devemos ceder-lhe
livremente e não lhe tirar nada; devemos recompensá-lo e não castigá-lo.

Tudo isso está em harmonia com a exalação da Primavera e tudo isso é o método de proteção da
nossa vida.

Os que desrespeitam as leis da Primavera serão punidos com mal do fígado. A esses o Verão
seguinte reservará arrepios e mudanças más. Assim terão pouco com que apoiar o seu
desenvolvimento no Verão.

Os três meses de Verão chamam-se o período do crescimento luxuriante. As exalações do Céu e da


Terra misturam-se e são benéficas. Está tudo em flor e começa a dar frutos.

Após uma noite de sono as pessoas devem levantar-se de manhã cedo. Não se devem cansar durante
o dia nem consentir que o seu espírito se irrite.

Devem permitir que as melhores partes do seu corpo e do seu espírito se desenvolvam; devem
permitir que o seu hálito se comunique com o mundo exterior, e devem proceder como se amassem
tudo quanto existe exteriormente.

Tudo isso está de harmonia com a atmosfera do Verão e tudo isso é o método de proteção do nosso
desenvolvimento.

Os que desrespeitam as leis do Verão serão punidos com mal do coração. A esses o Outono trará
febres intermitentes. Assim, terão pouco apoio para as colheitas outonais e sofrerão de doença no
solstício de inverno.

Os três meses de Outono chamam-se período de tranquilidade da nossa conduta. a atmosfera do Céu
é intensa e a atmosfera da Terra é desanuviada.

As pessoas devem deitar-se cedo e levantar-se cedo, com o cantar do galo. Devem ter o espírito em
paz, a fim de minimizar a punição do Outono. Alma e espírito devem unir-se para que a exalação do
Outono seja tranquila, e pra conservarem os pulmões puros as pessoas não devem dar expansão aos
seus desejos.

Tudo isso está em harmonia com a atmosfera e tudo isto é o método de proteção da nossa colheita.

Os que desrespeitam as leis do Outono serão punidos com um mal pulmonar. A esses o Inverno trará
indigestão e diarréia e, assim, terão pouco apoio para o armazenamento do Inverno.

Os três meses do Inverno chamam-se o período de fechar e armazenar. A água gela e a terra estala e
abre fendas. Não devemos perturbar o nosso Yang (no inverno, que é a estação Yin, o Yang está
adormecido).

As pessoas devem deitar-se cedo e levantar-se tarde, esperar que o Sol nasça. Devem reprimir e
ocultar os seus desejos, como se não tivessem nenhum objetivo interior, como se estivessem em
tudo satisfeitas. As pessoas devem tentar fugir ao Frio e procurar Calor, não devem transpirar pela
pele e devem privar-se da exalação do frio.

Tudo isso está em harmonia com a atmosfera do Inverno e é o método de proteção do nosso
armazenamento.

Os que desrespeitam as leis do Inverno sofrerão de um mal dos rins (testículos); a eles a Primavera
trará impotência e produzirão pouco.

O hálito do Céu é puro e leve. O Céu mantém sempre a sua virtude primitiva e, por isso, nunca se
desmorona. Se o Céu se abrisse por completo, o Sol e a Lua nunca seriam luminosos, o mal
chegaria durante este período de vazio, a atmosfera de Yang fechar-se-ia e a Terra perderia a sua
luminosidade, nuvens e nevoeiro não poderiam sofrer mudanças e, consequentemente, o orvalho
branco não cairia e a circulação dos elementos naturais não se comunicaria à vida de tudo na
Criação. A esta situação chamaria-se “não doadora” e, como consequência de sua “não doação”,
toda vegetação pereceria.

Além disso, o ar nocivo não desapareceria, vento e chuva não seriam harmoniosos, não cairia
orvalho branco e a vegetação jamais voltaria a florescer. Haveria sempre ventos violentos e
chuvadas súbitas, e o Céu, a Terra e as quatro estações seriam incapazes de se proteger entre si,
perderiam o Tao e não tardariam a ser destruídas.

Os sábios respeitavam as leis da natureza e, por isso, o seu corpo estava isento de doenças
estranhas; não perdiam nada do que tinham recebido da Natureza e o seu espírito de vida nunca se
esgotava.

Aqueles que não procedem de conformidade com o hálito da Primavera não trarão vida à região do
Yang inferior. A atmosfera do seu fígado modificar-lhes-á a constituição.

Aqueles que não procedem de conformidade com a atmosfera do Verão não desenvolverão o seu
Yang superior. A atmosfera do seu coração tornar-se-á vazia.

Aqueles que não procedem de conformidade com a atmosfera do Outono não colherão o seu Yin
superior. A atmosfera dos seus pulmões ficará bloqueada, isolada do seu espaço de combustão
inferior.

Aqueles que não procederem de conformidade com a atmosfera do Inverno não abastecerão o seu
Yin inferior. A atmosfera dos seus testículos (rins) ficará isolada e diminuída.

Destarte, a interação das quatro estações e a interação do Yin e do Yang, os dois princípios da
Natureza, são os alicerces de tudo quanto existe na Criação. Daí que os sábios tenham concebido e
desenvolvido o seu Yang na Primavera e no Verão e concebido e desenvolvido o seu Yin no Outono
e no Inverno, a fim de respeitarem a regra das regras; e assim, juntamente com tudo o mais na
Criação, os sábios mantiveram-se no limiar da vida e do desenvolvimento.

Os que se rebelaram contra as regras básicas do Universo cortam as próprias raízes e destroem a sua
verdadeira personalidade. O Yin e o Yang – os dois princípios da Natureza – e as quatro estações
são o princípio e o fim de tudo e são igualmente a causa da vida e da morte. Os que desobedecem às
leis do Universo dão origem a calamidades e provações, enquanto os que respeitam as leis do
Universo permanecem isentos de doenças perigosas, pois a eles foi concedido o Tao, o Caminho
Certo.

O Tao era praticado pelos sábios e admirado pelos ignorantes. A obediência às leis do Yin e do Yang
significa vida; a desobediência, significa morte. Os obedientes dominarão, enquanto os
desobedientes viverão em desordem e confusão. Tudo quanto é contrário à harmonia com a
Natureza é desobediência e equivale a rebelião contra a Natureza.

Por isso, os sábios não tratavam aqueles que já estavam doentes e instruíam aqueles que ainda não
estavam doentes. Não queriam guiar aqueles que já eram rebeldes; guiavam aqueles que ainda não
eram rebeldes. É este o significado de toda discussão precedente. Administrar remédios a doenças
que já se desenvolveram e reprimir revoltas que já eclodiram, é comparável ao comportamento
daquelas pessoas que começam a abrir um poço depois de terem sede, ou daquelas que começam a
fundir armas depois de já terem se lançado na batalha. Não chegarão estas ações demasiado tarde?

Tratado Sobre a Relação da Força da Vida Com o Céu

O Imperador Amarelo disse:

- Desde os tempos mais remotos que a relação com o Céu tem sido o próprio fundamento da vida,
fundamento que existe entre o Yin e o Yang e entre o Céu e a Terra e dentro dos seis pontos (os
quatro pontos cardeais, o nadir e o zênite). A exalação celestial prevalece nas nove divisões (as nove
divisões da China, estabelecida por Yü, o Grande), nos nove orifícios (os olhos, os ouvidos, as
narinas e a boca, correspondendo ao Princípio Masculino (Yang), e os dois orifícios inferiores, o
ânus e a uretra, correspondendo ao feminino (Yin)), nas cinco vísceras e nas doze articulações;
todos eles são permeados pela exalação do Céu.

A vida tem o número cinco: a exalação tem o número três. Se as pessoas procedem contrariamente a
esses fatores, influências nocivas prejudicarão a espécie humana. A boa conduta, neste sentido, é o
alicerce da longa vida. Assim como a exalação do céu azul é calma, assim a vontade e o coração dos
puros conhecerão a paz e a exalação do Yang será estável naqueles que se mantiverem de harmonia
com a Natureza. Mesmo que existam espíritos nocivos, não poderão molestar os que obedecerem às
leis das estações. Portanto, os sábio preservaram o espírito natural e mantiveram-se de harmonia
com a exalação do Céu, ficando assim em comunicação direta com o Céu.

Os que não mantiveram essa comunicação ficarão com os nove orifícios fechados do interior; o
desenvolvimento dos seus músculos e da sua carne será obstruído do exterior, e o hálito de proteção
perder-se-á para eles. A isso chama-se, pois, “prejudicar o próprio corpo e destruir a própria força
vital”.

A atmosfera do Yang é similar para o Céu e para a o Sol. Os que perdem esta atmosfera encurtam a
vida e não a prolongam. Os movimentos do Céu são iluminados pelo Sol. O Yang sobe para
proteger o corpo do homem externamente.

No frio do Inverno, devemos nos mexer com muito cuidado, e se nos comportarmos, movermos e
descansarmos como se estivéssemos assustados, o nosso espírito e exalação de vida se tronarão
instáveis.

No calor do Verão, se a transpiração é irregular, as pessoas ofegam ruidosamente; mas quando se


acalmam tornam-se confusas. O seu corpo assemelha-se então a carvões acesos e a doença só pode
ser afastada pela transpiração.

No tempo úmido do Outono as pessoas tem a sensação de que a sua cabeça está envolta em
ligaduras apertadas, o calor do corpo é expelido e, consequentemente, os grandes músculos
contraem-se, enquanto os pequenos músculos se tronam frouxos e alongados. A contração causa
cãibras; a frouxidão e o alongamento, paralisia.

Em tempo de vapores quentes e úmidos ocorrem inchaços e os quatro elementos de ligação do


corpo (músculos, ossos, sangue e carne) sofrem sucessivamente em consequência disso e exaurem a
força do Yang. Quando a força do Yang se esgota sob a pressão do excesso de trabalho e da fadiga, a
essência do corpo reduz-se e as aberturas do corpo são obstruídas e as secreções retidas. Isto causa
doença e angústia, no Verão. Depois os olhos das pessoas cegam e elas não podem ouvir. Sentem-se
confusas, como se estivessem num estado de colapso completo, e a sua vontade enfraquece
continuamente. Este estado é irreversível, não se pode conter.

Se a atmosfera do Yang é exposta a grande cólera, a força vital do corpo interrompe-se e o sangue
sobe violentamente e causa vertigens.

Quando as pessoas contraem uma doença muscular, os músculos tornam-se frouxos, como se
deixassem de existir.

Se as pessoas transpiram apenas parcialmente, contraem uma paralisia parcial.

Quando a respiração se torna visível e se mistura com a umidade, verificam-se erupções cutâneas e
o estado geral enfraquece. Se uma pessoa transpira quando está fisicamente fatigada, torna-se
sensível a ventos maus, que causam erupções na pele, erupções que, irritadas, se transformam em
chagas.

A essência da força do Yang protege o espírito; a sua suavidade protege os músculos. Se a atmosfera
do Yang não se pode abrir e fechar livremente, o ar frio advirá e o resultado será uma grande
deformidade (corcunda). O pulso profundo provoca úlceras que são transmitidas à carne, e a
exalação dos dutos enfraquece e determina uma propensão para as pessoas se assustarem
facilmente. Se a atmosfera dos principais dutos não está em harmonia com o sistema da carne,
haverá ulcerações e inchaços. Nessas circunstâncias, a transpiração do espírito animal não consegue
chegar ao exterior, o corpo debilita-se, a força vital dissolve-se, os pontos acupunturais fecham-se e
sobrevêm gases e febres intermitentes.

Os ventos são causa de uma centena de doenças. Quando as pessoas estão calmas e limpas, a sua
pele e a sua carne estão fechadas e protegidas. Nem mesmo um forte temporal, aflições ou venenos
conseguem molestar as pessoas que vivem de acordo com a ordem natural.

Se uma doença se prolonga durante muito tempo, existe o perigo de que alastre e, então, as partes
superior e inferior do corpo não podem se comunicar; em tais casos, nem mesmo os médicos hábeis
conseguem ajudar o doente.

Se o Yang se acumula em excesso, a pessoa morre da doença disso resultante. Se a força do Yang é
bloqueada, torna-se necessário desfazer a obstrução. Se a pessoa não a drena por completo e não se
liberta da matéria perniciosa, haverá destruição. A força do Yang deve deslocar-se todos os dias no
sentido do exterior.

Ao nascer do dia, a exalação do homem anima-se; ao meio-dia, a exalação do Yang é mais


abundante; quando o Sol se desloca para o Ocidente, o Yang declina, a sua força torna-se
insubstancial e a porta da exalação fecha-se. Por isso, a atmosfera do Yang deve ser protegida contra
más influências, para que estas não possam prejudicar os músculos e a carne, e as pessoas não
devem expô-los ao orvalho e à névoa do anoitecer. Se uma pessoa procede contrariamente a estas
três divisões do tempo, o seu corpo exaure-se e enfraquece.

Ch’i Po disse:

- O Yin acumula essência e prepara-a para ser usada. O Yang atua como protetor contra perigos
exteriores e deve, portanto, ser forte. Se o Yin não é igual ao Yang, o pulso torna-se fraco e doentio
e causa loucura. Se o Yang não é igual ao Yin, as exalações contidas nas cinco vísceras entram em
conflito umas com as outras e a circulação cessa no âmbito dos nove orifícios. Por essa razão os
sábios arranjaram maneira de o Yin e o Yang estarem em harmonia. Fizeram com que seus
músculos e os seus pulsos estivessem em harmonia, fortaleceram os ossos e a medula e tornaram o
hálito e o sangue obedientes à lei da Natureza, para que os órgãos internos e externos fossem
harmoniosos entre si e as influências nefastas não pudessem fazer nada que causasse mal. Assim, os
ouvidos e os olhos ouvem e veem bem e a força vital do homem permanece no seu estado primitivo.

Se o vento entra no corpo e esgota a exalação do homem, a sua essência perder-se-á e as más
influências irão lhe prejudicar o fígado. Se o homem se aquece em demasia, os músculos e as
pulsações desmoronam-se e os seus intestinos adoecem e expelem sangue. Se o homem bebe em
demasia, a sua força vital torna-se desregrada. Aqueles que se entregam a excessos sexuais
prejudicam as forças dos rins e das costas. O princípio essencial do Yin e do Yang consiste em
preservar o elemento Yang e torná-lo forte. Se os elementos não se harmonizam e unem, então será
como se a Primavera não tivesse Outono e como se o Inverno não tivesse o Verão. Mas se se
harmonizam e unem, a esta harmonia chama-se “o sistema dos sábios”.
O Yang de uma pessoa pode ser forte, mas se não for perfeitamente preservado a exalação do Yin
irá se esgotar. Quando o Yin se encontra num estado de tranquilidade e o Yang perfeitamente
preservado, o espírito de uma pessoa está em perfeita ordem. Se o Yin e o Yang se separam, a
essência e a força vital são destruídas. Se, então, o orvalho e o vento vespertinos tocam numa
pessoa, causam febre e arrepios. É assim que o vento prejudica, e depois as influências nefastas
permanecem no corpo e provocam um derrame.
Se uma pessoa é lesada no Verão pelo calor, no Outono contrai febre intermitente. Se uma pessoa é
lesada no Outono pela umidade, esta sobe à parte superior do corpo e causa tosse, que se transforma
em paralisia (impotência). Se uma pessoa é lesada no Inverno pelo frio rigoroso, sofre da doença do
calor na Primavera. A exalação das quatro estações lesa as cinco vísceras de formas variadas.
O que é produzido pelo Yin tem origem nos cinco sabores: os cinco órgãos (cinco sentidos) que
regulam as funções do corpo são lesados pelos cinco sabores. Assim, se a acidez exceder os outros
sabores, o fígado será forçado a produzir secreção (bile) em excesso e a força do baço será reduzida.
Se o salgado exceder os outros sabores, os ossos grandes ficarão fatigados, os músculos e as carnes
se tornarão deficientes e o espírito desanimará. Se o doce exceder os outros sabores, a respiração do
coração será asmática e cheia, o aspecto negro e a força dos rins desequilibrada.
Se o amargo exceder os outros sabores, a atmosfera do baço se tornará seca e a do estômago densa.
Se o acre (sabor picante) exceder os outros sabores, os músculos e o pulso se tornarão frouxos e o
vigor desaparecerá.
Portanto, se as pessoas prestarem atenção aos cinco sabores e os misturarem bem, os seus ossos
permanecerão direitos, os seus músculos flexíveis e jovens, a sua respiração e o seu sangue
circularão livremente, os seus poros apresentarão uma textura perfeita e, consequentemente, a
essência da vida encherá a sua respiração e os seus ossos.
Se, além disso, as pessoas respeitarem cuidadosamente o Tao como se fosse uma lei, terão uma vida
longa.

Tratado sobre a Verdade da Caixa Dourada

Huang Ti perguntou:

- Há oito ventos no Céu e há cinco espécies diferentes de ventos nas artérias. Como se pode explicar
isso?

Ch’i Po respondeu:

- Quando há um mal resultante dos oito ventos, esse mal se torna o vento das veias e afeta as cinco
vísceras: esse mal causará doença.

A chamada regra da regulação das quatro estações consiste em que a Primavera regula o Verão
Tardio. O Verão Tardio regula o Inverno, o Inverno regula o Verão, o Verão regula o Outono e o
Outono regula a Primavera. É esta a chamada regulação das quatro estações.

O vento leste sopra na Primavera; a sua doença localiza-se no fígado e verificam-se perturbações na
garganta e no pescoço. O vento sul sopra no Verão; a sua doença localiza-se no coração e verificam-
se perturbações no peito e nas costelas. O Vento oeste sopra no Outono; a sua doença localiza-se
nos pulmões e verificam-se perturbações nos ombros e nas costas. O vento norte sopra no Inverno;
a sua doença localiza-se nos rins e verificam-se perturbações nos lombos (área lombar) e nas coxas.
No centro fica a Terra; a sua doença localiza-se no baço e verificam-se perturbações na espinha.
Assim, a doença resultante da atmosfera da Primavera localiza-se na cabeça; a doença resultante da
atmosfera do Verão localiza-se nas vísceras; a doença resultante da atmosfera do Outono localiza-se
nos ombros e nas costas; e a doença resultante da atmosfera do Inverno localiza-se nos quatro
membros do corpo.

Uma doença característica da Primavera é sangrar pelo nariz; uma doença característica do meio do
Verão localiza-se no peito e nas costelas; uma doença característica do verão Tardio é uma descarga
das cavidades e um resfriado no centro; uma doença característica do Outono é a febre intermitente,
e uma doença característica do Inverno é a paralisia (convulsões).

Por isso, no Inverno as pessoas deviam comportar-se de tal modo que na Primavera não sangrassem
pelo nariz. Assim, não adoeceriam na Primavera do pescoço e da garganta, não adoeceriam no meio
do Verão do peito e das costelas, durante o Verão Tardio não teriam uma descarga das cavidades e
um resfriamento no centro, não teriam febre no Outono nem sofreriam de paralisia no Inverno.

A essência constitui os alicerces do corpo. Portanto, se a essência for bem contida no interior das
vísceras, na Primavera não surgirá a doença do calor; se as pessoas não transpirarem livremente no
Verão, terão febre intermitente no Outono. Estas são as regras do pulso e aplicam-se a toda a gente.

Diz-se que existe Yin e Yang no Yang. Destarte, do princípio da alvorada até o meio dia prevalece o
Yang do Céu, que é Yang no Yang. Do meio dia até o crepúsculo, prevalece o Yang do Céu, que é o
Yin no Yang. A partir do momento em que a noite envolve a Terra até o primeiro cantar do galo,
prevalece o Yin do Céu, que é o Yin do Yin. Do cantar do galo até o princípio da manhã, prevalece o
Yin do Céu, que é o Yang no Yin.

Portanto, a espécie humana deveria respeitar o seguinte sistema: o Yin e o Yang do homem foram
concebidos de modo que o exterior existe Yang e no interior existe Yin. I Yin e o Yang do corpo
humano forma concebidos de modo que o Yang esta atrás e o Yin esta dentro da parte da frente. O
Yin e o Yang das cinco vísceras e dos seis intestinos foram concebidos de modo que as vísceras são
Yin e os órgãos ocos são Yang. Todas as cinco vísceras – fígado, coração, baço pulmões e rins – são
Yin; todos os seis órgãos ocos – vesícula biliar, estômago, intestinos inferiores, bexiga e os três
espaços de combustão – são Yang.

Devemos conhecer a regra do Yin no Yin e a regra do Yang no Yang, porque as doenças do Inverno
estão localizadas na região do Yang e as doenças do Verão na região do Yin; as doenças da
Primavera estão localizadas na região do Yin e as doenças do Outono na região do Yang. Devemos
conhecer a localização de todas estas doenças para o fim da acupuntura.

Assim, as costas são a região do Yang e o Yang no Yang é o coração. As costas são a região do Yang
e o Yin no Yang são os pulmões. A frente é a região do Yin e o Yin no Yin são os rins. A frente é a
região do Yin e o extremo Yin é o baço.

Está tudo assim ordenado para que o Yin e o Yang se complementem na frente e nas costas, no
interior e no exterior, como elemento feminino e elemento masculino, e para que se sirvam e reajam
entre si, a fim de se harmonizarem com o Yin e o Yang do Céu.
Huang Ti perguntou:
Como as cinco vísceras se correlacionam com as quatro estações, cada uma delas recebe alguma
influência?

Ch’i Po respondeu:

Recebe. O verde é a cor do Leste, impregna o fígado, mantém os olhos abertos e retém as
substâncias essenciais do fígado. A sua doença é nervosa, o seu sabor ácido, o seu elemento erva e
árvores, o seu animal os frangos, o seu cereal o trigo. Adapta-se às quatro estações e corresponde ao
planeta Júpiter, a estrela do ano. Assim, a respiração da Primavera está localizada na cabeça. O seu
som é chio; seu número é oito. Compreende-se, pois, que as suas doenças estejam localizadas nos
músculos; o seu cheiro é repugnante e fétido.
O vermelho é a cor do Sul, impregna o Coração, mantém os ouvidos abertos e retém as substâncias
essenciais no coração. A sua doença está localizada nas cinco vísceras, o seu gosto amargo, o seu
elemento é o fogo, os seus animais os carneiros e o seu cereal o painço paniculado glutinoso.
Adapta-se às quatro estações e corresponde ao planeta Marte. Compreende-se, pois, que as suas
doenças estejam localizadas no pulso. O seu som é chih; o seu número é sete, e cheira a queimado.

O amarelo é acor do centro, impregna o baço, mantém aberta a boca e retém as substâncias
essenciais no baço. A sua doença está localizada na raiz da língua, o seu gosto é doce, o seu
elemento a terra, o seu animal o boi e o seu cereal o painço paniculado. Adapta-se às quatro
estações e a sua estrela é o planeta Saturno. Compreende-se, pois, que a sua doença esteja
localizada dentro da carne. O seu som é kung; o seu número é cinco, e o seu cheiro fragrante e doce.

O branco é a cor do Oeste, impregna os Pulmões, mantém aberto o nariz e retém as substâncias
essenciais nos pulmões. A sua doença está localizada nas costas, o seu gosto é acre, o seu elemento
o metal, os seus animais os cavalos e o seu cereal o arroz. Adapta-se às quatro estações e
corresponde a Vênus, a estrela vespertina. Compreende-se, pois, que as doenças estejam localizadas
na pele e no cabelo. O seu som é shang; o seu número é nove e o seu cheiro é impuro e pútrido.

O preto é a cor do Norte, impregna os Rins, mantém abertos os dois orifícios inferiores – que
pertencem ao Yin – e retém as substâncias essenciais nos rins. A sua doença está localizada nas
cavidades, o seu gosto é salgado, o seu elemento a água, os seus animais os porcos e o seu cereal os
feijões. Adapta-se às quatro estações e corresponde à estrela da manhã. Compreende-se, pois, que
sua doença esteja localizada nos ossos. O seu som é yü; o seu número é seis, e o seu cheiro poder e
mau.

Portanto, a pessoa adepta da investigação do pulso deve examinar cuidadosamente a ordem das
cinco vísceras e dos seis órgãos ocos, relativamente a conformidade e oposição, relativamente a Yin
e Yang, relativamente ao elemento feminino e elemento masculino. Deve ter isso em mente e pô-lo
de harmonia com o seu espírito superior. Não o ensinar a quem não convém e nunca dizer ou
praticar uma mentira: eis ao que se chama a realização do Tao.

Grande Tratado sobre a Interação do Yin e do Yang


O Imperador Amarelo disse:

O princípio do Yin e do Yang – os elementos masculino e feminino da Natureza – é o princípio


básico de todo o Universo. É o princípio de tudo quanto existe na Criação. Efetua a transformação
para a paternidade; é a raiz e a fonte da vida e da morte, e também se encontra nos tempos dos
deuses.
A fim de tratar e curar doenças, há que investigar a sua origem.

O Céu foi criado por uma acumulação de Yang, o elemento da luz; a Terra foi criada por uma
acumulação de Yin, o elemento das trevas.

O Yang representa paz e serenidade; o Yin, temeridade e desordem. O Yang representa destruição; o
Yin, conservação. O Yang provoca evaporação; o Yin dá forma às coisas.

O frio extremo provoca intenso calor (febre) e o calor intenso provoca frio extremo (arrepios). O ar
frio engendra lama e corrupção; o ar quente engendra claridade e sinceridade.

Se o ar que envolve a Terra é claro, os alimentos são produzidos e ingeridos tranquilamente. Se o ar


é impuro, causa inchaços hidrópicos.

Através dessa interações das suas funções, o Yin e o Yang, os princípios negativo e positivo da
Natureza, originam doenças que se abatem tanto sobre aqueles que se rebelam contras as leis da
Natureza, como contra aqueles que a elas se submetem.

O puro e resplandecente elemento da luz representa o Céu e o turvo elemento das trevas representa
a Terra. Quando os vapores da Terra ascendem, formam nuvens; quando os vapores do Céu descem,
formam chuva. Assim, a chuva parece ser o clima da Terra e as nuvens parecem ser o clima do Céu.

O puro e resplandecente elemento da luz manifesta-se nos orifícios superiores; o turvo elemento das
trevas manifesta-se nos orifícios inferiores.

O Yang, elemento da luz, tem origem nos poros; o Yin, o turvo elemento das trevas, move-se dentro
das cinco vísceras.

O Yang, elemento resplandecente da vida, está verdadeiramente representado pelas quatro


extremidades; o Yin, o turvo elemento das trevas, restaura o poder dos seis tesouros da Natureza.

A água representa Yin; o fogo representa Yang. O Yang cria o ar e o Yin cria os sabores. Os sabores
pertencem ao corpo físico. Quando o corpo morre, o espírito etéreo é restituído ao ar, depois de ter
sofrido uma metamorfose completa.

O espírito etéreo recebe a sua nutrição do ar e o corpo recebe a sua nutrição dos sabores.

O espírito etéreo é criado através da metamorfose; a forma física assume vida através da exalação.
Através da transformação o espírito etéreo torna-se ar, e o ar é nocivo à percepção dos sabores.
Os sabores regulados pelo Yin emanam dos orifícios inferiores; o ar que é controlado pelo Yang
emana dos orifícios superiores.

Quando os sabores são fortes, o Yin, o elemento feminino, enfraquece e permite ao Yang, o
elemento masculino, que penetre no Yin. Quando o ar é denso e pesado, o Yang, o elemento
masculino, reduz-se e permite ao Yin que penetre no Yang.

Então o sabor forte do elemento feminino escoa-se, alastra e combina com a aura (ar) do elemento
masculino. Se esta aura é fina, tende a escoar-se; se é densa, aquece e inflama-se.

As paixões fortes reduzem e exaurem as emanações, ao passo que as paixões comedidas as


fortalecem e tornam fecundas. A paixão forte consome as suas emanações, ao passo que as
emanações alimentam um fogo moderado de concupiscência. A paixão forte esbanja as suas
emanações, ao passo que um fogo moderado de concupiscência engendra vida através das suas
emanações.

Os sabores acre e doce tem uma característica dispersiva como o Yang, o elemento masculino. Os
sabores ácido e salgado circulam e correm como o Yin, o elemento feminino.

Se o Yin está saudável, é provável que o Yang esteja deficiente; se o Yang está saudável, é provável
que o Yin esteja doente. Se o elemento masculino está vitorioso, haverá calor; se o elemento
feminino está vitorioso, haverá frio.

A exposição a frio repetido e rigoroso causará uma sensação de febre quente; a exposição a calor
repetido e rigoroso causará uma sensação de frio.

O frio prejudica o corpo, enquanto que o calor prejudica o espírito.

Quando o espírito é atingido, seguem-se dores forte; quando o corpo é atingido, há inchaços. Assim,
nos casos em que se sentem primeiro dores fortes e depois aparecem inchaços, pode-se dizer que o
espírito feriu o corpo, e nos casos em que aparecem primeiro inchaços e depois se sentem dores
fortes, pode-se dizer que o corpo feriu o espírito.

Quando o vento está triunfante tudo move e estremece. Quando o calor domina o Mundo, então, no
fim, aparecem inchaços. Quando a seca domina o Mundo, fica tudo ressequido. Quando o frio
domina o Mundo, torna-se tudo leve e flutuante. Quando a umidade domina o Mundo, os vapores
condensados dispersam-se.

A Natureza tem quatro estações e cinco elementos (metal, madeira, água, fogo e terra). A fim de
proporcionarem uma longa vida, as quatro estações e os cinco elementos acumulam o poder e
criação existente no frio, no calor, na secura excessiva, na umidade e no vento.

O homem tem cinco vísceras, nas quais estes cinco climas se transformam para criar alegria, cólera,
simpatia, dor e medo.

As emoções da alegria e da cólera são nocivas ao espírito. O frio e o calor são nocivos ao corpo. A
cólera violenta é prejudicial ao Yin, assim como a alegria violenta é prejudicial ao Yang. Quando as
emoções rebeldes sobem ao Céu, o pulso expira e abandona o corpo.

Quando a alegria e a cólera são moderadas, o frio e o calor excedem todo o comedimento e a vida
deixa de ser segura. O Yin e o Yang devem ser respeitados por igual.

Diz-se: Quando as pessoas são atingidas pelo frio rigoroso do Inverno, a doença recorre na
Primavera. Quando as pessoas são atingidas pelo vento da Primavera, não conseguem reter os
alimentos no Verão. Quando as pessoas são atingidas pelo calor rigoroso no Verão, tem febre
intermitente no Outono. Quando as pessoas são atingidas pela umidade do Outono, tem tosse no
Inverno.

E o Imperador Amarelo prosseguiu:

Diz-se que em tempos remotos os antigos sábios discorreram sobre o corpo humano e enumeraram
separadamente cada uma das vísceras e cada um dos intestinos. Falaram acerca da origem dos vasos
sanguíneos e do sistema vascular e disseram haver seis junções nos pontos onde os vasos
sanguíneos e as artérias se encontram. Seguindo o curso de cada uma das artérias encontram-se os
365 pontos vitais para a acupuntura.
Cada um destes pontos tem um lugar e um nome, assim como “oco” se refere aos ossos e todos tem
secções que os separam uns dos outros.

Quer as pessoas sejam rebeldes, quer obedientes, há método e regularidade no funcionamento das
quatro estações e do Yin e do Yang. Está tudo sujeito às suas normas e regras invariáveis, que
governam as relações entre influências externas e internas. Não há também sintomas de doenças
internos e externos?

Ch’i Po respondeu:

- O Este gera o vento, o vento gera a madeira, a madeira gera o gosto ácido, o gosto ácido fortalece
o fígado, o fígado alimenta os músculos, os músculos fortalecem o coração e o fígado governa os
olhos. Os olhos veem a escuridão e o mistério do Céu e descobrem o Tao, o Caminho Certo, entre a
espécie humana.

Na Terra dão-se transformações e mudanças que produzem os cinco sabores. O conseguimento do


Tao gera sabedoria, enquanto os poderes sobrenaturais brotam da escuridão e do mistério.

Os poderes sobrenaturais geram vento no Céu e madeira na Terra. No corpo criam músculos e das
cinco vísceras criam o fígado. Das cores criam o verde e das notas musicais criam a nota chio, e dão
à voz humana a capacidade de formar um grito. Em períodos de excitação e mudança proporcionam
a faculdade do domínio. Dos orifícios criam os olhos, dos sabores criam o sabor ácido e das
emoções criam a cólera.

A cólera é prejudicial ao fígado, mas a simpatia contrabalança a cólera. O vento é nocivo aos
músculos, mas o calor e a seca contrabalançam o vento. O sabor ácido é nocivo aos músculos, mas
o sabor acre contrabalança o sabor ácido.
Do Sul vem extremo calor. O calor produz fogo e o fogo produz o sabor amargo. O sabor amargo
fortalece o coração, e o coração alimenta o sangue e o sangue vivifica o estômago. O coração
domina a língua.

Os poderes sobrenaturais do Verão geram calor no Céu e fogo na Terra. Criam a pulsação dentro do
corpo e o calor dentro das vísceras. Das cores criam o vermelho e das notas musicais criam a nota
chih e dão à voz humana a faculdade de exprimir alegria. Em períodos de excitação e mudança
proporcionam a capacidade de sentir tristeza e dor. Dos orifícios criam a boca com o seu palato, dos
sabores criam o sabor amargo e das emoções criam a felicidade e a alegria.

A alegria excessiva é nociva ao coração, mas o medo contrabalança a felicidade. O calor é nocivo
ao espírito, mas o frio do Inverno contrabalança o calor do Verão. O sabor amargo é nocivo a
espírito, mas o sabor salgado contrabalança o sabor amargo.

A umidade é gerada pelo centro. A umidade nutre a Terra e a Terra produz sabores doces. O sabor
doce nutre o estômago, o estômago fortalece a carne e a carne protege os pulmões. O estômago
domina a língua.

As forças misteriosas da Terra geram umidade no Céu e solo fértil na Terra. Criam a carne no corpo
e das vísceras criam o estômago. Das cores criam o amarelo e das notas musicais criam a nota kung
e dão à voz humana a faculdade de cantar. Em períodos de excitação e mudanças provocam arrotos.
Dos orifícios criam a boca, dos sabores criam o sabor doce e das emoções criam a consideração e a
simpatia.

A simpatia excessiva é nociva ao estômago, mas a cólera contrabalança a simpatia. A umidade


excessiva é nociva a carne, mas o vento contrabalança a umidade. O sabor doce é nocivo a carne,
mas o sabor ácido contrabalança o sabor doce.

O Oeste gera a secura ressequida. A secura cria o metal e o metal cria o sabor acre. O sabor acre
alimenta os pulmões e os pulmões fortalecem a pele e o cabelo. A pele e o cabelo protegem os rins.
Os pulmões dominam o nariz.

As forças misteriosas do Outono geram a secura no Céu e metal na Terra. No corpo criam a pele e o
cabelo e das vísceras criam os pulmões. Das cores criam o branco e das notas musicais criam a nota
shang e dão à voz humana a faculdade de chorar e gemer. Em períodos de excitação e mudança
provocam tosse. Dos orifícios criam o nariz com as suas narinas, dos sabores criam o sabor acre e
das emoções criam a mágoa.

A mágoa excessiva é nociva aos pulmões, mas a alegria contrabalança a mágoa. O calor é nocivo à
pele e ao cabelo, mas a temperatura fria contrabalança o calor. O sabor acre é nocivo à pele e ao
cabelo, mas o sabor amargo contrabalança o sabor acre.

O Norte gera o frio extremo. O frio cria a água e a água cria o sal. O sal nutre os rins e os rins
fortalecem os ossos e a medula, e a medula fortalece o fígado. Os rins dominam os ouvidos.
As forças misteriosas do Inverno geram frio extremo no Céu e água na Terra. No corpo criam os
ossos e dos orifícios criam os rins (testículos). Das cores criam o preto e das notas musicais criam a
nota yü. Dão à voz humana a faculdade de trautear (falar baixinho, cantarolar). Em períodos de
excitação e mudança criam tremores e das emoções criam o medo.

O medo excessivo é nocivo aos rins, mas o medo pode ser vencido pela contemplação. O frio é
nocivo ao sangue, mas o calor seco contrabalança o frio. O sal é nocivo ao sangue, mas o sabor
doce contrabalança o sal.

Por isso se diz; o Céu e a Terra são o mais alto e o mais baixo de toda a Criação. Yin e Yang criam
desejos e vigor em homens e mulheres. Os caminhos do Yin e do Yang são para a esquerda e para a
direita. A água e o fogo são testemunhos e os símbolos do Yin e do Yang são a fonte e o começo de
tudo quanto existe na Criação.

Por isso se diz: o Yin é ativo no interior e atua como guardião do Yang; o Yang é ativo no exterior e
atua como regulador do Yin.

O Imperador Amarelo perguntou:

Existe alguma alternativa para as leis do Yin e do Yang?


Ch’i Po respondeu:

Quando o Yang é mais forte o corpo está quente, os poros estão fechados e as pessoas começam a
ofegar, tornam-se violentas e rudes e quer olhemos para cima, quer olhemos para baixo, não aparece
transpiração alguma. As pessoas tornam-se febris, as gengivas secam e incomodam, o estômago fica
oprimido e as pessoas morrem de prisão de ventre. Quando o Yang é mais forte, as pessoas podem
suportar o Inverno, mas não suportam o Verão.
Quando o Yin é mais forte o corpo está frio e a transpiração aparece regularmente por todo ele. As
pessoas compreendem claramente o seu destino, tremem de medo e enregelam. Quando
enregeladas, o seu espírito rebela-se, o seu estômago cheio deixa de poder digerir e morrem.
Quando o Yin é mais forte as pessoas podem suportar o Verão, mas não suportam o Inverno.

Assim alternam o Yin e o Yang, as suas vitórias variam como varia também o caráter das suas
doenças.

O Imperador Amarelo perguntou:

Pode-se fazer alguma coisa para harmonizar e misturar esses dois princípios da Natureza?
Ch’i Po respondeu:

Quando se tem a faculdade de conhecer os sete danos e as oito vantagens, podem-se harmonizar os
dois princípios. Se não se sabe utilizar tal conhecimento, a duração da vida da pessoa será limitada
por declínio prematuro.
Aos quarenta anos o elemento Yin do corpo está reduzido a metade da sua capacidade natural e o
comportamento normal do homem deteriora-se.
Aos cinquenta anos o corpo torna-se pesado, os ouvidos já não ouvem bem e a visão dos olhos já
não é límpida.

Aos sessenta anos a força produtora de vida do Yin declina e surge a impotência. Os nove orifícios
deixam de se beneficiar uns aos outros. Os orifícios inferiores tornam-se insubstanciais e vazios,
enquanto os superiores permanecem substanciais e reais, e a faculdade de chorar está totalmente
esgotada.

No entanto, diz-se: Os que possuem a verdadeira sabedoria permanecem fortes, enquanto os que
não tem conhecimento nem sabedoria envelhecem e se debilitam. Portanto,a s pessoas deveriam
compartilhar esta sabedoria e os seus nomes tornar-se-iam famosos. Os sensatos inquirem e
investigam juntos, enquanto os estúpidos e ignorantes inquirem e investigam separados uns dos
outros. Os estúpidos e ignorantes não se esforçam o suficiente na busca do Caminho Certo, ao passo
que os sensatos procuram para além dos limites naturais.

Os que procuram para além dos limites naturais conservarão bom ouvido e visão límpida, o seu
corpo permanecerá leve e forte, e embora envelheçam em anos conservar-se-ão sãos e vigorosos – e
os sãos governam com maior vantagem.

Por tal razão, os sábios antigos tinham por norma não se entregarem a assuntos mundanos e eram
dignos e tranquilos nos seus afazeres e nas suas alegrias. Obedeciam aos seus desejos e nunca
encaminhavam a sua vontade nem a sua ambição no sentido de proteger um objetivo desprovido de
significado. Destarte, a duração da sua vida não tinha limites, como o Céu e a Terra. Era deste modo
que os sábios antigos se dominavam e conduziam.

O Céu não fica completo apenas com o Oeste e o Norte; o Oeste e o Norte são regiões do Yin. A
audição e a vista do homem não são tão límpidas do seu lado direito como o são do seu lado
esquerdo.

A Terra não fica completa apenas com o Leste e o Sul; o Leste e o Sul são regiões do Yang. A mão e
o pé esquerdos do homem não são fortes como a sua mão e seu pé direitos.

O Imperador Amarelo perguntou:

Como isso é possível?


Ch’i Po respondeu:

- O Leste é a região do Yang, o elemento da luz. As essências do Yang unem-se e ascendem ao Céu
e, assim, há claridade e luz em cima e trevas e irrealidade em baixo. Isto proporciona excelente
audição e visão clara, ao passo que mãos e pés não podem ser utilizados vantajosamente.

O Oeste é a região do Yin, o elemento das trevas. As essências do Yin unem-se e descem para a
Terra e, assim, há abundância de claridade em baixo e em cima tudo é vazio e irreal. Isto prejudica a
audição e a visão ao passo que mãos e pés podem ser utilizados vantajosamente.

Tudo é susceptível de ser influenciado por emanações nocivas. Quando sobem, o lado direito é mais
afetado; quando descem, o afetado é o lado esquerdo. Assim, nem Céu e Terra, nem Yin e Yang –
nada, em suma, pode ser completo por via da existência destas emanações nocivas.

No Céu há espíritos etéreos: na Terra há forma e configuração. No Céu, há oito reguladores; na


Terra, há cinco princípios – e por via deles todas as criaturas vivas podem ser transformadas em
progenitores.

O Yang, o elemento resplandescente, ascende ao Céu. O Yin, o elemento turvo, regressa à Terra. Por
isso, o Universo (Céu e Terra) representa movimento e repouso, controlado pela sabedoria da
Natureza (os deuses). A Natureza concede a faculdade de procriar e crescer, colher e armazenar,
acabar e recomeçar.

Os Homens de Virtude igualavam o Céu quando cultivavam o seu espírito, assemelhavam-se à Terra
quando proporcionavam nutrição suficiente e estavam ao lado das pessoas no cuidado com as cinco
vísceras.

O clima celestial circula dentro dos pulmões; o clima terrestre circula dentro da garganta; o vento
circula dentro do fígado; a trovoada penetra no coração; o ar de um desfiladeiro penetra no
estômago e a chuva penetra nos rins. As seis artérias geram rios, os intestinos e o estômago geram
oceanos, os nove orifícios geram água corrente e o Céu e a Terra geram o Yin e o Yang.

A transpiração gerada pelo Yang tem a mesma importância que a chuva gerada pelo Universo. O ar
gerado pelo Yang tem a mesma importância que o vento forte gerado pelo Universo. O
comportamento violento e o ar escaldante assemelham-se ao trovão. O comportamento rebelde
assemelha-se ao Yang.

Regulação e tratamento sem método demonstram que as regras do Céu não estão a ser respeitadas, e
as calamidades e as provações terrestres atingirão o máximo.

Os maus costumes afetam tanto o corpo como o vento e a chuva.

Os que dão uma boa cura ao corpo tratam primeiro a pele e o cabelo; o tratamento seguinte
relaciona-se com os músculos e a carne, o que se segue a esse com os seis intestinos e o último com
as cinco vísceras. O tratamento das cinco vísceras deve efetuar-se a meio caminho entre a vida e a
morte.

Quando o Céu é afetado por emanações nocivas, as cinco vísceras do homem são lesadas. Quando a
água e o cereal são afetados pelo frio ou pelo calor, os seis intestinos do homem são lesados.
Quando a Terra é afetada pela umidade, a pele, a carne, os músculos e o pulso do homem são
lesados.

Os peritos no uso da agulha para acupuntura obedecem ao Yin, o princípio feminino, a fim de
seduzir o Yang, e obedecem ao Yang, o princípio masculino, a fim de seduzir o Yin. Servem-se da
mão direita para tratar a doença do lado esquerdo, e da mão esquerda para tratar na doença do lado
direito.
Observando-me , fico a saber acerca dos outros e as suas doenças me são reveladas, e observando
os sintomas externos adquirem-se conhecimentos relacionados com perturbações internas. Deviam-
se procurar para além dos limites naturais, normais que são impróprias e inadequadas; deviam-se
observar coisas minúsculas e insignificantes como se fossem de dimensões normais, pois quando
assim tratadas não se podem tornar perigosas.

Os especialistas em examinar doentes avaliam o seu aspecto geral, auscultam-lhes o pulso e


distinguem se é o Yin ou o Yang que causam a doença. Se o aspecto muda de claro para turvo, a
localização da doença será revelada. Deve-se atentar cuidadosamente na tosse e na falta de folego;
devem-se escutar os sons e as notas e assim a localização do mal tornar-se-á aparente. Devem-se
examinar irregularidades que terão de ser adaptadas de acordo com o costume e o uso, e a
localização em que a doença prevalece torna-se conhecida.

Deve-se auscultar o pulso no lugar do “cúbito” e no lugar da “polegada”, e observar se o pulso é


superficial ou profundo, regular ou irregular. Procedendo assim, torna-se evidente a origem da
doença e pode-se curá-la.

Nada ultrapassa o exame do pulso, pois ele não permite o cometimento de erros. Por isso, diz-se:
Pode-se fazer declinar a doença. Sim, porque embora uma doença seja leve pode apesar disso
alastrar, e embora seja grave pode apesar disso melhorar. E quando a doença desaparece por
completo já se tornou bem conhecida.

Se coisas materiais não conseguem reanimar um doente, deve usar-se a exaltação; e se a essência
espiritual não conseguir dar melhoras a um doente, devem-se aplicar os cinco sabores. A mais grave
doença poderá ser assim dominada e a mais leve doença poderá ser assim obrigada a declinar e,
finalmente, curada.

Os que estão completamente contaminados poderão ver a doença dissipar-se internamente, e os


possessos de más influências purificarão o corpo através da transpiração. Quando a doença está
localizada na pele, torna-se manifesta através da transpiração.

O pulso dos trêmulos e temerosos e dos cruéis e violentos contrai-se, quando auscultado. Se o pulso
é cheio e prolongado e ligeiramente tenso, a doença dissipar-se-á e o doente libertar-se-á dela.

A fim de averiguar se predomina o Yin ou o Yang, há que saber distinguir um pulso suave e de
tensão baixa de um pulso forte e saltitante. Durante uma doença de Yang, predomina o Yin; durante
uma doença de Yin, predomina o Yang. Quando o vigor e a constituição são fortes e determinados,
está tudo no seu devido lugar.

Se o sangue endurece, há que desobstruí-lo e fazê-lo jorrar. Quando a respiração enfraquece, a parte
que a dificulta deve ser estendida.

Tratado Sobre a Separação e o Encontro do Yin e do Yang

O Imperador Amarelo disse:


- Diz-se que o Céu foi criado pelo Yang (o princípio masculino da luz e da vida) e que a Terra foi
criada pelo Yin (o princípio feminino das trevas e da morte). Diz-se que o Sol representa o Yang e a
Lua representa o Yin. Os meses grandes e os meses pequenos somados deram um total trezentos e
sessenta dias, que perfizeram um ano, e a humanidade viveu sempre de acordo com esse sistema. É
verdade que, hoje em dia, os três elementos do Yang já não correspondem ao sistema antigo do Yin
e do Yang?

Ch’i Po respondeu:

- O Yin e o Yang podem-se somar até totalizarem o número dez; este pode ser excedido e significar
cem, ou ser calculado para ser mil e os mil serem excedidos e significarem dez mil – isto é: inclui
tudo. Dez mil é tanto que não pode ser igualado por nenhum número, e o mesmo acontece quanto à
sua importância.

Tudo quanto existe na Criação está coberto pelo Céu e é suportado pela Terra. Quando nada ainda
brotou, a Terra chama-se: o lugar onde o Yin reside, e também é conhecida por o Yin no Yin. O
Yang fornece o que é vertical, enquanto o Yin, a Terra, atua como regulador do Yang.

Plantar e procriar estão de acordo com a Primavera; crescer e cultivar estão de acordo com o Verão;
colher na colheita está de acordo com o Outono, e o armazenamento da colheita está de acordo com
o Inverno. Se, por hábito, as pessoas descuidarem de respeitar estas normas, o trabalho do Céu e da
Terra e das quatro estações será impedido. Se o Yin e o Yang mudarem, as pessoas mudarão
igualmente e o seu destino poderá então ser prefigurado.

O Imperador Amarelo disse:

- Gostaria de ouvir mais coisas acerca da separação e do encontro do Yin e do Yang.

Ch’i Po respondeu:

- Os sábios antigos viravam-se para o Sul e fixavam-se. Ao que quer que ficava à sua frente
chamava-se espaço brilhante, e ao que quer que ficava atrás deles chama-se a Grande Via ou o Yang
Maior.

O Yang Maior está localizado no seio do solo e nele está o Yin Menor. Quando este Yin menor
ascende acima da Terra, fica sob o influência do Yang maior.

O Yang maior é base da existência do princípio ao fim. O Yin Maior é o elo de ligação entre a vida e
a “porta da vida”, e assim torna-se evidente que no Yin também há Yang. Está dentro do corpo e
acima do corpo e chama-se espaço brilhante. Mas se esta expansão brilhante envia os seus raios
para baixo, então passa a chamar-se Yin Maior. Sabe-se que a frente do Yin Maior é iluminada pela
“Luz Solar”.

A “Luz Solar” é a base de tudo, permeia tudo e é, por isso, conhecida por Yang no Yin. Se o Yin se
torna exteriormente aparente, passa a ser conhecido por Yang Menor.
O Yang Menor é a base dos orifícios do Yin, aos quais leva vida, e por isso se chama Yang Menor
no Yin.

É esta, pois, a separação e o encontro dos três Yang. O Yang Maior atua como fator inicial, a “Luz
Solar” atua como fator de cobertura e o Yang Menor atua como eixo ou ponto central.

As três principais artérias não devem encontrar-se umas das outras; devem ser atraídas umas para as
outras e quando o seu pulso não soa superficial o seu nome é um (pulso) Yang.

O Imperador Amarelo disse:

- Gostava de saber mais coisas acerca dos três Yin.

Ch’i Po respondeu:

- No exterior há Yang mas no interior é o Yin que está ativo. O Yin está ativo no interior e é efetivo
em baixo, onde o seu nome é Yin Maior.

O Yin maior é a base de tudo quanto está oculto e é misterioso e vazio, e assim chama-se Yin no
Yin. À retaguarda do Yin Maior chama-se Yin Menor.

O Yin Menor é a origem de tudo quanto flui rapidamente e de todas as nascentes e chama-se Yin
Menor no Yin.

A frente do Yin Menor chama-se “Yin Absoluto”. Este Yin é a base da grandeza e da honestidade.
Onde o Yin se interrompe há Yang e nesse ponto chama-se Yin no Yin Absoluto.

Aqui temos a separação e o encontro dos três Yin. O Yin Maior atua como fator inicial, o Yin
Absoluto atua como fator de cobertura e o Yin Menor atua como eixo ou ponto central.

As três principais artérias não devem desencontrar-se umas das outras; devem desencontrar-se umas
das outras; devem ser atraídas umas para as outras e quando o seu pulso não soa profundo o seu
nome é um (pulso) Yin.

Os climas do Yin e do Yang alternam e os seus climas acumulados funcionam como uma unidade
completa. O espirito interior e a forma física exterior aperfeiçoam-se mutuamente.

Tratado Sobre o Yin e Yang Estudados Separadamente

O Imperador Amarelo disse:

- O homem tem quarto artérias principais e doze vasos subsidiários.

Ch’i Po respodeu:
- As quatro artérias principais correspondem às quatro estações, os doze vasos correspondem aos
doze meses e os doze meses correspondem aos doze pulsos.

Os pulsos compõem-se de Yin e Yang, os dois princípios da Natureza. Quando se conhece a


proporção de Yang, o Yin revela-se; quando se conhece a proporção de Yin, o Yang revela-se. As
cinco visceras são permeadas pelo elemento yang. Assim, há cinco vezes cinco, ou vinte e cinco
elementos Yang. Alguns dos intestinos (órgãos sólidos) pertencem inteiramente ao elemento Yin e
quando se tornam visíveis ficam danificados, e quando os intestinos estão danificados sobrevém a
morte. Alguns dos intestinos pertencem inteiramente ao elemento Yang e são os dutos do corpo e do
estômago.

Quando o Yang é tratado separadamente, então a localização da doença se revela; e quando o Yin é
tratado separadamente, então a esperança de vida e a data da morte se revelam.

Os três pulsos Yang estão localizados na cabeça e os três pulsos Yin estão localizados na mão, e
juntos formam uma entidade.

Quando o Yang é tratado separadamente torna-se conhecido que a doença se deve temer e em que
estação; quando o Yin é tratado separadamente as datas de vida e morte se tornam conhecidas. Se se
respeitam as leis do Yin e do Yang não se lida com estes dois princípios como se fossem um todo.

Diz-se acerca do Yin e do Yang serem aqueles que matam influenciados pelo Yin e serem os que
atingem o máximo do bem influenciados pelo Yang; os pacíficos e calmos são influenciados pelo
Yin e os ativos são influenciados pelo Yang; os lentos são influenciados pelo Yin e os rápidos são
influenciados pelo Yang.

De modo geral, pode-se dizer que a vida é sustentada pelo verdadeiro pulso das vísceras. Quando o
pulso do fígado é extremamente irregular e acelerado, a morte ocorre passados dezoito dias; quando
o pulso do coração é extremamente irregular, a morte ocorre passados nove dias; quando o pulso
dos pulmões é muito irregular, a morte ocorre passados sete dias; quando o pulso do baço é muito
irregular, a morte ocorre passados quatro dias.

A doença dos dois Yang afeta o coração e o baço, e isso não deve permanecer oculto e ignorado,
caso contrário a mulher não será menstruada e o homem não terá uma emanação mensal suficiente
(produção de esperma). Se esta doença se perpetuar, revestir-se-á de uma influência destrutiva e
dissipadora que, a alastrar, inibirá todas as energias – e a morte não poderá ser evitada.

Diz-se que os três Yang causam doenças com arrepios e febres, doenças essas que originam úlceras
e inchamentos dentro do corpo, os quais acabam por provocar impotência, soluços, respiração
pesada e contusões.

Quando estas doenças alastram, causam exaustão e umidade e, transmitidas, definhamento e hérnia.

Diz-se que um elemento de Yang provoca falta de ar e torna as pessoas afeitas a tosse e diarreia.
Quando estas doenças alastram, causam palpitações no coração e, se se tornam crônicas, provocam
irregularidade das funções do corpo.
Dois elementos de Yang mais um elemento de Yin ocasionam doenças caracterizadas por
sobressaltos e temor; as costas doem e as pessoas podem arrotar e sentir falta de forças. O nome
desta doença é: vento e convulsões.

Dois elementos de Yin e um elemento de Yang ocasionam uma doença que provoca inchaços e
enche o coração de vapores.

Três elementos de Yang e três elementos de Yin ocasionam uma doença que provoca paralisia de
um lado e várias transformações, de tal sorte que as pessoas não se podem erguer e mover os quatro
membros.

Um elemento de Yang estimulado chama-se um “gancho”; um elemento de Yin estimulado chama-


se um “cabelo”. O Yang que tem de ser estimulado para dominar perturbações agudas fica tenso
como uma trêmula corda musical. O Yang que se estimula ao máximo e depois se parte chama-se
uma “pedra”. Quando o Yin e o Yang correm juntos, chamam-se um “rio”.

O Yin abre caminho para o interior; o Yang abre caminho para o exterior e toma a forma de
transpiração que não se pode ocultar. A desobediência às quatro estações não deixará de se
manifestar, e essa manifestação assumirá a forma de uma doença má dos pulmões, que fará as
pessoas ofegar e respirar com dificuldade.

O Yin cria paz e harmonia, e a raiz de tudo é paz e harmonia. Por isso, quando tal estado é
constante, proporciona resistência. As emanações do Yang tem um efeito dispersivo e destrutivo.

A paz é constituída por partículas moles e duras, não é uniforme e resistente e o seu princípio
vivificante pode ser interrompido.

Quando a morte é provocada por uma doença do Yin, leva apenas três dias para sobrevir; e a vida
originada apenas pelo Yang não dura mais de quatro dias, findos os quais sobrevém a morte. Esta é
a chamada vida vida quando relacionada com o Yang, e a chamada morte quando relacionada com o
Yin.

Quando o fígado fortalece o coração, falamos de vida sustentada pelo Yang. Quando o coração
alimenta o fígado, falamos de morte relacionada com o Yin. Quando os pulmões fortalecem os
pulmões, falamos da importância do Yin. Quando os rins fortalecem o baço, falamos da punição do
Yin – e a morte não pode ser evitada.

Quando o Yang coagula, os quatro membros incham. Quando o Yin coagula, é vantajoso tirar meio
litro de sangue; quando coagula três vezes, deve ser tirado litro e meio de sangue. Quando o Yin e o
Yang coagulam, a situação é obliqua. A situação em que há elementos Yin a mais e elementos Yang
a menos chama-se “estéril”.

Quando não há água suficiente o estômago dilata-se. Quando dois elementos de Yang se juntam o
resultado é a digestão. Quando três elementos de Yang se juntam o resultado é um sistema filtrante.
Ao efeito da junção de três elementos de Yin chama-se “água”.
Quando um elemento de Yin e um elemento de Yang se unem, o resultado chama-se dormência da
garganta. Quando o Yin ataca e o Yang separa, diz-se que foi concebida uma criança. Quando o Yin
e o Yang estão ocos e vazios, os intestinos esgotam-se e a morte sobrevém. Quando o Yang iguala o
Yin torna-se aparente que tal acontece pela transpiração. Quando o Yin está vazio e oco e Yang está
cheio e abundante, ao resultado chama-se “colapso” (menorragia).

Quando os três Yin atacam e correm uns para os outros, a morte sobrevém à meia noite, passados
vinte dias. Quando dois elementos de Yin atacam, a morte sobrevém ao crepúsculo, treze dias
depois. Quando três elementos de Yang atacam, incha tudo e a morte sobrevém ao fim de três dias.
Quando três elementos de Yang e três elementos de Yin atacam e correm uns para os outros, o
coração e o estômago ficam congestionados e cheios e não conseguem esvaziar-se inteiramente de
matéria oculta e pequena, do que resulta a morte passados cinco dias. Quando dois elementos de
Yang atacam, a doença do paciente recorre, a morte não se pode evitar e a morte verifica-se
decorridos dez dias.

Tratado Sobre o Engenho e a Sutileza dos Registros Secretos

O Imperador Amarelo disse:

- Desejo saber como é possível as doze vísceras enviarem umas às outras o que é preciso e o que é
inútil.

Ch’i Po respondeu:

- Qual será a melhor maneira de responder a essa pergunta? Peço-vos que atenteis nas seguintes
palavras: O coração é como o ministro de um monarca que se distingue pelo discernimento e pela
compreensão; os pulmões são símbolo da interpretação e da conduta da jurisdição e das normas; o
fígado desempenha as funções de um chefe militar excelente no seu planejamento estratégico; a
vesícula biliar ocupa o lugar de um funcionário importante e justo que se distingue pelas suas
decisões e pelo seu critério; o meio do tórax (a parte entre os seios) é como o funcionário do centro
que guia os súditos nas suas alegrias e nos seus prazeres; o estômago atua como o funcionário dos
celeiros públicos e concede os cinco sabores; os órgãos sólidos inferiores são como os funcionários
que propagam o Modo Certo de Viver e geram evolução e mudança; o intestino delgado é como o
funcionário a quem são confiadas riquezas e cria mudanças da substância física; os rins são os
funcionários que desempenham funções energéticas e se distinguem pela sua competência e
inteligência; os espaços de combustão são como os funcionários que planejam a construção de valas
e comportas e criam vias de águas; o baixo-ventre e a bexiga são como os magistrados de uma
região ou distrito e armazenam os excedentes e as secreções fluídas que servem para regular a
vaporização. Estes doze funcionários não podem deixar de se entreajudar.

Quando o monarca é inteligente e esclarecido, reinam a paz e o contentamento entre os súditos, que
podem assim gerar filhos e criá-los, ganhar a vida e ter uma existência longa e feliz. E como não há
perigos nem riscos, a terra é considerada gloriosa e próspera.
Mas quando o monarca não é inteligente e esclarecido, os doze funcionários tornam-se perigosos e
arriscados; o uso do Tao fica obstruído e bloqueado, eo Tao deixa de transmitir advertências conta
excessos físicos. Quando se alcança o Tao, mesmo em questões pequenas e insignificantes, a
mudança não esgotará nem empobrecerá o povo, pois este saberá procurar sozinho.

Angustiados são os que desperdiçam; tornam-se nervosos e assustados. Mas os que tem consciência
das suas necessidades e dos seus desejos, esses são encorajados e, como expressão desse
encorajamento, tornam-se amantes da paz e virtuosos.

O número dos confusos e vagos de visão pode comparar-se ao número de átomos e de cabelo. O seu
número pode-se calcular em cem vezes dez mil, e até pode ser mais. Quando é assim tão grande, a
sua forma pode ser regulada.

O Imperador Amarelo disse:

- Excelente, sem dúvida! Tem-me dito que o Tao, o Caminho Certo da essência e da luminosidade,
era a grande missão do imperador e que ele proclamava e exemplificava o grande Tao; advertia os
que não eram puros e comedidos e escolhia um dia auspicioso em que ninguém ousava infligir
sofrimento. Agora o Imperador Amarelo escolhe um dia auspicioso, com um augúrio auspicioso,
para coligir os engenhosos e sutis segredos e entregá-los para que sejam bem guardados.

Tratado Sobre as Seis Normas Reguladoras das Manifestações das Vísceras

O Imperador Amarelo disse:

- Sei que o Céu emprega seis vezes seis normas a fim de fazer um ano, e que o homem precisa de
nove vezes nove leis a fim de formar a sociedade.

De acordo com o plano, o homem compõe-se de trezentas e sessenta e cinco partes que passaram a
ser consideradas similares às partes que constituem o Universo. Ignoro o significado disso.

Ch’i Po respondeu:

- Como poderei exemplificar? Rogo-vos que prestei atenção as minhas palavras: Seis vezes seis
normas (períodos, divisões de tempo) e nove vezes nove leis combinam-se para harmonizar as
regras da Natureza e o destino correspondente.

Depois de as normas do Céu terem sido harmonizadas, o Sol e a Lua podem entrar em ação; o
destino pode ser, assim, regulado e a transformação e o nascimento podem começar a funcionar.

O Céu representa o Yang e a Terra representa o Yin; o Sol representa o Yang e a Lua representa o
Yin. O movimento do Sol e da Lua compartilham os seus deveres de reguladores. Uma revolução
completa do Sol serve de princípio básico ao Tao. O Sol move-se uma medida, enquanto a Lua se
move treze medidas ou mais. Os meses grandes e pequenos perfazem trezentos e sessenta e cinco
dias e completam assim um ano. Como há um excesso de atmosfera acumulada, corrige-se essa
deficiência com a inserção de dias e meses intercalares.

No princípio estabelece-se uma doutrina; as coisas importantes são colocadas no meio; o excesso é
empurrado para o fim, e assim se completa a medida do Céu.

O Imperador Amarelo disse:

- Já tinha ouvido falar da lei do Céu. Agora gostaria de saber se tem alguma correlação com o
destino humano.

Ch’i Po respondeu:

- O Céu emprega seis vezes normas (divisões de tempo) e a Terra usa nove vezes nove leis para
formar um todo. O Céu tem dez bases celestiais, o dia tem seis pares de caracteres horários
recorrentes. Quando chia, a primeira base celestial, recorre seis vezes, completa-se um ciclo de
sessenta ou a duração de uma vida, baseado no padrão de trezentos e sessenta dias para cada ano.

Desde tempos remotos que a comunicação com o Céu foi a origem da vida; e desde a aurora dos
tempos a exalação do Yin e do Yang, os princípios feminino e masculino da Natureza, circulavam
através das nove províncias, assim como através dos nove orifícios. A vida é influenciada por cinco
elementos; o espírito é influenciado por três fatores. Três fatores servem para completar a Terra e
três fatores servem para completar o homem. Três vezes três fatores são nove, e nove atuam como
as nove seções e as nove seções são as nove vísceras.

O corpo externo tem quatro vísceras (cabeça, ouvidos e olhos; boca e dentes, tórax) e o corpo
internotem cinco vísceras (fígado, coração; baço; pulmões; rins), as quais se unem e perfazem nove
vísceras, correspondentes aos sistema geral.

O imperador disse:

- Também ouvi dizer que seus vezes seis e nove vezes nove se unem, mas como se explica, então,
que o excesso de força atmosférica acumulada seja absorvido pela inserção de dias e meses
intercalares? Gostaria de ser informado acerca desa força atmosférica acumulada e peço-lhe que
levante este véu de ignorância e dissipe as minhas dúvidas.

Ch’i Po respondeu:

- O que foi conservado pelos imperadores de antigamente foi propagado e perpetuado pelos
primeiros professores.

O Imperador disse:

- Rogo-lhe que continue.

Ch’i Po prosseguiu:
- A cinco dias chama-se “um período de cinco dias”; a três desses períodos de cinco dias chama-se
“um dos vinte e quatro períodos solares do ano”; a seis desses períodos solares chama-se “uma
estação”; a quatro estações chama-se “um ano”, e a cada um destes períodos está sujeito uma
regulação diferente.

A interação dos cinco elementos origina harmonia e tudo fica em ordem. Ao fim de um ano o Sol
completou o seu trajeto e recomeça tudo com a primeira estação, que é o princípio da Primavera.
Este sistema é comparável a um anel que não tem princípio nem fim. Os períodos de cinco dias
também compartilham esta norma. Portanto, devo dizer: os ignorantes do que se refere ao aumento
do ano e do que é produzido através das forças de florescimento, deterioração, esvaziamento e
enchimento da quatro estações não podem produzir bom trabalho.

O Imperador Amarelo disse:

- A interação dos cinco elementos é como um anel: não tem princípio. Esta descrição é exagerada ou
inadequada?

Ch’i Po respondeu:

- As cinco influências atmosféricas mudam as suas esferas de atividade; neutralizam-se umas às


outras e há constância na sua transformação de abundância para vazio.

O Imperador perguntou:

- Como se pode conseguir uma atmosfera tranquila?

Ch’i Po respondeu:

- Evitando transgredir as leis da Natureza.

O Imperador respondeu:

- Que acontecerá se não puder alcançar essa perfeição?

Ch’í Po respondeu:

- Essa perfeição está contida nas regras invariáveis de conduta.

O Imperador perguntou:

- Qual é o significado de neutralizar?

Ch’i Po respondeu:

- A Primavera neutraliza o Verão tardio; o Verão tardio neutraliza o Inverno; o Inverno neutraliza o
Outono; o Outono neutraliza a Primavera. A isto se chama o efeito de neutralização dos cinco
elementos e das suas respectivas estações. Cada elemento utiliza a sua influência vivificadora para
influênciar o destino da sua víscera específica.

O Imperador perguntou:

- Como pode uma pessoa utilizar esse conhecimento da neutralização?

Ch’i Po respondeu:

- Procurando o melhor. No princípio da Primavera restabelece-se tudo. Se as pessoas ainda não


alcançaram o melhor, mas apesar disso estendem as mãos para ele, a sua ação chama-se excessiva.
Nesse caso, há por toda a parte negligência que não pode ser neutralizada e o que tem de ser
superado multiplica-se. O comportamento geral torna-se imoral e licencioso e as pessoas deixam de
segregar aqueles cuja vida interior é depravada e heterodoxa, e os funcionários não podem impor o
cumprimento de restrições e proibições.

Aqueles que lutam pelo melhor, mas não o conseguem alcançar, chamam-se inaptos para a tarefa.
Então o que já foi alcançado é esbanjado em conduta estúpida e temerária. Isto gera sofrimento de
doenças por via de negligência, que não pode ser superada. Nestes períodos críticos, os que
procuram o melhor voltam-se para os mais elevados princípios vivificadores da respectiva estação.

Mesmo que se observem respeitosamente os períodos de cinco dias, as estações e as suas


influências atmosféricas, continua a existir a possibilidade de cometer erros a respeito do ano
completo e de agir contra o sistema dos períodos de cinco dias e dos cinco elementos. Nessas
circunstâncias, a pessoa deixa de poder segregar-se daqueles cuja vida interior é depravada e
heterodoxa, e os funcionários não podem impor o cumprimento de restrições e proibições.

O Imperador perguntou:

- Não há nenhuma influência hereditária?

Ch’i Po respondeu:

- A influência atmosférica do céu azul é constante, mas este clima não é hereditário e chama-se
extraordinário e incomum. Por se extraordinário, muda (enquanto o Céu permanece constante e
invariável).

O Imperador perguntou:

- Como pode ser extraordinário e, contudo, mudar?

Ch’i Po respondeu:

- A mudança afeta o corpo e, assim, gera doença. Se essa doença puder ser vencida, permanecerá
invisível e insignificante; se não puder ser vencida, tornar-se á mais importante do que sua causa e
muito grave; e a morte sobrevirá se se lhe acrecetarem influências malignas. Assim, se uma pessoa
procede erradamente em relação às estações, o seu procedimento pode permanecer secreto e oculto;
mas se respeita as leis das estações será considerado notável.

O Imperador exclamou:

- Excelente! Também ouvi dizer que as influências atmosféricas se unem e tomam forma e, por via
dessa mudança, se podem definir em termos precisos. A revolução do Céu e da Terra e as
transformações provocadas pelo Yin e pelo Yang exercem os seus efeitos sobre tudo quanto exite na
Criação. Também podemos obter esclarecimento acerca da extensão de tal influência?

Ch’i Po exclamou:

- Brilhante pergunta! O Céu é infinito e não pode ser medido. A Terra é grande e ilimitada. A fim de
sabermos de que tamanho são, temos de perguntar ao deus Ling Shen, de lhe rogar informações
quanto à extensão dessas regiões. A erva e a vegetação dão origem às cinco cores; nada do que é
visível pode exceder a variedade destas cinco cores. A erva e a vegetação também dão origem aos
cinco sabores; nada pode exceder a delícia destes sabores. Os desejos humanos não são iguais: por
isso toda a gente os tem todos ao seu dispor.

O homem recebe as cinco influências atmosféricas como alimento do Céu e os cinco sabores como
alimentos da Terra.

As cinco influências atmosféricas penetram nas narinas, são acumuladas pelo coração e pelos
pulmões e depois tem permissão de subir. As cinco cores restauram a claridade e a luz. Os sons
musicais são manifestações de talento e habilidade. Os cinco sabores penetram pela boca e são
armazenados no estômago. Os sabores acumulados alimentam as cinco influências atmosféricas, e
quando estas influências ajudam a aperfeiçoar a mente, que então começa a funcionar
espontaneamente.

O Imperador perguntou:

- Como pode explicar as aparências exteriores das vísceras?

Ch’i Po respondeu:

- O coração é a raiz da vida e origina a versatilidade das faculdades espirituais. O coração influencia
o rosto e enche o pulso de sangue. No Yang, o princípio da luz e da vida, o coração atua como Yang
maior que permeia o clima do Verão.

Os pulmões são a origem da respiração e a morada dos espiritos animais, ou alma inferior. Os
pulmões influenciam o cabelo do corpo e exercem efeito sobre a pele. No Yang, os pulmões atuam
como Yin Maior, que permeia o clima do Outono.

Os rins (testiculos) chamam à vida o que está adormecido e fechado; são os órgãos naturais para
acumular e o lugar onde as secreções se alojam. Os rins influenciam o cabelo da cabeça e exercem
efeito sobre os ossos. No Yin os rins atuam como o Yin Menor que permeia o clima do Inverno.

O figado causa a máxima fadiga e é a morada da alma, ou parte espiritual do homem que ascende ao
Céu. O fígado influencia as unhas e exerce efeito sobre os músculos; gera desejos animais e vigor.
O sabor relacionado com o fígado é ácido e a cor relacionada com o fígado é verde. No Yang, o
fígado atua como o Yang Menor que permeia o ar da Primavera.

No estômago, nos órgãos sólidos inferiores, no intestino delgado, nos três espaços de combustão, no
baixo-ventre e na bexiga, pode-se encontrar o pincípio básico necessário aos celeiros públicos e ao
acampamento de um regimento. Estes órgãos chamam-se vasos e tem a faculdade de transformar os
resíduos e o sedimento, além de fazerem com que os sabores se movimentem e entrem nos vasos e
deles saiam. Estes órgãos influenciam os lábios e a eles se deve que a carne à sua volta seja de cor
clara; estes órgãos exercem efeito sobre a carne e os músculos. O sabor relacionado com estes
órgãos é doce e a cor é amarela. Pertencem aos órgãos do Yin que permeia o clima da Terra.

De modo geral, pode-se dizer que a undécima víscera recebe da vesícula biliar ou expele para ela.

Quando as pessoas tem um pulso cheio e abundante, a doença situa-se na região do Yang Menor.
Quando há dois pulsos cheios e abundantes, a doença situa-se na região do Yang Maior. Quando há
três pulsos cheios e abundantes, a doença situa-se na região da “Luz Solar”. Quando há quatro
pulsos cheios e abundantes, a doença chegou ao fim e as forças de cima atuam como reguladoras do
Yang.

Quando o pulso “polegada” bate uma vez, no pulso, cheia e abundantemente, a doença situa-se na
região do Yin Absoluto. Quando o pulso “polegada” bate duas vezes, no pulso, cheia e
abundantemente, a doença situa-se na região do Yin Menor. Quando o pulso “polegada” bate três
vezes, no pulso, cheia e abundantemente, a doença situa-se na região do Yin Maior. Quando o pulso
“polegada” bate quatro vezes, no pulso, cheia e abundantemente, a doença chegou ao fim e as
forças de cima fecham o Yin.

Quando todos os pulsos “polegada”, no pulso, são concorrentes e vigorosos, so quatro pulsos unem-
se e chegam ao fim e as forças de cima fecham e regulam intermitentemente o pulso. Com este
sistema de fechar e regular o pulso nunca pode haver um excesso. Quando a essência do Céu e da
Terra chegou ao fim (se esgotou), sobrevém a morte.

Tratado Sobre As Cinco Vísceras em Relação com o seu Papel no Aperfeiçoamento da Vida

O Coração está de harmonia com o pulso. A cor de uma pessoa mostra quando o coração está num
estado esplêndido. O coração domina os rins.

Os pulmões estão relacionados com a pele. O estado do cabelo do corpo mostra quando os pulmões
estão vigorosos e esplêndidos. Os pulmões dominam o coração.

O fígado está relacionado com os músculos. O estado das unhas das mãos e dos pés mostram
quando o fígado está vigoroso e esplêndido. O fígado domina os pulmões.

O baço está relacionado com a carne. A cor e o aspecto dos lábios mostram quando o estado do baço
é vigoroso e esplêndido. O baço domina os pulmões.

Os rins estão relacionados com os ossos. O estado do cabelo da cabeça mostra quando os rins estão
vigorosos. Os rins dominam o baço.

Assim, quando se usa demasiado sal na comida, o pulso endurece, aparecem lágrimas e a cor
modifica-se. Quando usa-se demasiado sabor amargo na comida, a pele murcha e o cabelo do corpo
cai. Quando se usa demasiado sabor acre na comida, os músculos tornam-se nodosos e as unhas das
mãos e dos pés enfraquecem e estragam-se. Quando se usa demasiado sabor ácido na comida, a
carne endurece e engelha-se e os lábios tornam-se frouxos. Quando se usa demasiado sabor doce na
comida, os ossos doem e o cabelo da cabeça cai. Estas são, pois, as doenças que podem ser
provocadas pelos cinco sabores.

Sabemos que o coração necessita do sabor amargo; que os pulmões necessitam do sabor acre; que o
fígado necessita do sabor ácido; que o baço necessita do sabor doce, e que os rins necessitam do
sabor salgado. Estas são as combinações corretas dos cinco sabores, e o estado das vísceras pode ser
avaliado pelo aspecto e pela cor dos órgões externos com elas relacionados.

Quando a sua cor é verde como a erva, não tem vida; quando a sua cor é amarela como a laranja,
não tem vida; quando sua cor é negra como carvão, não tem vida; quando sua cor é vermelha como
sangue, não tem vida; quando sua cor é branca como ossos secos, não tem vida. É assim que as
cinco cores anunciam a morte.

Quando as vísceras são verdes como as asas do pica-peixe (tipo de ave), estão cheias de vida;
quando estão vermelhas como a crista do galo, estão cheias de vida; quando estão amarelas como o
ventre do caranguejo, estão cheias de vida; quando são brancas como a gordura dos porcos, estão
cheias de vida, e quando são negras como as asas do corvo, estão cheias de vida. É assim que as
cinco cores anunciam a vida.

A cor de vida manifestada pela coração é como o forro escarlate de um manto de seda branca; a cor
de vida manifestada pelos pulmões é como o forro vermelho-alegre de um manto de seda branca; a
cor de vida manifestada pelo fígado é como o forro violeta de um manto de seda branca, e a cor de
vida manifestada pelos rins é como o forro cor de baga de zimbro de um manto de seda branca e a
corde vida manifestada pelo baço é como o forro purpúreo de um manto de seda branca. Estes são
os coloridos e magníficos sinais exteriores de vida das cinco vísceras.

Cada cor e cada sabor pertence a uma das cinco vísceras: o branco pertence aos pulmões, assim
como o sabor acre; o vermelho pertence ao coração, assim como o sabor amargo; o verde pertence
ao fígado, assim como o sabor ácido; o amarelo pertence ao estômago, assim como o sabor doce, e
o preto pertence aos rins, assim como o sabor salgado.

Destarte, o branco também pertence à pele, o encarnado (cor de carne, vermelho) também pertence
ao pulso, o verde também pertence aos músculos, o amarelo também pertence à carne e o preto
também pertence aos ossos.

O pulso está relacionado com os olhos, a medula está relacionada com o cérebro, os músculos estão
relacionados com as articulações, o sangue está relacionado com o coração e a respiração está
relacionada com os pulmões.

Os quatro membros e as suas oito articulações flexíveis estão em atividade desde manhãzinha cedo
até altas horas da noite. Quando as pessoas se deitam para descansar, o sangue regressa ao fígado.
Quando o fígado recebe sangue, fortalece a visão. Quando os pés recebem sangue, fortalecem os
passos. Quando a palma da mão recebe sangue, pode-se utilizar a mão para agarrar. Quando os
dedos recebem sangue, podem ser utilizados para transportar.

Quando uma pessoa está exposta ao vento, quer deitada a descansar quer a caminhar, o seu sangue é
afetado. O sangue coagula, então, dentro da carne e o resultado então é a dormência das mãos e dos
pés. Quando o sangue coagula nos pulsos, deixa de circular beneficamente; quando coagula nos pés
causa dores e arrepios.

Quando o sangue entra nesses três órgãos – carne, pulso e pés – e não pode voltar para trás, o
caminho por onde passa fica vazio e segue-se dormência e desconforto.

O homem tem doze grupos de grandes dutos ou vasos principais, trezentos e sessenta e quatro
pequenos dutos ou “vasos lo” e doze vasos de menor importância. Todos eles protegem o elemento
vivificador e evitam a entrada de influências malignas. Quando se aplica a acupuntura as influências
malignas saem.

Quando se começa a examinar um doente deve-se averiguar se os pulsos das cinco vísceras estão
interrompidos e controlá-los. A fim de saber qual é o momento oportuno para começar o exame,
deve-se estabelecer primeiro qual das dez bases será o primeiro mês do ano.

As cinco indicações de que as funções das cinco vísceras estão interrompidas são os cinco pulsos. O
pulso inferior vazio e lento e o pulso superior rápido, são indícios de dores de cabeça e demência.
Quando estas doenças são examinadas no pulso do pé, sente-se que se encontram na região do Yin
Menor e do Yang Maior, o que indica terem também penetrado nos rins.

A falta de discernimento é perigosa. O pulso inferior cheio e o pulso superior vazio, é sinal de vista
obscurecida e audição enfraquecida. Quando estas doenças são examinadas no pulso do pé, sente-se
que se encontram na região do Yang Menor e do Yin Maior, o que indica terem também penetrado o
fígado.

Quando o estômago está demasiado cheio, ocorrem inchações hidrópicas nos membros, no
diafragma, nas costelas e nos flancos: em tais circunstâncias o pulso apresenta-se mrebelde em
baixo e vigoroso em cima. Quando estas doenças são examinadas no pulso do pé, sente-se que se
encontram na região da “Luz Solar” (plexo solar) e do Yang Maior.
Quando há dores no coração e dores de cabeça, a doença situa-se no interior do tórax. Quando estas
doenças são examinadas no pulso das mãos, sente-se que se encontram na região do Yang Maior e
do Yin Menor.

Assim pode ser mostrado e distinguido quer os pulsos sejam pequenos, quer grandes; quer
escorregadios, quer ásperos, quer leves, quer fortes. As aparências externas das cinco vísceras
podem ser colocadas nas mesmas categorias.

As cinco vísceras estão relacionadas com as cinco notas musicais, que se podem discernir e
reconhecer. As cinco cores podem ser utilizadas em exames sutis e ajudam os olhos no exame de
doenças, e se uma pessoa tem competência para combinar o significado das cores, pode-se fazer um
diagnóstico completo.

Quando o pulso tem uma aprência vermelha e há uma tosse obstinada, o examinador diz que existe
ar acumulado no coração e é perigoso comer neste período. A doença é conhecida por “dormência
do coração” e contrai-se através de influências maléficas externas; provoca ansiedade e despeja o
coração, ao mesmo tempo que sas influências maléficas penetram nele.

Quando o pulso tem uma aparência branca, há uma tosse ligeira eo polso é vazio em cima e chio em
baixo, o examinador pode suspeitar da existência de ar acumulado no tórax, o que causa falta de ar e
um som cavo. O nome da doença é “dormência dos pulmões” e os sintomas exteriores são arrepios
e febres. Esta moléstia é causadoa por toxicidade que influencia o corpo interior.

Quando o pulso tem uma aparência verde e os pulso da mão esquerda e da mão direita são
comprimidos durante muito tempo, o examinador verifica que há no coração ar acumulado, que
desce para os membros e para os flancos. O nome da doença é “dormência do fígado”. Contrai-se
através de frios e umidade e está associada com rupturas que afetam as costas. Provoca dores nos
pés e cabeça.

Quando o pulso tem uma aparência amarela, torna-se grande e lento, desconfia’se que el tenha ar
acumulado no baço. O examinador descobrirá a existência de gás incômodo. A doença é conhecida
por “ruptura causada por gás incômodo”. As mulheres também são vítimas dessa doença, que pode
ser contraida devido à transpiração dos quatro membros quando exposto ao vento.

Quando o pulso tem uma aparência negra, o pulso superior é forte e grande e o examinador
descobrirá a existência de ar acumulado no intestino delgado, que é a região do Yin. O nome da
doença é “domência dos rins” e pode ser curada com banhos de água pura e repouso.

Todas as doenças tem um símbolo conforme a variedade das cinco cores do pulso. Quando a
superfície da pele é amarela e os olhos veem verde, quando a superfície é amarela e os olhos veem
vermelho, quando a superfície é amarela e os olhos veem branco e quando a superfície é amarela e
os olhos veem preto, a morte não sobrevem.

Mas quando a superfície é verde e os olhos veem verde, quando a superfície é vermelha e os olhos
veem branco, quando a superficie é verde e os olhos veem preto, quando a superficie é preta e os
olhos veem branco e quando a superfície é vermelha e os olhos veem verde, a morte sobrevem.
Tratado Sobre o Método de Distinguir as Cinco Vísceras

O Imperador Amarelo perguntou:

- Consta-me que os sábios versados em receitas não tem a certeza se são o cérebro e a medula que
governam as vísceras, ou se é o estômago que governa as vísceras, ou se são as vísceras que
governam os seis intestinos.

Posso perguntar se a tendência natural destes órgãos é entreajudarem-se ou oporem-se uns aos
outros? Diga-me, pois desconheço os seus princípios e modos. Estou ansioso por ouvir a sua
explicação.

Ch’i Po respondeu:

- O cérebro, a medula, os ossos, o pulso, a vesícula e o útero da mulher, estes seis órgãos foram
criados pela atmosfera da Terra. São todos vísceras pertencentes ao Yin e os símbolos naturais da
Terra. Por isso, acumulam e não expelem e o seu nome é “intestinos infatigáveis e preservadores”.

O estômago, os intestinos inferiores, o intestino delgado, os três espaços de combustão e a bexiga,


estas cinco vísceras tem mau odor e chamam-se “intestinos condutores e transformadores”. Nada
pode permanecer dentro deles por muito tempo, pois transportam e expelem.

O reto também faz parte das cinco vísceras e evita que a água e o cereal fiquem retidos demasiado
tempo nas vísceras.

As chamadas cinco vísceras armazenam as essências da vida e não as expelem: como tem de estar
cheias, não podem ser sólidas.

Os seis intestinos conduzem e transformam substâncias e não armazenam: portanto, são sólidos e
não podem ser cheios.

Por isso, a água e o cereal entram na boca e passam para o estômago, que se enche enquanto os
intestinos permanecem vazios. Quando os alimentos descem, os intestinos enchem-se e o estômago
volta a ficar vazio. Assim, pode-se dizer: quando os intestinos e as vísceras são sólidos não se pode
encher, e quando tem de se encher não podem ser sólidos.

O imperador perguntou:

- O “pulso polegada”, só no pulso, serve de indicativo das cinco vísceras?

Ch’i Po respondeu:

- O estômago funciona como lugar de acumulação de água e cereal e como fonte de abastecimento
dos seis intestinos.
Os cinco sabores entram na boca e são armazenados pelo estômago, a fim de levarem nutrição às
cinco vísceras e ao alento da vida. As cinco vísceras estão relacionadas com o “pulso polegada”,
que é ativo na região do Yin Maior.

Assim, toda a força da vida e todos os sabores vão para o estômago, onde são digeridos, e depois
tornam-se aparentes no “pulso polegada”, no pulso.

As cinco influências atmosféricas entram nas narinas e são armazenadas no coração e nos pulmões.
Quando o coração e os pulmões estão doentes, o nariz não podem fucnionar convenientemente. A
fim de curarmos estas doenças, devemos averiguar se descem mais para baixo, devemos estudar o
pulso e observar o seu escopo e a sua tendência.

Os que refreiam os demônios e os deuses não alcançam a virtude por falar dela; e os que não
gostam da acupuntura não alcançam resultados engenhosos por falarem deles.

Os que não autorizam o tratamento de uma doença certamente não se curarão, e o tratamento à força
nunca deu bom resultado.

Os Diferentes Métodos de Tratamento e As Prescrições Adequadas

O Imperador Amarelo perguntou:

- Quando tratam, os médicos tratam cada doença de modo diferente? E podem todas as doenças
serem curadas?

Ch’i Po respondeu:

- Sim, podem ser todas curadas de acordo com as características físicas do lugar onde se vive.

O princípio e a Criação vieram do Leste. Peixe e sal são produtos da água e do oceano e das costas
próximas da água. As pessoas das regiões do leste comem peixe e são gulosas de sal, o seu viver é
tranquilo e a sua comida deliciosa. O peixe faz com que as pessoas se sintam a arder por dentro e
comer sal molesta o sangue. Por isso, as pessoas de tais regiões são todas escuras de pele e
descuidadas e frouxas de princípios. As suas doenças são úlceras, muito apropriadamente tratadas
pela acupuntura mediante uma agulha de pederneira. Assim, o tratamento pela acupuntura com uma
agulha de pederneira tem a sua origem nas regiões do Leste.

Os metais preciosos e o jade proveem das regiões do Oeste. As habitações do Oeste são contruidas
de seixos e arenito. A Natureza (Céu e Terra) esforça-se por produzir uma boa colheita. As pessoas
desta regiões vivem nos montes e, devido à grande quantidade de vento, água e solo, tornam-se
robustas e enérgicas. As pessoas destas regiões não tem outras roupas que não sejam de lã áspera ou
feitas de grossa palha de esteiras. Comem alimentos bons e variados e por isso são robustas e
fecundas. Deste modo, o mal não pode atacar-lhes o exterior do corpo e quando as doenças as
atingem é no corpo interno. Tais doenças curam-se com muito êxito mediante remédios feitos de
venenos. Portanto, os tratamentos com remédios feitos de venenos são oriundos do Oeste.

O Norte é a região de armazenar e guardar. A região é acidentada e montanhosa, há ventos frios e


cortantes, geada e gelo. As pessoas destes sítios gostam de viver em terras tão agrestes e subsistem
de laticínios. O frio rigoroso causa muitas doenças, as quais são convenientemente tratadas pela
cauterização, queimando artemísia seca (moxa). Portanto, o tratamento pela cauterização é oriundo
das regiões do Norte.

A alimentação e o crescimento vem do Sul. O Sol torna a vida dos que habitam as regiões do Sul
abundante e nutritiva. Embora haja água debaixo da terra, o solo é deficiente, mas absorve o
orvalho e neblina. As pessoas que vivem nas regiões do Sul são gulosas de alimentos ácidos e de
coalho. São reservadas e brandas nos seus hábitos e apegadas à cor vermelha. As suas doenças
constam de músculos tortos e contraídos e torpor, e tratam-se eficazmente pela acupuntura, com
agulhas finas. Portanto, o tratamento com as nove agulhas é oriundo do Sul.

A região do centro, a Terra, é plena e úmida. Tudo quanto o Universo cria se encontra no centro e é
absorvido pela Terra. As pessoas das regiões do centro comem alimentos vários e o trabalho não as
esgota. As suas doenças são muitas: padecem de paralisia total e arrepios e febres, doenças que são
muito eficazmente tratadas por meio de exercícios respiratórios, massagens da pele e da carne e
exercícios de mãos e pés. Portanto, o tratamento por meio de exercícios respiratórios, massagens e
exercícios dos membros é oriundo das regiões do centro.

Os antigos sábios combinavam estes vários tratamentos com o fim de curar, e cada paciente recebia
o tratamento mais adequado para ele. Estes tratamentos eram tão extraordinários e tão diferentes em
cada caso que as doenças saravam. Assim se apuraram as circunstâncias e as necessidades de cada
doença e se tornou conhecido o princípio da arte de curar.

Tratado sobre a Transmissão da Essência e a Transformação do Princípio Vivificante

O Imperador Amarelo perguntou:

- Sei que nos tempos antigos o tratamento das doenças consistia apenas na transmissão da Essência
e na transmissão do princípio vivificante. Uma pessoa invocava os deuses e era eesa a maniera de
tratar. A geração atual trata as doenças internas com os cinco remédios de venenos e as doenças com
acupuntura, e umas vezes os pacientes saram e outras vezes os pacientes não saram. Como explica
isso?

Ch’i Po respondeu:
- Em tempos idos, o homem vivia entre aves, feras e répteis; trabalhava, andava e mexia-se a fim de
evitar o frio e a escuridão, e de lhes escapar, e procurava um abrigo onde pudesse proteger-se do
calor. Dentro dele não havia laços de família que o ligassem com amor; no exterior, não havia
funcionários que pudessem guiá-lo e corrigir o seu aspecto físico. As influências maléficas não
podiam penetrar profundamente nesta era tranquila e pacífica. Por isso, os remédios de venenos não
eram neceessários para o tratamento de doenças internas, e a acupuntura não era necessária para a
cura de doenças externas. Portanto, bastava transmitir a Essência e invocar os deuses, e era o meio
de tratar.

Mas o mundo de agora é diferente. Desgosto, calamidades e mal causam amargura interna, ao
mesmo tempo que o corpo recebe feridas do exterior. Além disso, as leis das quatro estações são
descuradas, há desobediência e rebelião e há aqueles que violam os costumes do que é adequado
durante o frio do Inverno e o calor do Verão. As reprimendas são inúteis. As influências maléficas
atacam desde manhã cedo até noite alta, molestam as cinco vísceras, os ossos e a medula do interior
do corpo, e exteriormente molestam a mente e reduzem a sua inteligência e também molestam os
músculos e a carne. Destarte, as pequenas doenças acabam por se tornar graves e as doenças graves
acabam por redundar na morte. Por isso, a invocação dos deuses já não é maneira de curar.

O imperador disse

- Muito bem! Gostaria de estar perto de uma pessoa doente e observar quando a morte ataca. O fim
súbito da vida enche-me de curiosidade e de dúvidas. Gostaria de saber se o momento da morte
pode ser fixado tão claramente como a luz do Sol ou da Lua.

Ch’i Po respondeu:

- Os antigos imperadores tinham a cor da pele e o pulso em grande honra. Os primeiros estudiosos
proclamaram a doutrina desses indícios. Em tempos remotos, o estudioso regulava-se pelo sistema
das quatro estações, e nele confiava, guiava-se pela pele e pelo pulso e compreendia o seu
significado.

Os sábios combinavam a água, o fogo, a madeira, o metal e a terra, as quatro estações e os oito
ventos, os quatro pontos cardeais e o zênite e o nadir, e consideravam-se inseparáveis e constantes.
Influenciando-se mutuamente, sofriam mudanças e transformações, e as pessoas podiam observar a
sua força maravilhosa e sutil e conhecer o significado destas forças atrás mencionadas, encontrá-las-
á expressas na cor da pele e no pulso.

A cor da pele corelaciona-se com o Sol; o pulso correlaciona-se com a Lua. Se uma pessoa for
constante na busca para descobrir o seu significado, descobrirá a importância da cor da pele e do
pulso. Mas a cor da pele sofre uma mudança de acordo com o pulso respectivo das quato estações, e
tal mudança era tida em alta conta pelos antigos imperadores, que nesse ponto concordavam com os
sábios. E assim a morte foi relegada para muito longe, ao passo que a vida ficou mais perto.

Quando os estudiosos medievais tratavam doenças, usavam água quente e tratamento líquido
durante dez dias, a fim de removerem as cinco doenças da dormência, que são provocadas pelos
oitos ventos. Quando este tratamento de dez dias não curava a doença, prescreviam timo e raízes de
ervas. E quando o timo e as raízes não causavam nenhum alívio, os ramos mais altos e as raízes
mais profundas, engolidos como remédio, eram considerados eficazes para por fim às más
influências.

O tratamento nesta época passada era muito difernete. Não se baseava nas quatro estações; não
havia nenhum conhecimento do Sol e da Lua e não se fazia nenhum exame quanto à obediência ou
desobediência às leis da Natureza. A fim de curar doenças físicas e dar saúde, as doenças externas
eram tratadas pela acupuntura e as internas com água quente e sopas e com remédios líquidos.

A arte médica medíocre é negligente e desleixada e deve, por isso, ser combatida, pois uma doença
que não se cura completamente pode sem dificuldade gerar novas doenças ou haver uma recaída da
doença antiga.

O imperador disse:

- Gostaria de ser informado acerca das doutrinas essenciais da arte de curar.

Ch’i Po respondeu:

- O requisito mais importante da arte de curar é o não cometimento de erros ou negligência. Não
deve haver dúvidas nem confusões quanto à interpretação do significado da cor da pele e do pulso.
São essas as máximas da arte de curur. Quando os que se rebelam contra as leis da Natureza
alcançaram poder, os remédios preparados com os ramos mais altos e as raízes deixaram de ser
administrados, o espírito divino pereceu e o país degenerou. Mas assim que os rebeldes
desapareceram, todas as boas práticas foram ressuscitadas pelos Homens Espirituais que lhes
sucederam e que tinham alacançado o Tao, o caminho certo da vida.

O imperador disse:

- Compreendo a import6ancia e a necessidade de professores, de professores que possam proclamar


a teoria de que não se pode separar do a cor da pele, doutrina que considero pura sabedoria.

Ch’i Po respondeu:

- Quando há unidade pode-se alcançar o máximo na arte de curar.

O imperador perguntou:

- Que quer dizer unidade?

Ch’i Po respondeu:

- Quando a mente das pessoas está fechada e a sabedoria não pode lá entrar, as pessoas permanecem
amarradas à doença. No entanto, os sentimentos e os seus desejos deviam ser investigados e dados a
conhecer, a sua vontade e as suas ideias deviam ser respeitadas. Torna-se pois aparente serem
robustos e prósperos aqueles que alcançam vigor e energia, enquanto os que perderam vigor e
energia perecem.

O imperador exclamou:

- Excelente, deveras excelente!

Tratado Sobre o Tratamento com Água Quente, Remédios Líquidos, Borra de Vinho e Vinho Doce.

O Imperador Amarelo perguntou:

Como se podem preparar sopas e líquidos límpidos, e até borra de vinho e vinho doce, com as cinco
espécies de cereal?
Ch’i Po respondeu:

Deve usar-se arroz de paddy e fervê-lo. Os caules do arroz servem de combustível. Quando a
fervura está completa, o extrato de arroz está forte.
O imperador indagou:

Como é isso possível?


Ch’i Po respondeu:

O efeito obtém-se misturando os produtos do Céu e da Terra, as substâncias nobres e inferiores, na


proporção devida. Se tal puder ser feito e as plantas puderem ser cortadas na estação conveniente, a
poção será forte.
O imperador disse:

Em tempos remotos, embora os sábios receitassem sopas e água quente, borra de vinho e vinho
doce como remédios, não os sabiam utilizar. É este o caso?
Ch’i Po respondeu:

Já em tempos remotos os sábios prescreviam sopas, líquidos, borra de vinho, vinho doce e
remédios, mas a ênfase ia especialmente para a preparação. Assim, nos tempos antigos essas sopas e
esses remédios líquidos eram preparados, mas não eram ingeridos como medicamentos.
Nos tempos medievos, quando a moralidade declinou, tais remédios passaram a ser tomados quando
as influências maléficas surgiam e os seus resultados eram muito eficazes.

O imperador disse:

A geração presente não deverá ser como o mundo medievo.


Ch’i Po redarguiu:
A geração presente deverá respeitar os remédios venenosos, que atacam as doenças dentro do corpo,
e reverenciar a acupuntura e o tratamento com moxa, que curam as doenças do corpo exterior.
O imperador perguntou:

É possível obter bons resultados quando o corpo está gasto e o sangue exausto?
Ch’i Po respondeu:

Não, pois já não restam energias.


O imperador perguntou:

Que significa esta frase, “já não restam energias”?


Ch’i Po respondeu:

A acupuntura funciona assim: se a vitalidade e energia de um homem não impulsionam a sua


vontade, a doença não se pode curar.
Hoje em dia, a vitalidade e a energia sao consideradas os alicerces da vida e para que eles
permaneçam robustos tem de ser protegidos e a força vivificante deve dominar. Quando esta força
não sustenta a vida, os alicerces desintegram-se, e como pode curar-se uma doença não havendo
energia espiritual?

O imperador exclamou:

Portanto, a própria vida é, na realidade, o princípio da doença! Começam por entrar no corpo,
através da pele, partículas minúsculas, e todos os médicos de arte aperfeiçoada, os de renome,
chamam a esse grupo “doenças obstinadas”. Se não é possível curá-las pela acupuntura, nem
mesmo bons remédios lograrão a cura. Nos tempos que correm, todos os bons médicos adotaram
um método definido: protegem o destino de pais, parentes, irmãos, desconhecidos e amigos íntimos.
Captam os sons e ruídos do dia com os seus olhos; e como poderiam descansar antes de se
verificarem melhoras?
Ch’i Po redarguiu:

A doença é comparável à raiz, o bom trabalho médico é comparável ao ramo mais alto ou a um
farol. Se não se chega á raiz, as nfluências maléficas não podem ser subjulgadas. Era isto que queria
dizer.
O imperador prosseguiu:

Os que não obedecem à mais pequena fração, ainda podem viver; mas o Yang, o princípio da vida
existente dentro das suas vísceras, está esgotado. A saliva e as secreções líquidas atuam como
fronteira da sua alma animal (ou inferior), que vive em isolamento. O espírito está confinado ao
interior do corpo, enquanto arres devastadores e destruidoresatacam do exterior. O corpo deixa
depoder usarroupas e proteger as suas quatro extremidades. Assim, o perigo pode instalar-se nos
pulmões (centro) e a entrada da força vivificadora é impedida do interior, enquanto o corpo é
negligenciado no exterior. Como se pode efetuar uma cura em tais condições?
Ch’i Po rrespondeu:
O tratamento mais correto é estudar cuidadosamente a remoção, assim como o corte ea raspagem de
partículas expostas e deterioradas. Mesmo que as quatro extremidades estejam ulceradas, devem
movimentar-se lentamente e ser envoltas em vestuário quente. Devem-se criticar e corrigir os erros
do modo de vida dos pacientes; devem restaurar-se-lhes o corpo e abrir-se-lhes o ânus, para que os
intestinos se limpem e para que as secreções se verifiquem na ocasião adequada e sirvam as cinco
vísceras que pertencem ao Yang, o princípio da vida.
Devem-se por em ordem as cinco vísceras desidiosas e limpá-las e purificá-las. Feito isso, as
secreções não deixarão de produzir vida e o corpo conterá ossos robustos e carne sã sem precisar de
mais ajuda. Uma e outros ajudar-se-ão e proteger-se-ão entre si e, assim, a força vivificadora tornar-
se-á forte e pacífica.

O imperador elogiou:

Maravilhoso, deveras maravilhoso!

Tratado sobre os Planos Preciosos

O Imperador Amarelo disse:

- Sei que consideram terem as ocorrências raras e estranhas e as constantes e comuns indícios
diferentes e não poderem ser tratadas do memso modo.

Ch’i Po respondeu:

- Tomo em consieração o grau da doença e se é ligeira ou grave, rara ou frequente. Quando falo de
doenças raras faço o máximo esforço para seguir o Tao. Discrimino entre as cinco cores e mudanças
do pulso e tomo em consideração se são raras ou comuns. Sigo o Tao em ambos os casos.

Quando parte, o espírito não costuma, por regra, voltar. Se, porém, volta, não melhora e, desse
modo, perde-se o poder impulsionador da Natureza. É grande a importância dos cálculos das cores e
do pulso, embora tais cálculos se devam fazer com sutileza. Esses cálculos estão escritos em
preciosas tabuinhas, que se diz conterem segredos preciosos.

A cor do paciente deve ser observada em cima e em baixo e à esquerda e à direita, e em todos os
casos onde for mais essencial. Quando a cor da pele é clara, o doente deve ser tratado com sopas e
remédios líquidos durante dez dias, findos os quais a doença deverá desaparecer. Quando a cor é
escura, o paciente deverá ser tratado do mesmo modo durante vinte e um dias. Quando a cor é muito
escura, deve-se administrar ao paciente borra de vinho e licor fermentado durante cem dias. Quando
a cor do rosto é juvenil e fresca e, apesar disso, o paciente não melhora, o tratamento não deve
exceder os cem dias. Quando o pulso é deficiente e tenso e a respiração entrecortada, sobrevirá a
morte. Quando se verifica uma rcaída da doença e o pulso se torna lento e vazio, a morte sobrevirá.
O aspecto e a cor da pele devem ser examinadas em cima e em baixo e à esquerda e à direita, pois
cada qual tem a sua significação. Quando a cor sobre, indica rebelião; quando regride, indica
submissão.

Na mulher, o pulso direito indica desordem e o esquerdo ordem; no homem, o pulso esquerdo
indica desordem e o direito ordem.

Quando ocorrem modificações graves no Yang, a morte sobrevém, e quando essas modificações
ocorrem no Yin a morte também sobrevém, pois então o Yin e o Yang opõem-se mutuamente. No
tocante ao tratamento médico há que tomar igualmente em consideração que as duas forças da
Natureza se podem atacar uma à outra em ocasiões raras e, até, em ocorrências regulares. Assim,
todo o empreendimento deve ser antecipadamente estudado.

Quando o pulso é tomado apressadamente, sobrevem dormência e manqueira, seguidas por uma
variedade de febres e arrepios. Quando o pulso é isolado, esgota a exalação e quando a exalação
fica esgotada e vazia ataca o sangue. O isolamento é comprável à desordem, enquanto a lentidão é
comprável à ordem.

Quando se segue o método adequado para o tratamento de doenças raras e frequentes, baseia-se esse
tratamento no Yin maior. Se, procedendo assim, não se consegue vencer a doneça, esta chama-se
“obstinada”, e quando a doença é obstinada a morte sobrevém. Se, seguindo tal método, se vence a
doença, esta chama-se “obediente”, e quando a doença é obediente o paciente volta a ser saudável e
ativo.

Quando os oito ventos e as quatro estações vencem a morte, restituem o corpo ao seu estado
primitivo; mas os que desobedecem às leis da natureza não são restituidos ao seu estado primitivo.

Isto é o fim deste tratado.

Tratado sobre o Exame Importante das Regras Invariáveis da Morte

O Imperador Amarelo declarou:

- Desejo estudar as regras da morte. Que me pode dizer?

Ch’i Po respondeu:

- No primeiro e no segundo meses a exalação celeste criou a Terra e a exalação da Terra criou o
homem e animou-lhe o fígado. No terceiro e no quarto meses o clima celeste estabeleceu-se
firmemente na Terra e o clima da Terra criou uma forma definida para o homem, a quem a exalação
animou o baço. No quinto e no sexto meses o clima celeste fortaleceu-se e o clima da Terra elevou o
homem, a quem a exalação animou a cabeça. No sétimo e no oitavo meses o Yin, o elemento
feminino de escuridão e morte, começou a matar o homem, enquanto a exalação lhe animava os
pulmões. No nono e no décimo meses o Yin começou a consolidar-se, e a sutil influência que anima
a Terra, cuja exalação do homem, que já lhe chegara ao coraçao. No undécimo e no duodécimo
meses a geada congelou de novo a Terra, cuja exalação se une com a exalação do homem para lhe
animar os rins.

Mas a Primavera penetra e espalha a geada e dispersa e quebra o gelo. Estimula, também, o fluxo
do sangue e as suas interrupções. O sangue é então induzido a correr nos intervalos da respiração,
criando assim a circulação.

O Verão penetra nos vasos sanguineos, de modo que o sangue fica exausto e deixa de circular. E
como a circulação do ar também é obstruida, sentem-se fortes dores e surgem doenças que devem
ser debeladas.

O Outono penetra na pele, o que está de acordo com os princípios da Natureza; os pulsos superior e
inferior funcionam do mesmo modo e a energia sofre uma transformação e deixa de funcionar.

O Inverno penetra na mente e despedaça a razão e a inteligência. O que estava firmemente


construído fica minado e a mente dispersa.

Primavera, Verão, Outono e Inverno, cada estação exerce um efeito especial e, juntas, tem um
método. Quando a Primavera exerce um efeito estimulante, o Verão exerce um efeito distribuidor.
Perturba a respiração e causa licenciosidade e imoralidade que, por sua vez, causam doenças
incuráveis nos ossos e na medula. Por via disso, o homem não pode saborear a comida e,
consequentemente, a sua energia fica reduzida.

Quando a Primavera tem um efeito estimulante, o Outono tem um efeito dispersor. Torna os
músculos deformados e as forças rebeldes formam um anel, provocando assim uma tosse que não
pode ser atenuada; assusta e alarma as pessoas em períodos especiais e fá-las chorar.

Quando a Primavera tem efeito estimulante, o Inverno distribui as influências maléficas que se
tornam manifestas nas vísceras e provoca inchações hidrópicas que não tem cura. Além disso, as
pessoas mostram tendência para tagarelar.

Quando o Verão tem um efeito estimulante, o Outono distribui doenças incuráveis e, assim, as
pessoas sentem no coração o desejo de não falar das suas preocupações e dos seus problemas;
procedem como pessoas prestes a serem detidas e presas.

Quando o Verão tem um efeito estimulante, o Inverno distribui doenças incuráveis. Estas doenças
reduzem a vitalidade das pessoas, que no entanto mostram tendência para se enraivecerem e serem
violentos.

Quando o Outono tem um efeito estimulante, a Primavera distribui doenças incuráveis e, assim,
provoca alarme. As pessoas enchem-se do desejo de negligenciar e esquecer aquilo que mal
começaram.

Quando o Outono tem um efeito estimulante, o Verão distribui doenças incuráveis e isso aumenta o
desejo das pessoas se deitarem a descansar e dormirem tranquilamente.

Quando o Outono tem um efieto estimulante, o Inverno distribui doenças incuráveis e inspira às
pessoas o desejo de se deitarem e dormirem. Mas embora durmam estão conscientes.

Quando o Inverno tem um efeito estimulante, o Outono distribui doenças incuráveis e provoca
muita sede às pessoas.

Em geral, toda estimulação afeta o peito, a mente e o estômago e é necessário evitar que, por sua
vez, estes afetem as cinco vísceras. Quando a estimulação penetra no coração, este fica cercado e a
morte lhe sobrevem. Quando a estimulação penetra no baço, a morte sobrevem dentro de cinco dias;
quando penetra no diafragma, todos os órgãos internos são afetados, as doenças de tal resultantes
são difíceis de curar e num período que não ultrapassará um ano os atingidos morrerão, com
certeza.

Quando se evitou, com êxito, que as cinco vísceras fossem penetradas, sabe-se se as doenças são
obstinadas ou curáveis. As curáveis localizam-se no diafragma e no baço e nos rins; mas quando
isto não se sabe a doença repetir-se-á.

Quando o tórax e o ventre são penetrados, é necessário prestar atenção imediata a esses órgãos, pois
quando a penetração é conhecida pode ser detida e curada e pode-se isolar a penetração em cima.

Quando a acupuntura não cura, deve ser repetida. A agulha da acupuntura deve ser aplicada
calmamente e com máximo cuidado. Quando a acupuntura é aplicada para doenças dos vasos
sanguíneos, a agulha não deve ser agitada. É assim que se aplica a acupuntura.

O imperador declarou:

- Desejo ser informado a cerca da morte relacinada com os doze vasos sanguineos.

Ch’i Po repondeu:

- Quando o pulso do Yang Maior causa o fim, a pupila do olho não gira e fica virada para cima, mas
na direção errada, e ocorrem convulsões; a cor dos olhos é branca. A vida é interrompida, aparecem
suores e quando se esgotam sucede a morte.

Quando o Yang Menor causa o fim, os ouvidos ensurdecem, as cem articulações descontraem-se
todas completamente, os olhos ficam cercados e deixam de funcionar, quebram-se todas as ligações
dentro do corpo e em um dia e meio o apciente estará quase morto. Ao princípio a sua pele torna-se
verde, mas depois fica branca e a morte sobrevem.

Quando a região da “Luz Solar” causa o fim, a boca e os olhos mexem-se muito bem, mas depois o
paciente assusta-se e começa a falar à toa e incoerentemente. A sua cor torna-se amarela e as suas
artérias em cima e em baixo ficam cheias e insensíveis. Chega o fim.
Quando o Yin Menor causa o fim, o rosto fica preto, os dentes projetam-se para frente e tornam-se
imundos, o ventre incha e fecha-se e a circulação cessa em cima e em baixo. Sobrevem a morte.

Quando o Yin Maior causa o fim , o ventre incha e fecha-se, o paciente não pode respirar e depois
ocorrem arrotos e vômitos. Os arrotos são indicação de ar adverso e, neste caso, o rosto fica
vermelho. Quando a respiração se torna impossível, o movimento em cima e em baixo cessa e o
rosto fica preto; a pele e o cabelo do corpo emitem uma sensação de secura e calor e sobrevem o
fim.

Quando o Yin Absoluto causa o fim, há calor no interior da garganta e o paciente tem graves
perturbações no coração; a língua revira-se, torna-se esponjosa e porosa e encolhe-se contra as
gengivas superiores. Sobrevem o fim.

Esta é a história da morte em relação aos doze vasos principais.

Tratado Sobre a Importância do Pulso e a Arte Sutil do Seu Exame

O Imperador Amarelo perguntou:


- Qual a norma do tratamento médico?
Ch’i Po respondeu:
- A norma do tratamento médico é ser coerente. Deve ser praticado ao alvorecer, quando a exalação
do Yin ainda não começou a bulir e quando a exalação do Yang ainda não começou a dissipar-se;
quando ainda não se comeu nem bebeu, quando os doze vasos principais ainda não são abundantes
e quando os vasos lo (luo) estão completamente agitados; quando o vigor e a energia ainda não
estão perturbados – é nesse momento especial que se deve examinar o que aconteceu ao pulso.
Deve-se auscultar se o pulso está em movimento ou se está imóvel, e a observação deve ser feita
com toda a atenção e perícia. Devem-se examinar as cinco cores e as cinco vísceras, para verificar
se padecem de excesso ou apresentam insuficência; devem-se examinar os seis intestinos, para
verificar se estão fortes ou fracos, e deve-se observar o aspecto do corpo, para verificar se está
vigoroso ou em deterioração. Devem-se efetuar todos estes cinco exames e combinar os seus
resultados, e depois poder-se-á decidir quanto ao quinhão da vida e da morte.
O pulso é depósito do sangue. Quando as pulsações são longas e acentuadamentes prolongadas, a
constituição do pulso está bem regulada; quando as pulsações são breves e sem volume, a
constituição do pulso está desregulada; quando o pulso é rápido e contém seis pulsações em cada
ciclo respiratório, é o indício de perturbação do coração, e quando o pulso é abundante a doença
torna-se grave.
Quando o pulso superior é abundante, o seu impulso é forte; quando o pulso inferior é abundante,
indica flatulência. Quando o pulso é irregular e trêmulo e as pulsações ocorrem a intervalos
irregulares, o impulso da vida enfraquece; quando o pulso é mais do que fraco, mas ainda
perceptível, o impulso da vida é pequeno. Quando o pulso é pequeno e fino, lento e breve como o
arranhar de uma faca em bambu, indica que o coração está irritado e dolorido.
Quando a força do pulso é túrbida (turva) e a cor perturbada como a superfície de um poço
fervilhante, é sinal de que a doença penetrou no corpo, a cor corrompeu-se e a constituição tornou-
se frágil. E quando a constituição é frágil, quebra-se como as cordas de um alaúde e morre.
Portanto, é aconselhável que se compreenda a força das cinco vísceras.
O vermelho tende a servir como forro do branco, mas o vermelho-escarlate não tem inclinação para
se tornar ocre; o branco deseja ser como as penas de um ganso e não da cor do sal. O verde deseja
ser como o azul do céu, mas a brilhante e reluzente superfície do jade não quer ser azul-escura. O
amarelo deseja ser como as ataduras de uma rede estendida para apanhar um galo, mas o amarelo
não quer ser como o loesse. O preto deseja ser como um extrato denso, mas a cor preta da árvore do
verniz não quer ser como o verde-acinzentado da terra. Podem-se deduzir muitas coisas dos sutis e
delicados fenômenos das cinco cores e quando estas atuarem como atrás se mencionou a vida do
paciente não será longa.
Mas aqueles que são hábeis e inteligentes no exame observam todas as criaturas vivas. Distinguem
o preto e o branco e verificam se o pulso é breve ou longo. Se confundem um pulso longo com um
pulso breve e tomam o branco pelo preto, ou cometem erros similares, isso é sinal de que a sua arte
e perícia se deterioraram.
As cinco vísceras que se encontram no interior do corpo devem ser vigiadas. Quando as cinco
vísceras intrnas estão viçosas, encontram-se repletas de força vivificante e são capazes de resistir a
danos e medos, e os sons por elas emitidos são harmoniosos, similares aos provenientes do interior
de uma mansão familiar. Isso significa que o ar dentro do corpo é úmido, é como dizer que os sons
são finos e delicados e o barulho terminou e não poderá continuar – e tudo isto significa que as
forças vivificantes tem supremacia sobre a doença.
Quando a roupa usada por uma pessoa não está bem arranjada, isso significa, de acordo com um
provérbio: o bem e o mal não se podem esconder, quer estejam perto, quer longe; assim o querem
os deuses. E quando os celeiros e os depósitos não armazenam provisões, é como se portas e
cancelas não tivessem significado nem importância.
Quando água e poços não cessam de correr é como se a bexiga não fosse capaz de reter líquido. Os
que prestarem atenção a estas funções viverão e os que descurarem estas funções morrerão, pois as
cinco vísceras são a fortaleza do corpo.
A cabeça é a morada da perícia e da inteligência. Quando o homem conserva a cabeça inclinada só
vê o que está muito em baixo e a sua vitalidade e o seu espírito enfraquecem.
As costas são a morada da estrutura do tórax. Quando as costas se curvam em consequência de
transportar fardos pesados, o tórax fica arruinado.
O meio dos lombos é a morada dos rins. Quando não tem a força necessária para transmitir e mudar,
os rins ficam exaustos.
Os joelhos são a morada dos músculos. Quando os músculos não tem elasticidade e não se podem
erguer e dobrar à vontade, desenvolve-se uma corcunda e os músculos deterioram-se.
Os ossos são a morada da medula. Quando, durante muito tempo, uma pessoa não foi capaz de se
manter de pé e andar, torna-se bamba e trêmula e os ossos deterioram-se.
Quando se preserva a força, a vida está salva; quando se descuida da preservação da força, isso
significa morte.
E Ch’i Po prosseguiu:
- Aqueles que procedem contrariamente às leis das quatro estações e vivem em excesso, tem
secreções insuficientes e esbanjam nos seus deveres. Quando ultrapassam a marca no cumprimento
dos seus deveres, ou quando os cumprem incompletamente, as suas screções são pequenas. Quando
o cumprimento dos seus deveres é incompleto, vivemem excessão e isso causa esbanjamento. E
como nessas condições o Yin e o Yang não correspondem um ao outro, surge uma doença que se
sabe influenciar o pulso “barra”.
O imperador perguntou:
- O pulso não é influenciado pelas quatro estações? Como se pode saber que mudanças é uma
doença susceptível de sofrer? Como se pode saber se, ao princípio, uma doença está localizada no
exterior? Peço-lhe que responda a estas cinco perguntas:
Ch’i Po respondeu:
- Tende em conta, por favor, que o poder do Céu é grande e pode mudar o azar em sorte. No exterior
de toda a criação viva e dentro do Universo há transformações provocadas pleo Céu e pela Terra e
pela inter-relação do Yin e do Yang.
Os dias tépidos e agradáveis da Primavera levam ao calor do Verão, e a cólera que uma pessoa pode
sentir no Outono prepara o caminho para o perdão e para a compaixão que sente no Inverno. Esta
mudança das quatro estações influencia os pulsos superior e inferior.
Regular o interior está de acordo com a Primavera; ter interiormente o padrão certo de conduta está
de acordo com o Verão; submeter-se à autoridade está de acordo com o Outono, e pesar os direitos
inerentes está de acordo com o Inverno.
O Inverno duran quarenta e cinco dias e esse período a influência do Yang, o elemento da luz e da
vida, é fraca no pulso superior e a influência do Yin é fraca no pulso inferior.
O Verão dura quarenta e cinco dias e durante este período a influência do Yin é fraca no pulso
superior e a influência do Yang é fraca no pulso inferior.
O Yin e o Yang têm os seus períodos respectivos, durante os quais influenciam o pulso. Através da
sua entreajuda esses períodos podemos conhecer as funções do pulso. Tais funções recaem em
certos períodos e, assim, pode-se saber a data da morte.
Não fora a excelente técnica e a sutileza do pulso, não seria possível examiná-lo. Mas o exame deve
ser feito de acordo com um plano, e o sistema do Yin e do Yang serve de base para o exame.
Quando tal base está estabelecida, podem-se investigar os doze vasos principais e os cinco
elementos que geram vida. A própria vida respeita um padrão que foi estabelecido pelas quatro
estações.
A fim de conseguir uma cura e um alívio, não se deve errar no tocante às leis do Céu nem às da
Terra, pois elas formam uma unidade. Quando uma pessoa alcançar esta percepção quanto ao Céu e
à Terra como uma unidade, estará apta a conhecer a morte assim como a vida.
Há que compreender que a música consiste em cinco notas, que a aparência física é feita de cinco
elementos e que o pulso consiste em Yin e Yang. Assim pode-se saber que quando o Yin está
vigoroso ocorrem sonhos em que se tem de passar através de grandes águas, o que causa maus
temores; quando o Yang está vigoroso ocorrem sonhos de grandes fogos que queimam e cauterizam.
Quando o Yin e o Yang estão vigorosos ocorrem sonhos em que ambas as forças se destroem e
matam uma à outra ou ferem uma à outra. Quando o pulso superior está vigoroso ocorrem sonhos
em que temos a sensação de voar, e quando o pulso inferior está vigoroso ocorrem sonhos em que
temos a sensação de cair. Quando estamos repletos de comida sonhamos que despejamos os
excedentes interiores; quando temos fome, sonhamos que obtemos o necessário para nos saciar.
A repleção dos pulmões provoca sonhos de mágoa e pranto. Quando ha uma multidão de pequenos
insetos, nos sonhos colhemo-los todos. Quando há uma multidão de insetos grandes, nos sonhos
digladiam-se entre si, para se ferirem e destruírem.
A auscultação do pulso deve fazer-se respeitando o método: pois quando ele é lento e calmo atua
como protetor e guardião. Nos dias da Primavera, o pulso é superficial, como madeira a flutuar na
água ou como um peixe a deslizar através das ondas. Nos dias de Verão, o pulso dentro da pele é
flutuante e leve e por toda a parte há excesso de criação. Nos dias de Outono, os insetos sob a pele
estão prestes a eclodir. Nos dias de Inverno, os insetos letárgicos estão todos em redor dos ossos,
serenos e delicados como o nobre na sua mansão.
Por isso se diz: Aqueles que desejam conhecer o corpo inteiro auscultam o pulso e ficam assim com
as bases do diagnóstico. Aqueles que desejam conhecer o exterior do corpo observam a morte e o
nascimento. Do pulso e das cinco cores, a auscultação do pulso é o meio mais importante de
diagnóstico.
Quando o pulso do coração bate vigorosamente e as pulsações são acentuadamente prolongadas, a
doença correspondente faz com que a língua se enrole e o paciente não possa falar. Quando as
pulsações são suaves e dispersas como flores de salgueiro espalhadas pelo vento, é conveniente que
se torne difuso o envolvimento da doença correspondente.
Quando o pulso dos pulmões bate vigorosa e longamente, a doença correspondente produz sangue
na saliva; quando as pulsações são suaves e dispersas, a doença correspondente produz torrentes de
suor que até ao presente momento não pode ser absorvido e de novo transpirado.
Quando o pulso do fígado bate vigorosamente e longamente e a pele não se apresenta verde-
acinzentada, a doença correspondente produz uma sensação de afundamento, como se tivessemos
sido mortalmente feridos, e pouco depois o sangue do interior das costelas e dos flancos desce,
deixando-nos ofegantes e exaustos. Quando as pulsações são suaves e dispersas e a pele reluz e
brilha, a doença correspondente exige que se beba abundantemente, a sede é violenta e exige que se
beba mais, e dão-se mudanças na carne e na pele, mudanças que são transmitidas para o exterior
através do estômago e dos intestinos.
Quando o pulso do estômago bate vigorosa e longamente, a pele avermelha-se e a doença
correspondente desloca ou parte as coxas. Quando as pulsações são suaves e dispersas, a doença
correspondente causa grandes dores quando se come.
Quando o pulso bate vigorosa e longamente e a pele amarelece, a doença correspondente produz
falta de ar e reduz a força vital. Quando a pulsação é suave e dispersa e a pele não se apresenta
reluzente e brilhante, a doença correspondente produz inchação do cóccix e dos pés, que dão a
impressão de conter água.
Quando o pulso dos rins bate vigorosa e longamente e a pele se apresenta amarela e vermelha, a
doença correspondente produz uma postura dobrada. Quando as pulsações são suaves e dispersas,a
doença correspondente provoca uma redução de sangue, que fica então impossibilitado de se mover.
O imperador perguntou:
- Quando o pulso do coração se apresenta acelerado, que doença denuncia? E que forma assume
esta doença?
Ch’i Po repondeu:
- O nome da doença é “ruptura do coração” e é no intestino delgado que a doença se torna visível.
O imperador perguntou:
- Como descreve a doença?
Ch’i Po respondeu:
- O coração fnciona como tranca da porta do depósito; o intestino delgado, como mensageiro; por
isso diz-se que o intestino delgado é o lugar onde a doença se torna manifesta.
O imperador indagou:
- Quando, num exame, se verifica que o pulso do estômago indica doença, que acontece?
Ch’i Po respondeu:
- Quando o pulso do estômago está cheio e ligeiramente tenso, indica inchações hidrópicas; quando
está vazio, lento e compressível, indica um derrame.
O imperador perguntou:
- Como se pode descrever o processo de adoecer e as mudanças que tal origina?
Ch’i Po repondeu:
- São os ventos e o tempo que causam arrepios e febres. As doenças resultantes de excesso de
trabalho causam exaustão do diafragma. Ares opressivos causam demência; ventos constantes
causam impossibilidade de reter a comida, e quando ventos abundantes causam doenças dentro do
pulso, originam feridas e úlceras. As transformações e as mudanças provocadas pela doença não
podem ser dominadas nem sequer enumeradas.
O imperador indagou:
- Podem apaziguar-se – e pode mesmo assim preserva-se a vida – toda a sorte de úlceras e inchaços,
de músculos contraídos e ossos doloridos?
Ch’i Po respondeu:
- Os inchaços provocados pela geada pertencem às mudanças causadas pelos oito ventos.
O imperador perguntou:
- Como podem ser curados?
Ch’i Po: respondeu:
- Qual a causa dessas doenças? São as cinco vísceras que emitem essas doenças que danificam o
pulso e a cor da pele? E não seria útil conhecer-se a extensão, a gravidade e o possível resultado de
cada doença?
Ch’i Po respondeu:
- Sim, devemos conhecer tudo isso. Excelente pergunta! Quando há prova de que o pulso está
reduzido e a cor da pele não é violada, a doença é recente. Mas quando há prova de que o pulso não
é discordante e a cor da pele está afetada, então a doença é crônica. Quando há prova de que o pulso
e as cinco cores estão igualmente afetados, mais uma vez a doença é crônica. Quando, após
investigação, se verifica que nem o pulso nem as cinco cores estão afetadas, a doença é recente.
Quando os pulsos do fígado e dos rins coincidem e as cores relacionadas são o azul-celeste e o
vermelho, a doença correspondente tem capacidade destruidora e danosa. O sangue que era
invisível chega ao fim e o sangue que era visível apresenta-se tão liquefeito que dá a impressão de
correr através de água.
Ambos os pulsos internos dos braços denunciam o estado de regiões adjacentes; denunciam o
estado das costelas curtas. Os pulsos adjacentes dos braços denunciam o estado dos rins. Quando os
pulsos dos braços são examinados para se conhecer o interior, indicam o que se passa no estômago.
Além disso, o pulso externo esquerdo do braço denuncia o estado do fígado, enquanto o pulso
interno esquerdo denuncia o diafragma. O pulso externo direito denuncia o estado do estômago e o
pulso interno direito denuncia o estado do baço. Além disso, o pulso direito superior externo indica
o que se passa dentro do tórax, enquanto o pulso esquerdo superior externo indica o estado do
coração e o pulso esquerdo superior interno indica o que se passa dentro do meio do tórax.
A frente é examinada para se obterem informações acerca do estado da frente. As costas são
examinadas a fim de se obterem informações acerca do estado das costas. Antes de completar o
exame, observa-se o estado do tórax e do inteior da garganta, e para concluir o exame observa-se o
estado do intestino delgado, da cintura e dos lombos, das coxas, dos joelhos e das canelas.
Quando o pulso é denso, áspero e abundante, o seu conteúdo de elementos Yin é insuficiente e há
um excesso de elementos Yang que causam febres no interior do corpo.
Quando uma doença chegou e parte muito lentamente e o pulso superior é cheio e abundante e o
pulso inferior é vazio e lento, estes sintomas indicam demência. Quando a doença que chegou
lentamente parte e quando o pulso superior é lento e vazio e o pulso inferior é cheio e abundante,
indica influências maléficas. Verifica-se assim que o Yang sofre influências maléficas dentro do
corpo.
Quando as pulsações são fortes, o examinador deve proceder a uma contagem cuidadosa, pois a
região do Yin Menor é rebelde. Quando as pulsações são fortes e, após exame cuidadoso, se verifica
que são dispersas e irregulares, indicam arrepios e febres. Quando as pulsações são leves e
flutuantes e também dispersas e irregulares, indicam vertigens e visão escurecida e as pessoas
arriscam-se a cair, prostradas.
Quando as pulsações são todas leves e flutuantes e não aceleradas, provem todas da região do Yang
e, por isso, indicam febre.
Quando as pulsações são pequenas e fortes, provem todas da região do Yin e, por isso, indicam
ossos doloridos. Quando o pulso se apresenta calmo e sereno a doença é indicada pelo pulso do pé.
Quando, durante certo período de tempo, a doença é indicada pelo pulso Yang, a urina e as fezes
secretadas contem pus e sangue.
Todos os entendidos na arte de auscultar o pulso sabem que quando ele é fino, lento e breve há um
excesso de Yang, e quando é escorregadio, como seixos a rolar numa bacia, há um excesso de Yin.
Quando ha um excesso de Yang o corpo apresenta-se quante e febril e não há transpiração. Quando
há um excesso de Yin há demasiada transpiração e frios e arrepios.
Quando se ausculta do lado interno o pulso que indica o exterior, e quando este pulso do lado
interno não indica o exterior, há uma acumulação perniciosa no coração e no estômago.
Quando se ausculta do lado externo o pulso que indica o interior, e quando este pulso do lado
externo não indica o interior, o corpo está quente e febril.
Quando se ausculta o pulso no ponto mais alto e ele não desce, isso significa que os lombos e os pés
estão edemaciados. Quando se ausculta o pulso no ponto mais baixo e ele não sobe, isso significa
que existe uma dor na cabeça e no pescoço.
Quando, no fim do exame do pulso, a força do pulso dos ossos é pequena, isso indica que os lombos
e a espinha doem e o corpo padece de dormência.

TRATADO SOBRE AS MANIFESTAÇÕES DE SAÚDE NO HOMEM

O Imperador Amarelo perguntou:

- Que constitui uma pessoa saudável?

Ch’i Po respondeu:

- O homem tem uma exalação para uma pulsação que depois se repete, e tem uma inalação para
uma pulsação que também se repete. Exalação e inalação determinam o bater do pulso. Quando há
cinco movimentos respiratórios para uma pulsação, isso significa a existência de um movimento
extra, redundando numa respiração profunda daquilo a que se chama uma pessoa saudável e bem
equilibrada. Uma pessoa saudável e bem equilibrada não é afetada pela doença.

Os que habitualmente não tem doenças ajudam a treinar e a adaptar os doentes, pois os que tratam
devem estar isentos de doença. Portanto, treinam o paciente para se adaptar à sua respiração, e para
treinarem o paciente servem de exemplo.

Quando uma pessoa tem uma exalação para três movimentos do pulso e uma inalação para tr6es
movimentos do pulso, e quando o “cúbito” indica febre, diz-se tratar-se da “doença quente”.
Quando o “cúbito” não está quente e o pulso é escorregadio, diz-se que se trata de uma doença
causada pelos ventos (as oito forças motivadoras). Quando as pulsações são pequenas, finas e
lentas, fala-se de dormência.

Quando uma pessoa tem uma exalação para quatro movimentos do pulso em cima, isso significa
que a morte sobrevirá. Quando o pulso se interrompe subitamente ou se acelera subitamente, isso
significa morte. A respiração ininterrupta e regular é para uma pessoa saudável o que um celeiro é
para o estômago: é o estômago que faz com que uma pessoa tenha respiração regular e constituição
forte. Se uma pessoa não tem respiração no estômago, considera-se em desordem, e aqueles que
estão em desordem devem morrer.

Na Primavera, o pulso do estômago deve ser fino e delicado como as cordas de um instrumento
musical. Se se toca nas cordas com excessiva frequência, o estômago funciona intermitentemente e
a doença daí resultante afeta o fígado. Se as cordas dão apenas um tom, o estômago deixa de
funcionar e advém a morte. Quando o estômago funciona mal, surge uma doença no tempo da
colheita. Quando o mau funcionamento ou idiossincrasia é grande,a doença ataca imediatamente.

Todas as vísceras expelem para o fígado, que armazena assim a força vital dos músculos e das
membranas finas.

No Verão, o pulso do estômago deve ser como as pancadas de um pequeno martelo: assim estará
saudável e equilibrado. Quando as pancadas do martelo são demasiado fortes, o estômago trabalha
insuficientemente e daí resulta uma doença do coração. Quando há uma única martelada, o
estômago deixou de funcionar e segue-se a morte. Quando o estômago contém pedras, surge uma
doença no Inverno. Quando as pedras são grandes, a doença irromperá pouco depois. As vísceras
estão em comunicação completa com o coração e a ele ligadas pela circulação, assim como estão
em comunicação e ligadas com e ao sangue pelo coração armazenado, e desse modo o sangue enche
o pulso com a força vital.

Durante o Verão Tardio, o pulso do estômago deve ser suave e fraco: assim o estômago estará
saudável e equilibrado. Mas quando o pulso é demasiado fraco o estômago funciona
insuficientemente e daí resulta uma doença do baço. Quando o pulso é suave e fraco e também há
pedras no estômago, aparecerá uma doença no Inverno. Quando a fraqueza do pulso é muito grande,
a doença não demorará a aparecer.

As vísceras enchem o baço de umidade. Assim, o baço armazena a força vital da carne.

No Outono, o pulso do estômago deve ser pequeno e agitado: assim o estômago estará saudável e
equilibrado. Mas quando o pulso é demasiado agitado, o estômago funciona insuficientemente e daí
resulta uma doença dos pulmões. Quando é pouco agitado, advém a morte. Quando é agitado mas
também tenso como as cordas de um alaúde, aparecerá uma doença na Primavera. Quando as
pulsações se assemelham excessivamente à tensão de cordas musicais, não tarda a surgir uma
doença. Os pulmões são a mais alta das cinco vísceras e a eles se deve que o sangue e as essências
vitais circulem livremente; guardam e protegem o Yin e o Yang.

No Inverno, o pulso do estômago deve ser pequeno e como pedra: assim o estômago está saudável e
equilibrado. Mas quando é demasiado como uma pedra, o estômago funciona insuficientemente e
daí resulta uma doença dos rins. Quando soa como uma única pedra, o estômago deixa de funcionar
e advém a morte. Quando é como uma pedra mas também como o bater de um martelo, aparecerá
uma doença no Verão. Quando o som parecido com o bater de um martelo é demasiado forte, a
doença manifesta-se imediatamente.

Os rins são a mais baixa das vísceras e, assim, armazenam a força vital dos ossos e da medula.

As grandes artérias (vasos lo) do estômago são descritas como “veredas ocas” que estabelecem
ligação com os vasos dos pulmões, que descem ao lado do seio esquerdo. O movimento destes
vasos corresponde ao do pulso no apoio da força vital. Quando há muita tosse e respiração difícil,
esta é frequentemente interrompida e, estão, desenvolve-se no estômago uma doença que provoca
coagulação e irritação devido à acumulação de alimentos; estes nunca conseguirão passar e daí
resultará a morte. O movimento dos vasos sob o seio serve para apoiar a força vital e para evitar que
ela se escoe.

E agora devemos voltar-nos para a discussão do efeito causado por um excesso do pulso “polegada”
e do efeito que se verifica quando ele é inadequado. Quando o pulso “polegada”, na mão, é curto e
sem volume, advém uma dor de cabeça. Quando o pulso “polegada”, na mão, é excessivamente
prolongado, advém fortes dores nos pés e nos ossos das canelas. Quando o pulso “polegada”, no
pulso, é profundo como uma pedra atirada à água e também vigoroso, daí resulta uma doença no
interior do corpo. Quando o pulso “polegada” é superfical como um bocado de madeira a flutuar em
água, e abundante, daí resulta uma doença do corpo exterior.

Quando o pulso “polegada” é profundo e, contudo, débil, haverá arrepios e febres e até ruptura dos
intestinos e dores no intestino delgado. Quando o pulso “polegada” é profundo e, contudo, violento,
significa que existe uma congestão debaixo das costelas e, dentro do estômago, uma acumulação
maléfica localizada obliquamente, que causa dores. Quando o pulso “polegada” é profundo e se
verifica falta de ar, indica arrepios e febres. Quando o pulso é abundante e escorregadio e também
vigoroso, diz-se que a doença afeta o corpo exterior; quando o pulso é pequeno, longo e
ligeiramente tenso e também vigoroso, a doença afeta o corpo interno. Quando o pulso é pequeno,
fraco e, portanto muito fino, lento e breve, indica uma doença crônica. Quando o pulso é
escorregadio e superficial e também acelerado, indica uma doença nova.

Quando o pulso é irritado, significa que existe uma dificuldade em respirar e dores no intestino
delgado. Quando o pulso é escorregadio, significa que os oito ventos estão em ação, e quando o
pulso é pequeno e fino significa que existe dormência. Quando o pulso é vagaroso como ramos de
salgueiro a oscilar numa brisa leve, e escorregadio como seixos a rolar numa bacia, significa que
existem febres desencadeadas dentro do corpo. Quando o pulso é abundante, mas tenso e duro e
cheio como uma corda, há inchações hidrópicas.

Quando o pulso bate de acordo com o Yin e o Yang, a doença melhora e chega ao fim; mas quando
as pulsações estão em oposição ao Yin e ao Yang a doença piora. Quando o pulso respeita
obedientemente as quatro estações, não haverá doença nenhuma; mas quando o pulso não bater em
consonância com as quatro estações não se estenderá até às regiões entre as cinco vísceras e a
doença daí resultante será difícil de curar. Quando os braços mostram tendência para apresentar
uma cor cinzento-esverdeada, diz-se que o pulso está esgotado de sangue.

Quando o pulso “cúbito” é lento e vagaroso e pequeno, diz-se que está a soltar-se e a dissolver-se e
a melhorar. Quando uma pessoa se deita sossegadamente enquanto o seu pulso é abundante, isso
significa que o corpo está esgotado de sangue. Quando o pulso “cúbito” é frio e o pulso em geral é
delgado, indica existir um derrame no posterior do paciente. Quando o pulso em geral e o pulso
“cúbito” em particular são ásperos e duros e há calor constante, isso indica a existência de febres
dentro do corpo.

Quando, em relação ao fígado, as bases celestes keng hsin se tornam visíveis, isso significa morte.
Quando, em relação ao coração, as bases celestes jên kuei aparecem, isso significa morte. Quando,
em relação ao baço, as bases celestes chia i se tornam visíveis, isso significa morte. Quando, em
relação aos pulmões, as bases celestiais ping ting se tornam visíveis, isso significa morte. Quando,
em relação aos rins, as bases celestiais wu chi se tornam visíveis, isso significa morte. Tudo isso
significa que todas as vísceras podem causar a morte.

Quando o movimento do pulso do pescoço é abundante, ocorre tosse e respiração difícil e diz-se
que tal é causado por água. Quando há um inchaço minúsculo dentro de um olho, como se um
bicho-da-seda letárgico começasse a tomar forma, diz-se que tal foi causado por água. Quando a
urina é amarelo-avermelhada, embora o paciente descanse calmamente, indica icterícia e úlceras.
Quando uma pessoa acaba de comer e continua a sentir o estômago com fome, é sinal da existência
de úlceras. Quando o rosto incha, isso é causado por ventos; quando os pés e os joelhos incham, é
causado por água. Quando os olhos ficam amarelos, chama-se icterícia.

A mão da mulher pertence à região do Yin Menor. Quando o movimento do seu pulso é grande, ela
está prenhe. O pulso tem maneiras de indicar se o paciente obedece ou desobedece às leis das quatro
estações e se existem ou não sintomas ocultos. Por exemplo, quando na Primavera e no Verão o
pulso é fino e quando no Outono e no Inverno o pulso é superficial e grande, isso indica claramente
que o paciente está em desacordo com as quatro estações.

Mesmo havendo doença e febre, o pulso pode apresentar-se calmo e parado; e mesmo havendo um
derrame e grande perda de sangue, o pulso pode apresentar-se cheio e grande. A doença situa-se no
interior quando o pulso é vazio e lento, e situa-se no exterior quando, apesar de pequeno e fino, o
pulso é vigoroso. Todas essas doenças são difíceis de tratar e curar, pois sabe-se que são provocadas
por oposição às leis das quatro estações. O homem utiliza a água e o cereal como base da sua
existência e, por isso, quando não tem água nem cereal não pode deixar de morrer. Quando o pulso
não é estimulado pelo estômago, o homem tem igualmente de morrer. Os pulsos que não são
estimulados pelo estômago só obtêm o apoio das vísceras e não a força vital do estômago, o pulso
do fígado não é tenso como uma corda musical e o pulso dos rins não é áspero e duro como uma
pedra.

Os pulsos das regiões do Yin Menor soam, ao princípio, próximos, mas depois mudam bruscamente
para sons mais distantes; ao princípio são curtos e depois tornam-se bruscamente mais compridos.
Os pulsos das regiões da “Luz Solar” são superficiais e grandes e também curtos e sem volume;
fazem-se sentir vivamente no dedo que os ausculta e abandonam-no rapidamente.

Quando o homem está sereno e saudável o pulso do coração flui e une-se como as pérolas se unem
ou como uma fieira de jade vermelho. Então pode-se falar de um coração saudável.

No Verão, a força vivificadora do estômago é considerada a origem da vida.

Quando o homem está donete, o pulso do seu coração acelera-se e ofega. Quando este ofegar é
contínuo e provém de dentro e as pulsações estão erradas e são pequenas, então pode-se falar de um
coração doente.

No momento da morte, o pulso do coração flui na frente, mas é deficiente e fraco na retaguarda, e
depois para, como contido por uma corrente ou por um gancho. Então pode-se falar da morte do
coração.

Quando o homem está tranquilo e saudável, o pulso dos seus pulmões é calmo e pacífico. E quando
é pacífico como uma aldeia, ou como as sementes de um olmo, então pode-se falar de pulmões
saudáveis.

No Outono, a força vivificadora do estômago é considerada a fonte da vida.

Quando o homem está doente, o pulso dos seus pulmões bule, mas não se levanta nem se baixa
como as asas de um frango. Então pode-se falar de pulmões doentes.

No momento da morte, o pulso dos pulmões move-se como um objeto flutuante e insubstancial, ou
como um cabelo soprado pelo vento. Então pode-se falar da morte dos pulmões.

Quando o homem está tranquilo e saudável, o pulso do seu fígado bate suave e debilmente, como se
auscultássemos uma comprida e fina vara de bambu sem ponta. Então pode-se falar de um fígado
saudável.

Na Primavera, a força vivificadora do estômago é considerada os alicerces da vida.

Quando o homem está doente, o pulso do fígado move-se de modo cheio e apresenta-se grande e
comprido e ligeiramente tenso, sente-se tanto com uma pressão leve como com uma pressão forte;
mas também se apresenta escorregadio como o som de muitas varas compridas de bambu atadas
umas às outras. Então pode-se falar de um fígado doente.

No momento da morte, o pulso do fígado move-se com maior velocidade e força, como um arco
novo e comprido de um instrumento musical. Então pode-se falar da morte do fígado.

Quando o homem está tranquilo e saudável, o pulso do baço flui suavemente, une-se e separa-se
como um frango a pisar o solo. Então pode-se falar de um baço saudável.

No Verão, a força vivificadora do estômago é considerada a base da vida.


Quando o homem está doente, o pulso do baço move-se de modo cheio, é grande e comprido e
ligeiramente tenso e há um excesso no número de pulsações, como um frango a levantar as patas.
Então pode-se falar da morte do baço.

Quando o homem está tranquilo e saudável, o pulso dos rins flui como se estivesse arquejante e
cansado, como se fosse alternadamente reprimido e ligado e muito firme. Então pode-se falar de
rins saudáveis.

No Inverno, a força vivificadora do estômago é considerada a origem da vida.

Quando o homem está doente, o pulso dos rins flui como o som feito pelo tocar de fibras esticadas
de feijões e a sua força está aumentada. Então pode-se falar de rins doentes.

No momento da morte, o pulso dos rins flui e torna-se manifesto como o rasgar de corda torcida ou
como o estalar de dedos sobre pedra. Então pode-se falar da morte dos rins.

Tratado Sobre o Precioso Mecanismo das Vísceras

O Imperador Amarelo perguntou:

- Na primavera, o pulso é como as cordas de um alaúde. Porquê?

Ch’i Po respondeu:

- O pulso da Primavera é o do fígado e a madeira é o elemento do Leste. A Primavera é o tempo em


que começa a criação de todos os seres vivos e, por isso, a exalação destes ainda flui suave e
debilmente e o seu pulso é lento e escorregadio, mas mantem-se levantados e direitos e encontram-
se no processo de crescimento, o que nos leva a compará-los às cordas de um alaúde. Quando o seu
estado é o oposto, estão doentes.

O imperador perguntou:

- Como se pode verificar o oposto desse estado?

Ch’i Po respondeu:

- Se a sua exalação se move profunda e fortemente, pode-se considerar tal excessivo e para além
dos limites convenientes; é então natural que surja uma doença no exterior. Mas se a exalação não é
profunda e, sim, delicada, pode-se dizer que é inadequada e que a doença atingiu o interior do
corpo.

O imperador perguntou:
- Que acontece quando se verifica um excesso de ação do pulso da Primavera? A doença ataca todo
o sistema?

Ch’i Po respondeu:

- O excesso leva o homem a esquecer o que é conveniente e bom e a tornar-se descuidado. O


descuido estonteia-o de tal modo que ele caminha como se os seus olhos estivessem fechados e
torna-se presa da demência. E mesmo que tal não aconteça, terá dores no tórax, que lhe vergarão as
costas para baixo e afetarão ambos os flancos e as axilas.

O imperador perguntou:

- No Verão o pulso não devia ser como um martelo? Ou pode soar de modo diferente de um
martelo?

Ch’i Po respondeu:

- No Verão o pulso é o do coração e o fogo é o elemento do Sul. Todas as coisas da Criação


florescem e crescem e, por isso, a exalação de todas as criaturas vivas é abundante à chegada e
diminui à partida, e assim se diz que é como um martelo. Quando o seu estado é o oposto, estão
doentes.

O imperador quis saber:

- Como se pode verificar o oposto desse estado?

Ch’i Po respondeu:

- Se a sua exalação chega abundantemente e parte com igual abundância, pode-se considerar tal
excessivo e para além dos limites convenientes, e a doença surge no exterior. Mas se a sua exalação
não chega abundantemente e parte no estado oposto, então pode-se dizer que é insuficiente e que a
doença chegou ao interior do corpo.

O imperador perguntou:

- Que acontece quando há um excesso de atividade do pulso no Verão? A doença afetará todo o
sistema?

Ch’i Po respondeu:

- O excesso faz com que o corpo do homem fique quente e a sua pele e a sua carne doam; o seu
corpo ficará gradualmente inundado e incapaz de viver, ele terá perturbações no coração, em cima
aparecerão a tosse e a expectoração e em baixo a exalação da vida derramar-se-á.

O imperador perguntou:
- Não é natural o pulso ser superficial e fluido no Outono, leve como um pedaço de madeira a
flutuar na água? Ou pode ser outra coisa além de superficial?

Ch’i Po respondeu:

- O pulso do Outono é o dos pulmões e o metal é o elemento do Oeste. Todas as coisas da criação se
aproximam da colheita, da perfeição e da maturidade. Portanto, a exalação flui de modo leve e o
pulso é lento e superficial. Como a exalação chega rapidamente e se dispersa ao partir, pode-se
dizer que é superficial. Se o estado é o oposto, pode-se dizer que há doença.

O imperador disse:

- Como se pode verificar o oposto deste estado?

Ch’i Po respondeu:

Se a exalação chega violentamente e o coração bate vigorosamente, enquanto estão ambos


dependentes de um pulso lento, pode-se considerar tal excessivo e a doença surge no exterior. Mas
se a exalação chega violentamente e, não obstante, é débil, isso significa que é inadequada e que a
doença chegou ao interior do corpo.

O imperador perguntou:

- Que acontece quando há um excesso de atividade do pulso no Outono? A doença afetará então
todo o sistema?

Ch’i Po respondeu:

- O excesso provoca perturbações ao homem enquanto respira e, consequentemente, as costas


doem-lhe muito; terá dores e febres que não o deixarão viver. Será obrigado a arquejar enquanto
inalar e exalar, e em virtude da força da sua respiração se reduzir tossirá. Verificar-se-á que, em
cima, segrega sangue com a respiração e, em baixo, notar-se-ão os sons característicos da doença.

O imperador perguntou:

- No Inverno o pulso não deverá ser muito regular? Ou poderá ser de outro modo?

Ch’i Po respondeu:

- O pulso do inverno é o dos rins e a água é o elemento do Norte. Todas as coisas da Criação vivem
fechadas e as colheitas estão armazenadas. Por isso, a respiração vem muito do interior e chega
fortemente, e portanto diz-se que está muito irregular. Quando o estado é o oposto, o homem está
doente.

O imperador perguntou:
- Como se pode verificar o oposto desse estado?

Ch’i Po respondeu:

- Se a exalação chega como o estalar dos dedos sobre pedra, pode-se chamar a isso excesso e a
doença surge no exterior. Mas se a exalação chega muito frequentemente, então é inadequada e
significa que a doença atingiu o interior do corpo.

O imperador perguntou:

- Que acontece quando se verifica um excesso da atividade do pulso no Inverno? A doença afeta
todo o sistema?

Ch’i Po respondeu:

- O excesso leva o homem a descontrair a espinha e a ação do pulso e terá dores. Como a sua
capacidade respiratória fica reduzida, não lhe apetece falar e isso torna-se inapto para viver, causa-
lhe uma incerteza angustiosa que é semelhante a uma doença. Há carências e fome no interior das
suas costelas, jejum na sua espinha e dores no seu intestino delgado, e embora esteja cheio pouco se
transforma em urina.

O imperador comentou:

- Estas explicações são aceitáveis.

E prosseguiu:

- A obediência ou desobediência à ordem das quatro estações provoca mudança ou calamidade. No


entanto, como se pode regular o pulso do baço se ele atua independentemente dos outros?

Ch’i Po respondeu:

- O pulso do baço está relacionado com o elemento da Terra. O baço é um órgão solitário, mas pode
irrigar os outros quatro que estão próximos.

O imperador perguntou:

- Mas como se pode perceber se o baço está em excelente ou em mau estado?

Ch’i Po respondeu:

- Quando o baço está em excelente estado, não há nada que se possa perceber, mas quando está em
mau estado vê-se facilmente.

O imperador perguntou:
- Como se pode ver que está em mau estado?

Ch’i Po respondeu:

- Em mau estado, o pulso do baço bate como o correr instável de água e pode ser descrito como
excessivo; a doença atingiu o exterior do corpo. Quando soa como o picar do bico de uma ave, é
insuficiente e a doença penetrou no interior do corpo.

O imperador disse:

- O mestre descreveu o baço como um órgão que funciona solitariamente, está localizado no centro
como a Terra e irriga os quatro órgãos situados perto. Quando o baço trabalha excessivamente, não
está em condições. Nesse caso, os órgãos serão todos afetados pela doença?

Ch’i Po respondeu:

- O excesso torna o homem incapaz de levantar os quatro membros, incapacidade que faz com os
nove orifícios do seu corpo deixem de comunicar uns com os outros. Pode-se então dizer que o
impulso das vísceras se tornou ou pesado ou violento.

O imperador pareceu assustado, levantou-se, reverenciou repetidamente e inclinou-se para o chão.


Depois disse:

- É excelente que eu saiba agora o essencial acerca do pulso, o destino final de tudo quanto o Céu
cobre, o que se relaciona com as cinco cores e que as mudanças que o pulso é suscetível de sofrer
podem ser calculadas e prefiguradas. É estranho e maravilhoso que o Tao, o Caminho Certo, esteja
em cada um deles e os reúna numa entidade.

Quando as forças espirituais são ultrapassadas e transmitidas deixam de poder voltar para trás; e
quando voltam para trás não podem ser transmitidas e as suas faculdades impulsionadoras perdem-
se para o Universo. A fim de cumprir o destino, o homem deve ultrapassar o que está perto e
considerá-lo insignificante. Dever-se-ia tornar público, em tabuinhas de jade, o que tem estado
escondido e oculto em tesouros e arrecadações, estudá-lo do nascer do dia até à noite e, assim, torna
conhecido o precioso mecanismo do Universo.

As cinco vísceras recebem o impacto da força vivificadora daqueles que as geram e passam-na
àqueles que subjugam. Conferem a sua força vital àqueles que criam, mas levam a morte àqueles
que não sabem vencer as suas doenças. Além disso, naturalmente, a morte prefere chamar aqueles
que chegaram a um estado em que não podem vencer as suas doenças e tem, portanto, de morrer.
Isto significa que viver em oposição à exalação da vida redunda na morte.

Quando o fígado recebe a força vivificadora do coração, transmite-a ao baço, de onde é passada aos
rins; aí atinge o apogeu e, por isso, encontra a morte quando chega aos pulmões.

Quando o coração recebe a força vivificadora do baço, transmite-a aos pulmões, de onde é passada
ao fígado; atinge aí o apogeu e, por isso, encontra a morte quando chega aos rins.
Quando o baço recebe a força vivificadora dos pulmões, transmite-a aos rins, de onde passa para o
coração; atinge aí o apogeu e, por isso, encontra a morte quando chega ao fígado.

Quando os pulmões recebem a força vivificadora dos rins, transmitem-na ao fígado, de onde passa
para o baço; atinge aí o seu apogeu e, por isso, encontra a morte quando atinge o coração.

Quando os rins recebem a força vivificadora do fígado, transmitem-na ao coração, de onde passa
para os pulmões; atinge aí o apogeu e, por isso, encontra a morte quando chega ao baço.

Tudo isso é morte resultante de procedimento anormal. Depois de observar um dia e uma noite e as
suas cinco divisões, pode-se prever a morte e a vida e se a morte atacará cedo ou se a vida será
longa.

O imperador prosseguiu:

- As cinco vísceras estão em comunicação uma com a outra e influenciam-se umas às outras, e cada
uma das cinco vísceras tem uma que lhe é secundária. Quando as cinco vísceras estão doentes, cada
qual passa a doença à que lhe é inferior. Quando se desconhece o método de tratamento e cura,
então então três são como seis meses, ou como três dias e seis dias; a doença se alastra pelas cinco
vísceras e sobrevém a morte, pois está conforme com a Natureza que a doença seja transferida às
vísceras inferiores e que se seguem na ordem. Por isso se diz que se deve distinguir entre as tr6es
regiões do Yang e ter consciência das suas doenças desde o princípio. E também se deve distinguir
entre as três regiões do Yin, a fim de se saberem as datas da vida e da morte. Isto equivale a dizer
que se pode saber o limite da fadiga das vísceras e da sua morte consequente.

Os ventos maléficos contribuem para o desenvolvimento de uma centena de doenças. Quando o


vento presente é frio e atinge o homem, faz com que os cabelos do seu corpo se ponham em pé e
com que a sua pele se arrepie, e o homem fica quente e febril. Nesse momento pode transpirar e,
assim, expelir as más influências que tem dentro de si. Mas também é possível que a dormência
provoque inchaços e dores. Nessa altura podem-se aplicar líquidos quentes e ferros quentes e,
finalmente, recorrer ao fogo, que se utiliza na moxa para cauterização, e provocar assim o
desaparecimento dos ventos maléficos.

Se não se trata esta doença ela entra no corpo e instala-se nos pulmões, sendo estão o seu nome
dormência dos pulmões, e é caracterizada por uma tosse do trato respiratório superior. Se não se
trata dos pulmões, a doença alastra mais e afeta o fígado, originando uma doença chamada
dormência do fígado. Este nome indica que também haverá dores no interior dos flancos, quando se
ingere comida. Se, ao mesmo tempo, se verificar que o ouvido está irritado e não se tratar dele, o
fígado passará a doença ao baço. O nome da doença resultante significa que as más influências do
baço originam uma sensação de fome, mesmo depois de se ter comido, e de fadiga, além de uma
sensação de ardor no estômago e de irritação do coração; e a pele amarelece.

Nessa altura, pode-se conter a doença, podem-se administrar remédios e aplicar banhos. Mas se tais
tratamentos não curam, o baço transmite a doença aos rins. O nome da doença resultante disso é
hérnia dos intestinos. A vítima é o intestino delgado. Este torna-se febril e dolorido e aparecem
secreções brancas. O nome desta doença também indica hidropsia.

É possível nessa altura conter a doença e administrar remédios. Mas se tais tratamentos não curam,
os rins transmitem a doença ao coração. Os músculos e as artérias desunem-se e desenvolve-se uma
doença aguda a que se chama “convulsões”. Se nesta altura nem a cauterização pela moxa nem a
aplicação de remédios permitem a cura, então mesmo depois de tratamento conveniente durante dez
dias inteiros a morte sobrevém.

É que, depois de os rins terem infectado o coração, este trata logo de transmitir a doença aos
pulmões, onde se torna manifesta por arrepios e febres; e a morte sobrevém ao fim de tr6es anos. É
assim que as doenças atacam os órgãos vizinhos uns dos outros. Mas o fato de certas doenças
terminarem subitamente depois de se terem propagado, não significa por força que tenham sido
tratadas. É possível que, depois de alastrarem e sofrerem modificações, já não houvesse mais órgãos
secundários em que penetrar, as cinco emoções – desgosto, compaixão, medo, alegria e cólera – não
se podem transformar nas que lhes são secundárias e fazem, assim, com que o homem adoeça
gravemente.

Assim, a alegria, quando se sente, cria um grande vácuo e a força dos rins pode ascender. A emoção
da cólera surge da repleção dos pulmões. A emoção do medo liberta os impulsos do baço. A
preocupação liberta os impulsos do coração.

São estas as peculiaridades das emoções e, assim, a doença tem cinco vezes cinco – vinte e cinco –
possíveis transformações até poder ser transmitida e se modificar de novo. Propagar uma doença
significa libertá-la, multiplicá-la ou fazer com que tome a preponderância.

Quando o homem envelhece, os seus ossos tornam-se secos e quebradiços como palha e a sua carne
perde a firmeza. Dentro do seu tórax há muito ar, que origina arquejamento e respiração difícil.
Quando ele não pode aliviar-se, libertar-se dos seus vapores e fazer funcionar os intestinos, morre
num período de seis meses. Mas se tal se torna evidente pelo pulso dos pulmões, o período de vida é
apenas de um dia.

Quando o homem envelhece, os seus ossos tornam-se secos e quebradiços como palha, a sua carne
perde a firmeza e há muito gás dentro do seu tórax, o que origina arquejamento e respiração difícil.
Quando ele não pode aliviar-se, tem dores dentro do corpo e o cimo dos ombros e a nuca se lhe
contraem, quando o seu corpo arde em febre e os seus ossos se descarnam, o seu estado torna-se
visível pelo pulso do baço e a morte ataca a firmeza e há muito ar dentro do seu tórax e dores no
interior do corpo num período de dez meses.

Quando o homem envelhece, os seus ossos tornam-se secos e quebradiços como palha, a sua carne
perde a firmeza, a medula do interior dos ossos desintegra-se e os seus movimentos deterioram-se
de modo crescente; quando, então, o pulso dos rins está prestes a tornar-se notado, a morte ataca
num período de um ano; mas se o pulso dos rins já se tornou notado, a vida que resta é de apenas
um dia.
Quando o homem envelhece, os seus ossos tornam-se secos e quebradiços como palha, a sua carne
perde a firmeza e há muito ar dentro do seu tórax e dores no interior do seu estômago; tem uma
sensação desconfortável dentro do seu coração; tem uma sensação desconfortável dentro do
coração, a nuca e o cimo dos ombros estão contraídos, o corpo arde em febre, os ossos descarnam-
se e os olhos tornam-se protuberantes e de carne pendente. Quando, então, o pulso do fígado se
pode ver, a morte ataca. O limite da vida do homem pode prever-se quando ele já não consegue
vencer as suas doenças; a altura da sua morte chegou.

A aceleração e o vazio ocorrem depressa dentro do corpo. O trabalho das cinco vísceras interrompe-
se; os pulsos já não funcionam nem circulam, a respiração já não entra nem sai; é, para usar uma
imagem, como cair e deixar-se afundar, já não resta tempo nenhum. Os pulsos são interrompidos e
não fluem, como se o homem e a morte fossem um só; o homem respira cinco ou seis vezes e
depois a sua forma física cessa de existir; a carne deixa de pender, mas embora os pulsos das
vísceras não se sintam é duvidoso que ele já esteja morto.

Quando o pulso do fígado para, há ansiedade dentro e fora do corpo, como se o homem fosse
perseguido pelo gume cortante de uma espada fulgurantemente brandida, ou como se cordas de
guitarras e alaúdes fossem comprimidas para baixo. A pele torna-se verde e branca e perde o brilho,
o cabelo do corpo perde a vida e a morte ataca.

Quando o pulso do coração deixa de bater firmemente e se torna cansado como sementes de
lágrimas-de-job (um tipo de planta comum na China), a pele torna-se vermelha e preta e perde o
brilho, o cabelo do corpo perde a vida e a morte ataca.

Quando o pulso dos pulmões tem as suas pulsações grandes e lentas e soa como se contivesse
cabelos e penas, a pele humana torna-se branca e vermelha e perde o brilho, o cabelo do corpo
perde a vida e a morte ataca.

Quando o pulso dos rins para de pulsar e fica interrompido, como se os dedos batessem numa pedra,
a pele torna-se preta e amarela e perde o brilho, o cabelo do corpo perde a vida e a morte ataca.

Todos estes são sintomas visíveis das vísceras e todos eles são seguidos pela morte e não se podem
curar.

O imperador perguntou:

- Distinguir os sintomas das vísceras significa morte?

Ch’i Po respondeu:

- Todas as cinco vísceras desejam o seu sopro de vida do baço; é o baço que constitui os alicerces da
existência das cinco vísceras.

Por si só, as vísceras não podem influenciar o pulso da mão e da região do Yin Maior. Tem de
influenciar o baço, cuja força vital atinge seguidamente a mão e a região do Yin Maior. Mas cada
uma das cinco vísceras tem o seu período especial em que pode atuar por si própria e influenciar a
mão e a região do Yin Maior.

Quando as influências maléficas são vitoriosas, as secreções deterioram-se e, assim, tratando-se de


uma doença grave, a força vital do estômago não pode ser inteiramente transferida para o pulso da
mão na região do Yin Maior. Nestas circunstâncias, a força vital das vísceras mal se nota, a doença
subjugou as vísceras e, por isso, fala-se de morte.

O imperador exclamou:

- Muito bem! – E prosseguiu: – Tratar e curar doenças significa examinar o corpo, a circulação, o
brilho ou o grau de umidade da pele e o pulso, para verificar se está robusto ou em decadência e se a
doença é recente. O verdadeiro tratamento deve então seguir-se, pois mais tarde já não há tempo.

Quando as forças vitais do corpo estão em mútua harmonia, isso significa que a cura é possível.
Quando a cor da pele e a umidade são excessivas, a doença pode facilmente tratar-se. Quando o
pulso está de acordo com as quatro estações, isso significa que a doença se pode curar. Quando o
pulso é fraco e escorregadio, está influenciado pelas forças vitais do estômago e isso significa que a
doença se pode curar facilmente se se escolher a estação apropriada.

Quando as forças vitais do corpo estão em mútuo desacordo, diz-se que a doença é difícil de curar.
Quando a pele é fresca mas não lustrosa, significa que é difícil tratar a doença. Quando o pulso é
cheio e vigoroso, significa que a doença tornou-se crescentemente grave. Quando o pulso está em
desacordo com as quatro estações, a doença é incurável. Àqueles que se diz estarem “em desacordo
com as quatro estações” pode-se auscultar o pulso dos pulmões na Primavera, o pulso dos rins no
Verão, o pulso do coração no Outono e o pulso do baço no Inverno, e todos estes pulsos estão
suspensos e interrompidos, são profundos como pedras atiradas à água e finos e lentos como raspar
bambu com uma faca. Por estas razões se diz estarem em desacordo com as quatro estações. Jamais
deveria haver visibilidade das vísceras.

Quando na Primavera e no Verão o pulso é profundo, fino e lento, e quando no Outono e no Inverno
o pulso é superficial e grande, diz-se que está em desacordo com as quatro estações e haverá doença
e febre.

Quando o pulso é calmo, há um derrame, e quando é grande há uma perda de sangue; e quando o
pulso é grande, longo e ligeiramente tenso a doença situa-se dentro do corpo. Quando o pulso é
cheio e grande e também vigoroso, a doença ataca o exterior do corpo; neste caso, o pulso também
pode não ser cheio e vigoroso – todas estas doenças são difíceis de curar.

O imperador continuou:

- Compreendo que a decisão da vida e da morte depende de os pulsos soarem ocos ou sólidos.
Agora gostaria de ser informado acerca das circunstâncias.

Ch’i Po explicou:

- Se os pulsos das cinco vísceras soam inteiramente sólidos, isso significa morte; se soam
inteiramente ocos, isso também significa morte.

O imperador disse:

- Gostaria de ser informado acerca do estado das cinco vísceras quando os seus pulsos são cheios ou
ocos.

Ch’i Po respondeu:

- Quando os pulsos são abundantes, a pele está quente, o estômago está dilatado pela hidropsia, não
há circulação entre a frente e a retaguarda, e o centro está obscurecido; diz-se então que as cinco
vísceras estão completamente cheias de influências maléficas.

Quando os pulsos são finos como um fio de seda, a pele está gelada, a respiração é reduzida e o que
entra derrama-se pela frente e por trás e não se consegue que os alimentos entrem. Diz-se então que
as cinco vísceras estão ocas e vazias.

O imperador inquiriu:

- A todos os que vivem é destinado um certo período de vida?

Ch’i Po respondeu:

- Quando o caldo e as papas de arroz entram no estômago e se derramam, devemos concentrar os


nossos esforços para que tal estado termine, pois do contrário as vísceras tornam-se ocas. Quando o
corpo está ativo, pode conseguir a transpiração com resultados vantajosos e depois as vísceras
tornam-se cheias e sólidas. Portanto, é a atividade que determina a duração da vida.

Tratado Sobre as Três Regiões e as Nove Subdivisões

O Imperador Amarelo disse:

- A respeito das nove agulhas da acupuntura, deduzi das palavras do grande mestre que muitos
médicos de grande saber não conseguem vencer o destino. Gostaria de conhecer os requisitos
necessários para o procedimento correto, a fim de coligir esse conhecimento e poder transmití-lo
aos meus filhos e netos e torná-lo assim conhecido da posteridade. Desejo falar dos ossos e da
medula, das vísceras, do fígado e dos pulmões.

Sujarei a boca de sangue e jurarei que não ousaria receber tal informação se pretendesse utilizá-la
estouvadamente ou negligenciá-la.

Rogo-lhe que ponha em harmonia, para mim, Natureza, Céu e Tao. Deve haver um fim e um
princípio, o Céu deve estar de acordo com as luzes do Céu, os corpos celestes e os seus trajetos e
períodos. A Terra, em baixo, deve refletir as quatro estações, os cinco elementos, o que é preciso e o
que é vil e sem valor – tanto uns como os outros. Não é verdade que no Inverno o homem reage ao
Yin, o principio das trevas e do frio? E não é igualmente verdade que no Verão reage ao Yang, o
princípio da luz e do calor? Informe-me do funcionamento de tais coisas.

Ch’i Po respondeu:

-Sutil pergunte, por minha fé! Exige que se decifre a Natureza até o máximo grau.

O imperador respondeu:

- Gostaria de ser informado acerca da Natureza até ao máximo grau, incluindo informação a
respeito do homem e da sua física, do seu sangue, do seu sopro de vida, da sua circulação e da sua
dissolução. E gostaria também de saber o que causa a sua morte e a sua vida e o que podemos fazer
relativamente a tudo isso.

- De acordo com os cálculos definitivos, a Natureza começa como uma e termina como nove.

O primeiro é o Céu, a segunda é a Terra e o terceiro é o Homem. Isto são três. Três vezes três são
nove e correspondem às nove regiões selvagens da Terra.

Assim, o homem é composto de três partes e cada parte tem três subdivisões que decidem da vida e
da morte. Servem para regular as cem doenças e misturar o que é oco e sólido, o que é abstrato e
concreto, e assim combatem influências nocivas e doenças.

O imperador perguntou:

- Como pode explicar essas três regiões?

Ch’i Po respondeu:

- Há uma região inferior, há uma região média e há uma região superior. Cada uma destas regiões
tem três subdivisões, e dentro destas subdivisões contem-se alguns elementos do Céu, alguns
elementos da Terra e alguns elementos do Homem. Deve-se salientar e ensinar isto, a fim de se
alcançar a verdade.

As regiões superiores que contém os elementos do Céu são as artérias de ambos os lados da fronte.

As regiões superiores que contém os elemtnos da Terra são as artérias existentes no interior de
ambas as faces.

As regiões superiores que contém os elementos do Homem são as artérias defronte das orelhas.

A região média que contém elementos do Céu é a região do Yin Maior, dentro das mãos.

A região média que contém os elementos da Terra é a região da “Luz Solar” dentro das mãos.
A região média que contém os elementos do Homem é a região do Yin Menor dentro das mãos.

A região inferior quem contém os elementos do Céu é a região do Yin Absoluto dentro dos pés.

A região inferior que contém os elementos da Terra é a região do Yin Menor dentro dos pés.

A região inferior que contém os elementos do Homem é a região do Yin Maior dentro dos pés.

Assim, o elemento do Céu existente dentro da região infrior tem de se encarregar do fígado; o
elemento da Terra existente dentro da região inferior tem de se encarregar dos rins, e o elemento do
Homem existente dentro da região inferior tem de se encarregar da força vital do baço e do
estômago.

O imperador perguntou:

- E as regiões médias, de que tem de se encarregar?

Ch’i Po respondeu:

- As regiões médias também contém Céu, também contém Terra e também contém Homem. O
elemento do Céu encarrega-se da respiração dentro do peito e o elemento do Homem encarrega-se
do coração.

O imperador perguntou:

- E as regiões superiores, de que tem de se encarregar?

Ch’i Po respondeu:

- Também contém Céu, Terra e Homem. O elemento Céu encarrega-se dos cantos (têmporas) da
cabeça e da fronte; o elemento Terra encarrega-se dos cantos da boca e dos dentes, e o elemento
Homem encarrega-se dos cantos das orelhas e dos olhos.

Cada uma destas três regiões contém um elemento do Céu, um elemento da Terra e um elemento do
Homem. São necessários os três elementos para tornarem o Céu perfeito, são necessários os três
elementos para tornarem a Terra perfeita e são necessários os três elementos para tornarem o
Homem perfeito. O total destas três vezes são nove, e este número nove pode ser classificado como
as nove regiões selvagens da Terra, e estas nove regiões selvagens podem ser igualadas aos nove
recursos existentes dentro do corpo.

Há cinco recursos espirituais e quatro recursos físicos, que juntos perfazem nove recursos.

Quando as cinco vísceras cessam de funcionar, deterioram-se, a sua cor e o seu aspecto tem
tendências para o declínio e a morte sobrevém, necessariamente.
O imperador perguntou:

- Qual a função das subdivisões?

Ch’i Po respondeu:

- Primeiro devemos medir as partes do corpo que são gords e as que são magras, devemos ajustar a
sua força, assim como o que é sólido e o que é oco. As partes sólidas devem ser drenadas, enquanto
as ocas devem ser suplementadas.

Primeiro devemos drenar sangue das artérias a fim de harmonizar, e depois pode-se supor, sem
ulterior exame da doença, que a saúde é de esperar.

O imperador indagou:

- O que é que determina a vida e a morte?

Ch’i Po respondeu:

- Quando o corpo está vigoroso, mas os pulsos são finos e delicados e há pouca força vital, não se
encontra em condições de resistir ao perigo.

Quando o corpo está magro e emaciado, mas os pulmões são grandes e há demasiada respiração
dentro do peito, haverá morte.

Quando as várias forças do corpo trabalham em harmonia mútua, haverá vida; quando se associam
umas às outras, mas não se misturam, haverá doença.

Quando as três regiões e as nove subdivisões erram mutuamente umas contra as outras, o resultado
será a morte.

Quando os pulsos superior e inferior e direito e esquerdo reagem uns aos outros, como se tivessem
reunido para moer cereal, haverá uma grande doença.

Quando os pulsos superior e inferior e direito e esquerdo erram uns mutuamente uns contra os
outros, não se podem avaliar e a morte sobrevirá.

Quando as subdivisões da região média atuam de modo a reduzirem-se mutuamente, sobrevirá a


morte; e quando o olho se afunda dentro da órbita seguir-se-á a morte.

O imperador perguntou:

- Como se pode saber onde a doença está localizada?

Ch’i Po respondeu:
- Investigam-se as nove subdivisões separadamente e examninam-se separadamente as doenças
insignificantes e as doenças graves, as indisposições fortes e as demoradas e penentrantes, as
doenças que causam febres e as que causam arrepios, e as que são acompanhadas por quedas.

Toma-se o pulso da mão esquerda e do pé esquerdo e depois sobe-se até o tornozelo e coloca-se a
mão cerca de 12,5 cm acima dele; toma-se o pulso da mão direita e coloca-se a mão no tornozelo e
comprime-se. Quando a resposta dos pulsos continua a sentir-se depois de se subirem mais de 12,5
cm, e quando a pulsação lembra um verme a debater-se, não há nenhuma doença.

Quando os pulsos registram uma perturbaçao e soam caóticos e túrbidos dentro das mãos, então há
doença. E também há doença quando os pulsos dentro das mãos são lentos e compassados.

Quando os pulsos registram que não conseguem alcançar 12,5 cm ascendentemente e, depois de
comprimidos, não registram nada, isso significa morte. Consequentemente, quando o paciente perde
carne o seu corpo deixa de poder andar e ele está condenado a morrer.

Quando as meanações da região média se interrompem ou aceleram subitamente, o resultado é a


morte.

Quando as pulsações são irregulares e como um martelo, a doença está localizada dentro dos vasos
sanguineos.

As nove subdivisões devem reagir umas às outras. As superiores e as inferiores devem funcionar
como se fossem uma; não devem falhar umas às outras.

Quando uma subdivisão está atrasada, segue-se a doença; quando duas subdivisões se deixam ficar
para trás, a doença que se segue é grrave; quando três subdivisões se atrasam, a doença que se segue
é perigosa. O chamado “estar atrasada” ou “ficar para trás” significa que nem todas as subdivisões
atuam como deveriam.

Pelo exame dos intestinos e das vísceras do homem pode-se vir a saber a duração da sua vida e a
data da sua morte. Primeiro deve-se conhecer o sistema vascular, para se saber quais as doenças que
podem atacar os vasos. Mantendo os pulsos das vísceras sob observação, é possível vencer a morte.

Os pés estão dentro da região do Yang Maior. Quando as emanações se interrompem dentro do pé, o
paciente não se pode dobrar, perde a flexibilidade e acaba por morrer, deve usar qulquer coisa por
cima dos olhos.

O imperador disse:

- No Inverno é o Yin, o princípio feminino das trevas e da morte; no Verão é o Yang, o princípio
masculino da luz e da vida. Que se pode dizer acerca das suas funções?

Ch’i Po repondeu:
- Todos os pulsos das nove subdivisões que batem profunda e finamente e que são suspensos e
interrompidos, tem origem no Yin, o princípio das trevas, que domina o Inverno. Por isso, ha uma
quantidade de doenças que ocorrem à meia noite.

Todas as pulsações aundantes, apressadas, ofegantes e aceleradas são causadas pelo Yang, o
princípio da luz, que domina o Verão. Por isso, há uma quantidade de mortes que ocorrem ao meio
dia.

Por estas razões, as doenças resultantes do calor e do frio acabam por terminar com a morte ao
nascer do dia ou de manhãzinha cedo. Os que ardem por dentro em consequência de uma doença
causada pelo calor encontram a morte ao meio dia. Os que padecem de uma doença causada pelo
vento morrem ao crepúsculo. Os que padecem de uma doença causada por água encontram a morte
à meia noite. Aqueles cujas pulsações são subitamente interrompidas, ou subitamente aceleradas, ou
subitamente retardadas, encontram a morte em qualquer das quatro estações à hora em que o Sol
nasce.

Quando o corpo e a carne estão exaustos e definhados, verifica-se a morte, embora as nove
subdivisões ainda funcionam harmoniosamente.

Quando após sete exames se torna evidente que as nove divisões estão todas de harmonia entre si,
não haverá orte. Aqueles de quem se diz que não morrerão em breve sofrem de uma doença causada
por influências externas e pelos mênstruos, similar às doenças que requerem sete exames, mas não
totalmente igual; e, por isso, o paciente não morrerá, tal qual como se tivesse a doença que requer
os sete exames. Mas quando os pulsos e as subdivisões ficam afetados e arruinados, então o
paciente morrerá. Nestas condições, terá vômitos e arrotos e dever-se-á examinar e investigar o
início da doença e o seu estado e a sua localização presentes.

Então auscultam-se todos os pulsos quanto à sua insistência e conformidade e examinam-se as


artérias e os vasos luo quanto à sua superficialidade e profundidade. As partes superior e inferior do
corpo são eximidas quanto à sua desordem e ordem. Quando o pulso está em ordem, a doença não é
grave, mas quando o pulso é indolente, então há doença grave. Quando as pulsações não alternam
nas suas vindas e idas, ocorre a morte. Qundo a doença se torna evidente pelo aspecto da pele,
sobrevém a morte.

O imperador perguntou:

- Como se pode tratar e obter uma cura?

Ch’i Po respondeu:

- Nas doenças das artérias tratam-se as artérias. Nas doenças dos capilares e das veias, tratam-se os
capilares, as veias e o sangue, fura-se e remove-se. Nas doenças do sangue, o corpo deve
movimentar-se e tratam-se as artérias e veias. Quando a doença se situa dentro da substância
misteriosa e estranha, os vasos que abrigam o misterioso e o estranho devem ser estrangulados e
furados. Quando o paciente se atrasa por não poder mexer os membros e estar magro, deve ser
tratado pela acupuntura.

Quando os pulsos que indicam o estado da parte superior do corpo estão sólidos e cheios e os da
parte inferior estão vazios e ocos, há uma desarmonia na conformidade do corpo; deve-se procurar
uma coagulação dentro das veias, para que o sangue possa entrar e a circulação torne-se aparente.

A pupila dos olhos é o maior tesouro do homem. Quando o Yang Maior é insuficiente, o homem
deve usar qualquer coisa por cima dos olhos. O fim do sol ou a sua súbita interrupção influenciam a
decisão.

Assim, os requisitos da vida e da morte não podem permanecer ocultos. Dos dedos para as costas
das mãos e do tornozelo para cima deve-se inserir a agulha.

Tratado Sobre Como Distinguir o Sistema Vascular

O imperador amarelo perguntou:

- O lugar de residência do homem, o seu movimento e repouso, a sua coragem e covardia, não
causam também mudança no sistema vascular?

Ch´i Po respondeu:

- Sim, em geral o medo e a apreensão do homem, a sua cólera e o seu sofrimento, o seu movimento
e o seu repouso, tudo isso causa mudanças.

Aqueles que andam a pé de noite tem dificuldades na respiração imanentes dos rins. Aqueles cujo
comportamento é dissoluto e licencioso arranjam uma doença pulmonar. Aqueles que são indolentes
e cheios de apreensões e de medo tem dificuldades respiratórias imanentes dos pulmões. Aqueles
cujo comportamento é licencioso e caracterizado por excessos prejudicam o baço. Aqueles que tem
medo e apreensões padecem de dificuldades respiratórias imanentes dos pulmões. Aqueles cujo
comportamento é imoral e dissoluto prejudicam o coração.

Deve-se medir o grau de umidade que faz os homens escorregar e cair prostrados e causa
dificuldades respiratórias imanentes dos rins e dos ossos. Ao mesmo tempo, os que procedem
valente e corajosamente vencem a doença, enquanto os medrosos e covardes caem doentes.

Por isso se diz: A fim de se examinar o trajeto de uma doença, deve-se investigar se o homem é
corajoso ou nervoso e covarde, e devem examinar-se também os seus ossos, carne e pele; assim se
ficam a conhecer os fatos do caso necessários para os métodos de tratamento.

Depois de se comer e beber muito, o estômago produz transpiração. Quando o homem se


impressiona e assusta, violenta o espírito e a vitalidade e o coração produz transpiração. Quando o
homem percorre uma longa distância com uma grande carga, os rins produzem transpiração.
Quando, ao andar apressadamente, o homem está apreensivo e cheio de medo, o fígado produz suor.
Quando o corpo é abalado por um trabalho pesado, o baço produz transpiração.

Assim, na Primavera e no Outono, no Inverno e no Verão, durante as quatro estações e os períodos


de Yin e Yang, surgem doenças resultantes de procedimentos errados e de transgressões que se
tornam um hábito.

Os alimentos entram no estômago, a sua essência é distribuída ao fígado e a sua força vital flui para
os músculos.

Os alimentos entram no estômago, os seus gases pútridos sobem para o coração e a sua essência
transborda pra o pulso.

A força do pulso flui para as artérias e a força das artérias ascende para os pulmões; os pulmões
enviam-na para todos os pulsos, que depois transportam a sua essência para a pele e para o cabelo
do corpo. O sistema vascular une-se todo com as secreções e transmite a força da vida a um
armazém, que acumula a energia, a vitalidade e a inteligência. Estas são em seguida transmitidas
para as quatro partes do corpo e as forças vitais das vísceras são restituídas à sua ordem.

A saúde significa restituição à ordem; a expressão geral e a perfeição do pulso “polegada” serve
para decidir sobre a vida e a morte.

A bebida entra no estômago, flui e transborda nas secreções e a sua essência sobe e introduz-se no
baço. Este distribui as suas secreções, que sobem e entram nos pulmões e circulam através deles.
Depois a natureza geral do líquido fá-lo descer e introduzir-se na bexiga.

As secreções líquidas alastram em quatro direções e unem-se nas cinco passagens (artérias). Isto
está de conformidade com o sistema das quatro estações e das cinco vísceras e com o esquema do
Yin e do Yang, que são considerados constantes e imutáveis.

Quando as vísceras que são influenciadas apenas pelo Yang Maior alcançam o ponto máximo, há
soluços e respiração difícil. A exalação será insubstancial e desordenada e haverá uma insuficiência
de Yin e um excesso de Yang. Os órgãos apropriados, no exterior e no interior, expeli-lo-ão e tirá-lo-
ão do corpo.

Quando as vísceras que são influenciadas apenas pela “Luz Solar” alcançam o ponto máximo, há
uma superabundância do elemento do Yang. Nesse caso, deve-se tentar expelir parte desse elemento
do Yang e complementar o Yin.

Quando as vísceras que são influenciadas apenas pelo Yang Menor alcançaram o máximo, há
convulsões; o paciente atira os pés para a frente e morre subitamente, em consequência do que é
segregado em baixo. Quando as vísceras que são influenciadas apenas pelo Yang Menor alcançam o
máximo, isso significa que o referido elemento do Yang cometeu graves transgressões.

Quando as vísceras que são influenciadas apenas pelo Yin Maior atacam, deve-se prestar ao fato a
máxima atenção. Quando a força dos cinco pulsos das vísceras é reduzida e a força do estômago
não está equilibrada, isso deve-se ao terceiro elemento do Yin. Um tratamento aconselhado é
induzir secreções em baixo, isto é, suplementar o Yang e drenar o Yin.

Quando só um elemento de Yang influencia as vísceras, há um som sibilante parecido com soluços,
produzido pelo Yang Menor. O Yang também se debate com as partes superiores do corpo e os
quatro pulsos e tenta dominar, depois do que a força vital reverte para os rins. Constitui, então,
tratamento adequado drenar as artérias, e as veias (vasos luo) que são influenciadas pelo Yang e
suplementar as influenciadas pelo Yin.

O que há a fazer em relação ao primeiro elemento de Yin é tratar o Yin Absoluto. Quando as
vísceras verdadeiras estão ocas e insubstanciais, o coração padece de dores musculares, a circulação
torna-se estagnada e densa e produz-se transpiração branca. A fim de curar a perturbação, deve-se
provocar uma drenagem na parte inferior do corpo e misturar a comida com os remédios.

O imperador perguntou:

- Que aspecto tem as vísceras que são influenciadas pelo Yang maior?

Ch´i Po respondeu:

- Assemelham-se ao terceiro elemento do Yang e são dadas a excesso e abundância.

O imperador perguntou:

- E que aspectos tem as vísceras influenciadas pelo Yang Menor?

Ch´i Po respondeu:

- Assemelham-se ao primeiro elemento do Yang. As vísceras que pertencem ao primeiro elemento


do Yang são macias e escorregadias e não cheias e sólidas.

O imperador perguntou:

- E que aspecto tem as vísceras influenciadas pela “Luz Solar”?

Ch´i Po respondeu:

- Tem o aspecto de abundância e superficialidade. Quando as vísceras influenciadas pelo Yin Maior
são atacadas, isso significa que existem inchaços escondidos; quando as influenciadas pelo segundo
elemento do Yin são atingidas, então os rins deterioram-se e deixam de ser leves e flutuantes.

Tratado Sobre As Estações Como Padrão das Vísceras

O Imperador Amarelo disse:


- A fim de harmonizar o corpo humano, tomam-se como modelo as leis das quatro estações e dos
cinco elementos. este método serve de regulador ao homem, tanto no caso de ele ser obediente a
essas leis como no de não as respeitar, tanto no caso de ser bem sucedido como no de fracassar.
Desejo ser mais esclarecido a este respeito.

Ch´i Po respondeu:

- Os cinco elementos são metal, madeira, água, fogo e terra. As suas mudanças, o seu valor
crescente e a sua depreciação e inutilidade crescentes servem para dar conhecimento da morte e da
vida e para determinar o êxito e o fracasso. Determinam a força dos cinco vísceras e estabelecem a
sua importante divisão de acordo com as quatro estações e as suas datas de vida e morte.

O imperador disse:

- Desejo informações completas acerca de tudo isso.

Ch´i Po respondeu:

- O fígado domina na Primavera. A região do Yin Absoluto e do Yang Menor dentro do pé


controlam o tratamento e a cura. Os dias da Primavera são os das bases celestes chia i. Quando o
fígado sofre um ataque agudo, devem-se comer rapidamente alimentos doces, para o acalmar.

O coração domina no Verão. A região do Yin Menor e a região do Yang controlam o tratamento e a
cura. Os dias do Verão são os das bases celestes ping ting. Quando o coração sofre de lentidão,
devem-se comer rapidamente alimentos ácidos, que tem um efeito adstringente.

O baço domina no Verão Tardio. As regiões do Yin maior e as da “Luz Solar” dentro do pé
controlam o tratamento e a cura. Os dias do Verão Tardio são os das bases celestes wu chi. Quando
o baço sofre de umidade, devem-se comer rapidamente alimentos amargos, que tem o efeito de
secar.

Os pulmões dominam no Outono. A região do Yin Maior e da “Luz Solar” dentro das mãos
controlam o tratamento e a cura. Os dias de Outono são os das bases celestes keng hsin. Quando os
pulmões sofrem de obstrução do trato respiratório superior, devem-se comer rapidamente alimentos
amargos, que dispersarão a obstrução e restaurarão o fluxo.

Os rins dominam no Inverno. A região do Yin Menor e a região do Yang Maior controlam o
tratamento e a cura. Os dias de Inverno são os das bases celestes jen kuei. Quando os rins sofrem de
secura, devem-se comer rapidamente alimentos acres, que os umedecerão. Abrirão a circulação livre
da saliva e das secreções fluidas.

a Doença do fígado deve ser sarada no Verão. Quando não é sarado no Verão torna-se mais grave no
outono; quando a morte não advém no Outono, pode ser afastada no Inverno. Mas a doença
recorrerá na Primavera e, então, deve-se evitar rigorosamente a exposição aos ventos.

Os que sofrem de doenças do fígado devem ser curados durante o período das bases celestes ping
ting. Quando as melhoras não se verificaram durante o período do ping ting, acontecerá o mesmo
durante o período das bases celestes do keng shin. Quando, então, a morte não se verifica no
período de keng shin, pode ser afastada durante o período das bases celestes jen kuei. Mas a doença
recorre durante o período do chia i.

Os que padecem de uma doença do fígado são vivos e argutos de manhã cedo. A sua vivacidade
aumenta ao anoitecer e à meia-noite estão calmos e pacatos. Quando o estômago está doente, tem
tendência para se desintegrar. Nessas circunstâncias, devem se comer rapidamente alimentos acres,
que dissipam essa tendência. Utilizam-se alimentos acres em relação ao fígado a fim de suplementar
a sua função e deter perdas e utilizam-se alimentos amargos a fim de drenar e expelir.

Quando a doença está localizada dentro do coração deve melhorar durante o Verão Tardio. Se não
melhora durante o Verão Tardio, agrava-se no Inverno. Se a morte não ocorre no Inverno, pode ser
evitada na Primavera; mas a doença recorrerá no Verão. Então devem-se evitar alimentos quentes e
a roupa que produza calor.

Os que sofrem de uma doença do coração devem curar-se durante o período das bases celestes wu
chi. Quando não se verificam melhoras durante o período do wu chi, acontecerá o mesmo no
período do jen kuei, e quando a morte não ocorrer durante o período das bases celestes jen kuei
poderá ser evitada durante o período das bases celestes chia i. Mas a doença volta durante o período
das bases celestes ping ting.

Os que padecem do coração são vivos e argutos por volta do meio-dia, cerca da meia-noite a sua
vivacidade aumenta e de manhã cedo mostram-se mais pacatos e calmos. Um coração doente tem
tendência para amolecer e enfraquecer. Nessas circunstâncias, devem-se comer rapidamente
alimentos salgados para suplementarem e fortalecerem o coração, e alimentos doces para drenarem
e expelirem.

Quando a doença está localizada dentro do baço deve melhorar no Outono. Se não melhorar no
Outono, agrava-se na Primavera. Se a morte não ocorre na Primavera, pode ser evitada no Verão;
mas a doença voltará no Verão Tardio. Devem-se evitar alimentos mornos e comer até ficar cheio; é
conveniente evitar terras pantanosas e vestuário úmido.

Os que sofrem de uma doença do baço devem melhorar durante o período das bases celestes keng
hsin. Se não melhorarem durante o período das bases celestes keng hsin, acontecerá o mesmo
durante o período das bases celestes chia i. E quando a morte não ocorre durante o período do chia
i, pode ser evitada durante o período das bases celestes ping ting; mas a doença voltará durante o
período do wu chi.

Os que padecem de uma doença do baço são vivos e argutos à volta do pôr do Sol, a sua animação
aumenta cerca do nascer do Sol e ao escurecer tornam-se calmos e pacatos. Um baço doente tem
tendência para trabalhar vagarosa e indolentemente e, nessas circunstâncias, devem-se comer
rapidamente alimentos doces, para o regular. Utilizam-se alimentos amargos para drenar o baço e
alimentos doces para o suplementar e fortalecer.

Quando a doença está localizada dentro dos pulmões deve melhorar durante o Inverno. Se não
melhora durante o Inverno, agrava-se no Verão. Se a morte não ocorre no Verão, pode ser evitada
durante o período do Verão Tardio, mas a doença voltará no Outono. Deve-se evitar comer e beber
coisas frias e usar roupas frias.

Os que sofrem de uma doença dos pulmões devem melhorar durante o período das bases celestes
jen kuei. Se não melhorarem durante este período, acontecerá o mesmo durante o período das bases
celestes ping ting. E quando a morte não ocorre durante o período do ping ting, pode ser evitada
durante o período do wu chi; mas a doença voltará durante o período do keng hsin.

Os que padecem de um doença dos pulmões são vivos e argutos ao anoitecer, a sua animação
aumenta ao meio-dia e à meia-noite tornam-se calmos e pacíficos. Os pulmões doentes tem
tendência para fechar e reter e, nessas circunstâncias, devem-se comer rapidamente alimentos
ácidos, para que eles recebam o que lhes é devido. Utilizam-se alimentos ácidos para suplementar e
fortalecer os pulmões e alimentos acres para os drenar e forçar a expelir.

Quando a doença está localizada dentro dos rins deve melhorar na Primavera. Se não melhora na
Primavera, agravar-se-á durante o período das noites do Verão Tardio. Se a morte não ocorre no
Verão Tardio, pode ser evitada no Outono; mas doença voltará no Inverno. Devem-se evitar em
absoluto luzes fortes, comida quente e vestuário excessivamente quente.

Os que padecem de uma doença dos rins devem curar-se durante o período das bases celestes chia i.
Se a doença não melhora durante o período das bases celestes chia i, agrava-se durante o período do
wu chi. E se a morte não ocorre durante o período do wu chi, pode ser evitada durante o período do
keng hsin; mas a doença voltará durante o período do jen kuei.

Os que padecem de uma doença dos rins são vivos e argutos à meia-noite, e sua animação aumenta
durante dias inteiros dos últimos meses da Primavera, do Verão, do outono e do Inverno, e tornam-
se calmos e pacatos cerca do pôr do Sol. Os rins doentes tem tendência para endurecer e, por isso,
devem-se comer alimentos amargos para os fortalecer. Utiliza-se comida amarga para os
suplementar e fortalecer e utiliza-se comida salgada para os drenar e obrigar a expelir.

Assim, quando influências maléficas visitam o corpo devem ser vencidas e impedidas de se
agravarem. Tal deve ser conseguido pelos que são saudáveis e cujas doenças são,
consequentemente, saudáveis. Devia também ser conseguido pelos que não podem dominar os
espíritos maus e, consequentemente, adoecem mais gravemente. Refere-se também aos que são
saudáveis e podem afastar a doença por si próprios.

Os que estão contentes e satisfeitos com a sua situação na vida ascenderão acima dela.

Primeiro devem auscultar-se os pulsos das cinco vísceras; depois pode-se definir o tempo
intermediário e, finalmente, estabelecer as datas de vida e de morte.

A doença do fígado causa inchaço debaixo de ambos os lados das costelas, estica o intestino
delgado e torna as pessoas propensas a ataques de cólera. Quando o fígado está deficiente, os olhos
cegam e não podem ver e os ouvidos não ouvem. isto dá ao homem uma tendência para ter medo,
como se fosse ser atacado.

A fim de curar o fígado, deve-se escolher no sistema vascular os vasos que são controlados pelo Yin
Absoluto e pelo Yang Menor. Quando a respiração fica obstruída, a obstrução causa dores de cabeça
e surdez dos ouvidos, perda de percepção aguda e inchaço do queixo.

A doença do coração causa dores dentro do peito, que se estendem pelas costelas. Causa dores
debaixo das costelas e no seio. O alto dos ombros e os espaço entre as unhas doem e sentem-se
dores no interior de ambos os braços. Toda a região que vai das costelas aos flancos é afetada e
sente muitas dores.

A fim de curar o coração, deve-se escolher no sistema vascular as artérias que são controladas pelo
Yin Menor e pelo Yang Maior, e o sangue contido debaixo da raiz da língua. As mudanças
verificadas indicam as doenças. Deve-se picar pela acupuntura o ponto que causa a perturbação,
para chegar ao sangue nele contido.

A doença do baço faz com que o corpo se torne grosso e pesado; provoca espasmos nervosos nos
músculos e na carne, durante o sono; os pés perdem a faculdade de andar e há convulsões; as dores
descem pelas pernas. Quando o baço está deficiente, o estômago permanece cheio, os intestinos
emitem sons, a nutrição derrama-se e os alimentos cessam de sofrer a transformação (da digestão).
A fim de curar o baço, retira-se sangue das artérias controladas pelo Yin Maior, pela “Luz Solar” e
pelo Yin Menor.

A doença dos pulmões provoca a respiração difícil e tosse e o ar doente penetra pelo alto dos
ombros e pelas costas. Emana transpiração do reto, dos quadris e do colo. Coxas, calcanhares, solas
dos pés e pés sentem muitas dores.

Quando os pulmões estão deficientes, há um decréscimo de respiração e uma deficiência na


faculdade de expirar e inspirar. O ouvido ensurdece e a garganta fica seca.

A fim de curar os pulmões, deve-se escolher no sistema vascular as artérias do pé que são
controladas pelo Yin Maior, as artérias do interior do corpo que são controladas pelo Yin Absoluto,
e deve-se retirar sangue dessas artérias.

A doença dos rins provoca dilatação do estômago e inchaço e tumefação do osso da canela. Provoca
respiração difícil e tosse, o corpo torna-se pesado e transpira-se durante o sono, o que é muito
prejudicial.

Quando os rins estão deficientes, há dores dentro do tórax, no intestino delgado e nos intestinos
inferiores. Uma pessoa irrita-se facilmente e a alegria abandona os seus pensamentos.

A fim de curar os rins, deve-se escolher no sistema vascular as artérias que são controladas pelo Yin
Menor e pelo Yang Maior e retirar-lhe o sangue.

A cor que corresponde ao fígado é o verde; a sua alimentação adequada é doce. Arroz não glutinoso,
carne de vaca, tâmaras e malvas são doces.

A cor que corresponde ao coração é o vermelho; a sua alimentação adequada é acida. Ervilhas,
carne de cão, ameixas e alho porro são ácidos.

A cor que corresponde aos pulmões é o branco, a sua alimentação adequada é amarga. O trigo, o
carneiro, as amêndoas e as chalotas são amargos.

A cor que corresponde ao baço é o amarelo; a sua alimentação adequada é salgada. Favas, carne de
porco, castanhas e verduras ásperas são salgadas.

A cor que corresponde aos rins é o preto; a sua alimentação adequada é acre. Painço paniculado
glutinoso amarelo, carne de galinha, pêssegos e cebolas são acres.

O sabor acre tem um efeito dispersivo; o sabor ácido tem um efeito de reunião e aglutinação; o
sabor doce tem um efeito retardador; o sabor amargo tem um efeito fortalecedor, e o sabor salgado
tem um efeito amaciador.

Os venenos e os remédios atacam as influências maléficas. Os cinco cereais atuam como nutrição;
os cinco frutos das árvores servem para aumentar; os cinco animais domésticos fornecem benefício
adicional; os cinco vegetais servem para completar a alimentação. Os seus sabores e cheiros unem-
se e harmonizam-se entre si a fim de proporcionarem a essência benéfica da vida.

Cada um dos cinco sabores – acre, ácido, doce, amargo e salgado – proporciona uma certa
vantagem e certo benefício. o seu efeito é dispersor ou aglutinador e agregador, retardador ou
acelerador, fortalecedor ou amolecedor.

Cada uma das doenças das quatro estações e das cinco vísceras reage àquele dos cinco sabores a
que corresponde.

Explicação Ampla das Cinco Influências Atmosféricas

Os cinco sabores entram nos órgãos da seguinte maneira: o sabor ácido entra no fígado, o sabor acre
entra nos pulmões, o sabor amargo entra no coração, o sabor salgado entra nos rins e o sabor doce
entra no baço. Isto explica onde entram os cinco sabores.

As doenças provocadas pelas cinco influências atmosféricas são as seguintes: o coração causa
arrotos, os pulmões causam tosse, o fígado causa bater de dentes, o baço causa dificuldades em
engolir, os rins causam deficiências que por sua vez provocam espirros e corrimento pelo nariz e o
estômago causa vapores e, quando estes são obstinados, causam arrotos e vômitos que, por sua vez,
causam temores. Os intestinos inferiores e o intestino delgado causam derrames nos espaços de
combustão, fazendo com que transbordem em baixo e provocando água no sistema. Quando a
bexiga não funciona eficientemente, causa retenção de urina; quando funciona sem comedimento,
causa urinar copioso. A vesícula biliar causa ataques de cólera.Isto explica as cinco doenças.

Os cinco espíritos são equivalentes às cinco essências. Quando estão unidos, fazem com que emane
alegria do coração, piedade dos pulmões, mágoa do fígado, ansiedade do baço e temores dos rins.
Isto explica a unidade das cinco essências espirituais. Quando as essências se esgotam, os espíritos
devem unir-se.

Os cinco males que podem atacar as vísceras são: o calor, que prejudica o coração; o frio, que
prejudica os pulmões; os ventos, que prejudicam o fígado; a umidade, que prejudica o baço, e a
secura excessiva, que prejudica os rins. Isto explica os cinco males.

As transformações das secreções fluidas afetam as cinco vísceras do modo seguinte: em relação ao
coração, as secreções transformam-se em transpiração; em relação aos pulmões, a secreções
transforma-se em muco; em relação ao fígado, as secreções transformam-se em lágrimas; em
relação ao baço, as secreções transformam-se em saliva, e em relação aos rins as secreções
transformam-se em cuspe. Isto explica as cinco secreções fluidas.

A respeito dos cinco sabores há as seguintes cautelas e proibições: o sabor acre penetra no trato
respiratório: quando há uma doença no trato respiratório não se deve abusar de alimentos acres; o
sabor salgado penetra no sangue: quando há uma doença no sangue não se deve abusar dos
alimentos salgados; o sabor amargo penetra nos ossos: quando há uma doença nos ossos não se
deve abusar da comida amarga. Isto explica as cinco cautelas e proibições do que não se deve comer
em excesso.

As cinco doenças são originadas do seguinte modo: algumas doenças do elemento do Yin tem
origem nos ossos; algumas doenças do elemento do Yang tem origem no sangue; algumas doenças
do elemento do Yin tem origem na carne; algumas doenças do elemento do Yang tem origem no
Verão, e algumas doenças do elemento do Yin tem origem no Inverno. Isto explica a origem das
cinco doenças.

As cinco emanações prejudiciais geram as seguintes perturbações: quando os oito males residem
dentro dos elementos do Yang do homem, o resultado é violência; quando os oito males residem
dentro dos elementos do Yin do homem, o resultado é dormência. Quando os males atacam o Yang,
causam insanidade; quando atacam o Yin, causam perda da fala. Quando os elementos do Yang
penetram nos do Yin, o resultado é paz e ordem, mas quando os elementos do Yin invadem os do
Yang, o resultado é uma explosão de cólera e raiva. Isto explica as cinco perturbações.

Os cinco males que podem ser apercebidos são: a percepção na Primavera do pulso correspondente
ao Outono; a percepção no Verão do pulso correspondente ao Inverno; a percepção no período das
noites do Verão Tardio do pulso correspondente à Primavera; a percepção no Outono do pulso
correspondente o Verão, e a percepção no Inverno do pulso correspondente ao Verão Tardio. Tudo
isso significa que o Yin – o princípio feminino das trevas – penetra no Yang – o princípio masculino
da luz e da vida; consequentemente, a tendência da doença é para o agravamento e não para a cura.
Isto explica os cinco males perceptíveis. Está demonstrado que conduzem todos à morte e não
podem ser curados.
As cinco vísceras ocultam e armazenam o seguinte: o coração armazena e abriga o espírito divino;
os pulmões abrigam os espíritos animais; o fígado abriga a alma e as faculdades espirituais; o baço
abriga ideias e opiniões, e os rins abrigam força de vontade e ambição. Isto explica o que é
armazenado e abrigado nas cinco vísceras.

As cinco vísceras são reguladas do seguinte modo: o coração regula o pulso; os pulmões regulam a
pele; o fígado regula os músculos e os tendões, o baço regula a carne, e os rins regulam os ossos.
Isto explica as cinco regulações.

Os cinco esforços prejudiciais ao corpo são: o uso prolongado dos olhos prejudica o sangue; estar
deitado e descansar durante muito tempo prejudica o trato respiratório; estar sentado durante muito
tempo prejudica a carne; estar de pé durante muito tempo prejudica os ossos, e caminhar durante
muito tempo prejudica os músculos. Isto explica os cinco esforços prejudiciais ao corpo.

Os cinco pulsos que devem aparecer corretamente do seguinte modo: o pulso do fígado deve soar
como as cordas de um instrumento musical; o pulso do coração deve soar como as pancadas de um
martelo (contínuas); o pulso do baço deve ser intermitente e irregular; o pulso dos pulmões deve ser
macio como cabelo e penas; o pulso dos rins deve soar como uma pedra. Isto explica os pulsos das
cinco vísceras.

Ordem e Alcance do Vigor e da Constituição o do Homem

A ordem constante do homem é haver sempre muito sangue e pouca respiração na região do Yang
Maior; pouco sangue e muita respiração na região do Yang Menor; muito sangue e muita respiração
na região da “Luz Solar” ; pouco sangue e muita respiração nas regiões do Yin Menor; muito
sangue e pouca respiração nas regiões do Yin Absoluto, e muita respiração e pouco sangue nas
regiões do Yin Maior. É esta a ordem constante determinada pelo Céu.

Com respeito ao pé: o Yang Maior e o Yin Menor atuam como casaco e forro; o Yang Menor e o Yin
Absoluto atuam como casaco e forro; a “Luz Solar” e o Yin Maior atuam como casaco e forro. Esta
é a correlação entre Yin e Yang a respeito do pé.

Com respeito à mão: o Yang Maior e o Yin Menor atuam como casaco e forro; o Yang Menor e a
palma da mão atuam como casaco e forro; a “Luz Solar” e o Yin Maior atuam como casaco e forro.
Esta é a correlação entre Yin e Yang a respeito da mão.

Hoje em dia sabe-se que para curar completamente o sofrimento de mão e pé, de Yin e Yang, se
deve primeiro remover sangue. Por tal modo também se remove a doença, que pode então ser
examinada; se desejável, depois pode-se drenar o excesso e suplemento, quando houver uma
insuficiência.

A fim de obter informação acerca das costas, deve-se primeiro medir o espaço entre os dois seios e
calcular a proporção de mudança. Toma-se o resultado como medida aproximada. Depois de
dividido esse espaço ao meio, fica-se com duas angras que apoiam-se uma à outra. É então
recomendável medir as costas. Assim, a primeira angra fica na parte superior do corpo. Ao longo da
orla da espinha há duas angras na parte inferior do corpo. É nestas angras inferiores que se devem
localizar os pulmões.

Se se repetir esta medida mais para baixo, encontra-se o coração. Uma medida mais abaixo, no
canto esquerdo, encontra-se o fígado, e no canto direito encontra-se o baço, e outra medida ainda
mais abaixo encontram-se os rins. Isto explica s medidas e localizações das cinco vísceras para o
fim de aplicar o tratamento por moxa e picar para a acupuntura.

Quando o corpo está satisfeito, mas a vontade e a ambição estão deprimidas, a doença surge do
pulso e para a curar deve-se recorrer à moxa e à acupuntura.

Quando o corpo está satisfeito e repleto de prazer, e quando ambição está satisfeita e feliz, a doença
surge da carne e para a curar deve-se usar a acupuntura.

Quando o corpo está angustiado, mas a vontade e a ambição estão satisfeitas e felizes, a doença
surge dos músculos e para a curar usa-se moxa e exercícios respiratórios.

Quando o corpo está angustiado e a vontade e a ambição também, a doença surge das dificuldades
que a garganta tem em engolir e tratar. Para curar isso, aplica-se toda a espécie de remédios.

Quando o corpo se assusta e amedronta com frequência, a circulação nas artérias e nas veias cessa e
a doença surge de dormência e falta de sensibilidade. Para a curar utilizam-se massagens e remédios
preparados com borra de vinho. Isto explica os cinco estados do corpo e da vontade.

Quando se pica a região da “Luz Solar”, sai sangue e ar; quando se pica a região do Yang Maior, sai
sangue e ar viciado; quando se pica a região do Yang Menor, sai sangue pútrido e ar; quando se pica
a região do Yin Menor, sai ar e sangue; quando se pica a região do Yin Absoluto, sai sangue e ar
viciado.

Tratado Sobre o Valor da Vida e a Obtenção de Um Corpo Perfeito

O Imperador Amarelo disse:

- Coberta pelo Céu e apoiada pela Terra, toda a Criação, na sua perfeição mais completa, é
planejada para a maior de todas as realizações: o Homem. O Homem vive da exalação do Céu e da
Terra e alcança a perfeição através das leis das quatro estações. O governante e as massas
compartilham um desejo máximo: a ambição de um corpo perfeito.

Como as circunstâncias e os fatos das indisposições e doenças do corpo são desconhecidos, os


excessos diários são contínuos e tornam-se profundamente manifestos nos ossos, na medula, no
coração e nas partes privadas, que padecem e contraem doenças.
Desejo saber se e como a acupuntura remove essas doenças.

Ch´i Po respondeu:

- O sabor do sal é salgado; as suas emanações fazem com que os órgãos produzam secreções
úmidas.

Quando o pulso do fígado que soa como as cordas de um instrumento musical é interrompido, o seu
tom torna-se alto e dissonante. Quando a madeira, que é elemento do fígado, alastra e se
desenvolve, produz folhas. Assim, quando a doença penetra profundamente, os ruídos com ela
relacionados são vômitos e arrotos. Destarte, há três males que podem afetar os órgãos internos do
homem.

Venenos e remédios não podem curar estas deficiências e a agulha não as pode extrair a todas;
portanto, deve-se cortar a pele e ferir a carne, e o sangue atacado pelo ar que entra apresenta a cor
preta.

O imperador disse:

- Gostaria de ter em conta as dores e irritações: as que são enganosas e causam perturbações e as
que reagem pelo agravamento da doença. Não as podemos mudar e substituir por outras. Por isso,
não deveríamos torná-las conhecidas das pessoas, para que as considerem perniciosas e
destruidoras?

Ch´i Po respondeu:

- O homem retira vida da Terra, mas o seu destino depende do Céu. O Céu e a Terra unem-se para
darem ao homem vigor vivificante e destino.

O homem possui a faculdade de se harmonizar com as quatro estações. O Céu e a Terra atuam como
seu pai e sua mãe. Aquele que tem consciência das necessidades de todos os seres humanos chama-
se Filho do Céu.

Para o Céu existe o Yin – o elemento feminino das trevas – e o Yang – o elemento masculino da luz
-; para o homem existe as doze divisões do tempo. O Céu tem frio e calor; o homem tem o oco e o
sólido.

Pode-se aceitar uma norma invariável: Céu e Terra; as mudanças entre Yin e Yang; a infalibilidade
das quatro estações; o conhecimento dos métodos das doze divisões do tempo. Nem mesmo a
sabedoria imperial pode tirar partido destas coisas ou oprimi-las.

A sabedoria imperial pode preservar as mudanças dos oito ventos e as mudanças da destruição
mútua que foram estabelecidas para os cinco elementos. O poder imperial pode entender o destino
do que é deficiente e do que é substancial e cheio, o destino dos que partem sozinhos e dos que
chegam sozinhos, dos que bocejam e dos que suspiram, e a sabedoria imperial deve estar consciente
das circunstâncias mais minúsculas e mais insignificantes.

O imperador disse:

- Enquanto está vivo, o homem tem um corpo, uma forma física da qual não se pode separar. Yin e
Yang, Céu e Terra, combinam as suas emanações vivificantes, uma parte das quais são as nove
regiões não cultivadas da Terra e outra parte são as quatro estações e as estações e os meses, dos
quais há grandes e pequenos; os dias, dos quais há compridos e curtos, e tudo quanto vive na
Criação – e nenhuma destas coisas pode de modo algum vencer as suas limitações e medidas.
Assim, ouso pedir-lhe que me dê a fórmula do que se deve fazer acerca do que é deficiente e do que
é substancial e sólido, e acerca dos que bocejam e dos que suspiram.

Ch´i Po explicou:

- Quando o elemento da madeira chega ao elemento do metal, é derrubado; quando o elemento do


fogo chega ao elemento da água é extinguido; quando o elemento da terra é alcançado pelo
elemento da madeira, é penetrado; quando o elemento do metal chega ao elemento do fogo, é
dissolvido, e quando a água chega à terra o seu fluir é interrompido e cortado. Embora as criaturas
vivas sejam a perfeição máxima, não podem vencer a exaustão.

O método da agulha está à disposição de todas as pessoas; mas as pessoas sabem apenas viver, não
compreendem como se devem aplicar os cinco métodos a fim de se curarem de suas doenças. O
primeiro método cura o espírito; o segundo dá conhecimento de como se nutre o corpo; o terceiro
dá conhecimento dos verdadeiros efeitos de venenos e remédios; o quarto explica a acupuntura e o
emprego da agulha grande e d agulha pequena; o quinto diz como se examinam e tratam os
intestinos e as vísceras, o sangue e a respiração. Estes cinco métodos estão reunidos, para que cada
um tenha outro que o preceda.

Hoje em dia, neste período mais recente, a acupuntura aplica-se a fim de fornecer o que falta e
drenar a repleção excessiva. Todos os que trabalham nesses campos compartilham este
conhecimento.

Como estes métodos são os do Céu, a Terra adota e adapta a sua ação. Os que estão de harmonia são
como um eco; os que estão em concordância com estes métodos são como sombras; seguem o Tao e
não precisam nem de demônios nem de deuses, pois são livres e independentes.

O imperador exclamou:

- Desejo ouvir mais coisas a respeito!

Ch´i Po respondeu:

- A fim de tornar a acupuntura completa e eficaz deve-se curar primeiro o espírito. Em seguida,
depois de se ter estabelecido o pulso das cinco vísceras e determinado as nove subdivisões, pode-se
aplicar a agulha.
Todos os pulsos permanecem invisíveis e devem-se ignorar todas as aparências perigosas; deve-se
combinar nos exames combinados das circunstâncias externas e internas e não na experiência
passada. Se se brinca com o aparecimento e o desaparecimento das doenças, elas transferem-se para
o homem.

O homem tem cinco deficiências e cinco partes sólidas. Mesmo quando as deficiências não estão
perto dos olhos e mesmo quando as partes sólidas e saudáveis não estão distantes, é difícil distinguir
entre as manifestações aparentes do estado de saúde.

A ação da mão é de máxima importância; assim o desempenho da agulha será esplêndido e


uniforme. Simples meditação silenciosa, a observação da conduta certa e a admiração de cenas
agradáveis e das suas mudanças, a tudo isso se chama tatear no escuro e a confusão que dai resulta
não revela a forma da doença.

Se se observa um corvo quando ele descobre um pouco de painço paniculado, a ave voa
rapidamente em conformidade com a sua descoberta. A sua ação será inconsciente e desprovida da
sensibilidade? Espera de emboscada como as partes horizontais de uma besta e levanta voo como
que impelida pela força impulsionadora do Universo.

O imperador perguntou:

- Que se pode fazer a respeito de insuficiências e de partes sólidas e substanciais?

Ch´i Po respondeu:

- Quando se aplica a acupuntura às insuficiências está-se necessariamente a suplementa-las; e


quando se picam as partes substanciais, a repleção excessiva, está-se necessariamente a drena-las.
Quando o vigor das artérias chegou ao fim, há que trata-las com grande cuidado, para que não
falhem por completo. Os que concentram a mente na profundidade ou na superficialidade da
doença, tratam a distância e a proximidade como se fossem a mesma coisa. Os que se encontram à
beira de um abismo tem a sensação de que as suas mãos estão nas garras de um tigre; nesse
momento, a sua energia e a sua atenção não se devotam ao cuidado de toda a Criação.

Tratado Sobre As Oito Principais Manifestações Divinas

O Imperador Amarelo perguntou:

- A fim de se utilizarem os serviços da agulha, há que respeitar certas regras e métodos. Qual é, hoje
em dia, a natureza dessas regras e desses métodos?

Ch´i Po respondeu:

- As regras são as do Céu e os métodos são os da Terra. A fim de os combinar, segue-se o sistema
das luzes celestes.

O imperador declarou:

- Gostaria de ter informações completas a esse respeito.

Ch´i Po explicou:

- Todas as leis da acupuntura se devem orientar pelo Sol, pela Lua, pelos planetas, pelas estrelas e
pelas quatro estações. Estes são os oito fatores da atmosfera e quando a atmosfera está estabelecida
pode-se aplicar a acupuntura.

Assim, quando o tempo está tépido e o sol claro e brilhante, o sangue do homem flui suavemente e
as suas secreções protegem-lhe o vigor e mantem-no volátil. Por isso o sangue flui facilmente e o
vigor serenamente.

Quando o tempo está frio e o sol obscurecido, o sangue do homem coagula e não flui, e o seu vigor
até aí protegido debilita-se e perece.

Quando a Lua começa a aumentar, o sangue e o vigor animam-se, e as essências recebem novos
incentivos e protegem a exalação da vida que começa a ativar-se. Quando a Lua está completamente
cheia, há abundância de sangue e vigor no homem e os músculos e a carne são firmes e fortes.
Quando a Lua está completamente vazia, os músculos e a carne definham, as artérias e as veias
ficam vazias e o vigor até aí protegido parte, deixando o corpo abandonado. Portanto, deve-se
proceder de acordo com o tempo e as estações fim de se ter sangue e vigor completamente
adaptados e harmonizados e, consequentemente, quando o tempo está frio não se deve aplicar a
acupuntura. Mas quando o dia está quente não há que ter nenhuma hesitação quanto a conveniência
de a aplicar.

Na altura da lua nova não se deve drenar, e quando a Lua está cheia não se deve suplementar.
Quando a Lua está vazia até o ao fim não se podem curar doenças. Por isso, deve-se consultar o
tempo e as estações e harmonizar com eles o tratamento. De acordo com as normas do Céu, os
períodos de abundância e insuficiência influenciam as luzes celestes, determinam as suas posições e
regulam-nas e, portanto, devem ter-se em consideração esses períodos.

Assim, quando o Sol e a Lua ainda são recentes e se pratica a drenagem, isso provoca insuficiência
das vísceras. Quando a Lua está cheia e se suplementa o sangue e o vigor, estes alastrarão e
transbordarão, haverá uma obstrução de sangue dentro das veias e dir-se-á que elas estão
sobrecarregadas.

Empreender uma cura quando a Lua está completamente vazia causa desordem e confusão na
conduta regular. O Yin e o Yang entrarão em conflito (dentro do corpo) e não se poderá distinguir o
que está certo e correto do que está errado e é prejudicial. Desencadeia-se deterioração, há
insuficiência no exterior e desordem e confusão no corpo, e surgem excessos e danos.

O imperador perguntou:
- Porque devem ser tomados em consideração os planetas, as estrelas e a temperatura dos oito
fatores principais?

Ch´i Po respondeu:

- Os planetas e as estrelas devem ser tomados em consideração porque determinam o curso do Sol e
da Lua; a atmosfera dos oito principais fatores deve ser tomada em consideração porque eles se
relacionam com as insuficiências e as emanações prejudiciais dos oito ventos e, em última análise,
das estações. Entre as quatro estações pode-se distinguir entre Primavera, Outono, Inverno e Verão,
e a exalação de cada estação tem o seu lugar específico e são necessárias todas as estações para
harmonizar a exalação. Mediante a temperatura regular dos oito principais fatores podem-se evitar
as insuficiências e as emanações prejudiciais, assim como as transgressões.

Quando a fraqueza do corpo coincide com a insuficiência da exalação, as duas insuficiências


enganam-se mutuamente e a sua força penetra nos ossos e, sucessivamente, ataca as cinco vísceras.

Mas se os peritos no tratamento médico tomarem em consideração o tempo do tratamento, não


causarão qualquer dano. Diz-se: Os que não temem certas espécies de atmosfera são ignorantes.

O imperador exclamou:

- Esse método de obedecer às estrelas e aos planetas é muito excelente! Mas também estou desejoso
de ouvir falar dos métodos do passado.

Ch´i Po respondeu:

- Nos métodos do passado há uma presciência da agulha aplicada às artérias; os exames desse
tempo chegaram aos nossos dias: havia uma presciência do fato de que os dias eram frios e quentes,
de que a Lua podia estar vazia ou cheia e de que se deviam tomar em consideração a leveza e o peso
da atmosfera e o efeito da sua aglutinação com respeito ao corpo. Pela observação destes
pormenores obtém-se confirmação. Examinar o que é secreto e profundo equivale a examinar o
corpo e a exalação, mas o sangue e as essências vitais não são aparentes no exterior do corpo. Só os
peritos na arte do exame tem conhecimento da decadência ou do florescimento do corpo.

Tomam em consideração se o dia é frio ou quente e se a Lua está vazia ou cheia, consideram as
quatro estações e se a atmosfera é leve ou pesada e consideram também como estes fatores se
associam entre si, a sua fusão e harmonia.

O médico deve começar sempre por observar estas coisas, não obstante a falta de sintomas no
exterior do corpo. Por isso se diz: Deve-se investigar e examinar o que é profundo e misterioso.
Perpetrados ad infinitum, estes métodos podem ser transmitidos à posteridade, o que explica os
extraordinários modos de procedimento do médico. Em virtude de os sintomas não se revelarem
exteriormente, nem toda a gente é capaz de os ver.

Acerca dos que são capazes de ver sem necessidade de sintomas e de saborear quando não há
sabores, diz-se que utilizam profundo e misterioso conhecimento e se assemelham aos divinamente
inspirados.

Que significa ser fraco e infectado por influências maléficas? É a atmosfera dos oito fatores
principais que pode provocar fraqueza e más influências.

O que está certo e o que é prejudicial? Quando o corpo utiliza toda a sua força, a transpiração flui
livremente através dos poros abertos e encontra as minúsculas mas enfraquecedoras influências que
afetam o homem. Assim, desconhecem-se as suas circunstâncias e não se é capaz de ver a sua
forma.

O médico de categoria superior ajuda antes do primeiro desabrochar da doença. Deve começar por
examinar as três regiões do corpo e por definir a atmosfera das nove subdivisões, para que estejam
em inteira harmonia e nada possa ser destruído. Depois, então, ajuda. Por isso se chama médico de
categoria superior.

O médico de categoria inferior começa a ajudar quando a doença já se desenvolveu, ajuda quando a
destruição já se desencadeou. E como a sua ajuda chega quando a doença já está desenvolvida, diz-
se que ele é ignorante. As três divisões do corpo e as nove subdivisões contendem então entre si e a
doença será destrutiva.

Quando se sabe a localização da doença, sabe-se, através do exame, que as doenças das três regiões
do corpo e as nove subdivisões estão localizadas dentro do pulso e pode-se assim tratá-las e curá-
las. Diz-se, por isso, que se deve estar atento às portas do pulso. Ignorar estas circunstâncias é ver
aparências enganosas.

O imperador perguntou:

- Gostaria de ser elucidado acerca do que acontece quando a suplementação e a drenagem não
atingem o seu objetivo.

Ch´i Po respondeu:

- Para drenar deve-se usar fang, o estado ou método certo. Fang significa que se deve drenar quando
as condições atmosféricas são favoráveis, que se deve aplicar esse método quando a Lua está cheia,
quando o dia está quente e quando o corpo se encontra em ordem. Deve-se aplicá-lo quando a
respiração está a ser inalada. Insere-se então a agulha e repete-se quando a respiração é de novo
inalada. Mas deve-se girar a agulha, procedimento que se repete quando a respiração está a ser
exalada. Depois retira-se lentamente.

Diz-se, portanto: A fim de drenar, deve-se usar fang, o estado adequado, em relação à respiração e
ao seu procedimento. A fim de suplementar, deve-se usar yüan, arredondar. Que é este arredondar?
Refere-se ao procedimento, e este procedimento significa transmitir e substituir.

Para picar deve-se penetrar repetidamente na corrente sanguínea; utiliza-se o momento da inalação
para empurrar a agulha. Assim fang, o estado adequado, e yüan, o arredondamento, dizem-nos
quando não se deve aplicar a agulha. Deste modo, para nutrir e cuidar do espírito e da mente, deve-
se ter consciência das aparências do corpo: se é gordo ou magro e se o sangue, as essências vitais, a
constituição e a exalação estão saudáveis ou em deterioração. A constituição e a exalação
determinam o espírito e a energia do homem e não se deve descuidar a sua nutrição e o seu cuidado.

O imperador exclamou:

- Que extraordinário raciocínio! Por de harmonia o corpo do homem com o Yin e o Yang, os dois
princípios da Natureza, assim como com as quatro estações. Quem, se não o mestre, poderia
interpretar assim os seus ecos de insuficiência e repleção, a sua reação às mais sutis influências? No
entanto, distingue e descreve o corpo e o espírito. Que significa hsing, o corpo, e que significa shen,
o espírito? Desejo que explique tudo.

Ch´i Po redarguiu:

- Permita que discuta hsing, o corpo. Que é o corpo? Considera-se o corpo como contendo o que é
sutil e minúsculo e atribui-lhe a responsabilidade pelas sus doenças, para cuja descoberta ele é
investigado. Examinando-o e ponderando acerca da sua conduta regular, muito se torna aparente;
mas colocar a mão defronte dele não revela os fatos do caso. Portanto, chama-se hsing ao corpo, a
aparência física.

O imperador perguntou:

- E que significa shen, o espírito?

Ch´i Po respondeu:

- Permita que discuta shen, o espírito. O que e o espírito? O espirito não pode ser escutado com o
ouvido. O olho deve ser brilhante de percepção e o coração deve ser aberto e atento para que o
espírito se revele subitamente através da própria consciência de cada um. Não se pode exprimir pela
boca; só o coração sabe exprimir tudo quanto pode ser observado. Se se presta muita atenção, pode-
se ficar a saber subitamente, mas também se pode perder de repente este saber. Mas shen, o espírito,
torna-se claro para o homem como se o vento tivesse varrido as nuvens. Por isso se fala dele como
do espirito.

As três seções do corpo e as nove subdivisões são os elementos primitivos. O tratado das nove
agulhas por si só não é suficiente.

Tratado Sobre a Separação e o Encontro do Que é Benéfico e do Que é Prejudicial

O Imperador Amarelo perguntou:

- Sei que há nove agulhas e nove tratados e daí tê-lo ouvido mencionar estes nove. Mas nove vezes
nove são oitenta e um tratados e eu desejo compreender minuciosamente o significado de todos
eles.

A regra invariável diz: “A exalação torna-se abundante e diminui, é para a esquerda e para a direita
e é mudada e substituída. O que está em cima mistura-se com o que está em baixo, e o que está à
esquerda harmoniza-se com o que está à direita. Se há um excesso ou uma insuficiência,
suplementa-se ou drena-se, conforme for desejável para o sangue.” Estou ao corrente de tudo isso.
O sangue e as substâncias vitais são substituídos quando surgem insuficiências e pletora, e as
influências nocivas não podem entrar nas artérias, vindas do exterior.

Mas desejo saber o seguinte: quando as influências nocivas estão dentro das artérias, como se pode
tirar a doença das pessoas?

Ch´i Po respondeu:

- Os cálculos correspondem necessariamente ao Céu e à Terra. Assim, o Céu tem as normas e as


constelações, a Terra tem a lei das principais artérias de água e o homem tem o sistema vascular.

Quando o Céu e a Terra estão quentes e brandos, as principais artérias de água estão tranquilas e
pacíficas. Quando o Céu está frio e a Terra gelada, as principais artérias de água estão rígidas e
geladas. Quando o Céu está muito quente e a Terra está aquecida, as artérias de água fervem.
Quando sopra, de súbito, um vento forte e escaldante, as artérias de água apresentam ondas altas,
fluem rapidamente e sobem. As influências maléficas podem entrar no pulso. Quando há frio, o
sangue congela; quando há calor, a respiração torna-se suave e branda. Em virtude de insuficiência
e mal, pode entrar matéria estranha no pulso, do mesmo modo que o vento pode afetar as artérias de
água. O melhor movimento do pulso é o constante e regular. Além disso, há ocasiões em que uma
excitação afeta o pulso, que não deve por isso deixar de ser ordenado e metódico.

O pulso “polegada” estende-se para o centro da mão. Umas vezes é grande e outras pequeno. É
mais nocivo quando é grande; pequeno, é regular e saudável. Mas o seu comportamento não está
permanentemente ajustado.

Com referência aos elementos de Yin e aos de Yang não é possível aplicar medidas. Observam-se,
por isso, as três seções do corpo e as nove subdivisões, em busca de súbitas ocorrências e
interrupções anteriores do seu curso. Deve-se inserir a agulha no momento da inalação. Não se deve
permitir que a respiração contenda com a agulha. Quando se insere a agulha, deve-se deixá-la
repousar um momento, durante o qual a respiração do paciente deve ser calma. Não se deve permitir
que penetrem no corpo influências maléficas. Enquanto o paciente ainda está a inalar, deve-se dar
uma pequena volta à agulha. Esta deve ser retirada no momento da exalação, mas não bruscamente;
quando a respiração está completamente exalada, deve-se retirar a agulha. A este procedimento
chama-se “drenagem”.

O imperador perguntou:

- Que se deve fazer quando a suplementação é insuficiente?


Ch´i Po respondeu:

- Deve-se palpar com a mão e traçar o sistema do corpo. Devem-se interromper as insuficiências e
distribui-las regularmente, aplicar ligaduras e massagens. Deve-se atacar a parte doente e permitir
que inche, extraí-la e permitir que abrande, distribuí-la e dominar o mal.

No exterior deve-se tratar das aberturas deixadas pela agulha, para que fechem e o espírito
permaneça no interior. Quando toda a respiração se esgota na exalação, deve-se inserir a agulha e
esperar algum tempo até o paciente ter de inalar, como se esperássemos um acontecimento
importante, alheios ao dia e à noite. Quando a respiração se esgota por completo n exalação, deve-
se mover a agulha, mas com grande cuidado e cautela.

Se, no momento da inalação, a agulha é retirada, a essência não pode deixar o corpo e fica tudo no
seu lugar conveniente. Deste modo fecham-se as portas do corpo e faz-se com que o espírito e a
essência se conservem no interior. A retenção de uma grande quantidade de vigor chama-se
“suplementar”.

O imperador perguntou:

- Que papel desempenham as subdivisões e a respiração?

Ch´i Po respondeu:

- As influências maléficas são removidas das veias (vasos lo) e entram nas artérias, de onde são
libertadas para o sangue dentro do pulso.

Quando o frio e o calor, ou seja, a temperatura do corpo, não estão de acordo mútuo, como a subida
de ondas fervilhantes que umas vezes fluem e outros refluem, então a temperatura normal do corpo
não se pode manter.

Por isso, diz-se: Quando uma onda de temperatura chega, devemos dominá-la e interromper uma
súbita mudança de temperatura, e devemos aplicar a drenagem sem obstrução d artéria principal.
Uma respiração vigorosa é uma respiração normal. Por isso se diz: Se a respiração normal
enfraquece muito, não se deve obstruir a tendência das ondas que chegam.

Assim, quando não se reconhece respiração maléfica deixa-se passar a respiração normal. Se então
se cura a doença por drenagem, a constituição vigorosa enfraquece sem ser suplementada; o mal
entrará de novo no corpo do paciente e a doença primitiva se agravará.

Por isso, diz-se: Se a partida das influências maléficas não pode ser instantânea e definitiva, a
doença pode agravar-se, como se mencionou atrás.

Não é possível suspender nada de um cabelo; assim, deve-se tratar o mal até o momento em que
esteja completamente esgotado e tenha sido retirado por meio de drenagem. Seja cedo ou seja tarde,
o sangue e o vigor ficam então totalmente libertos da doença, que não pode desencadear-se.
Por isso, diz-se: Os que conhecem a oportunidade certa e a maneira certa não utilizam um cabelo
para pendurar nada, mas os ignorantes da oportunidade certa podem brandir um martelo e a doença
não sairá. É este o significado.

O imperador perguntou:

- Quando são indicados a suplementação e a drenagem?

Ch´i Po respondeu:

- A fim de atacar o mal, a doença tem de ser manifesta para poder ser expelida. Então o sangue
torna-se forte e restabelece-se a temperatura normal.

Se essa doença é hospede recente do corpo e abundante, ainda não tem morada fixa e, para a
expulsar, usa-se a frente e, para a retirar, fazem-se parar as forças rebeldes aplicando a acupuntura
ao sangue morno. Quando a acupuntura faz aparecer o sangue, a doença pode ser identificada e
liquidada.

O imperador exclamou:

- Excelente! – E acrescentou: – No entanto, quando o normal e o maléfico existem lado a lado, a


temperatura não sobe em ondas?

Ch´i Po respondeu:

- Examinam-se, palpando com a mão, as três seções do corpo e as nove subdivisões, a fim de se
determinar se há superabundância ou insuficiência, e colocam-se de harmonia.

Examina-se o lado esquerdo do doente, e depois o lado direto e depois as partes superior e inferior
do seu corpo, em busca de qualquer deficiência ou qualquer redução visíveis. A fim de examinar
doenças das vísceras determina-se a sua respiração e aplica-se acupuntura.

Não conhecer as três seções do corpo equivale a não discriminar entre Yin e Yang e não distinguir
entre Céu e Terra. A Terra tem o clima da Terra e o Céu tem o clima do Céu. O homem harmoniza
estes climas dentro das suas entranhas por meio do padrão fixo das três regiões do corpo.

Por isso, diz-se: O médico que aplica acupuntura sem conhecimento das três regiões do corpo e das
nove subdivisões, mesmo quando a doença está localizada dentro do pulso, comete um erro grave
que atingirá proporções extremas, pois o médico não pode ser proibido de praticar a arte.

Se, por exemplo, m imperador castigasse o seu povo embora este no tivesse cometido qualquer
transgressão, chamar-se-ia a isso uma falta grave; se um médico inverte e perturba o estado natural
de um corpo, a saúde nunca mais pode ser recuperada. Os que empregam plenitude a fim de criar
vazio, aqueles que empregam mal a fim de provocar normalidade e aqueles que utilizam a agulha
sem conhecerem a maneira certa, tais médicos só provocarão uma reação adversa e agredirão a
saúde normal do doente. Em vez de provocarem flexibilidade provocarão resistência. O sangue e as
substâncias vitais dispersar-se-ão, a constituição normal perder-se-á por completo e só as
influências maléficas reinarão dentro do corpo. Isto interromperá a longa vida do homem e causará
uma tragédia ao doente. Finalmente, os que não conhecem as três regiões do corpo e as nove
subdivisões não poderão praticar medicina durante muito tempo.

Portanto, não conhecer e combinar as quatro estações e os cinco elementos aumenta a luta entre uns
e outros, liberta s forças maléficas e agride o estado normal, cortando assim a longa vida do homem.

Quando o mal é hospede recente do corpo ainda não tem morada fixa e pode ser expulso. Para que
tal se consiga há que trazê-lo a descoberto, para que se possa enfrentá-lo e detê-lo. E então, por
meio de drenagem, a doença é terminada imediatamente.

Discussão Minuciosa Acerca do Oco e do Sólido, da Repleção e da Insuficiência do Corpo

O Imperador Amarelo perguntou:

- O que significa repleção e vazio?

Ch´i Po respondeu:

- Quando as influências prejudiciais são abundantes, pode-se falar de repleção; quando as essências
estão diminuídas, pode-se falar de vazio.

O imperador perguntou:

- Que que se pode fazer no tocante ao vazio e à repleção?

Ch´i Po respondeu:

- Quando a respiração é deficiente, os pulmões estão vazios; quando a respiração é insubmissa, os


pés estão frios. Se isto não acontece ao mesmo tempo, o paciente viverá; se acontece ao mesmo
tempo, o paciente morrerá. Todas as restantes vísceras funcionam semelhantemente.

O imperador perguntou:

- Que significa duplamente cheio?

Ch´i Po respondeu:

- A chamada repleção dupla é descrita como grandes febres, vapores quentes e pulso cheio. A todos
estes fenômenos chama-se repleção dupla.

O imperador perguntou:
- Quando as artérias e as veias estão todas demasiado cheias, que se pode fazer? Podem ser tratadas
e curadas?

Ch´i Po respondeu:

- Quando as artérias e as veias estão cheias, o pulso “polegada” torna-se acelerado e apressado e o
pulso “cúbito” torna-se atrasado. Tudo isso deve ser tratado. Por isso, diz-se: Quando o pulso está
suave, então está complacente; quando está violento e irregular, então está em desordem. Daí que a
repleção e o vazio devam ser distribuídos em conformidade com a forma primitiva de cada
categoria: assim as cinco vísceras, os ossos e a carne funcionarão suavemente e com proveito e
vontade durarão muito tempo.

O imperador perguntou:

- Que se pode fazer quando o vigor das veias é insuficiente e o vigor das artérias é excessivo?

Ch´i Po respondeu:

- Que acontece quando o vigor das veias é insuficiente e o vigor das artérias excessivo? A boca do
pulso está quente, enquanto o pulso “cúbito” está frio. O Outono e o Inverno trazem consigo
transtornos, enquanto na Primavera e no Verão há ordem. Tudo isto influencia e controla as
doenças.

O imperador quis saber:

- Que se pode fazer quando as artérias estão vazias e as veias estão cheias?

Ch´i Po respondeu:

- Quando as artéria estão vazias e as veias estão cheias, o pulso “cúbito” está quente e cheio e a
boca do pulso está fria e irregular. A morte ocorrerá durante a Primavera e o Verão e a vida
continuará durante o Outono e o Inverno.

O imperador perguntou:

- Como se pode tratar tudo isso?

Ch´i Po respondeu:

- Quando as veias estão cheias e as artérias estão vazias, aplica-se cauterização com moxa arder nas
regiões do Yin e aplica-se a agulha de acupuntura nas regiões do Yang. Quando as artérias estão
cheias e as veias vazias, aplica-se a agulha de acupuntura nas regiões do Yin e cauteriza-se com
moxa a arder nas regiões do Yang.

O imperador perguntou:
- Que significa duplamente vazio?

Ch´i Po respondeu:

- Quando a constituição, ou o vigor do pulso, das regiões superiores do corpo está carecida e o pulso
“cúbito” está carecido, chama-se a isso vazio duplo.

O imperador perguntou:

- Como se pode curar?

Ch´i Po respondeu:

- A chamada insuficiência de vigor denota um estado irregular. O vazio do pulso “cúbito” origina
uma insuficiência do movimento do pulso. A insuficiência do pulso não se torna aparente nas
regiões do Yin, e a norma é a seguinte: Quando o pulso está suave, significa vida; quando o pulso
está agitado e irregular, significa morte.

O imperador perguntou:

- Quando a respiração está gelada e as regiões superiores do corpo estão ressequidas e o pulso é
cheio e sólido, que acontece?

Ch´i Po respondeu:

- Repleção e suavidade significam vida, mas repleção e desordem significam morte.

O imperador perguntou:

- Quando o pulso está cheio e completo e as mãos e os pés estão gelados e a cabeça está quente, que
se pode fazer?

Ch´i Po respondeu:

- Isso significa que a Primavera e o Outono trarão vida, enquanto o Inverno e o Verão trarão morte.
Quando o pulso é excessivo, áspero e irregular e quando o corpo todo está quente, isso significa
morte.

O imperador disse:

- Quando o fenômeno do pulso está inteiramente completo e o pulso é rápido e de grande firmeza,
mas o pulso “cúbito” é agitado e irregular e não como deveria ser ou similar, então a ordem e a
conformidade significam vida, enquanto a desordem e a rebelião significam morte.

E o imperador acrescentou:
- Como se deve entender o ditado: Ordem significa vida e desordem significa morte?

Ch´i Po respondeu:

- A chamada ordem significa que mãos e pés estão quentes; a chamada desordem significa que mãos
e pés estão frios.

O imperador perguntou:

- Quando uma criança de colo tem uma doença com febre e os movimentos do pulso se suspendem
e diminuem, qual é o resultado?

Ch´i Po respondeu:

- Se mãos e pés estão quentes, isso significa vida; se estão frios, significa morte.

O imperador perguntou:

- Quando uma criança de colo tem um “ vento dentro” e febre e a respiração é agitada e sibilante
quando a criança repousa os ombros, qual é o estado do pulso?

Ch´i Po respondeu:

- Quando há respiração agitada e sibilante quando os ombros descansam, o pulso é grande e cheio.
Quando é lento, significa vida; quando é rápido, significa morte.

O imperador perguntou:

- Quando, ao limparem-se os intestinos e aliviar a natureza, aparece sangue, que significa?

Ch´i Po respondeu:

- Quando o corpo está quente e febril, significa morte; quando o corpo está fresco, significa vida.

O imperador perguntou:

- Quando a limpeza dos intestinos, ao descer, traz espuma branca, que significa?

Ch´i Po respondeu:

- Quando o pulso é profundo, significa vida; quando o pulso é superficial, significa morte.

O imperador perguntou:

- Quando a limpeza dos intestinos, ao descer, traz pus sanguinolento, que significa?
Ch´i Po respondeu:

- Quando o pulso está suspenso e interrompido, significa morte; quando é grande e suave, significa
vida.

O imperador perguntou:

- Que acontece quando, em relação com a limpeza dos intestinos, o corpo não está quente e o pulso
não está suspenso e interrompido?

Ch´i Po respondeu:

- Quando o pulso é grande e suave, significa vida; quando é suspenso e agitado, significa morte. E
também se deve ter em conta a estação de cada uma das cinco vísceras.

O imperador perguntou:

- Que se pode fazer quando o pulso é insuficiente ou demasiado cheio e quando se verificam
ataques e demência?

Ch´i Po respondeu:

- Quando o pulso está carecido, a doença pode ser curada; quando o pulso é demasiado cheio,
ocorre a morte.

O imperador perguntou:

- Se existe uma doença digestiva (de dissipação e exaustão), que se pode fazer quando o pulso é
insuficiente ou quando é demasiado cheio?

Ch´i Po respondeu:

- Quando o pulso é chio e largo, uma doença crônica pode-se curar; quando o pulso é suspenso,
pequeno e dura, uma doença crônica não se pode curar.

O imperador perguntou:

- Como se podem conhecer s leis do corpo, as leis dos ossos, as leis do pulso e as leis das
extremidades? – E acrescentou: – Durante o apogeu da Primavera, devia-se tratar veias e artérias;
durante o apogeu do Verão, devia-se tratar as artérias principais; durante o apogeu do Outono,
devia-se tratar os seis intestinos. No Inverno, porém, está tudo fechado e parado, e como está tudo
fechado devia-se usar remédios e só recorrer à acupuntura parcimoniosamente. Mas o chamado uso
parcimonioso da acupuntura não se refere ao tratamento de úlceras e abcessos profundos, pois não
se de permitir que úlceras e abcessos reapareçam pouco tempo depois.
Quando uma úlcera se desenvolve sem sabermos a sua localização exata dentro do corpo, e quando
o médico a examina com as mãos, não consegue obter nenhum resultado, pois às vezes é possível
palpar subitamente a úlcera e outras vezes ela desaparece também subitamente. Quando o médico
aplica acupuntura a um paciente que padece de úlcera, pica a mão três vezes na região do Yin maior,
e pica na parte da “Luz Solar” do pé que apresenta uma equimose ou uma contusão, e pica também
no yin mo. Pica duas vezes cada uma das partes.

Quando o fenômeno da úlcera torna o antebraço muito quente, o médico pica três vezes a região do
Yin Menor do pé. E se mesmo assim o calor não diminui, deve picar três vezes a região da palma da
mão e também três vezes a região do Yin Maior da mão e das artérias e veias entre o ombro e as
costas.

Quando ocorrem úlceras graves os músculos tornam-se moles e a dor sente-se em toda a parte, a
transpiração é incessante e a força da bexiga insuficiente. Então o médico deve tratar a parte das
artérias que está escondida dos olhos.

Quando o estômago do paciente causa uma sensação de estar cheio e não pode ser comprimido com
a mão, deve-se pegar na mão do doente e tratá-la na região do Yang Maior, porque as artérias e as
veias do Yang Maior estão relacionadas com o interior do estômago.

Quando a úlcera ocorre na parte do Yin Menor que fica 7,5 cm abaixo da espinha, o médico cura-a
picando essa região cinco vezes com a extremidade redonda da agulha.

Quando um paciente sofre de um transtorno rápido (cólera), o médico cura-o na mesma parte atrás
mencionada. Usando o mesmo instrumento cinco vezes; e ao mesmo tempo também trata picando
três vezes na região da “Luz Solar” dentro do pé e na parte superior da região do Yin Menor.

Quando um paciente sofre de ataques e sustos súbitos, o médico trata-lhe o pulso cinco vezes e ao
mesmo tempo deve-lhe picar cinco vezes cada mão na região do Yin Maior. Também deve picar
cinco vezes as artérias das mãos na região do Yin Maior, assim como na região do Yin Menor, deve
picar uma vez a artérias e as veias e também uma vez a região da “Luz Solar” no pé, e finalmente
deve picar três vezes a parte que fica 12,5 cm acima do tornozelo.

Geralmente, podem-se curar doenças digestivas, ataques, próstata em decadência, paralisia de um


lado, impotência e a repleção de vigor que dá origem a transtornos. Quando estas doenças atacam
pessoas ricas, são moléstias causadas por alimentação rica. Quando há divisões, obstruções,
encerramentos e cortes e o movimento cessa em cima e em baixo, então há doenças ocasionadas por
tensão violenta.

Surdez de um lado, obstruções e encerramento e falta de movimento fazem com que o vigor interno
aqueça e enfraqueça. Distúrbios do interior, do exterior e do meio são doenças causadas pelo vento.
Por isso, manifestam-se por um prolongado estado de emaciação. Manqueira e solas dos pés frios
são doenças causadas por vento e umidade.

O imperador acrescentou:
- Quando úlcera amarela se torna violentamente dolorosa, o paciente tem taques, delira e acaba por
se comportar contrariamente ao que é natural. Então as cinco vísceras não estão saudáveis, os seis
órgãos ocos estão fechados e vedados ao que se produz, a cabeça dói, o ouvido ouve sons e os nove
orifícios não funcionam beneficamente com o que é produzido pelo estômago e pelos intestinos.

Tratado Sobre a Região do Yin Maior e a Região da Luz Solar

O Imperador Amarelo disse:

- O Yin Maior e a “Luz Solar” estão relacionados com a reação do pulso do baço e do pulso do
estômago. Que acontece quando surge uma doença e este sistema se modifica?

Ch´i Po respondeu:

- O Yin e o Yang tem uma posição diferente, que se modifica em relação à deficiência e à repleção e
ao distúrbio e à conformidade. Quer correspondam ao interior, quer correspondam ao exterior, esta
relação não é a mesma. Portanto, as doenças de qualquer destas fontes tem designações diferentes.

O imperador declarou:

- Gostaria de ser informado acerca da diferença dos sintomas.

Ch´i Po respondeu:

- O Yang está relacionado com a atmosfera celeste e controla o exterior; o Yin está relacionado com
o clima da Terra e controla o interior. Assim, o modo do Yang é repleção e o modo do Yin é vazio.
Rebelar-se e cometer transgressões contra o vento provocará fraqueza e sofrimento resultantes de
más influências. Isso causa sofrimento ao elemento de Yang. Comer e beber sem moderação e
levantar-se e deitar-se a horas irregulares, causa sofrimento ao elemento de Yin. Quando o elemento
de Yang sofre, então os seis intestinos são afetados. Quando o elemento de Yin sofre, então as cinco
vísceras são afetadas.

Quando os seis órgãos ocos são afetados, o calor do corpo é irregular e mesmo estar deitado causa
dores, no momento da exalação, na parte superior do corpo. Quando as cinco vísceras estão cheias e
atestadas, a descida fica bloqueada e fechada, o que faz com que a comida se derrame na parte
inferior do corpo. Se esta situação se prolonga, os intestinos ficam esgotados.

A garganta está relacionada com a atmosfera celeste e as obstruções relacionam-se com o clima da
Terra; assim, o Yang sofre por via do vento, enquanto o Yin sofre por via do ar úmido.

A influência do Yin começa no pé e subindo chega à cabeça, enquanto descendo segue o braço até o
começo dos dedos. A influência do Yang começa na mão e subindo chega à cabeça, enquanto
descendo chega ao pé.

Destarte, uma doença do elemento Yang sobe até chegar à altura máxima e depois desce, enquanto
uma doença do elemento Yin desce até chegar ao ponto mais baixo e depois sobe. Por isso, uma
doença adquirida por via do vento começará por, quando contraída, e uma doença adquirida por via
da umidade começará por descer, quando contraída.

O imperador disse:

- Quando o baço está doente, as quatro extremidades não se podem usar. Como sucede isso?

Ch´i Po respondeu:

- As quatro extremidades estão estreitamente relacionadas com o estômago, mas não podem
comunicar diretamente com ele. O baço é um fator essencial e cria a ligação. Por isso, quando o
baço está doente e não pode fazer com que o estômago produza secreções e os quatro membros não
recebem alimentos através do vigor da água e do cereal. O vigor deteriora-se diariamente, o
funcionamento do pulso não é vantajoso e os músculos, os osso e a carne não tem o vigor
necessário à vida e, portanto, não podem ser usados.

O imperador perguntou:

- Como se explica que o baço não controle uma estação?

Ch´i Po respondeu:

- O baço corresponde à Terra. Regula o centro, que é constante. Isto serve para prolongar as quatro
estações. A cada uma das vísceras estão confiados dezoito dias de regulação, mas elas não devem
controlar sozinhas as estações. O baço, uma das vísceras, manifesta-se constantemente na essência
do estômago e do solo.

Tudo quanto existe na Criação é produzido pelo solo e depois governado pelo Céu e pela Terra.
Assim, a parte cima e a parte de baixo, a cabeça e o pé, não podem ser diretamente influenciados
pela temperatura das quatro estações.

O imperador disse:

- O baço e o estômago tem uma membrana fina que os une. Qual deles tem a faculdade de motivar a
conduta das secreções fluidas?

Ch´i Po respondeu:

- O Yin Maior do pé está relacionado com os três Yin. A sua comunicação por via do estômago está
sujeita ao baço e relacionada com a garganta. Assim, é o Yin Maior que origina a comunicação das
três partes do Yin. A região da “Luz Solar” do estômago é a parte exterior do baço.
As cinco vísceras e os seis órgãos ocos são como um oceano. Também servem para transportar
vigor às três regiões do Yang. As vísceras e os órgãos ocos, dependentes de sua comunicação direta,
recebem vigor da região da “Luz Solar” e fazem, assim, com que o estômago transporte as suas
secreções fluidas.

Quando os quatro membros não recebem vigor e alimento (água e cereal), há deterioração diária
crescente. O princípio do Yin não funciona beneficamente; o músculos, os ossos e a carne não tem o
vigor necessário à vida e, por isso, os quatro membros não podem ser usados.

Tratado Sobre a Distribuição do Pulso da “Luz Solar”

O Imperador Amarelo perguntou:

- Se o pulso da “Luz Solar” dentro do pé está doente, o homem é prejudicado pelo fogo e assusta-se
quando ouve o som da madeira. Mas embora o som da madeira o assuste, o de sinos e tambores não
o excita. Como se explica então que o paciente se assuste quando ouve o som da madeira?

Ch´i Po respondeu:

- O pulso da “Luz Solar” é o pulso do estômago, cujo elemento é a terra. Assim, quando uma pessoa
se assusta ao ouvir o som da madeira, a terra feriu a madeira.

O imperador exclamou:

- Excelente! – e perguntou: – E a respeito de fogo prejudicial?

- A região da “Luz Solar” está em estreita ligação com o pulso da carne. Se dentro do vigor do
sangue reside mal, há calor. Quando o calor é grande, então há fogo prejudicial.

O imperador perguntou:

- Como prejudica o homem?

Ch´i Po respondeu:

- Se a região da “Luz Solar” é insuficiente, há ofegação e angústia. Quando há angústia, é


prejudicial ao homem.

O imperador disse:

- Pergunto a mim mesmo se a ofegação resulta em morte ou se resulta em vida.


Ch´i Po respondeu:

- Quando há deficiências e obstruções na circulação entre as vísceras, ocorre a morte. Quando a


circulação não é obstruída, vive-se.

O imperador exclamou:

- Excelente! – E perguntou: -Quando a doença é grave, devem-se afastar as roupas e caminhar, e


deve-se subir às alturas e entoar canções, ou é melhor jejuar durante um dia? E aqueles que
transpõem uma parede ou vivem nas alturas são incapazes de manter a sua constituição original e a
doença pode voltar a atacá-los?

Ch´i Po respondeu:

- Todos os quatro membros provêm do elemento de Yang. Quando o Yang está forte, os quatro
membros estão num estado de suficiência, e quando exite este estado de suficiência pode-se subir às
alturas.

O imperador perguntou:

- Devem-se afastar as roupas?

Ch´i Po respondeu:

- Quando o calor é suficiente para o corpo, as roupas podem ser afastadas, se a pessoa tenciona
caminhar.

O imperador perguntou:

- Que pode dizer acerca daquelas pessoas que mentem, e ralham, e praguejam, e não hesitam em
tratar os seus parentes com arrogância, mas apesar de tudo entoam canções?

Ch´i Po respondeu:

- Quando o elemento de Yang é abundante, leva o homem a mentir; o homem não hesita em tratar
os seus parentes com arrogância e perde o apetite à comida. Como perde o apetite à comida, as suas
ações tornam-se rebeldes e desordenadas.

Tratado sobre a doença quente

O Imperador Amarelo perguntou:


- O que é a doença quente? Pertence à categoria dos “males causados pelo frio” (febre tifoide).
Estes males ou se curam ou sobrevém a morte. A morte ocorre sempre num período de seis ou sete
dias, enquanto as melhoras levam dez dias. Podem levar mais? Não conheço a explicação e desejo
saber em que tudo se baseia.

Ch´i Po respondeu:

- O Yang Maior é tudo quanto está relacionado com o Yang. O seu pulso está relacionado com o
armazém do vento e, por isso, faz com que todo o Yang esteja relacionado com a força da vida.

- Quando o homem é prejudicado pelo frio (padece de uma febre gástrica?), então ocorre uma
doença com febre. Mas embora a febre seja grande não sobrevém a morte. Quando tanto as vísceras
como os intestinos são afetados pelo frio e adoecem, a morte não se pode evitar.

O imperador declarou:

- Gostaria de ser informado da sua aparência.

Ch´i Po respondeu:

- No primeiro dia, o “mal do frio” é recebido pela região do Yang Maior. Portanto, a cabeça e o
pescoço doem e a cintura e as costas tornam-se rígidas. No segundo dia, a região da “Luz Solar”
controla a carne e o seu pulso apoia o nariz e está relacionado com os olhos. Assim, o corpo fica
febril, os olhos doem, o nariz seca e o paciente não consegue descansar. No terceiro dia, a região do
Yang Menor recebe a doença. A região do Yang Menor controla a vesícula biliar e o seu pulso
acompanha os flancos e está relacionado com os ouvidos. Assim, as costelas e o peito ficam
doloridos e o ouvido ensurdece. Nesta altura, as três regiões do Yang, as artérias e as veias
receberam a doença, mas como ela ainda não penetrou nas vísceras a pessoa pode produzir
transpiração e por-lhe fim. No quarto dia, a região do Yin Maior recebe a doença. A região do Yin
Maior recebe a doença. A região do Yin Maior conduz ao interior do estômago e está relacionada
com a garganta, e assim o estômago fica repleto e a garganta torna-se seca. No quinto dia, a região
do Yin Menor recebe a doença. O pulso da região do Yin Menor penetra nos rins e está relacionado
com os pulmões e também com a raiz da língua. Assim, a boca fica seca e a língua ressequida e
sequiosa. No sexto dia, a região do Yin Absoluto recebe a doença. O pulso da região do Yin
Absoluto passa através dos órgãos do sexo e está relacionado com o fígado, daí resultando uma
sensação de repleção e o encolher do escroto. Nesta altura, as três regiões do Yin e as três regiões do
Yang, as cinco vísceras e os seis intestinos, todas elas receberam a doença e o sangue e as
substâncias vitais já não circulam pelas cinco vísceras. A morte sobrevém.

Quando as vísceras e os intestinos não estão ambos afetados pelo frio, a doença do Yang Maior
melhora um pouco no sétimo dia e as dores de cabeça diminuem. No oitavo dia a “Luz Solar”
melhora e o corpo torna-se menos quente. No nono dia, o Yang Menor melhora e os ouvidos
tornam-se menos surdos e o doente pode ouvir um pouco. No décimo dia o Yin Maior melhora, o
inchaço do estômago reduz-se e o doente pensa em comida e bebida como antes costumava pensar.
No undécimo dia, a região do Yin Menor melhora, a sede e a secura da língua cessam e surgem
espirros. No duodécimo dia o Yin Absoluto melhora, o escroto deixa de estar contraído, o inchaço
do estômago diminui e todos os grandes vapores maléficos desaparecem, e passado um dia a doença
melhorou.

O imperador perguntou:

- Que se pode fazer quanto a tratamento?

Ch´i Po respondeu:

- O método de curar o “mal do frio” é estabelecer comunicação entre o sistema das vísceras e o
sistema vascular, e então a doença enfraquecerá dia a dia. Quando o paciente está doente há menos
de três dias, pode-se provocar transpiração e por assim termo à doença. E é tudo. Quando o paciente
está doente há mais de três dias, pode-se provocar dispersão abdominal.

O imperador perguntou:

- Quando uma doença quente chega ao fim e se cura, porque subsistem, por vezes, alguns elementos
de doença?

Ch´i Po respondeu:

- Todos os restos de doença que subsistem resultam de se ter obrigado o doente a comer de mais
quando a febre estava alta. Isso significa que a doença bateu em retirada, mas a febre continua
dentro do corpo porque as energias dos alimentos se atacam entre si e os dois elementos do calor se
unem, de modo que a febre persiste.

O imperador perguntou:

- Mas como se pode curar a doença dos restos de doença?

Ch´i Po respondeu:

- Podemos curá-la determinando a sua repleção e deficiência e harmonizando a sua oposição e


atração.

O imperador perguntou:

- Como se pode detectar e evitar a doença do calor?

Ch´i Po respondeu:

- Quando a doença do calor mostra poucas melhoras e quando o paciente come carne, haverá uma
recaída; quando o paciente come demasiado, haverá restos de doença. Este conhecimento é a
prevenção da doença.

O imperador disse:
- Quando a doença é causada pelo frio, tanto o interior como o exterior da região do Yang Maior e
da região do Yin Menor são afetados no primeiro dia da doença; então haverá dores de cabeça e a
boca sentir-se-á seca e muito desconfortável. No segundo dia da doença, as regiões da “Luz Solar” e
do Yin Maior são afetados; então sente-se o estômago cheio e o corpo quente e o paciente não quer
comer e delira. No terceiro dia da doença, as regiões do Yang Menor e do Yin Absoluto são
afetadas; então o ouvido ensurdece e o escroto mirra e torna-se deficiente, água e caldo não
conseguem entrar, o paciente não reconhece as pessoas e no sexto dia morre.

O imperador prosseguiu:

- Quando as cinco víscera estão atingidas e não há circulação dentro dos seis intestinos, e quando o
sangue e as substâncias vitais não atuam, como pode o paciente resistir assim três dias e só então
morrer?

Ch´i Po respondeu:

- A “Luz Solar” é o principal de doze vasos principais. O vigor sanguíneo do paciente ainda é forte e
por isso ele pode viver, mas não reconhece ninguém. Três dias depois esse vigor está exaurido e ele
morrerá.

Em geral, estes pacientes que sofrem de um “mal do frio” resistem. Os que adoecem antes do
solstício do Verão tem a doença quente; os que adoecem depois do solstício de Verão tem a doença
mais quente que o normal. O calor deve ser tratado com transpiração, de modo que tudo seja
emitido sem coagular.

Tratado sobre o método de aplicar a Acupuntura à Doença do Calor

Quando a doença do calor (doença quente) está localizada no fígado, ao princípio a urina torna-se
amarela, quando há dores de estômago e o paciente que deitar-se e seu corpo torna-se febril. Os
elementos do calor digladiam-se dentro do corpo e provocam delírio e sobressaltos súbitos durante
o sono. As costelas e os flancos ficam cheios de dor, mãos e pés não sossegam e o paciente não
pode estar deitado em paz.

Quando a região das bases celestes keng hsin está pesada, a região das bases celestes chia i produz
transpiração abundante; quando a respiração na região das bases celestes keng hsin está
desordenada, provoca a morte.
Deve-se aplicar acupuntura no pé na região do Yin Absoluto e do Yang Menor. Quando se procede
contrariamente a isto seguem-se tonturas e o pulso move-se pesadamente dentro da cabeça.

Quando a doença do calor está localizada no coração, não há alegria; após vários dias surge a febre.
Quando os elementos do calor se digladiam dentro do corpo, causam dores súbitas no coração,
perturbações ocultas, vômitos perigosos, dores de cabeça, avermelhamento da pele e falta de
transpiração.

Quando a região das bases celestes jen kuei está pesada, a região do ping ting produz muita
transpiração. Quando a respiração está desordenada, a região do jen kuei provoca a morte. Nessas
circunstâncias, deve-se aplicar acupuntura no pé nas regiões do Yin Menor e do Yang Maior.

Quando o baço tem a doença do calor, ao princípio a cabeça torna-se pesada, as faces doem e o
coração sente-se angustiado. A pele fica verde, há vontade de vomitar e o corpo está quente.
Quando os elementos do calor se digladiam dentro do corpo, os lombos doem e não deixam olhar
para cima ou para baixo, o estômago está cheio, há um derrame e dores em ambos os maxilares.

Quando a região das bases celestes chia i está pesada, a região do wu chi produz muita transpiração.
Quando a respiração está muito desordenada, a região do chia i produz a morte. Nessas
circunstâncias deve-se aplicar acupuntura ao pé nas regiões do Yin Maior e da “Luz Solar”.

Quando os pulmões sofrem da doença do calor, ao princípio, quando o corpo entra em contato com
o frio, verifica-se uma sensação de susto, a pele arrepia-se e surge uma aversão ao vento e ao ar
frios; a parte superior da língua fica amarelada e corpo torna-se quente. Quando os elementos do
calor se digladiam dentro do corpo, há respiração pesada e ofegante e sentem-se dores em todo o
tórax e no peito; as costas do paciente não podem descansar confortavelmente, ele tem dores de
cabeça e não pode suportar o sofrimento. Verifica-se transpiração e arrepios.

Quando a região das bases celestes ping ting está pesada, a região do keng hsin produz muita
transpiração. Quando a respiração está em desordem, a região do ping ting provoca a morte. Nessa
circunstância deve-se aplicar acupuntura às mãos nas regiões do Yin Maior e da “Luz Solar”, e o
sangue jorrará como se lá existisse um grande vaso.

Quando os rins sofrem da doença do calor, ao princípio sentem-se dores na cintura e espasmos
musculares no cóccix; sofre-se de sede, por mais que se beba, e o corpo está quente. Quando os
elementos do calor se digladiam entre si, o pescoço dói e torna-se rígido, a parte do cóccix fica fria
e dolorida, a sola do pé está quente e o paciente não pode falar. Se se verifica o reverso do descrito,
é o pescoço que sente dores, rigidez e desconforto.

Quando a região das bases celestes wu chi está pesada, a região do jen kuei produz muita
transpiração. Quando a respiração está desordenada, a região do wu chi provoca a morte. Nessas
circunstâncias, deve aplicar-se acupuntura ao pé nas regiões do Yin Menor e do Yang Maior.

Todas as doenças que podem ser curadas pela transpiração devem sê-lo num dia especial e por
muita transpiração.

Quando a doença do calor está localizada no fígado, o primeiro sintoma é o avermelhamento do


lado esquerdo do maxilar. Quando a doença do calor está localizada no coração, o primeiro sintoma
é o avermelhamento da pele. Quando a doença do calor está localizada no baço, o primeiro sintoma
é o nariz avermelhar-se. Quando a doença do calor está localizada nos pulmões, o primeiro sintoma
é o avermelhamento do lado direito do maxilar. Quando a doença do calor está localizada nos rins, o
primeiro sintoma é o queixo avermelhar-se. Assim, embora a doença ainda não se tenha
desenvolvido, é possível diagnosticá-la pelo avermelhamento da pele e aplicar acupuntura. Isto
significa: “tratar a doença quando ainda não se desenvolveu”. Quando uma das doenças causadas
pelo calor se declara, leva determinado período de tempo para desaparecer.

A doença do calor começa numa certa parte do corpo e é simbolizada por duas das dez bases
celestes e será curada na data que coincide com as duas bases celestes. Se esta doença é tratada na
região oposta àquela em que surge, são precisos três ciclos de bases celestes para a curarem. Se for
novamente tratada de modo oposto, sobreviverá a morte. Todas as doenças do calor que tem de ser
curadas pela transpiração devem sê-lo num dia especial e com muita transpiração.

A fim de curar todas as doenças do calor deve começar-se por receitar poções de água fria e depois
acupuntura. O paciente deve usar vestuário fino e deitar-se num lugar fresco, e quando o seu corpo
arrefece deve cessar-se a aplicação da acupuntura.

Ao mesmo tempo que ocorre uma doença do calor, começam por doer o tórax e os flancos e as
mãos e os pés não sossegam. Deve-se então aplicar acupuntura ao pé na região do Yang Menor e
suplementar o pé na região do Yin Maior. Quando a doença é grave, devem-se aplicar cinquenta e
nove agulhas (picadas).

Quando a doença do calor começa por dores nas mãos e nos braços, deve-se aplicar acupuntura às
mãos na região da “Luz Solar” e na do Yin Maior, e cessar esse tratamento, quando o doente
começa a transpirar.

Quando a doença do calor começa na cabeça, deve-se aplicar acupuntura no pescoço na região do
Yang Maior e cessar esse tratamento quando o doente começa a transpirar.

Quando a doença do calor começa nos vasos do pé, deve-se aplicar acupuntura no pé na região da
“Luz Solar” e cessar esse tratamento quando o doente começa a transpirar.

Quando a doença do calor ataca primeiro as partes importantes do corpo, os ossos doem e os
ouvidos ensurdecem. Deve-e então aplicar acupuntura na região do Yin Menor. Quando a doença é
grave, devem fazer-se cinquenta e nove picadas.

Quando a doença do calor começa por causar tonturas, visão confusa e febre, e depois há uma
sensação de repleção nos flancos e no tórax, deve-se aplicar acupuntura no pé, nas regiões do Yin
Menor e do Yang Menor e no pulso do Yang Maior.

Quando a cor da pele é brilhante e viva, após examinação verifica-se que os ossos padecem da
doença do calor. O aspecto físico saudável não está combinado por igual e diz-se que, embora em
breve deva surgir transpiração, se deve esperar pelo momento apropriado.

Quando se torna visível conflito a respeito do pulso Yin Absoluto, a morte não se fará esperar mais
de três dias. Quando a doença do calor se situa dentro do corpo, entra em contato com os rins e
encontra expressão no pulso e no aspecto do Yang Menor. Se, então, o pulso e o aspecto se
conjugam em faces viçosas, é manifesto que a doença do calor está localizada nos músculos. O
aspecto físico saudável não está combinado por igual e diz-se que, embora em breve deva surgir
transpiração, se deve esperar pelo momento apropriado.

Quando se torna visível conflito no tocante ao pulso do Yin Menor, a morte não se fará esperar mais
de três dias. O ponto de acupuntura existente na parte abaixo das três seções vertebrais da espinha
está relacionado om o calor no estômago, que é uma doenças do calor. Se o calor é no interior do
diafragma, o abdome está cheio. Se doença se situa atrás dos ossos das faces, causa dores nas
costelas, porque a parte acima das faces está relacionada com o diafragma.

Comentário sobre o Tratado Acerca da “Doença Morna”

O Imperador Amarelo disse:

- Há doenças “mornas”; embora os pacientes transpirem,a febre volta bruscamente, e embora o


pulso seja apressado e rápido não causa transpiração. Os pacientes enfraquecem e deliram e diz-se
que não conseguem comer. – E perguntou: – Qual o significado desta doença?

Ch´i Po respondeu:

- O significado dessa doença é que o Yin e o Yang estão entrosados, e quando estão entrosados isso
significa morte.

Huang Ti declarou:

- Desejo ouvir a explicação.

Ch´i Po explicou:

- A vida de todas a pessoas que transpiram provém do cereal, e o cereal é fruto de essência pura.
Quando as influências maléficas estão unidas em combate com os ossos e a carne, a transpiração
deve emanar, para que os ares maléficos sejam removidos e a essência pura vença. Quando a
essência pura vence, o paciente deve poder comer e o calor não voltará. Quando o calor volta, isso
significa que ainda há ar maléfico, mas quando há transpiração isso significa pureza. Quando a
transpiração aparece e o calor volta imediatamente, isso significa que o mal está vitorioso. Então o
paciente não pode comer e a essência não ajuda a produzir transpiração.

Quando uma doença persiste, a duração de vida de um homem fica diminuída e ele pode morrer.
Além disso, no “tratado do calor” diz-se: “Quando a transpiração aparece e o pulso é, não obstante,
apressado e cheio, a morte sobrevirá”. O pulso não reage à transpiração e a doença não pode ser
vencida; assim se compreende a morte.

O que dizem tolices no delírio perderam a determinação, e os que perderam a determinação


morrem. Já vimos três espécies de morte, mas não vimos uma espécie de vida. É difícil curar quem
está condenado a morrer.

Huang ti disse:

- O corpo é atormentado por doenças em que aparece transpiração e em que o paciente padece de
repleção. Este mal da repleção não deixa liberar a transpiração – E o Imperador perguntou: – Como
afeta ele a doença?

Ch´i Po respondeu:

- Quando a transpiração aparece e o corpo está quente, haverá insanidade. Quando a transpiração
aparece e a perturbação da repleção não se dispersa, haverá convulsões. Os nomes da doença
indicam paralisia e convulsões.

Huang Ti declarou:

- Desejo saber tudo completamente.

Ch´i Po explicou:

- O Yang Maior controla a respiração e, por isso, é o primeiro a ficar submetido a influências
maléficas. O Yin Menor e o Yang Maior constituem o exterior e o interior. A fim de alcançar o calor
deve-se segui-lo para cima, e quando se segue para cima encontram-se as convulsões.

O Imperador Amarelo perguntou:

- Que remédio se pode aplicar para o tratamento?

Ch´i Po respondeu:

- Deve-se aplicar acupuntura ao interior e ao exterior e deve-se dar ao doente uma dose de líquido
quente, como remédio.

O Imperador Amarelo perguntou:

- O vento importuno não causa doença?

Ch´i Po respondeu:

- Regra geral, o vento importuno afeta o lugar abaixo dos pulmões e provoca doença nesse lugar, do
que resulta o homem poder olhar bem para cima, mas ficar confuso quando olha para baixo.
Aparecem saliva e muco e os ventos maléficos provocam então arrepios, o que causa a doença do
vento importuno.

O Imperador Amarelo perguntou:


- Há alguma maneira de curar isso?

Ch´i Po respondeu:

- A fim de ajudar a restaurar a elasticidade, a região do Yang Maior deve reger as secreções, e se no
espaço de três a cinco dias não houver secreções, então passados sete dias surgirá uma tosse com
muco verde e amarelo, na aparência semelhante a pus e no tamanho semelhante a uma bola
pequena; virá de dentro da boca e de dentro do nariz e se não sair molestará os pulmões, e se
molestar os pulmões advirá a morte.

O Imperador disse:

- Há uma doença que paralisa os rins e em que a pele e os intestinos ficam doentes e escaldantes e
surge um obstáculo molesto no tocante à fala. – E perguntou: – Num caso assim, pode-se aplicar
acupuntura ou não?

Ch´i Po respondeu:

- Quando há insuficiência não se deve aplicar acupuntura. Quando não se deve aplicar acupuntura e,
no entanto, se aplica, a respiração esgotar-se-á no ponto extremo.

O Imperador perguntou:

- Que ponto extremo é esse?

Ch´i Po respondeu:

- Nesse ponto extremo há forçosamente falta de ar e períodos de febre. Estes períodos de febre vem
do tórax e sobem pelas costas até o seu ponto mais alto, a cabeça. Aparece o suor, as mãos aquecem,
a boca seca como se estivesse com sede, a urina amarelece, aparecem inchaços embaixo dos olhos,
há ruídos dentro do estômago, o corpo torna-se pesado e dolorido quando caminha, a menstruação
não vem, há dificuldade e falta de capacidade para comer e impossibilidade de estar em pé, direito,
ou deitado. Quando paciente está direito, de pé, ou deitado, tosse. O nome dessa doença é “vento e
água” e foi discutida no tratado dos “métodos de acupuntura”.

O Imperador declarou:

- Desejo ouvi-lo descrevê-lo.

Ch´i Po respondeu:

- No ponto em que o mal flui junto, há forçosamente insuficiência de respiração. Quando o Yin está
vazio, o Yang tem forçosamente de se incorporar. Portanto, surge falta de ar, períodos de febre e
transpiração, a urina é amarela e pouca e há calor dentro do estômago. O paciente não se pode
manter em pé, direito, e dentro do estômago não existe harmonia. Quando o paciente se levanta ou
se deita, aparece uma tosse violenta, que sobe e oprime os pulmões. Tudo isso é água e ar, e podem-
se observar inchaços minúsculos, primeiro sob os olhos.

O Imperador quis saber:

- Como se explica isso?

Ch´i Po explicou:

- Água é Yin e a região debaixo dos olhos também é Yin, e o ponto mais alto (extremo) do
estômago é a morada do Yin. Por isso há água dentro do estômago, água que tem forçosamente de
causar inchaços debaixo dos olhos. O verdadeiro ar sobe em oposição e, consequentemente, a boca
e a língua ficam secas e o paciente não pode descansar nem tão pouco estar de pé ou deitado. Se
está de pé ou deitado tosse e aparece água pura. Toda essa água significa doença e, daí, ele não
poder descansar. Se adormece, assusta-se com facilidade, e se se assusta tosse muito. Há ruídos
dentro do estômago, onde a doença tem sua origem. O baço enfraquecido causa perturbações, o
doente não pode comer e a comida não pode descer; os ductos que levam ao estômago estão
cortados. O corpo torna-se pesado e sofre quando caminha, pois o pulso do estômago situa-se no pé.
A menstruação não vem e o pulso do tórax fica obstruído. O pulso do tórax pertence ao coração e os
vasos sanguíneos entram-se dentro do tórax. Nestas circunstâncias, se a respiração sobe oprime os
pulmões e o coração, mas como depois não pode descer e circular a menstruação não vem.

O Imperador exclamou:

- Excelente!

Tratado Sobre Rebelião e Harmonia

O Imperador Amarelo disse:

- O corpo do homem nunca está constantemente morno, nem nunca está constantemente quente. – E
perguntou: – É devido ao calor que surgem doenças de insuficiência?

Ch´i Po respondeu:

- Quando o Yin está carecido, o Yang está triunfante. Logo, é o calor que causa doenças e
insuficiências.

O Imperador Amarelo observou:

- Quando o corpo do homem está despido há arrepios, embora dentro do corpo não haja ar frio. – E
perguntou: – Os arrepios são provenientes de dentro?

Ch´i Po respondeu:
- Nos casos em que o homem tem propensão para dormência respiratória, há insuficiência de Yang e
abundância de Yin. Daí que o corpo esteja frio, como se tivesse saído da água.

O Imperador Amarelo disse:

- O homem tem quatro extremidades. – E perguntou: – Quando estão quentes e encontram um vento
não se tornam geladas, como se tivessem sido cauterizadas ou queimadas?

Ch´i Po respondeu:

- Tais pessoas tem uma insuficiência de Yin e uma abundância de Yang. Os dois Yang combinam-se
e o Yin é insuficiente. Uma quantidade insuficiente de água não pode extinguir um grande fogo e,
assim, o Yang governa sozinho. No entanto, se governa sozinho não pode continuar a crescer. Se
triunfa na solidão cesa de existir. Se encontra um vento e é afetado como se fosse cauterizado ou
queimado, então a carne humana tem de se desintegrar.

O Imperador Amarelo observou:

- Nos casos que o homem tem o corpo frio, se o aquece com fogo não o pode tornar quente e se
veste com grossas roupas não consegue aquecê-lo. – E perguntou: – Que se pode fazer para evitar
que gele?

Ch´i Po respondeu:

- A constituição primitiva do homem vence a força dos rins pela aplicação de água. Quando o Yang
Maior se deteriora, a gordura dos rins seca e não se desenvolve. Mas uma parte de água não vence
duas partes de fogo; os rins são água. Embora haja vida dentro dos ossos, os rins não podem viver e,
consequentemente, a medula não pode estar completa e, assim, os arrepios chegam aos ossos mas
não os podem gelar.

O fígado é uma parte do Yang; o coração é duas partes do Yang. Os rins estão isolados entre as
vísceras. Uma parte de água não pode vencer duas partes de fogo e, por isso, não pode congelar. O
nome da doença é “dormência dos ossos”. Isto acontece quando as pessoas tem articulações
deformadas.

O Imperador Amarelo perguntou:

- Se um homem padece dos ossos, se se envolve em roupas flocosa e quentes e mesmo assim
padece, como se chama a essa doença?

Ch´i Po respondeu:

- Quando há sangue há insuficiência, quando há essências vitais há repleção. Quando há


insuficiência por causa do sangue, há dormência. Quando há repleção por causa das essências vitais,
os membros (o corpo?) não podem ser utilizados. Quando o sangue e as essências vitais são ambos
insuficientes, fica tudo sem sensação e, como atrás, a carne perde as suas funções. O corpo do
homem fica sem qualquer coordenação e a morte ocorre no espaço de um dia.

O Imperador Amarelo disse:

- O homem sofre quando não pode descansar e quando a sua respiração é ruidosa, ou quando não
pode pode descansar e a sua respiração não tem ruído nenhum. Pode levantar-se e deitar-se como
antigamente e ter a respiração ruidosa; pode descansar e fazer exercício e ter a respiração sibilante
ou ofegante, ou pode não conseguir descansar nem caminhar e ter dificuldades respiratórias. Há os
que não descansam e os que descansam apesar de terem dificuldades respiratórias. – E o Imperador
perguntou: – Tudo isso é causado pelas vísceras? Desejo ouvir falar das suas causas.

Ch´i Po respondeu:

- Aqueles que não descansam e cuja respiração é ruidosa, tem perturbações na região do Yang Ming
(“Luz Solar”). Ao descer, o Yang do pé causa a perturbação presente e ao subir causa a respiração
ruidosa. O pulso do estômago está localizado na região da Luz Solar. O estômago é o oceano das
cinco vísceras. Se a respiração do estômago não funciona, há perturbação na região da Luz Solar e a
respiração não pode seguir o seu trajeto; a consequência é a impossibilidade de descansar. Nos
antigos clássicos diz-se: “Se não existe harmonia dentro do estômago, não há paz”.

Por isso, se os hábitos de vida se mantém e a respiração é ruidosa, então as veias dos pulmões estão
em desordem. Os vasos não estão de harmonia com os vasos principais que sobem e descem. Daí
que os vasos principais estejam retraídos e não possam funcionar e o homem sofra de uma doença
das veias.

Se, no entanto, os hábitos de vida são como de costume e a respiração é ruidosa, e se a pessoa não
pode descansar ou, se descansa, tem perturbações respiratórias, então qualquer coisa se instalou
temporariamente na respiração; a água segue a saliva e progride. A água dos rins influencia a saliva,
transtorna o descanso e causa a respiração perturbada.

O Imperador exclamou:

- Excelente!

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