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Este material foi escrito por Fernanda Guillen Gomes,


estudante de Medicina Veterinária na Universidade de
São Paulo (USP), e faz parte de um projeto de iniciação
científica, orientada pelo Professor Adroaldo José
Zanella, do Departamento de Medicina Veterinária
Preventiva e Saúde Animal, da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia da USP. Fernanda é bolsista do
Programa de Iniciação Científica e Tecnológica
(PIBIC) do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq), e atua como
adestradora de cães desde 2017, utilizando metodologias
positivas.

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3 Índice
5 Introdução
5 Contato
6 Vamos começar?
7 A rotina de um Cão Zen
7 É um cachorro ou é um furacão?
7 O atleta do bairro: Porque seu cão deve passear todo dia
8 Cão popular é cão feliz: A importância da socialização
9 Seu cão assiste Netflix? Enriquecimento ambiental e estímulo
cognitivo
12 Dar bronca funciona?
14 Como os cães aprendem?
15 A regra é clara, Galvão!
16 Aprendendo cachorrês: linguagem corporal
19 Você não está me ouvindo? O que os latidos significam
20 É que meu cachorro é problemático
21 “Cuidado, cão bravo”: Reatividade, agressividade e medo
22 “Tem xixi na minha casa inteira!”: Xixi e cocô no lugar errado
25 “Meu cachorro que me leva para passear”: Puxões no passeio
26 “Meu cachorro é ciumento!”: Posse
27 “Já perdi todo o meu dinheiro comprando móveis novos!”: O
cão que destrói tudo
30 “Ele late por tudo!”: Latidos em excesso
31 “O cachorro ladrão”: Roubo de comida
31 “Que bafinho de cocô!”: Coprofagia
32 “Taz Mania”: Ansiedade e Hiperatividade
33 Por fim…
34 "Como escolher um adestrador?"
35 "Referências"

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Os problemas de comportamentos de cães e gatos são uma das
maiores causas para devolução e abandono de animais no
mundo. Este material foi elaborado com base nas respostas de
um questionário distribuído para tutores de cães relatarem quais
eram os comportamentos de seus cães que mais incomodavam
suas rotinas, podendo causar arrependimento da adoção. Os
comportamentos mais citados compõe este guia, visando prevenir
e solucionar comportamentos incômodos, melhorar a relação
entre cães e humanos e reduzir a devolução e abandono de
animais causados por problemas comportamentais.
Todos os protocolos aqui propostos são embasados em
pesquisas científicas atualizadas, com o objetivo de melhorar a
qualidade de vida do cão por meio de técnicas que priorizam o
bem-estar animal, as necessidades básicas da espécie e a harmonia
entre tutor e cão.
Caso você não consiga resolver o problema do seu cão
sozinho, não hesite em procurar ajuda profissional adequada. Ao
final desse material, há um tópico para te auxiliar nessa escolha.
Porém, esperamos que o conteúdo aqui apresentado te dê
ferramentas para entender as necessidades do seu cão, a forma
como ele aprende, e a melhor maneira de se comunicar com ele,
a fim de prevenir problemas comportamentais futuros.
Esse trabalho faz parte do Projeto Abandono Zero e do
Centro de Estudos Comparativos em Saúde, Sustentabilidade e
Bem-Estar Animal na Universidade de São Paulo.

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Qualquer dúvida entre em contato:

Conheça mais o projeto acessando as redes sociais!

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Você acabou de conhecer o melhor amigo da sua vida. E esta
cartilha vai te ajudar a se tornar o melhor amigo dele também.

Esse é um momento de muitas dúvidas e possíveis ansiedades.


Mas, com dedicação e paciência, a adaptação de vocês será muito
mais fácil! Com uma rotina adequada, conhecimento da biologia
do animal e o devido gasto energético, é possível prevenir
diversos problemas comportamentais em cães, como destruição
de objetos e latidos em excesso.

Além disso, também vamos te ajudar a resolver alguns


problemas de comportamento específicos que incomodam muitas
pessoas. Nosso objetivo é melhorar a relação entre você e o seu
cão e minimizar possíveis incômodos. Bora?

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Para começar, vamos falar sobre como deve ser a rotina de um
cão para que ele seja equilibrado e não acabe desenvolvendo
comportamentos inadequados.

Sabe aqueles cachorros que não conseguimos nem tirar uma


foto, porque não param quietos? Isso é acúmulo de energia! Para
que esse cão fique mais calmo e não deixe sua família louca com
latidos e objetos destruídos, é importante que ele gaste energia
física, social e mental, e tenha um ambiente que atenda àss
características da espécie.
E, mesmo que seu cão seja calminho, essa rotina também é
fundamental para que ele continue assim.

É imprescindível que o seu novo amigo passeie pelo menos


uma vez por dia. A duração desse passeio depende do quão
"elétrico" ele é, podendo variar de 30 minutos a 1h30. Deixe-o
cheirar, conhecer novos lugares, fazer amizades e explorar! Os
passeios são ótimas formas de gastar energia física e social do seu
cão.
Se o seu cão for medroso, os passeios são super importantes
para acostumá-lo com novos estímulos! Porém, nesse caso, faça
passeios mais curtos, e em horários de menor movimento.
Invista em um peitoral anti-puxão e fuja dos enforcadores e
guias unificadas! Eles podem trazer prejuízos para o

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comportamento e para a saúde do seu cão. Já os peitorais anti-
puxão possuem o mosquetão para prender a guia na frente do
animal, evitando que eles puxem. Mas, sem treino, o cão logo se
acostuma com esse peitoral e aprende a puxar, então é
importante ensiná-lo que vale mais a pena andar ao seu lado do
que te arrastando por aí.
Brincadeiras com bolinhas, frisbee e cabo de guerra também
são ótimas para te ajudar a gastar a energia física desse novo
monstrinho.
Caso ele ainda não tenha todas as vacinas, se dedique ainda
mais às brincadeiras em casa. Mas, assim que possível, invista nos
passeios! É conhecendo o mundo que ele terá uma boa
socialização e estará preparado para viver muitas aventuras com
você.

Já entrando no próximo assunto… É super importante que seu


cão conheça o mundo! Quanto mais pessoas, cães e lugares novos
ele conhecer, melhor. É assim que você gastará a energia social
do seu cão.
Se ele ainda não tiver todas as vacinas, você pode chamar
pessoas e cães vacinados para conhecê-lo em sua casa, e também
pode mostrar objetos diferentes para ele, como aspirador de pó,
vassoura, secador de cabelo. São itens que muitas vezes assustam
os cães e, se eles tiverem boas experiências desde o primeiro
contato, tudo fica mais fácil.
Para que ele tenha uma associação positiva com objetos novos,
mostre o objeto de forma sutil, a uma distância confortável, sem
movimentos bruscos e sem pressionar o cão, e dê petiscos. O

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mesmo pode ser feito com pessoas e outros cães. Caso ele
apresente sinais de medo, tentando se afastar, por exemplo,
respeite os limites do cão e permita que ele se afaste. Dia após
dia, vá aproximando o objeto e reforçando com comida e
carinho.
Quando os cães são filhotes, eles são mais abertos às
novidades, de modo que conhecer novos estímulos, como cães e
pessoas, nessa idade é fundamental para evitar que o seu cão, no
futuro, tenha medo desses estímulos e acabe apresentando
comportamentos agressivos. Porém, a socialização do seu cão
deve ocorrer durante toda a sua vida! Portanto, mesmo que o cão
que você adotou seja adulto, mostre o mundo para ele!

Você gosta de ver uma série? Ler um livro? Jogar vídeo game?
Assistir esportes? Tudo isso estimula sua mente, e seu cachorro
também precisa de uma Netflix na vida dele. Para isso, invista em
treinos e em brinquedos de enriquecimento ambiental para gastar
a energia mental do seu cão.
Os treinos de truques e comandos de obediência, como dar a
pata, sentar, deitar e ficar melhoram muito a comunicação entre
cão e tutor. É nesse momento que ele finalmente entende o que
você está dizendo. Utilize
recompensas como comida e
carinho para que ele goste do
treino. Vários vídeos no
YouTube te ajudam a ensinar
esses comandos, mas fique em
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metodologias positivas que não façam uso de punições e
aversivos. Muitos problemas de comportamento são resolvidos
com simples treinos de comandos, pois gastam muita energia do
cão, mantendo-o em equilíbrio. E esses treinos podem começar a
qualquer momento da vida do animal, desde filhotes até idosos.
Outra forma de estimular a cognição dos cães é oferecer o que
chamamos de enriquecimento ambiental alimentar. Calma, não é
coisa de outro mundo! São brinquedos que podem ser recheados
com comida e o cão precisa interagir e brincar para comer. O
comportamento de buscar comida é natural para eles e, por isso,
muitos preferem comer brincando com enriquecimento
ambiental. Afinal, pote de comida sem graça é coisa do passado.
Brinquedos recheados, como o Monstrinho da PetGames ou o
Kong são ótimos como enriquecimento ambiental. O ideal é
começar com um nível fácil, colocando petiscos sólidos. Depois,
podemos evoluir para um recheio mais pastoso, como banana
amassada misturada à ração, ou sachês de ração úmida. Por
último, quando o cão já estiver craque, o ideal é congelar o
brinquedo recheado. Assim ele ficará mais tempo brincando,
gastando energia, e movimentando a mandíbula. É o segredo para
manter seus móveis e chinelos intactos.
Outro exemplo é a PetBall: uma bola dentro da qual você
coloca ração e o seu cão brinca para retirar os grãos, que vão
caindo aos poucos. Você pode fazer uma petball provisória com
uma garrafa pet com alguns furos, mas é importante só dar esse
brinquedo improvisado com supervisão, para garantir que o seu
cão não destrua e acabe ingerindo pedaços da garrafa.
É importante que a comida oferecida em treinos e como
enriquecimento ambiental alimentar seja calculada de acordo

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com a quantidade de alimento que ele deve comer durante o dia,
para evitar desbalanceamento da dieta.
Todos esses gastos de energia são fundamentais para manter
um cão equilibrado. Uma rotina que garanta gasto de energia
física, social e mental muitas vezes é suficiente para prevenir e até
corrigir problemas de comportamento, como destruição de
objetos, latir ao ficar sozinho, medo, agressividade, latir em
excesso e hiperatividade. Drenando a energia do cão para as
atividades corretas, possibilitamos que ele fique mais tranquilo e
consiga aprender outras coisas com mais facilidade. Agora que
você acabou de adotá-lo, foque em criar uma rotina equilibrada e
que supra as necessidades de gasto de energia do seu cão, com
certeza isso vai te ajudar a prevenir vários problemas de
comportamento.

Kong Monstrinho, da PetGames

PetBall, da PetGames
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Na maioria das vezes, a resposta é
não. Isso porque o seu cão não
entende o que você está falando. Ele
entende o seu tom de voz, sabe que
você está bravo, mas não
necessariamente entende o que ele fez
para causar isso.
Por exemplo…
Muitos cães que levam broncas ou recebem punições físicas
por fazerem xixi e cocô no lugar errado acabam por fazer xixi
escondido ou até comer o próprio cocô. Isso porque eles
entendem que o problema é o tutor achar o seu xixi e cocô, e não
o local onde eles estão sendo feitos. E dessa forma fica muito
difícil ensinar o comportamento correto.
Outro caso muito comum é de cães que destroem a casa
quando ficam sozinhos: eles ficam ansiosos e entediados
esperando seus tutores e, sem os estímulos e distrações
adequados, acabam destruindo algum objeto da casa. Muito
tempo depois, quando o tutor finalmente retorna e vê o caos, o
cão leva uma bronca, sem saber exatamente o que fez de errado.
A consequência? Da próxima vez que o cão ficar sozinho ele
ficará ainda mais ansioso, o que aumenta as chances de que ele
destrua novamente algum objeto da casa.
As punições são muito prejudiciais para a relação entre tutor e
cão. Um animal que é punido está sempre se sentindo inseguro e
com medo, “pisando em ovos” para não levar mais uma bronca.
E é justamente o medo e a insegurança que causam problemas de
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comportamentos graves como reagir exageradamente a situações
(o que chamamos de reatividade), e até agressividade.
Do ponto de vista clínico, esse estresse constante pode levar a
problemas de saúde, já que o excesso de cortisol, hormônio
liberado em situações de estresse, prejudica o sistema
imunológico.
Além disso, tenho certeza que seu novo melhor amigo entrou
na sua vida para ser tratado de igual para igual, como um membro
da família, e não para viver sob uma hierarquia na qual precisa
estar sempre com medo, né?
Por outro lado, para alguns cães a punição pode funcionar,
inclusive, como uma recompensa. Se for um cão que ama
interagir com você, e sempre que ele faz algo errado você o
chama pelo nome, ou fala “Não!”, ele está sendo reforçado pela
sua atenção, e pode voltar a apresentar o comportamento errado
pois aprendeu que assim consegue interagir com você. Ou seja, a
bronca acaba sendo um tiro no pé.
Bom, mas se as broncas não funcionam, o que funciona?

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Recompensas! Os cães são muito inteligentes e funcionam
muito bem com sistema de recompensas.
Como assim?
Os cães repetem comportamentos que funcionam, que geram
consequências boas. Ou seja, se ele sentar e logo depois receber
comida, ele vai sentar mais vezes. Por outro lado, se ele latir e
receber comida, ele vai latir mais. E ele não faz isso porque é
manipulador ou chantagista, é simplesmente um treino. Todos os
comportamentos são aprendidos e, cabe a você, prestar atenção e
recompensar os comportamentos que você quer que se repitam.
Então, evite dar atenção ao cão quando ele está apresentando
comportamentos inadequados como latir, pular ou destruir
objetos. E chame-o para brincar e para comer quando ele está
tranquilo e sentado. Assim, ele entenderá que vale muito mais a
pena ficar numa boa, do que causando por aí.
E o que funciona como recompensa? Tudo o que o seu cão
gostar: comida, carinho, brincadeiras, passeios. Tudo isso pode
ser usado para recompensar e reforçar comportamentos
adequados. E também existem comportamentos auto-
recompensantes: como fazer xixi e
se aliviar, roer um brinquedo e
relaxar. Se o seu cão sempre
apresenta um comportamento
específico, pode ter certeza que ele
está sendo recompensado por isso,
mesmo que você não perceba.
Vale a pena fazer o exercício de
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entender o que ele está ganhando nessa situação.
Por exemplo: Que tal ir passear com o seu cão quando ele
estiver calmo em casa, sem demonstrar ansiedade? E sempre
pedir para o seu cão sentar antes de dar comida? Ou acariciá-lo
sempre que ele estiver brincando e roendo os próprios
brinquedos?
Valorizando os comportamentos adequados, o seu cão estará
sempre sendo recompensado por ser educado.

Agora que você já sabe como se comunicar com o seu cão,


reforçando comportamentos adequados, fica fácil né? Mais ou
menos…
O mais difícil, agora, é ser consistente. Ou seja, não adianta
você às vezes deixar o seu cão subir no sofá, e às vezes não. Assim
como não adianta você não deixar, mas outra pessoa que mora
com você deixar. Ou seja, as regras precisam ser claras: todos da
casa precisam estar de acordo com as regras, e sempre colocá-las
em ação.
Seguindo o nosso exemplo: se o cão subiu no sofá, e a regra é
que ele não suba, ele deve ser tirado do sofá imediatamente (sem
gritos, sem broncas, apenas coloque-o no chão) e reforçado
sempre que deitar na própria caminha, que deve ser bem
confortável e ficar perto do sofá nos momentos em que a tentação
de deitar ao seu lado no sofá for grande.
Também é importante impedir que ele suba no sofá quando
não está sendo supervisionado. Isso pode ser feito impedindo o
acesso sempre que ele estiver sozinho, deixando-o em outro
ambiente, ou colocando cadeiras em cima do sofá, por exemplo.

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Assim como é importante você se comunicar com o seu cão
por meio de treinos e recompensando os comportamentos
adequados, é fundamental que o seu cão consiga se comunicar
com você.
Para isso, você precisa falar a língua deles, que é
majoritariamente corporal. Ou seja, você precisa aprender a ler os
sinais do seu cão, principalmente os chamados sinais de
apaziguamento. Esses são sinais que os cães dão quando estão
desconfortáveis e querem evitar conflito. Nenhum sinal deve ser
avaliado isoladamente, e sim dentro de um contexto. Para que
você melhore o seu “cachorrês”, o segredo é observar! Fique
atento aos momentos em que seu cão mostrar esses sinais,
respeite seu espaço e seu tempo. Isso porque, se esses sinais não
forem respeitados, a próxima tentativa do cão pode ser
demonstrar agressividade.
Bocejar
Lamber o nariz
Olhar de rabo de olho
Olhar de baleia
Rabo entre as pernas
Boca tensionada
Olhos arregalados
Virar o rosto
Virar o corpo
Desviar o olhar
Se coçar

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Se seu cão mostrar esses sinais frente a algum estímulo, dê
suporte e tire-o da situação. Dessa forma, ele entenderá que você
está lá para protegê-lo, e que ele não precisa latir, morder ou
avançar.
Paralelamente, para que ele aprenda a lidar melhor com as
situações que causam desconforto, aproxime-o aos poucos e
associe o estímulo a coisas boas, como comida e carinho. E
aproxime conforme ele mostre sinais de relaxamento, como:
Boca fechada sem tensionar
Boca aberta com a língua para fora
Orelhas em posição neutra
Explorando e cheirando o ambiente
Corpo relaxado e não congelado
Olhar não fixo
Rabo abanando na altura do corpo

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E o latido, não é uma forma de comunicação dos cães? Sim,
mas é um sinal exagerado, que o cão dá quando seus outros sinais
não estão sendo ouvidos, é como se fosse o nosso grito. E
ninguém gosta de só ser ouvido quando grita, não é mesmo?
Então, tente prestar atenção nos outros sinais do seu cão: ele
demonstra muitos sinais de apaziguamento? Sua rotina está
equilibrada? Ele está gastando energia física, social e mental?
Muitos cães estão acostumados a só serem atendidos quando
latem e, para reverter esse quadro, devemos gastar bastante
energia do cão e investir em outras formas de comunicação, como
treinos.

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Agora que já falamos sobre
o básico para ter um cão
equilibrado, vamos falar como
resolver e evitar alguns
problemas de comportamento
específicos que costumam
incomodar muitos tutores.
É importante frisar que, para todos esses treinos, a evolução
pode ser lenta, levando semanas e até meses. Não tenha pressa: é
melhor respeitar o tempo do seu cão, e evoluir aos poucos, do
que meter os pés pelas mãos, evoluir sem que o seu cão esteja
pronto, e provocar erros que podem atrasar ainda mais o treino.
Para isso, é importantíssimo aprender sobre linguagem corporal
canina, assim você poderá evoluir o treino quando o animal
demonstrar sinais de relaxamento, e desacelerar quando ele der
sinais de desconforto.
Além disso, o aprendizado do cão é acelerado quando a rotina
está equilibrada (já tentou aprender algo novo estando super
estressado, sem ver amigos, sem fazer atividade física? fica quase
impossível né?). Então, se ele tem qualquer problema de
comportamento, invista ainda mais em passeios diários e estímulo
social e cognitivo, como falamos anteriormente. Muitos
problemas de comportamento são solucionados só de
proporcionarmos uma rotina equilibrada ao cão!

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Seu cão late para crianças ou visitas? Tenta morder gatos?
Foge desesperadamente sempre que vê outro cão? Ou vê um cão
e já quer lutar MMA com ele? Persegue pessoas correndo,
andando de bike ou de skate? Fica louco quando vê uma moto
passando? Então esse treino é pra você!
Reatividade é o nome que damos ao comportamento do cão
reagir com exagero a algum estímulo. Pode ser latindo, tentando
se esconder, ou demonstrando comportamentos agressivos, como
tentar avançar e morder.
O primeiro passo, nesse caso, é estudar sobre a linguagem
corporal dos cães. É fundamental que, para treinar esse tipo de
comportamento, você saiba ler quando o seu cão está ficando
incomodado com algo, e quando ele está realmente relaxado.
Nenhum cão morde “do nada”, e cabe à você prestar bastante
atenção a esses sinais de desconforto que antecedem uma
mordida. Também é importante que ele esteja com as
necessidades básicas em dia, ou seja: com passeios diários,
estímulo social e cognitivo adequados, e sem punições. Para esses
dois pontos, leia os tópicos “A rotina de um Cão Zen”,
“Aprendendo cachorrês” e “Dar bronca funciona?”
Depois que você estiver craque em ler o seu cão e que a rotina
dele estiver suprindo seu gasto energético, vamos começar a
associar tudo o que ele não gosta a algo que ele ame. O jeito mais
fácil de fazer isso é com uma comida que ele goste muito, como
petiscos próprios para cães ou frango cozido sem tempero e
desfiado. Pique bem pequeno esses agrados e mãos à obra.
Comece usando a guia, e a uma distância do gatilho (pode ser
uma criança, uma pessoa, outro cão, um gato, qualquer estímulo
que cause incômodo) em que o seu cão esteja demonstrando
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sinais de relaxamento: orelhas em posição neutra, boca relaxada,
não está com olhar congelado, está explorando o ambiente. E
comece a dar os petiscos para o seu cão. A ideia é que ele
perceba que aquele monstro de sete cabeças na verdade não é
nada demais, e pode gerar coisas muito boas, como vários
pedacinhos de frango desfiado (que delícia!).
Conforme o cão for demonstrando que está confortável, vá se
aproximando aos poucos do gatilho. Se em algum momento ele
demonstrar que quer se afastar, indo em outra direção, ou
começar a ficar mais tenso, com posição congelada e olhar fixo,
se afaste. Esse é um ponto fundamental do treino: é assim que
você mostra que ele pode sair da situação sem latir ou demonstrar
agressividade, basta sinalizar que quer se afastar.
Evolua aos poucos, respeitando os sinais do seu cão. Assim ele
começará a amar aquilo que ele não gostava. Se você perceber
que a evolução está muito difícil, vale a pena procurar auxílio
veterinário comportamental para descartar qualquer possibilidade
de dor. Muitos cães com dores crônicas, como no trato gastro-
intestinal ou articulares, podem apresentar comportamentos
reativos, já que a dor causa estresse e diminui o limiar de
aceitação a situações desagradáveis.
Para prevenir comportamentos reativos, invista na socialização
do seu cão, principalmente quando filhote: mostre o mundo para
ele, sempre respeitando sua linguagem corporal e tirando-o de
situações em que ele se mostra tenso. Se ele já for adulto, sem
problemas! Invista na socialização mesmo assim. O importante é
não colocá-lo em furadas, ou seja, em situações em que ele está
demonstrando medo. E não espere que ele lata ou tente morder
para ajudá-lo. Quem “deixa os cães se resolverem” provavelmente
acabará tendo um cão reativo, e não é o que você quer, certo?
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Esse é um problema que realmente
incomoda muita gente. Afinal, ninguém
gosta de viver em uma casa com cheiro de
banheiro né?
O primeiro ponto importante é
entender que o seu cachorro não está
fazendo birra, não é teimoso, não é um
gênio do mal. Ele só não sabe o que é certo, nem o que é errado.
Se a sua estratégia for ensinar o que é errado, será um tiro no
pé. Primeiro porque, se ele souber o errado, ainda assim ele não
saberá o certo. Segundo porque, normalmente quando brigamos
com um cão que faz xixi ou cocô no lugar errado, ele não
entende que o problema é o lugar onde ele fez o xixi.
Normalmente o que eles entendem é que não podem se aliviar na
sua frente, e acabam fazendo xixi escondido (embaixo da mesa,
atrás do sofá) ou até comendo o cocô para escondê-lo! Nos dois
casos, o problema fica pior ainda.
Para ensinar o lugar correto, precisamos escolher o lugar ideal.
Precisa ser um lugar sem muito movimento e que não seja
passagem, para que ele não seja incomodado enquanto se alivia,
mas não pode ser muito longe de onde o cão costuma ficar, para
que consiga ser fácil de ele acessar. Também é importante
escolher um material que absorva o xixi, como tapete higiênico
ou jornal. E é fundamental que esse material seja trocado com
frequência (você gosta de usar um banheiro sujo? Seu cão
também não).
Depois, precisamos antecipar os momentos em que o cão tem
maiores chances de querer fazer xixi e cocô: depois de acordar,
comer, brincar e beber água. Nesses momentos, ou sempre que
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ele começar a cheirar muito o chão, leve-o ao local correto e
espere. Não fale com ele nem distraia-o, apenas espere. Quando
ele fizer xixi ou cocô, espere ele terminar e recompense com
muita festa e petiscos. Como o próprio ato de fazer xixi e cocô já
é reforçador, pois o cão acaba se aliviando, é importante sempre
recompensar quando ele acertar. Faça isso várias vezes ao dia. Se
você esperar alguns minutos e ele não fizer, não tem problema,
volte de novo mais tarde.
Se já existem locais que seu cão costuma usar de banheiro
inadequadamente, transforme os erros em acertos! Coloque
tapetes higiênicos e jornais nesses lugares e vá, aos poucos,
movimentando-os em direção ao local correto. No começo, sua
casa pode até ficar com muitos banheiros, mas com o tempo eles
irão diminuir, pode confiar!
Se o seu cão acabar errando, não precisa ter desespero.
Apenas limpe, sem broncas ou choros, e tenha em mente que da
próxima vez é melhor levá-lo ao lugar antes, ou aumentar o
número de banheiros espalhados pela casa.
Quando ele for ficar sozinho ou sem supervisão, deixe-o em
um ambiente restrito, totalmente forrado, com exceção da
caminha e do local com água. Assim, todos os erros serão acertos.
No caso da restrição, vale a pena investir em enriquecimento
ambiental e brinquedos para que ele consiga se distrair.

Como já falamos, os cães repetem comportamentos que são


seguidos de recompensas. Ou seja, se ele te puxar e conseguir
cheirar a árvore, bingo! O mesmo acontece quando ele te puxa

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para sair pela porta, para cheirar o poste, para interagir com outro
cão ou brincar com uma pessoa.
O primeiro ponto importante é escolher o equipamento de
passeio correto: um peitoral anti-puxão, como falamos no tópico
“A rotina de um Cão Zen”. E fuja dos enforcadores!
Depois, precisamos ensinar ao cão que vale mais a pena ficar
ao nosso lado do que nos puxar. Para isso, levamos ração ou
petisco para o passeio, e damos ao cão sempre que ele estiver ao
nosso lado. Se ele andar à frente e acabar tensionando a guia,
paramos o passeio e posicionamos o cão ao nosso lado, sem
trancos ou puxões, apenas o direcionando.
No começo, o passeio vai ficar meio “travado”, mas, com o
tempo, o cão percebe que só conseguirá andar sem tensionar a
guia. E que, além disso, dessa forma ele ainda consegue uns
petiscos.
É importante que o momento do passeio seja calmo e, para
isso, temos algumas orientações:
Nunca fale “vamos passear!”, pois isso já coloca o cão em um
nível de ansiedade no qual é quase impossível que ele não puxe a
guia
Brinque um pouco antes dos passeios, para que ele gaste
energia e não esteja tão maluco na hora de sair
Coloque o peitoral várias vezes por dia, sem sair para passear.
Cada vez que você sai com o seu cão super agitado, está
reforçando esse comportamento. Então, relacione a coleira a
outras coisas, como comer, carinho, massagem, e brinquedos de
enriquecimento ambiental.

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O que nós chamamos de ciúmes, para os cães, chamamos de
posse de recursos. Eles rosnam e tentam morder quando sentem
que podem perder algo que têm um valor muito grande para eles:
comida, caminha, brinquedos, e até os próprios tutores.
Nesse caso, é importante relacionar a sua aproximação, ou de
outras pessoas, a coisas boas. Ou seja, se o seu cão está comendo,
jogue petiscos ainda mais gostosos do que a ração próximo a ele.
Dessa forma, ele perceberá que a sua aproximação é algo que traz
coisas boas, e não gera a perda de nenhum recurso. Se aproxime
aos poucos, jogando o petisco.
Fique atento aos sinais do cão: se ele estiver olhando de rabo
de olho, com a musculatura tensa, ou congelado, é porque você
está muito perto e o treino está difícil para ele. Nesse caso, se
afaste mais, e jogue o petisco estando mais longe. Só vá se
aproximando quando a linguagem corporal dele estiver relaxada.
Para isso, é essencial que você aprenda a ler os sinais dele, como
explicamos no tópico “Aprendendo cachorrês”.
Conforme os treinos forem evoluindo, comece a fazer trocas e
devoluções: se ele está com um brinquedo, demonstrando
relaxamento conforme você encosta no brinquedo, retire-o dele e
dê um petisco em troca. Logo depois, devolva o brinquedo. A
ideia é que ele perceba que às vezes vale
mais a pena “perder” o brinquedo do
que mantê-lo na boca.
Se em algum momento você tiver que
tirar algo da boca dele, como uma meia
que ele roubou, faça trocas: ofereça algo
com um valor muito alto, como um
petisco, e só pegue a meia fazendo essa
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troca. Porém, se isso acontecer muito frequentemente, ele estará
sendo treinado para roubar objetos. Para evitar que isso aconteça,
não deixe ao alcance do cão objetos que ele costuma roubar, e
use-os como distração ao treinar o autocontrole do seu cão, com
exercícios como o “fica”.
Para prevenir esse tipo de comportamento, não ameace tirar
coisas do seu cão. Cada vez que você o provoca, fingindo que vai
roubar um brinquedo ou uma comida, ele rosna, e você se afasta,
ou seja, ele está sendo ensinado a reagir e temer perder aquilo
que ele gosta. Com o tempo, esse comportamento pode evoluir
para uma posse de recursos.

Já ouviu falar que cabeça vazia é oficina do diabo? Quando a


rotina do cão é vazia, ele vira o próprio capetinha da casa. Para
esse comportamento, o gasto de energia com passeios,
brincadeiras, enriquecimento ambiental e treinos de comandos e
truques são essenciais. Quando o cão está entediado, com energia
acumulada, é natural que eles tentem se distrair mordendo coisas.
É como, para nós, roer as unhas ou morder a tampa de uma
caneta. Só que, para eles, isso é ainda mais reforçador, já que eles
amam morder coisas. Portanto, comece investindo no gasto de
energia e em montar uma rotina equilibrada, como falamos no
tópico “A rotina de um Cão Zen”.
Primeiro, vamos entender porque os cães mastigam as coisas.
Quando filhotes, os dentes estão nascendo, a gengiva está
coçando, eles estão cheios de energia e conhecendo o mundo por

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meio de mordiscadas. Quando adultos, e principalmente quando
estão entediados, eles mordem para gastar energia e relaxar. Ou
seja, em ambos os casos, o simples fato de mastigar já
recompensa o comportamento, pois diminui a coceira na gengiva,
supre um pouco do gasto energético e causa relaxamento.
É importante entender que é da natureza do cão mastigar e
destruir coisas. O importante é que ele destrua o que foi feito
para isso, como brinquedos de enriquecimento ambiental,
mordedores e bolinhas. Os brinquedos recheados são
fundamentais para resolver esse tipo de comportamento,
direcionando as mordidas e destruição. São brinquedos nos quais
colocamos ração e petiscos e incentivamos o cão a comer
enquanto brinca e morde o brinquedo, como ensinamos no
tópico “Seu cão assiste Netflix?”.
Nunca troque um objeto que ele está mordendo por algo que
ele pode morder, pois ele entenderá que essa é uma forma de te
chamar para brincar ou para dar brinquedos para ele. Se
antecipe: coloque brinquedos perto dos locais onde ele costuma
roer. Por exemplo, se ele sempre rói o pé de uma mesa, coloque
um brinquedo perto. Se ele roer a mesa, o afaste. Eventualmente
ele desistirá e morderá o brinquedo. Esse é o momento de
recompensar, brincando e dando atenção a ele.
Se o seu cão já está viciado em destruir tudo, sempre que ele
estiver começando a destruir algo, devemos tirar o acesso àquele
objeto. Ou seja, se ele começar a mordiscar um tapete,
precisamos tirar o tapete. Outra possibilidade é criar um
ambiente que não tenha nada para o cão destruir, e colocar vários
brinquedos, ossos de nylon e enriquecimento ambiental que ele
possa destruir. Deixá-lo em um ambiente livre de erros é

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fundamental em momentos em que o cão não está sendo
supervisionado.
Caso o seu cão apenas destrua móveis e objetos ao ficar
sozinho, isso pode indicar um problema chamado ansiedade de
separação, que vem acompanhado de reações fisiológicas, como
não comer, não fazer xixi e cocô, salivar, latir, chorar e até
automutilação. Nesse caso, deixe-o com brinquedos recheados
super saborosos, e saia de casa por apenas 10 segundos. Quando
voltar, retire o brinquedo. A ideia é que o cão perceba que, às
vezes, é melhor ficar sozinho do que com você. Vá aumentando o
tempo que ele fica sozinho aos poucos, e sempre oferecendo
diferentes itens de enriquecimento ambiental. Para prevenir essa
ansiedade, nunca dê tchau ao sair de casa ou faça festa ao chegar:
isso aumenta o problema, pois o cão ficará esperando toda a
atenção que recebe quando você chega. Entre em casa
calmamente, dê oi, e vá viver a sua vida. Quando ele se acalmar,
faça carinho e dê atenção. Além disso, gaste a energia do seu cão
antes de sair de casa passeando com ele. Assim, ele ficará mais
equilibrado enquanto estiver sozinho.
Por fim, se você perceber que o seu cachorro não só destrói
mas também come objetos
com frequência, e que o
problema não melhora
mesmo com o treino
indicado vale a pena levá-lo
ao veterinário, pois isso
pode indicar problemas no
trato gastro-intestinal e até
na absorção de nutrientes.

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Se ele late, é porque ele ganha algo com isso. Às vezes, mesmo
sem perceber, nós reforçamos o comportamento de latir. Se ele
late e recebe comida ou carinho, sai para passear, cheira outro
cachorro, e até se você olhar para ele, o latido foi reforçado.
Portanto, o primeiro passo é entender o que o seu cão está
querendo, e o que você faz em seguida ao latido dele.
O segundo passo é perceber o que você faz quando ele não
late. Como assim? Se você ignorar sempre que ele estiver quieto,
e der atenção quando ele estiver latindo, o que você acha que está
sendo reforçado? Então, dê atenção, comida, brincadeira e
carinho quando ele estiver calmo, sem latir.
Nesse caso também é fundamental garantir uma rotina
equilibrada e com gasto energético, como falamos no tópico “A
rotina de um Cão Zen”. Muitas vezes, cães com energia
acumulada acabam latindo como forma de escape. Portanto, bora
cansar esse cachorro!
Por fim, é importante ensinar outras formas do cão se
comunicar, e fazemos isso por meio de treinos. Ao ensinarmos
comandos, como sentar, deitar, ficar ou dar a pata, mostramos ao
cão outras formas de nos comunicarmos, e reforçamos outros
comportamentos diferentes de latir. Então, invista em aumentar o
repertório dele, assim ele perceberá que é possível se comunicar
com você de outras formas, e não só com latidos.
Caso o seu cão só lata quando fica sozinho, isso pode indicar
um problema chamado ansiedade de separação, que vem
acompanhado de reações fisiológicas, como não comer, não fazer
xixi e cocô, salivar, latir, chorar e até automutilação. Falamos
sobre isso no último parágrafo do tópico “Já perdi todo o meu
dinheiro comprando móveis novos!”: O cão que destrói tudo.
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Para esse problema, a solução é fácil:
basta não deixar comida ao alcance do
seu cão. Brincadeiras à parte, essa é
uma parte importante do treino. Se o
seu cão já aprendeu a roubar comida,
ele sempre estará procurando oportunidades para isso. É como se
fosse uma brincadeira: ele aprendeu a procurar comida e ser
recompensado por isso. Então, toda vez que ele procurar e achar
comida, ele será reforçado. Por isso, devemos diminuir as
oportunidades de erro.
Paralelamente, é possível treiná-lo a fazer outra coisa em
momentos mais desafiadores, como quando você prepara uma
refeição ou quando está comendo. Para isso, prepare um
brinquedo recheado, como falamos no tópico “A rotina de um
Cão Zen”, e ofereça para o cão nesses momentos específicos.
Com o tempo, ele perceberá que não precisa mais procurar
comida para roubar: você mesmo garantirá algo muito gostoso
para ele se distrair.

Uma das coisas mais desagradáveis para um tutor é perceber


que o cão está comendo cocô. O primeiro ponto importante é
levá-lo ao veterinário, pois esse pode ser um sinal de problema na
absorção de nutrientes. Também é importante verificar se ele está
comendo a quantidade de comida necessária, e se a qualidade da
ração é boa.
Descartando qualquer problema clínico, primeiro é importante
eliminar qualquer tipo de punição no treino do cão,
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principalmente relacionado a fazer xixi e cocô no lugar errado.
Muitos cães que levam bronca quando fazem cocô acabam
desenvolvendo o comportamento de comer o cocô com o
objetivo de escondê-lo e evitar brigas.
O ideal é sempre levar o cão ao lugar correto nos momentos
com maiores chances de ele defecar, como depois de acordar,
comer, beber água, comer e brincar. E, sempre que ele fizer cocô,
recompensar com festa, comida e brincadeiras. A ideia é
relacionar o cocô a coisas boas, para que ele se alivie e vá te
chamar para ganhar essas recompensas. Tente dar a comida
sempre nos mesmos horários, para facilitar o monitoramento dos
momentos em que ele terá maiores chances de fazer cocô.

Se você tem um cachorro que não para


quieto, está sempre correndo, latindo e
causando por aí, precisamos primeiro colocar
a casa em ordem.
Concentre suas energias em criar uma
rotina equilibrada, como falamos no tópico “A
rotina de um Cão Zen”. Passeios e treinos
diários, ensinar novos comportamentos,
fornecer enriquecimento ambiental e socializar
seu cão são fundamentais para que ele consiga gastar a energia
dele em atividades adequadas, e fique calmo e tranquilo em casa.
Se você perceber que ainda assim ele não consegue relaxar,
vale a pena buscar auxílio de um veterinário comportamental para
avaliar se ele possui algum distúrbio que dificulta o relaxamento.

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Se você sozinho(a) não conseguir resolver o problema de
comportamento do seu cão, não se desespere. A depender do
histórico de recompensas, o caminho pode ser mais difícil. Mas,
com certeza é possível resolver. Se estiver com mais dificuldades,
busque ajuda de um profissional do adestramento e
comportamento animal, sempre focando em metodologias
positivas, que prezam pelo bem-estar do animal e da relação entre
vocês.
Os cães, além de fiéis companheiros, são grandes professores.
Nos ensinam a aproveitar as pequenas alegrias da vida, ficam
felizes com coisas pequenas, como correr na grama e sentir o
vento no focinho, são transparentes em relação às suas emoções,
e nunca desistem de nós.
Aproveite a vida com o seu novo melhor amigo, não desista
dele, e forneça a melhor qualidade de vida que você conseguir. A
gratidão e o amor dele com certeza serão reforçadores para você.

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Entender a relação entre cães e
seus tutores é um tema ao qual alguns
profissionais dedicam a sua carreira.
Quando você tiver dúvidas ou
dificuldades, não hesite em procurar
um profissional qualificado para te
ajudar.
Como conversamos, a utilização de métodos aversivos e
punitivos podem trazer consequências graves, e até novos
problemas de comportamento. Por isso, elencamos algumas
características favoráveis na escolha de um profissional dessa
área..
Busque um profissional que:
Se define como adestrador positivo e/ou comportamental
Utiliza reforços positivos como carinho, comida e brincadeiras
Preza por uma relação harmônica e de igual para igual entre
você e o seu cão, assim como pelo aperfeiçoamento da
comunicação entre vocês
Esteja sempre atualizado e utilize técnicas com embasamento
científico
Deixe clara a importância da sua participação no processo de
educação do seu cão
Estude e te oriente a ler os sinais corporais do seu animal

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Se você quiser se aprofundar no assunto, essas são boas
indicações!

Portal Tudo de Cão Transforma:


www.tudodecaotransforma.com.br/fernanda.guillen
Livro "Não o mate!", Karen Pryor
Livro "Cão Senso", John Bradshaw
Livro "A Linguagem dos Cães", Turid Rugaas
Livro "O choque de culturas: Um ponto de vista novo e
revolucionário que ajuda a compreender o relacionamento entre
os humanos e o cão", Jean Donaldson
Livro "Cognição e Comportamento de Cães: A Ciência do
Nosso Melhor Amigo", Carine Savalli e Natalia de Souza
Albuquerque

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