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SOBRE O AUTOR...

NANDO LIMA

Imagem 1 - Fotografia do autor

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

Iniciei meu trabalho com cães na Força Aérea Brasileira, onde fiz meus
primeiros cursos na área de adestramento e educação canina. Daí por diante
não parei mais! Depois de muitos cursos no Brasil, tive a oportunidade de
me especializar na Europa, quando ingressei no Exército Francês. Foram
muito ricos os aprendizados pelos países que passei, como França, Espanha
e Bélgica, onde pude conhecer a origem de muitas raças de caninos e técnicas
de adestramento, que foram desenvolvidas com o passar de milhares de anos
no trabalho com cães. Também tive a oportunidade de fazer um trabalho
voluntário na Escola de Cães-Guias, em Paris. Uma experiência muito
gratificante, que vou levar para a vida toda! Na França, pude me especializar
na área de segurança e busca de explosivos. Nesta área, cão e homem
trabalham juntos por um propósito maior. Além dessas vivências, aprofundei
meus estudos na área de psicologia canina, a qual sempre foi minha paixão.
É com grande felicidade que venho, através desse livro, dividir com você um
pouco do meu conhecimento e apresentar meu método, Adestramento Por
Instinto. Meu método de adestramento canino reúne diversas técnicas, que
aprendi com o passar dos anos, para você aplicar com o seu(s) cão(es) de
maneira rápida, fácil e eficiente, com base nos instintos do cão na natureza e
na psicologia canina, voltada a um ensino/adestramento sem qualquer tipo
de violência ou punição. Espero que, através deste livro, você possa entender
melhor seu fiel amigo e desenvolver uma comunicação didática e eficiente.
APRESENTAÇÃO

O livro Adestramento Por Instinto foi escrito de forma estratégica para


ensinar o leitor a entender as ações dos seus cães e saber como reagir a elas
da forma certa. Eu costumo dizer que o ser humano tirou o cão da natureza,
mas não tirou a natureza do cão. Isso se deve ao fato de que os cães têm muito
dos seus ancestrais, os lobos (Canis lupus). Por isso, estudamos os animais
em matilha, como eles vivem em bando e quais as suas regras. A partir daí,
sabemos como eles se comportam na presença de humanos e descobrimos
que, com cães ou humanos, seu comportamento não muda. Isto prova que os
cães domésticos de hoje não são tão diferentes dos lobos, cães selvagens e
seus demais ancestrais, esses que vamos falar mais detalhadamente no
capítulo sobre a origem do cão (Capítulo 2).
Esse livro não conta uma história. É uma espécie de guia de criação de
cães, pois o meu objetivo aqui é fazer você entender que o cachorro é um
animal, que tem necessidades e prioridades diferentes das nossas. Se você
criar um cachorro da forma certa, terá um cão equilibrado e mais saudável.
Você irá entender o porquê ao decorrer do livro.
Aproveita a leitura!
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA CANINA ................................................................................................................. 5


A ORIGEM DO CÃO .............................................................................................................................................. 7
O PODER DA MATILHA ...................................................................................................................................... 22
O INSTINTO ........................................................................................................................................................ 24
O COMEÇO DE TUDO ......................................................................................................................................... 32
SEJA O LÍDER ...................................................................................................................................................... 34
EQUIPAMENTOS ................................................................................................................................................ 44
RECOMPENSA .................................................................................................................................................... 54
ENTENDENDO MELHOR A PSICOLOGIA CANINA ............................................................................................... 56
A IMPORTÂNCIA DO EXERCÍCIO ........................................................................................................................ 65
INICIANDO O ADESTRAMENTO ......................................................................................................................... 78
ADESTRAMENTO COMPORTAMENTAL ............................................................................................................. 85
COMO OS CÃES PENSAM ................................................................................................................................... 88
COMO OS CÃES SENTEM AS PESSOAS ............................................................................................................... 90
COMO OS CÃES VEEM O MUNDO ..................................................................................................................... 92
LINGUAGEM CORPORAL DOS CÃES ................................................................................................................... 94
PARTES DO CORPO DO CACHORRO ................................................................................................................... 97
COISAS QUE IRRITAM OS CÃES ........................................................................................................................ 103
SEU CÃO TE AMA? ........................................................................................................................................... 107
COMO SOBREVIVER AO ATAQUE DE UM CÃO ................................................................................................ 109
PROBLEMAS X CAUSAS .................................................................................................................................... 111
COMECE A EDUCAR O SEU FIEL AMIGO .......................................................................................................... 117
TREINE SUA LIDERANÇA COM SEU CÃO .......................................................................................................... 127
INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA CANINA
Seu cachorro está apresentando algum problema comportamental que
você não sabe explicar? Geralmente, um cão sem liderança pode se tornar
agressivo, nervoso, possessivo, tenso, ansioso, etc. Além de destruir toda sua
casa, fugir e não atender ao seu chamado, ou talvez o latido em excesso já
esteja incomodando os vizinhos. Talvez você já tenha tentado de tudo para
ensinar boas maneiras para seu amigo peludo, porém nada adiantou. Mas o
que está deixando seu cão assim? Você sabia que esses comportamentos são
consequência ou reflexo dos seus donos ou donos? Alguns pequenos detalhes
que para nós não têm a mínima importância, como cruzar pela porta, por
exemplo, para o cão está relacionado à hierarquia e disciplina dentro da
matilha. O cão é um animal que vive em um grupo. O que nós chamamos de
sociedade, para os cães é a matilha. E assim como todo grupo, na matilha os
cães precisam seguir regras, para preservar a organização e crescimento da
sua "Sociedade Canina".
Pode parecer besteira atentar para quem passa pela porta primeiro, o
dono ou seu cão. No entanto, se você ignorar isso, seu cachorro poderá te
arrastar pelo passeio. Para você, pode parecer apenas que ele não sabe
passear, mas, na verdade, ele está liderando o passeio. Ele quem escolhe o
caminho, ele quem escolhe a velocidade, ele para quando bem entender e
você apenas o segue.
"- Ah! Mas não tem problema! Ele é de porte pequeno e nem faz
diferença ele puxar ou não".
Ok! Se você não vê problema em deixar um, dois testes de liderança do
seu cachorro passar batido, tudo bem. Afinal, o cachorro é seu. Mas não
esqueça: acidentes não acontecem de um dia para o outro. Você não tem um
cachorro querido hoje; amanhã ele poderá se mostrar agressivo e morder
você ou alguém da sua família... Isso é um processo. Você o deixa fazer algo
simples, e depois não sabe como fazer seu cachorro parar de avançar nas
visitas, respeitar um não, aceitar uma escolha sua. Um cachorro
desequilibrado não surge do nada. São pequenas reações imperceptíveis que
você dá em respostas às ações dele, e, quando você vê, já não sabe mais como
corrigir sem ajuda de um profissional. Por isso, que nosso objetivo é ensinar
você a criar, educar, corrigir e evitar problemas futuros. Não vai adiantar
você entregar seu cão para alguém que vai "corrigir " ele e entregá-lo em x
dias, se você não souber manter os ensinamentos.
Após ler esse livro, conheça nosso canal e nossas redes socias, para
receber dicas grátis de adestramento e psicologia canina.
Canal do YouTube Matilha do Bem:
Imagem 2 - Canal no YouTube, Matilha do Bem

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

A ORIGEM DO CÃO
Quando se trata de origem do cão na História, não há 100% de
concordância entre os cientistas. Todavia, iremos falar do que há de mais
importante em relação ao assunto.

Imagem 3 - Evolução canina

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

Como um carnívoro, os cães descendem de um ancestral de 50 milhões


de anos, através do chamado Miacis (animal mãe), pertencente ao grupo dos
Miacoidea. O miacis foi um dos mais primitivos mamíferos carnívoros e
pode ter sido o ancestral dos carnívoros modernos como cães, gatos, hienas,
ursos...
Há 40 milhões de anos, surgiu o Cynodictis (Cão urso), que faz parte
da descendência dos cães e ursos, mas não dos felinos.
Do Cynodictis ao próximo animal, se passaram mais 25 milhões de
anos, para evoluir ao Tomarctus. Este é o considerado “o pai dos canídeos”
que conhecemos hoje, lobo, cachorro, raposa... Em continuidade, há
aproximadamente 300 mil anos, surgiu o Canis Lupus (lobo-cinzento). O
lobo que conhecemos hoje. Já o lobo pré-histórico (Canis dirus) era maior,
mas por consequências das mudanças climáticas, ambientais, entre outros
fatores, o lobo Canis dirus foi sendo extinto, e o Canis Lupus foi sendo
maioria. Há aproximadamente 19 - 20 mil anos, surgiu o Canis Lupus
Familiaris (Cão doméstico). O cão doméstico surgiu diretamente pela
interferência do Homem.

Imagem 4 - Antepassados dos cães

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.


A origem do lobo é da Ásia Oriental. Já a origem do homem é da África.
Foi há aproximadamente 43 - 45 mil anos que homem e lobo começaram a
ter os primeiros contatos. Ainda se discute sobre quem migrou até quem,
culminando na habitação do mesmo território. Todavia, sabe-se que já nos
primeiros contatos, os lobos acompanhavam o homem de longe, para comer
os restos de caças que as tribos deixariam para trás; e antes de os lobos
começarem a ser usados pelos humanos, surgiu a agricultura.
Em um novo estudo genético sob a liderança de Ya-Ping Zhang, da
Academia Chinesa de Ciências, os cientistas sequenciaram os genomas de
58 membros da família dos canídeos, incluindo 12 espécies de lobos, 27 cães
primitivos da Ásia e da África e uma coleção de 19 raças de cães de todo o
mundo [...]. Os cientistas descobriram que os cães do sudeste da Ásia [...]
têm o parentesco mais próximo com os lobos. (UOL, 2015, p.1).
Comprova-se que a origem do cão foi na Ásia. A aproximação entre
lobo e homem ocorreu, porque o lobo alpha é um animal territorialista. Ele
provê a alimentação e segurança à prole (descendência) da alcateia. Em
tentativas de atacar o homem, os cães que eram líderes das alcateias foram
sendo mortos. Por isso, os lobos acabaram ficando sem os líderes e
começaram a se afastar dos homens. Sem um líder, muitos lobos acabavam
ficando perdidos; filhotes acabavam sendo deixados. E a História diz, em
suma, que o homem começou a criar esses filhotes para usá-los em seus
trabalhos.
As tribos que tinham lobos domesticados, começaram a classificar e
enviar os lobos para diferentes trabalhos. Os cães mais bravos, agressivos,
com a personalidade mais forte começaram a ser usados para proteção da
tribo e do rebanho, inclusive contra os lobos que eram selvagens; os cães
com personalidade e instinto materno eram usados para cuidar o rebanho; os
cães mais rastreadores usados para caças; os mais fracos, não agressivos, que
na natureza morreria por ser um animal mais frágil, eram usados para
companhia, na tribo, com as mulheres e as crianças.
Assim, começaram a se formar as raças. Por isso, hoje temos cães de
instintos específicos. Por exemplo, como cão de rebanho, temos o Bernese,
o Border Collie; na caça, o Beagle, o perdigueiro; na guarda, o Pastor
Alemão, o Dobermann; e como cães de companhia, temos o Poodle, Pug...

Imagem 5 - Modificações do Pug

Fonte: Mail, 2019

Neste desenvolvimento, as características das raças foram sendo


modificadas através de muitos anos, tendo a região como interferência no
desenvolvimento das características do cão, e o homem com fundamental
intervenção para que isso acontecesse.
Vale ressaltar que os cães podem acasalar com os lobos e terem filhotes
férteis. Caso do “cão-lobo”, cruzamento entre um pastor-alemão e uma loba
da Cordilheira dos Cárpatos. Em casos assim, entende-se que os filhos
pertencem a uma subespécie de lobo, e não a uma espécie à parte.
Imagem 6 - Cão-lobo tchecoslovaco

Fonte: Marx, 2016

Por exemplo: do cruzamento de um burro e de uma égua, dá origem


uma mula. Ela nasce estéril, como são os indivíduos resultantes do
cruzamento entre espécies com número de cromossomos diferentes, o que
mostra que cães e lobos são animais semelhantes.
O cão doméstico e seu ancestral têm divergência de cerca de 36 mil
anos. Esse período é considerado curto em termos evolutivos, para que
diferenças genéticas significativas possam ser observadas.

Imagem 7 - O lobo e o cão

Fonte: Teixeira, 2020


OS PRIMEIRO DIAS

Imagem 8 - Feto de cachorro

Fonte: Advantage PetCare, 2021

Na gestação, o embrião do cachorro recebe duas cópias aleatórias do


DNA do pai e da mãe. Em cada fita de DNA, estão os genes, os quais
determinam características, como pelagem, porte, cor e muito mais, inclusive
a personalidade do animal.
Os estudiosos descobriram recentemente uma genérica especial em
alguns lobos, o gene da domesticação, ou seja, através dos cruzamentos,
alguns animais nasciam com genes que facilitariam a domesticação do
animal. Aos que nasciam sem o gene especial era mais difícil, se não
impossível, a modificação comportamental através da interferência humana.
Esse gene não é encontrado apenas em lobos, mas também em raposas
e alguns felinos. Por exemplo, existem raposas que foram domesticadas, e
raposas que provavelmente nunca serão, pois algumas nascem com a
genética que favorece a doma, e outras não.
Os lobos que tinham essa genética especial eram os lobos que se
aproximavam mais dos homens; e os que não tinham eram aqueles que se
afastavam e escolhiam viver longe das tribos. Estes iam se proliferando cada
vez mais selvagens, enquanto os lobos que habitavam nas tribos humanas
iam se reproduzindo cada vez mais domesticáveis.
Sendo assim, ao adotar um cachorro, é recomendável escolher um
filhote de pais conhecidos, pois a genética dos pais diz muito sobre o filhote.
Então, conhecendo os pais, você já terá uma ideia de como aquele filhote vai
ser.
Isso não significa que porque o pai ou a mãe tem um problema
comportamental, o filhote também terá, pois a genética não vem só da mãe e
do pai, mas também dos avós e de toda a linhagem do filhote. É relevante
também para saber sobre pré-disposições genéticas para doenças que o
cachorro possa desenvolver.
Então, uma dica para você que tem uma raça especifica ou pretende
adquirir alguma, é estudar bastante sobre ela. Ao conhecer a raça, você
conhecerá quais foram os cruzamentos para a criação dela, as características
da genética da raça, e, assim, você vai poder identificar com maior facilidade
a forma certa de lidar com o seu cão.

Imagem 9 - Beagle

Fonte: Pimenta, 2021


Por exemplo, se seu cachorro é de uma raça de caça, você precisa
exercitá-lo naquilo que ele sabe fazer. Não significa que porque você não o
usa para caçar, que ele não precise ser exercitado nisso.
Outro exemplo é uma raça de pastoreio. Talvez você tenha uma e more
em apartamento, talvez seu Border Collie nunca tenha visto uma ovelha ou
uma vaca, mas o pastoreio está na genética dele, o instinto dessa raça é
pastorear, e se você não exercitar o que seu cão tem tendência a fazer, os
problemas comportamentais vão aparecer.

Imagem 10 - Border collie

Fonte: Matsumoto, 2016

Um seguidor nos relatou que seu cachorro se baixava e mordia seus


calcanhares. O cão era da raça Border Collie, e ele entrou em contato com a
gente para saber o porquê de o cão estar tendo essa atitude e não obedecendo.
Os cães de pastoreio fazem isso nas ovelhas, para obrigá-las a andar, a
fazer o que eles querem que elas façam. O cachorro dele era um cão de
apartamento, mas seu instinto de pastoreio era mais forte. Este é um exemplo
de como a genética do cão diz muito sobre ele, e se você conhece a do seu
cão e dos pais deles, você será mais preciso com as necessidades do seu
animal.
Ao nascer, o cachorro já tem um ótimo faro. O cão tem
aproximadamente 220 milhões de células olfativas. Ao sair de dentro da mãe,
ele se arrasta, procurando a mama da cadela, e, ao achar, já consegue sugar
o leite. São instintos que já nascem com ele. Depois disso, é só dormir e
defecar.
Imagem 11 - Cachorro recém-nascido

Fonte: Cão e Gato é Tudo de Bom (2019)

A partir do décimo dia, dependendo da raça, o filhote começa a abrir os


olhos. Após o decimo sexto dia, também dependendo da raça, a audição do
cachorro é aberta. Então, no décimo sexto dia, ele enxerga e escuta. Enquanto
isso, o cocô e xixi que o filhote fizer, a cadela vai lambem. Como o filhote
só bebe leite, as fezes não irão provocar problemas de saúde à mãe dos
cachorrinhos, e, assim, ela vai estimular os filhotes a sanarem a necessidade
básica de se manterem limpos. A mãe também limpa a toca, a fim de evitar
doenças, o que aconteceria também na natureza.
A partir do momento em que o filhote aprende a caminhar, ele começa
a fazer as necessidades fora da toca. Então, a mãe não precisa mais lamber
as fezes, apenas lamber os filhotes para “dar banho” neles.
Na natureza, a mãe sairia, caçaria, encheria o estômago ao máximo e,
ao voltar para toca, ela regurgitaria uma parte para os filhotes. O filhote
sabendo disso, na chegada ele já começa a lamber a boca da mãe. Isso ajuda
a cadela a ter ânsia e regurgitar com mais facilidade.

Imagem 12 - Lobo alimentando seus filhotes

Fonte: Mancuso, 2021

É por isso que os filhotes gostam de lamber a boca dos seus donos. Isso
ele traz do seu instinto, pois espera que algo saia dali para que ele coma.
Inclusive cães adultos fazem isso, pois acaba virando um hábito, mas é um
instinto do filhote.
A partir daí, até os 60 ou 70 dias, depende da raça, apesar de já estarem
comendo sólidos, eles ainda mamam na mãe. Nesse tempo, a mãe ensina seus
filhotes, ela é a primeira líder que ele irá ter. Por isso que você vai ver, às
vezes, a cadela dando mordidas nos filhotes. Ela não está querendo
machucar, ela apenas está corrigindo e ensinando ele a viver em matilha.
É a forma que o animal tem de dizer: - Não faça isso!
Quando você adota um filhote muito novo, tirando ele cedo demais da
sua mãe e seus irmãos, você está privando-o de ter os primeiros aprendizados
de convivência em grupo, pois seus irmãos são a primeira matilha que ele vai
participar. Depois desse primeiro convívio, ele será adotado, fará parte de
outra família, conhecerá outros cães... E se ele não aprendeu com a mãe e
seus irmãos a respeitar as regras, a hierarquia da matilha, a aceitar um “não”
de outro cachorro, ele irá aprender mais tarde, com outros cães, mas talvez
não seja de forma cuidadosa, como seria com a sua mãe.
O ideal é deixar os filhotes com a mãe no mínimo 60 dias. Isso irá o
ajudar a ser mais sociável e ter mais facilidade de ensinar e aprender depois,
pois ele já vem com uma noção básica de respeito ao líder.

Imagem 13 - Filhotes caninos com sua mãe

Fonte: Taffer, 2021


E depois da sua mãe, o próximo líder será? VOCÊ! Por isso que o
processo do adestramento do seu cão será um pouco mais fácil, se seu filhote
for deixado um tempo a mais com a mãe. Combine com o criador, com a
ONG que você vai adotar, peça que eles fiquem um tempo a mais, mesmo
que você cubra as despesas dele por esses dias, pois isso vai refletir muito no
comportamento dele mais tarde.

Imagem 14 - Filhotes brincando

Fonte: Best for Pets, 2021

Ao tirar o filhote da mãe, você precisa assumir o lugar dela.


Isso significa que agora eu sou a mãe do cachorro?
Não! Isso significa que ele tinha uma matilha, uma líder e agora ele não
tem mais! Então, ele vai achar um líder ou se tornar um. E é aí que você entra
com o papel de novo líder.
Já deixe claro, no primeiro dia do seu filhote em casa, de quem é a
liderança daquela matilha. Nos primeiros dias, você já deve apresentar as
regras para ele e ensiná-lo a respeitá-las.
Imagem 15 - Filhote de cão no colo de uma pessoa

Fonte: Deyo, [s.n]

A primeira regra para ensinar ao filhote é que ele não anda por toda a
casa. Você não deve largá-lo em casa e deixá-lo à vontade, pois a sua casa é
uma recompensa. Ele está entrando na sua vida, na sua matilha, e isso não
pode ser de graça, porque entrar em uma matilha é algo muito importante
para o cachorro. Agora ele tem um grupo, que vai ajudar a prover sua
alimentação, sua segurança e tudo mais que ele precisa. Por isso, ao adotar
um filhote você vai separar um cômodo da casa para deixá-lo ou um cercado,
e é ali que ele vai ficar. Se você quiser brincar com ele, é você que vai até
onde ele mora. Com o tempo, dependendo do comportamento dele, você vai
liberando a casa para ele como uma recompensa. Toda vez que ele aprender
algo novo, que ele aprender a respeitar uma regra, por exemplo, fazer xixi no
tapete higiênico, então, ele ganha direito a mais um espaço, seja da mesma
peça ou na próxima, depende do tamanho da sua casa. Você vai liberando
espaço, conforme ele vai merecendo. Contudo, lembre-se que passeios são
fundamentais e também devem ser administrados.
Outra regra: o cachorro pode ganhar apenas aquilo que não será tirado
dele mais tarde. Isso significa que, se você dá um presente para alguém, você
não volta lá depois de um tempo e pede que a pessoa lhe devolva o presente.
Do mesmo modo, você não pode recompensar seu cão e depois tirar dele o
que foi dado.
Suponhamos que hoje você tem um cachorro fofinho, bebê, que pesa
1,5 quilos, que faz uma carinha para subir no sofá, e, então, você acha isso
fofo e coloca ele lá ou permite que ele pule e suba, mas daqui 5 meses, esse
bebê já não pesará mais 1,5 quilos, agora ele está pesando 7 quilos, e você
decide que não quer mais ele no seu sofá. Então, você começa a dizer não
para algo que há 5 meses você mesmo permitiu. Isso é a mesma coisa que
presentear alguém e voltar depois de um tempo pra dizer: “- sabe aquele
presente? Me dá de volta, não é mais seu!”
Então você já deve criá-lo como você pretende que ele seja daqui um
ano. Hoje, ele pesa um quilo, mas quando ele pesar dez, você vai deixá-lo
fazer as mesmas coisas? Se agora que ele é filhote ele pode subir no sofá,
mas com dez quilos ele não irá mais poder, então, evite! Não ensine algo
agora que daqui a um tempo você vai querer proibir, pois isso deixa o animal
confuso. Ele ganhou o sofá como uma recompensa e depois você vai tirar?
Não é assim que funciona na mente do cachorro. Se você liberou, é dele. Se
você não pretende deixar, evite ensinar. Bueno?
Isso não significa que, porque você deixou, não vai poder mais tirar. É
claro que você pode mudar de ideia e querer deixar o cão que dormia na
casinha lá fora durma dentro de casa. Mas um cachorro que foi ensinado de
uma forma vai precisar de um pouco mais de paciência de ambas as partes
para mudar de costumes. Então, para não confundir seu cão, já crie as regras
do que ele pode e não pode, para que ele cresça com elas e o convívio de
vocês seja o melhor possível.
Mas é importante ressaltar que não existe idade para impor regras. Não
é porque seu cão tem 45 dias que ele não vai aprender algo, e muito menos
se ele já tenha 10 anos que não dá mais tempo de ensinar! O adestramento
não tem idade!
Se alguém já lhe disse que cão adulto não se adestra mais, fale desse
livro, pois ele precisa saber que sim, é possível adestrar um cão adulto.
O PODER DA MATILHA
Dentro da matilha o cão mais amado e respeitado é o líder, por uma
questão muito simples: o Instinto mais forte que o cão tem é a
SOBREVIVÊNCIA.
E o responsável pela caça e proteção do grupo é o alpha. Assim, o alpha
tem o respeito e admiração do grupo, não por ser o mais forte, mas por ser o
mais inteligente e capaz de liderar. Veja um exemplo da organização de uma
alcateia:

Imagem 16 - Alcateia andando

Fonte: Panter, [2022]

Os 3 primeiros são os mais velhos ou os doentes e marcam o ritmo do


grupo. Se fosse ao contrário, seriam deixados para trás e perderiam o contato
com a alcateia. Em caso de emboscada serão sacrificados. Na sequência, os
5 mais fortes. No centro, seguem os demais membros da alcateia. No final
do grupo, seguem os outros 5 mais fortes. Em último, sozinho, segue o lobo
alpha. Ele controla tudo, desde a parte traseira. Nessa posição, consegue
controlar todo o grupo, decidir a direção a seguir e antecipar os ataques dos
adversários. A alcateia segue no ritmo dos anciões e sob o comando do líder,
que impõe o espírito de entreajuda, não deixando ninguém para trás.
O INSTINTO
Para entendermos como os cães pensam, é preciso entender como
funcionam os seus instintos naturais. Vamos começar pelo instinto mais
poderoso, o da sobrevivência.

O que é instinto?

Instinto é o impulso natural interior que faz um animal executar


inconscientemente atos adequados às necessidades de sobrevivência
própria, da sua espécie ou da sua prole. (SIGNIFICADOS, [20--], p.1).

Sabemos que o instinto faz o cão agir naturalmente, inconscientemente,


"automaticamente", para garantir a sua sobrevivência, e isso pode ser uma
arma muito valiosa para você na hora de adestrar seu cão. Se você souber
utilizar isso para ensinar o cão a sentar, deitar ou fazer as necessidades no
lugar certo, por exemplo, será muito mais rápido e fácil a aprendizagem para
seu amigo de 4 patas. Você vai começar a entender como pensa seu melhor
amigo.

Como o instinto do cão pode me ajudar?


O homem tirou o cão da natureza,
mas nunca vai tirar a natureza do cão.

Já sabemos o que é o instinto e o quanto ele é poderoso. Agora, veremos


como ele pode ajudar você no aprendizado do seu cão. Para isso, temos que
ir até a mãe natureza para ver como é o cão no seu habitat natural.

Imagem 17 - Loba e seus filhotes recém-nascidos

Fonte: Caballero, 2020

Na natureza, a fêmea da cria em uma toca apertada e escura; os filhotes


nascem completamente cegos e surdos, e o único sentido já ativo neles é o
olfato. É através do olfato que o cão descobre o mundo. Pelo cheiro, ele
encontra sua mãe dentro da toca e disputa um espaço com seus irmãos, no
momento de mamar e de buscar seu território.
Após 14 dias, os filhotes abrem os olhos. Após 21 dias, começam a
ouvir nitidamente. Sendo assim, podemos constatar que o sentido mais
poderoso que o cão tem é o olfato. Através do olfato, o cão consegue
sobreviver nos primeiros dias de vida, mesmo sendo cego e surdo. O nariz
do ser humano tem cerca de 5 milhões de receptores olfativos, enquanto o
focinho do cão tem quase 220 milhões. Esta é uma arma poderosa que vamos
usar como nossa aliada na hora do treinamento.
Para você ter uma ideia do quanto é poderoso o faro de um cão, nos
EUA eles vêm sendo usados para detectar câncer, através do hálito das
pessoas ou do cheiro da urina.

Imagem 18 - Cão a serviço da saúde

Fonte: Bourroul, 2014

Sabendo disso, para usar o instinto do cão a seu favor, você precisa
saber quais são as necessidades do cão. A primeira é a alimentação. Ele
precisa se alimentar para sobreviver, e está no instinto dele caçar para
sobreviver.
Por isso, você pode usar o instinto da alimentação dele a seu favor. Mas
se você deixa comida no pote do seu cachorro, ele sabe que não precisa fazer
nada por você, porque ele tem um pote mágico, de onde brota ração
infinitamente. Então, por que ele se preocuparia com alimentação? Por que
ele faria algo para você, em troca de alimentação, se ele tem um pote mágico?
É exatamente por esse e outros motivos que afirmamos: você não deve
deixar o pote cheio de ração.
Outro instinto dele é de matilha, um grupo. O cachorro não gosta de
viver sozinho. Ele gosta de viver em sociedade, em matilha. O líder vai
garantir o alimento, a proteção e a prole, pois o líder é o único que reproduz
na matilha. E o cachorro vai viver com a segurança de fazer parte da matilha.
O líder tem o papel de alimentar. Como você vai alimentar seu cão, se a ração
está sempre no pote?
O líder tem o papel de elaborar e gerenciar as estratégias. Como você
vai fazer isso, se seu cachorro para a hora que ele quiser nos passeios, para
cheirar e fazer xixi, quando ele bem entender? Se ele está escolhendo as horas
de parar e marcar o território, significa que não é você o líder. Na natureza,
quem marca território é o alpha, o líder. Se você está deixando seu cachorro
parar nos passeios para isso, então, quem está marcando o território é ele.
É semelhante a quando seu cachorro sobe na sua perna e faz
movimentos de acasalamento. Não é que ele esteja querendo acasalar com
você. Ele está lhe avisando que, se ele quiser, pode tratar você como uma
fêmea canina. Ele está apenas exercendo a liderança, dominando você.
Então, se você deixa seu cachorro fazer essas coisas, compromete os
três pilares do instinto do seu cão, que são: a alimentação (pois ele não
precisa de você, ele tem um pote magico); a proteção e marcação do território
(pois se é ele quem controla aonde vai, velocidade do passo, marca
território...); e a reprodução (porque você o deixa subir com as patas e fazer
movimentos de acasalamento, o que reforça liderança e prole para ele).
Você também precisa prestar atenção no instinto, pois ele pode se
tornar perigoso. Os cães colocam as patas em cima de tudo, demonstrando
dominação. Sabe-se que para comer na natureza, o cachorro coloca as mãos
e come antes de deixar que os outros se aproximem. Assim, ele deixa sua
marca, seu cheiro na comida, como também em lugares e objetos, antes de
liberá-los para o restante da matilha. Por isso, é importante você deixar bem
claro que a casa é sua, as coisas dele são suas, a ração é sua... Ele apenas está
usando, porque você deixou.
Um exercício que você pode fazer é servir a ração do seu cão com sua
mão. Dessa forma, a ração ficará com o seu cheiro e, porque tem seu cheiro,
ele entende que a ração é sua. Esse é um dos muitos exercícios cotidianos
que você pode fazer. Também pode fazer o exercício de mandar o cachorro
se afastar, sentar e, então, você serve a ração, permitindo que ele se aproxime
para comer e oferendo a comida apenas após o seu comando.
Os cães tem instinto de luta ou fuga. Quando um lobo está na natureza
e encontra um urso, um animal muito maior que ele, ele precisa pensar se vai
lutar ou fugir. Se o urso for grande e o lobo não tiver para aonde fugir, o lobo
vai atacar.
Este é um exemplo do que acontece com os cães que ficam presos.
Quando vê alguém que ele não conhece se aproximando, ele teria a opção de
lutar ou fugir, mas se esse cachorro está em uma corrente, tiraram dele a
chance de fugir. Logo, a única opção que ele tem é lutar. Por isso, um
cachorro na corrente se torna bravo, pois só deram a opção de lutar, ele não
tem como fazer mais nada. Não significa que isso é algo que seja utilizável
para deixar um cachorro treinado para guarda! Não é esse o método usado
para treinar guarda. Um cachorro na corrente se torna bravo por falta de
opção, se torna estressado por falta de entendimento. Ele tem um dos pilares
do instinto muito forte que é o de sobrevivência, então, um cão que quer
sobreviver “faz tudo e qualquer coisa”, por isso, a corrente não é um método.
Um cachorro que fica na corrente precisa ser solto e exercitado todos os dias.
Entre o momento de luta e fuga, tem um tempo, e nesse tempo acontece
de a pessoa ou o animal travar, cair, tremer... Dependo da situação chega até
se urinar. Exemplo: o fogão da sua casa começa a pegar fogo. Você tem duas
opções: fuga, correr e sair dali, ou luta, correr para desligar a chave da energia
e apagar o fogo. Mas entre uma coisa e outra, há um tempo, e esse tempo
depende de cada pessoa.
Todos temos esse instinto de luta e fuga e não podemos tirar do animal
a opção da fuga, pois ele vai analisar e fazer o que o instinto dele mandar.
Por isso, o cão pode se tornar perigoso. Caso você esteja brigando com
um cachorro que está preso ou está entre paredes e não tem para aonde correr,
você está ali falando: “- porque você fez isso? Você vai apanhar! olha aqui
meu chinelo, Zeus. Você fez coisa feia!”

Imagem 19 - Cachorro levando bronca

Fonte: Dailymotion, 2017


O animal se vê em situação de luta, pois você tirou dele a opção da
fuga, e ele só tem uma opção, que é lutar. O cachorro pode atacar você, não
porque ele te odeia, mas porque o instinto dele é esse. Você foi CONTRA O
INSTINTO dele.
O ideal é que você corrija e o cão se afaste, o que é semelhante à fuga
ou afastamento do animal depois de ser corrigido pelo líder. Na natureza, o
cachorro, quando é corrigido, coloca o rabo entre as pernas e corre. O cão
que está corrigindo-o não quer matá-lo, então, se o cachorro se abaixou e foi
saindo, não vá atrás dele brigando. Ele está fugindo, e você não pode impedir
a fuga dele, pois a única opção que você vai deixar é a luta.
Outro instinto do animal é de não fazer xixi e cocô perto do local que
ele se alimenta, pois, por instinto da sobrevivência, ele quer manter o local
de se alimentar limpo. Por esse mesmo motivo, a mãe come as vezes dos
filhotes: ela evita que se proliferem bactérias e doenças.
Uma coisa que as pessoas fazem que vai de encontro ao instinto do
animal é isso: colocar o pote de água e ração perto do tapete higiênico ou
jornais.
Imagem 20 - Espaço do pet

Fonte: Decorando Casas, 2020


O cachorro NÃO faz coco e xixi perto do local da comida. Portanto,
coloque a ração longe do local onde ele faz necessidades.
Ao saber disso, você pode usar a ração para proibir o animal de fazer
xixi e coco onde você não quer. Exemplo: O cachorro faz xixi no sofá, então
você vai alimentar ele no local onde ele está fazendo xixi. Ele vai notar que
agora aquele é o local onde ele come, então, ele precisa parar de fazer xixi
ali.
Usar o instinto do jeito certo é extremamente importante, assim como
usar o instinto de forma errada será um grande problema.
O COMEÇO DE TUDO
Se você já teve a oportunidade de ter filhotes em sua casa, talvez você
já tenha presenciado a primeira fase da vida dos cães. Os filhotes
praticamente são como nossos bebês. Mamam e dormem, enquanto a mãe
aproveita para sair e para deitar em outro lugar para descansar. Após algum
tempo, as tetas começam a encher de leite novamente, e um sinal é enviado
ao cérebro, que faz a cadela lembrar que tem filhotes para amamentar.
Quando a cadela retorna à caixa, ela não coloca a teta na boca de cada filhote.
Ela simplesmente deita em um canto e espera os filhotes virem até ela.
Através do olfato os filhotinhos vão se arrastando até as tetas, o que ajuda a
desenvolver seu corpo e musculatura. Aqueles que chegam primeiro mamam
mais e têm um sono mais pesado; os que demoram mais acabam mamando
menos leite e podem ficar mais atentos na próxima vez em que a cadela voltar
para a caixa, e, assim, serão os primeiros a chegar. A mãe natureza é perfeita
e faz sua seleção natural, onde os mais fortes sobrevivem.
É assim o filhote passa seus primeiros 30 dias, tendo que lutar e merecer
seu espaço e comida, convivendo em uma sociedade forte e determinado a
lutar por sua vida. Após esse período, os novos donos levam seus filhotes
para casa, porém, chegando lá, as coisas mudam. Eles não precisam mais
lutar para merecer seu alimento, muito menos trabalhar por ele. Seus novos
donos, dão um pote que está sempre cheio de ração, sem eles precisarem
fazer nada em troca. Mesmo que eles destruam os bens materiais da família,
sempre terão aquele pote mágico, de onde brota ração todos os dias. É aí que
começam os problemas de comportamento.

Imagem 21 - Cão mordendo objeto

Fonte: Pablo, 2022


SEJA O LÍDER
O meu principal objetivo é que você se torne o líder do seu cão e que
possa entender o que se passa na cabeça dele. Você precisa pensar como o
cão, para poder se comunicar e corrigi-lo quando necessário. Através da
minha técnica, você vai aprender a identificar o problema e raciocinar como
o cão. Desse modo, você vai saber qual a melhor técnica a utilizar. Não quero
“vender o peixe”, quero “ensinar a pescar”. O perfil de um líder deve ser
calmo, porém assertivo. Engana-se quem pensa que na natureza o líder é o
cão mais forte. Normalmente, o líder é o cão mais inteligente e capaz de
resolver adversidades.
Há pessoas que acreditam que os cães atuais já evoluíram e não seguem
mais uma ordem de hierarquia como na alcateia, mas isso é um equívoco.
Até aqui você já viu que os cães são, sim, semelhantes aos lobos, tanto na
genética, quanto no comportamento. Por isso, você precisa entender o que o
líder tem de tão importante, para que os demais o respeitem e o admirem
tanto.

Então, como construir uma liderança?

Primeiramente, você precisa entender que o líder não é o cachorro mais


forte, aquele que ganha no tamanho, na força. Diferentemente dos leões, que
ganham a liderança pela força, os cães ganham a liderança pela capacidade,
tanto intelectual, quanto de capacidade de liderança e habilidades
estratégicas. Essas características podem ser identificadas ainda no filhote.
Desde novinhos, quando os filhotes começam a brincar nos primeiros dias
de vida, eles já começam a se destacar. Ali já se sabe naturalmente quem é o
mais inteligente, o que coloca ordem, o que eventualmente é o mais forte, o
mais corajoso. Na natureza, a linguagem corporal de um líder é de
dominância, anda sempre com a cabeça erguida, peito estufado, é
responsável por marcar o território. É Ele quem reproduz, e é a fêmea alpha
que procria. O restante da alcateia nem chega a entrar no cio, pois as demais
fêmeas são reprimidas pela fêmea alpha. A liderança é algo tão forte e
importante entre eles, que mexe até com o organismo dos outros membros.
Os cães domésticos perderam essas características de abster o cio. Se
você tem várias fêmeas, todas vão entrar no cio e podem reproduzir com
diferentes machos. Essa é uma das características que mudou do lobo para o
cão doméstico.
Outra função do líder é de organizar a caçada e a estratégia. Ele quem
diz quando atacar e como atacar. Após a caçada, os primeiros a comer são o
casal alpha. O restante da alcateia espera o líder comer e poderão se alimentar
apenas quando o líder permitir. Quando a alcateia é liberada para comer, a
caça está com o cheiro do alpha, o que representa que a comida é dele, e os
demais estão autorizados a comer, mas se ele quiser voltar e tirar todos de
perto do alimento, ele pode.
Além de ser o líder que faz o trajeto, marca o território do grupo, ele
também decide quando mudar de território e para qual território mudar. O
poder de decisão é todo dele.
Sempre calmo e assertivo, um líder não se desequilibra. Ele é soberano.
Não se descontrola, está sempre confiante. Se tiver um membro do grupo que
seja descontrolado, late muito, erra muito, não espera o comando do líder,
esse animal é expulso da alcateia, pois ele vai trazer riscos para a segurança
do grupo.

Imagem 22 - Comando

Fonte: Sánchez, 2021

Trazendo a figura de um líder para o ser humano, aquela pessoa que


grita com o cachorro, chora, que se demostra desequilibrado
emocionalmente, essa pessoa é vista pelo cão com alguém fraco. Uma pessoa
assim não é capaz de prover a segurança, alimentação e as exigências que o
instinto animal tem.
Houve uma vez que cheguei na casa de uma cliente, e ao me relatar os
problemas do cão dela, ela começou a chorar, dizendo que o cachorro não a
amava. Ela “fazia tudo por ele”, comprava tudo que podia, dava toda atenção
que podia, fazia muito carinho, e o cachorro fazia o que queria, não a ouvia,
às vezes até rosnava para ela. Esse é um exemplo de um cão que não vê seu
dono como líder. Ele via nela alguém desequilibrada, então, ele quem exercia
a liderança sobre ela.
Alguém que consegue exercer a liderança sobre seus cães é uma pessoa
que não grita, que não permite testes, como passeio errado, alguém que é
firme, assertivo, fala de forma convicta, não faz carinho no cachorro em
excesso (o carinho em excesso você vê no capítulo sobre recompensas). A
pessoa com esse perfil proporciona ao cão segurança, confiança, e ele passa
a ver seu dono como líder. Aí, sim, ele começa a amar seu dono! Pois um
líder é o cachorro mais amado da matilha. Os demais membros do grupo dão
a vida pelo seu líder e o respeitam acima de qualquer coisa.
Na minha casa costumo fazer caminhadas com meus vários cães todos
soltos ao mesmo tempo, em um trajeto de estrada de chão, área rural. No
momento em que eles avistam outro animal, por exemplo, um cavalo, a
primeira ação deles é me olhar, para saber o que eu quero fazer.
É como se eles falassem: “- Vamos atacar? Fugir? O que devemos
fazer?”
Isso porque, eles veem em mim alguém que eles respeitam acima de
tudo. Se fossem cachorros sem líder, ao ver o animal ele poderia fazer o que
quisesse, seja atacar, correr, latir ou fugir. Já um cão que está sob uma
liderança, espera de seu líder qual reação tomar, pois o líder como é o mais
inteligente, vai saber se aquilo é perigoso, se um confronto vale a pena ou se
coloca o grupo em risco.
Para se tornar um líder é preciso construir isso dia a dia. Não dar
carinho fora de hora, comida fora de hora, a fim de que você não perca o
respeito dele, nem seu papel de líder.
Se você ama seu cachorro, seja o líder que ele precisa!

Imagem 23 - Adestrador

Fonte: Arquivo pessoal, 2022

Tratar seu cachorro como gente não é visto pelo seu cão da mesma
forma que você vê. Você precisa respeitar a natureza do cachorro como
animal que é. Isto é respeitar a diferença de espécie.
Ao tratar seu cão com gente, você estará demostrando e exercendo
sentimentos que seu cão não é capaz de interpretar. Um cachorro tem apenas
sentimentos básicos, como alegria, felicidade, raiva, tristeza, ciúmes (por
possessão), saudade. Seu cachorro não sente rancor, vingança, pena... Se seu
cachorro vir um cão magro, machucado, passando na rua, ele pode atacar
como atacaria qualquer outro. Ele não vai sentir pena do cachorro que está
fraco, machucado, com fome... Cães não sentem a complexidade de os
sentimentos que o ser humano pode sentir.
- Ah, mas eu já vi um cão ajudar outro.
Sim, um cão é capaz de ajudar outro cão e é capaz de ajudar você
também, mas ele não ajuda por pena, ele ajuda por amor. Ele ajuda, porque
é um membro do grupo dele, porque é alguém que ele conhece e ama.
Então, se você sente pena do seu cão, ele não consegue entender seu
sentimento. Ao tentar entender o que você está sentindo, ele pode ficar
confuso e acabar fazendo mal, pois ele pode interpretar como hostil (que
manifesta inimizade). Nessa situação, seu cachorro pode atacar, porque não
entende o que você está sentindo.
É comum alguém se aproximar de cães de rua, e o animal avançar num
momento em que irão receber carinho. A pessoa pode pensar que o animal é
traumatizado, mas não. Talvez você tenha sentido pena dele naquela hora, e
ele, sem entender aquele sentimento, interpretou como hostil e se defendeu.
Da mesma forma como um cachorro não vai sentir pena de você, se
você levar um tiro e correr para uma casa onde tenha um cão de guarda, você
pode entrar sangrando, pedindo ajuda que o cachorro pode lhe atacar do
mesmo jeito, pois eles não sentem pena.
Então, você não pode tratar um cachorro como gente, pois sendo tratado
como cachorro que é, ele saberá o que está acontecendo, e, assim, ao invés
de ficar confuso com você, ele vai ficar confiante nas suas decisões. Sendo
assim, é totalmente possível um cachorro lhe amar e lhe atacar. Ele pode lhe
atacar em momentos específicos, por exemplo, se você tentar tirar algo dele
algo que é seu e que ele pegou ou quando você quiser tirar ele do sofá.
Depois, pedirá carinho normalmente, porque ele estava apenas se
comunicando com você. Ele estava te corrigindo, quando ele achou que você
estava errado. Por isso, a importância de deixar a liderança sempre clara em
sua casa. Cachorro é cachorro, pelo bem dele é tratado como tal, e você nunca
terá problemas de falta de comunicação e má interpretação da parte dele.
SEMPRE SEJA FRANCO!
Seu cachorro não consegue interpretar palavras. Ele interpreta a
linguagem corporal. Logo, se você estiver sendo falso, sendo forçado, ele vai
saber.
Vocês já notaram que quando uma pessoa que não gosta de cachorro
tenta interagir com ele, fazer um carinho, demostrar interesse, o cachorro age
diferente? É porque você não consegue mentir para eles. Mesmo que você
diga “que lindo, que amor”, sua linguagem corporal não diz isso, e o cachorro
vai saber. Por essa razão, seja sempre franco e claro com seu animal,
inclusive ao tocar nele. Se você decidiu, está decidido.
Se você falar “não”, é “não”! Precisa ser convicto ao falar. Desde
filhote, o cão precisa ter muito claro que o “não” é um comando que deve ser
obedecido sempre e com prontidão.
Um exemplo de não obediência ao comando “não” é você tirar o
cachorro de casa, e ele entrar novamente. Depois de um tempo ele volta a
entrar na casa, você diz não e coloca ele pra fora de novo, até que o cachorro
deita na porta e coloca só as patinhas. Daí você pensa que só a patinha não
tem problema, então, ele coloca o focinho, e você acha que só a patinha e o
focinho não é um problema. Assim, o cachorro “vai te ganhando”, pois ele
sabe que a porta é a linha entre o que ele pode e não pode, e, assim, ele vai
ganhando o espaço que você proibiu.
Cães que são ensinados a não sair do portão, não passam da linha
quando o portão está aberto, pois eles sabem até aonde podem ir, reconhecem
o limite. O cachorro não pode aprender que “não” é “não”, mas as vezes é
“sim”. O cachorro precisa aprender que “não” é “100% não”! Se você disse
que “não entra em casa, fica lá fora!”, ele não pode pôr nem uma patinha.
Você sendo o líder, tudo que está na sua casa é seu. A casa, a ração, o
sofá, o osso... Deve ser entendido como posses do líder, as quais o líder o
deixa usar. Então tenha sempre a certeza de que até o osso que seu cachorro
está comendo é seu! Foi você que deu para ele, mas é seu e se você quiser de
volta, ele terá que soltar e sair de perto do osso.
Porém, é de extrema importância, que você NUNCA TIRE O OBJETO
DO CACHORRO, E, SIM, O CACHORRO DO OBJETO.
Ele pegou algo que não deveria, e você vai tirar dele para que não
estrague. Ao tentar pegar o objeto dele, ele vai rosnar, e você
automaticamente vai soltar. Nessa hora o cachorro “te ganhou”! Ele viu que
mandou você sair e você saiu. Com isso, você abriu uma brecha para que ele
faça mais coisas que você não quer que ele faça, já que ele lhe deu um
comando, e você obedeceu.
Você nunca verá na natureza um líder puxando um osso e competindo
para tirar do outro cão. Quando o líder se aproxima do osso, ele rosna, e o
outro cão solta e se afasta. Tudo que está ali é do líder. Os outros cachorros
pegam somente enquanto o líder deixar e soltam quando o líder mandar. É
assim que eles fazem na natureza, então você nunca pode tirar o objeto do
cachorro. Você dá o comando e quando ele soltar, você pega. Por isso que
fizemos o exercício da alimentação, mandando o cachorro comer e sair: para
que ele já seja exercitado a sair, quando você mandar. No entanto, não basta
fazer somente esse exercício e esperar que seu cachorro saiba respeitar todos
os seus comandos. A liderança é um conjunto de hábitos diários. Então,
ensine também os comandos obrigatórios, faça o passeio do jeito certo, trate
seu cachorro como cachorro, coloque todo nosso livro em prática que você
será 100% capaz de ser o líder do seu cachorro.

SEJA A CHAVE DO SEU CÃO


Do mesmo modo que precisamos de uma chave ou senha para abrir um
cofre e pegar algo que a gente deseja, o cachorro também precisa para ganhar
o que ele quer. E a chave para chegar até o que ele está querendo é você!
Quando você quer ganhar um salário, você trabalha para uma
pessoa/uma empresa e, depois disso, ela entrega a você o dinheiro.
Quando um cachorro quer comer ou quer passear, ele precisa fazer algo
para que você entregue o que ele está querendo. Antes de entregar a ração,
sempre pedimos algo dele. Mandamos sentar, mandamos ficar, fazemos ele
trabalhar pela recompensa e, depois, liberamos ela ao cão.
Se você não fizer nada no trabalho, no final do mês seu patrão vai se
recusar a lhe pagar por algo que você não fez. Já se você é pago por não
realizar suas funções, a partir daí você não irá mais colaborar, porque se fizer
ou não fizer as tarefas, você vai ganhar. Como dono, não recompense seu
cachorro por algo que ele não merece ou por um erro que ele cometeu. Ensine
a ele que a chave para ele ganhar o que quer é você, e, assim, ele vai aprender
a sempre respeitar você e buscar ganhar a sua aprovação.

AS REGRAS VALEM PARA TODOS


Se você tem mais de um cachorro, você precisa aplicar as mesmas
regras a todos eles. Você não pode deixar um fazer algo e outro não. É como
você dar diferentes salários a dois funcionários que exercem a mesma função.
Diferentes recompensas, culminarão em atrito entre eles. Falamos
anteriormente que os cães sentem ciúmes por possessão, e isso vai acontecer
se você criar regras para um, que não valerão para outro. Isso está
relacionado a tudo, a carinho, a passeio... Você precisa fazer valer as regras
para todos. Nenhum deles pode ter regras mais brandas, por exemplo, porque
é pequenininho ou porque é mais novo. Nada disso! Preste atenção em como
você reagirá com seus cães, caso tenha mais de um cão.
EQUIPAMENTOS
Como qualquer outra profissão, adestradores ou quem está exercendo
esse papel precisa ter ferramentas de trabalho, assim como precisa saber usá-
las do modo correto. Uma guia e um educador canino utilizados da maneira
certa já trazem grandes benefícios na educação do seu cão.
Lembre-se: UM CÃO EDUCADO É UM CÃO MAIS FELIZ.

Que tipo de equipamento usar?

GUIA
Guia curta x guia longa
A guia é com certeza o equipamento mais importante no adestramento
e na educação do seu cão. Existem vários tipos de guia, e cada uma com uma
função diferente, mas todas com um objetivo em comum: se conectar com o
cão.
A guia deve ser considerada uma extensão do nosso braço, que serve
para corrigir, direcionar e controlar o cão. Vejamos quais são as guias mais
úteis no aprendizado canino:

Guia curta:
Ideal para cães de grande porte ficarem mais próximos da nossa mão.
É uma questão de segurança e treinamento durante o passeio.
Imagem 24 - Guia curta amortecedora
Fonte: Canal do Pet, [20--]

Guia Longa:
Ideal para cães de pequeno porte, que podem longe da nossa mão. Com
esse modelo de guia, podemos controlar o cachorro somente com uma mão,
deixando a outra livre para outras ocupações.

Imagem 25 - Guia longa amortecedora

Fonte: Guarche, 2019


Guia de 5 metros:
Utilizada para dar um pouco mais de liberdade ao cão, durante as
recreações em pracinhas públicas.

Imagem 26 - Guia de 5m

Fonte: Melo, 2020

Guias que devem ser evitadas durante o treinamento:

Guias com molas, guias retráteis, guias elásticas ou muitos finas. Esses
tipos de guia podem incentivar o cão a puxar mais e desenvolver um vício
por fazer força. É comum que nesse contexto, o cachorro tente arrastar os
donos durante o passeio.
Imagem 27 - Guia retrátil

Fonte: Pimenta, 2022

COLEIRAS E EDUCADORES
Educador ou enforcador:
Essa ferramenta é muito eficiente para ensinar o cão a passear, mas
precisa ser utilizada da maneira correta. Se você não souber usar e não souber
colocá-la corretamente, não terá sucesso e poderá até mesmo machucar seu
cão.

Imagem 28 - Enforcador

Fonte: Pet Doctor, [202-]


Coleira:
Ideal para usar em cães que já sabem passear ou usam vai e vem. Deve
ser forte e confortável e não deve ficar no cão o tempo todo, porque é
necessário dar descanso à área do pescoço.

Imagem 29 - Coleira de pescoço

Fonte: Silva, 2016

Coleira tipo Cabresto:


Essa coleira é bastante eficiente e pode ser usada no cão após o trabalho
com o enforcador. Ela direciona o focinho do cão para o lado que você puxa,
sem machucar o animal. Dessa forma, você pode ter mais controle do foco
do seu cão.
Imagem 30 - Cabresto para cães

Fonte: Meus Animais, 2022

Coleira Enforcador:
Esse acessório é um tipo de coleira dupla, que permite que o enforcador
fique sempre próximo às orelhas do cachorro e não desça para a base. Pode
machucar, especialmente cães com problemas respiratórios. Então, seu uso é
perigoso para não profissionais. Quanto mais em cima do pescoço essa
coleira estiver, mais controle a pessoa tem sobre o cão.
Imagem 31 - Coleira enforcador, coleira de ilusão

Fonte: Maguire, [s.n.]

Coleira anti-puxão peitoral:


Essa coleira é tão boa quanto as outras e é recomendada também para
cães que já sabem passear. Você controla o cão pela parte da frente e
desestabiliza o centro de gravidade quando você puxa, conseguindo assim
controlar melhor o cão.

Imagem 32 - Coleira anti-puxão peitoral

Fonte: Pet Anjo, 2015

Coleiras que devem ser evitadas no treinamento:


Enforcador de Grampo:
Esse tipo de enforcador tem grampos que, se forem utilizados de forma
incorreta ou por quem não tem experiência, podem machucar muito o cão.

Imagem 33 - Coleira enforcador com grampos

Fonte: Web Cachorros, [s.n.], adaptado pelo autor.

Peitoral Simples:
Nesse tipo de peitoral, a guia é engatada nas costas do cão. Você não
tem controle sobre o focinho do cão, que fica livre para se direcionar 360
graus; e incentiva o cão a puxar. Ele sente como se estivesse carregando você.

Imagem 34 - Coleira peitoral simples

Fonte: Dogwings, 2021


Clicker:
Uma pequena caixinha que cabe na palma da mão, com um botão, que
quando pressionado, emite um “click”. É uma ferramenta muito eficaz no
treinamento de mamíferos, inclusive golfinhos e orcas. A função do clicker
é capturar o movimento ou comportamento do cão no momento exato e dar
sinal ao cão de que suas ações foram certas. Recompensas, como carinho,
brinquedo e petiscos, deverão ser liberadas apenas depois de o cachorro
entender e começar a agir da maneira correta.

Imagem 35 - Clicker para adestramento

Fonte: Comunidade Dicas de Adestramento, 2009

- Lembre-se de que o clique sinaliza uma recompensa. Ele não é a


recompensa;
- o clicker ensina ao cão duas coisas: o momento exato em que ele está
fazendo a coisa certa, e a certeza de que receberá uma recompensa;
- o cão costuma compreender melhor o clique do que os elogios verbais
(como "muito bom" e "obrigado"), utilizados em outros métodos. Sendo
assim, o clicker acelera o processo de treinamento;
- pense no clicker como uma buzina de vitória de um game-show. O
som sinaliza o momento exato em que a ação correta está sendo realizada.
RECOMPENSA
A recompensa é a base do adestramento e educação canina. Nas próximas
páginas, você vai entender melhor a importância de recompensar o cão
quando ele acerta. A recompensa pode ser qualquer coisa que o cão gosta
muito, como um petisco, um brinquedo ou até mesmo nosso carinho. O
problema acontece quando recompensamos o cão de maneira errada ou no
momento errado. Em mais de 80% dos casos, o problema é o dono, e não o
cão. As atitudes do dono deixam o cão com problemas comportamentais
(agressividade, possessão, fobias, agitação e ansiedade).

Imagem 36 - Petisco de recompensa

Fonte: Vieler, 2019


Imagem 37 - Brinquedo de recompensa

Fonte: Sánchez, [20--]

Imagem 38 - Carinho de recompensa

Fonte: Piamore, 2019

No próximo capítulo, você verá como a recompensa age no corpo do


cachorro e porque ela tem papel fundamental no adestramento.
ENTENDENDO MELHOR A PSICOLOGIA
CANINA
A Psicologia canina, conhecida como Etologia, é a ciência que se ocupa de
estudar o comportamento dos cães. Por meio dessa ciência, podemos saber
mais sobre os cães e aprender a nos relacionar melhor com eles.
Você deve imaginar como seria a vida e o comportamento do cão na natureza
e como funcionam seus instintos. Na natureza, o cão sai para caçar, junto
com outros membros da matilha. Impulsionados pela fome e pelo dever de
garantir a sobrevivência do grupo, começam uma longa jornada atrás de sua
presa. Ao encontrar um rastro, o cão segue, geralmente por um longo
caminho, aquela trilha de odor. Ao encontrar a presa, os cães entram na fase
de ataque e captura: montam seu esquema tático sempre liderados por um só
líder; e começam a cercar e a perseguir a presa. A primeira fase da
perseguição do rebanho ou tropa é para escolher a vítima. Animais com
algum problema de saúde, machucados, idosos ou muito jovens são o perfil
procurado pelos cães ou lobos, pois essas presas são mais fáceis de serem
capturadas, por serem mais lentas ou inexperientes.
COMO OS CÃES APRENDEM
Definida a vítima, se inicia a perseguição individual. O intuito é separar o
animal do restante do grupo e persegui-lo, para que canse e fique acuado.
Feito isso, o ataque é eminente. Cada membro do grupo morde em uma parte
do corpo da presa, afim de desestabilizar o animal, levando-o a uma queda.
Então, um dos membros da matilha morde o pescoço e narinas da presa, até
levar o animal à morte.
Após a longa caçada, é hora de comer, e é agora que os cães irão fixar o
aprendizado do dia. O primeiro a comer é o casal alfa. Apenas depois dele, o
restante do grupo se alimenta. Isso faz parte da disciplina da matilha e está
diretamente ligado ao aprendizado canino. Quando o cão come, acontece
algo muito importante em seu organismo, que vai nos ajudar a entender
melhor a mente de um cachorro.

Imagem 39 - Lobo em caça

Fonte: Mundo Ecologia, 2018


O QUE ACONTECE NA MENTE DO CÃO
O cão começa a ingerir seu alimento de forma gradativa. Após a mastigação,
assim que o alimento chega ao estômago do cão, o estômago emite sinais ao
cérebro, por meio de ramificações de um nervo, chamado “nervo vago”. A
entrada dos alimentos no estômago gera um estímulo ao nervo vago, que
transmite imediatamente os sinais do sistema digestivo ao sistema nervoso
central. Assim, o cão tem a sensação do estar se alimentando.
No sistema nervoso central, ocorre uma liberação de dopamina (um neuro
transmissor). A dopamina é liberada em todo o sistema nervoso, mais
especificamente no sistema límbico e no hipocampo, dando ao cão a
sensação de prazer e sucesso. A sensação de sucesso é conectada aos
registros de navegação e solução de problemas, executados anteriormente,
durante a caçada. Quando se fecha esse ciclo, forma-se uma conexão entre
causa e efeito, entre as ações que o cão executou na caçada e o resultado de
sucesso de suas ações. Neste caso, o resultado obtido com sucesso é o
alimento, que está ligado diretamente à sobrevivência do cão, a qual é seu
instinto mais forte.
Na medida em que novas caçadas vão sendo executadas, novos aprendizados
vão sendo registradas no córtex cerebral. Em contrapartida, toda vez que a
matilha caça e não consegue abater sua presa, tem como consequência ficar
sem ter o que comer, e não aprende nada nesse dia de fracasso. Por isso, é
possível ensinar o cão através de recompensas e alimentação. Mas cuidado
com os petiscos! Se não forem utilizados de maneira correta, podem não ser
efetivos.
O petisco é uma forma de recompensa, assim como o carinho, a atenção, o
colo, o abraço e até mesmo um “sermão”. Isto porque, toda forma de atenção
é considerada recompensa ao cérebro, como já visto no capítulo oito. O
“triângulo da aprendizagem” nos auxilia a entender com mais detalhes esse
sistema de recompensas.

Imagem 40 - Triângulo da aprendizagem canina

Fonte: Elaborado pelo autor, 2017

PRIMEIRA FASE
Na primeira fase da aprendizagem, o cachorro, naturalmente, ao receber o
aviso de que está com fome, precisa procurar o que comer. Durante a procura,
ele usa muito o faro, pois é o sentido mais forte que ele tem. É farejando que
ele vai se posicionando na direção do alimento, até encontra-lo. Com isso,
ele se exercita. Podemos, então, chamar essa primeira fase de
“EXERCITAR”.
SEGUNDA FASE
A segunda fase é aquela em que o cão precisa criar uma estratégia. O cão irá
pensar em como fazer, quando fazer, a melhor hora de atacar. Ele vai
exercitar mais a mente do que o corpo. É como se fosse um estudo, um
ensino, ou seja, “DISCIPLINA”. É assim que vamos chamar a segunda fase,
já que os cachorros precisam fazer tudo na hora certa para poder ter sucesso.
TERCEIRA FASE
Conquistado o sucesso, ao pegar a caça, o animal pode, em fim, se alimentar.
Alimentando-se, o animal tem a caça como uma “RECOMPENSA”. É assim
que vamos chamar a terceira fase. Entretanto, se o animal não conseguir ter
sucesso na caçada, significa que as estratégias que ele usou não foram boas,
que o triângulo não se fecha, e todo o resto é esquecido.
Então, para o cachorro gravar uma tática, um aprendizado, um ensinamento,
ele precisa primeiro EXERCITAR, depois ele recebe a DISCIPLINA e,
para encerrar o ciclo, a RECOMPENSA.
Suponhamos que o cachorro foi disciplinado antes de exercitado. O que irá
acontecer é que o animal estará com um nível tão alto de energia para gastar,
que não vai prestar atenção em coisa alguma que você estiver tentando
ensinar. Ele pode até estar lhe olhando, mas não irá conseguir lhe interpretar.
Do mesmo modo, se quando você exercita e ensina algo ao seu cão, e ele
aprende e executa, mas falta a recompensa, o aprendizado não é retido. O
triangulo da aprendizagem se fecha somente quando os três pilares são
executados da forma certa.
Agora vamos analisar um animal que fez algo errado, e você o recompensou
sem querer. Você está exercitando seu cão em um passeio atribulado. Ele
puxa você com a coleira, e você está cansando de nenhuma das suas ações
resolverem a situação. Então, vem alguém com um cachorro a alguns metros
de vocês... Seu cachorro enxerga o outro e pira! Pula, late, gira. Você,
querendo fugir, rapidamente, daquela situação, daquele constrangimento,
pega o cachorro no colo e fala: “- Para, Zeus! Xi! Não faz isso. Que coisa
feia!” Tá feito! Você recompensou seu cachorro por uma ação de ansiedade,
comportamento inadequado, latidos e pulos. Você deu a ele colo e atenção,
ao ficar conversando e tentando acalmá-lo. Seu cachorro fechou o triangulo:
ele avistou um ponto de atenção (o outro cachorro), agiu (de maneira
inadequada) e recebeu uma recompensa. A partir de então, todo esse processo
ficará gravado na memória do cachorro, e, sempre que ele estiver na rua e
ver outro cachorro, ele fará a mesma coisa, porque você o ensinou que era
certo. Viu como a recompensa na hora errada é um tiro no pé de quem está
tentando ensinar um cachorro?
Isso vale para tudo. Se seu cachorro late quando escuta a campainha do seu
apartamento, e você o pega no colo, antes de abrir a porta... Pronto! Toda vez
que ele escutar a campainha, ele vai latir, porque quando ele latiu, você o
recompensou com seu colo. Então, você o ensinou a fazer isso sempre.
Nossas reações em respostas às ações dos nossos cães precisam ser corretas,
caso contrário, você terá um cachorro que acha que está lhe agradando ao
ficar muito agitado. É assim que os cachorros pensam: conforme agimos com
eles. “- Ela me deu colo, ela me deu atenção, ela me deu conversa. Então, ela
adorou o que eu fiz.” Por isso, falamos que o comportamento errado do cão
quase sempre é culpa dos seus donos.
“- Tá! Quer dizer que agora que eu fiz errado, ele ficará assim pra
sempre?”
Claro que não! Primeiro você precisa aprender a lidar com as ações do seu
cachorro. Aí, então, você poderá corrigi-lo. Não adianta o adestrador corrigir
um cachorro hoje e, daqui a um tempo, o dono voltar a fazer as coisas erradas,
mesmo sem querer. Isto fará com que o cachorro volte a fazer as coisas
erradas novamente. O adestrador fará o seu trabalho. Ele irá exercitar, irá
ensinar, irá corrigir e fazer tudo que aquele cachorro precisa para ser educado
e equilibrado. O cachorro sendo devolvido para os donos, fará tudo certo por
um tempo, e no dia em que ele errar uma vez, ao invés dos donos corrigirem,
como faria o adestrador, irão, sem querer, recompensá-lo. Seja com um
“sermão”, falando para o cachorro todos os motivos pelo qual ele não deve
destruir o sofá, seja com colo, para evitar um constrangimento na rua. Mas
deixa eu te contar uma coisa: cachorro não sabe Português, não sabe inglês.
Cachorro sabe interpretar a linguagem corporal do ser humano. Ele entende
seu “sim”, seu “não”. Mas isto não é porque ele sabe o que significam essas
palavras. É porque ele interpreta sua linguagem corporal, quando você fala.
Por esses motivos, é importante que você entenda o que se passa pela cabeça
do seu cachorro. Seja assertivo com as reações que você dá às ações dele!
Não recompense comportamento que você não aprova! Seguindo essas dicas,
você não estará ensinando seu cachorro a fazer o que não lhe agrada. É
importante dizer também: cães surdos também podem ser adestrados. Como
comentado anteriormente, cães não obedecem suas palavras. Eles podem até
gravá-las e obedecer no instante em que você as fala, mas é através da sua
linguagem corporal que ele aprende o que fazer. Por isso, um cão não precisa
ouvir o que você quer dele, e um cão surdo também pode ser adestrado. Ele
vai entender “só de olhar” para você!
Para reforçar a aprendizagem, tudo o que você ensina e corrige, você pode
simular. Fazer simulações irá ajudar seu cão a aprender mais rápido. Por
exemplo: você está ensinando seu cachorro a não sair quando o portão estiver
aberto. Então, abra o portão, saia e fique escondido. Quando ele for sair sem
autorização, você aparece e corrige.
Sempre coloque na frente do cachorro um objeto relacionado ao que você
quer ensinar ele a não fazer. Se ele mexe nas plantas, coloque um vaso de
planta no caminho dele e fique escondido, porque talvez ele não mexa nas
plantas por você estar ali, mas, quando você sair de casa, ele irá mexer. Por
isso, se esconda e fique observando. No exato momento em que ele for mexer
onde não pode, se coloque em frente ao cachorro e corrija seu
comportamento.
Sempre corrija seu cachorro no ato! Não adianta você querer brigar e corrigir
algo que ele fez de errado, se você viu quando já estava feito. No entanto,
não precisa esperar o erro se repetir para corrigir. Você pode simular! Simule
algumas vezes e, assim, você conseguirá ensinar ele mais rapidamente. Outro
exemplo: se você estiver ensinando seu cachorro a não pular, faça aquela
vozinha de criança, instigue ele a lhe pular, e quando ele lhe pular, seja firme
e diga: “- NÃO!”. Pode usar uma garrafa de plástico com pedras dentro dela,
para fazer um barulho junto ao seu “não”, pois, assim, o cão entende no
mesmo instante que se trata de uma correção. Depois disso, instigue ele a lhe
pular outra vez. Se ele pular, repita a correção. Vai chegar uma hora, depois
de três ou quatro pulos, que ele vai pensar algo como “Opa! Ele(a) está de
sacanagem? Toda vez que ele “faz festinha”, eu pulo, e ele briga? Não vou
mais cair nessa!” Então, ele irá parar. Quando ele comemorar com você sem
pular em você, ok! Mas se ele pular, volte a corrigir. Sempre use simulações.
Esse treino também pode ser feito com uma guia de passeio. Você pode dizer
“não” e dar um toque na guia, puxando o cão por baixo, até ele entender que
não deve tocar em você e respeitar seu espaço e seu corpo.
Use como regra: NUNCA faça carinho no cachorro, se ele não estiver com
as quatro patas no chão! Isso irá evitar muitas “dores de cabeças”.
A IMPORTÂNCIA DO EXERCÍCIO
Além dos inúmeros benefícios para a saúde, o exercício físico está ligado
diretamente à educação do seu cão. O exercício físico aumenta muito a
expectativa de vida e a qualidade de vida do animal. Isto porque, o passeio
permite controlar o peso, aumentar a massa muscular, prevenir problemas
nas articulações, controlar o índice glicêmico, ter um bom preparo físico e
cardiopulmonar, além de estimular e apurar a audição e o olfato, bem como,
contribuir para a saúde mental do cão.

É comum ouvir donos dizerem: “- Mas ele tem um quintal grande para
brincar. Não precisa de passeio!”. Ao contrário do que a maioria dos donos
pensa, possuir um quintal grande não anula a necessidade dos passeios com
o cão, pois o quintal, independente do seu tamanho, possui uma delimitação
física. O cão precisa explorar, ver novos lugares, novas pessoas, estar em
contato com o mundo. Ficar todos os dias, o tempo inteiro no mesmo quintal
pode ser também entediante para o cão. Isso o desmotiva a querer se
exercitar. Uma consequência é o acúmulo de energia, que faz com que ele
fique frustrado e comece a latir e a destruir os objetos de casa.
Sendo assim, é sempre importante levá-lo para passear! Caminhar por
lugares novos e interessantes para ele permite que seu cão conheça novos
ares e gaste suas energias.
Como passear corretamente
Exercitar não é somente importante. É algo obrigatório para quem tem um
cachorro. Como já dito, um quintal grande não substitui a necessidade do
passeio, pois apenas o passeio vai estimular áreas do cérebro do seu cachorro
que são acionadas apenas com cheiros e locais diferentes. No entanto, nem
todos os passeios são bons para o cão.
Alguns passeios podem ser relaxantes e ensinar ao cachorro a submissão,
enquanto outros podem ser tensos e ensinar ao cachorro a dominância. Se
não é você quem puxa seu cão nos passeios, mas sim ele que te puxa, para
aonde e quando quer, cheira o que bem entende e marca o território em todos
os lugares, late e avança em cães e pessoas, é um mau passeio. Um passeio
assim não deixará o cão relaxado, mas sim cansado e com problemas de
comportamento.
Durante o passeio, você diz ao cão, a todo momento, quem é o líder, quem é
que manda, o que ele pode e o que não deve fazer, aonde ele pode ir e quando
deve parar. Exercícios físicos somados a exercícios de disciplina e de
comportamento irão refletir lá dentro da sua casa, em um melhor
comportamento e obediência do seu cão. Logo, o adestramento é possível
apenas com um cachorro exercitado.
Para tanto, crie uma rotina de exercícios e inclua ela na sua própria rotina.
Lembre-se! Existe uma ordem que deve ser seguida para o sucesso do
adestramento: exercício - adestramento - recompensa. Essa é a ordem do
método que criamos. Não tem como você adestrar um cachorro que está com
energia acumulada, assim como não pode recompensar um animal que não
fez o que lhe foi pedido. Por isso, a ordem é de extrema importância. Inclua
o exercício na sua rotina antes de começar a ensinar seu cão, e recompense
somente os resultados. Usamos a ordem certa e o método certo. O resultado
é garantido!
O melhor horário para exercitar o cachorro é logo pela manhã, a fim de que
ele já tenha um dia calmo e equilibrado. Todavia, se você não tiver como
passear pela manhã, opte pelo exercício no final da tarde.

Passeio
Veja como deve ser um passeio correto com seu cão, com você sendo o líder:
- é normal que o cachorro se agite quando ver a coleira. Espere ele se acalmar
para poder sair de casa. No começo pode demorar bastante, mas com o tempo
ele irá entender que precisa relaxar para vocês saírem;
- nunca permita que o cachorro saia de casa na sua frente, pois, dessa forma,
é ele quem vai conduzir o passeio. Você precisa sair primeiro e se manter à
frente, puxando-o;
- se outro cão passar na frente de vocês, mude de direção. Além de evitar um
confronto entre os cães, você o fará entender que é você quem lidera o
passeio;
- prefira utilizar coleiras de pescoço para guiá-lo com mais facilidade, pois
as coleiras de peitoral fazem com que o cão tenha maior controle no passeio;
- na hora do passeio não permita que o cão fique parando para marcar
território ou cheirar o chão. Ele deve passear ao seu lado, sem puxar a coleira,
e pode fazer apenas o que você deixar, não o que ele quiser.
- aproveite o passeio com calma e saiba ter postura - esta é a mais importante
de todas as técnicas para mostrar ao seu cão quem é que manda;
- mantenha o ritmo. Quando você mantém o ritmo do passeio, o passeio vira
um exercício. Já se você passeia como quem anda no shopping, vai demorar
para seu cachorro cansar. Não se pode contar como exercício um passeio a
passos lentos.
- tempo do passeio: o tempo ideal de passeio quem vai dizer é seu cachorro.
Assim como nós humanos temos uma aptidão física, os animais também.
Assim como um cachorro que corre todos os dias consegue manter um
exercício diário de 2 horas, outro da mesma raça pode ser que consiga se
exercitar por apenas 40 minutos. Tudo depende do quanto o seu cachorro
consegue.
O tempo ideal de um passeio é de 40 ou 60 minutos, mas sabemos que tem
animais que em 60 minutos não cansam. Eles chegam em casa com toda a
energia! Entretanto, também há aqueles que cansam em 20 minutos. Então,
você precisa marcar o tempo que o seu animal leva para começar a cansar,
para que você tenha uma base de tempo para o passeio. Lembrando que o
passeio é considerado um exercício somente quando mantida certa
velocidade. Você não precisa correr para fazer o passeio valer como
exercício, mas você não pode permitir paradas, pausas para marcar território.
O cachorro pode parar para fazer suas necessidades fisiológicas, mas não
para ficar deixando seu cheiro, marcando postes e flores, etc. A hora do
exercício é uma hora intensa. É como quando se está querendo perder peso.
Para se exercitar, a pessoa começa a fazer caminhadas, se alonga, sai e
mantém uma caminhada constante, até chegar ao seu objetivo. Mas em uma
caminhada dessas, se você parar para olhar o movimento, parar para
conversar com alguém conhecido ou parar para sentar, você não pode contar
esse tempo como exercício. Afinal, você mais parou do que se exercitou.
Então, lembre-se de sempre manter a velocidade na hora do passeio!
Observações: com cães idosos e filhotes deve-se ter atenção quanto ao
passeio, pois o tempo também passa para os cães, e eles vão perdendo a
capacidade física que tinham quando mais novos. Sempre preste atenção no
tempo em que seu cão mais velho ou filhote começa a cansar, e respeite esse
tempo. Existem raças mais dispostas e raças mais preguiçosas, mas todos os
cães precisam se exercitar diariamente.
Outra forma de exercitar seu cachorro pode ser com e esteira pet, mas evite
usar esteira com filhotes. Pode interferir no desenvolvimento físico dele.
Então, use a opção da esteira apenas com cães adultos e como um adicional
ou substituto nos dias em que você não puder sair. Não utilize a esteira como
única forma de exercício, pois irá estressá-lo e prejudicar a saúde do animal.
Se seu cachorro for muito ativo, tanto que você nota que sempre aumenta o
tempo dos passeios e nunca é suficiente, você pode usar algumas estratégias,
como:
- brincar antes de sair de casa: ao brincar, você já começa a exercitar e cansar
seu pet. Isso vai ajudar ele a cansar no passeio, pois ele já estava em
movimento em casa;
- usar uma mochila: seu cachorro anda, anda, anda e nunca cansa? Então,
coloque ele para carregar uma, duas garrafinhas de água. Adicionar peso ao
exercício físico, além de fazê-lo cansar mais rápido, dará a ele mais
mobilidade articular durante o exercício.
Existem mochilas para cachorro. Se você quiser, pode adquirir uma ou
adaptar uma para o cão.
Imagem 41 - Mochila para cachorro

Fonte: Hunterschool, 2021

Eu costumo dizer que, para o cachorro, um dia feliz é igual ao outro. Isto
porque, o cachorro adora rotina. Se você fizer todos os dias as mesmas coisas
com o seu cão, ele ficará muito feliz. Por isso, sempre mantenha a rotina do
cachorro. Comida sempre no mesmo horário, passeio no mesmo horário... Se
você faz sempre o mesmo trajeto no passeio, você irá notar que o dia que
mudar o trajeto, o cachorro ficará mais ansioso, mais agitado.
Então, crie a rotina do seu cachorro dentro dos seus horários, para que você
não fique fazendo mudanças. Escolhas os dias e os horários que irá passear
e faça o possível para manter. Aqueles passeios que acontecem
esporadicamente... Por exemplo, saiu com o cachorro na sexta de manhã; e
sábado já não deu vontade; domingo estava calor, então, no domingo, você
o levou para passear à noite... Esses passeios sem hora podem dificultar o
adestramento do seu cão, pois se ele sabe que pelas manhãs ele sai, então, ele
fica esperando pelo momento de sair todos os dias. Haver dias em que ele
vai, outros não, outros dias em que ele vai à noite, confunde o cão e acaba o
deixando estressado, pois o cachorro leva a sério a rotina. Ele não sabe o
horário, mas ele sabe criar rotinas, e se você souber manter a rotina dele fixa,
você irá notar como o seu cachorro se tornará mais calmo.

Como utilizar a guia corretamente


Para começar a utilizar a guia, você precisa apresentá-la ao cachorro. Não
tente colocar a coleira no filhote ou em um cão adulto que nunca sai de casa,
abrir o portão e começar a puxar o cão.
Você já deve ter notado que os primeiros dias de um filhote usando uma guia
são sempre estressantes. Isso acontece, porque você quer andar para frente,
e o filhote fica puxando para trás, tentando tirar a coleira. Isso acontece,
porque ele não conhece passeio com coleira. Não é algo que ele saiba como
funciona, portanto, é dever seu apresentar para ele.
A primeira coisa que você irá fazer para apresentar uma guia, um enforcador
para um cachorro que está começando no passeio é colocar a guia nele e
deixar ele andar pela casa com ela. Pode deixar o cachorro arrastar a coleira
pela casa e ficar com ela por horas, pois ele precisa ver que ela não irá fazer
mal.
Você irá tirar seu cachorro do pátio somente quando ele aprender a usar a
coleira. Para vídeos explicativos sobre passeio e outras dúvidas, assista
vídeos do nosso canal, no You Tube, “Matilha do Bem: adestramento de
cães”.
Geralmente, o cachorro permanece junto, ao lado esquerdo do dono. Isso
vem de uma longa data. Entretanto, se você não estiver interessado em
competições de obediência, você pode ter seu cão do lado que lhe for melhor.
O conjunto guia e educador deve ser utilizado de maneira correta e
responsável, já que é uma ferramenta de treinamento que permite corrigir e
direcionar o cão para o acerto. A guia é uma extensão do seu braço e não
deve ser segurada com tensão. O educador deve ficar bem posicionado, isto
é, acima do pescoço, logo atrás das orelhas do cão, com a argola logo abaixo
de uma das orelhas. Use o enforcador sempre nesta posição. Quanto mais
alto ele ficar, mais controle você terá sobre o cão. A imagem a seguir ilustra
as instruções.

Imagem 42 - Coleira guia com educador

Fonte: Dicas Peludas, 2011

Lembre-se! Ele se chama “enforcador”, mas não é para você enforcar seu
animal! Essa ferramenta serve para ensinar seu cachorro a passear. Depois
que ele aprender, você, se quiser, pode passar a usar coleiras tradicionais.
O enforcador deve permanecer solto. É pressionado apenas para correção e
volta a ficar solto. Não é correto você manter um enforcador apertando o
pescoço do animal. Assim como a cadela morde o pescoço do filhote e solta,
o enforcador é apenas uma forma de correção para cachorros. Então, se
certifique que você está usando a ferramenta de forma certa, porque como
qualquer outra ferramenta, se usada errada, não irá ajudar e pode atrapalhar
a evolução do adestramento.
Perceba que o passeio não é a única forma de exercitar seu cachorro. Já
falamos que o passeio é obrigatório. No entanto, há casos particulares de
cachorros que não podem passear. A exemplo de filhotes sem as vacinas ou
que não completaram as três doses da vacina, pois eles não têm imunidade
para tudo que irão ter contato em um passeio. Por isso, se seu cachorro ainda
não tomou as três doses da vacina, exercite ele em casa. Em breve, falaremos
como fazer isso. Outros motivos que nos tiram a chance de exercitar o cão
na rua são os dias de chuva, atraso para ir trabalhar ou falta de tempo para
sair passear com o cachorro. Nestes casos, também você pode exercitar o
animal em casa! Há objetos que você tem em casa e atividades simples que
você pode fazer. “Pegar a bolinha”; corrida dentro da garagem ou no pátio;
frisbee, etc. Se ele souber soltar um objeto quando você manda, podem
brincar de cabo de guerra, porém se ele não souber soltar e fica fissurado no
cabo, evite esta brincadeira. Tudo o que fizer seu cão cansar é valido.
Contudo, nem só de exercício físico vivem os cães! Exercícios mentais
também são importantes. Então, você pode, por exemplo, distribuir um
pouco de ração pela grama, fazendo ele exercitar o faro ao procurar essa
ração.
Se você não tem gramado em casa, mora em apartamento, não tem problema!
Você pode usar sua casa. Esconda ração ou petiscos pela casa e deixe que ele
procure. Desse modo, ele se mantém ocupado, distraído e se exercita.
Outra maneira de esconder petiscos é usando um pano. Você pode tapar
petiscos com um pano ou enrolar os petiscos no pano. O cachorro precisará
desenrolar ou tirar o pano para achar o petisco.
Se você quiser dificultar ainda mais, pode comprar ou fazer um tapete
interativo para esconder petisco. Estes tapetes são feito de feltro, com uma
série de compartimentos e divisões, as quais fazem com o que seu amigo
esteja sempre em busca da recompensa. Para encontrar a recompensa, ele irá
exercitar os diferentes sentidos, principalmente o olfato e o tato.

Imagem 43 - Tapete interativo para pet

Fonte: Ziim Pets, 2020, adaptado pelo autor.


BRINQUEDOS
Bola para esconder petiscos:

Imagem 44 - Bola com petisco secreto

Fonte: Pinheiro, 2013

Essas são bolinhas com compartimentos para você colocar petiscos. Ao


brincar, o cachorro vai deixando cair a ração, o que estimula ele à brincadeira,
para ganhar todo o petisco escondido. Dessa maneira, ele não ganha nada de
graça. Ele precisa mexer e brincar, para que obtenha o petisco.

Brinquedos interativos:
Existem várias opções de brinquedos interativos no mercado pet. Você irá
encontrar de diversos tipos, modelos e preços. Ao brincar com eles, o
cachorro precisa tirar algo para chegar até a ração ou precisa bater, virar,
deitar o brinquedo. Depende do modelo de brinquedo que você escolher
comprar.
Imagem 45 - Brinquedos interativos para pet

Fonte: Fisio Care Pet, 2022, adaptado pelo autor.

Brinquedos caseiros:
São opções que você consegue fazer em casa, que simulam exercícios, assim
como os brinquedos comprados. A seguir, alguns exemplos, em que são
utilizadas garrafas, cordas, canos.

Imagem 46 - Garrafa de brinquedo para pet

Fonte: Chacon, 2021


Imagem 47 - Cano com petisco secreto

Fonte: Revista 4 Patas, 2016

Imagem 48 - Brinquedo artesanal com petisco

Fonte: Revista Artesanato, 2020

É bom lembrar! Todos os brinquedos caseiros devem ser usados sob


supervisão dos donos.
INICIANDO O ADESTRAMENTO
Primeiramente, você precisa identificar a causa do comportamento e
ações do seu cão, ou seja, o motivo pelo qual seu cachorro está fazendo o que
faz. Por exemplo, o cachorro morde os móveis. Ele tem brinquedos? Ele tem
o que morder? Nesse livro você aprende que filhotes tem a necessidade de
morder algo. Então, como vamos tentar fazer o cachorro parar de fazer algo,
se nem sabemos o porquê ele faz? Por isso, a primeira coisa que você precisa
fazer é identificar o motivo pelo qual seu cachorro se comporta daquela
maneira.
Somente depois de saber o motivo, você irá encontrar a solução. Não
tem como, usando o exemplo anterior, corrigir o cachorro para que não
morda os móveis, se não dará a solução do problema. Para fazer com que ele
pare de morder algo, você precisa oferecer outro objeto, já que morder é uma
necessidade. Para fazer seu cachorro parar de fazer cocô na sala, você terá
que reservar um lugar para ele usar como banheiro. Sempre precisa haver
uma solução entre o motivo e a correção. Não tente corrigir um cachorro sem
antes descobrir a causa, porque a causa está diretamente ligada à solução.
Normalmente, as pessoas querem apenas corrigir o erro, sem procurar saber
o porquê de cachorro ter determinadas atitudes e o que pode ser feito para
solucionar o problema. As pessoas querem partir logo para o “- NÃO, SAI
DAI!”. Algumas pessoas até mesmo batem no cachorro, para que ele não
faça o que faz. Mas sem saber a causa e criar uma solução, como você quer
corrigir?
Por isso, descubra o motivo, ache a solução, simule e erro e corrija.
Um exemplo: se você quer corrigir seu cachorro para que ele pule de pular
em momentos ou lugares impróprios, você irá corrigir sempre que ele pular.
Mas não apenas isso! Não espere ele pular para corrigir. Você não precisa
ficar esperando a hora em que ele irá errar, para poder corrigir. Simule! faça
algo que faça com que ele pule, que faça ele errar. Neste momento, então,
você corrige.

MÉTODO PAR
Use o que você tem. Cachorros têm o poder de sentir cheiros muito mais
desenvolvido do que nós humanos. Eles conseguem procurar algo ou alguém,
seguindo um rastro de cheiro. (Consideramos isto “P”: Procurar). Após achar
o rasto, achar o cheiro, ele parte para a ação. (“A”: Ação). Ao achar o que
está procurando, ele terá a recompensa. (“R”: Recompensa).
Então, usando o “Método PAR”, você consegue ensinar o cachorro a seguir
comandos. Por exemplo, caso queira ensinar o cachorro a sentar, você fica
com um petisco na mão, mas com ela fechada, sem mostrar o petisco para
ele; passa sua mão por cima do cachorro, na direção da cabeça à calda dele,
pois, assim, ele irá procurar o cheiro (P). Automaticamente, ele senta, para
seguir o cheiro (A). Ao concluir a ação, você entrega o petisco (R). Usando
o PAR, você ensina qualquer coisa para o seu cão!
Comando “senta”
Este comando é, com certeza, um dos mais importantes a ensinar para o seu
cão, pois serve de base para muitos outros. Por isso, recomenda-se que seja
o primeiro ou um dos primeiros comandos a ser treinado. Pegue um petisco
na mão e se posicione em frente ao focinho do cão. Lentamente, erga a sua
mão (como mostra a figura a seguir). Não levante demais, pois isso poderá
induzi-lo a pular. À medida em que o cão levantar o focinho, a parte traseira
do corpo dele tenderá a descer, fazendo com que ele fique sentado.

Imagem 49 - Comando “senta”

Fonte: Elaborado pelo autor, 2022

Assim que ele sentar, aperte o clicker e recompense com o petisco. Se não
tiver o clicker, apenas entregue o petisco. Não é necessário dizer a palavra
“senta” no começo, pois vamos ensinar primeiro o movimento e depois
adicionamos uma palavra de ação, que pode ser em qualquer idioma.
Após o treinamento de sentar, você irá inserir a palavra “senta”, e, depois, irá
fechar a mão e fazer o exercício. Com o passar do tempo, o cão começará a
antecipar o movimento. Quando você falar “senta”, ele vai obedecer
rapidamente, para ganhar a recompensa. Ele terá, então, gravado o comando.
IMPORTANTE: Não treine demais, para que seu cão não fique estressado.
O correto é treinar os comandos de 10 a 15 minutos, 2 a 3 vezes por dia, em
horários alternados.

Comando “Deita”
Use o olfato a seu favor. Inicie após o cão estar sentado. Feche a mão com o
petisco e aproxime-a do chão. Em seguida, faça com que ele siga sua mão
com o focinho, em direção ao chão (como mostra a figura a seguir). Assim
que o cão realizar o movimento e deitar, aperte o clicker e recompense (veja
a imagem). Com o passar do tempo, introduza a palavra “deita”, antes de
apontar para o chão. Assim como no exercício anterior, com o tempo, o cão
irá antecipar o movimento, entendendo no momento em que você der o
comando verbal.
Depois que você aprende a essência do exercício, fica mais fácil ensinar os
outros. Mas não pule nenhuma etapa. Treine até o cão ficar bom em um
exercício e somente depois disso passe ao próximo. Não tenha pressa!

Imagem 50 - Comando “deita”

Fonte: Elaborado pelo autor, 2022


Comando “Fica”
Como está ilustrado na imagem seguinte, coloque o cão sentado ou deitado
e mantenha-se em frente a ele; segure a guia com a mão esquerda e estique o
braço direto; com a palma da mão voltada em direção ao cão, diga “fica”; dê
um passo para trás e espere alguns segundos. Antes que o cachorro saia do
lugar, vá até ele e ofereça um petisco e elogios.
No começo, tenha atenção para não fazer movimentos rápidos e bruscos, pois
isso pode estimular o cachorro a sair da posição, indo ao seu encontro. Tenha
paciência. Se o cão se mover, coloque-o na posição inicial e repita o passo a
passo, quantas vezes forem necessárias. Diga, novamente, o comando “fica”,
mostrando a palma da mão na vertical ao cão. Após alguns segundos, dê um
petisco ao cachorro. À medida que o cão for entendendo o que é esperado
dele, vá aumentando (paulatinamente) a distância e o tempo que ele terá que
esperar para receber a sua recompensa (o petisco).
O comando “fica” deve ser treinado com o cão sentado, deitado e em pé. No
início, treine na posição sentado e depois passe para as outras, uma de cada
vez.

Imagem 51 - Comando “fica”

Fonte: Elaborado pelo autor, 2022


Comando “dar a pata”
Fique de joelhos ou sentado em frente ao cachorro e dê o comando para ele
sentar. Acaricie o seu animalzinho na pata direita e, logo após, ofereça uma
recompensa (petisco). Repita isso algumas vezes (veja a imagem).

Imagem 52 - Comando “dar a pata”

Fonte: Dreamstime, [2---]

Em seguida, segure o petisco entre os dedos. Se ele cutucar a sua mão com o
seu focinho, seja resistente, não abra a mão. Já se ele bater com a patinha em
sua mão, clique, elogie o cachorro, pois a atitude esperada aconteceu. Então,
abra a mão e deixe-o pegar o petisco de recompensa. Depois de um tempo,
peça a pata com uma mão e dê o petisco com a outra.
Com esse exercício, é possível que se demore para atingir o resultado, mas é
assim mesmo. Às vezes, parece que o cão não está entendendo, mas se ele
sentar do seu lado e te dar a pata para ganhar um carinho, a partir daí, nunca
mais ele vai esquecer esse comando.

Imagem 53 - Patinha de cachorro e mão humana

Fonte: Levitz, 2020


ADESTRAMENTO COMPORTAMENTAL
A ESTRUTURA DA MATILHA
Antes de serem domesticados, os cães viviam livres na natureza, em
sociedades muito bem estruturadas, chamadas “matilhas”. A matilha é uma
organização com diferentes posições hierárquicas. Nela, jamais existirão dois
líderes. Os cães definem, entre eles, a posição de cada um, analisando as
diferentes características comportamentais. Quando a matilha está
organizada, com todos os membros sabendo a sua posição dentro do bando,
o grupo está em harmonia.
Junto de uma família humana, o cão não entende que o líder é líder
simplesmente porque é o dono da casa ou porque é quem paga a ração. É
imprescindível que você mostre ao seu cão que a matilha é sua, e que ele
deve seguir às suas ordens. Isso não quer dizer que você precisa ser agressivo,
mas se posicionar como a pessoa quem dá as ordens. Caso você não assuma
o papel de “alfa”, o seu cão assumirá essa posição, e as atitudes de um cão
que pensa ser o líder não são boas!
No DNA do cachorro, está escrito que o líder é dominante. Por instinto, ele
pode agredir qualquer outro membro do grupo, mas você, como ser humano,
sabe que não é necessário bater no seu cão (ou morder como eles fariam),
quando está contrariado. Você consegue pensar e refletir, antes de tomar uma
atitude. A maioria dos casos de abandono canino ocorre em decorrência da
relação turbulenta de donos com seus cães. Acontece que o comportamento
do seu cão é o reflexo de um conjunto de atitudes suas, que, muitas vezes,
inconscientemente, está agindo de forma errada com ele. SEJA O LÍDER da
sua matilha! Mantenha a convivência do seu cão com a sua família saudável
e tenha uma vida em harmonia.
Na natureza, somente o casal alfa reproduz, porém todos ajudam e participam
da criação e educação dos filhotes. Quando saem para caçar, enchem a
barriga de alimento e, quando voltam, os filhotes vão correndo, receber os
membros da matilha. Os filhotes lambem os lábios dos que chegaram,
fazendo com que os cães que chegaram regurgitem parte do que comeram.
Desse modo, os filhotes, os cães idosos que não foram à caçada e os cães que
ficaram fazendo a proteção da toca podem comer. Tudo é muito organizado
no mundo canino. Os cães nasceram para viver em sociedade, cumprir regras
e serem liderados. Problemas só acontecem quando vivem sem liderança e
disciplina.
O cão mais amado em uma matilha é com certeza o líder, porém ele é o que
dá menos carinho aos outros. Fica sempre de canto, observando tudo, e pode
ser bem enérgico, quando necessário, para manter a ordem do bando. Os
outros cães entendem que sua sobrevivência depende do líder. Um bom líder
é responsável pela alimentação, proteção e perpetuação da espécie. O líder
nem sempre é o cão mais forte, mas sim o cão mais capacitado, inteligente e
capaz de solucionar problemas. Seja um líder assertivo, firme e determinado,
e será amado e respeitado pelo seu cão. Isto não quer dizer que você não
possa dar carinho para o seu cachorro. Quer dizer que você precisa saber a
hora certa de cada coisa.
COMO OS CÃES PENSAM
O Jornal O Estado de São Paulo publicou, no ano de 2017, que “um grupo
de cientistas treinou cães para serem submetidos ao exame de ressonância
magnética, com a intenção de gerar material científico sobre como o cérebro
desses animais funciona. Após dois anos de estudos, um dos pesquisadores,
Gregory Burns, defende: os cachorros são 'gente', como nós. As informações
foram divulgadas pelo jornal The New York Times [...]”.
A experiência é considerada inovadora, pelo fato de que os cães estariam
conscientes durante o processo, para o qual é necessário que o cão fique
quieto na máquina. Além de inovadora, é também de grande relevância, pois
os resultados com os cães anestesiados eram insuficientes.
Gregory iniciou o treinamento, com a sua própria cachorra, Callie, mas foram
necessários meses de simulação, antes que ela pudesse ser colocada em uma
máquina de verdade. Após alguns meses, foram obtidos os primeiros mapas
de atividade cerebral.
“Os pesquisadores procuraram tratar os animais como se fossem pacientes
humanos: não lhes obrigavam a realizar os exames e eles poderiam
abandonar a pesquisa quando quisessem.
O sucesso, a promessa de revelar como os cães pensam e o tratamento dado
pela equipe de cientistas aos animais chamaram a atenção da comunidade
dos donos de cães, e a equipe de Gregory passou a contar com uma dúzia de
mascotes caninos para os testes.
‘Não, ainda não podemos dizer como os cães pensam. No entanto, os
resultados acerca de uma área específica do cérebro já podem dar algumas
pistas. O núcleo caudado, presente tanto nos humanos quanto nos caninos,
está relacionado nos humanos ao prazer causado por coisas que gostamos:
comida, música e até mesmo beleza.’
Com os cães, os cientistas concluíram que essa área do cérebro apresenta
atividade parecida: ela reagia a sinais que indicavam comida, ao cheiro de
pessoas conhecidas e até mesmo ao retorno do dono após um período
ausente.
‘A habilidade para sentir emoções positivas como, por exemplo, amor e
apego afetivo, colocaria os cães no mesmo nível de sentimentos comparado
ao de uma criança’, escreveu Gregory ao jornal The New York Times. Ele
acredita que os estudos servirão para mudar o modo como a sociedade trata
os cães [...].”
COMO OS CÃES SENTEM AS PESSOAS
Uma equipe universitária liderada pelo pesquisador Akiko Takaoka, testou
34 cães em um experimentos, como divulgado no site Hypeness (2020). No
primeiro teste, os pesquisadores apontaram para potes contendo alimentos
escondidos. Na segunda simulação, apontaram para potes vazios. Nessas
duas fases, os cães foram até os potes. Na terceira prova, apontaram
novamente para os postes cheios, mas foram ignorados pelos cães.
Baseado nesses dados, o cientista concluiu que os cachorros podem usar a
experiência negativa para avaliar se os pesquisadores são ou não confiáveis.
Depois de um tempo, um novo pesquisador que os cães não conheciam,
participou dos testes, apontando para o pote que estava cheio, e os cães foram
atrás desta nova indicação. O experimento mostrou que os cães
demonstraram agir conforme experiências passadas e não esquecem
decepções com os humanos, mas podem ter a confiança restaurada,
principalmente, com novas pessoas. A mente do cachorro é muito sofisticada
e possui uma memória potente, capaz de armazenar milhares de gestos e
expressões faciais. Assim, eles são capazes de notar algo que deixamos
passar ou não podemos prever, como as intenções das pessoas.
A próxima experiência a observar é com um parente próximo dos cães: os
lobos. A partir dela, tomamos conhecimento se os cães adquiriram esse
instinto, ao passar dos anos, na convivência com o homem ou é um instinto
primitivo.
Você já deve ter passado por uma situação em que seu cão, que normalmente
é amigável com estranhos, se torna, repentinamente, agressivo com algumas
pessoas, enquanto com outras age como de costume. Observe os sinais e
quando seu cão tiver um comportamento fora do normal com alguma pessoa
que você não conheça, tome cuidado. Ele pode estar acessando os dados que
tem na memória e interpretando que aquela pessoa não é de confiança.
O estudo também serviu para mostrar que os cães são muito curiosos e
gostam de se aventurar atrás do desconhecido. Os cães vivem o agora, não
ficam guardando mágoa sobre o passado, nem planejando o futuro. Por outro
lado, quando se deparam com situações difíceis, podem acessar experiências
vividas, para tomar uma decisão.
Por isso, é importante saber por qual motivo você está criando seu cachorro,
já que dependendo da experiência que você o fizer passar, você tira do
cachorro a capacidade de fazer certas coisas. Por exemplo, a forma como
você cria um cão que pretende usar para guarda e a forma como você cria um
cachorro que pretende usar para companhia. Se você ameaçar e machucar
sem querer um filhote que pretende usar para guarda, pode ser que esse
cachorro apreenda sua reação e fique com medo de ter atitudes de cão de
guarda. Com isso, um cachorro que você pretendia ensinar a atacar não
conseguirá mais atacar, pois sem querer você "quebrou" o cachorro. Por isso,
a importância de saber como você pretende criar o cachorro. Um pet não vira
cão de guarda, e um cão de guarda não vira um pet.
COMO OS CÃES VEEM O MUNDO
Há muitos estudos que comprovam quais cores os cães conseguem distinguir.
A sua visão não é tão sofisticada quanto a nossa, em relação a cores. Os
humanos têm mais pigmentos na retina capazes de distinguir cores do que os
cães. Como eu sempre falo para meus clientes, a explicação sempre vem da
mãe natureza. Para os primatas e aves, que tem frutas como parte da sua dieta
natural, é de grande valor poder distinguir várias cores e poder identificar de
longe frutas coloridas nos galhos verdes, além de manter distâncias de
animais peçonhentos, os quais muitas vezes são de cores vivas. Ao cão, como
um predador natural, não é de grande valia enxergar o colorido. Por isso, sua
visão é mais capacitada para enxergar no escuro e perceber movimentos a
longa distancias.
Os cachorros enxergam quatro vezes mais que nós, no escuro; e conseguem
identificar algo em movimento a 600 metros de distância. É como se tudo
ficasse embaçado, e ele conseguisse focar somente na presa em movimento.
Os cães conseguem distinguir melhor as cores amarelo e azul. Já as outras
cores, para eles, variam em tonalidades de cinza. Faça o teste: jogue duas
bolinhas ao mesmo tempo, uma azul e uma vermelha; e solte seu cão. Repita
várias vezes e veja qual cor ele buscou mais vezes. Certamente será a bolinha
azul. Lembra-se que, para os cães, o sentido mais importante é o olfato, não
a visão.
Imagem 54 - Visão do ser humano e do cão

Fonte: Ossos do Ofício, 2017


LINGUAGEM CORPORAL DOS CÃES
Os cães falam conosco! Mas, claro, falam que de um jeito diferente. Estudos
mostram que os cães podem expressar mais de 100 expressões caninas
diferentes. Os cães se comunicam através de linguagem corporal e
expressões faciais, mas podem aprender inúmeros comandos verbais.

Vamos descobrir os significados de alguns trejeitos, comportamentos e


linguagem corporal do seu amigo de quatro patas?!

1- Lamber o focinho:
Se o seu cão lambe o próprio focinho ou a pata por diversas vezes seguidas,
cuidado! Isso pode significar que ele está estressado ou incomodado.
Atenção: essas lambidas em excesso podem causar ferimento. Se o cão
começar a lamber o chão, tapete ou cama onde deita, a chance é grande de
ele estar muito melancólico, estressado ou depressivo. Você deve sair mais
para passear, exercitar e brincar com seu melhor amigo. Agora, se o cão
começar a lamber o ar do nada, sem explicação, fique alerta, pois ele pode
estar com alguma dor e não sabe identificar onde.
2- Bocejar:
Se o seu cão está bocejando muito, fique atento! É sinal que ele está nervoso
ou irritado por esperar ou não ter nada para fazer. É comum o cão fazer isso
na sala de espera do veterinário, por tédio de esperar.

3- Movimento da cabeça e da cauda:


Todos sabem que todo o cão balança o rabo quando está feliz e que coloca o
rabo entre as pernas quando está com medo. Já o rabo pra cima e ereto
significa que está dominante. Tenha cuidado! Mas o que poucos sabem é que
quando o cão balança o rabo lentamente para baixo, isso quer dizer que ele
não está entendendo o que você quer dizer. Muitas vezes, esse movimento
vem acompanhado da cabeça girando, lentamente, no sentido horário.
Expresse-se melhor, gesticulando, para que ele possa te entender.

4- Piscar os olhos:
Se o cão começar a piscar os olhos em excesso ou ficar com os olhos quase
fechados olhando para você, tenha atenção! Ele pode estar com um tipo de
alergia. Procure um veterinário!

5- Colocar a cabeça no seu joelho:


O cão está querendo chamar sua atenção para ganhar aquele carinho, que só
o dono sabe fazer. Será difícil você resistir àquela carinha de anjo, que eles
são especialistas em fazer, quando querem cafuné.
6- Colocar a pata no seu joelho:
Diferentemente da opção anterior, tenha atenção. Os cães tendem a pôr as
patas em cima do que querem dominar. Então, ele está desafiando você ou
mandando você fazer um carinho ou dar atenção para ele. Evite problemas
futuros de dominância na sua casa: olhe firme nos olhos dele, retire a pata,
falando a palavra “não” e o ignore por um tempo.

7- Ficar de costas para você:


Assim como quando o cão mostra a barriga pra você, que é a parte mais
vulnerável do seu corpo, quando ele dá as costas pra você, significa que ele
confia muito em ti, a ponto de confiar sua própria vida, expondo suas
fraquezas. Observe que dificilmente um cão dá as costas para alguém.
PARTES DO CORPO DO CACHORRO
Além das expressões, é importante você saber sobre partes do corpo dos cães.

Olhos:
Se um cachorro fica olhando fixamente para outro, significa que ele está
desafiando o outro cachorro. Então, se você ficar olhando nos olhos um
cachorro que você não conhece, ele vai entender que você está o encarando,
o desafiando. Evite ficar mantendo contato visual com ele por muito tempo.
Se o cachorro não for seu, olhe ele como um todo, não fique encarando
apenas o olhar. Os cachorros evitam contato visual, especialmente com
desconhecidos. Você pode notar que o cachorro está desviando o olhar do
seu. Ele te dá uma olhada e desvia o olhar de você. Então, evite o contato,
pois este é um sinal de que ele não gostou de você ou de que ele não quer
conversa com você. Não vá até ele, tentar uma aproximação, pois ele já
deixou claro que não está interessado. Cães que evitam te olhar nos olhos,
que baixam a cabeça, são sinais de cachorros submissos. Já quando um
cachorro está com o olho bem aberto, ele está relaxado. Quando você vê mais
a parte branca do olho, isso é sinal de que o cachorro está com medo.
Mas cachorro não se comunica só com o olhar. A linguagem corporal dele
funciona como um todo.
Orelhas:
As orelhas são muito significativas para o cachorro, porém de maneiras
diferentes, dependendo da raça. Um curiosidade sobre as expressões do
cachorro: quando você mandar tosar seu cachorro, tente não mexer muito nas
características da orelha do animal, para não tirar-lhe a expressão facial.
Sobre o corte das orelhas do cachorro, esse procedimento cirúrgico
atualmente é considerado crime e, dentre diversos problemas que os
veterinários alertam, é o dano à audição. Nosso objetivo aqui é falar das
orelhas como forma de comunicação. Uma vez que elas são cortadas, essa
opção de comunicação dele é prejudicada ou até mesmo anulada.
Além do olfato, os cães tem uma audição muito boa. Quando eles estão em
alerta, podem posicionar as orelhas como uma antena, a fim de identificar de
onde vem um som. Quando ele está satisfeito, ele coloca as orelhas para traz.
Já as orelhas para trás ao máximo, grudadas ao crânio, significa ansiedade.

Imagem 55 - As orelhas e expressões faciais caninas

Fonte: Desion Lab Creative Studio apud Figueiredo, 2020


Olfato:
Quando o cachorro faz movimentos de levantar o focinho, significa que ele
está procurando um cheiro, procurando um rastro.
Uma curiosidade que envolve o focinho é que os cães têm memória olfativa,
ou seja, os cachorros conseguem guardar cheiros em suas memórias.
Quando ele perder esse cheiro, ele levanta o focinho e procura novamente. E
assim que o encontra, baixa a cabeça para seguir o rastro.

Imagem 56 - Cachorro farejando

Fonte: Bandeira, 2021

O cachorro usa o olfato também para conhecer outro cão. Quando cheiram
um ao outro, eles descobrem idade, se o outro está doente, alimentação.
Quase tudo sobre outros cachorros eles descobrem pelo cheiro.
Apontar a direção: O cachorro aponta algo pela direção do focinho.

Imagem 57 - Cachorro procurando e apontando para algo

Fonte: Thompson apud Stains, [20--]


Os cães podem identificar câncer, ataque cardíaco, gravidez... E o cão pode
apontar isso, e você não notar.

Boca:
Boca aberta, língua para fora ou não, respiração ofegante, porém também
lenta são indícios de que o cachorro está relaxado.

Boca bem aberta, seguida do movimento de fechar a boca e lamber o focinho


ou as patas... Significa ansiedade.
Agressividade: alerta, atento, ele fica com a boca semicerrada, como se
estivesse pronto para rosnar.

Imagem 58 – A boca e expressões faciais caninas

Fonte: Desion Lab Creative Studio, apud Figueiredo, 2020


Pelos:
Pelo eriçado: Varia a cada raça, mas o cão eriça o pelo quando quer parecer
maior e intimidar, geralmente, por agressividade. Pode ser também estresse
ou medo, como uma forma de intimidar e não ser atacado.

Cauda:
A cauda do cachorro é uma parte importante da comunicação dos cães. Por
isso que cortar o rabo do cachorro é uma forma de tirar uma das formas de
sua comunicação canina, além de uma das funções do rabo ser de dar
equilíbrio.
Não significa que o cachorro que abana o rabo está vindo de forma amigável.
Basicamente, de forma fácil, pra não esquecer: quando o cachorro abana o
rabo para a direita, significa sentimentos positivos; se o cachorro estiver
abanando o rabo para a esquerda, significa que ele pode estar estressado,
bravo, sentimentos negativos. Isso acontece por causa do hemisfério
esquerdo (parte do cérebro associada a sentimentos positivos), que controla
o lado direito do corpo. A velocidade do rabo também deve ser observada:
quando o cachorro abana a cauda rapidamente, significa que está eufórico ou
ansioso; e movimentos lentos querem dizer que ele está mais calmo, mais
tranquilo.
Imagem 59 - Movimentos de cauda

Fonte: Figueiredo, [20--], adaptado pelo autor

Esses são alguns dos movimentos da cauda do cachorro que você deve saber.
Sobre o movimento de perseguir o rabo, saiba que não é normal! um cachorro
que persegue o próprio rabo é um cachorro ansioso. Pode ter começado como
uma brincadeira, por causa do instinto de caça, e ter se tornado um hábito.
Logo, se o seu cachorro faz isso, você precisa exercitá-lo mais, pois isso é
sinal de energia acumulada e cão ansioso.
Filhotes até fazem por brincadeira, mas para cães adultos não é normal, e
você deve ajudar seu cão a parar de fazer isso.
Sempre preste atenção na linguagem corporal do cachorro.
COISAS QUE IRRITAM OS CÃES
Para termos um bom relacionamento com nossos pets, fiz uma lista do que
mais irrita nossos amigos de quatro patas, a fim de evitarmos:

1 - Gritos, ruídos e cheiros fortes


Donos de uma audição excepcional, os cães ouvem 5 vezes mais que os
humanos, além de possuírem uma percepção muito maior que a nossa para
vibrações. Por isso, todo som alto, por exemplo, barulho de aspirador, motos
etc., os irrita. Lembre-se: você não precisa gritar com seu cão. Assim como
a audição, o olfato canino é milhares de vezes maior que o nosso. Então,
cheiros fortes para nós, como produtos de limpeza e perfumes, são realmente
desagradáveis para ele. Opte por usar perfumes suaves no seu cãozinho ou
em você, quando estiver com ele, se não, ele sairá correndo, para se rolar na
grama, tentando se livrar daquele odor.

2 – Conversas longas, sem linguagem corporal


Todos nós conversamos com nossos cães, até aí tudo bem. O problema é falar
em excesso, sem usar linguagem corporal. Não esqueça que os cães não
falam nosso idioma, apenas assimilam algumas palavras curtas a certas ações
ou objetos. O correto é falar através de gestos, para que nosso amiguinho não
fique chateado ou nervoso, por não entender o que estamos querendo
comunicar. Certamente, os cães podem sentir nossas emoções básicas, mas
fazem isso através da linguagem corporal, tom de voz e energia que
transmitimos, nunca pela linguagem verbal.

3 - Energia negativa e brigas, sem o cão saber o porquê


Há dias em que estamos muito estressados ou mal-humorados e acabamos
transmitindo negatividade para o cão. Damos alguma bronca, por alguma
besteira que eles tenham cometidos. Saiba que eles recebem toda a energia
negativa e ficam tristes e chateados sem saber o porquê. O ideal é não
reprender o cão, depois de ter passado muito tempo do ocorrido, assim como
nunca ser agressivo. Os cães esquecem muito rápido, e há técnicas mais
eficientes para ensiná-los.

4 - Mudanças na rotina ou passeios com pressa


Cachorro gosta muito de seguir uma rotina: comer no mesmo horário, passear
no mesmo horário e fazer o mesmo percurso durante o passeio. Quando
mudamos, por algum motivo, o que é parte de sua rotina, o cão fica agitado
e irritado.

Reflita: como o instinto pode ajudar você?

5 - Carinho em excesso, dar tapinhas na cabeça


Abraçar é um comportamento dos primatas; e cães colocam as patas em cima
do que querem dominar. Por isso, quando os abraçamos, alguns tentam
escapar, outros mais submissos ficam quietos. Assim quando os beijamos,
para os cães têm outro significado. Quando um cão lambe o outro é um sinal
de submissão. Então, um abraço e um beijo podem confundir muito o cão.
Afinal, queremos dominá-los ou ser submissos a ele? Quando damos
tapinhas na cabeça, pode não parecer, mas eles não gostam, ficam
bloqueados mentalmente a essas vibrações no crânio. Isso é uma coisa que
não fazem entre eles e faz com que se sintam desconfortáveis e confusos.

6 - Banhos em excesso
O que para nós é normal, para os cães pode não ser. Eles gostam de estar
limpos, mas do jeito deles. Eles precisam de seus odores naturais para se
comunicarem com os outros. Cheiros de xampus e perfumes fortes os deixam
muito irritados. O banho em excesso, inclusive, pode fazer mal ao melhor
amigo do homem, danificando as camadas de proteção natural da pele,
podendo provocar algum problema de saúde. Podemos limpá-los, mas sem
excessos.

7 - Excesso ou falta de agasalhos


Quando está frio, é claro que você pode colocar uma roupinha para aquecê-
los, mas, fora isso, o cão não gosta de estar vestido. Apesar de alguns
tolerarem, vesti-los desnecessariamente pode, com o tempo, causar
problemas emocionais e de repulsa. No entanto, em temperaturas mais
intensas é necessário encontrar formas saudáveis de amenizar o calor ou frio
dos animais.
8 – Abandono

Imagem 60 - Cão abandonado

Fonte: Buzzman apud Dantas, 2016

Os cães nasceram para fazer parte de uma matilha e viver em sociedade. Por
isso, se sentem muito tristes quando ficam sozinhos e ficam nervosos
esperando o regresso do dono. Mas o pior é quando o companheiro humano
nunca regressa ou, pior ainda, quando o abandona. Eles nunca entenderão o
porquê e custará muito para superarem.
SEU CÃO TE AMA?
“Você já parou para se perguntar se seu cão realmente lhe ama ou apenas fica
alegre pela comida que recebe? Movido por essa pergunta, o neurocientista
Gregory Berns, da Universidade de Emory, em Atlanta (EUA), iniciou uma
pesquisa com o melhor amigo do homem.
Os animais foram avaliados com aparelhos de ressonância magnética, para
saber os seus pensamentos e sentimentos. Noventa animais participaram do
experimento. Nenhum foi forçado a permanecer no aparelho, mas recebiam
recompensas, como petisco ou carinho [...]” (BLASTING NEWS apud
BELEZA CÃO E GATO, 2017, p.1). O estudo mostrou que as atividades
cerebrais dos cães ficavam 20% mais intensas no momento de receberem
carinho, em comparação ao momento de receber petisco. Ficou comprovado
que os animais, ao menos os cachorros, preferem receber amor a receber
comida.

7 sinais que seu cachorro lhe ama:


1 - Gosta de carinho a qualquer hora
Se seu cachorro está sempre disposto a receber um carinho, não importa a
hora, e deixa de fazer outra coisa para isso.
2 - Fazer tudo junto com você
Se seu cachorro pode até bocejar quando você boceja e quer ir a todos os
lugares com você.
3 - Contato visual
Se seu amigo fica lhe olhando fixamente, como quem diz “eu te amo!”.
“4 - Balançar o rabo
Estudos recentes apontaram que cachorros mais felizes têm a tendência a
balançar o rabo mais para a direita, e quando estão muito excitados ou
nervosos, para a esquerda. Fique atento. Se seu cão estiver com a calda
balançando para direita quando o vê, ótimo sinal.
5 - Confiança que você vai voltar
Se seu cachorro confia realmente em você, ele vai ficar calmo lhe esperando,
porque tem certeza que você vai voltar. Confiança também é amor.” (Op cit.,
2017, P.1).
6 - Animação com seu retorno
Seu cachorro demonstra imensa felicidade quando você volta para casa?! É
uma demonstração de amor marcante deles!
7 - Empenho em prolongar momentos com você
Se seu amigo faz coisas, como: trazer a bolinha para você, mesmo estando
cansado; fazer gracinha para você, o que pode acontecer mesmo depois de
um longo passeio... Significa que ele valoriza cada momento ao seu lado e
lhe ama muito. Então, aproveite ao máximo a vida com seu amigo de quatro
patas. “Eles vivem menos, porque já nascem sabendo amar.”
COMO SOBREVIVER AO ATAQUE DE UM
CÃO
No Brasil, uma pessoa é atacada por cães a cada 60 minutos; e nos EUA mais
de 30 pessoas morrem por ano, vítimas de ataque canino. Pode ser normal
você estar passeando na rua e cruzar por pessoas com cachorros bravos,
passar por cães de rua de grande porte ou passar por uma residência e ver um
portão aberto e um cão de guarda te olhando. Os cães são animais
territorialistas e estão sempre dispostos a proteger seus donos. Por isso, um
ataque pode ser muito perigoso.
Você sabe o que fazer se for atacado ou mordido por um cão?

Como sobreviver a um ataque


A dica mais importante é ficar calmo, não se desesperar ou gritar. Na
natureza, a presa natural do cachorro grita quando está morrendo, sendo
assim, quanto mais você gritar, mais o cão irá morder. Não revide ou bata no
cão. Ele pode se irritar e morder ainda mais. Tente pedir ajuda ou fugir para
uma área mais próxima, que possa oferecer abrigo.
Ao fugir, seja cauteloso para não cair e evite movimentos bruscos. Não dê as
costas para o cão, porque eles têm o instinto natural de atacar a presa por trás;
e não olhe diretamente nos olhos do cachorro, pois isso pode ser encarado
como uma provocação, piorando ainda mais a situação. Caso o cachorro
derrube você, proteja seu pescoço. Se você estiver com algo nas mãos, como
bolsa, mochila ou pacote coloque à frente, entre você e o cão, para que ele
morda o objeto. Movimente o objeto na frente do cachorro para chamar sua
atenção, mas não solte, para o cachorro não lhe morder.
O que fazer se for mordido:
Se você tomou todos os cuidados e utilizou as técnicas citadas anteriormente
e mesmo assim foi atacado, lembre-se da primeira dica e fique calmo. Para
evitar que o ferimento seja pior, não puxe da boca do cão o membro que está
sendo atacado, para evitar que rasgue sua pele. Com a outra mão que está
livre, tente se livrar do cão, erguendo-o para cima ou segurando firme no
pescoço, para que ele solte você. Junte os braços ao corpo, protegendo o
pescoço e rosto, para evitar que o ataque atinja alguma veia ou artéria, já que
uma mordida nesses locais pode aumentar o risco da vítima morrer por
hemorragia. Evite interagir com animais que você não conhece. Alguns cães
podem atacar sem latir ou rosnar. Por isso, não force uma aproximação.

Adestramento comportamental
Principais causas do mal comportamento:
O comportamento dos donos tem importância fundamental para evitar
problemas de comportamento no cão. O cão geralmente é o espelho dos
donos. Em mais de 80% dos casos, o problema está nos donos, não nos cães.
Na maioria das vezes, o adestrador precisa treinar o proprietário ou dono do
cachorro, para que mude seu comportamento, para, assim, atingir a melhora
no comportamento do cão. O que pra você pode parecer um detalhe bobo
como cruzar uma porta, para o cão faz toda a diferença. Através desses
detalhes, vamos conseguir chegar ao topo da liderança da nossa matilha,
sendo desnecessário utilizar violência.

PROBLEMAS X CAUSAS
1- Uma má socialização
Um cão que não foi devidamente socializado costuma apresentar diferentes
problemas de comportamento. Dentre outras características, pode ser um cão
medroso, que se sente intimidado ante a presença de outros animais, pessoas
desconhecidas ou ruídos repentinos (trovões, explosões, fogos de artifício,
etc.). Um cão com medo, geralmente, responde de maneira agressiva ou tenta
fugir da situação e se esconder. O problema da socialização inadequada ou
diretamente inexistente tem sido agravado nos últimos anos, devido à
proliferação de criadores irresponsáveis. Neles, os animais de estimação
passam seus primeiros dias de vida em situações de cárcere, sem poder
explorar o entorno e, além disso, são separados de suas mães de forma
precoce, sem poder adquirir os instintos básicos.
No início do livro, falamos como o convívio com os irmãos e com a mãe é
importante para desenvolver o cachorro. Os primeiros aprendizados vêm
desse convívio. Quando você priva o animal de conviver com sua mãe e seus
irmãos, deixando-os, expostos, em gaiolas ou vendendo e doando eles antes
da hora, você prejudica o desenvolvimento desses animais, inclusive em suas
vidas adultas.
A socialização é algo que precisa ser ensinado para o cachorro. Não é natural
dos animais receber e ser recebido em uma matilha, sem ser digno dela.
Exemplo: quando você leva um cachorro em uma praça pet, os cães começam
a se cheirar. Já ensinamos você que isso é uma forma que os cachorros têm
de conhecerem uns aos outros. Um cão consegue saber até o estado de saúde
do outro, apenas pelo cheiro, e, por meio do faro, pode evitar contato com
um animal que pode prejudicar sua saúde.
. Cheirar um ao outro é uma coisa básica que os cães fazem por segurança,
conhecimento... É como eu perguntar a você qual é seu nome, se você estuda,
etc. É apenas uma forma de conhecer um ao outro. No entanto, quando os
cães estão se cheirando, há uma troca de submissão. Quando um cachorro se
recusa a ser cheirado, isso já significa uma má interpretação do cachorro ao
que está acontecendo. Equivale a eu lhe perguntar algo, você me responder,
e, ao chegar a minha vez de responder à mesma pergunta a você, eu dizer
“não te interessa!”. Eu estaria mostrando traços de dificuldade de
socialização, de agressividade, sinais que o cão mostra ao não permitir ser
cheirado pelo outro.
A socialização é algo que precisa ser ensinada, para que o cachorro comece
a aprender regras, respeito, educação... Ele começa a ter esses aprendizados
com sua mãe e irmãos, mas depois que você o leva para casa, é
responsabilidade sua apresentar ele a outros animais e ensinar ele a conviver
com outros. Se seu objetivo é criar um cachorro para companhia, você
precisa se empenhar nesses ensinamentos, pois a má socialização desenvolve
outros problemas comportamentais.
2- Educação deficiente e humanização excessiva:
Não colocar limites em seu melhor amigo, nem lhe ensinar regras básicas de
convivência, que sejam claras e sem contradições, pode gerar confusão no
bichinho sobre como agir. Leve em conta que a primeira coisa a se fazer para
educar o seu animal de estimação de forma correta é aprender a interpretar
sua linguagem corporal.
Além disso, quando se começa a considerar o cão uma pessoa e não um cão,
costumam surgir diferentes problemas de conduta e de saúde física (por
utilizar remédios e produtos de beleza desenvolvidos para humanos, ou por
vesti-lo com roupas e acessórios da moda, etc.). Fora o fato que já falamos
anteriormente que os cães, ao não conseguir entender um sentimento
humano, interpretam como hostil.
3- Maltrato físico e verbal
O maltrato tem formas diversas. Se você castigar um cão, batendo nele, ou
intimidá-lo com gritos e gestos agressivos, ou se o mantiver trancado ou
acorrentado, isso fará com que ele se torne um animal medroso, agressivo ou
com ações que podem retroalimentar maus comportamentos. São exemplos:
urinar ou defecar em lugares inadequados; destroçar objetos da casa; cavar
buracos no jardim e destruir as plantas; condutas estereotipadas, como
compulsivamente áreas do próprio corpo, perseguir sombras ou caçar insetos
inexistentes, etc.
4- Situações inesperadas
Situações que alterem a rotina costumam estressar os cães. Por exemplo:
- mudanças;
- mortes ou nascimentos na família;
- incorporação de um novo animal de estimação em casa;
- presença de pessoas desconhecidas (pedreiros, pintores, etc.).
Lembre-se que sempre falamos que um dia feliz para um cachorro é um dia
igual ao outro. Cachorro gosta de rotina, e as mudanças incomodam ele. Por
isso, se for haver alguma mudança, não mexa na rotina do cachorro. Será
muito mais fácil, por exemplo, para ele aceitar o novo membro na família, se
isso não afetar sua rotina. Se tem um novo bebe, ok, desde que o passeio siga
na mesma hora, a alimentação siga na mesma hora. Se você souber manter a
rotina do cachorro, não haverá problemas.
5- Doenças
Muitos problemas físicos podem tornar o animal agressivo de maneira
repentina, até mesmo o mais pacífico dos cães. É o caso de animais que
sofrem, entre outras doenças, de otite, displasia de quadril, artrose
degenerativa, epilepsia ou problemas relacionados, cistite, a qual também
pode fazer com que o bichinho passe a urinar em qualquer lugar. Os
cruzamentos constantes e irresponsáveis em busca de um bom negócio com
a venda de animais de raça, muitas vezes provocam patologias em alguns
indivíduos caninos.
6- Envelhecimento
Assim como com humanos, à medida em que os animais envelhecem, eles
vão perdendo a paciência e podem se tornar mais agressivos ou resmungões,
ante diversas situações. Mas também a progressiva agressividade ou a
aparição de comportamentos que podemos qualificar como “estranhos”
costumam ocorrer devido à presença de cataratas ou de uma deterioração
cognitiva similar ao Alzheimer humano.
O QUE FAZER PARA CORRIGIR O MAU
COMPORTAMENTO
Toma-se como exemplo aqui, o mau comportamento de destruir objetos. Por
vários motivos, que serão explorados adiante, os nossos amigos de quatro
patas muitas vezes acabam destruindo a casa, mordendo objetos ou algo que
não devem. Descubra a seguir como evitar que seu pet destrua a casa quando
você não está e quais os principais motivos para ele estar fazendo isso.
Por que meu cão destrói as coisas dentro de casa?
Muitas vezes, a destruição está relacionada à falta de exercícios. Todo cão
tem uma quantidade de energia para ser gasta, que se não direcionada para
exercícios e brincadeiras, pode acabar resultando numa destruição de sapatos
ou rolos de papel higiênico. Os cães precisam de estímulos no ambiente onde
vivem e uma rotina diária de exercícios e brincadeiras, como correr, farejar
e descobrir coisas novas. Caso contrário, passam a ter comportamentos
indesejáveis. Encontre profissionais na área de adestramento para orientação
correta de como corrigir esses problemas; e tente sempre imaginar o que o
cachorro pensa. Ver as coisas do ponto de vista do cão pode ajudar-lhe a
corrigi-lo.
Como o instinto pode ajudar você?
Veja alguns aspectos nesse sentido:
- uma caminhada diária de 20 minutos diária não basta! Os cães estariam
caminhando mais de 70% do seu dia, se estivessem livres na natureza;
- um pátio grande, do ponto de vista do cachorro, é um cubículo. Na natureza,
o cão teria que percorrer territórios de alguns milhares de metros quadrados;
- aqueles passeios no final de semana não são diversão o suficiente, muito
menos exercícios o suficiente para gastar a energia acumulada;
- brinquedos de jogar não oferecem a diversidade, desafios e emoções que a
vida livre poderia oferecer ao cão.
COMECE A EDUCAR O SEU FIEL AMIGO
3 dicas simples para educar seu melhor amigo:
1 - Faça caminhadas de longas distâncias, de pelo menos 1 hora, todos os
dias. Com o passeio, o cão vai ficar mais calmo e suas coisas irão parar de
aparecer aos pedaços;
2 - Leve o seu cachorro para conhecer outros cachorros, que sejam
amigáveis. Crie brincadeiras entre eles, mas sempre com supervisão. Além
de drenar a energia do seu cão, ele ficará muito mais feliz com você;
3 - Mostre ao seu cão o que ele pode morder, o que pode ser destruído e o
que não pode. A melhor maneira de fazer o cão parar de destruir a casa e de
morder tudo o que vê é você dar mais opções para ele morder, roer, destruir.
Desse modo, você redireciona o comportamento indesejado. Lembre-se de
não permitir que ele morda, coma, estrague, destrua coisas que não possa.
Ofereça brinquedos seguros e resistentes, como ossos especiais; e/ou
brinquedos educativos, como aquelas bolas onde se pode colocar grãos de
ração. Brinque com seu cão e passe a mão nos brinquedos dele, para que
fique seu cheiro.

Como acabar com as mordidinhas


Normalmente, as pessoas fazem essa reclamação sobre filhotes, que têm por
hábito passar a maior parte do tempo brincando, sendo uma das suas
brincadeiras favoritas justamente brincar de morder e agarrar os irmãos.
Entretanto, neste momento a única companhia que ele tem é você! Então, é
claro que ele vai querer brincar de morder, e a sua mão normalmente é o local
preferido deles.
Essas mordidas não são só brincadeiras. Elas podem significar muita coisa
inclusive quem será o líder. Mas como fazer o cachorro parar de morder? O
importante é você NÃO incentivar este tipo de brincadeira desde o início. E
quando eu digo isso, serve para todos da casa, inclusive às crianças, que são
as que mais gostam de incentivar esse tipo de brincadeiras e depois ficam
chorando, porque uma das mordidinhas machucou ou arranhou a mão delas.
Para fazer isso, é importante que sempre que o filhote de cachorro morder,
você diga “não!” (de forma firme, não precisa gritar) e o impeça de morder.
Ofereça brinquedos para que ele morda, ao invés da sua mão. Para fazer isso,
tenha sempre um brinquedo por perto, e, quando ele for morder a sua mão,
diga “não!”, espere um tempo, e dê o brinquedo para ele. Incentive-o a
brincar de morder o brinquedo, e se ele o fizer, elogie e faça carinho! Sempre
quando ele pegar o brinquedo para morder, sem ir em direção à sua mão, ele
deve ser recompensado com carinho e palavras de afeto: “muito bem!”, “bom
garoto!”. Use de artimanhas e emita um sinal de dor quando ele te morder
(mesmo que não doa nem um pouco). Esta estratégia pode vir após você ter
dito “não” para ele uma ou duas vezes. Quando ele morder novamente, você
dá um pequeno grito de dor, um “AIIIII!. Isso acaba assustando o filhote, e
ele percebe que de alguma maneira você sentiu dor. Com a repetição, ele irá
entender que quando ele te morde, você sente dor. Esse exercício funcionará
melhor, se depois que você demonstrar a sua dor, você ignorá-lo.
Caso o filhote continue preferindo morder a sua mão, ignore-o ou deite-o de
barriga para cima no chão, impedindo-o de levantar. Essas duas técnicas são
distintas, mas ambas demonstram que você não quer essa brincadeira. Nos
dois casos, sempre fale “não!”, quando ele morder e antes de tomar as
atitudes. Sempre dê umas três chances a ele. Depois que você disse “não!”
três vezes, e ele continuar querendo morder a sua mão ao invés do brinquedo,
aí sim, comece a ignorá-lo ou use a técnica da dominância (virar o filhote de
barriga para cima). Para ignorá-lo, basta virar de costas para ele e não dar
mais atenção. Caso ele se aproxime e morda seu pé, diga “não!” novamente
e vire-o de barriga para cima, deixando-o assim até que ele se acalme. Se for
partir direto para a dominância, você tem que pegá-lo com as duas mãos
embaixo das axilas (sem machucá-lo) e deixá-lo na referida posição, também
até que ele se acalme. Dessa forma, você está mostrando para ele quem
manda, e que o líder é você! Só o libere do castigo quando ele ficar quieto,
sem se debater, por pelo menos quinze segundos. Esta técnica da dominância
deve ser usada, principalmente, no caso em que o filhote fica mais bravo,
quer morder com mais força e começa a rosnar e/ou a latir “com raiva”, ao
ser repreendido ou ignorado. Em último caso, utilize produtos específicos
para repelir mordidas de cachorro, conhecidos como “repelentes de
cachorro”. Você pode utilizar também uma garrafa de plástico ou uma lata,
com umas pedrinhas dentro. Quando o cão estiver mordendo você ou alguma
coisa e não parar, você bate com o litro no chão, e o barulho vai assustar o
filhote, que irá sair correndo. Deixe que ele fuja e o ignore por um tempo.
ATENÇÃO! Essa técnica não deve ser utilizado toda hora. Somente quando
o cão não responder às outras técnicas. E a garrafa nunca deve ficar ao
alcance do cão, para que ele não pense que é um brinquedo.
É importante você oferecer opções para seu cachorro. Não tente ensiná-lo e
puni-lo por morder o que não pode, se você não oferece opções para ele.
Morder é um instinto do animal, e eles fazem isso inclusive para passar o
tempo e para aliviar coceira, especialmente, quando filhotes. Por isso,
enriqueça o ambiente, antes de querer corrigir o cachorro.

Como acabar com os latidos excessivos


Um cão que late a todo momento e em horas impróprias pode ser muito
irritante, além de poder trazer muitos outros problemas. Por exemplo, a
reclamação dos vizinhos ou a perda do seu sono, ainda mais se for no meio
da madrugada.
A melhor maneira para ensinar um cão a parar de latir em excesso é
incentivá-lo a latir e depois mandá-lo ficar quieto. Se o cão não cometer o
erro, você não poderá corrigi-lo. Peça para alguém ir no portão e bater palma
ou para alguém tocar a campainha. Quando seu cão começar a latir diga
“quieto!”. Se ele não parar, use um dos exercícios ensinados anteriormente,
o da dominação ou o da garrafa pet. Com o tempo, quando o cão não latir
mais ou parar de latir após o comando, você pode recompensá-lo com um
petisco e carinho por ter ficado quieto. Logo ele entenderá, e os latidos
cessarão.
Mas calma! Antes de querer ensinar seu cachorro a não latir, tenha em mente
o objetivo pelo qual você está criando-o. Cães de companhia devem aprender
a não latir por qualquer coisa; já cães de guarda são ensinados a latir. Então,
você precisa ter isso em mente e criar seu cachorro de acordo com o seu
objetivo.
Se você estiver criando um cachorro para guarda, você não pode corrigi-lo
por latir. Pelo contrário, você deve recompensa-lo por latir (mas acima de
tudo, por saber obedecer a um comando). Seja objetivo! Pois você não pode
criar um cão de guarda manso, nem um cão de família bravo. Se você não
tiver claro o que quer, você irá confundir seu cão e criar uma arma
descontrolada. Tenha um objetivo, foque nele e aprenda sobre ele. Caso
contrário, você terá dores de cabeças futuras e um cão desequilibrado e
descontrolado.

Xixi e cocô no lugar certo


Como ensinar nosso amigo de quatro patas o lugar certo para fazer suas
necessidades? Essa é uma das perguntas mais frequentes que escuto no dia a
dia como adestrador, e vou ensinar a seguir um método, passo a passo, de
como ensinar o cão a fazer as necessidades no local certo.
1° PASSO: Tenha paciência. Essa de fato é a dica mais importante.
Primeiramente, defina um local onde você quer que o cão faça suas
necessidades. Esse local deve ser longe da água e comida. Uma dica especial
é pôr um tapete de borracha no local, pode ser os que se coloca em carro de
carro; depois cubra com jornal. Os Cães adoram fazer xixi nos pneus, por
causa da borracha, sendo assim, o tapete de borracha funciona de incentivo
a eles. Essa área deve ser bem grande, com muitas folhas de jornal. Com o
passar do tempo, você vai diminuindo as folhas, até ficarem só duas ou três.
2° PASSO: Quando o cão começar a fazer as necessidades no lugar certo,
faça muita festa e mostre o quanto ficou feliz, fazendo muito carinho ou
dando um petisco. Essa recompensa irá servir como um lembrete de onde
fazer suas necessidades quando estiver com vontade. Caso o cão faça xixi e
cocô no lugar errado, lembre-se da primeira dica: tenha paciência. Jamais dê
bronca ou brigue com o seu cachorro. Isso fará com que ele crie um bloqueio
e fique com medo de fazer as necessidades, dificultando muito mais a
aprendizagem do lugar correto.
Se o cão fez na sua frente, simplesmente leve-o ao local correto. Evite limpar
suas necessidades na frente do cão, porque alguns cães gostam de chamar a
atenção, mesmo que negativa. A segunda dica especial é na hora da refeição
do seu cachorro (que deve ser sempre no mesmo horário): coloque alguns
grãos de ração nos últimos locais errados que o cão fez cocô e xixi. Por mais
que você tenha limpado, o odor ainda vai estar ali, e quando o cão for comer
vai sentir o cheiro. Naturalmente, o cão não faz suas necessidades onde ele
come. Então, ele irá mudar o local, até um momento em que irá começar a
fazer certo e criar o hábito.
3° PASSO Conheça o relógio intestinal do seu cachorro. Comece a tomar
nota toda vez que ele fizer cocô e xixi. Assim, você terá uma estimativa do
próximo horário em que precisarão fazer xixi e cocô. Quando chegar a hora
aproximada, você o leva para o local e fica por ali mesmo, para estar presente
na hora certa e fazer “aquela festa” quando ele acertar. Filhotes,
normalmente, têm essas necessidades mais vezes ao dia. A terceira dica
especial envolve hora de dar comida para o filhote. Permaneça perto dele,
enquanto ele come. Depois que ele comer, ofereça água e, logo em seguida,
o leve para a área onde tem o jornal e espere por cinco minutos, para que ele
possa fazer xixi ou cocô, e você possa recompensá-lo imediatamente. Se o
cão não fizer em cinco minutos, coloque-o em uma caixa de transporte por
dez minuto; depois, retire-o e leve-o à área desejada novamente, pois
provavelmente ele estará com vontade de fazer. Cães não gostam de urinar
ou defecar em locais apertados e fechados. Por isso, dentro da caixa ele estará
segurando a vontade e, quando levá-lo ao jornal, ele irá fazer em seguida.
Lembre-se! Nunca use violência ou esfregue a cara do cão no xixi, no chão.
Filhotes aprendem mais rápido e com mais facilidade. Para cães adultos é um
pouco mais trabalhoso, afinal, mudar uma vida de maus hábitos de uma hora
para a outra não é fácil. Mas com muito amor, carinho e incentivo, tudo acaba
dando certo com os cães.

Não fugir e atender ao chamado


Primeiramente, antes de ensinar o cão a atender ao chamado, você deve
prestar atenção em alguns detalhes, como: você é do tipo que chama ou usa
o nome do seu cão a todo momento? Se sim, saiba que está muito errado, o
nome do seu cão só deve ser utilizado para coisas boas. Se você usa o nome
do seu cão na hora de dar bronca, saiba que, provavelmente, é por isso que
ele não responde ao seu chamado. Tenha certeza que ele está ouvindo quando
você chama, mas pode não quer atender naquele momento, porque não sabe
se você está chamando pra fazer carinho ou para dar bronca.
O primeiro passo para que o cão lhe escute é parar de fazer carinho nele,
durante certo período (dias), ignorá-lo. Vamos fazer com que o cão dê valor
à sua atenção e carinho. Após este período, chame o cão pelo nome uma vez.
Se ele vier, você faz carinho por alguns instantes ou dá um petisco e volta a
ignorá-lo. Com o tempo, o cão ficará carente de sua atenção, e quando você
chamar, ele sairá correndo para lhe atender, pois sabe que é uma coisa boa.
Após algum tempo, ele irá criar o hábito de atender ao chamado, e você pode
ir dificultando mais os exercícios, por exemplo, soltando-o em uma praça,
onde há várias distrações.

Controle de ansiedade/pulos
Um problema que tem se tornado muito comum nos últimos tempos é a
ansiedade por separação. Quem trabalha muito e deixa o cão sozinho em casa
e por longos períodos, inconscientemente, acaba agravando esse problema.
Quando você fica um longo período fora de casa, o cão fica esperando o seu
retorno, porque, normalmente, quando você entra pela porta, dá carinho,
atenção e conversa com seu pet. Essa atitude só vai aumentando a ansiedade
do cachorro, que não tem noção de tempo como o ser humano adulto. Isso
pode trazer graves problemas, até mesmo a depressão canina. Outro
inconveniente é você chegar do trabalho com a roupa limpa e seu cão de 40
kg pular em você, com as patas sujas. Esse tipo de comportamento - talvez
você ainda não tenha percebido - foi você mesmo que ensinou. Toda vez que
você chega, você interage com seu cão, mesmo ele latindo, chorando e
pulando em você. O que o cão quer é atenção, e você dá o que ele está
pedindo. É como se você dissesse para ele: “-muito bem, isso mesmo
amigão!”.
Como evitar e corrigir esse tipo de problema: para corrigir esses problemas
é muito simples. Basta você pensar “o que o cão quer?”. Atenção!!! Então,
basta ignorá-lo ao chegar em casa, pelo menos nos primeiros 15 minutos. Dê
as costas, não fale, não olhe e não toque no cão. Essas são as regras de ouro.
Com o passar do tempo ele vai abandonar aquele comportamento de
ansiedade e esperar a hora certa de interagir. Se ele for de grande porte e
pular em você, levante seu joelho. Será desconfortável, e ele não irá pular em
você novamente.
Você pode dar um “oi!”, fazer um carinho, mas somente quando ele estiver
calmo. Nunca fale ou faça carinho nele enquanto estiver pulando em você,
latindo, girando. Ele precisa saber que você gosta do comportamento calmo
dele e não dessa ansiedade. Se não, você acaba recompensando a ansiedade,
e isso prejudica seu cachorro, inclusive em questões de saúde física e mental.

Como ensinar o cachorro a ficar sozinho


Hoje em dia muitas pessoas enfrentam o problema de o cachorro ficar
sozinho. Um fato que comprova isso é a Síndrome de Ansiedade por
Separação (SAS).
Essa Síndrome tem afetado os cães de todo o mundo, pois seus donos
ensinam, sem querer, seus cães a serem emocionalmente dependentes deles.
Desde antes de sair de casa, acabam deixando o cachorro ansioso. Isso
acontece, porque as pessoas acabam avisando o cão que estão saindo. “Dar
tchau”, beijo, demonstrar-se triste por estar saindo e precisar deixar o
cachorro sozinho, isso afeta o animal, que não tem noção de tempo. Para ele,
você saiu faz dias, não dez minutos. Para o cachorro, é muito melhor que
você saia sem fazer alarme, sem dar “tchau”, sem demostrar nada disso, pois,
assim, ele não se agita, não fica latindo por estar sozinho, não fica sem comer,
não fica achando alguma arte para fazer ou coisas que não faz na sua
presença... Em situações de agitação, a partir da saída do dono, o cachorro
não entende que ficou tudo liberado, mas, simplesmente, ele fica ansioso e,
por esse motivo, agitado.
Além de não elevar seu cachorro ao sair, você não pode comemorar ao
chegar, pois você não sabe o que ele faz. Quem sabe ele latiu todo o tempo,
chorou, se lambeu, ficou sem comer nem beber água... Quando você chega
“fazendo festa” pro cachorro, acaba recompensando todo o comportamento
que ele teve, e que você não viu.
Por isso, evite cumprimentar com atenção seu cachorro, quando você sair e
quando você chegar, pois prejudica a SAÚDE do animal.
TREINE SUA LIDERANÇA COM SEU CÃO
Para você ser encarado e respeitado como líder pelo seu cão, há muitas coisas
que devem ser feitas, muitos detalhes que para você não têm importância
alguma, mas que para o cachorro está relacionado à liderança e ao respeito.
Vejamos alguns exercícios de liderança que você pode pôr em ação para
tornar-se o líder em sua casa.

ALIMENTAÇÃO
Antes de iniciar esse capítulo, preciso deixar um alerta. Você sabe qual o
melhor alimento para o seu cão? Se você respondeu ração, você está errado.
Na Europa, a alimentação natural já é realidade, e, no Brasil, vem ganhando
cada vez mais adeptos. A alimentação natural nada mais é que uma dieta
balanceada, com tudo que o cão comeria na natureza. Isso melhora muito a
saúde do animal, além de aumentar a expectativa de vida consideravelmente.
A hora da alimentação é, com certeza, uma das horas mais importantes do
dia. É a hora que está relacionada diretamente ao seu maior instinto: a
sobrevivência. Por isso, é muito importante alimentar o cão de maneira
correta. A melhor forma de alimentar um cão, com certeza, é durante o
treinamento. Assim, ele irá assimilar melhor o aprendizado, como visto nos
capítulos anteriores. Se você não pode ou não tem tempo para um
treinamento diário, veja abaixo a melhor maneira de alimentar seu cão em
casa:

1° O horário de alimentar seu cão deve ser sempre após o horário de refeição
do dono e após o passeio. Nunca antes! Na natureza quem come primeiro é
o líder, e os cães só comem após uma longa caçada e uma longa caminhada.
Depois de comer, eles deitam e descansam para fazer a digestão.

2° Sirva a ração ou comida com a própria mão, para que fique seu cheiro na
comida. Na natureza, o primeiro a comer é o líder, e somente após ele estar
satisfeito é permitido ao restante da matilha se alimentar. Quando os outros
integrantes do grupo se aproximam para comer, o cheiro do líder já está
impregnado na carne da presa. Isto faz com que o restante do grupo assimile
a alimentação ao líder, e, consequentemente, a sua sobrevivência.

3° Faça o cão entender que a comida é sua, e você vai deixar ele comer, mas
ainda é sua. Sirva a ração e faça o cão esperar. Depois, largue-a no chão e a
proteja. Não deixe ele comer. Espere até que ele fique calmo e se afaste do
pote. Depois, dê o comando para que ele coma; deixe que ele coma um
pouco; e depois, mande que ele saia; mexa um pouco na comida dentro do
pote; e, então, deixe que ele coma o resto. Outro bom exercício para ser feito
na hora da alimentação é colocar um plástico transparente, como um plástico-
filme, em cima do pote de ração, e servir algo pra você e sua família
comerem, na frente do cão. Após, retire o plástico e faça o processo de
alimentação ensinado anteriormente.
ATENÇÃO! Nunca coloque a mão ou puxe o pote do cão enquanto ele
come. Mande que ele saia de perto, depois pegue. Lembre-se da regra:
“Nunca tire a coisa do cão, mas, sim, o cão da coisa”.

Exercício da porta
Para um cão, sempre quem vai na frente é o líder. É o líder que mostra a
direção a ser seguida. Então, toda vez que você for cruzar por uma porta ou
portão, quem vai primeiro é você. Faça com que o cão espere e com que se
acalme. Depois, saia na frente e puxe ele com a coleira. Outro bom exercício
é você deixar a porta ou portão aberto, sentar do lado de fora de casa e
impedir que seu cão saia. Se seu cão tentar sair, você não deixa ele cruzar
pela porta. Ele até pode ficar próximo à porta e olhar para fora, porém suas
patas não podem cruzar a linha da porta. Nesse exercício, você está
trabalhando especialmente a disciplina e a obediência. O exercício serve
também para ensinar o cão a não entrar dentro de casa, para quem tem pátio.

Petiscos
O exercício do petisco serve para estreitar a relação entre o dono e o cão.
Agora que você já sabe da importância que tem a alimentação na educação
de um cão, você pode usar esse aliado poderoso, que é o petisco. O exercício
que proponho consiste em você estar sempre com algum petisco no bolso, e,
quando o cão estiver longe, chamá-lo pelo nome, fazer com que ele execute
algum comando, e, depois, dar o petisco e um carinho. Isso fará com que seu
cão preste mais atenção ao seu chamado e estará reforçando sua liderança
sobre ele, treinando a obediência, além do seu cão ficar muito feliz com o
agrado inesperado.
Imagem 61 - “O melhor amigo do homem”

Fonte: Gonçalves, 2019


AGRADECIMENTO
Para você que leu o livro até o fim, muito obrigado! Muito obrigado, meu
amigo(a), por ter adquirido meu livro! Fico feliz em ajudar você a entender
melhor seu fiel companheiro! Meu intuito não é de ajudar somente pessoas,
mas sim os cães, que terão uma vida melhor após seus donos saberem
interpretar e se comunicar melhor com eles; e ajudar você a desfrutar da
companhia do seu melhor amigo, ao máximo, sem nenhum estresse.
Convido você para conhecer também o meu curso. É totalmente online, com
vídeo-aulas e consultas virtuais, que irão ajudar você a entender e adestrar
seu cão de maneira correta, com todo o suporte que você precisa. O curso foi
desenvolvido para donos, para quem está iniciando no adestramento e para
quem quer se tornar um adestrador e não sabe por onde começar. Um curso
totalmente acessível e com garantia, utilizando técnicas avançadas, com tudo
demonstrado em vídeo!
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adestrar seu cão passo a passo.
MUITO OBRIGADO!
Grande Abraço!
Atenciosamente, Nando Lima.
Referências
São referências citadas no texto:
Cachorros podem reconhecer pessoas ‘não confiáveis’, confirma estudo. Hypeness. [S.l], 2020.
Disponível em: < https://www.hypeness.com.br/2020/07/cachorros-podem-reconhecer-pessoas-nao-
confiaveis-confirma-
estudo/#:~:text=Para%20realizar%20o%20estudo%2C%20a,durante%20tr%C3%AAs%20rodadas%
20de%20experimentos.>. Acesso em 03/01/2016.

Cientistas analisam cérebro de cães e concluem que eles também são ‘pessoas’. O Estado de São
Paulo. São Paulo, 2017. Disponível em:
<https://emais.estadao.com.br/noticias/comportamento,cientistas-analisam-cerebro-de-cachorros-na-
ressonancia-magnetica-caes-sao-pessoas-
tambem,70001856819#:~:text=Um%20grupo%20de%20cientistas%20treinou,'gente'%2C%20como
%20n%C3%B3s.>. Acesso em 03/01/2016.

Estudo desvenda origem dos cachorros domésticos. UOL. São Paulo, 2015. Disponível em:
<https://www.uol.com.br/tilt/ultimas-noticias/redacao/2015/12/16/estudo-desvenda-origem-dos-
cachorros-domesticos.htm>. Acesso em 03/01/2016.

Sete sinais que seu cão realmente o ama. Beleza Cão e Gato. Recife, 2017. Disponível em:
<https://belezacaoegato.com.br/sete-sinais-que-seu-cao-realmente-o-ama/>. Acesso em 07/03/2018.

Significado de Instinto. Significados. [S.l], [20--]. Disponível em:


<https://www.significados.com.br/instinto/#:~:text=O%20que%20%C3%A9%20Instinto%3A,esp%
C3%A9cie%20ou%20da%20sua%20prole.>. Acesso em 03/01/2016.

Referências das imagens


A jovem mulher encontra-se com seu cão na grama. Dreamstime. [S.l.], [2---]. Disponível em:
<https://pt.dreamstime.com/same-stock-photo-model-image89528505>. Acesso em 03/04/22.

A puppy’s journey:from a single cell to a 12-week-old puppy. Advantage PetCare. [S.l.], 2021.
Disponível em: <https://www.advantagepetcare.com.au/au/puppy-kitten/puppy-s-journeyfrom-
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Cercado para cachorro[,] dobrável. Decorando Casas. [S.l.], 2020. Disponível em:
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CHACON, Fabricia. Guia Animal. [S.l.], 2021. Disponível em:


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Coleira cabresto: como usá-la corretamente. Meus Animais. [S.l], 2022. Disponível em:
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Coleiras e guias - qual escolher?. Dicas Peludas. [S.l.], 2011. Disponível em:
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Como acostumar o cachorro com o peitoral?. Dogwings. São Paulo, 2021. Disponível em:
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