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"O cachorro é aquele tipo de animal

revestido mais de alma do que de


pelos."
LAIS LEMMA
QUEM
MARIA
SOU CECÍLIA

Sou amante de animais, especialista "Cultive a calma e terá


em Comportamento e Psicologia
um cãachorro zen"
Canina tutora do Poodle Bob, da
Border Gaia, do chihuaha Nacho e do
Dob Scotch, mas diversos outros
dogs já passaram pela minha vida e
deixaram experiências importantes
para eu ser quem sou hoje.
Especialmente sou mãe da Luíza e
da Marina.
FALE COMIGO:
Sou autora dos livros digitais "Como
ter Filhotes Felizes e Educados",
@mariacecilia.pet
"Como saber que seu cão não está www.mariacecilia.pet
feliz - os 10 sinais" e "Como se
Comunicar bem com o seu Cão".

Por muitos anos trabalhei como


professora de Filosofia na educação
de crianças, jovens e adultos até
descobrir minha paixão pela
educação canina.

Sou adestradora por curso de


formação de adestradores.
Especializada em comportamento
canino; com aperfeiçoamentos,
cursos e seminários na área de
comportamento, psicologia,
obediência, proteção e faro. Estou
sempre estudando e me
aperfeiçoando a fim de contribuir
para que você tenha um cão mais
feliz e educado!
INTRODUÇÃO

Este livro apresenta um protocolo contra a ansiedade de cães. O material é


baseado nos mais modernos estudos do comportamento animal e te leva à
resolução definitiva de problemas que colocam o cão em sofrimento e
perturbam a organização familiar.

A ansiedade canina pode se manifestar em comportamentos tais quais:


-Latidos excessivos;
-Pulos descontrolados;
-Medo de ficar sozinho em casa;
-Destruição de objetos;
-Arranhões em portas;
-Euforia pré-passeio e até mesmo puxões na guia.

Se você convive com cães que apresentam algum desses comportamentos e


quer aprender a treinar um cachorro zen esse material é para você!

Este livro é especialmente elaborado para quem deseja um método eficaz de


levar a calma para cães de todas as raças e idades e iniciar desde já o
tratamento comportamental contra a ansiedade canina.

É válido para profissionais que já tentaram de tudo para reverter a ansiedade


dos cães dos seus clientes e não sabe mais o que fazer. Também é muito útil
para donos de cães ansiosos e para quem quer saber como ter um cão mais
calmo e tranquilo atuando na prevenção do quadro de ansiedade.

Aqui vamos compreender os males da humanização e do antropomorfismo


dos cães, construir um entendimento sobre o que é realmente um cachorro,
abordar os diferentes comportamentos ansiosos em cães e propor
alternativas de intervenção. O material também apresenta uma abordagem
social e comportamental completa sobre a Síndrome da Ansiedade de
Separação (SAS), uma comorbidade que cresceu muito com o fenômeno da
pandemia, pois cães desaprenderam a ficarem sozinhos em casa.

Essa síndrome revela um estado sério de angústia quando os cães estão


longe de seus tutores e pode trazer um grande leque de consequências
comportamentais desagradáveis. A SAS e suas consequências não trazem
sofrimento somente para os cães, porém, na maioria das vezes, para toda a
família. Os cães que geralmente apresentam maior incidência de SAS são os
cães com hiper vinculação à família ou a um membro específico do núcleo
familiar. Precisamos urgente de conversar sobre a SAS, pois ela têm afetado
um número impressionante de cães e famílias.

Como bônus você saberá como pode auxiliar no estímulo da produção dos
hormônios do prazer no cão e como fazer o Enriquecimento Ambiental.
08

12
1- UM PAPO SOBRE HUMANIZAÇÃO 7

16
ÍNDICE

2- O QUE É O CACHORRO? 18

3- ROTINA PARA UM CACHORRO ZEN 24

4- CULTIVANDO A CALMA 29

22
5- AS ANSIEDADES DO CACHORRO 28 32

6- Bônus 1: Os Hormônios da Felicidade Canina 41

7- Bônus 2: Enriquecimento Ambiental. 43


BEM VINDO AO
MANUAL DO
CACHORRO ZEN

Para obter successo na educação do


cachorro zen preste bastatente atenção
em cada elemento deste manual!
1- UM PAPO SOBRE HUMANIZAÇÃO

A importância da superação do
antropocentrismo.

Dependência afetiva não


combina com um cachorro zen.

Os efeitos da humanização dos


cães.

META: SAIR DA ZONA DE CONFORTO DO


ANTROPOCENTRISMO E SE COLOCAR NO
LUGAR DO CACHORRO.

7
Os cães podem absorver os sentimentos dos
humanos?

A ansiedade da família ou de membros dela passa


para o cão?

Eu posso estar colaborando para que meu cão seja


ansioso?

De quem é a responsabilidade sobre a


Ansiedade Canina?

O que você acha???


Antes de mais nada eu gostaria que o leitor compreendesse duas questões
fundamentais:

- A ansiedade canina tem origem da relação entre cães e humanos;


- Cabe a nós compreendermos o que é o cão para podermos tratá-lo como
tal e pararmos de alimentar a ansiedade nos peludos.

Vamos comigo nessa jornada de entendimento dos nossos melhores amigos?

Pois bem, caninos foram a primeira espécie animal a serem domesticados. A


convivência entre homens e canídeos inicia-se ainda no período paleolítico,
segundo, alguns autores, por volta de 100 mil anos atrás (LUESCHER, 2017).
Inicialmente esse processo ocorreu naturalmente e quem tomou a iniciativa
da aproximação não fomos nós! Os canídeos menos arredios se aproximavam
de grupamentos humanos a fim de se alimentarem dos restos deixados por
nós, aos poucos os humanos perceberam que ter esses animais por perto
auxiliava na proteção contra os perigos da vida selvagem. Esse processo
inicial de aproximação é conhecido como protodomesticação. As duas
espécies, homens e caninos, coevoluiram.

A parceria entre homens e cães deu tão certo que hoje em dia temos mais de
500 milhões de cães no mundo, de diversas raças, que executam variadas
funções. O Brasil é o 4° país do mundo em população de pets sendo eles em
sua maioria cães. De acordo com dados levantados pelo IBGE em 2018 foram
contabilizados no país 54,2 milhões de cães domésticos.

Devido a fenômenos sociais, a partir do século passado, a relação entre seres


humanos e cães passa por grandes transformações. O êxodo rural, o
crescimento das cidades e a verticalização dos centros urbanos, trazem os
cães para uma convivência ainda mais íntima com a família. Passam
compartilhar espaços outrora reservados apenas para a circulação e
permanência humana nas residências. Os terrenos e quintais ficam cada vez
menores e escassos. Os cães estão literalmente dentro de nossas casas!
Mediante essa estreita convivência, perdemos a noção do que é o cão e quais
suas características específicas.

Segundo informações da CVA Solutions 62,5% dos tutores, no Brasil, veêm


seus cães como filhos ou membros da família, existe até um percentual
considerável de tutores que veêm seus cães como bebês. De fato, muitos
casais jovens, hoje em dia, optam por ter um cachorro a ter um bebê. A
consequência dessas percepções pode levar à humanização e ao
antropomorfismo dos cachorros, ou seja, o impedimento de que os cães
sejam cães e exerçam suas características específicas. Esse processo tem
trazido problemas comportamentais novos e severos, pois apresenta aos cães
fatores estressantes devido ao ambiente monótono e muito diferente das
condições naturais.
Dentre esses problemas de comportamento podemos mencionar a
ansiedade canina e, até mesmo, doenças como a Síndrome de Ansiedade de
Separação. Distúrbios comportamentais são deletérios tanto ao bem-estar
dos animais, quanto à sua convivência com os seres humanos.

Não é de hoje que os seres humanos se relacionam com a natureza de forma


meramente instrumental, coloca a natureza a seu serviço e enxerga a
natureza não como ela é, mas como ele deseja que ela seja. Essa percepção
egóica do homem em relação à natureza nós chamamos de
antropocentrismo. O antropocentrismo retira a capacidade dos humanos de
terem empatia, também faz com que o homem tenha uma visão
desintegrativa e de superioridade em relação ao meio ambiente, ou seja, o
homem parece não pertencer ao meio natural, se comporta como uma
espécie à parte e superior a todas as outras espécies, sejam animais ou
vegetais. Essa tendência antropocêntrica faz com que tutures não
perceberem que nem tudo que é bom pra um humano, é bom para um
cachorro, que cães enxergam a realidade de maneira diferente e dão
significados às coisas de acordo com sua percepção de mundo.

TAREFA NÚMERO 1

Tente se colocar no lugar do cachorro e


compreenda que ele não tem a mesma visão de
mundo que você. Coloque em prática a EMPATIA!

O cachorro vê
o mundo de
uma forma
diferente...
Cena 1:

Há um tempo eu treinava um cachorrinho muito bonitinho, o bichinho era


fofinho mesmo dava vontade de apertar, mas não deixava de ser um cão. Um
dia cheguei para o treino do dog e o tutor me contou que havia
encomendado pelo correio uma caixa cheia de bichinho de pelúcia para o
fofinho, disse que as pelúcias eram lindas, mas que estava chateado que o
cãozinho não se interessou por nenhum brinquedo de pelúcia e que deu
mais atenção para a caixa de papelão que embalava a encomenda! Eu
expliquei que cães sentem a necessidade natural de roer e existem
brinquedos mais úteis e funcionais que uma pelúcia. Pelúcias são bonitas e
interessantes para humanos, cães preferem um bom brinquedo de morder!

Essa cena é fruto de um fenômeno um pouco ambíguo, o mercado pet


evoluiu muito nas últimas décadas, surgiram muitos novos fármacos e
vacinas, alimentos de qualidade, uma gama de produtos para promover a
saúde e o bem-estar dos dogs. O problema é que o mercado não pára por aí,
quase tudo que você encontra numa mega store para humanos você
encontra num grande pet shop, como diversos modelos de roupas, fantasias,
sapatos, bebidas, óculos, acessórios, uma infinidade de coisas.

Se, por um lado, os tutores têm se preocupado mais com a saúde e com o
conforto dos cães de companhia, mantendo uma excelente nutrição, vacinas
em dia, pelagem impecável. Por outro lado, não há o foco no essencial e
fundamental. Em sincronia, mercado e consumidor criam e alimentam
tendências, muitas vezes insalubres e bizarras. Ocorre a antropomorfização
dos cães que é o fato de atribuir características e demandas humanas aos
dogs. Falta conhecimento sobre o que a espécie canina realmente precisa e
empatia para compreender os cães como eles são: animais de companhia ou
de trabalho.
TAREFA NÚMERO 2

Providencie brinquedos funcionais para seu cão.


Brinquedos que ele possa interagir, morder, roer,
farejar. Brinquedos que favoreçam os instintos
caninos.
Voltando ao papo...

Percebo o antropocentrismo como o grande mal existente atualmente na


relação entre cães e homens. O leitor poderá me indagar: “mas você mesmo
disse que o homem há tempos e tempos já se relaciona com os animais de
forma antropocêntrica?”. É fato, porém a relação atual entre cães e homens
tem causado uma desconexão praticamente total do cão com sua natureza
própria. Por meio da humanização dos cães de forma subjetiva o ser humano
ignora que cães possuem características e comportamentos próprios de sua
espécie e não lhes fornece rotina, ambiente, tratamento e convivência
adequada. Projetam no cão expectativas de atitudes humanas, expectativas
de relações humanas, expectativas de sentimentos humanos, cria
hipervinculação com o cão como se ele fosse mesmo um bebê. Infantiliza o
cão usando vozinha e palavras de bebês, superprotegem o animal, não deixa
ele ter experiências desafiadoras. Isso tudo culmina em um processo de
dependência emocional. Uma dependência de via de mão dupla e danosa
tanto para cães como para homens.

Cena 2:

Quando eu era criança minha mãe, uma mulher muito sábia, dizia que criava
eu e minha irmã para o mundo, não para ela. A importância da nossa
educação emancipadora veio anos depois, quando, na adolescência,
perdemos nossa mãe. Apesar de termos aprendido autonomia,
independência e liberdade doeu muito, doeu pra caramba, doeu
imensamente perder a mãe. Dói ainda... Imagina se tivéssemos sido criadas
de modo diferente! Estou contando isso por que às vezes nosso amor em vez
de fazer bem, sufoca, aprisiona e limita. E isso não ocorre somente na criação
das crianças, também ocorre com os cães!
TAREFA NÚMERO 3

Lembre-se de proporcionar independência ao


cão. Ele merece ser feliz com ele mesmo, ele
precisa se amar e estar preparado para a sua
ausência!

Para a independência do cão é importante treinar a solitude, ou seja, que ele


se sinta bem bem com ele mesmo! Faz-se necessário que o cão fique sozinho
mesmo com a presença da família em casa. Para isso podemos usar os
comandos restritivos, eles ensinam o dog desgrudar da família e ficar no seu
cantinho por um tempo.
Confira:
Vale salientar que:

A humanização e a antropomorfização dos dogs não é uma maldade, uma


atitude consciente, são processos que ocorrem até mesmo por amor. Mas
vemos muitos tutores de cães pecando por excesso de amor ou um amor
antropocêntrico. Cães tratados como humanos, muito apegados,
inseparáveis dos tutores, inseguros e mimados, geralmente tem vários
problemas comportamentais.

Cena 3:

Tempos atrás fui chamada para atender a Leka. Uma cocker muito
humanizada, hipervinculada à dona e com poucas experiências sociais, ela
perdeu sua tutora repentinamente, o que lhe restou foi o vazio e a desolação.
Leka estava num quadro depressivo. Não interagia com outros cães, não
brincava, apresentava medo extremo e muita insegurança. Os outros
humanos que a acolheu após a perda da dona não foram muito bem aceitos.
Faltava a ela aquelas experiências de socialização para além da sua falecida
tutora.

Para que nossos dogs não sofram com nossa ausência, seja ela temporária ou
definitiva, é importante oferecermos para eles vivências que estão para além
do convívio conosco e com os humanos. Também é necessário uma
educação coerente e equilibrada. Além de tudo, que sejam tratados como
cães!

É praticamente impossível que os cães domésticos não absorvam um pouco


dos hábitos humanos. Todavia o excesso de humanização é danoso para o
bem-estar do animal. É importante que o dog tenha regras claras e precisas,
que ele tenha seu espaço próprio para brincar, dormir e fazer suas
necessidades, horário e local para se alimentar, que passeie cotidianamente
e socialize com o ambiente externo. Também é muito saudável quando o cão
tem a oportunidade de conviver com outros cães. Conviver com outros cães é
muito salutar. As brincadeiras entre dogs, além de serem lúdicas, são
educativas os cães ensinam, uns aos outros, regras de convivência.

Como disse, a humanidade tem perdido a compreensão real do que é o cão.


É lógico que o cão também se transforma com essas pressões externas, mas
o processo evolutivo geralmente é longo e demorado.
Cães de hoje em dia estão sendo bombardeados, em pouco espaço de
tempo, com novas informações e pressões, novos apetrechos e formas de
tratamento incomuns para cães. Um processo evolutivo forçado e caro para o
comportamento dos doguinhos.

A vida conturbada do ser humano nas cidades reflete diretamente no bem-


estar físico e mental dos cães. Nossos problemas de rotina, de stress, de
agitação, de carência repercutem negativamente na vida dos dogs.
2- O QUE É O CÃO?

É necessário satisfazer as
necessidades biológicas do cão.

O cão aprende por meio de


recompensas.

É necessário que o cão viva em uma


família com boa definição de papéis.

META: PROPORCIONAR AO CACHORRO


UMA VIDA QUE SUPRA SUAS
NECESSIDADES DE CACHORRO.

13
O primeiro passo para entender o comportamento canino é reconstruir em
nossas mentes o que é o cão. Como vimos no capítulo anterior, por incrível
que pareça, precisamos lembrar que o cão é uma espécie diferente da
espécie humana e que possui características naturais específicas! Repito que
a natureza dos animais sofre influência constante do meio externo! Inclusive
costumo dizer que os cães são seres que se comportam de modo bio-psico-
social. Os aspectos biológicos, psicológicos e sociais influenciam no
comportamento do cão.

A.Fatores biológicos:

Em primeiro lugar vamos pensar o que é o cão, do ponto de vista biológico,


pois o comportamento dos animais, preponderantemente, visa realizar suas
necessidades biológicas e também se expressa de forma
predominantemente biológica. Comportamento pode ser compreendido
como o leque de respostas neuroendócrinas e musculares dadas às
alterações no meio interno ou no meio externo ao cão. É importante
salientarmos que cada espécie animal possui padrões de comportamento
específicos, com o cão não é diferente!

Os aspectos biológicos específicos dos canídeos nos dizem que eles são
predadores, por isso os cães possuem instinto de caça. Predadores,
majoritariamente, são territoriais, delimitam e defendem seu território de
caça, cães são territoriais. Porém eles não são sedentários, possuem
natureza migratória. Eles também são gregários, grandes grupos sociais
com organização hierárquica bem definida caracterizam a vida dos cães no
meio ambiente.

“E o que isso tem a ver com o meu cão? Ele não vive na natureza... Ele está
dentro da minha casa...” Ora, apesar de transformações no meio ambiente do
cão ele preserva em si aspectos filogenéticos que remontam às
características originais de sua espécie, são aspectos inatos, bem previsíveis e
indispensáveis para compreender o comportamento característico canino já
que são os aspectos inatos que diferenciam uma espécie da outra.
É lógico que a relação de um indivíduo de qualquer espécie com o meio em
que vive potencializa ou minimiza a expressão dos aspectos inatos.

Um pequenino exemplo:

No final da década de 70 e início da década de 80 os partos cesarianos em


humanos se difundiu amplamente. A mãe, logo após parir dessa forma fica
sedada, tonta, deitada sem conseguir mover as pernas, com muitas
limitações, a partir dessa situação a pediatria começou a inserir mamadeiras
nos bebês recém-nascidos. O hábito generalizou e até mesmo bebês de
parturiente por vias normais começou a receber mamadeira até o leite da
mãe “descer”. Mas o que faz o leite da mãe “descer” é a característica inata e
instintiva de sucção dos bebês nos seios maternos, esse processo às vezes
pode demorar um pouquinho, mas ocorre. Porém com a introdução precoce
de mamadeira alguns bebês desaprendem sua característica inata de sugar
o seio materno e acostumam-se apenas com o bico da mamadeira. É o meio
externo e questões socioculturais influenciando em aspectos inatos de uma
espécie. O exemplo foi legal?

Para além dos aspectos filogenéticos faz-se necessário considerar que a base
genética também é importante para compreender o comportamento de
cada indivíduo canino, pois o seu temperamento tem muita referência com o
temperamento de seus pais e de irmãos de ninhadas anteriores.

Quando selecionamos um filhote para a nossa convivência, devemos ter em


mente que as características comportamentais, sobretudo o temperamento
dos indivíduos adultos da mesma família é um pequeno retrato do que pode
vir a ser aquele filhote, obviamente esse fator genético de forma isolada não
é determinante, porém um elemento a ser considerado no conjunto da
ópera.

Como estamos vendo, o comportamento dos cães possui bases bio-psico-


sociais sendo que em cada uma dessas bases existem algumas variáveis.
B.Fatores Psicológicos:

Já os aspectos psicológicos possuem ordem causal e dizem respeito à


aprendizagem, ao modo como os cães manifestam comportamentos
aprendidos de acordo com respostas dadas a estímulos externos. Também
refere-se ao modo como ele armazena e fixa as informações e
comportamentos com base nos reforços dados ao comportamento.

Podemos dizer que, por sua natureza de caça, os cães agem buscando
recompensas e quando comportamentos são reforçados e recompensados
ele aprende. A aprendizagem é mediada por complexos processos
neuroendócrinos integrativos dos estímulos externos às respostas internas. O
processo de aprendizagem do cão é contínuo. O comportamento que um
determinado indivíduo canídeo apresenta hoje possui características
ontogenéticas, ou seja, que dizem respeito à história de vida, experiências
vividas, e a capacidades a serem desenvolvidas pelo próprio indivíduo.

C.Fatores Sociais:

A família multiespécie é o meio social do cachorro moderno. A organização


social da família, os papéis desempenhados por cada membro e o lugar do
cão naquela família afetam diretamente o comportamento do cão.
O cachorro precisa de viver em uma família organizada e com papéis bem
definidos. Ele precisa de orientação e referência.

Do ponto de vista social precisamos levar em conta as relações estabelecidas


entre as características biológicas, psicológicas e o meio ambiente de vida. O
ambiente em que vivem os cães domésticos é de responsabilidade de
estruturação do tutor, cabe a ele levar em consideração as necessidades e
características da espécie e realizar o manejo correto. O meio em que o cão
vive e o tipo de manejo influenciam no comportamento que ele apresenta.

Então dizemos que o comportamento canino é fenotípico, ou seja, fruto de


biogenética e meio social em uma inter-relação mútua entre esses aspectos.
Então...

Como você enxerga o cão?

Seu conceito sobre o cão é formado de acordo com as suas próprias


emoções ou de acordo com as características biológicas do seu
animalzinho de estimação?

Quando nos deparamos com um cachorro com problema comportamental é


comum percebermos que os tutores não tem a mínima noção do que é um
cachorro. A posse responsável de cães exige que saibamos satisfazer as
necessidades biológicas dos nossos animais e proporcionar um ambiente de
vida no qual ele possa manisfestar seus comportamentos naturais! Mas isso
não significa deixar os cães livres para fazerem o que bem quiserem, não!
Muito pelo contrário. Eu disse que os cães possuem natureza gregária, porém
em nossas residências o animal compreende que a nossa família é o
grupamento social dele, a sua matilha. Por isso é necessário que, nesse
grupamento social que envolve membros familiares e cães, haja uma boa
organização de liderança.

Se formos negligentes e pouco engajados em educar corretamente nossos


cães eles ficam confusos, sem referencial e tendem a assumir a liderança
impondo regras à família. Quem nunca visitou uma casa onde o cachorro não
deixa as pessoas tocarem no pote de ração? Ou ainda residências nas quais
os cães não deixam determinadas pessoas entrarem no quintal, ou sentarem
no sofá, pisarem no tapete, até mesmo cães que implicam com o tutor
quando ele usa o celular? São cães ditando regras para os humanos, grande
parte deles cães confusos e desorientados. Uma boa organização do
grupamento social no qual o cão está inserido exige liderança por parte dos
tutores. Aqui não falo de força ou de tratamentos intransigentes, porém de
atitudes assertivas! O seu cão precisa de um norte! Um líder que seja
referência de equilíbrio, temperança, atitude, que assegure uma boa rotina,
além de regras claras, fixas e precisas.
VERIFIQUE OS 3 PILARES CONSTITUTIVOS
DO CÃO:

BIO

PSICO SOCIAL

AGORA RESPONDA: VOCÊ TRATA O CÃO COMO


CÃO?
3- ROTINA PARA
UM CACHORRO ZEN.

Crie bons hábitos alimentares.

Insira passeio cotidiano.

Faça interações inteligentes e


educativas com o dog.

META: PLANEJAR E APLICAR


UMA ROTINA EQUILIBRADA
PARA O CACHORRO ZEN.

24
Agora vamos planejar uma rotina voltada para o bem-estar do cão:

Sabe aquele planejamento que você faz anual, semestral, semanal ou diário?
Que você traça metas, formas de alcançá-las, elenca prioridades, determina
as tarefas que tem que cumprir todos os dias? Pois é, a rotina do cão também
precisa ser planejada! Mas não tem mistério. Eu te ajudo!

Imagina se você ficar preso o dia inteiro dentro de um lugar sobre o qual
você não tem autonomia e não sabe que horas vão lhe trazer a comida, lhe
dar atenção, passear com você, isso é torturante. Falta de estrutura de rotina
cria cães confusos, inseguros, ansiosos e com alto nível de stress. A exposição
a situações estressoras além de causar mal-estar psicológico e problemas
comportamentais traz problemas de saúde.

O stress causa o aumento, na corrente sanguínea, de um hormônio chamado


cortisol. Por isso ele é apelidado de hormônio do stress, a princípio ele ajuda
a equilibrar o funcionamento hormonal a fim de suprir o mal-estar. Porém a
produção excessiva de cortisol e a exposição dos animais ao stress crônico
altera a homeostase, ou seja, o equilíbrio, do organismo. Isso pode levar a
problemas físicos como insônia, diabetes, desequilíbrio no peso.

Estarem livres de stress de medo e de angústia é um dos parâmetros aceitos


mundialmente para avaliarmos o bem-estar dos animais. O conjunto desses
parâmetros é denominado de “Teoria das Cinco Liberdades” que foi
desenvolvida por John Webster e divulgada pelo Farm Animal Welfare
Council – FAWC em 1979 (FWC). Neste documento é dito que os animais,
além de serem livres de stress, medo e angústia, devem ser livres de fome e
de sede, isso significa ter acesso à água limpa e fresca e uma dieta rica que
mantenha a saúde e vigor. Devem ser livres de desconforto, ou seja, é preciso
proporcionar um ambiente adequado, incluindo abrigo e uma área
confortável para descanso. Devem ser livres de dor, ferimentos ou doenças,
onde para isso devem ter prevenção, diagnóstico e tratamento. Devem ser
livres para expressar seu comportamento natural, sendo necessário espaço
suficiente, instalações adequadas e companhia de própria espécie do animal.

A partir de observações do comportamento dos animais é possível distinguir


o seu grau de conforto mental e físico. A falta de rotina e a exposição do
animal a ambientes monótonos além de stress pode causar frustração e
desencadear uma série de comportamentos anômalos. Por isso que é
comum que em determinadas situações o animal mesmo em conforto físico,
apresentando saúde e bom estado corporal esteja em desconforto mental.
Nesses casos devemos analisar o que está faltando na rotina desse cão.
Já vimos que cães são animais gregários, predadores e nômades. Então a
rotina dos nossos cães precisa ser pensada de modo a proporcionar
vivências nas quais eles possam expressar seu comportamento natural.

A organização do meio social onde vivem os dogs é fundamental! Nós


precisamos ser referências de liderança para nossos cães, conquistar sua
confiança por meio da temperança, da segurança e da assertividade no trato
com os nossos cãezinhos. Para isso ele precisa se adequar às regras da casa,
ter seu cantinho próprio, ter uma boa educação sanitária. As regras para
nossos dogs precisam ser gerais, fixas e precisas, não pode haver exceção à
regra senão ele fica confuso sem saber o que pode ou não pode. Se ele não
pode subir no sofá um dia, dia nenhum ele poderá subir no sofá, por
exemplo.

Por serem predadores é antinatural que o alimento fique à disposição 24h


por dia. Alimentar dá trabalho. É importante que o cão conquiste o alimento
o ideal e que as refeições sejam dadas sempre nos mesmos horários e de
preferência no momento do treino ou após executar alguns comandos.

Por serem caçadores e nômades cães possuem alto nível de energia, exceto
pouquíssimas raças de cães atuais. Então os cães precisam diariamente de se
movimentarem, de passearem, de explorarem o meio externo ao seu lar,
precisa sair da toca. Até mesmo aquele cão que mora em casas com quintal.

Boas alternativas para contornar a ociosidade e minimizar um pouco o


estresse sofrido por animais domésticos é o Enriquecimento Ambiental com
a modificação do ambiente para torná-lo mais dinâmico e confortável,
buscando atender às necessidades comportamentais da espécie canina.
Existem brinquedos artesanais ou industrializados que estimulam o faro, a
caça e outras potencialidades. São brinquedos de roer, de puxar, brinquedos
recheáveis. É importante proporcionar ao dog um bom desenvolvimento
sensorial com estímulos visuais, olfativos, auditivos, táteis ou gustativos.

Para além de oferecer os brinquedos os cães precisam da interação com o


seu grupo, é importante que os tutores brinquem com o cão, uma boa forma
é brincar com jogos de raciocínio outra interação de altíssima qualidade é o
treinamento.

Portanto uma boa rotina inclui no mínimo cumprimento com as regras da


casa, horários fixos para alimentação, passeio diário, momentos de
brincadeiras com os tutores e treino.
TAREFA NÚMERO 4

Planeje a rotina do seu dog de uma forma


compatível com a rotina da sua família, divida as
atividades diárias do cão entre os membros da
casa e não negligencie o que é básico para a
saúde física e mental do doguinho!
4- CULTIVANDO A CALMA.

Você é responsável por ensinar a


calma ao cachorro.

Cães muito agitados


geralmente são estressados.

Coloque o Place Command na rotina


do cachorro,

META: ENSINAR O CACHORRO


APRECIAR A CALMA.

29
Cães tendem a ter pouco controle sobre seus próprios impulsos é você que
precisa ensiná-lo a interagir de forma serena com as situações do cotidiano.
O ambiente urbano é cheio de estímulos, sons diversos, cheiros variados,
movimentação, agitação, correria, mas seu dog não precisa reagir a todos
esses estímulos, nem deve!

Cães saudáveis dormem, em média, 15h por dia, de forma intervalada, e ainda
necessitam de momentos de inatividade entre os momentos de sono. Por
isso aquele cão que reage a qualquer estímulo e não relaxa acaba entrando
em desequilíbrio mental e físico.

A falta de tranquilidade e calma produz stress. O stress altera o


comportamento e provoca doenças.⁣

Cães agitados geralmente são cães que reagem com euforia a tudo, não
conseguem relaxar e estão sempre em alerta. Mas como encontrar o
equilíbrio? Cães agitados precisam ser ensinados o prazer que é estar em
relaxamento.⁣

Dicas:

Toda vez que o cãozinho estiver deboas tranquilinho, deitadinho, você dá um


carinho, faz um elogio.⁣⁣

Proporcione ao seu cão momentos de tranquilidade e relaxamento, brinque


com delicadeza, faça um carinho suave, uma massagem relaxante. ⁣

Muitos tutores acham que o cão agitado precisa de atividades agitadas e só


estimula que o cão corra, pule e se agite. Quanto mais o tutor agita o dog,
mais ele aprende a ser agitado.

A melhor forma de drenar a energia de um cão é com uma boa e longa


caminhada com regras, limites, sem puxões. ⁣

Também é muito bom introduzir na rotina do seu dog o exercício do place


que ensina o cão relaxar no seu cantinho.

Clica e confira como ensinar o PLACE para o seu dog:


Place Command passo-a-passo:

O exercício do place serve para ensinar o cão a ficar tranquilo e relaxado no


seu lugar, controlando impulsos excessivos e comportamentos
desequilibrados como pulos excessivos e desrespeito ao espaço íntimo de
pessoas e outros animais. Vou te ensinar como aplicar esse exercício.

Eu faço cotidianamente o exercício com meus dogs e aproveito pra usar em


situações cotidianas, como deixá-los quietinhos na caminha enquanto limpo
o ambiente.

Para ensinar o place command, primeiramente você precisa escolher a


superfície do place (o local), pode ser uma caminha, um pano, tapete.

Depois vai precisar colocar o dog na guia e seguir os passos abaixo:

11. Conduzir o dog até o place, qdo ele tocar o local dizer: "place" e
recompensar. Repita algumas vezes esse movimento para o dog assimilar o
local.

2. Conduzir o dog até o place e ficar ao lado dele segurando a guia trouxa até
ele relaxar e deitar. Você espera com toda paciência do mundo e quando o
dog relaxar vc o premia.

3. Deixar o dog mais tempo no place, ainda ao lado dele e ir introduzindo


distrações no ambiente, sempre mantendo-o devidamente no lugar.

4. Deixar o dog no place por si só. Relaxado, sem que você fique na cola.

Até chegar no estágio final podem levar algumas sessões de treino. Fique
sempre tranquilo e persistente!

Cultive a calma e você terá um cachorro zen!


5- AS ANSIEDADES DO CACHORRO.

Aprenda passear corretamente e acabe


com os puxões.

Quebre a hipervinculação e combata a


Ansiedade de Separação.

Treine os Comandos Restritivos e


ensine a independência.

META: COMBATER A ANSIEDADE


CANINA.

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Existem cães que reagem desproporcionalmente, com euforia, inquietação e
agitação ansiosa quando chegam visitas em casa; tem também os cães que
ficam ansiosos antes, durante e após o passeio e, finalmente, cães que não
suportam ficar sozinhos em casa e manifestam a ansiedade de separação.

Todas essas manifestações ansiosas têm a ver com rotina e forma do tutor
lida com o dog. Por isso preparei um roteiro para lidar com cães ansiosos.

ANSIEDADE NO PASSEIO

Primeiro é bom compreendermos qual é o passeio de qualidade para os


cães. Fique atento! Não é qualquer passeio que promove o bem-estar do cão.
Precisamos ensinar ao dog o passeio estruturado.

Um dos elementos de origem filogenética que influenciam o


comportamento do cão é a organização social bem definida nos
grupamentos caninos. A família moderna substitui o grupamento canino.
Sendo assim, no passeio temos a oportunidade de proporcionar ao cão uma
condição salutar para seu comportamento: a liderança.

O passeio estruturado é uma atividade física e mental na qual o tutor guia o


cão de modo organizado e equilibrado, sem que o cão puxe ou determine a
direção e ritmo. O ritmo do passeio estruturado deve ser cadenciado, porém
condizente com o porte, condicionamento físico, estado de saúde e nível de
energia do dog. Cabe ao tutor ter bom senso e determinar o ritmo do passeio!

Agora vamos a algumas dicas para um bom passeio estruturado!

- Regra de ouro: o passeio começa antes de iniciar! Em casa ao colocar a guia


no cão é importante que ele esteja calmo. Se ele se agitar é importante ter
paciência e ensiná-lo a se acalmar antes de colocar o equipamento de
passeio. Pode ser pedido comandos como o "senta". Às vezes demora um
tempo até conseguir sair de casa, mas é importante cumprir essa etapa com
sucesso!

-Seja o condutor do passeio, mentalize um trajeto, siga-o com segurança e


serenidade. Não deixe que seu cão determine o roteiro do passeio. Discrimine
o local onde seu cão irá parar e fazer suas necessidades relaxar e farejar.

-Foque no trajeto e não no cão, olhe sempre pra frente e siga como um
verdadeiro líder.

-Passe por situações estressantes para seu cão, como carros, motos, ônibus,
biclicletas, de forma natural e equilibrada. Após seu cão superar o obstáculo
com sucesso faça um afago ao longo do dorso na direção da cabeça até a
cauda.
-Não faça paradas desnecessárias como para cumprimentar pessoas ou
interagir com outros cães. O momento do passeio é um momento de
exercício e é importante manter o foco. Em outros momentos proporcione
situações de socialização. O passeio não é o momento para isso. Cada coisa
tem a sua hora!

-Ao chegar em casa deixe o cão relaxar e retire o equipamento de passeio


apenas quando seu dog estiver relaxado.

Siga essas orientações e perceba que o comportamento do seu cão ficará


bem mais equilibrado durante o dia! O passeio estruturado enriquece o
ambiente de vida do dog, traz um bom condicionamento físico, psíquico e
ajuda no comportamento!

10 benefícios do passeio diário:⁣

1- Socialização com meio externo;⁣

2- Estreita a relação de confiança com o tutor que será sempre o guia do


passeio;⁣

3- Pratica exercício físico e mental;⁣

4- Drena a energia acumulada;⁣

5- Diminui os xixis e cocôs em casa; ⁣

6- Diminui a destruição de objetos em casa, pois tira o cachorro do ócio e do


tédio;⁣

7- Proporciona bom condicionamento físico, evita obesidade e ajuda no bom


funcionamento cardiorrespiratório;⁣

8- Diminui o excesso de latidos por stress;⁣

9- Diminui o territorialismo, pois conhece espaços diferentes aos de sua casa;

10- Combate o medo de sons urbanos como sirenes, buzinas, motores de


motos e caminhões, freadas, etc.⁣

E aí, bora passear?


1

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ANSIEADADE DE SEPARAÇÃO

A dificuldade de se sentir bem na ausência dos tutores leva os cães ao


desenvolvimento de um estado mental de inquietação e ansiedade que, em
muitos casos, nos revela a Síndrome de Ansiedade de Separação (SAS). Essa
síndrome tem por trás um quadro sério de angústia quando os cães estão
longe de seus tutores e pode trazer um grande leque de consequências
comportamentais desagradáveis.

A SAS e suas consequências não trazem sofrimento somente para os cães,


porém, na maioria das vezes, para toda a família. Os cães que geralmente
apresentam maior incidência de SAS são os cães com hipervinculação à
família ou a um membro específico do núcleo familiar. Um sinal de hiper
vinculação é a perseguição: aquele cão que fica atrás das pessoas o tempo
todo dentro de casa e demonstram inquietação, frustração, medo ou tristeza
quando não estão na cola dos tutores. Outros sinais de hipervinculação são
agressividade, agitação ou o cão que fica salivando, ou ofegante durante a
preparação dos tutores para a saída de casa; também aquele que tenta
impedir de alguma maneira quando o tutor vai sair.

A SAS tem grande probabilidade de ocorrer em cães mimados que tem


todas as suas vontades feitas. Por outro lado, cães que não possuem um
período mínimo por dia de interação de qualidade com seu tutor podem
também desenvolver SAS, é necessário fazer alguma atividade diária por
pelo menos 60 minutos com seu cão, de preferência um passeio estruturado.

Como identificar que seu cão sofre de SAS?

Fique atento se seu doguinho apresenta vocalização excessiva como choros,


uivos e latidos na ausência parcial ou total dos tutores; destruição de objetos
da casa; micção e/ou defecação em lugares inapropriados quando sozinhos;
depressão caracterizada por: ir para um cantinho e ficar amuado na ausência
de um membro familiar ou sozinho; não comer quando sozinho; fazer festa
excessiva na chegada de um membro ou da família.

A SAS interfere no bem-estar dos cães e precisa ser tratada devidamente.


Muitas vezes mudanças no ambiente, na atitude dos tutores e no manejo
podem resolver o problema. Porém existem casos que além de todas essas
intervenções comportamentais é necessário o uso de medicamentos sob
orientação de um médico veterinário especialista em comportamento,
psiquiatria ou neurologia.
10 Orientações fundamentais para lidar com cães que possuem SAS:

1-Não marcar a saída e a chegada dos tutores em casa como eventos


especiais que merecem despedidas ou festas. Os cães precisam
compreender que sair e chegar são eventos normais, corriqueiros e banais.
Senão ele já começa a se alterar na despedida e passa o tempo todo da
ausência do tutor na expectativa do grande momento da festa do retorno.
Por isso saída e chegada não podem ser eventos marcados.

2-Identificar o ritual que dispara a ansiedade no dog (pegar a chave, calçar o


sapato, pegar a bolsa, etc) e banalizá-lo com repetições cotidianas.

3-Sempre que sair fazer o Enriquecimento Ambiental deixando um


brinquedo seguro e que o dog gosta muito.

4-Pode-se fazer aromaterapia com óleo essencial de lavanda ou bergamota.

5-Pode-se utilizar a musicoterapia para cães deixando playists de


musicoterapia tocando na sua ausência.

6-Não demonstrar para o cão que você está surpreso, decepcionado ou


abalado pelos comportamentos decorrentes do quadro ansioso, como dar
muita atenção para as destruições, por exemplo.

7-Não deixar que seu cão te siga 24h por dia pela casa, não ficar o tempo
inteiro que estiver em casa com seu cão. Quebrar a hipervinculação.

8-Não tratá-lo como um bebê, como um incapaz, como um coitado


extremamente dependente de você. Isso pode fazer bem seu ego, sentir que
você é a criatura mais especial do universo para o seu cão, mas não faz bem
para o comportamento do dog. Ele precisa de se sentir bem sozinho com ele
mesmo, precisa se sentir bem com outras pessoas ou com outros animais.

9-Nunca dar atenção ou fazer carinho no momento da euforia. Esperar o dog


se acalmar para poder acariciar. Isso vale para os tutores e para as visitas.

10-Caso as reações forem severas como perda de controle dos esfíncteres,


anorexia, catatonia, lambedura de patas com lesões, procure também aliar
ao adestramento comportamental à supervisão médica veterinária.

ATENÇÃO! SIGA DIREITINHO AS ORIENTAÇÕES ACIMA!


BÔNUS – OS HORMÔNIOS DA FELICIDADE CANINA

Você conhece o quarteto fantástico da felicidade canina? A felicidade do seu


dog está intimamente ligada à 4 hormônios: a endorfina, a dopamina, a
serotonina e a ocitocina. Saiba um pouco mais sobre eles e como vc pode
auxiliar na regulação dos mesmos!

ENDORFINA

Alivia dores, dá sensação de prazer, é um analgésico natural.

DOPAMINA

Motiva, gera prazer, induz a agir de forma a atingir metas que trazem alegria.
A sua escassez deixa o cão desmotivado pra treinar e pra aprender.

SEROTONINA

Neurotransmissor que deixa o funcionamento cerebral mais ativo e gera


prazer. A sua falta causa depressão e transtornos compulsivos no cão.

OCITOCINA

Chamado de hormônio do amor, traz segurança, bem-estar, firma laços entre


cão e tutor.
Como podemos ajudar na produção desses hormônios:

1- NA ALIMENTAÇÃO

🐟🐔🐖 🥚🥚🍌🍌

+ SEROTONINA
Ovos, proteínas de qualidade, frango orgânico, peixes, salmão. Estes
alimentos contém triptofano um precursor da serotonina.

O ômega 3 auxilia na aprendizagem e na diminuição da ansiedade.

A banana também é ótima auxiliar pra produção da serotonina.

+ DOPAMINA
Ovos, aves, atum e salmão, carne de porco, lácteos com baixo teor de
gordura, semente de abóbora e de gergelim possuem a tirosina precursora
da dopamina .

2- NA ATIVIDADE FÍSICA

+ ENDORFINA .
Passeio estruturado
Correr atrás de bolinha
Nadar

3- NO CONTATO AFETIVO .

+ OCITOCINA
Interação social com outros cães
Receber carinho dos seres humanos
Brincadeiras com seres humanos
Olho no olho
BÔNUS – O ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL

O Enriquecimento Ambiental consiste em proporcionar aos cães vivências


que se aproximam da vida natural da espécie canina. Como disse o estilo de
vida dos humanos mudou e trouxemos os cães juntos, para uma vida mais
urbanizada, sedentária, com pouco contato com a natureza. Mas prender
nossos dogs a essa realidade lhes causa infelicidade. Esse fato acaba
culminando em problemas comportamentais.

Existem 5 tipos de Enriquecimento Ambiental, conheça!

O Enriquecimento Ambiental consiste em proporcionar ao dog experiências


importantes para espécie canina, as quais, na vida urbanizada, os peludos
têm pouca oportunidade de desfrutar naturalmente.

Os cães são naturalmente preparados para solucionarem problemas,


procurarem alimento, se deslocarem para garantir sobrevivência, explorarem
o ambiente e viverem em grupo.

O processo de domesticação não foi capaz de retirar características


filogenéticas dos dogs.

Porém, ao mesmo passo que o avanço do crescimento das cidades e da


verticalização das cidades confinou os humanos, também confinou os cães.
Esse fato trouxe problemas de natureza comportamental pelo desprezo
humano para as necessidades da psicologia canina.
O Enriquecimento Ambiental vai no sentido de promover para os cães
momentos de convívio social, de exercícios físicos ao ar livre, de utilização do
faro para resolução de problemas através de brincadeiras, dentre outras
possibilidades.

O passeio diário enriquece muito a vida do dog, pois proporciona o estímulo


físico, o contato com odores diferentes do ambiente do lar, o desafio
cognitivo e social de seguir as orientações do tutor. Por si só o passeio bem
feito tem grande destaque na seara do Enriquecimento Ambiental.

Mas também existem formas de ampliar o leque do Enriquecimento


Ambiental por meio de brincadeiras, jogos interativos, brinquedos naturais
que os dogs possam roer, convívio em parques, escolas caninas, comedouros
de dispensa inteligente e situações que a sua própria criatividade pode
produzir para o seu cão!
BIBLIOGRAFIA

AMARAL, R.M.A. Bem estar de cães e gatos. In: Cadernos Técnicos de


Veterinária e Zootecnia, V67. Viçosa: 2012. p. 42 - 51.

BEAVER, B.V. Comportamento canino: um guia para veterinários. São Paulo:


Roca, 2001.

B BEZERRA, E.L. e ZIMMERMANN, M. DISTÚRBIOS COMPORTAMENTAIS EM


CÃES: Ansiedade por Separação. REVET - Revista Científica de Medicina
Veterinária - FACIPLAC Brasília - DF, v.2, n. 1, Dez 2015.

LANDSBERG, G. et al. Problemas comportamentais do cão e do gato. 2.ed.


São Paulo: Roca, 2004.

SOARES, G.M. et al. Ansiedade de separação e suas implicações na qualidade


de vida de cães domésticos. Revista Clínica Veterinária. v.67, p.76-82, 2007.

SOARES, G.M. et al. Construção e validação de um questionário para


identificação da Síndrome de Ansiedade de Separação em cães domésticos.
Ciência Rural, Santa Maria, v.39, n.3, p.778-784, mai-jun, 2009.

YAMAMOTO, M. E. Comportamento animal. (2 ed.). Natal: EDUFRN, 2007.

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