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A ESCOLHA DE UM FILHOTE
Caso chegarmos à conclusão de que não há motivos para protelar tal desejo, primeiramente
deveremos estudar um pouco as raças pelas quais nos interessamos e descobrir dentre elas qual a que
realmente se encaixa melhor com o perfil que precisamos ou nos identificamos de cão. Não devemos
unicamente escutar a opinião de criadores de uma só raça, pois é normal que os criadores de uma
determinada raça não citem suas qualidades negativas. Portanto, sempre é bom ouvir a opinião de
criadores de outras raças, de adestradores, veterinários, etc. Quanto mais pudermos ouvir e ler,
melhor. Após tomarmos a decisão sobre a raça que iremos adquirir, nossa principal preocupação
deverá ser de estudar bem seu padrão para podermos nos fundamentar na escolha do filhote. Se não
temos experiência nenhuma no assunto, deveremos procurar um amigo, criador de outra raça
qualquer com alguma experiência, que possa entender o padrão para, assim, nos explicar. A visitação
de canis especializados, sem compromisso, e alguns contato com cães dessa raça são recomendados.
Há algum tempo atrás, o extinto Orkut era um excelente meio de pesquisa e de consulta,
principalmente nas comunidades sobre cães de guarda. Hoje, nos restou o Facebbok. Obviamente,
que ser formos a comunidades específicas de raças, a raça indicada será sempre a da comunidade. As
melhores comunidades de consulta são aquelas onde existem maior número de criadores de raças
mais diversas. Procure sempre, a fim de vir a ter exemplares realmente eficazes, aqueles cujos pais
demonstrem temperamento forte e confiável, caso seja um cão de guarda que queira.
Quando um dia viermos a ser efetivamente criadores entenderemos que o preço, que possa vir a
nos assustar, pedido pelo filhote na verdade pode até ser barato. Pois além dos custos das matrizes,
pagamento de padreadores e tempo despendido, teremos ainda alimentação, vermífugos,
complementos alimentares, vacinas, etc., não só dos filhotes em si, mas de todo o plantel. Mas
devemos ter também muita calma na escolha e não aceitar o primeiro filhote que nos “empurram”, e
procurar fazer uma análise fria do conteúdo de cada um deles. Se nenhum deles nos agradar,
devemos continuar procurando até obtermos o que esperamos. Nessa escolha não devemos ter só em
mente a adequação do filhote com o padrão da raça, mas também suas condições clínicas. Uma
pequena economia no preço do animal pode vir a trazer grandes gastos em medicamentos e
veterinários, se não até a perda do cão. Antes de tudo devemos procurar um filhote típico e saudável.
É claro que não poderemos ter uma boa noção do que será o filhote antes dele completar, pelo
menos, três ou quatro meses de idade, mas aí vão algumas “dicas”:
Muito mais importante que o tamanho será que ele seja rijo, com ossos fortes, movimente-se
com desenvoltura e segurança em meio aos demais. A elegância da movimentação e da postura pode
revelar bom temperamento não só em relação à aspereza, mas em todos os sentidos. Bons aprumos
nos anteriores e uma boa angulação dos posteriores são imprescindíveis. Não deveremos escolher
animais delicados, muito leves, nem aqueles que se movimentem com dificuldade e, sim, aqueles que
têm passadas firmes. Aliás, foi assim que este autor pode trazer para si o grande cão Urso de Argos,
um dos mais belos espécimes que já existiram de sua raça, de enorme beleza, elegância e
temperamento. Sem dúvida, um dos maiores ícones de sua raça. Toda vez que se toca no assunto
“escolha de filhote”, as imagens deste nobre cão, filhote e adulto, voltam à mente do autor. Aqueles
que caminham com a cauda ereta (nas raças cuja cauda tome tal posição) e com a cabeça levantada
normalmente denotam muita qualidade. Quando os filhotes ainda são bem pequenos, até uns dois
meses, às vezes, é melhor os escolhermos de olhos fechados. Isto mesmo! De olhos fechados! Se
pegarmos dois filhotes nos quais caia a dúvida de nossa escolha, poderemos levantar os dois
simultaneamente pelo pescoço, fechando os olhos e sentindo no toque qual tem melhor estrutura. O
pescoço, próximo à cabeça é o melhor local para termos uma base da estrutura muscular de um cão.
Já a estrutura óssea terá como melhor lugar para avaliação os ossos dos membros anteriores. Evitem
os tímidos, aqueles cuja cauda se oculta em meio às pernas, com orelhas para trás.
Infelizmente nem todos os criadores de cães podem ser considerados como pessoas
conscientes ou mesmo honestas. Não queremos dizer com isso que devemos nos portar de maneira
desconfiada, o que acabará por fazer com que criadores sérios e que são maioria venham a não nos
ter simpatia na medida em que percebam nossa desconfiança. E, devemos lembrar que um bom
relacionamento com outros criadores é importante para um bom desenvolvimento de nossa futura
criação. Mas algumas cautelas básicas deveremos sempre tomar de maneira discreta e educada. A
primeira seria quanto à idade real dos filhotes que nos oferecem. Muitas pessoas, para valorizar seus
cãezinhos mentem em relação às suas idades. Em raças de maior tamanho, ou de maior exigência no
que se refere à estrutura, a tendência será de tentarem fazer com que o comprador pense que o filhote
é mais novo do que o é em realidade. Uma maneira de se comprovar a idade de um filhote é através
de seus dentes. Aos trinta dias, mais ou menos, deverão nascer os “dentes de leite”. Devemos lembrar
que criadores conscientes jamais entregarão suas crias antes de completarem no mínimo trinta e cinco
dias (o que já é precoce). Mesmo assim se for para outro criador experiente. Para criadores
inexperientes, nenhum cão deve ser entregue antes de completar quarenta e cinco dias. E essas são
realmente as idades mínimas aceitáveis. Nenhum dia a menos.
Com aproximadamente treze semanas e meia de vida começarão a nascer os incisivos centrais
definitivos; com dezesseis semanas já deverá provavelmente estar com oito de seus doze incisivos, e
dezessete semanas (aproximadamente quatro meses, ou cento e vinte dias) já deverá contar com
todos os dezesseis incisivos definitivos. Com cinco meses e meio, em média, os dentes caninos
deverão estar na metade de sua exposição. Aos seis meses, já deverão estar totalmente crescidos os
caninos definitivos. Obviamente, que zootecnia não é uma ciência exata, e que, aos quatro meses, por
exemplo, uma tolerância de uma semana a mais, ou a menos, pode ser perfeitamente normal. É claro,
que dos trinta aos noventa e cinco dias, ficamos em um “limbo”, sem poder precisar muito bem a
idade dos filhotes, o mesmo acontecendo após os cento e oitenta dias. No entanto, poderemos, se
comprarmos, por exemplo, um filhote de dois meses, comprovar posteriormente a lisura do criador
quando este filhote chegar aos cento e vinte dias e tomarmos, caso seja recomendável, as medidas
necessárias.
Algo tão importante quanto às vacinas e à vermifugação. Caso não tenha o criador uma carteira
de saúde do animal assinada por um veterinário de confiança, com uma vacina de “linha ética”, é
melhor que realizemos as vacinas quando da aquisição do filhote. O mesmo vale para o tratamento de
vermes. Se não formos criadores já com muita experiência não podemos, de forma alguma, deixar de
levar nosso novo e pequeno amigo para uma consulta de verificação e orientação em um veterinário
que de preferência esteja entre os mais bem cotados entre os criadores já experientes. Devemos
lembrar que a vacina, por exemplo, não deve ser ministrada em período menor do que quatro dias,
antes ou após, o tratamento com vermífugos. Do contrário, poderá se tornar inócua e não proteger o
animal.
Cabe aqui uma crítica àquilo que alguns denominam “vacina ética”. Em uma análise básica de
linguagem, podemos estabelecer, por implícito, que se existe uma vacina ética, existe também uma
vacina não ética, e isso é uma vergonha. Uma vez que se denomina vacina, leva a crer aos
proprietários menos experientes e de boa fé que funcione satisfatoriamente e que seja elaborada com
os melhores padrões de qualidade. Ou seja, que no mínimo seja ética, o que não deveria ser
qualidade, mas obrigação. Mas, o pior é que realmente existe a vacina não-ética, que simplesmente
não funciona em nada. É um absurdo que as autoridades competentes permitam a existência de
produtos com tão baixo grau de confiabilidade, principalmente quando se tratam de animais
domésticos, e que venham trazer, por sua ineficiência, tanto sofrimento e dor aos animais e às
famílias que os adotaram. Isso, no entanto, faz parte de estratégias de “marketing” de alguns grandes
laboratórios, totalmente insensíveis com qualquer variável que não seja o lucro e que parecem ser
impunes em muitos países.
Deve-se evitar a aquisição de filhotes que tenham pedigrees com muitos parentescos.
Inbreedings devem ser evitados. Cães filhos de parentes próximos têm muito maior possibilidade
apresentarem doenças genéticas e baixa imunidade.
002 - TESTES:
Tal teste deve ser aplicado aos 49 dias de vida do filhote. Quanto mais afastado de tal idade for
realizado este teste menor será sua confiabilidade.
Realizamos adaptações mínimas ao teste original de Volhard, tendo em vista este livro ser
destinado a cães de guarda efetiva. Um filhote de cão ficará adulto, e seu comprador deverá conviver
com ele por toda sua existência que pode ultrapassar aos quinze anos. Conhecer o temperamento
antes de comprá-lo pode ser evitar uma futura decepção.
Aos 49 dias de vida, o cão está praticamente neurologicamente completo do ponto de vista de
seu sistema nervoso central. A cada novo dia de vida, as experiências oriundas do meio-ambiente,
somarão uma influência maior sobre o cão, enquanto que a parte da personalidade herdada
geneticamente terá um percentual menor de importância até que chegue a ponto onde herança
genética e influência ambiental se estabilizarão quanto às influências na personalidade do cão. Isso
não significa que o ambiente não continue a atuar sempre no que se refere às experiências aprendidas.
Qualquer teste exige que o filhote deva estar ativo e com boa saúde. Não faça o teste logo após
as refeições, nem no dia da vacinação e nem no dia seguinte. O teste deve respeitar a seqüência da
tabela abaixo e ser aplicado em local tranqüilo e desconhecido do cão com um mínimo de dezesseis
metros quadrados. Além do examinador, que pode ser você ou outra pessoa estranha ao filhote,
alguém deve estar presente para anotar os resultados, que deverão ser analisados entre essas duas
pessoas. A pessoa que anotar os resultados deve procurar ficar o mais neutra possível sem interferir
na atuação do cão.
Procure ao máximo não intimidar o filhote. Evite chegar de forma espalhafatosa sobre ele,
gesticular ou avançar as mãos bruscamente. Procure sempre descontrair o filhote antes de iniciar o
teste, brincando com ele e mostrando suas boas intenções. As pessoas que realizarão tal teste, tanto a
que interage com o cão como a que anota os resultados, jamais deverão realizá-lo em dia em que não
estiverem calmas ou estiverem estressadas. Deveremos evitar sequer nos aproximar de filhotes
quando estamos demasiadamente irritados.
Colocaremos um letra (A), (G) ou (P) nas opções que melhor se enquadrem para os cães de
guarda do tipo de assalto, guardião, protetor e cães de assalto, respectivamente. Em caso de haver
duas opções quase equivalentes, colocaremos duas letras em uma mesma alternativa ou a mesma letra
aparecer em duas alternativas. “Opções quase equivalentes” de forma alguma pode ser entendido
como opções indiferentes. Não são indiferentes, tendem a levar a resultados diferentes. Diferentes,
mas que, dependem do tipo de cão que interessa ao proprietário. Não há uma que possa ser
considerada preferencial na totalidade ou quase totalidade dos casos. Devemos lembrar, no entanto,
que o Teste de Volhard não considera item algum isoladamente, o resultado é dado somente pela
pontuação final. Ressaltemos que essas considerações não são originais do Teste de Volhard e
indicam apenas qualidade relativa e específica para guarda efetiva. Ressaltemos também que “cão de
assalto”, “guardião” e “protetor” são analises especificas da cinofilia efetiva. A cinofilia tradicional
quase sempre considera como opção ideal somente a do cão protetor. Sobre isso veremos com mais
peculiaridades no Capítulo VI. Ainda, colocamos a letra S para indicar um tipo especial de guardião
que é o “cão sumário”. Esse tipo de cão interessa a muitas poucas pessoas e não é desejável como
cão de guarda territorial doméstica. Como segundas opções, deveremos preferir aquelas que mais se
aproximem do que consideremos a primeira opção.
TESTE DE VOLHARD*
003 - CONCLUSÕES:
1. Testes de 1 a 5: O teste deve ser apontado sobre o número que mais prevalecer (moda). É
claro que se dois números vizinhos tiverem freqüências próximas, deve-se ponderar que o resultado
do teste deverá estar entre as duas conclusões. Filhotes que apresentam números muito diferentes
tendem a vir ser cães de temperamento instável, segundo o teste.
Prevalência de 1 Ponto: Cão muito dominante com forte desejo de liderança. De difícil
controle. Não hesitará a lutar por ela, tentar se impor com pessoas e agredir outros cães. Deve ir para
mãos de pessoas experientes. Convivência com crianças e pessoas com pulso não firme deve ser
evitada. Não deve conviver com outros cães, exceto os muito submissos. Precisa de muito exercício.
Prevalência de 2 Pontos: Cão dominante, que terá aspiração pela liderança. Muito
autoconfiante. Com excesso de energia para crianças e idosos. Cão indicado para esportes como
ringue. Donos experientes podem obter sucesso na escolha nesse cão. Precisa de muito exercício.
Prevalência de 3 Pontos: Precisa de treino e aprende depressa. Boa opção para quem já tem
outro cão. Precisa de treino e aprende depressa. Excelente para guarda em matilha.
Prevalência de 4 Pontos: Mais indicado como cão de companhia e para donos de “primeira
viagem” ou sem capacidade alguma de liderança. Indicado para ser cão de senhoras e crianças. Não é
indicado como cão de guarda por ser submisso demais.
Prevalência de 5 Pontos: Cão muito submisso, tímido e medroso, requer manejo cuidadoso.
Não é indicado para crianças. Boa companhia para idosos e pessoas que querem um cão muito
tranqüilo. Totalmente inviável para a guarda.
Prevalência de 6 Pontos: Cão independente que não se apega a pessoas nem a outros cães.
Pode ser um bom guardião, pois se “brabo”, terá defesa elevada. No entanto, não é recomendado
para convívio familiar. Pode ser um bom cão para cuidar exclusivamente do território, onde não se
faça necessário muita lida. Pode ser perigoso em termos de acidentes. A preferência pela pontuação
de 6 pontos, mesmo para cães sumários e outros guardiões territoriais só cabe naqueles itens onde
está indicado especificamente. Por exemplo, um cão que ignore o som ou um objeto em movimento
pode até vir a ter uma defesa alta, mas não deverá ser uma defesa que se manifeste se um invasor, por
exemplo, procurar evitar o cão, não mexer com ele, ou seja, um tipo de defesa que pode ocasionar
acidentes, mas que não serve para a guarda. Também terá uma rapina péssima.
B) OUTRAS CONSIDERAÇÕES:
- Para esportes nos quais a obediência não é o fator preponderante, para guarda efetiva de
empresas, para cão de assalto: preferência pelos que apresentarem pontuações 1 e 2.
- Para esportes nos quais a obediência é fator preponderante, para guarda efetiva de
residências: preferência pelos que apresentarem pontuações 2 e 3. No caso de na residência habitarem
crianças pequenas, os de pontuação 3 são os mais indicados. No caso do dono querer um cão com
mais efetividade, prefira os de pontuação 2.
- Para companhia, sem função auxiliar de guarda, preferência aos que apresentarem mais
pontuações 4 e 5. Sendo que os de pontuação 5 não devem ficar onde haja crianças.
Sensibilidade ao som: Para esportes que exigem alta rapina, cães de assalto, guarda efetiva para
donos experientes, a ordem de preferência deve ser: 1, 2 e 3. Para guarda efetiva com donos menos
experientes ou capazes de lidar com o grau de excitação do cão: 2 e 3. Para companhia de pessoas de
idade ou crianças muito pequenas: 4, 3 e 6. Sumários: 1 seguido de 2.
Perseguição: Guarda efetiva profissional, esportes que necessitem altíssima rapina, cães de
assalto, a preferência será: 1 e 2. Para guarda efetiva de donos não muito experientes: 2 e 1. Para
companhia: 3, 4 e 6. Para companhia de idosos: 4, 6 e 3. Sumários: 1 seguido de 2.
Reação ao inesperado: Guarda efetiva profissional, esportes que necessitem altíssima rapina,
cães de assalto, a preferência será: 1 e 2. Para guarda efetiva de donos não muito experientes: 2 e 1.
Para companhia: 3, 4 e 6. Para companhia de idosos: 4, 6 e 3. Sumários: 1 seguido de 2.
Cabe ainda ponderar que o teste de Volhard, embora instrumento precioso na avaliação do
filhote no momento de sua escolha, não pode ser considerado a única forma de avaliação. Depois de
escolhido o filhote, este será treinado no passo a passo preconizado no capítulo “Adestramento de
um Cão para a Guarda” ou por outro método. Durante o treinamento, é que melhor iremos avaliar
nosso filhote para qual atividade ele melhor deverá se desenvolver. Mas, é óbvio que só poderemos
treinar o cão após o termos escolhido, e o Teste de Volhard, até prova em contrário, é considerado o
melhor instrumento para podermos efetuar nossa escolha.
Por exemplo, cães que correm atrás de bolinhas demonstram melhor caça em nível de fair play.
Cães que carregam artefatos de mordida após os “conquistarem” demonstram maior característica de
manter a presa e uma caça maior em nível de fair game. Cães que, ainda filhotes, focam-se mais na
pessoa do figurante, demonstram uma maior defesa de boa qualidade. Os filhotes de alta intensidade
de fair play devem vir a ser animais facilmente manipuláveis na obediência. Os que se destacarem
também no fair game tendem a vir a ser animais com um bom ataque e devem chegar bem ao fair
fight se corretamente conduzidos. Se o fair play e o fair game forem de boa intensidade, o cão tem
tudo para vir a ser um grande cão de esporte, e se lhe for adicionada defesa, um grande cão de
guarda. Os que, já de início, focam-se no figurante, tendem a vir a ser os melhores guardiões
territoriais. Esses conhecimentos são importantes para adequar cada cão a sua melhor atividade.
Vejam o item “Luta. Condição Interativa entre Rapina e Defesa. Mordidas Associadas” no Capítulo
“Adestramento de um Cão para a Guarda”.
Notem que no definido como “cão sumário”, por vezes, as indicações com pontuação baixa e
as indicações com pontuação alta estão marcadas no mesmo item. Por que? Isso vem do fato que se
pode tornar um cão extremamente ofensivo explorando os dois drives principais de proteção, o de
defesa ou de rapina (de caça). Um cão pode atacar irrestritamente tudo que penetrar em seu território
tanto com um elevado drive de defesa como por um elevadíssimo drive de rapina. Em verdade,
deverá ter esses dois drives muito elevados ao fim de seu treinamento, levando, ao que veremos no
Capítulo VI, a uma condição de luta elevadíssima e quase que irracional. Dependendo do tipo de
território que esse cão vier a guardar, pode a melhor indicação pode variar. As indicações com
pontuação mais baixa serão mais aplicadas a territórios grandes, que exijam maior deslocamento do
cão e maior drive de rapina, mas podem ser aplicadas a qualquer tipo de território. As indicações com
pontuação mais alta serão restritas a ambientes menores, onde o cão se depare com o invasor sem ter
que buscá-lo. Isso não significa que a rapina seja superior à defesa. É em alguns casos, em outros
não. Embora a rapina leve o cão a buscar muito mais seu inimigo, ou melhor, sua caça, ela tende a se
esvair muito, mas muito mesmo, mais rapidamente do que a defesa. Um cão jamais poderá ser um
excelente guarda territorial, sumário ou não, sem um elevado drive de defesa. No caso do cão
sumário, esse drive deve ser elevadíssimo. Se for associado a uma alta rapina, muito melhor no que
tange à disposição e capacidade de ataque. Não se pode julgar somente pelo conjunto nesse caso,
pois alguns itens são imperativos. Por exemplo, um cão sumário, no item 3 (restrição) não deverá
jamais ter uma pontuação alta.
Quando algum neófito entende o que significa um cão sumário, tende a se assustar e até
repudiar a idéia de haver um cão assim, mais ainda de alguém treinar um cão para ser assim. Mas, se
imaginarmos a necessidade de um cão que guarde artefatos de destruição em massa, como bombas,
materiais radioativos, que cuide de represas que podem ser abertas ou destruídas causando milhares
de mortes de pessoas e de animais, e que esse cão deve ser o mais incorruptível o quando possível,
pois disso podem depender inúmeras vidas, veremos que o cão sumário também deve ter seu lugar ao
sol dentro do enorme universo da cinofilia. Tanto é verdade, que um termo que é sinônimo perfeito
de “cão sumário” é “cão de paiol”, ou seja, cão que cuida de paiol. Falaremos mais sobre ele no
Capítulo VI.