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Este livro é a tradução da obra

After you get your puppy


© Ian Dunbar, 2001

Primeira edição em 2001 por:


James & Kenneth Publishers
2140 Shattuck Avenue #2406
Berkeley, California 94704
1-800-784-5531

Este livro é publicado com a autorização de James & Kenneth Publishers

© James & Kenneth Publishers, 2001 (versão inglesa)

© Kns ediciones SC, 2011 (versão portuguesa)

Primeira edição: 2011


ISBN 978-84-939690-2-8

Tradução: Claudia Pereira Estanislau


Capa: Alberto Mosquera Lorenzo
Composição gráfica: Ana Loureiro
Composição ePub: Esther Núñez
Correção de estilo: Ana Isabel de Jesus Fernandes
Ilustração e fotografias interiores cedidas por Ian Dunbar
Fotografia da capa: Benigno Paz Ramos

Para obter este livro ou outros desta editora, contacte:


Kns ediciones
http://www.knsediciones.com
e-mail: portugal@knsediciones.com

Todos os direitos reservados. Exceto no caso de breves citações em revistas,


nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida em nenhuma forma
sem a autorização escrita dos editores.
O Dr. Ian Dunbar e o Beagle Omaha
Conteúdo

Capítulo Um
FASES DO DESENVOLVIMENTO
A prioridade mais urgente
A prioridade mais importante
A prioridade mais agradável

Capítulo Dois
ETIQUETA DOMÉSTICA 101
quando você não está em casa
quando você está em casa
Treino doméstico 1-2-3
Erros comuns

Capítulo Três
SOZINHO EM CASA
Ansiedade de separação
quando você vai sair de casa
quando você chega a casa
Comportamento Jekyll-e-hyde

Capítulo Quatro
A QUARTA FASE DO DESENVOLVIMENTO
SOCIABILIZAÇÃO COM PESSOAS
Urgência
Cem pessoas
Três objetivos da socialização
1. Ensinar o seu cachorro a gostar e respeitar as pessoas
• Guloseimas de treino
• Concordância voluntária
• Crianças
• Jogos para festas de cachorros
• Homens e estranhos

• Sentar para cumprimentar


• Arreliar e brincar às lutas
• Alimentar à mão
2. Manuseamento
• O Abraçar/Apertar
• Acalmar rapidamente
• Acessos de Raiva

• Atitude de Alpha?
• Manuseamento/Exames
• Castigos
• Mordiscadelas
• “Comi o trabalho de casa do meu cão!”
• Ladrar e rosnar sob comando
• Eufemismos, litotes e outras patetices!
3. Guardar objetos valiosos
• O sistema de troca
• A taça da comida
• A rotina do empregado de mesa preguiçoso

• O problema dos papéis e dos guardanapos

Capítulo Cinco
A QUINTA FASE DO DESENVOLVIMENTO
APRENDER INIBIÇÃO DE MORDIDA
Boa inibição de mordida
Casos práticos
As más notícias e as boas notícias acerca das mordidas de cães
Inibição de mordida humana
Inibição de mordida com outros cães
Inibição de mordida com pessoas
Exercícios para inibição de mordida
• Inibir a força das mordidas
• Diminuir a frequência das mordiscadelas
Sessões de brincadeira fora de controlo
Os cachorros com bocas “suaves”
Os cachorros que não mordem
Um grande erro
Aulas para cachorros
O motivo mais importante para as aulas de cachorros
Riscos de saúde
Carregue o seu cachorro
Procurar aulas para cachorros

Capítulo Seis
A SEXTA FASE DO DESENVOLVIMENTO
PREVENIR PROBLEMAS NA ADOLESCÊNCIA
Mudanças durante a adolescência
Maneiras, inibição de mordida, sociabilização
Brigas
O segredo para o sucesso do cão adolescente
O passeio do seu cão
Treinar o cão a fazer as necessidades durante os passeios
Sociabilizar durante os passeios
Treinar durante os passeios
Senta-te e acalma-te
Treinar no carro
Treinar no parque
Como treinar o cão a não vir quando você o chama
Como treinar o cão a vir quando é chamado
Quatro passos para um senta de emergência à distância
Integrar treino e jogos
Integrar o treino no seu próprio estilo de vida

Capítulo Sete
TABELAS DE TRABALHO DE CASA

Livros e vídeos
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CAPÍTULO UM
Fases do desenvolvimento
Parabéns! Então você tem o seu novo cachorro. E agora? Basicamente
você está numa encruzilhada. O sucesso deste relacionamento depende da
capacidade em ensinar ao seu cachorro todas as regras e regulamentos de uma
vida doméstica. A época mais crítica da vida do seu cão é agora mesmo – a
infância do cachorro! As primeiras impressões são inesquecíveis e de longa
duração. Consequentemente, as próximas semanas serão cruciais para o
desenvolvimento do seu cão. Ajuda e orientação nesta fase terão um efeito
duradouro e profundo e enriquecerão a relação homem-cão nos anos
vindouros.
Antes de ter o seu cachorro visava as três primeiras fases de
desenvolvimento do seu cachorro: a sua educação canina, a procura e seleção
de um cachorro adequado e como verificar o seu estádio de desenvolvimento;
e o ensino de regras domésticas durante a primeira semana de casa do
cachorro. As três primeiras etapas de desenvolvimento eram extremamente
urgentes, cruciais e não deixam margem a erros. Devido à sua extrema
importância e urgência, as regras domésticas serão resumidas aqui. Agora
que já tem o seu cachorro debruça-se sobre as três fases de desenvolvimento
seguintes durante os primeiros três meses do cachorro em sua casa.
O relógio continua a contar e você só tem três meses para conseguir fazer
uma data de coisas.

Agora que já tem o seu cachorro


As restantes três fases do desenvolvimento:
A 4ª fase do Desenvolvimento
Socialização a pessoas
A prioridade mais urgente – até às 12 semanas de idade
A 5ª fase do Desenvolvimento
Aprender a inibição de mordida
A prioridade mais importante – até ás 18 semanas de idade
A 6ª fase do Desenvolvimento
Prevenir problemas de adolescência
A prioridade mais agradável – até aos 5 meses de idade

A prioridade mais urgente


A prioridade mais urgente é sociabilizar o seu cachorro com uma vasta
variedade de pessoas, especialmente crianças, homens e estranhos, antes das
12 semanas de idade. Cachorros bem sociabilizados tornam-se companheiros
extraordinários, enquanto cães anti-sociais são difíceis, fazem-nos perder
tempo e são potencialmente perigosos. O seu cachorro precisa de aprender a
gostar da companhia de toda a gente e a gostar de ser mexido por qualquer
pessoa, especialmente crianças e estranhos.
O seu cachorro precisa de conhecer cerca de cem pessoas antes dos três
meses. Uma vez que o seu cachorro ainda é muito jovem para se aventurar
nas ruas, você precisa de começar a convidar pessoas para sua casa
imediatamente. Basicamente você precisa de organizar várias festas de
cachorro e convidar amigos para irem a sua casa alimentar o seu cão à mão e
treiná-lo para si.

A prioridade mais importante


A prioridade mais importante é que o seu cachorro aprenda uma
verdadeira inibição de mordida e desenvolva uma boca sensível antes de ter
18 semanas de idade.
Sempre que um cão morde uma pessoa ou luta com outro cão, a gravidade
do problema depende da gravidade da lesão. Contudo a facilidade e o sucesso
em retrair-se depende quase inteiramente do grau de inibição de mordida do
seu cão. A fiabilidade da inibição de mordida do seu cão vai determinar se
você se depara com um problema menor, facilmente corrigível com alguns
exercícios fáceis e básicos, ou se é um problema sério e potencialmente
perigoso, que será extremamente difícil de resolver.
Num mundo perfeito, você conseguiria socializar com sucesso o seu
cachorro para que ele aprecie devidamente a companhia e as ações de todas
as pessoas, todos os cães e todos os animais. No entanto, na realidade, os
acidentes acontecem. Alguém, acidentalmente trilha a cauda do cão na porta
do carro. Ou alguém corre para atender o telefone e, sem querer, calca a pata
do cão adormecido. Uma criança que corre e tropeça e cai em cima de um cão
enquanto ele está a roer um osso. quando os cães são magoados ou
assustados, a sua resposta instintiva é abocanhar, investir ou mesmo morder.
Mesmo os cães mais amigáveis podem sentir-se inclinados a proteger-se ou
defender-se quando molestados por outros cães ou pessoas.
Por exemplo, quando ferido ou assustado, um cão pode investir sobre uma
pessoa. Mas se um cão tem uma inibição de mordida bem definida,
dificilmente os seus dentes sequer tocarão na pele. Ou no caso de haver
contacto, não é provável que haja lesão da pele. O cão não provocou feridas e
o problema potencialmente perigoso foi evitado facilmente e com segurança.
Se, por outro lado, a inibição de mordida é inadequada e os seus dentes
perfuram a pele, então está perante uma situação séria que séra difícil de
resolver e levará o seu tempo.
Do mesmo modo, os cães que têm uma boa inibição de mordida nunca
causam estragos quando lutam com outros cães. O problema é de menor
importância pois o seu cão está somente a lutar de uma forma socialmente
aceitável. Por outro lado se o seu cão alguma vez fere um outro cão ou outro
animal, você está a braços com um problema grave cuja resolução é
improvável.
A inibição de mordida deve ser estabelecida durante a infância do cão,
antes das 18 semanas de idade, uma vez que é muito difícil incutir essa
inibição em cães adolescentes ou adultos. Aprender as formas e técnicas para
assegurar que o seu cachorro desenvolve uma boa inibição de mordida e uma
boca ultra sensível é a razão primária para que frequente aulas de cachorros
sem trela. O seu cachorro precisa de brincar com outros cachorros. Brincar
com cães adultos em casa ou no parque simplesmente não é suficiente.

A prioridade mais agradável


A prioridade mais agradável de ser dono de um cão é o acostumar o seu
cachorro bem socializado e de boca sensível ao mundo em geral e assim
evitar o desenvolvimento de previsíveis problemas de adolescência e
assegurar que ele se torna um adolescente bem socializado e de boca sensível.
Lembre-se que o seu cão só se manterá sociável se continuar a encontrar-se
com pessoas e cães desconhecidos todos os dias. Encontrar-se sempre com as
mesmas pessoas e cães não é suficiente. você quer que o seu cão pratique a
arte de conhecer e dar-se com estranhos e não unicamente dar-se com os seus
velhos conhecidos. Portanto, caminhadas regulares com o seu cão são tão
essenciais quanto agradáveis.
A sua vida está à beira da mudança. Você está a começar a experimentar
todas as alegrias do facto de ter um cão – passeios longos, energéticos ou
relaxantes, viagens de carro, fins de tarde no parque, picnics na praia e muitas
mais atividades organizadas com o seu cão.
Antes de nos debruçarmos sobre a socialização, a inibição de mordida e os
passeios com o seu cão, vamos rever as regras domésticas do seu cachorro.
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CAPÍTULO DOIS
Etiqueta doméstica 101
É vital que você tenha ensinado ao seu cachorro onde defecar, o que roer,
e como se entreter alegremente quando é deixado em casa sozinho. Além
disto, é essencial que os seus ensinamentos continuem eternamente.
Se o seu cachorro está a ter problemas de sujar a casa ou de roer, releia o
livro Antes de ter o seu cachorro e procure ajuda de imediato. qualquer erro
pode tornar-se num desastre pois pode indicar que muitos mais erros se
seguirão. é importante que o treino doméstico e o treino de brinquedos de
roer decorram sem falhas. Não se distancie do programa de confinamento do
seu cachorro. Quanto mais rapidamente você treinar o seu cachorro para estar
em casa, mais depressa ele poderá ser deixado com livre acesso pela casa.

Quando você não está em casa


Mantenha o seu cachorro confinado a uma área relativamente pequena -
parque (área de confinamento de longa duração), por exemplo, na cozinha,
casa de banho, despensa ou numa parte da sala, restringido numa área por
uma rede. Deixe, nessa área, uma cama confortável, uma tigela de água fresca
e bastantes brinquedos de roer (produtos Kong e ossos esterilizados
recheados de ração), e uma casa de banho para o cão no canto mais distante
da cama.
A finalidade de um confinamento de longa duração tem duas vertentes:
1. Evitar desastres no resto da casa
2. Maximizar a possibilidade de o seu cachorro se habituar a utilizar
aquela casa de banho, se habituar a roer somente aquele tipo de
brinquedos (porque são os únicos mastigáveis disponíveis) e se
habituar a permanecer calmo e sossegado (sem ladrar)

Sempre que não estiver em casa, deixe o seu cachorro no seu local
(parque) habitual. Uma área adequada para confinamento de longa duração
necessita ter um chão lavável, uma cama confortável, uma tigela de água
fresca, alguns brinquedos de roer recheados de ração e uma casa de banho. Se
deixa o seu cachorro na casa de banho, lembre-se de retirar todas as toalhas,
tapetes, cortinas e papel higiénico.
Lembre-se, qualquer incidente de sujar a casa ou de roer é um potencial
desastre pois indica que muitos mais incidentes desses ocorrerão. Se permitir
que um cachorro não ensinado e jovem ande livremente pela casa sem
supervisão, os problemas de sujar a casa ou de roer são inevitáveis, e
provavelmente esse cachorro tornar-se-á hiperativo e ansioso. O
confinamento do cachorro obriga-o a focar-se nos seus brinquedos de roer,
deixando-lhe pouco tempo para se afligir, aborrecer ou ladrar. Claro que,
logo que o seu cachorro aprendeu a ter boas maneiras em casa e a entreter-se
quando está sozinho, pode passar a ter acesso a toda a sua casa e pátio sempre
que você o desejar.

Quando você está em casa


É importante que você vigie o seu cachorro. quando vocês os dois não
estão a brincar ou a treinar, mantenha o seu cachorro no seu ninho (área de
confinamento para pequenos períodos) como, por exemplo, um berço
transportador portátil, por períodos de uma hora de cada vez. Deverá existir
nesse local uma cama confortável e bastantes brinquedos de roer.

O confinamento por pequenos períodos num ninho apresenta muitas


vantagens: evita que o seu cachorro ande a fazer asneiras pela casa toda,
maximiza o gosto pelo hábito de roer os brinquedos e facilita o treino
doméstico pois você pode, desta forma, prever com maior certeza quando o
seu cachorro precisa de se aliviar. Se o cachorro começar a roer a cama,
remova-a durante alguns dias até que ele se habitue a roer os brinquedos.
A finalidade do confinamento por pequenos períodos engloba três
vertentes:
1. Evitar asneiras pela casa.
2. Ensinar o seu cachorro a tornar-se viciado nos brinquedos de roer (uma
vez que os brinquedos mastigáveis são os únicos que estão à sua
disposição) para que aprenda a ficar rapidamente calmo, silencioso e
sossegado.
3. Ser capaz de prever quando o seu cachorro precisa de se aliviar.
Confinar um cachorro à sua cama inibe fortemente os atos de urinar e
defecar, portanto ele estará a necessitar urgentemente de se aliviar quando o
libertar daquela área, a cada hora. Ser capaz de prever com precisão quando o
cachorro precisa de se aliviar, permite-lhe ensiná-lo onde o deve fazer e
premiá-lo por fazê-lo no local e na altura corretos.

Treino doméstico 1-2-3


• ENSINAR O CÃO A FAZER AS NECESSIDADES NO LOCAL
CORRETO É TÃO FÁCIL COMO 1-2-3
Quando você não está em casa, mantenha o seu cachorro na sua área de
brincadeira determinada, onde ele terá uma casa de banho adequada.
De resto, quando você está em casa:
1. Mantenha o seu cachorro no ninho, ou na trela junto à cama.
2. De hora a hora, liberte-o do seu confinamento e rapidamente leve-o
(com trela, se necessário) ao local onde se deve aliviar. Instrua-o a
aliviar-se e dê-lhe cerca de três minutos para que o faça.
3. Elogie entusiasticamente o seu cachorro, ofereça-lhe três guloseimas de
fígado cozido, e em seguida brinque ou treine com ele dentro de casa ou
no pátio (quando o seu cachorro já tem mais de 3 meses de idade, leve-o
para um passeio como recompensa por se ter aliviado na zona correta).

Erros comuns
1. Permitir que o seu cachorro cometa um erro.
E porque é que o cachorro cometeu o erro? Vamos perguntar ao seu
professor.
Quem deixou o cachorro com o intestino cheio e a bexiga a rebentar, sem
supervisão no quarto? Quem deixou o cachorro sozinho e desacompanhado
para destruir a sala? Quem permitiu que o cachorro não treinado ficasse
sozinho e à solta pela casa toda? Por favor volte atrás e releia a tabela de
confinamento do cachorro. Essa tabela permitirá que a educação de boas
maneiras domésticas do seu cachorro continue mesmo quando ele está
sozinho em casa. O treino doméstico e o treino de roer brinquedos são tão
simples de atingir sem falhas.
2. Não recompensar o seu cachorro quando ele faz algo bem feito.
Você não elogiou o seu cachorro ou não lhe deu nenhuma guloseima
saborosa, e agora você interroga-se porque motivo ele não faz o que você
quer. Dificilmente será culpa do seu cachorro se ele se sente livre para
improvisar locais que lhe sirvam de casa de banho ou para improvisar novos
brinquedos. Por favor volte atrás e releia a tabela de confinamento do
cachorro. Recheie aqueles brinquedos com ração e com guloseimas
ocasionais. E elogie sempre profusamente e recompense o seu cachorro
sempre que ele faz a coisa certa, no local certo, e à hora certa.
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CAPÍTULO TRÊS
Sozinho em casa
Qualquer dono sente ocasionalmente a necessidade de deixar o seu
cachorrinho sozinho em casa. No entanto, antes de deixar o seu cachorro por
longos períodos, você deve ensiná-lo a entreterse quando deixado sozinho,
por exemplo roendo brinquedos de roer e aprendendo a apreciar a sua própria
companhia sem se sentir ansioso ou stressado. O cão é um animal altamente
social e requer, portanto, preparação adequada para conseguir passar algum
do seu tempo em isolamento social e confinamento solitário.
Para ensinar o seu cachorro a ficar calmo e sossegado quando você está
ausente, comece por ensinálo a acalmarse com um brinquedo, de vez em
quando, quando você está presente.
Um cão não é como uma televisão ou um jogo de vídeo. você não pode
simplesmente desligar ou retirar as pilhas a um cachorro. Em vez disso, você
deve ensiná-lo a acalmar-se e a calar-se. Logo desde o princípio, torne
frequentes os momentos sossegados, uma parte da rotina diária do seu
cachorro. Seguir à risca a tabela de confinamento (descrita no capítulo
anterior) ajudará o seu cachorro a habituar-se a acalmar. Além disso, encoraje
o seu cachorro a manter-se sossegado ao seu lado por períodos cada vez mais
longos. Por exemplo, quando você está a ver televisão, mantenha o seu
cachorro deitado com trela ou na sua cama, mas liberte-o por pequenos
períodos de tempo de brincadeira ou treino durante os intervalos para
anúncios. Para um cachorrinho, muitas regras nunca são demais.
Quando estiver a brincar com o seu cachorro, faça-o acalmar a intervalos
curtos a cada 1 ou 2 minutos. A princípio faça-o manter-se quieto durante uns
segundos antes de o deixar voltar a brincar. Ao fim de um minuto, interrompa
a sessão de brincadeiras com uma paragem de três segundos. Depois
experimente com quatro segundos, depois cinco, oito, dez, etc. Embora
alternar entre os comandos “sossega” e “vamos brincar” seja, de início,
difícil, o cachorro rapidamente aprende a acalmar-se depressa e alegremente.
Ele aprenderá que o facto de lhe pedirem para ficar quieto, não é o fim do
mundo, nem necessariamente o fim da sessão de brincadeiras, mas, em vez
disso, o sinal de “sossega” assinala um pequeno descanso e um intervalo
recompensador antes de lhe permitirem recomeçar a brincar.
Se você ensinar o seu cachorro a ficar calmo e controlado sob comando,
você terá, pela frente, anos de diversão e excitação. Logo que o seu cachorro
tenha aprendido a ficar calmo e sossegado sob comando, há muito mais
coisas que o seu cão pode apreciar consigo. Provavelmente, o seu cão bem
treinado será convidado para muitos passeios, viagens de carro, picnics,
visitas ao bar, à casa da avó ou mesmo a viagens incríveis para ficar em
luxuosos hotéis de cães.

Uma vez que Claude era uma alma ansiosa e um roedor e destruidor a tempo inteiro,
durante os dez primeiros dias de adoção ele foi unicamente alimentado através de
brinquedos mastigáveis cheios de comida, colocados no seu cesto de brinquedos.

Por outro lado, se deixar que ele se comporte indiscriminadamente


enquanto cachorro, ele quererá, sem dúvida, comportar-se
indiscriminadamente quando adulto. O seu cão será hiperativo e incontrolável
porque você o ensinou a ser assim. Se o seu cão não foi ensinado a manter-se
calmo até chegar à adolescência, ele não estará apto a ser levado a nenhum
lugar. O seu cachorro estará a iniciar uma vida de reclusão e isolamento em
casa enquanto o resto da família sai para passar um bom bocado. Não é justo!
Até você ter treinado o seu cachorro a gostar de passar a maior parte do
seu dia em casa sozinho, você pode contratar uma ama de cães que tenha
algum tempo para passar com ele. Mesmo só algumas casas abaixo na sua
rua, pode viver um homem idoso, por exemplo, que poderia adorar viver com
um cão (mas que não o faz por alguma razão) e que, portanto, estaria disposto
a vir até sua casa durante o dia, sentar-se e desfrutar da sua televisão ou do
conteúdo do seu frigorífico; manter as regras de confinamento do seu
cachorro e regularmente recompensá-lo pelo uso correto da casa de banho; e
periodicamente brincar com ele e ensinar-lhe as regras domésticas.

Ansiedade de separação
Manter as regras de confinamento enquanto você está em casa, prepara o
seu cachorro para se acalmar quando você sai. Dar ao seu cachorro total
acesso a si quando você está em casa, encoraja-o a ser demasiado
dependente, e a sobre-dependência é a razão mais comum para se tornarem
ansiosos e para serem deixados em casa sozinhos.
Esforce-se ao máximo para ensinar o seu cachorro a gostar da sua própria
companhia, a desenvolver a sua autoconfiança e a saber manter-se nas suas
quatro patas. Logo que ele seja confiante e descontraído por si mesmo, ele
poderá apreciar todo o tempo de que dispõe consigo quando você está em
casa.
Quando deixa o seu cachorro por várias horas na sua área de
confinamento de curto prazo (transportadora canina), não se esqueça de
verificar como ele se comporta se deixado numa sala diferente. Por exemplo,
periodicamente mantenha-o confinado na sua transportadora na sala de jantar
enquanto você prepara as refeições na cozinha, depois mantenha-o na cozinha
enquanto você está a jantar na sala.
Mais importante ainda, quando você está em casa faça questão de
familiarizar o seu cachorro com a sua área de confinamento de longa duração
(zona de jogos). Confinar o seu cachorro enquanto você está em casa
permite-lhe vigiar o seu comportamento e vê-lo a intervalos regulares,
recompensando-o ocasionalmente por se manter sossegado. Assim o seu
cachorro não associará necessariamente a zona de confinamento às suas
ausências e aprenderá a desejar o tempo passado na sua zona de jogos com os
seus brinquedos especiais.
Deixe ao seu cachorro muitos brinquedos sempre que o deixar sozinho. Os
brinquedos de mastigar ideais são indestrutíveis e ocos (tais como os
produtos Kong e os ossos esterilizados), pois eles podem ser
convenientemente recheados com ração e algumas guloseimas, que cairão
ocasionalmente e recompensarão o cachorro por ter estado a roê-los.
Se o seu cachorro está afincadamente ocupado com os seus brinquedos,
sentirá menos a sua ausência.
Adicionalmente você pode deixar o rádio ligado. O som fornecerá um
barulho neutro que disfarça os distúrbios exteriores. Além disso o som do
rádio também é tranquilizador, uma vez que está normalmente associado à
sua presença. O meu Malamute Phoenix era muito interessado em música
clássica, country e calypso. Já o Oso prefere a televisão, especialmente os
canais ESPN ou a CNN – talvez devido ao som tranquilizador de vozes
masculinas?

O Claude com os seus Kongs – passando o seu tempo pacificamente quando deixado
sozinho (depois de se ter entretido a roer até adormecer)

Quando você vai sair de casa


Certifique-se que recheou alguns brinquedos com ração e guloseimas.
verifique que colocou alguns bocadinhos de fígado cozido nos buracos dos
Kongs ou bem fundo nas cavidades dos ossos. Coloque esses brinquedos
saborosos na área de confinamento de longa duração e feche a porta… com o
seu cachorro do lado de fora! Quando o seu cachorro lhe pedir para abrir a
porta, deixe-o lá entrar e feche a porta, ligue o rádio ou a televisão e saia
silenciosamente. O ato de roer do seu cachorro estará a ser reforçado
regularmente por cada pedacinho de ração que caia do brinquedo. O seu
cachorro continuará a roer tentando chegar ao fígado seco. Eventualmente ele
até pode adormecer.

Quando você chega a casa


Não reconheça a presença do seu cachorro com elogios ou guloseimas até
que ele lhe traga um brinquedo de roer. quando ele o trouxer, use uma caneta
ou um lápis para retirar o bocadinho de fígado seco que o cachorro não
conseguiu retirar. Isto irá impressioná-lo enormemente.
Os cães são crepusculares e muito felizes se puderem dormir todo o dia e
toda a noite. Eles têm dois picos de atividade, ao amanhecer e ao entardecer.
Assim, a maior parte da atividade de roer e de ladrar ocorrerá provavelmente
logo depois de você deixar o seu cachorro de manhã e antes de você chegar a
casa à noite. Deixar ao seu cachorro brinquedos recheados de fresco e dar-lhe
os pedacinhos que ele não conseguiu retirar, quando você chega, prepara-o
para procurar os seus brinquedos de roer nas alturas dos picos de atividade.

Comportamento Jekyll-e-Hyde
Mimar demasiado o seu cachorro com atenção e afeto quando você está
em casa, leva-o a realmente sentir a sua falta quando você não está. Um
ambiente Jekyll-e-hyde (muita atenção quando você está e nenhuma quando
não está) rapidamente cria um cachorro Jekyll-e-hyde, que é totalmente
confiante quando você está em casa, mas desanima e entra em pânico quando
você desaparece.
Se deixar que o seu cachorro se torne dependente da sua presença, ele
ficará ansioso durante a sua ausência. A ansiedade canina é uma má notícia
para si e para o seu cachorro.

Fins-de-semana maravilhosos e dias de semana


preocupantes
Embora a atenção e afeto dos fins-de-semana sejam maravilhosos, eles
instruem o seu cachorro a sentir a falta da família na segunda-feira de manhã,
quando os pais vão trabalhar e os filhos vão para a escola. Por favor, brinque
muito e treine o seu cachorro durante o fim-de-semana, mas proporcione-lhe
também bastantes momentos de sossego para o preparar para os dias de
solidão.

Fotografia: Sisher Houtz

Muitos dos supostos sinais de ansiedade de separação são, na realidade, sinais de um


cão insuficientemente treinado, deixado à solta pela casa, sem supervisão, e que
encontra tentações deixadas pelos seus donos.

Os cães têm maior probabilidade de incorrer em maus hábitos, tais como


sujar a casa, roer, cavar e ladrar. Estar ansioso também é decididamente
desagradável para o seu cão.
Durante as primeiras semanas em casa, o confinamento frequente com
brinquedos recheados é essencial para que o seu cachorro desenvolva
confiança e independência. quando o seu cachorro já se sentir todo contente
ao ocupar-se a roer os seus brinquedos, estando sozinho, você pode, com toda
a confiança, permitir ao seu agora bem-comportado e confiante cão apreciar
todo o tempo que quiser consigo, sem o medo de que ele se mostre ansioso na
sua ausência.

Será mesmo ansiedade de separação?


Grande parte da “desobediência” canina e da destruição errática de casas
que ocorrem durante a ausência dos donos, não tem nada a ver com ansiedade
de separação. De facto, alívio de separação poderia ser um termo mais
descritivo e preciso. O cão rói, cava, ladra e suja a casa apenas quando o
dono está ausente, porque ele aprendeu que seria imprudente permitir-se estes
passatempos quando o dono está em casa. Mau comportamento na ausência
do dono é um indicador de que este tentou suprimir hábitos caninos normais e
naturais com punições, em vez de o ensinar a comportar-se – nomeadamente,
como expressar os seus desejos caninos básicos de uma forma aceitável.
Muitas vezes o termo ansiedade de separação não passa de uma desculpa para
um cão que ainda não está treinado para a casa ou habituado aos brinquedos
de roer.

Fotografia: Sue Pearson


Beagles a investigar a bagagem não vigiada de uma visita.
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CAPÍTULO QUATRO
A QUARTA FASE DO DESENVOLVIMENTO
(até aos três meses de idade)

Sociabilização com pessoas


Criar e treinar um cachorro para ser amigável com as pessoas é o segundo
objetivo mais importante da criação de animais de estimação. Lembre-se,
ensinar a inibição de mordida é o objetivo mais importante. Mas durante o
primeiro mês em casa do seu cachorro, dita a urgência que a sociabilização
com pessoas seja a diretiva primordial do seu cachorro.
O seu cachorro deve estar completamente sociabilizado com pessoas antes
de chegar aos três meses de idade. Muitas pessoas pensam que as aulas para
cachorros são a altura ideal para sociabilizar os cachorros com pessoas. Não é
assim. é pouco e demasiado tarde. As aulas para cachorros são um
divertimento para continuar a sociabilizar cachorros já sociabilizados com
pessoas, para sociabilização terapêutica de cachorros com outros cachorros e,
mais importante, para que os cachorros aprendam a inibição de mordida.
Já só lhe restam algumas semanas para sociabilizar o seu cachorro.
Infelizmente, ele precisa de ser mantido dentro de casa até ter pelo menos
três meses de idade, quando já adquiriu imunidade suficiente através das
vacinas habituais contra as doenças mais sérias que atacam os cães. Contudo,
mesmo um curto período de isolamento social, num estado de
desenvolvimento tão crucial, pode mesmo arruinar o temperamento do seu
cachorro. Embora a socialização cão-cão possa ser adiada até que o seu
cachorro tenha idade suficiente para frequentar as aulas caninas ou o parque,
a socialização com pessoas não pode, simplesmente, ser atrasada. Pode até
ser possível viver com um cão que não gosta de outros cães, mas é difícil e
potencialmente perigoso viver com um cão que não gosta de pessoas,
especialmente se ele não gosta de alguns dos seus amigos ou família.
Consequentemente, há uma urgência considerável em apresentar o seu
cachorro a uma vasta variedade de pessoas – família, amigos, estranhos, e
especialmente homens e crianças. Como regra básica, o seu cachorro
necessita de conhecer pelo menos cem pessoas diferentes antes de ter cerca
de três meses de idade – uma média de três pessoas desconhecidas por dia.

Urgência
Desde o primeiro dia em que você tem o seu cachorro, o relógio começa a
contar. E o tempo voa! Pelas oito semanas de idade, o Período Crítico de
Socialização do seu cachorro está a terminar e dentro de um mês, o seu
período mais impressionável de aprendizagem começa a encerrar. há tanto
para ensinar e quase tudo tem de ser ensinado de imediato.

Previna-se
Os cachorros podem ser infetados com doenças sérias ao cheirar a urina
ou as fezes de cães infetados. Nunca deixe o seu cachorro no chão em locais
onde outros cães podem ter defecado. você pode levar o seu cachorro a
passear de carro ou a casa de amigos, mas você deve, sempre, transportá-lo
ao colo de casa para o carro e vice-versa. É claro que estas precauções são
válidas também nas visitas ao veterinário. O chão à volta da porta da clínica e
o chão da sala de espera são duas das áreas com mais probabilidades de
contaminação. Leve o seu cachorro ao colo, do carro para a clínica veterinária
e mantenha-o no seu colo na sala de espera. Melhor ainda, mantenha o seu
cachorro no seu ninho dentro do carro até chegar a sua vez de ser examinado.

Sociabilização com pessoas


O cão dos seus sonhos ou um pesadelo aterrador
A qualidade mais importante num cão de estimação é o seu
temperamento. Um cão com um bom temperamento pode ser um sonho para
se viver, mas um cão com um temperamento complicado é um pesadelo
contínuo. Além do mais, independentemente da raça ou da criação, o
temperamento de um cão, especialmente os seus sentimentos em relação a
pessoas ou outros cães, é primariamente o resultado do seu nível de
socialização durante a infância – a altura mais importante da vida de um cão.
Não desperdice esta oportunidade de ouro. Os temperamentos de ouro sólido
são forjados neste período.

Cem pessoas
Rentabilize o tempo que o seu cachorro precisa de estar confinado dentro
de casa convidando pessoas para sua casa. O seu cachorro precisa de se
socializar com pelo menos cem pessoas diferentes antes de ter três meses de
idade. Eu sei que isto pode parecer um pouco como um suplício, mas é
bastante fácil de conseguir.
Duas vezes por semana, convide diferentes grupos de seis homens para
ver desportos na televisão. Geralmente os homens são bastante fáceis de
convencer se lhes oferecer um programa de desportos na televisão, pizza e
cervejas. Noutras noites da semana, convide grupos diferentes de seis
mulheres para um gelado, chocolate e uma boa conversa. (Ou o contrário,
você conhece os seus amigos melhor do que eu). Noutras noites, ponha em
dia algumas das suas obrigações sociais, convidando família, amigos e
vizinhos para jantares de conhecer-o-cachorro. Outra tática é levar o seu
cachorro para passar o dia no seu local de trabalho. Ou, faça uma festa de
cachorro uma vez por semana. Acima de tudo, não faça segredo do seu
cachorro. Uma das melhores coisas da socialização do cachorro é que ela faz
maravilhas pela sua vida social.
O Senhor
está convidado para uma
festa para conhecer o meu cachorro dia 7 de Março das 19.30 às 21.00
Por favor venha e ajude o meu cachorro a gostar de homens.
Estarão ao seu dispor comida saudável, bebidas e desportos na televisão.
Por favor faça-se acompanhar de outro adulto masculino.
R.S.F.F. (510) 555-1234

Um bom começo: Dezoito pessoas para conhecer um cachorrinho de três meses de


idade.

Três objetivos da socialização


1. Ensinar o seu cachorro a apreciar a presença, ações e maneirismos de
toda a gente – primeiro da família, e depois dos amigos e dos estranhos,
especialmente crianças e homens. Os cães adultos têm a tendência de se
sentir menos à vontade quando na presença de crianças e homens, e
especialmente rapazinhos. A antipatia do cão em relação às crianças e
aos homens desenvolve-se mais provavelmente se o cachorro cresce
com pouca ou nenhuma presença deles, e se os contactos sociais do
cachorro com crianças ou homens foram desagradáveis ou
amedrontadores.
2. Ensinar o seu cachorro a gostar de ser abraçado ou mexido (apertado e
examinado) por pessoas, especialmente crianças, veterinários e
tratadores. Especificamente, ensinar o seu cachorro a gostar que lhe
toquem em sítios “quentes” como à volta do pescoço, no focinho, nas
orelhas, nas patas, cauda e na parte traseira.
3. Ensinar o seu cachorro a gostar de dar os seus objetos preciosos quando
pedido, especialmente a tigela da comida, ossos, bolas, brinquedos de
roer, lixo e lenços de papel.

1. Ensinar o seu cachorro a gostar e respeitar as


pessoas
Compense o vácuo social temporário mas necessário do seu cachorro
durante o primeiro mês em sua casa, apresentando-o a tantas pessoas quantas
conseguir na segurança da sua própria casa. As impressões iniciais são
importantes, portanto, certifiquese que os primeiros encontros do seu
cachorro com pessoas são agradáveis e divertidos. Faça com que todos os
seus convidados deem à mão uns pedacinhos de ração ao seu cachorro. Os
cachorros que gostam da companhia de pessoas tornam-se cães adultos que
apreciam a companhia das pessoas. E os cães que apreciam a companhia das
pessoas, mais dificilmente se assustam ou mordem.
Assegure-se que convida um número suficiente de pessoas, todos os dias,
para sua casa. Não é suficiente para o seu cachorro encontrar-se sempre com
as mesmas pessoas. Ele precisa de crescer habituado a encontrar todo o tipo
de pessoas estranhas – pelo menos três por dia. Mantenha a rotina de higiene
em todas as situações; peça às suas visitas para deixarem os sapatos fora de
casa e para lavarem as mãos antes de mexerem no cachorro.

Ensinar o seu cachorro a mostrar um comportamento amigável (brincalhão e


apaziguador) sob comando, ajuda as pessoas a sentirem-se bem com o seu cão, e ajuda
o seu cão a sentir-se bem com as pessoas.
Guloseimas de treino
Para evitar que o seu cachorro se deleite com guloseimas que não prestam,
use a dose diária de ração do seu cachorro como guloseimas de treino. Para
evitar que ele seja sobrealimentado pelos membros da sua família, separe
para um recipiente, logo pela manhã, a quantidade diária de ração e
guloseimas do seu cachorro. Assim, a qualquer hora do dia, se existe ainda
algum pedaço de ração ou guloseimas no recipiente, estes podem ser dados
ao seu cachorro como um snack, como refeição ou serem dados
individualmente como recompensa enquanto o treina.
Dê a cada convidado um saco com guloseimas de treino para que o seu
cachorro comece, desde logo, a gostar deles. Mostre aos seus convidados
como você usa a ração como isca/recompensa para o treinar a vir, sentar,
deitar e rolar. Peça ao seu cachorro para vir. Elogie-o profusamente conforme
ele se aproxima e dê-lhe um pedaço de ração quando ele chega. Recue e faça-
o de novo. Repita a sequência várias vezes.

Em linguagem canina, uma vénia significa “sou amigável e quero brincar” e levantar a
pata (cumprimentar) significa “eu respeito-te e quero ser teu amigo”.

Sempre que o seu cachorro se aproxima de si, faça-o sentar. Diga,


“Cachorro, senta”, e lentamente mova um pedaço de ração para cima, da
posição à frente do nariz dele até à altura dos seus olhos. Quando o cachorro
levantar o nariz para cheirar a ração, ele baixará a traseira e sentar-se-á. Se
ele saltar, é porque você está a segurar a ração demasiado alto. Repita o
procedimento com a ração mais próxima do focinho dele. Quando ele se
sentar diga “Bom cão” e dê-lhe a ração.
Agora faça-o vir, sentar e deitar. Quando ele se senta, diga “Cão, para
baixo” e baixe o pedaço de ração da altura do seu nariz até ao chão entre as
suas patas. Quando ele baixa a cabeça para seguir a comida, normalmente
deita-se. Não se preocupe se, em vez disso, ele se levanta; mantenha a ração
escondida na palma da sua mão até que ele se deite. Logo que ele o faça, diga
“Bom cão” e dê-lhe a comida.
Agora ensine os seus convidados a treiná-lo para rolar. quando o cachorro
estiver deitado, diga “Cão, rola”, e mova a ração da frente do seu nariz para o
ombro e lentamente por cima do seu cachaço. Logo que ele rolar sobre as
costas, diga “Bom cão” e dê-lhe a ração.

Quando treinado positivamente com sucesso para vir, sentar e deitar, o seu
cachorro mostra acordo voluntário e respeito pelos seus desejos (quer sejam
pedidos, instruções ou comandos). Não há necessidade absolutamente
nenhuma para forçar ou castigar um cão para assegurar o seu respeito.
Repita as sequências de vem, senta, para baixo e rola até que o cachorro
responda convenientemente, e então, ajude os seus convidados a praticarem
estas manobras até que cada um deles tenha conseguido que o cachorro
execute um vem, senta, para baixo e rola três vezes em sucessão, tendo como
recompensa um só pedaço de ração.
Se o seu cachorro é regularmente alimentado à mão pelos convidados
desta forma, ele depressa aprenderá a gostar da companhia de pessoas e a
aproximar-se delas alegremente e a sentarse automaticamente para as saudar.
E, claro, como um bónus acrescido você terá também treinado a sua família e
amigos a ajudá-lo a treinar o seu cachorro.

Concordância voluntária
• quando um cachorro se aproxima rápida e alegremente, isto é um sinal
seguro de que é amigável com pessoas.

• Sentar-se e deitar-se muito perto de pessoas mostra ainda que o seu cão
gosta delas. Usar comida e guloseimas como recompensa e isco, é a
melhor forma de ensinar o seu cão a gostar de crianças e estranhos.
• Um cão que tenha sido treinado por várias pessoas a deitar-se e rolar,
terá aprendido a mostrar amigavelmente apaziguamento e deferência
sob comando.

• Mais importante, ao vir, sentar, deitar e rolar sob comando, o seu cão
mostra respeito pela pessoa que lhe está a dar essas instruções. Isto é
especialmente importante com crianças. Quando as crianças treinam
com base em isco e recompensa, elas emitem pedidos (comandos), e o
cão executa-os (obedece) alegre e voluntariamente. E no que toca a
cães e crianças, a concordância voluntária é a única concordância que é
efetiva e segura.

Crianças
As ações e maneirismos das crianças podem ser extremamente
assustadoras para os cães adultos que não tenham sido socializados com
crianças na infância. Mesmo cães adultos bem socializados podem causar
sarilhos, uma vez que a maioria das crianças excitam os cães e incitam-nos a
brincar e caçar. Os cachorros e as crianças devem ser ensinados a comportar-
se quando na presença uns dos outros. Isto é fácil e divertido, portanto vamos
ensinálos.
Para os donos de cachorrinhos com crianças, os próximos meses
representam um desafio. No entanto vale realmente a pena, pois os cachorros
bem socializados com crianças geralmente desenvolvem temperamentos
extremamente saudáveis – têm que o fazer, e quando amadurecem já há
pouco na vida que os possa surpreender ou preocupar. Contudo, para
maximizar as relações entre cães e crianças e para assegurar a natureza afável
e a boa disposição do cão, os pais devem educar tanto os seus filhos como os
seus cães. Ensine aos seus filhos como devem comportar-se em relação ao
cachorro, e ensine o seu cachorro como deve comportar-se em relação aos
seus filhos.

Mesmo os abraços de brincadeira podem ser assustadores para um cachorro não


socializado, e não é provável que sejam tolerados por um cão adulto.
Os donos de cachorros que não tenham crianças, têm um tipo diferente de
desafio. Você tem de convidar crianças para irem a sua casa conhecer o seu
cachorro, já! No entanto, a não ser que as suas capacidades de treino de
crianças excedam as suas capacidades de treino de cachorros, inicialmente
convide apenas um pequeno número de crianças. Para começar, convide
apenas uma criança. Uma criança, é maravilhoso. Duas, é excelente. Mas
geralmente três crianças e um cachorro rapidamente alcançam um ponto
crítico, emitindo níveis de energia não mensuráveis por qualquer instrumento
científico. E acima de tudo, nós estamos a tentar ensinar o cachorro e as
crianças a serem calmos e com maneiras. Primeiro, convide somente crianças
bem comportadas. vigie-os sempre. Repito, vigie-os sempre. (Mais tarde, as
aulas de cachorros, dar-lhe-ão uma fonte excelente de crianças que foram
ensinadas a como comportar-se com cachorros e que foram ensinadas a
treinar os cachorros).
Em segundo lugar, convide os filhos dos seus familiares e amigos –
crianças que o seu cachorro vai encontrar mais regularmente ou até
ocasionalmente quando adulto.
Em terceiro lugar, convide as crianças da vizinhança. Lembre-se que são
geralmente as crianças das redondezas que aterrorizam o seu cão através da
cerca do jardim, excitando-o ou incitando-o a ladrar, rosnar, mordiscar ou
investir. Depois, é claro, serão os pais dessas crianças, seus vizinhos, a
queixar-se porque o seu cão ladra e assedia os filhos deles. Os cães têm
menos tendência a ladrar a crianças que já conhecem e de quem gostam,
portanto dê ao seu cachorro muitas oportunidades para conhecer e ficar a
gostar das crianças da vizinhança.

Com orientação adequada e supervisão constante, muitas crianças podem ser ótimos
treinadores de cães.

Do mesmo modo, as crianças gozam menos com os cães que conhecem e


de que gostam e que pertencem a pessoas que eles conhecem e de quem
gostam, portanto proporcione-lhes amplas oportunidades de o conhecerem e
de gostarem de si e do seu cachorro.
Dê às crianças guloseimas gostosas tais como fígado cozido e ração para
usarem como isco e recompensa enquanto lhe mexem ou durante exercícios
de treino.
Ao vir quando é chamado e ao sentarse sob comando, um cachorro demonstra
concordância voluntária e mostra respeito pelo seu treinador – uma criança.

Assim o seu cachorro depressa aprenderá a adorar a presença e os


presentes das crianças. Durante a primeira semana, certifiquese que as
interações do seu cachorro com crianças são cuidadosamente controladas e
calmas. A partir daí, contudo, é importante que as festas de cachorro sejam
festivas. Balões, bandeirolas e música compõem o ambiente, e guloseimas e
presentes para os cachorros e disfarces para as crianças complementam a
cena.
É tão importante que o seu cachorro seja mesmo muito novo quando
começa a encontrar-se e a acostumar-se ao barulho e atividade das crianças.
Se o seu cão já é um adolescente quando se depara, pela primeira vez, com
uma criança a correr e a gritar no parque, geralmente você estará metido em
sarilhos pois ele quererá persegui-la. No entanto, para o cachorrinho sortudo
que foi o anfitrião de numerosas festas de cachorro com crianças (ou adultos)
rindo, gritando, correndo, pulando e caindo…bom, tudo isso já era. Já lá
esteve, já passou por isso! Após apenas algumas ocasiões de festas com
crianças, é pouco provável que algo na vida real seja tão estranho como
aborrecido, o status quo estabelecido durante as festas.
Jogos para festas de cachorros
Inicialmente os melhores jogos são os chamamentos e as flexões. Faça
sentar as crianças em cadeiras num grande círculo. A primeira criança chama
o cachorro e pede-lhe para deitar e sentar três vezes seguidas, antes de o
mandar para a criança seguinte do círculo. “Rover, vai ao Jamie” após o que
o Jamie chama o cachorro para vir executar três deitar-sentar, e assim por
diante. Isto é um ótimo exercício para praticar respostas prontas e um
controlo de comandos relâmpago – sentar e deitar.

O Callahan aprende o “bang”! (deita e fica).

Nas festas seguintes, as competições de equilibrar um biscoito ou do cão


morto são as indicadas. Elogie cada criança e dê-lhe uma prenda, mas elogie
especialmente e dê uma prenda especial às crianças que conseguirem que o
cão mantenha um biscoito equilibrado no nariz durante mais tempo – o senta
e fica mais longo, ou que se mantenha deitado a fazer de morto durante mais
tempo – o deita e fica mais longo.
Como regra básica, antes de o seu cachorro ter três meses de idade, ele
deve ter sido tratado e treinado (para vir, sentar, deitar e rolar) por, pelo
menos, vinte crianças.

O Doug, sempre criança, ensina o Skooter a equilibrar um osso de leite na cabeça, e


assim o Skooter diverte-se a aprender a sentar-ficar.

Homens e estranhos
Muitos cães adultos têm mais medo dos homens do que das mulheres.
Portanto convide tantos homens quantos puder para pegar e acarinhar o seu
cachorro. É especialmente importante que convide homens para socializar
com o seu cachorro se não vive nenhum em sua casa. Assegure-se que ensina
os seus convidados homens a dar à mão ração como recompensa aos
comandos de vir, sentar, deitar e rolar. Junte algumas guloseimas saborosas
ao saco de comida de treino de cada visita para que o cachorro desenvolva
laços mais profundos com eles.
Hora de mimar os cachorros.

Os cachorrinhos tendem a aceitar e tolerar universalmente qualquer


pessoa, mas, a não ser que ensinados, os cães adolescentes e adultos
desenvolvem uma desconfiança natural para com pessoas que não conhecem.
O facto de fazer o seu cachorro conhecer cem pessoas antes de ter três meses
de idade, ajudará a que se torne mais tolerante com estranhos, quando
adolescente. Para permanecer tolerante, contudo, o seu cão adulto tem de
continuar a conhecer estranhos. Encontrar-se sempre com as mesmas pessoas,
simplesmente não chega. O seu cão adulto precisa de encontrar-se com
pessoas novas todos os dias, portanto você tem de manter a sua recentemente
melhorada vida social em casa ou passear o seu cão regularmente.

Sentar para cumprimentar


O mais cedo possível, estabeleça o sentar como a forma de cumprimentar
as pessoas. Certifique-se que cada membro da família, visita ou estranho tem
o cachorro sentado antes de lhe dizer olá, o elogiar, o afagar, ou oferecer-lhe
recompensas de comida. Assim, o seu cachorro aprenderá de imediato a
sentar-se automaticamente quando se aproximam pessoas. Sentar-se por
elogios ou uma recompensa de comida quando saúda pessoas é bem melhor
do que saltos. E do ponto de vista do cão, sentar-se para obter atenção, afeto e
guloseimas é certamente bem melhor do que ser castigado por se pôr aos
saltos.

Aviso
Se o seu cachorro é muito lento a aproximar-se, ou não se aproxima dos
seus convidados, faça alguma coisa quanto a isso agora. Pode ser que o seu
cachorro seja tímido mas também está assustadoramente pouco socializado. É
absolutamente anormal que um cachorro de dois-três meses de idade não se
aproxime avidamente das pessoas. Você tem de resolver este problema no
prazo de uma semana. Ou ele rapidamente se tornará pior – muito pior. Além
disso, se você deixar os dias passar sobre o assunto, as tentativas futuras de
socialização terapêutica estarão a tornar-se progressivamente menos efetivas.
Não queira ignorar o medo do seu cachorro, racionalizando “Ele demora
sempre algum tempo a habituar-se a estranhos”. Se ele demora algum tempo
a habituar-se a estranhos agora, provavelmente tornar-se-á intolerante e
receoso de estranhos quando for adulto. Simplesmente não é justo que deixe
o seu cachorro crescer para ser amedrontado e ansioso em relação a pessoas.
Ajude-o hoje.
A solução é simples e eficaz, e geralmente só leva uma semana. Durante
os próximos sete dias, convide meia dúzia de pessoas diferentes todos os dias
para alimentar manualmente o seu cachorro. Durante uma semana, o seu
cachorro não receberá nenhuma comida dos membros da sua família nem da
tigela de comida. Esta técnica funciona rapidamente se o cachorro só receber
comida e guloseimas das mãos dos seus convidados. Logo que ele aceite
alegremente a ração das mãos das visitas, estas poderão então pedir-lhe para
vir, sentar e deitar em troca de cada pedaço de ração. Os seus convidados
depressa se tornarão os novos melhores amigos do seu cão.

Arreliar e brincar às lutas


Algumas pessoas parecem gostar de arreliar, manusear ou brincar às lutas
com os cachorros. Estes podem achar as arrelias e brincadeiras agradáveis ou
desagradáveis e assustadoras.
O arreliar simpático pode ser divertido para ambas as partes. Executado
convenientemente, o arreliar pode fazer muito pelo cimentar da confiança do
cachorro ao dessensibilizá-lo gradual e progressivamente.
• Uma regra muito importante
Uma só pessoa pode ter efeitos dramáticos na personalidade do seu
cachorro – para melhor ou para pior. Insista para que ninguém – ninguém
mesmo – interaja ou brinque com o cachorro até terem demonstrado que o
conseguem chamar facilmente, sentar-se prontamente e deitarse calmamente.
As visitas não treinadas, especialmente crianças e homens adultos amigos
e familiares são famosos por arruinarem bons cachorros em pouco tempo. Se
as suas visitas não o ouvem e não se apercebem, coloque o cachorro na sua
área de confinamento de longa duração, ou peça às visitas para se irem
embora. Por outro lado, o arreliar implacável pode ser frustrante e pernicioso.
O arreliar maldoso não é arreliar, é abuso.
O cimentar da confiança pode envolver uma retirada temporária dos
brinquedos ou das guloseimas do cachorro, uma ausência temporária de
abraços ou apertos, barulhos estranhos, ou ocasionalmente fazer caras
estranhas ou movimentos de corpo anormais, e então elogiar o cachorro e
dar-lhe uma guloseima. A recompensa de comida cimenta a confiança do
cachorro ao reforçar a aceitação das caras estranhas e movimentos anormais.
Com cada repetição, você pode agir de modo um pouco mais assustador e
estranho antes de o recompensar.
Após algum tempo, o seu cachorro aceitará com confiança qualquer ação
ou maneirismo humanos. Se o cachorro alguma vez não aceitar a
recompensa, é sinal de que você o stressou. Portanto pare de fazer-se de tolo
durante um pouco até ter conseguido alimentá-lo à mão com meia dúzia de
guloseimas numa situação não ameaçadora.
Os cachorros têm de ser treinados a gostar de ser arreliados. Por exemplo,
ser perseguido sem piedade por uma criança com os braços esticados pode
ser a coisa mais assustadora do planeta para um cachorro sem qualquer
preparação prévia. No entanto, ser perseguido à volta da mesa de jantar por
um dono a caminhar como um monstro pode ser um dos jogos mais
divertidos para um cachorro que tenha sido ensinado a apreciar este tipo de
brincadeiras. A maioria dos cães gostam de ser perseguidos desde que sejam
ensinados que não há nisto nada de ameaçador.

Fotografia: Jennifer Bassing

Brincar às lutas pode ser assustador para os cachorros, e as brincadeiras de luta são a
causa mais comum de os donos perderem o controlo do seu cão. Por outro lado, apenas
com algum senso comum, brincar às lutas pode ser do melhor em relação ao cimentar
da confiança do cão, à inibição de mordida e exercícios de controlo. Faça
frequentemente intervalos para acalmar, elogiar e confortar o seu cachorro. Sempre
que os dentes afiados do seu cachorro o magoarem, grite! Ignore-o durante cerca de
trinta segundos e depois instrua-o a vir, sentar e deitar antes de recomeçar as
brincadeiras. Faça paragens frequentes para verificar se ainda consegue controlar o
cachorro, pedindo-lhe para instantaneamente se sentar, se deitar e se acalmar.

O arreliar maldoso – tirando prazer do desconforto do cachorro, é


demasiado cruel e estúpido para merecer palavras. Decididamente não tem
piada nenhuma causar desconforto ou fazer o cachorro ter medo. Você está a
ensiná-lo a não confiar nas pessoas e a culpa é sua se, quando adulto, ele
reagir na defensiva. Infelizmente, nessa altura, será o cão a estar metido em
sarilhos e não você. Não permita que isto aconteça.
Há um teste simples para determinar se o cachorro gosta de ser arreliado
ou não. Pare a brincadeira, recue e peça ao cachorro para vir e sentar. Se ele
vier prontamente de cauda a abanar e se sentar de cabeça erguida,
provavelmente ele está a gostar tanto da brincadeira quanto você. Pode
continuar a brincar. Se ele se aproxima com o corpo mole, cauda e cabeça
baixas, fazendo excessivos movimentos de lamber com a língua e se deita ou
rola quando lhe pedem para se sentar, você exagerou e ele já não confia em
si. Pare de brincar e reconstitua a confiança do cachorro recuando e pedindo-
lhe para vir e sentar repetidamente em troca de um pedaço de ração. Se o
cachorro continua a ser lento a aproximar-se ou não vem quando chamado,
ele não está a gostar de si nem do jogo demoníaco que você está a jogar. Páre
de brincar imediatamente. Olhe-se longamente no espelho. Reflita no que
você fez. E agora vá reparar os estragos, atirando pedacinhos de ração ao
cachorro até conseguir que ele venha e se sente, com alegria e confiança, três
vezes seguidas.
Uma vez que o arreliar pode ser benéfico ou prejudicial, você deve testar
com regularidade se o cachorro se está a divertir. Verifique se ele vem e se
senta antes de começar a brincadeira, e pare-a a cada cerca de 15 segundos
para confirmar que ele continua a fazê-lo. Esta é uma precaução sensata de
todas as formas e permite-lhe verificar que você ainda tem o controlo do
cachorro, mesmo quando ele está excitado e a divertir-se.
Do mesmo modo, assegure-se de que toda a sua família e amigos têm a
mesma capacidade de fazê-lo vir, sentar, deitar e rolar antes de permitir que
brinquem com o cachorro. Esta precaução simples e eficaz deve aplicar-se a
homens, mulheres e crianças.
Quando jogados com inteligência, os jogos físicos tais como brincar às
lutas e o Tug-of-War, são eficazes inibidores de mordida e exercícios de
controlo, e são maravilhosos para motivar cães adultos em treinos de
obediência.
Para ser eficaz e não dar origem a cães incontroláveis, no entanto, estas
brincadeiras devem ser jogadas de acordo com regras restritas, sendo a mais
importante que você se mantém em controlo durante todo o tempo. Isto é, que
a qualquer momento você consegue que o seu cachorro pare de brincar e se
deite calmamente obedecendo a um simples comando de deitar. Se você não
possui este nível de controlo, não brinque às lutas com o cachorro; pois isso
causará estragos muito rapidamente. Se, por outro lado, quiser jogar jogos
físicos com o seu cachorro, sugiro que leia o meu livro “Evitar Agressão”.
Um monstrinho de olhos verdes.

Alimentar à Mão
1. Alimentar à mão ensina o seu cachorro a gostar de ração.
Esta poderá então ser usada como isco e recompensa para exercícios de
manuseamento e para treinos básicos realizados especialmente por
crianças, homens e estranhos.
2. Alimentar à mão ensina o seu cachorro a gostar de treinos e de
treinadores, especialmente crianças, homens e estranhos.
3. Ensinar o cachorro a “largar” e “pegar” evita que ele se torne um
guardador de comida.
4. Ensinar o cachorro a “pegar…devagar” é a finalidade de desenvolver
uma boca suave do seu cachorro e de ele aprender uma boa inibição de
mordida (ver pág. 80).
5. Também lhe permite escolher as alturas mais convenientes para o
ensinar a controlar as mandíbulas em vez de ter que se defrontar com o
cachorro sempre que ele decide brincar a morder e aborrecê-lo.
2. Manuseamento
Viver e amar um cão que você não pode tocar, afagar ou abraçar é tão
estúpido como viver com uma pessoa que você não pode abraçar. Além de
ser potencialmente perigoso. Apesar disso, veterinários e groomers dir-lhe-ão
que cães difíceis de manusear são extremamente comuns. De facto, muitos
cães ficam extremamente stressados quando apertados ou examinados por
estranhos.

Fotografia: Jennifer Bassing

Qual é a vantagem de se viver com um cão se ele não gosta de ser manuseado ou
abraçado?

Há poucas diferenças físicas entre o abraçar e o apertar, ou entre o


manuseamento e o exame. A diferença depende apenas da perspetiva do
cachorro. Geralmente eles entendem que estão a ser abraçados e manuseados
por amigos mas apertados e examinados por estranhos. Os veterinários e os
groomers simplesmente não conseguem fazer o seu trabalho se ele não se
mantiver relaxado e quieto durante os exames. Cães adultos medrosos e
agressivos, e muitas vezes até cães adolescentes, precisam de ser contidos,
sedados ou mesmo anestesiados durante exames físicos de rotina, limpeza de
dentes e tratamento de pelo. A contenção torna aqueles procedimentos muito
mais assustadores para os cães. Cães não treinados correm o risco de ter de
sujeitar-se a anestesia, o tempo adicional para precauções de segurança
consomem o tempo do veterinário e portanto os donos têm de pagar mais
dinheiro. é demasiado estúpido. Os humanos adultos não necessitam de
anestesia para visitas de rotina ao médico, ao dentista ou ao cabeleireiro; nem
deveriam necessitar os cães, bastava, para isso, que os seus donos os tivessem
ensinado a gostar de conhecer e ser manuseados por pessoas.
Simplesmente não é justo permitir que o seu cachorro cresça para se
tornar alerta e ansioso quando perto de pessoas e com medo do seu toque. É
cruel convidar um animal ultra-social para viver no mundo dos humanos e no
entanto não o ensinar a gostar da companhia e do contacto dos humanos. O
pobre cão é assim condenado a uma vida inteira de tortura psicológica, que é,
de muitas maneiras, bastante pior do que certas formas de abuso.
Não é suficiente que o seu cachorro apenas tolere o manuseamento; ele
deve aprender a apreciar completamente o ser manuseado por estranhos. Um
cão que não aprecie completamente o ser apertado e examinado por estranhos
é uma bomba-relógio à espera de rebentar. Um dia, uma criança
desconhecida vai tentar abraçar e afagar o seu cão. O cão pode objetar-se.
Então, a criança, você e o seu cão, todos estarão com um grande problema.
O seu cachorro deve ser manuseado por pessoas conhecidas antes de o ser
por desconhecidos, por adultos antes de crianças, mulheres antes de homens e
raparigas antes de rapazes.
Tal como com os exercícios de socialização, os membros adultos da
família devem habituar o cachorro a apreciar ser manuseado e abraçado
levemente. Assim o seu cachorro já conhece e gosta do jogo dos apertos e
abraços antes de este envolver estranhos e crianças. É bastante fácil – e
completamente agradável – ensinar cachorrinhos a gostar de ser manuseados
e examinados por pessoas, enquanto ensinar o mesmo a cães, adultos ou
mesmo adolescentes pode ser demorado e potencialmente perigoso. Portanto
não adie. Faça-o já.
O Abraçar/Apertar
Esta é a parte divertida: agora você tem de abraçar o seu cachorro. De
facto, todos os membros da família e convidados devem abraçar o cachorro.
Relaxar com o seu cachorro é muito divertido, especialmente se o seu
cachorro também está relaxado. Se ele não está relaxado, você tem de ensiná-
lo a relaxar, acalmar-se e apreciar na totalidade um bom e longo afago.
Desde que o cachorro tenha sido manuseado frequentemente antes do
desmame e especialmente no período pré-natal, por volta das oito semanas de
idade ele deve aceitar o manuseamento passivamente e deverá ficar no seu
colo tão relaxado como uma boneca de trapos. Mesmo que o seu cachorro
não tenha gozado plenamente do benefício de um manuseamento iniciado
bem cedo na sua casa de origem, os exercícios de manuseamento são fáceis
até às oito semanas de idade. No entanto, o melhor é começar já pois, dentro
de apenas doze semanas, e já com um adolescente de cinco meses difícil de
manusear, os mesmos exercícios simples são uma história completamente
diferente.

Antes de iniciar exercícios de manuseamento específicos, assegure-se que o seu


cachorro fica completamente relaxado no seu colo. Logo que ele confiar em si e
desenvolver inteira confiança, ele vai aconchegar-se alegremente e ficar como uma
boneca de trapos.

Pegue no seu cachorro, coloque-o no seu colo e segure a coleira para que
ele não salte. Toque-lhe lenta e repetidamente no cimo da cabeça e pelas
costas para fazê-lo ficar numa posição que lhe seja confortável. Se ele estiver
aos pulos ou a contorcer-se, massaje suavemente o peito ou a base das suas
orelhas. Quando ele estiver totalmente relaxado, pegue nele e deite-o de
costas para uma massagem deliciosa na barriga. Massaje-lhe a barriga com
movimentos circulares e repetitivos da palma da sua mão. Esfregar
lentamente a zona inguinal do cachorro (onde a parte interior do cimo da
coxa une ao abdómen) também o ajuda a relaxar. Enquanto ele está assim
calmo e relaxado, pegue nele periodicamente para o abraçar rapidamente e
talvez um beijinho no nariz. Gradualmente aumente a duração dos abraços
(apertos). Ao fim de algum tempo, passe o cachorro a outra pessoa e faça-a
repetir estes exercícios.

Acalmar rapidamente
Além de períodos longos de massagens e abraços ocasionais, veja quão
rapidamente você consegue acalmar o seu cachorro. Alterne pequenas
sessões de brincadeiras com períodos de acalmar e apertos suaves. Assim que
o cachorro se acalmar rapidamente no seu colo, tente fazê-lo acalmar-se no
chão.

Acessos de Raiva
Se o seu cachorro luta com muita violência ou, especialmente, se tem
acessos de raiva, você não pode deixar andar. Caso contrário ele aprende que,
se lutar ou tiver acessos de raiva, não precisa de se acalmar ou ser manuseado
pois o dono desiste. Más noticias! Com uma mão na coleira do cachorro e a
palma da outra mão contra o peito dele, segure gentil mas firmemente com as
costas do cachorro contra o seu abdómen. Segure-o de forma que as quatro
patas fiquem viradas para longe de si e suficientemente baixo no seu
abdómen para que ele não possa virar a cabeça e mordê-lo na cara. Segure-o
até que se acalme, o que sucederá eventualmente. Continue a massajar a
orelha do cachorro com os dedos de uma mão e o seu peito com as pontas dos
dedos da outra. Logo que ele se acalme e deixe de lutar, elogie-o e após
alguns segundos de calma, deixe-o ir. Depois repita este procedimento.
Se tiver dificuldades a acalmar o cachorro e a fazê-lo gostar de ser
abraçado (apertado) depois de um dia de prática, chame um treinador a sua
casa imediatamente. Trata-se de uma emergência. Você não quer viver com
um cachorro em quem não pode pegar ou abraçar.

Atitude de Alpha?
Como já mencionado antes, o seu cachorro não confiará em si nem o
respeitará se for forçadamente manuseado ou obrigado a ficar de costas. Ele
tornar-se-á mais resistente. Rapidamente você estará a braços com um
cachorro que não gosta nem de ser afagado, pois ele perceciona os seus
abraços como restrições físicas forçadas. Seja gentil e paciente como descrito
acima.

Manuseamento/Exames
Ensinar o seu cachorro de oito semanas de idade a gostar de ser
manuseado e examinado é tão fácil quanto essencial. Além de que o
veterinário, o treinador e o groomer ficarão eternamente gratos, bem como
você e o seu cachorro. É realmente um cachorro desafortunado aquele que
tem medo de ser manuseado e examinado.
Muitos cães têm um certo número de “pontos quentes”, os quais se não
forem desativados durante a infância, serão sempre extremamente sensíveis
ao toque. Mexer nas orelhas, patas, focinho, coleira e traseiras provoca
muitas vezes reações defensivas num cão adulto se estas áreas não foram
dessensibilizadas na infância.
Do mesmo modo, um cão adulto pode agir de forma medrosa ou defensiva
quando você o olha nos olhos, se não tiver sido ensinado em cachorro a
gostar de um contacto direto dos olhos. Algumas áreas tornam-se sensíveis ao
longo do tempo unicamente porque ninguém se lembra de as examinar. Por
exemplo, poucos donos inspecionam com regularidade a traseira do seu cão,
ou lhe abrem a boca para ver os dentes. Algumas áreas são sensíveis por
natureza e podem provocar reação mesmo em cachorros. Por exemplo, quase
todos os cachorros podem tentar morder-lhe a mão se segurar firmemente a
sua pata ou perna. Outras áreas tornam-se sensíveis devido a uma má
educação ou tratamento inadequado. Os cães com grandes orelhas pendentes
que são predispostas a infeções, cedo relacionam os exames às orelhas com
dores.
Certifique-se que o seu cachorro está totalmente à vontade quando você manuseia e
examina as suas orelhas, focinho, dentes e patas. Presenteie-o com muitos pedacinhos
de ração conforme você verifica cada área.

Do mesmo modo, muitos cães adultos associam o ser olhado fixamente ou


agarrado pela coleira a tempos piores. Os cães tornam-se depressa medrosos
das mãos quando as pessoas os agarram pela coleira para os levarem para
confinamento, para os porem na coleira (no fim de uma sessão agradável de
brincadeiras no parque), ou para os punir por qualquer transgressão.
Exercícios de manuseamento e exame servem para desativar os pontos
quentes e ajudar o cachorro a formar associações positivas com o manuseio.
Dessensibilizar o cachorro e ensiná-lo a gostar que lhe mexam é simples
quando combinado com recompensas de ração dadas à mão. De facto, é tão
simples que se torna surpreendente que haja tantos cães adultos difíceis de
manusear.
Lembre-se que o seu cão tem duas orelhas e quatro patas! Muitos veterinários e
groomers têm um choque ao examinar a segunda orelha ou as patas posteriores se o
dono só praticou o exame de uma orelha (geralmente a orelha esquerda do cão com a
mão direita) e as patas da frente.

Use a quantidade diária de ração do seu cachorro como recompensas para


o ensinar a gostar de ser manuseado. Pegue no pescoço dele e dê-lhe uma
recompensa. Olhe-o fixamente nos olhos e dê-lhe uma recompensa. Verifique
uma orelha e dê-lhe uma recompensa. Verifique a outra orelha e dê-lhe outra
recompensa. Pegue-lhe numa pata e dê uma recompensa. Repita com as
outras patas. Abra-lhe a boca e recompense. Mexa-lhe nas traseiras e nas
partes genitais e dê-lhe duas recompensas. E depois repita a sequência. De
cada vez que repetir o processo, examine mais minuciosamente e durante
mais tempo.
Logo que o seu cachorro se sente bem ao ser manuseado e examinado por
membros da família, chegou a hora de jogar ao Passa o cachorro aos seus
convidados. Um de cada vez, faça com que os seus convidados deem uma
recompensa ao cachorro, lhe mexam no pescoço, olhem fixamente nos olhos,
mexam e examinem as suas orelhas, patas, dentes e traseiras e o
recompensem como descrito acima, antes de passar o cachorro (e o saco de
ração) a outra pessoa.
Poucas pessoas têm a intenção de magoar ou assustar o cachorro de
propósito, mas os acidentes acontecem. Por exemplo, um convidado pode
inadvertidamente pisarlhe a pata, ou o dono pode acidentalmente agarrarlhe
pelos quando tenta agarrar a coleira. Mas se o cachorro se sente seguro
quando manuseado, é muito menos provável que reaja defensivamente.

Dois factos inegáveis acerca dos castigos


1. Qualquer castigo por comportamento inapropriado é na realidade um
aviso de que você ainda tem de ensinar o seu cachorro como você
quer que ele se comporte.
2. Na maior parte dos casos, o cão associa o castigo ao treinador e a
situações de treino, portanto certifiquese que o seu castigo não é nem
doloroso nem assustador.

Castigos
A sociabilização insuficiente e castigos frequentes e extremos são as duas
razões principais para que o cão se torne cauteloso com as pessoas. Cães
cautelosos afastam-se das pessoas. E surgem problemas quando pessoas se
aproximam e tentam mexer-lhes ou afagá-los.
Poucas pessoas têm mesmo a intenção de fazer coisas desagradáveis ao
seu cachorro, com uma notável exceção: quando querem castigá-los. Embora
o castigo não deva ser nem assustador nem doloroso, é muito perturbador que
eles sejam demasiado frequentes e demasiado extremos. Infelizmente, muitos
treinadores antiquados e também muitos donos que leram livros de treino
desatualizados, tendem a focar-se em castigar cães não treinados por fazerem
algo de errado, por quebrarem regras que eles nem sequer sabiam que
existiam. É muito mais rápido ensinar ao seu cachorro quais são as regras da
casa – mostrar-lhe o que você quer que ele faça e recompensá-lo porque o
fez. Assim o seu cachorro aprende a querer fazer o que você quer que ele
faça. Os castigos frequentes e extremos são a principal razão para que os cães
não gostem de ser manuseados e não gostem de quem os manuseia.
Os castigos frequentes são um sinal de que a sua filosofia de treino é
defeituosa. O cão ainda se comporta mal muitas vezes e portanto é
frequentemente castigado. Treinar não é apenas trabalhar. Chegou a altura de
mudar para o plano B. Em vez de castigar o seu cachorro por erros que ele
cometeu no passado, você deve concentrar-se em ensiná-lo como comportar-
se no futuro. Lembre-se, é muito mais eficaz e efetivo recompensar o seu
cachorro por fazer as coisas à sua maneira – aquela que você considera
correta – do que castigá-lo pelas muitas formas erradas de o fazer.
Os castigos repetidos são a ponta do iceberg que progressivamente divide
e destrói a relação cachorro-dono. Inicialmente você perderá o controlo sem
trela, e o seu cão tornarse-á lento a aproximar-se uma vez que ele já não quer
chegar perto. Eventualmente tornar-se-á alerta e apreensivo à aproximação e
ao manuseamento. O objetivo de viver com um cão é gostar da sua
companhia. Certamente você não deseja viver com um cão que não aprecia a
sua companhia. Se você está numa situação em que repreende e pune
frequentemente o seu cachorro, procure a ajuda de um treinador.
Os castigos extremos são a indicação última de que o treino não está a
surtir efeito. O cão ainda se porta mal e a severidade do castigo é aumentada
com a presunção de que se tornará mais eficaz. Se o castigo fosse eficaz, o
cão já não se comportaria mal. Se o cão continua a comportar-se mal no
seguimento de um castigo extremo, seria sensato questionar a validade do
programa de treino-castigo em vez de automaticamente aumentar o nível de
dor.
O castigo extremo é realmente desnecessário e absolutamente contra-
producente. Cria mais problemas do que os resolve. Mesmo quando um
castigo elimina um comportamento indesejado, ele arruína a relação cão-
humano. Por exemplo, o seu cachorro pode já não saltar mais devido a um
castigo severo, mas agora ele também já não gosta de si, nem quer chegar
perto de si pois você foi extremamente desagradável para ele na última vez
que ele saltou para lhe dizer olá. Você ganhou a batalha mas perdeu a guerra.
O seu cão já não salta mas você perdeu o seu melhor amigo. Infelizmente o
treino tornou-se adverso e desagradável. Porque motivo uma pessoa trataria o
seu melhor amigo como se fosse o seu pior inimigo?
Se alguma vez sentir a necessidade de usar castigos extremos, procure
imediatamente a ajuda de um treinador que use métodos de treino positivos,
mais eficientes e eficazes, amigos do cão, métodos de treino por recompensa.
Os cães de competição de obediência mais bem sucedidos, os cães de agility,
os cães de salvamento, os de deteção de bombas, os cães para cegos, os cães
para surdos, os de assistência e os de proteção são todos treinados usando
métodos positivos de motivação baseada na recompensa, com poucas, se
algumas, reprimendas. Não terá chegado a altura de treinarmos os nossos
animais de estimação da mesma forma?
Quando você usa efetivamente técnicas de treino positivas, raramente terá
necessidade de castigos. No entanto um treinador inexperiente poderá sentir a
necessidade de repreender ou castigar mais frequentemente, para compensar
as suas capacidades de treino de principiante. Mesmo assim, ao castigar um
cão, não há necessidade de se aproximar, agigantar-se, agarrar, sacudir, gritar,
berrar, assustar ou magoar o cão.
Para um contratempo de treino rotineiro, uma reprimenda instrutiva é mais
do que suficiente, como “Fora”, “Senta”, “Quieto” ou “shiu”. A voz
ligeiramente mais alta e a mudança de tom indicam urgência e, em cada caso,
a palavra de comando diz ao seu cachorro o que ele deveria estar a fazer para
que tudo volte a correr bem.
Mesmo no caso de transgressões mais sérias, o castigo mais duro é
desnecessário. De facto, quando você usa diversão e jogos, métodos de treino
positivos baseados na recompensa, o afastamento é sempre o castigo mais
eficaz – um pequeno intervalo sem jogos de treino, sem recompensas e sem
você. Calmamente instrua o seu cão a sair da sala: “Rover, sai!”. O
afastamento só precisa de durar alguns segundos, ou no máximo alguns
minutos. Então insista sempre para que ele se desculpe e compense, ao vir,
sentar-se e deitar-se empenhadamente. Quando o afastamento (paragem de
treino) se tornar a sua melhor punição, você alcançou o âmago do treino
canino.
O afastamento é especialmente eficaz se, durante aquele período, você
alegremente abanar o pote das recompensas.
Quando um dos meus cães está num período de paragem por penalidade,
eu faço questão de alegremente continuar a treinar o meu outro cão.
Uma ocasião, eu fiquei tão irritado por a Phoenix me estar a ignorar que,
durante o tempo de castigo dela, eu fingi estar a comer as recompensas.
“Mmmmm! Yummy-yummy as recompensas da Phoenix são tão boas!”
Quando a deixei voltar à sala, ela deitou-se e não tirou os olhos de mim
durante meia hora.
Dar a ordem de afastamento numa voz suave e doce e apontar para a porta
ajudará a controlar o seu aborrecimento e emoções. Nas primeiras ocasiões,
você terá de enxotar o seu cachorro pela porta, mas ele depressa aprenderá a
afastar-se prontamente no seguimento do seu comando. Para além disso após
apenas algumas punições, o seu comando suave e calmo de “Sai!” vai-se
tornar uma punição condicionada, tendo um efeito dramático e imediato no
comportamento do seu cachorro. Nesta fase do treino o comando de “Sai!”
torna-se um aviso muito eficaz. Observe a reação do cachorro quando você
lhe perguntar “Bobby, queres prestar atenção ou queres sair?”. O mais
provável é o seu cachorro começar a prestar atenção imediatamente. Se ele o
fizer, peça imediatamente que se deite sossegado e deixe-o ficar perto de si.
Se ele não o fizer, diga “Sai!” no tom de voz mais suave que conseguir e
aponte para a porta.
Quando se lhes pede para saírem, a maioria dos cães saem com relutância
e permanecem mesmo do lado de fora da porta a olhar para nós. No entanto,
quando trabalhar com cachorros novatos, que ainda não tiveram muito treino,
é melhor que seja você a sair assim que o cachorro não fizer o que foi pedido.
Nesse caso, brinque ou treine o cachorro na sua área de confinamento de
longo prazo para que, se o deixar sozinho, o cachorro não possa começar a
fazer “asneiras”. Um time-out de um ou dois minutos é o suficiente. Depois
volte para perto do cachorro e faça as pazes pedindo ao cachorro que
demonstre algum respeito pedindo um chamamento, um senta, e um deita.

Mordiscadelas
Vinte por centro das mordidas dos cães ocorrem quando um membro da
família tenta agarrar o cachorro pelo cachaço ou pela coleira. Ninguém
precisa de ser um cientista nuclear para entender isto. Obviamente, que o cão
aprendeu que quando as pessoas o agarram pela coleira coisas más
acontecem. Como consequência o cão torna-se reativo à aproximação das
mãos, tenta fugir e não se deixa agarrar ou reage defensivamente. É
potencialmente perigoso ter um cão que foge de si quando você o tenta
agarrar pela coleira. Por exemplo, você precisa saber que consegue
eficazmente segurar no seu cão se ele tentar fugir pela porta da frente.
Por isso ensine o seu cão a ser manuseado e agarrado pela coleira.
Primeiro, evite que o seu cachorro crie associações negativas às mãos
humanas e segundo, ensine o seu cachorro que ser agarrado pela coleira tem
apenas consequências positivas.
1. Se você deixar o seu cachorro brincar ininterruptamente, e depois o
agarrar pela coleira para terminar o jogo, obviamente ele vai começar a
não gostar que você o agarre pela coleira porque isso passa a significar
que a brincadeira acabou. Começando em casa e mais tarde no parque,
frequentemente interrompa sessões de brincadeira com o seu cachorro
agarrando-o pela coleira, pedindo-lhe depois um senta, elogiando e
dando um biscoito e depois deixá-lo ir brincar de novo. O cachorro
dessa forma aprende que ser agarrado pela coleira não quer
necessariamente dizer que a brincadeira terminou. Em vez disso, ser
agarrado pela coleira significa apenas um pequeno intervalo para
refrescar, ter uns elogios do dono antes de poder voltar a brincar.
Também pode usar a oportunidade que dá ao cachorro de voltar a
brincar como recompensa pelo cachorro terse deixado agarrar pela
coleira.
2. Se você arrastar o seu cachorro para a área de confinamento, ele sem
dúvida que vai começar a detestar ser agarrado pela coleira, e vai
detestar a área de confinamento. Encha alguns brinquedos ocos com
comida, ponha-os na área de confinamento do cachorro e depois deixe
lá o cachorro fechando a porta atrás de si. Se repetir isto, em tempo
recorde o seu cachorro irá pedir para ir para dentro da área de
confinamento. Agora simplesmente comece a dizer ao cachorro “vai
para a tua crate ou cama” ou “vai para o recreio” (área de confinamento
longo) e abra a porta. O seu cachorro irá alegremente dirigir-se ao local
e sossegar com os seus brinquedos.
3. Acima de tudo, prometa ao seu cachorro que você nunca irá chamá-lo e
agarrá-lo pela coleira para o punir. Fazer isto apenas uma vez vai fazer
com que ele odeie responder ao chamamento e que odeie que você tente
segurar na coleira dele. Se você punir o cachorro quando o chamar, ele
vai demorar mais tempo a vir da próxima vez. Eventualmente
chamamentos lentos levam a nenhum chamamento feito. O seu cachorro
vai continuar a fazer asneiras: só que agora não vai conseguir apanhá-
lo! Se você alguma vez punir o cachorro depois de agarrar na coleira
dele, ele rapidamente vai começar a temer as suas mãos, vai tornar-se
evasivo e defensivo.
Para evitar que o seu cachorro tema a proximidade das suas mãos, agarre
na coleira e depois ofereça um pedaço de comida. Repita este procedimento
muitas vezes durante o dia e a cada tentativa aumente a velocidade com a
qual agarra a coleira. O seu cachorro irá rapidamente criar uma associação
positiva ao ser agarrado e vai inclusive antecipar.
Se o seu cachorro já é um pouco tímido com a aproximação das suas mãos
à coleira, a última coisa que deve fazer é agarrála. Ao invés disso, pratique
manusear e agarrar as áreas que ele não se importa e até gosta. Depois
gradual e progressivamente aproxime-se da coleira. Comece por oferecer ao
cão um pedaço de comida para ele saber que o jogo começou “Não é um mau
começo” pensa o cão. Depois toque na ponta da cauda do cão e recompense
imediatamente. Se você conseguir tocar na ponta da cauda do cão então
possivelmente conseguirá tocar um centímetro abaixo da ponta também. Dê
ao cão outro pedaço de comida e toque dois centímetro abaixo da ponta da
cauda e depois três e por aí adiante. Por cada repetição, toque o cão cada vez
mais perto da coleira. É uma questão de tempo antes que consiga chegar e
agarrar a coleira sem que o cão se sinta amedrontado. quando agarrar a
coleira do cão das primeiras vezes, ofereça dois pedaços de fígado.
A chave para a dessensibilização progressiva é trabalhar lentamente. Se
você suspeitar que o cão está intimidado ou nervoso, volte ao primeiro passo
– neste caso à ponta da cauda – e recomece desta vez trabalhando mais
devagar.

“Comi o trabalho de casa do meu cão!”


E outras desculpas comuns para não sociabilizar o cachorro
• “Ele está bem aqui comigo”
Que maravilha! Certamente que o primeiro passo para uma boa
sociabilização é assegurar-se que o cachorro está perfeitamente adaptado à
sua nova família. Mas é imperativo que o cachorro se torne o Sr. Sociável
com os amigos, vizinhos, visitas e estranhos de forma a que não proteste
quando tiver que ser examinado pelo veterinário ou quando for agarrado e
abraçado por uma criança.
• “O nosso cachorro tem sociabilização suficiente com a nossa
família”
Isso não é verdade! De forma a aceitar estranhos quando chegar a adulto,
o seu cachorro precisa de conhecer pelo menos três pessoas estranhas todos
os dias e não as mesmas pessoas dia após dia.

• “Não tenho amigos que me ajudem a sociabilizar o cachorro!”


Bom, terá em breve. Sociabilizar o seu cachorro vai fazer maravilhas à sua
própria vida social. Convide os vizinhos para virem conhecer o cachorro.
Convide pessoas do trabalho. Pesquise quais as aulas para cachorros que
existem na sua zona e convide alguns donos de cachorros que lá estejam para
virem até sua casa. Estas pessoas vão entender perfeitamente os obstáculos
que você irá enfrentar no futuro.
Se você não consegue que as pessoas venham até sua casa conhecer o
cachorro, leve o seu cachorro a locais seguros para conhecer pessoas. Não o
coloque no chão em locais públicos que possam ser frequentados por cães
adultos não vacinados até que ele tenha pelo menos três meses e tenha todo o
plano de vacinações completo. Compre uma transportadora e leve o seu
cachorro consigo quando for fazer recados: por exemplo, ao banco, à livraria
ou à loja. Pergunte se pode levar o cachorro para o trabalho. Mais tarde,
poderá levar o cachorro para aulas de cachorrinhos, parques e em passeios
pela vizinhança. Mas é muito importante que ele conheça muitas pessoas
imediatamente. Por isso faça o que fizer, não faça do seu cachorro um
segredo bem guardado.
• “Eu não quero que os meus cães aceitem comida da mão de
estranhos”
Talvez a sua preocupação resida no facto de que alguém o pode
envenenar. Por regra, os cães apenas são envenenados quando estão sozinhos
em quintais – muitas vezes porque não estão bem treinados e não podem ir
para dentro de casa – ou quando andam à solta pelas ruas. Mas você não está
a pedir a pessoas que odeiam cães que interajam com o seu cachorro. Está a
pedir à família, vizinhos e amigos. De qualquer forma, nenhum cão deverá
aceitar comida ou objetos das mãos de uma pessoa sem antes ouvir “Bobby
podes pegar!” ou qualquer outro comando do género. Após ter aprendido isto,
o seu cão apenas irá aceitar comida de pessoas que sabem o seu nome e que
sabem dar o comando de “podes pegar!” – ou seja, a família e amigos.

• “Eu não quero que o meu cão não goste de estranhos. Eu quero que
ele me proteja.”
Está a falar a sério?... tente dizer isso ao veterinário, ou aos pais do amigo
do seu filho. No entanto, se você quer dizer que deseja que o seu cão pratique
as suas funções protetoras, então isso já é diferente. Mas certamente que você
não vai deixar que um cão mal sociabilizado decida quem deve proteger, de
quem o deve proteger e como o deve proteger. Qualquer bom cão de proteção
tem que primeiro ser super bem sociabilizado ao ponto de ter total confiança,
e depois cuidadosamente ensinado como, quem e quando proteger.
Treinar o seu cão a rosnar e a ladrar sob comando é mais do que uma
suficiente medida protetora. O seu cão pode também ser ensinado a vocalizar
em determinadas situações: por exemplo, quando alguém entra na
propriedade ou toca no seu carro. Os alarmes do cão são, no entanto, formas
excelentes e mais eficazes de impedir um roubo, especialmente porque não se
acionam quando uma pessoa passa pelo carro.

• “Não tenho tempo”


Então dê o cachorro a alguém que tenha tempo. Este cachorro ainda pode
ser salvo por alguém que se disponibilizará a ter tempo para o sociabilizar.
• “Eu tenho que dominar o meu cachorro para que ele aprenda a
respeitarme”
Não necessariamente. Na verdade, não de todo. Se você fisicamente forçar
e dominar o seu cachorro, ele não o irá respeitar. Ele até o pode obedecer –
com medo e relutância - mas certamente não o irá respeitar. O que
provavelmente acontecerá é que o seu cachorro aprenderá a receá-lo.
Para além disso existem formas bem agradáveis de conseguir que um cão
o “respeite”. Há muitos anos atrás, numa das minhas aulas para cachorrinhos,
lembro-me de um casal jovem que tinha uma filha de quatro anos chamada
Kristen e um cachorro Rottweiler chamado Panzer. Na aula, a Kristen
conseguia controlar o cão muito melhor que os pais e conseguia com
consistência que o Panzer viesse, sentasse, deitasse e rebolasse. Kristen dava
ao Panzer uma festa na barriga quando ele estava deitado de lado e o Panzer
levantava a pata para expor a barriga. A Kristen falava com o Panzer numa
voz aguda e esganiçada. Ou podemos dizer que a Kristen pedia e o Panzer
concordava. Ou que a Kristen comandava e o Panzer obedecia. O que
interessa na realidade é que o Panzer fazia o que ela pedia alegremente. E
quando pensamos nas crianças a treinar cães, os cães fazerem o que foi
pedido de forma alegre e despreocupada é a única forma de ter uma interação
entre os dois, segura e que faz sentido.
Estaria a Kristen a dominar o Panzer? Sem dúvida! Mas duma forma bem
mais eficaz do que força bruta. Por ser uma criança a Kristen teve que usar a
sua inteligência para controlar o comportamento de Panzer. A Kristen
mentalmente dominou a vontade do Panzer.
O treino de Kristen despoletou o respeito e a amizade de Panzer. O Panzer
respeitava os seus desejos. Ao aproximar-se de Kristen mesmo quando estava
sem trela, o Panzer demonstrou gostar muito dela. Ao sentar e ao deitar o
Panzer que gostava da Kristen e que queria ficar perto dela. Ao rebolar, o
Panzer demonstrava apaziguamento. Ao elevar a pata e mostrar a barriga, o
Panzer demonstrou deferência. Em linguagem canina voluntariamente
mostrar a zona genital quer dizer “Respeito o teu ranking superior e gostava
de ser teu amigo”.
Se você quer que o seu cachorro o respeite, use métodos de reforço
positivo para o ensinar a vir, sentar, deitar e rebolar. Se você quer que o seu
cachorro lhe demonstre deferência, ensine-o a lamber-lhe a mão ou a dar a
pata. Lamber ou dar a pata são ambos gestos ativos de apaziguamento –
sinais que dizem quero ser amigo. Se você quer que o seu cachorro mostre
deferência faça festas na barriga e observe enquanto ele lhe mostra os genitais
de barriga para cima.
• “Cães desta raça são particularmente difíceis de manusear”
Esta desculpa para não praticar o manuseamento e exercícios de
sociabilização é pateta demais para ser comentada. Se a sua pesquisa das
raças o convenceu que você tem uma raça particularmente difícil, você deve
dobrar ou triplicar a sociabilização e os exercícios de manuseamento, reveja
todas as datas limites de desenvolvimento e recomece a sociabilização e os
exercícios todos mais cedo. Curiosamente eu tenho ouvido esta desculpa ser
dada para quase todas as raças de cães. Assim que você começa a pensar que
a raça que escolheu é difícil demais para si, procure ajuda imediatamente.
Encontre um treinador que o consiga ensinar como manusear corretamente o
seu cachorro antes que você lhe cause problemas de temperamento
permanentes.

• “A minha esposa/companheira, pai/filho/tio escolheu o cachorro


mais dominante da ninhada”
Será que você se esqueceu da regra de ouro da seleção de um cachorro,
que é que todos os membros da família devem estar de acordo? Bom, agora é
tarde demais para isso e como tal o meu conselho é o mesmo que o dado
acima. Assim que suspeitar que tem um cachorro que você considera difícil,
duplique ou triplique a sociabilização e os exercícios de manuseamento e
comece todos os exercícios mais cedo. Também deverá considerar aprender a
treinar a sua esposa, filho, companheiro, etc.…

• “Algo está geneticamente mal com o cachorro”


O mesmo conselho dado acima, assim que suspeitar que o seu cachorro
tem um qualquer problema orgânico, duplique ou triplique a sociabilização e
exercícios de manuseamento e comece todos os exercícios mais cedo.
É um pouco tarde demais para fazer uma triagem genética, e de qualquer
forma, o que é que pode fazer agora? – mudar os genes do cão? Muitas
pessoas usam a raça, dominância ou condições orgânicas como desculpa para
desistirem do cachorro – e como desculpa para não o sociabilizarem e
treinarem. Na realidade, a sociabilização e treino são a última esperança do
cachorro. O seu cachorro precisa de sociabilizar e treinar. E muito! Já!
Independentemente da raça e da criação e independentemente da
sociabilização e treino que o cachorro teve antes de vir para sua casa, a partir
de agora qualquer mudança no temperamento, comportamento e modos do
seu cachorro, dependem unicamente de como você o treina e sociabiliza.
Trabalhe com o seu cachorro e ele irá melhorar. Não trabalhe com ele e ele
irá piorar. O futuro do seu cachorro está inteiramente nas suas mãos.
• “Ele é apenas um cachorro!” ou “Ele é tão fofo!” ou “Ele está
apenas brincar!” ou “Isso passa quando ele crescer!”
É claro que o seu cachorro está apenas a brincar – a ladrar enquanto
brinca, a rosnar enquanto brinca, a mordiscar enquanto brinca, a proteger o
osso enquanto brinca. Se a única coisa que você faz é rir-se dele, o seu
cachorro vai continuar a praticar este comportamento à medida que cresce, e
rapidamente o seu cão já adulto irá tornar-se problemático.
Brincar é muito importante. é uma parte essencial para aprender a
relevância social de uma série de comportamentos existentes no seu
repertório canino, especialmente quando e onde aplicar determinados
comportamentos. De certa forma, brincar permite ao cachorro perceber o que
é que ele consegue e pode fazer. quanto mais regras ele aprender durante a
sua “infância” mais equilibrado ele será quando chegar à idade adulta.
Ladrar e rosnar são comportamentos perfeitamente normais e aceitáveis,
desde que você consiga controlar o comportamento quando for necessário.
Conseguir que um cachorro de oito semanas pare de ladrar ou rosnar é
relativamente simples. Mantenha-se quieto sem se mexer para que o cachorro
se acalme mais rapidamente. Diga “cachorro, shiiiiu!” e coloque um petisco
em frente ao focinho dele. Diga “muito lindo” e dê-lhe o petisco quando ele
se calar. Da mesma forma, o jogo do tug é um normal e aceitável, desde que
nunca seja o seu cachorro a iniciar o jogo e você consiga que o seu cão largue
o objeto e se sente a qualquer momento. Ambas estas regras são fáceis de
ensinar a um cachorro de 8 semanas. Quando jogar ao Tug-of-War, instrua o
cachorro a largar e a sentar-se a cada minuto que passa. Periodicamente pare
o jogo, diga “Obrigada” e mostre um pedaço de comida ao cachorro. Quando
o cachorro largar o objeto para cheirar a comida, elogie e peça que se sente.
Quando ele se sentar, elogie muito e ofereça a recompensa de comida e
depois recomece o jogo de tug.
Secções à frente explicam como praticar o jogo da guarda de objetos,
mordiscar e brincar às lutas.

Ladrar e rosnar sob comando


Um cachorro pode ser treinado com facilidade a ladrar e rosnar sob
comando, que tem várias utilidades práticas. Diga “fala!” e depois faça com
que alguém toque a campainha da casa e incite o cão a ladrar. Após algumas
repetições, o seu cachorro vai ladrar quando você disser “Ladra!”
antecipando que vão tocar à campainha. O seu cão pode também ser treinado
a rosnar sob comando. Enquanto brincar a um jogo de tug, peça ao cachorro
para rosnar e jogue com mais vigor. Quando ele rosnar, elogie
entusiasticamente. Depois diga “Cachorro, Shiu!”, pare de brincar ao tug e
deixe que ele cheire um pedaço de comida. Quando o cachorro parar de
rosnar, elogie calmamente e ofereça o pedaço de comida.
Ensinar o cachorro a ladrar e rosnar sob comando facilita o ensino do
“Shiiu!”. Pedir ao cachorro que vocalize permite-lhe ensinar o “Shiuuu!”
quando quiser. Isto é muito mais fácil do que tentar calar o cachorro quando
ele tem medo de um estranho que se aproxima, ou está muito excitado
quando alguém bate à porta de casa. Alterne “fala!” com “Shiu!” até que o
cachorro esteja perfeitamente a executar esses comandos. Em breve ele vai
aprender a calar-se imediatamente quando está a ladrar ou a rosnar. Agora o
seu cachorro irá entender que se deve calar quando ele está excitado ou com
medo.
Treinar um cão a ladrar e a rosnar sob comando inspira confiança tanto no dono como
no cão. Colocar o ladrar e o rosnar sob comando também facilita o ensino do “Shiu!”

Um cão barulhento tem tendência a assustar mais as pessoas do que um


cão sossegado, principalmente se esse cão ladrar repetitivamente e ficar cada
vez mais excitado. Um simples e bem treinado “Shiu!” vai rapidamente
acalmar e calar o cão e torná-lo menos assustador aos olhos das visitas e
especialmente das crianças.
Ensinar o “Shiu!” é justo para o cão. Tantos cães são constantemente
punidos por ladrar e rosnar simplesmente porque nunca ninguém os ensinou a
calar-se sob comando. O que é ainda mais triste é que a maioria dos cães
ladra por excitação, entusiasmo ou aborrecimento. Ou ladram e rosnam para
solicitar brincar os jogos que brincavam consigo quando eram cachorros.

Eufemismos, litotes e outras patetices!


“Ele demora um pouco a confiar nos estranhos!”, “Ele não gosta
muito de crianças” e “Ele tem um pouco de medo das mãos!”
Como é que alguém vive com um cão sabendo que este fica stressado
na presença de estranhos e de crianças e que tem medo das nossas
mãos? O pobre cão deve andar sempre num constante estado de
ansiedade. Mas quantas vezes é que este cão tem que pedir, implorar
e avisar que se sente desconfortável perto de estranhos, crianças e
que não gosta quando as pessoas tentam agarrar na coleira? Isto é
simplesmente um acidente à espera de acontecer. E se uma criança
tenta agarrar na coleira do cão, enquanto ele está a comer, quando ele
está num dia mau ou simplesmente não se sente bem? Possivelmente
uma mordida. E o que vamos dizer quando isso acontecer? Que o cão
mordeu inesperadamente e sem motivo? O pobre cão tinha pelo
menos cinco bons motivos para morder: (1) era um estranho, (2) era
uma criança, (3) foi agarrado pela coleira, (4) alguém se aproximou
da sua taça de comida e (5) ele não se estava a sentir bem. E já há
algum tempo que este cão tem estado a avisar a família.
Se existe algo que aborrece o cachorro, dessensibilize-o
imediatamente a esse estímulo ou cenário específico. Ajude a que o
seu cachorro aumente a sua confiança para que possa todos os dias
aproximar-se dos eventos diários sem se sentir stressado ou com
medo. Os exercícios necessários para construir mais confiança no
cão, já foram descritos. Pratique-os!

3. Guardar objetos valiosos


Guardar objetos é um problema comum nos cães de família, que se
desenvolve através da infância do cachorro e que os donos permitem que
ocorra. Os donos podem não se aperceber que o seu cão adolescente se está a
tornar cada vez mais possessivo e protetor. Alguns donos chegam mesmo a
encorajar essas demonstrações protetoras nos cães, por lhes acharem piada.
É natural para os cães protegerem as suas possessões. Na vida selvagem
um lobo dificilmente vai bater à porta do vizinho para pedir uma tacinha de
ossos. Os cães domésticos rapidamente aprendem que quando lhes tiram
algo, esse algo desaparece de vez. Portanto não é surpresa que muitos cães
protejam as suas coisas da presença de humanos.
As cadelas têm maior tendência a guardarem objetos do que os cães
machos. Numa matilha de cães domésticos, é muito comum vermos uma
cadela com um status muito baixo a conseguir com sucesso defender um osso
de um cão macho com um status mais alto. Na realidade a “Lei da cadela face
ao cão dentro de uma hierarquia” é: “Eu tenho isto e tu não!”. Com os cães
machos não há nada que demonstre mais insegurança e falta de confiança que
guardar objetos. Guardar objetos é um comportamento muito comum em cães
que estão no meio duma hierarquia social. Sem dúvida que esse
comportamento não é típico de um cão que está no topo da hierarquia. Na
verdade, os cães mais altos numa hierarquia, estão normalmente confortáveis
na sua posição e são como tal confiantes e usualmente partilham ossos,
brinquedos e até a taça da comida com indivíduos com um ranking inferior.
Se você frequentemente retira comida e brinquedos do seu cachorro, e
nunca os devolve, o seu cachorro irá aprender que deixar que você retire o
objeto quer dizer que ele nunca mais o terá de volta. Compreensivelmente o
seu cachorro pode desenvolver comportamentos que evitem que você lhe
retire objetos. O cão pode fugir ou esconder-se com o objeto, segurá-lo com
força na boca, rosnar, abocanhar ou até morder.
Se você se afasta quando o cachorro demonstra comportamentos de
proteção e guarda do objeto, e não sabe o que fazer, procure ajuda de um
treinador qualificado e certificado. Este problema pode rapidamente
descontrolar-se e rapidamente pode ter um cão adulto que o intimida. Treinar
cães adultos que protegem os seus objetos valiosos é complicado, moroso e
arriscado. Você sem dúvida que vai precisar da ajuda de um treinador com
experiência ou um comportamentalista. Por outro lado, prevenir este
problema é mais rápido e mais seguro.

Você pode facilmente ensinar o seu cachorro os comandos “larga” e “segura”


enquanto dá ao cão pedaços de ração. Diga “pega” e dê um pedaço de ração. Repita
isto três ou mais vezes. Depois diga “larga” e mostre ao cão o pedaço de ração que tem
na sua mão. Quando o cachorro tentar obter a ração da sua mão, feche-a dentro do seu
punho e deixe que ele tente obtê-la. O cachorro vai tentar obtê-la com as patas e com a
boca. (Se ao fazer isto o cachorro o magoar com a pata ou com os dentes, grite AI! E dê
ao cachorro um time-out de trinta segundos antes de voltar a repetir o exercício).
Eventualmente o seu cachorro vai temporariamente desistir e afastar o focinho da sua
mão. Assim que o cachorro já não estiver a estabelecer contacto com a sua mão, diga
“Pega”, abra a sua mão e dê o pedaço de ração ao cão. Repita esta sequência,
progressivamente aumentando o tempo que o cachorro tem que ficar sem tocar na sua
mão e até você dizer “pega”. Eu já comprovei que ajuda elogiar o cachorro por não
tocar, contando “muito lindos”: “muito lindo1, muito lindo2, muito lindo 3” e por aí
adiante. Quando o cachorro tiver aprendido a não tocar na sua mão durante 10 “muito
lindos” pode começar a apresentar o pedaço de ração entre o indicador e o polegar
enquanto repete o exercício. Eventualmente você pode praticar dizer “larga” e colocar
a ração no chão e depois pegar na mesma antes de dizer “pega” e dar ao cão.

Basicamente você tem que ensinar o seu cachorro que dar voluntariamente
os seus objetos não quer dizer que os vai perder de vez.
Primeiro certifique-se que o seu cachorro desenvolve um bom hábito de
roer objetos apropriados. Se o seu cão se habituar a roer apenas objetos
adequados diminuirá a necessidade de roubar outros objetos e de você ter que
os tirar dele. Também é importante, ensinar o cachorro a voluntariamente dar
os seus objetos quando pedido.
Basicamente você tem que ensinar o seu cachorro que dar voluntariamente
os seus objetos não quer dizer que os vai perder de vez. O seu cachorro deve
aprender que dar ossos, brinquedos e pedaços de papel quer apenas dizer que
vai receber em troca algo muito melhor – elogios e comida – e mais tarde até
reaver o que deu.
Ensinar o “larga” pode ter muitas aplicações úteis.

O sistema de troca
• O sistema de troca – trocar objetos de valor por petiscos
Comece a trabalhar com objetos que você e o cachorro possam segurar ao
mesmo tempo, tal como um jornal enrolado, um Kong preso numa corda, etc.
O contacto físico é uma grande parte do jogo da possessão. O seu cachorro
terá menos probabilidade de proteger um objeto se você ainda o tiver na mão.
No entanto, assim que você o largar, o seu cachorro terá maior tendência a
protegê-lo.
Como praticado no exercício anterior, diga ao cachorro “larga” e depois
“pega”. Abane o objeto em frente ao cão de forma provocadora. Elogie o
cachorro quando ele agarrar o objeto. Não largue o objeto. Diz “Obrigada!” e
pare de abanar o objeto de forma a encorajar o cachorro a deixar de fazer tug
e com a outra mão apresente um pedaço de fígado em frente ao focinho do
cão. Elogie o cachorro assim que ele abrir a boca e você conseguir reaver o
objeto. Continue a elogiar enquanto dá ao cachorro, um, dois e três pedaços
de fígado (talvez até pedindo um senta e um deita enquanto faz isso). Depois
instrua o cachorro a pegar de novo no objeto e repita o procedimento.
Quando o seu cachorro largar o objeto mal você pede, cinco vezes seguidas,
então comece a largar o objeto no chão. Agora está pronto para trabalhar com
objetos mais pequenos, tais como Kongs sem corda, bolas de ténis, bolas de
ração, ossos e outros brinquedos. Quando o seu cachorro pegar
vigorosamente e largar sem hesitação, simplesmente largue o brinquedo e
diga “obrigada”. O seu cachorro irá pegar no objeto e largá-lo na sua mão.
Voilá! Você criou um retriever fiável do seu cachorro.
Retrieve é divertido e um bom exercício. Tem inúmeras aplicações, tais
como procurar chaves, buscar os chinelos e arrumar os brinquedos. A maioria
dos cachorros adora fazer retrieve e rapidamente desenvolvem confiança
suficiente para os darem ao dono. Os cachorros aprendem rapidamente que
este é um bom negócio. Eles temporariamente rendem os objetos, o dono
guarda o objeto enquanto o cachorro come um petisco, e depois revêem o
objeto para poderem trocá-lo por mais petiscos.
Na realidade, alguns cachorros começam a gostar tanto de dar objetos que
se torna um incómodo para os donos. Se o seu cachorro lhe começa a
oferecer uma série de objetos, simplesmente diga “leva para a tua cama”. Na
verdade, é outra das formas de ensinar o cachorro a arrumar os seus
brinquedos.
Ao ensinar o seu cachorro a fazer retrieve de objetos, que têm um valor
intrínseco, um brinquedo passa agora também a significar um objeto que
pode ser trocado por elogios e/ou recompensas. Brincar ao “vai buscar a
bola” com o seu cão é uma excelente forma de atribuir valor aos brinquedos,
aumentar a sua eficácia como recompensas para o treino aumentando também
grandemente a possibilidade de que o cachorro aborrecido procure os seus
brinquedos ao invés de procurar outros objetos.
Quando os exercícios acima estiverem fluentes, aumente o valor
intrínseco dos objetos recheando o Kong ou osso com petiscos de alto valor.
Antes que o cachorro chegue às dez semanas você deve também repetir estes
exercícios de auto confiança muitas vezes. Mesmo com um cachorro de dez
semanas eu recomendaria fazer este exercício com um assistente. Ate um fio
a um osso verdadeiro com carne. Se o cachorro rosnar o seu assistente deverá
puxar o osso e cobri-lo com um balde de plástico. Este balde pode também
ser usado para tapar a taça da comida.
Não perca tempo a punir o cachorro quando ele rosnar. Em vez disso,
assegure-se que o elogia e recompensa assim que ele parar de rosnar.
Certifique-se que o cachorro que rosna perde imediatamente acesso ao osso
ou à taça de comida. Muitos cachorros inicialmente rosnam quando a taça de
comida é retirada. Estes cães não são maus, são cães normais. Rosnar é um
comportamento perfeitamente natural. No entanto, o seu cachorro precisa
aprender que rosnar não resulta de forma a que este comportamento não
aumente e continue durante a adolescência. À medida que o cachorro
aumenta a sua confiança, ele vai aprender que não existe motivo para rosnar,
porque você não tem intenção nenhuma de lhe roubar a comida. Quando o
cachorro parar de rosnar, elogie, afaste-se, peça um senta ou um deita e dê-
lhe a comida de novo, e repita o procedimento.
Fotografia: Jennifer Bassing

Um cachorro pode tornar-se protetor e defensivo se lhe for sempre permitido roer um
osso sem interrupções e sozinho. Até que você esteja confortável em retirar ossos do seu
cachorro, nunca deixe que ele fique sozinho a roer ossos. Em vez disso, diga “larga” e
“pega” como instruído e segure no osso enquanto o cachorro o rói. Periodicamente
diga “Obrigada!” e mostre ao cachorro um pedaço de comida apetitosa enquanto retira
o osso ao cão. Segure no osso enquanto o cachorro come os petiscos e depois peça um
senta ou deita ao cachorro antes de repetir a sequência uma atrás da outra.

Se você estiver a ter problemas com os exercícios de guarda de objetos e


comida, procure ajuda imediatamente. Não espere até que o cachorro tenha 3
meses.

A taça da comida
Muitos livros de treino de cães aconselham a que as pessoas não cheguem
perto do cão enquanto ele está a comer. Enquanto este conselho pode soar
bem, o de deixar um cão adulto comer sossegadamente e em paz, isto não se
aplica a cachorros que não estão treinados. Eventualmente o mais provável é
alguém se aproximar do cão enquanto ele come, e nessa altura ele irá
responder duma forma tipicamente canina, protegendo a comida e rosnando,
ladrando, abocanhando e até quiçá mordendo.
Mas por favor, instrua as pessoas para não incomodarem o cão enquanto
ele está a comer, mas certifique-se primeiro que o seu cachorro é de confiar
quando pessoas estão à volta da sua taça de comida. Ensine o seu cachorro a
não só tolerar a presença de pessoas à volta da sua taça de comida mas até a
ansiar a chegada de pessoas.
Segure na taça de comida do cachorro enquanto ele come a ração. Ofereça
petiscos e manuseie o cachorro, e ele aprenderá que as suas refeições são
melhores quando existem pessoas por perto. Deixe que o cachorro comece a
comer a refeição da taça, ofereça-lhe um petisco e temporariamente retire a
taça de comida enquanto o cachorro come o petisco. O cachorro vai
rapidamente ansiar que você retire a taça da comida uma vez que esta ação
quer dizer que está eminente a chegada de um petisco especial.
Enquanto o seu cachorro está a comer ração seca da taça, rapidamente
coloque a sua mão dentro da taça e ofereça-lhe um petisco especial. Dê ao
cachorro tempo para voltar a investigar a ração seca para ver se estão mais
petiscos lá dentro e espere que ele recomece a comer. Repita o procedimento
várias vezes. Muito em breve o seu cachorro irá acostumar-se a ver uma mão
a aproximar-se e a movimentos súbitos de mãos perto da sua taça de comida.
Este exercício impressiona bastante os cachorros – é como um mágico que
tira uma flor, um ovo ou uma pomba da orelha duma pessoa.
Certifique-se que os seus cães se sentam para receber o seu jantar.

Sente-se perto do seu cachorro enquanto ele come e peça a amigos e


membros da família que passem por ele. De cada vez que alguém se
aproxima, ponha uma colher de ração húmida em cima da ração seca. O seu
cachorro irá rapidamente aprender a associação entre a aproximação de
pessoas e uma colherada de deliciosa ração húmida ser posta na sua taça.
Mais tarde, peça à família e amigos que atirem um petisco para dentro da taça
de comida do seu cão. Muito em breve o seu cachorro irá apreciar a hora do
jantar e a presença de pessoas enquanto come.

A rotina do empregado de mesa preguiçoso


Já alguma vez esperou tempos infinitos num restaurante enquanto come
pão e bebe água à espera de poder pedir a comida? “Onde está o empregado?
Quem me dera que se despachasse!”. Bom, a rotina do empregado de mesa
preguiçoso origina as mesmas reações nos cachorros. A maioria dos
cachorros até vai implorar que você se aproxime da taça de comida.
Coloque a porção de ração do seu cachorro numa taça no balcão da
comida e depois coloque a taça da ração no chão com um único grão de ração
lá dentro. Tente capturar em vídeo a reação do seu cão. Ele irá olhar para a
taça com um olhar de descrença. O seu cachorro vai olhar para a taça e para
si, devorar o grão de ração e depois investigar e cheirar a taça para se
certificar que não há mais. Afaste-se dele normalmente e pareça ocupado.
Pode até perguntar ao cachorro se ele gostou do jantar. “Então? Estava bom?
Queres mais?”. Espere até que o seu cachorro peça mais, aproxime-se, agarre
na taça, coloque mais um pedaço de ração lá dentro, espere que o cachorro se
sente e coloque a taça novamente no chão.
O seu cachorro vai tornar-se mais calmo e os seus bons modos irão
melhorar consideravelmente a cada “porção” colocada. Também ao alimentar
o seu cachorro desta forma, em porções pequenas, você estará a ensinar o
cachorro a gostar das suas aproximações à taça de comida.

O problema dos papéis e dos guardanapos


Há alguns anos lembro-me de ter uma consulta com o dono de um cão
com um ano de idade que roubava os lenços de papel e irritava a dona ao
brincar ao “apanha-me se puderes”. O cão fugiu para debaixo da cama, a
dona tentava chegar-lhe com uma vassoura e o cão mordeu-lhe o pulso.
Desde então lidei com muitos casos semelhantes. É ridículo que o roubo de
um lenço de papel escale ao ponto de tanto o cão como o seu dono se
abusarem fisicamente. Se você não quer que o seu cachorro roube lenços de
papel, ponha-os no lixo. Por outro lado, se o seu cachorro considera os papéis
intrigantes, use-os como engodos e recompensas para o treino, ou dê ao cão
um por dia para ele brincar. É essencial que ensine o cachorro a trocar papéis,
rolos de papel higiénico ou lenços de papel por pedaços de comida de forma
a que ele não se torne possessivo e proteja os produtos de papel.
• “Ela é um bocado manhosa quando está a comer”
É surpreendente a quantidade de cães adolescentes que ainda demonstram
a tendência para comportamentos de guarda de comida e objetos, e mesmo
assim os seus donos nada fazem. Enquanto guardar comida e objetos durante
uma brincadeira é algo muito comum e expectável em cachorros que estão a
desenvolver-se, guarda protetora não deve ser permitida em cães adolescentes
e adultos. é muito fácil aumentar a confiança do cachorro para que este já não
sinta necessidade de guardar das pessoas, a taça de comida, ossos e ou
brinquedos.
Se você alguma vez sentir que o seu cachorro se está a tornar nem que seja
um bocadinho possessivo ou protetor de qualquer objeto, faça imediatamente
algo acerca do assunto. Os requisitos para se praticarem exercícios que
aumentam a confiança já foram descritos neste capítulo. Se acha que o
problema está fora do seu controlo, procure ajuda imediatamente enquanto o
seu cachorro ainda é um cachorro.
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CAPÍTULO CINCO
A QUINTA FASE DO
DESENVOLVIMENTO
(Mais ou menos aos quatro meses e
meio de idade)

Aprender inibição de mordida


Cachorros mordiscam – e ainda bem que o fazem. O mordiscar que os
cachorros têm é um comportamento normal, natural e até necessário. O
mordiscar dos cachorros é a forma que os cães têm de adquirir uma boa
inibição de mordida e uma boca “mole”. Quanto mais o cachorro mordisca e
recebe um feedback apropriado, mais seguros serão os seus maxilares na
idade adulta. É o cachorro que nunca mordisca quando é novo que, em
adulto, se alguma vez morder irá causar o maior dano.
A aprendizagem do cachorro para morder devagar reside nas muitas
brincadeiras a mordiscar que terá. Apesar dos seus dentes muito afiados
tornarem a experiência dolorosa, os seus maxilares fracos raramente causam
dano substancial. O cachorro deve aprender que a sua mordida pode magoar
muito antes de desenvolver maxilares suficientemente fortes para conseguir
realmente causar muito dano. Quantas mais oportunidades o cachorro tiver de
brincar às mordiscadelas com as pessoas, e outros animais, melhor será a sua
inibição de mordida quando se tornar adulto. Para os cachorros que não
crescem com o benefício de terem interações regulares com outros cães e
outros animais, a responsabilidade de ensinar uma boa inibição de mordida é
totalmente do dono.
Após ter trabalhado diligentemente na sociabilização do cachorro e nos
exercícios de manuseamento descritos no Capítulo quatro deste livro, o seu
cão dificilmente morderá pessoas porque aprendeu a gostar delas. No entanto,
se acontecer que o seu cão morde porque se assustou ou está magoado, o que
se espera é que a mordida cause pouco ou nenhum dano, algo que acontecerá
se ele tiver uma boa inibição de mordida. Enquanto que é difícil sociabilizar
um cão e prepará-lo para todas as eventualidades que possam surgir, é
relativamente fácil assegurar que um cachorro desenvolva inibição de
mordida eficaz.
Mesmo quando provocado para morder, um cão com uma boa inibição de
mordida raramente rasga a pele. Enquanto a mordida do cão causar pouco ou
nenhum dano, a reabilitação comportamental é relativamente simples. Mas
quando o seu cão infringe mordidas graves em adulto, a reabilitação é muito
mais complicada, morosa e potencialmente perigosa.
Uma boa inibição de mordida é a qualidade mais importante de qualquer
cão de companhia. Um cachorro deve desenvolver uma boa inibição de
mordida antes de alcançar os quatro meses e meio.

Boa inibição de mordida


Uma boa inibição de mordida não quer dizer que o seu cão nunca irá
mordiscar, abocanhar, atirar-se ou morder. Uma boa inibição de
mordida quer dizer que, no caso do seu cão alguma vez se atirar e
morder, os seus dentes quase não irão tocar na pele e, se tocarem, a
mordida “inibida” causará muito pouco, ou nenhum, dano.

Casos práticos
Independentemente do quão bem sociabilizado estiver o seu cão e
independentemente do quanto ele aprecia a sua companhia e as ações das
pessoas, acontecimentos imprevisíveis acontecem. Aqui ficam alguns casos
desses:
• Um amigo do dono sem querer fecha a porta do carro e caça a cauda do
cão.
• Uma mulher que usa saltos altos sem querer pisa o seu Rottweiler que
estava deitado a dormir.
• Um dono agarra na coleira do seu Jack Russel Terrier.
• Um “groomer” está a pentear o casaco de um Wheaten Terrier.
• Um veterinário estava a tratar o ombro deslocado de um Bernese.
• Uma visita tropeça e cai de cara perto do cão que está a roer um osso.
• Uma criança de três anos (que permanecerá anónima) vestida com uma
capa do super-homem saltou da mesa da sala de jantar e aterrou de
barriga em cima do Malamute que estava a dormir.
O Rottweiler e o Bernese ganiram. O Bernese permaneceu deitado e nem
tentou morder. Todos os outros cães rosnaram e viraram o focinho
rapidamente na direção da pessoa. O Malamute levantou-se e saiu da sala. O
Rottweiler e o Jack Russel atiraram-se e morderam o ar mas nenhum deles
tocou sequer na pele. O Wheaten abocanhou o braço do groomer e apertou
com pouca força. O Airedale mordiscou a face do visitante. Muitos destes
cães eram bastante amigáveis, mas o que é muito da exemplar quando eram
cachorros. Independentemente do susto ou da dor, a inibição de mordida é
instantaneamente ativada (dentro de 0.004 segundos). Consequentemente,
nenhum destes cães causa qualquer dano e todos foram reabilitados com
sucesso.
O cão que teve a cauda presa mutilou o braço da pessoa com múltiplas
mordidas severas. Este cão é de uma raça que a maioria das pessoas
considera extremamente amigável e foi a várias visitas a escolas e hospitais.
Na verdade, o cão era extremamente amigável, mas tinha uma fraca inibição
de mordida. Quando era cachorro, não brincou muito com outros cães e o seu
comportamento de mordiscar era inconstante e gentil. Como o cão nunca
demonstrou sinais de não ser amigável enquanto adulto, não existia nenhum
sinal de que poderia morder. E apenas porque nunca mordiscou ou mordeu
antes, nunca existiram motivos para achar que a mordida do cão seria grave.
Para um cão que irá passar muito tempo perto de pessoas, estar bem
socializado mas ter uma fraca inibição de mordida é uma combinação
perigosa.
Algumas pessoas acham que um cão morder em própria defesa é
aceitável. Mas não foi isso que aconteceu em nenhuma destas instâncias. Em
cada caso, o cão até pode ter entendido que estava a ser atacado, mas na
realidade o cão mordeu uma pessoa que não tinha intenção de o magoar.
Quer você concorde ou não com isto, a realidade é que nós humanos fomos
socializados para não atacar o nosso cabeleireiro, dentistas, médicos, amigos
ou conhecidos que nos magoem sem intenção. Na realidade, é muito fácil e
essencial treinar os nossos cães a não atacarem os groomers, veterinários,
família, amigos e visitantes.
As más notícias e as boas notícias acerca das mordidas de cães
É sempre preocupante quando um cão rosna, mordisca, abocanha ou
morde. Mas na maioria dos casos, a ausência de dano grave é prova
de que o cão tem uma boa inibição de mordida. O cão pode morder
por falta de sociabilização, mas não causa dano grave porque tem
uma boa inibição de mordida.
É muito gratificante para os donos saberem que se o cão alguma vez
for provocado ou pressionado até ao limite, ele irá inibir-se de
magoar seriamente alguém. Por exemplo, se atormentado por uma
criança, o cão apenas irá rosnar e abocanhar o ar e não irá sequer
tocar na criança.
É costume para os cães com boa inibição de mordida envolverem-se
em inúmeros incidentes antes que uma mordida realmente toque na
pele ou mesmo cause dano. Assim o dono tem a oportunidade de
vários avisos e muito tempo para instituir uma socialização
reabilitativa.
Curiosamente, muitos donos não fazem nada quando veem esses
avisos. Por favor preste atenção àquilo que o seu cão lhe está a tentar
dizer e procure imediatamente ajuda. O prognóstico é bom.

• O muito bom, o bom, o mau e o muito mau

Bem sociabilizados com uma boa inibição de mordida


O muito bom é um cão maravilhoso que adora pessoas e que é muito
pouco provável que morda alguém. Mesmo que esteja assustado ou magoado,
o cão mais provavelmente fugirá ou irá ganir. Se for provocado ao extremo, o
cão até pode agarrar algo, mas muito dificilmente irá causar dano.
Enquanto cachorro, o cão teve muitas oportunidades de brincar às lutas
com os outros cachorros e cães e de os mordiscar, brincar e treinar com uma
grande variedade de pessoas.
Apesar deste ser um cão maravilhoso, lembre-se que a sociabilização e o
treino de inibição de mordida são tarefas para uma vida. O cão pode
“morder” alguém mas dificilmente irá causar algum tipo de dano.

• Mal sociabilizado mas com uma excelente inibição de mordida


O bom, é um cão que pode morder o ar, abocanhar ou morder quando
provocado mas pouco provável que “morda” e cause danos substanciais. O
cão é tímido com os estranhos, com tendência para fugir e esconderse e
apenas mordisca, abocanha ou morde quando perseguido, ou manuseado.
O cão foi criado com amplas oportunidades para mordiscar e morder
outros cães e membros da família, mas não teve muitas oportunidades de
conhecer pessoas quando era cachorro.
Os comportamentos assustadiços e esquivos do cão são sinais de que os
donos devem reabilitar o cão. Uma boa inibição de mordida permite ao dono
sociabilizar o cão com segurança. O comportamento assustadiço do cão
permite dar suficientes sinais para potenciais vítimas se afastarem e o
comportamento esquivo permite ao cão permanecer longe de estranhos. O
mais provável é que as vitimas sejam pessoas que têm que manusear e
examinar o cão tais como, veterinários e groomers. Este cão provavelmente
“morde” estranhos, mas dificilmente causará dano grave.

• Mal sociabilizado e com uma má inibição de mordida


O mau é aparentemente o equivalente ao pesadelo canino; um cão que não
gosta de pessoas, rosna e ladra frequentemente às mesmas, e tem muitas
possibilidades de se atirar e morder com gravidade. Usualmente, os
incidentes iniciais incluem um rosno alto e uma única mordida grave, muitas
vezes acompanhada por um raspão que o cão faz quando puxa a cabeça para
trás quando se prepara para rapidamente fugir.
O mais provável é que este cão tenha sido criado num jardim, quintal ou
canil ou esteve confinado num espaço interior com contacto muito limitado
com outros cães e pessoas. Brincar às lutas foi totalmente desencorajado.
O que “salva” este cão é que ele anuncia a sua falta de sociabilização e
muito poucas pessoas se arriscam a aproximar-se o suficiente para serem
mordidas. Como consequência, os incidentes que envolvem estranhos são
raros e envolvem uma grande irresponsabilidade por parte do dono, que teve
já imensos avisos para saber que é preciso manter o cão afastado das pessoas.
Em incidentes com estranhos o cão normalmente afasta-se rapidamente após
uma única mordida. Usualmente, os donos são vítimas se estiverem perto
demais do cão.
• Bem sociabilizado com uma má inibição de mordida
O muito mau é o verdadeiro pesadelo canino – um cão realmente muito
perigoso! O aparente comportamento sociável do cão camufla o verdadeiro
problema – uma pobre inibição de mordida. Este cão adora pessoas e a sua
companhia. Ele dificilmente morderá alguém a não ser que muito provocado,
ou se estiver com muitas dores. No entanto, no caso de ele morder, as
mordidas são fundas e o dano é usualmente muito grande.
Enquanto era cachorro, o cão gozou de muitas oportunidades para brincar
e treinar com uma grande variedade de pessoas, mas os donos provavelmente
desencorajaram mordiscar e brincar às lutas. A sociabilização de cão para cão
foi insuficiente e brincar às lutas com outros cães não era permitida.
Qualquer pessoa que goste de socializar e brincar com o cão pode ser
mordida, incluindo crianças, amigos, membros da família e estranhos. Cada
incidente pode envolver múltiplas mordidas desde que o cão não esteja com
pressa de fugir.
Muitas pessoas consideram este, um “bom cão” até ele rosnar ou morder,
altura na qual passa a ser um “mau cão”. No entanto, não se trata de ser
“bom” ou “mau”, mas sim um caso de um “bom” ou “mau” treino de
sociabilização ou de inibição de mordida. O nível de sociabilização de um
cão ou o facto de ele rosnar, abocanhar ou morder depende unicamente do
quão sociabilizado ele foi em cachorro. Mas muito mais importante do que
pensar se o cão vai rosnar ou morder é pensar se vai causar dano grave
quando agir defensivamente, isto é, pensar qual o nível de inibição de
mordida que o cão adquiriu quando era cachorro. O nível de inibição de
mordida determina se o cão vai simplesmente rosnar, abocanhar e atirar-se
(sem tocar na pele da pessoa) ou morder e causar danos graves. A aquisição
de uma boa inibição de mordida enquanto é cachorro, também depende muito
do dono.

Inibição de mordida humana


Nenhum cão é perfeito, mas com sorte, muitos cães estão bem
sociabilizados e têm uma boa inibição de mordida. Muitos cães são
basicamente amigáveis, mesmo que ocasionalmente possam ter medo ou
estranhar pessoas ao mesmo tempo. Apesar de que muitos cães já rosnaram,
mordiscaram, se atiraram e morderam alguém durante a sua vida, poucos cães
realmente causaram dano significativo.
Talvez uma analogia humana ajude a ilustrar a importância crucial duma
boa inibição de mordida. Muito poucas pessoas podem honestamente dizer
que nunca se irritaram com ninguém, nunca tiveram uma discussão, ou nunca
tocaram numa pessoa com raiva (principalmente quando pensamos em
irmãos, filhos ou companheiros/as). No entanto, muito poucas pessoas
realmente magoam outras de tal forma que estas tenham que ir para o
hospital. Além disso, muitas pessoas admitem que discutem, argumentam e
que têm tendência para se tornarem fisicamente violentas. Mesmo assim,
poucas pessoas magoam mesmo outras. Os cães não são diferentes. A maioria
dos cães tem diariamente desentendimentos e discussões. Muitos cães já se
envolveram em altercações físicas alguma vez na sua vida. Mas muito poucos
cães alguma vez magoaram seriamente outro cão ou pessoa. Esta é a
importância da inibição de mordida.

Na realidade, os cães são menos mortais que as pessoas


Infelizmente, é verdade que os cães ocasionalmente mutilam e
matam pessoas. Em média, cada ano nos EU, os cães matam cerca de
vinte pessoas, metade das quais são crianças. Tais eventos chocantes,
quase sempre atingem as primeiras páginas, especialmente quando a
vítima é uma criança. Mas pior que isto, em 1999 nos EU, mais de
2000 crianças morreram! E a causa dessas mortes nada esteve
relacionada com cães. As crianças foram mortas pelos seus pais.
Estas mortes raramente chegam a ser anunciadas nas notícias
nacionais. Com mais de seis crianças a serem mortas pelos pais todos
os dias, o assassínio de crianças é comum demais para ser
considerado digno de aparecer nas notícias.

Inibição de mordida com outros cães


Lutas entre cães oferecem uma ilustração da eficácia duma boa e sólida
inibição de mordida. quando os cães brigam normalmente parece que se estão
a matar uns aos outros, e parece que se mordem com muita força várias
vezes. No entanto, quando a briga termina e eles se acalmam, ao
examinarmos os cães, 99% do tempo a maioria dos cães não têm nenhuma
ferida. Apesar da briga ter parecido um frenesim de atividade e ambos os cães
terem ficado muito alterados, nenhum dano grave resultou disso graças a uma
boa inibição de mordida, adquirida quando eram cachorros. Os cachorros
tendem a ensinar uns aos outros inibição de mordida enquanto brincam às
lutas, uma das suas atividades favoritas.
A não ser que tenha cães adultos vacinados em casa, o seu cão deve viver
num vácuo social temporário e a sociabilização entre cães terá que ser
temporariamente adiada. Até que o seu cachorro tenha adquirido suficientes
imunidades ativas, é muito arriscado deixá-lo sociabilizar com cães que
tenham um historial de imunidade dúbio ou com cães que estiveram em
contacto com a urina e/ou fezes de cães que possam estar infetados com
parvovirose ou outras doenças graves. No entanto, assim que o seu cachorro
tiver desenvolvido imunidade suficiente para poder sair lá fora – o mais
tardar aos três meses de idade - é urgente compensar o tempo perdido no que
toca à sociabilização entre cães. Inscreva o seu cachorro em aulas de
sociabilização de cachorros imediatamente e leve o cachorro a passear e ao
parque local várias vezes por dia. você irá agradecer esse esforço por muitos
anos que seguem. Não existe melhor divertimento do que observar o seu cão
adulto a brincar de forma sociável com outros cães.
Inibição de mordida, no entanto, é algo que não pode esperar. Se não
existem outros cães em sua casa com os quais o seu cachorro possa brincar,
você tem que ensinar ao seu cachorro inibição de mordida até que ele tenha
idade suficiente para ir para as aulas.
Inibição de mordida com pessoas
Mesmo que o seu cachorro tenha alguns amigos caninos em casa, você
ainda assim tem que ensinar ao cachorro a inibir a força e a frequência das
suas mordidas a pessoas. Também tem que ensinar ao cachorro como deve
reagir quando se sente assustado ou quando se magoa com pessoas. Ele pode
ganir, mas não deve morder e nunca deve causar dano grave.

Cachorros jovens embarcam em “brigas” frequentes e morosas. A maioria das brigas


são um ingrediente essencial no repertório de brincadeiras normais para cachorros,
mas estes também têm brigas ocasionais que têm por intenção estabelecer ranking.
Brigas frequentes e disputas ocasionais de Ranking são essenciais para afinar a
inibição de mordida.

Mesmo que o seu cão seja muito amigável e mordisque com pouca força,
aos cinco meses de idade, o mais tardar, ele deve aprender a nunca tocar o
corpo ou roupas das pessoas com a boca a não ser que seja pedido para o
fazer. Apesar do mordiscar ser essencial nos cachorros e aceitável em cães
adolescentes, seria inapropriado para um cão quase ou mesmo adulto
mordiscar as visitas e os estranhos. Seria realmente inaceitável para um cão
com seis meses de idade aproximar-se de uma criança e abocanhar-lhe o
braço, nem que fosse com muita suavidade e com boas intenções. Seria
extremamente assustador para a criança, já para não falar dos pais.
Exercícios para inibição de mordida
Por favor leia esta secção com muita atenção. Eu vou repetir vezes sem
conta que: ensinar inibição de mordida é a parte mais importante de toda a
educação do seu cachorro.
Certamente que o comportamento de mordiscar do seu cachorro será
eventualmente eliminado na totalidade. Obviamente que não podemos ter um
cão adulto a brincar às mordiscadelas com os amigos, família e estranhos
como fazem os cachorros. No entanto, é crucial que isto seja feito gradual e
progressivamente via um processo sistemático que inclui dois passos:
primeiro, inibir a força com a qual o cachorro morde, e, segundo, diminuir a
frequência com que ele mordisca.
Idealmente as duas fases deveriam ser ensinadas nessa sequência, mas
com aqueles cachorros que mordiscam mais ativamente, você talvez queira
ensinar as duas fases ao mesmo tempo. Em ambos os casos, você deve
ensinar o cachorro a morder com suavidade antes de impedir de todo o
comportamento de mordiscar.

Inibir a força das mordidas


O primeiro passo é fazer com que o cachorro pare de magoar as pessoas:
ensiná-lo a inibir a força das suas mordiscadelas. Não é necessário punir o
cachorro, e certamente que as punições físicas não são necessárias. Mas é
essencial deixar que o seu cachorro se aperceba que mordiscar magoa. Um
simples “AU!” é usualmente suficiente. quando o cachorro parar, espere
alguns segundos para “tratar da ferida”, instrua o cachorro a vir, sentar e
deitar para “pedir desculpa” e fazer as pazes. Depois reinicie a brincadeira. Se
o seu cachorro não responder ao seu grito parando, outra técnica eficaz é
chamar o cachorro de “bruto!” e sair do local fechando a porta atrás de si.
Deixe o cachorro sozinho durante um ou dois minutos para refletir na
associação entre uma mordiscadela dolorosa e a saída imediata do seu
companheiro humano preferido para as brincadeiras. Depois volte para fazer
as pazes. é importante mostrar que ainda gosta do cachorro, e que o problema
jaz apenas no facto de as suas mordidas serem dolorosas. Faça com que o
cachorro venha até a si, se sente e depois recomece a brincadeira mais uma
vez.
É muito mais fácil para si afastar-se do cachorro do que tentar fisicamente
segurá-lo ou retirálo de perto de si quando ele está a mordiscar muito.
Portanto torne um hábito brincar na zona de confinamento longo do seu
cachorro. Esta técnica é extremamente eficaz com cães de temperamento
forte, porque é precisamente assim que os cachorros aprendem a inibir a força
das suas mordidas quando brincam. Se um cachorro mordisca outro com
força a mais, o que foi mordido gane e adia a brincadeira enquanto atende à
mordida. O que mordiscou rapidamente aprende que uma mordida forte
interrompe uma agradável sessão de brincadeira. Ele aprende a mordiscar
com mais suavidade quando reiniciar a brincadeira.
O próximo passo inclui eliminar totalmente a pressão da mordida, mesmo
quando as mordiscadelas do cachorro já não magoam. Enquanto o seu
cachorro está a mordiscar o seu brinquedo humano favorito, espere por uma
mordiscadela que seja ligeiramente mais forte que as outras e responda como
se tivesse magoado mesmo muito, mesmo que não tenha magoado nada “AU,
seu bruto! Devagar! Magoaste-me a sério!”. O seu cachorro vai começar a
“pensar!” “Bolas! Estes humanos são meeeeeeesmo sensíveis. Tenho mesmo
que ter muito cuidado quando mordisco na pele tão delicada deles!”. E é
precisamente isso que você quer que o seu cachorro pense: que ele precisa de
ter mesmo muito cuidado e ser mesmo muito gentil quando brinca com as
pessoas.
Fotografia: Jennifer Bassing

Quantas mais vezes um cachorro o mordiscar e receber um feedback apropriado,


melhor se tornará a sua inibição de mordida e mais seguros serão os seus maxilares
quando chegar a adulto. Feedback apropriado que reduza a força que o cachorro
aplica nas mordidas inclui recompensar o cachorro quando este mordisca suavemente;
ganir e tirar uma pausa na brincadeira quando a pressão aumenta; ganir e tirar uma
pausa de trinta segundos depois duma mordida mais dolorosa. Após cada pausa ou
time-out, lembre-se de instruir o seu cachorro a vir, sentar e deitar antes de reiniciar a
brincadeira.

O seu cachorro deve aprender a não magoar as pessoas antes dos três
meses de idade. Idealmente, quando atingir os quatro meses e meio – antes de
desenvolver maxilares fortes e caninos adultos – não deve estar mais a
exercer qualquer tipo de pressão na sua mordida.

Diminuir a frequência das mordiscadelas


Assim que o seu cachorro aprender a mordiscar gentilmente, chega a
altura de reduzir a frequência com que mordisca. O seu cachorro deve
aprender que mordiscar não é problemático mas que ele deve parar quando
lhe pedem. Porquê? Porque é inconveniente beber uma caneca de chá ou
atender o telefone com um cachorro de 20 kgs pendurado no pulso. É por
isso.
É muito melhor primeiro ensinar o “larga” usando a comida como
distração e como recompensa. O trato é: assim que eu digo “larga”, se não
tocares no pedaço de comida que está na minha mão nem que seja por um
segundo, eu vou dizer “toma” e podes ficar com ele. Assim que o cachorro
estiver “fluente” nesta simples tarefa, aumente para dois ou três segundos
sem contacto e depois cinco, oito, doze, vinte e por aí adiante. Conte os
segundos e elogie o cão a cada segundo: “Boa um, boa dois, boa três…” e por
aí adiante. Se o cachorro tocar na recompensa antes de você dizer “toma”
comece a contar do zero novamente. O seu cachorro vai aprender
rapidamente que a partir do momento que você diz “larga” ele não pode
aceder à recompensa enquanto não esperar oito segundos. Para além disso,
alimentar o cachorro à mão é uma excelente forma de construir uma boca
suave no seu cachorro.
Assim que o seu cachorro entender o pedido de “larga”, use comida como
um engodo e recompensa para ensiná-lo a parar de mordiscar. Diga “larga” e
mostre ao cachorro um pedaço de comida como engodo de forma a encorajar
o cachorro a largar e sentar-se. Depois elogie o cachorro e dê a comida como
recompensa quando ele o fizer.
O objetivo principal deste exercício é praticar que o cachorro pare de
mordiscar e como tal de cada vez que o cachorro obedientemente pare e
desista, recomece a brincadeira de novo. Pare e comece este jogo várias
vezes. Para além disso como o cachorro gosta de mordiscar, a melhor
recompensa para parar de mordiscar é a oportunidade de mordiscar outra vez.
Quando decidir parar a sessão de mordiscadela de vez, diga “larga” e ofereça
ao cachorro um Kong recheado com ração.
Se alguma vez o seu cachorro se recusar a largar a sua mão quando você
disser “larga”, diga “bruto!” e rapidamente retire a mão da boca dele, e saia
do quarto resmungando “já chega, agora é que foi, estragaste tudo!” fechando
a porta atrás de si. Dê ao cachorro uns minutos para refletir na perda e volte
para dentro, chame-o, peça-lhe um senta para fazerem as pazes antes de
continuar o jogo das mordiscadelas.
Quando o cachorro chegar aos cinco meses, de idade, ele deverá ter uma
mordida tão suave como um Labrador de 14 anos: o seu cachorro nunca
deverá iniciar um jogo de mordiscadelas a não ser que você peça; nunca deve
exercer nenhum tipo de pressão quando mordiscar; e deve parar de mordiscar
e acalmarse assim que você ou qualquer membro da família pedir.
Quer você permita ou não ao seu cão adulto mordiscar quando você pede,
já depende de si. Para a maioria dos donos eu recomendo que ensinem os
cachorros a parar definitivamente de mordiscar quando chegam aos seis ou
oito meses de idade. No entanto, é essencial continuar com os exercícios de
inibição de mordida. De outra forma, a força da mordida do seu cão vai
começar a alterar-se novamente e tornar-se novamente mais forte enquanto
ele cresce. É importante alimentar o cão à mão com regularidade e limpar os
seus dentes com regularidade, uma vez que estes exercícios envolvem a mão
de um humano dentro da boca do cão.
Para aqueles donos que têm um bom controlo sobre os seus cães, não
existe uma melhor forma de manter a boca do cão suave do que uma
brincadeira regular de “lutas”. No entanto, para prevenir que o seu cachorro
perca o controlo e para que você realmente beneficie totalmente da
brincadeira, você deve seguir regras restritas. As regras de brincar às lutas
estão descritas em detalhe no nosso livrete “Prevenir Agressão”.
Brincar às lutas ensina o cachorro a mordiscar apenas as mãos que são
muito sensíveis à pressão, mas nunca a roupa. Atacadores, gravatas, calças e
cabelo não têm nervos sensitivos e portanto não sentem. Como tal não é
possível dar um feedback apropriado quando o cachorro começa a morder
com muita força e muito perto da sua pele.

Estabelecer uma boa inibição de mordida é tão vitalmente importante que cerca de 90%
das brincadeiras dos cachorros envolve morderem-se uns aos outros. Talvez
devêssemos aprender com os nossos cães.

A brincadeira de “luta” também ensina o seu cachorro que ele deve aderir
às regras relacionadas com a força com que usa os maxilares,
independentemente do quão excitado ele esteja. Basicamente, brincar às lutas,
dá-lhe a oportunidade de praticar o controlo do seu cachorro quando este está
excitado. É muito importante estabelecer tal controlo num ambiente
estruturado antes que as situações da vida real ocorram.
Sessões de brincadeira fora de controlo
Alguns donos, especialmente machos adultos, machos adolescentes e
jovens, rapidamente deixam que as sessões de mordiscadelas se
descontrolem. É por isso que muitos livros e textos sobre treino canino
recomendam não brincar com jogos do tipo Tug-of-War ou brincar às lutas.
O objetivo ao brincar a estes jogos é precisamente melhorar o controlo do
cão. E se você brincar a estes jogos e seguir as regras, em breve terá um
excelente controlo sobre o comportamento de mordiscar do seu cachorro, a
vocalização do mesmo, o seu nível de energia e atividade. No entanto, se não
brincar a estes jogos, rapidamente terá um cão adulto que perigosamente
pode ficar fora do seu controlo.
Eu tenho uma regra muito simples com os meus cães: ninguém tem
permissão para interagir ou brincar com eles a não ser que saibam vir, sentar,
deitar, falar e calar sob comando. Estas regras aplicam-se a todos,
especialmente família, amigos e visitas, isto é, aquelas pessoas que
usualmente estragam mais o comportamento do seu cão. Para os jogos ativos
como o tug, brincar às lutas e uma versão única de futebol eu tenho uma
regra extra: Ninguém pode brincar com os cães a não ser que a qualquer
altura eles possam imediatamente parar o cão e fazê-lo sentar ou deitar.
Pratique o “larga”, “senta” e “sossega” muitas vezes durante as sessões de
brincadeira com o seu cão e brevemente terá um cão bem controlado que
aprendeu a ouvir independentemente do quão excitado ou alterado esteja.
Não brinque com o seu cão sem interrupções frequentes. Pratique pausas
frequentes, pelo menos a cada 15 segundos para se assegurar que está sob
controlo e que consegue com rapidez fazer com que o cachorro largue, se
acalme e sossegue. Quanto mais praticar, mais controlo terá.

Os cachorros com bocas “suaves”


Muitas raças de caça, especialmente os Spaniel (e especialmente os bons
Spaniel), têm bocas extremamente suaves quando são cachorros e como tal
recebem feedback muito limitado, não sabendo que, se quiserem, os seus
maxilares magoam bastante. Se um cachorro não morder, mordiscar ou não
morder com mais força ocasionalmente, é perigoso. O cachorro deve
aprender os seus limites e só pode aprendê-los se os exceder durante o
período de desenvolvimento e receber o feedback apropriado. A solução está
nas aulas de sociabilização de cachorros e nas brincadeiras sem trela com
outros cachorros.

Os cachorros que não mordem


Os cães tímidos raramente sociabilizam ou brincam com outros cães ou
estranhos. Portanto, raramente brincam a morder, e não aprendem a reduzir a
força das suas mordidas. A história clássica descreve o cão que não
mordiscava ou mordia muito quando era cachorro e nunca mordeu ninguém
quando adulto – até que uma criança tropeçou e caiu em cima do cão que
estava a roer um osso. Não só o cão mordeu, como a sua primeira mordida
deixou marcas profundas porque não tinha desenvolvido uma boa inibição de
mordida. Com os cachorros tímidos, a sociabilização é de extrema
importância e o tempo é crucial.
Da mesma forma, as raças da Ásia têm um nível muito alto de fidelidade
para com os donos, consequentemente, tendem a ser muito desligados com
outros cães ou estranhos. Alguns apenas mordiscam membros da família,
outros nem isso. Por causa disto raramente aprendem a inibir a força da
mordida.
Cachorros que não mordiscam devem ser sociabilizados imediatamente.
Eles devem começar a brincar às lutas e a mordiscar muito antes de atingirem
os quatro meses e meio. A sociabilização e o começo das brincadeiras são
melhor conseguidos se se inscreverem imediatamente nas aulas de
sociabilização de cachorros.

Um Grande Erro
Um erro comum é punir o cachorro quando querem que ele pare de
mordiscar. Na melhor das hipóteses, o cachorro não vai mais
mordiscar os membros da família que conseguirem eficazmente punir
o cachorro, mas ele irá direcionar as suas mordiscadelas para aqueles
que não têm esse controlo, como por exemplo, as crianças. O que é
pior ainda é que porque o cachorro deixa de mordiscar os adultos,
estes muitas vezes não entendem o suplício dos filhos. Pior que isso
ainda é, o cachorro que não mordisca ninguém por causa da punição.
Por isso deixa de receber treino de inibição de força das suas
mordidas. Está tudo bem até que alguém acidentalmente pisa a pata
do cão ou fecha a porta do carro na sua cauda, e a mordida será
profunda e grave devido a uma fraca inibição de mordida.

Rapidez no desenvolvimento
As raças de trabalho de grande porte desenvolvem-se mais lentamente e,
desde que não tenham desenvolvido quaisquer problemas, pode começar as
aulas de cachorrinho quando eles tiverem apenas quatro meses. Mas eles
devem começar as aulas até, pelo menos, aos quatro meses e meio. As raças
mais pequenas, no entanto, principalmente cães de gado, desenvolvem-se
com muito maior rapidez e esperar até que tenham quatro meses pode ser
tarde demais. Cães de gado, cães de pastoreio, cães miniaturas ou terriers
precisam estar nas aulas de sociabilização de cachorros assim que for seguro,
e certamente nunca depois dos três meses e meio.
Claro que, independentemente do tamanho e da velocidade do
desenvolvimento do seu cachorro, para conseguir o melhor da sua educação
formal, inscreva-se numa aula quando o cachorro tiver três meses e depois
inscreva-se noutra aula quando ele tiver quatro meses e meio.

Aulas para cachorros


Assim que o cachorro tiver três meses, existirá uma necessidade urgente
de compensar o tempo perdido em termos de sociabilização,
desenvolvimento da confiança com outros cães. O mais tardar, antes dele
completar as 18 semanas, o seu cachorro deverá começar as aulas de
sociabilização de cachorros.
Os quatro meses marcam o momento crítico no desenvolvimento do seu
cão, o ponto no qual ele muda de cachorro para adolescente, por vezes isto
acontece virtualmente da noite para o dia. Você tem que assegurar que se
matricula numa aula antes que o seu cachorro chegue à adolescência. Não
posso fazer notar mais a importância de se colocar nas mãos de um treinador
de cães profissional durante a difícil transição de cachorro para adolescente.
As aulas para cachorros permitem que o seu cachorro desenvolva as suas
competências sociais enquanto brinca com outros cachorros num ambiente
controlado e livre de perigos. Cachorros tímidos e medrosos rapidamente
ganham confiança duma forma rápida e os cachorros mais bruscos aprendem
a controlar-se e a serem mais gentis.
As sessões de brincadeira entre cachorros são muito importantes. A
brincadeira é essencial para os cachorros porque permite-lhes aumentar a sua
auto confiança e aprender etiqueta social canina adequada, para que mais
tarde quando forem adultos bem socializados prefiram brincar em vez de
fugir ou lutar. Se não forem suficientemente sociabilizados em cachorros os
cães usualmente crescem com pouca auto confiança para poderem brincar.
Para além disso, assim que se tornam medrosos ou agressivos em adultos,
estes cães são muito mais difíceis de reabilitar. Felizmente, estes potenciais
problemas podem ser facilmente evitados quando os cães são cachorros,
simplesmente deixando que brinquem muito com outros. Portanto
certifiquese que o seu cachorro tem muitas oportunidades para brincar. Não é
justo condenar o seu cão a uma vida de preocupações e ansiedade porque lhe
negou a oportunidade de brincar quando era cachorro.
Isto não quer, no entanto, dizer que um cão bem sociabilizado nunca entra
numa briga ou se assusta. Um cão sociabilizado pode sim assustar-se mas
usualmente recupera com mais facilidade. Os cães mal sociabilizados não.
Para além disso, os cães bem sociabilizados, que encontraram todos os
tamanhos e feitios de cães, estão melhor equipados a lidar com os encontros
ocasionais com cães pouco sociáveis ou pouco amigáveis.

Sociabilização a cães vs. sociabilização a pessoas


Treinar o seu cão a ser amigável com pessoas, e especialmente a apreciar
a companhia da sua família humana imediata é o segundo item mais
importante na educação do seu cachorro – muito mais importante do que a
sociabilização com outros cães. (Como já sabemos o item mais importante na
educação do seu cachorro, é a inibição de mordida).
Apesar de que algumas precauções lógicas tornem possível a vivência
com um cão que não se dá propriamente bem com outros cães, pode ser
extremamente difícil ou até perigoso para um cão que não gosta de pessoas –
especialmente se estas forem parte da família! Por isso, ser amigável com
pessoas é uma qualidade canina muito mais apetecível do que ser amigável
com cães.
Mas realmente é fantástico quando um cão é amigável com outros cães e
tem uma ampla oportunidade de conhecer e brincar com outros cães durante
os passeios e nos parques. Infelizmente, poucos cães de cidade, são passeados
e brincam com outros cães. Para muitos donos de cães, que o seu cão seja
sociável com outros cães não é uma prioridade. Por outro lado, para aqueles
donos que consideram esta uma prioridade, para muitos mesmo o motivo
pelo qual têm um cão, os seus cães são passeados e levados ao parque com
frequência e como tal crescem sociáveis com outros cães. Mas mesmo para
essas pessoas a sociabilização com pessoas acaba por ser feita porque no
parque o cachorro conhece muitas pessoas e até crianças.
A maioria das aulas para cachorros são orientadas para as famílias, por
isso o seu cachorro terá muitas oportunidades de sociabilizar com todo o tipo
de pessoas – homens, mulheres e especialmente crianças. E claro depois
existe o treino. Irá ficar completamente surpreendido com a quantidade de
coisas que o seu cachorro consegue aprender na primeira aula. Os cães
aprendem a vir, sentar e deitar quando pedido, a levantar-se e a rebolar para
serem examinados, a ouvir os donos e a ignorarem as distrações. E claro que
as aulas para cachorros são muito divertidas! Você nunca mais irá esquecer a
primeira aula para cachorros que teve. As aulas para cachorros são uma
aventura tanto para si como para o cachorro.
Lembre-se que está na aula para cachorros para aprender! E ainda existem
muitas coisas que você tem que aprender. Você irá aprender muitas dicas
ótimas para resolver problemas de comportamento. Irá aprender a comportar
a inevitável excitação que faz parte da adolescência de um cão. Mas mais
importante que tudo, você irá aprender a controlar o comportamento de
mordiscar do seu cachorro.
O motivo mais importante para as aulas de
cachorros
A razão número um para ir para aulas de cachorros é para poder dar ao
cachorro a melhor oportunidade de praticar a inibição de mordida. Quer o seu
cachorro ainda o mordisque muito ou com mais força que o desejado, quer
ele não esteja a mordiscar o suficiente para desenvolver uma boa inibição de
mordida, as aulas para cachorro vão ser a solução. Os outros cachorros são
excelentes professores. Eles dizem, “Morde-me com força a mais e não
brinco mais contigo!”. E como a maioria dos cachorros só quer passar o dia
todo a brincar acabam por ensinar aos outros cachorros inibição de mordida.
As aulas para cachorros da mesma idade, geram um nível de energia e
atividade altos, muito semelhante a ter um grupo de crianças da mesma idade.
Cada cachorro estimula o outro a perseguirem-se e brincarem às lutas de tal
forma que a quantidade de mordiscadelas durante as brincadeiras é
astronómica. Mais importante é que os cachorros conseguem provocar outros
de tal forma que inevitavelmente chegam a um ponto que estão tão excitados
que mordem com força a mais e recebem, então, um feedback apropriado. A
pele de um cachorro é extremamente sensível, para que os cachorros possam
dar um feedback apropriado e imediato quando são mordidos com força a
mais. Na realidade, um cachorro normalmente recebe mais e melhor feedback
numa hora, numa aula para cachorros, que durante uma semana inteira com o
seu dono em casa. E ainda, esta inibição de mordida que o cachorro adquire
nas aulas com outros cachorros, tende a generalizar para a inibição que aplica
com pessoas, tornando o treino em casa mais fácil.
Como já disse antes, até mesmo os cães muito sociáveis podem
ocasionalmente ter desentendimentos ou brigas. Afinal de contas, quem não
tem? Mas da mesma forma que aprendemos a resolver os conflitos entre nós
e com os nossos cães duma forma socialmente aceitável sem arrancar peles
ou partir ossos, também os cães bem socializados o fazem. Apesar de não ser
realista esperar que os cães nunca briguem, é totalmente realista esperar que
resolvam as suas divergências sem mutilar pessoas ou outros cães. Tudo
depende do nível de inibição de mordida que eles desenvolvem enquanto
mordiscam na brincadeira outros cachorros. Certifique-se que ele desenvolve
uma boca suave para que todas as futuras brigas sejam amigáveis e
inofensivas.

Outros cachorros são os melhores professores de inibição de mordida. Aos quatro


meses de idade, as brincadeiras dos cachorros são basicamente constituídas por
perseguições e mordiscadelas. Lembre-se de ver frequentemente se o seu cachorro não
está fora de controlo. Interrompa as brincadeiras do cachorro cada minuto agarrando
na coleira, acalmando-o e talvez instruindo-o a sentar-se antes de permitir que volte a
brincar. Lembre-se que você quer que o seu cachorro cresça sociável e controlado. Não
quer que o cachorro se torne descontrolado, hiperativo e um lunático social.

Riscos de saúde

“O veterinário diz que o nosso cachorro é novo demais para as aulas”


Compreensivelmente, os veterinários preocupam-se com a saúde física
dos seus pacientes. Doenças sérias e infeciosas, tais como parvovirose e
esgana, são uma preocupação nos cachorros e requerem uma série de vacinas
para criarem uma imunidade sólida. Aos três meses de idade, os cachorros
apenas têm 70 a 75 por cento da imunidade, por isso é uma preocupação
justificável que possam correr riscos se expostos à infeção. Mas as aulas dos
cachorros são locais seguros, uma vez que apenas cachorros vacinados estão
presentes e o chão é limpo e esterilizado com regularidade. Para além disso, a
saúde física do seu cachorro é apenas uma parte da preocupação. A saúde
comportamental e temperamental, são igualmente importantes.
O risco de um cachorro contrair uma infeção depende do seu nível de
imunidade e de infeção do ambiente. A imunidade de um cachorro aumenta
com as sucessivas imunizações até que se aproxima dos 99 por cento aos 5
meses de idade. Diferentes ambientes vão de relativamente seguros a muito
perigosos e não existe nenhum ambiente que seja 100% seguro.
Se a saúde física fosse a única preocupação, eu aconselharia a que nenhum
cachorro alguma vez fosse a áreas potencialmente infetadas até que tenham
pelo menos cinco ou seis meses de idade. No entanto, o comportamento do
cachorro, o seu temperamento, a sua inibição de mordida e estado mental são
tão importantes como a sua saúde física. Cada ano nos Estados Unidos, em
média cinco cachorros por clínica veterinária morrem de parvovirose,
enquanto algumas centenas são eutanasiados por problemas de
comportamento e temperamento. Na realidade, problemas comportamentais
são a doença terminal mais comum no primeiro ano de vida de um cão. E tal
como um cachorro em crescimento precisa de vacinas contra doenças
infeciosas, também requer imunizações sociais e educacionais para prevenir o
desenvolvimento de problemas comportamentais ou de temperamento. Para a
saúde global, um cachorro deve receber imunizações contra doenças, mas
deve também sair e passear, ir aos parques de cães e às aulas de cachorros o
mais cedo possível.
Quanto mais velho o cachorro, melhor a sua imunidade. Mantenha o seu
cachorro enquanto novinho o mais seguro possível – em casa – mas assim
que começa a crescer ele pode sair e aventurar-se para zonas menos seguras,
tais como aulas para cachorros. Uma vez que chega a adolescente a
imunidade do cão chega ao máximo, e ele pode explorar zonas mais
perigosas tais como passeios ou parques.
É um triste facto que o seu cachorro estará sempre a correr um risco. Por
exemplo, fezes secas que carreguem parvovirose podem voar com o vento e
ir parar ao seu jardim ou casa. Um membro da família pode calcar urina
infetada e trazê-la nos sapatos para casa. Portanto mantenha a higiene uma
rotina e deixe os sapatos lá fora. O local mais seguro para o seu cachorro é
dentro de casa ou no pátio ou jardim de casa. Mantenha-o nessas áreas
seguras até que tenha três meses de idade. Antes que o cachorro chegue aos
três meses pode ensinar-lhe boas maneiras e exercícios de sociabilização que
pode praticar na segurança de sua casa. Outros locais relativamente seguros
incluem o carro e as casas e quintais vedados de amigos ou família. Por isso é
possível que o seu cachorro comece a explorar com segurança o mundo ao
seu redor. Lembre-se apenas de o carregar ao colo quando passar da casa para
o carro e vice-versa.
Como já disse, aulas de cachorros dadas no interior de uma sala são um
ambiente muito seguro, mas mesmo assim recomendo que carregue o
cachorro entre a casa e o carro. Felizmente as raças com maiores problemas
de imunidade – como os Rotweilers e os Dobermanns por exemplo – são
raças que se desenvolvem mais lentamente e como tal não é tão grave adiar as
aulas de cachorros até que tenham quatro meses. Eu na realidade prefiro os
cães que amadurecem mais lentamente e começar as aulas aos quatro meses
para que os problemas de adolescência possam ser tratados enquanto o
cachorro ainda frequenta as aulas. Doutra forma, se um cachorro começar as
aulas de cachorros aos três meses, ele irá acabar as aulas aos quatro meses e o
dono irá pensar que ainda mora com um peluche.
Eu também aconselharia a que não levasse logo o seu cachorro a parques
ou passeios na via pública frequentada por outros cães (que podem estar
contaminados por vírus ou agente infeciosos) até que ele tenha pelo menos
quatro meses de idade. Você pode sempre praticar andar à trela sem puxar à
volta de sua casa antes de ir para um local público e deve convidar varias
pessoas a virem a sua casa regularmente.

Carregue o seu cachorro


Até mais do que os passeios ou parques, o chão da sala de espera ou
parque de estacionamento do veterinário são dois dos locais mais
perigosos para cachorros que ainda não têm todas as vacinas.
Enquanto que as mesas de examinação são limpas e esterilizadas
após cada cliente, o chão das salas de espera usualmente são
desinfetados apenas uma vez por dia e os parques de estacionamento
raramente são lavados. Os cães urinam e defecam nos parques de
estacionamento e ocasionalmente nas salas de espera. A urina pode
estar contaminada com leptospirose ou com o vírus da esgana e as
fezes podem estar contaminadas com parvovirose, coronavirus ou
com uma variedade de parasitas internos. Quando estiver na sala de
espera, mantenha o cachorro no seu colo durante todo o tempo. Ou
então pode deixar o cachorro no carro e transportá-lo diretamente
para a sala de examinação quando chegar a sua vez.

“Mas o nosso cachorro dá-se bem com os outros cães lá em casa”


O seu cachorro até pode ser o Sr. Sociável com o seu outro cão, mas você
vai apanhar um choque quando ele sair à rua para um passeio, ou a um
parque, ou a uma aula de treino. Você irá rapidamente aperceber-se que o seu
cachorro não está sociabilizado. Ao invés disso ele provavelmente irá fugir e
esconder-se, rosnar de forma defensiva, atirar-se e mordiscar.
O seu cachorro pode parecer ser extremamente bem sociabilizado e
amigável em casa, mas só será amigável e bem sociabilizado com um cão. O
que também pode acontecer é que se torne dependente desse outro cão e
quando sair sem ele, não saberá o que fazer porque lhe falta a segurança e
companhia do seu melhor amigo e guarda.
A sociabilização requer conhecer uma grande variedade de cães. Para
manter um cachorro sociabilizado sociável, ele precisa conhecer cães
estranhos todos os dias. Portanto passeie muito o seu cão e leve-o
regularmente ao parque. Certifique-se também que o leva a aulas de
sociabilização de cachorros.
Fotografia: Carmen Noradunghian

É fantástico que o seu cachorro se dê bem com os outros cães lá de casa. No entanto,
para aprender a dar-se bem com cães desconhecidos, o seu cachorro precisa conhecê-
los nas aulas de cachorros, nos passeios e nos parques.

Usar um Kong como engodo para treinar um cachorro a sentarse numa aula de
cachorros em Manhattan (Manhattan, NY)

Os cachorros são periodicamente treinados a acalmarem-se e a sentar durante as


sessões de brincadeira entre cães nas aulas de cachorros da SIRIUS (Oakland, CA)

Procurar aulas para cachorros


É de esperar que tenha procurado uma variedade de aulas de cachorros
antes de ir buscar o seu cachorro, para ter uma boa ideia do que procura e do
que está em oferta. Mas existem algumas dicas que pode seguir:
Evite aulas de cachorros que advoguem o uso de qualquer tipo de coleira
de metal ou qualquer tipo de punição física que assuste, magoe ou cause dor
ao seu cachorro. Empurrar, agarrar, dar esticões na coleira, agarrar cachaços,
abanar cachaços, alpha rollover e técnicas de dominação são consideradas
hoje em dia ineficazes, para além de serem contraproducentes e
desagradáveis. Estes métodos ultrapassados são, hoje em dia, algo que
pertence ao passado.
Lembre-se, o cachorro é seu. A sua educação, segurança e sanidade estão
nas suas mãos. Existem tantas aulas de cachorros que são excelentes. Procure
até encontrar uma.
Procure aulas de cachorros onde é dada aos cachorros a oportunidade de
brincar sem trela e onde os cachorros são frequentemente treinados a sossegar
durante as sessões de brincadeira, usando brinquedos, comida e brincadeiras.
Brincar sem trela é muito importante, mas igualmente importante é incluir
nessas brincadeiras muitos intervalos para que os donos possam praticar o
controlo que têm dos cachorros quando estes estão muito exaltados e
distraídos. Procure aulas onde os cachorros aprendem rapidamente e onde os
donos parecem satisfeitos com os progressos do cachorro. Acima de tudo
procure aulas onde o treinador, os cachorros e os donos estejam todos a
divertir-se muito!
Seja você o juiz e julgue com sensatez. Escolher uma aula de cachorros
adequada é uma das decisões mais importantes.
www.knsediciones.com

CAPÍTULO SEIS
A SEXTA FASE DO
DESENVOLVIMENTO
(A partir dos cinco meses e depois)

Prevenir problemas na adolescência


Por esta altura já está provavelmente exausto pelos esforços que tem feito
em educar corretamente o seu cachorro. Mas espero também, que esteja
justificadamente orgulhoso do seu cão bem socializado, bem comportado,
com excelente temperamento e com uma inibição de mordida adequada. O
desafio agora prende-se com manter as qualidades inegáveis do seu cachorro.

Fotografia: Mimi Wheiping Lou

O primeiro propósito em educar um cachorro é produzir um cachorro


amigável, confiante e bem-disposto para que você possa enfrentar os desafios
que a adolescência do seu cachorro irão trazer e para que ele possa lidar com
os imensos desafios sociais que os cães, especialmente os machos, enfrentam
enquanto navegam pela adolescência. É muito mais fácil aproximarmo-nos da
fase da adolescência com um cão já sociável e bem treinado. No entanto,
manter a sociabilização e treino pela adolescência pode ser complicado se
você não souber o que esperar ou como lidar com as questões que surgem.

Mudanças durante a adolescência


O comportamento é algo que está em constante mudança, por vezes para
melhor, outras vezes para pior. As coisas continuarão a melhorar se você
continuar a trabalhar com o seu cão adolescente, mas irão definitivamente
piorar se você não fizer nada. Tanto o comportamento como o temperamento
tendem a estabilizar, quer seja para melhor como para pior, assim que o cão
amadurece por volta do segundo ano de idade para cães de raça pequena e ao
terceiro aniversário para cães de grande porte. Mas até lá, se você não
conseguir manter a coisas, podem existir mudanças precipitadas ou
catastróficas no temperamento e comportamento do seu cão. Mesmo quando
o seu cão chega à maturidade, você deve estar alerta para o aparecimento de
características e comportamentos, que você deve rapidamente “atacar pela
raiz” antes de que se tornem hábitos.
O período de adolescência de um cão é quando tudo começa a
desmoronar, a não ser que você faça um esforço consciente para manter a
estabilidade até à idade adulta. A adolescência do seu cão é um momento
crítico. Ignore a educação do seu cão e irá viver com um cão malcomportado,
com pouca sociabilização e hiperativo. Aqui ficam algumas coisas nas quais
deve pensar:

Maneiras, inibição de mordida, sociabilização


As boas maneiras em casa podem deteriorar-se conforme o tempo,
especialmente se você começar a tomar o bom comportamento como
garantido. Mas se você ensinou bem o cachorro durante os primeiros meses
de vida dele, a mudança nas boas maneiras será mais pequena e manter-se-á
até à idade geriátrica.
As boas maneiras podem sofrer uma reviravolta quando o cão chega à
adolescência. O treino com recompensa foi simples: você ensinou o seu
cachorro a vir, a sentar, deitar, ficar sossegado e rebolar, olhar para si com
atenção e respeitá-lo porque você é o sol, a lua e as estrelas do mundo do seu
cão. Mas agora o seu cachorro começa a desenvolver alguns interesses mais
adultos, tais como investigar o traseiro de outros cães, cheirar urinas e fezes
na relva, rebolar em objetos com cheiros não identificáveis e perseguir
esquilos. Os novos interesses do seu cão podem rapidamente tornar-se uma
distração no treino do seu cão, que agora vai preferir cheirar o traseiro de um
outro cão, do que vir a correr até si quando você o chama. (que pensamento
assustador, pensar que o seu cão prefere o traseiro de outro cão, do que vir até
a si!). Subitamente ele não vem, não senta, não deita nem sossega mas
prefere saltar, puxar na trela e torna-se hiperativo.
Inibição de mordida tende a esmorecer quando o cão cresce e desenvolve
maxilares mais fortes. Dar ao seu cão suficientes oportunidades para brincar
com outros cães, dar comida à mão e periodicamente examinar e limpar os
dentes do seu cão são os melhores exercícios para assegurar que o seu cão
adolescente mantém uma boca “mole”.
A sociabilização tende a entrar em decadência durante a adolescência por
vezes de forma surpreendentemente rápida. À medida que ficam mais velhos,
os cães têm menores possibilidades de conhecer pessoas e cães estranhos. As
aulas de cachorros e as festas de cachorros passam a pertencer ao passado e a
maioria dos donos de cães já têm uma rotina quando o cão atinge os cinco ou
seis meses de idade. Em casa, o cão interage com os mesmos amigos e
família, e é passeado (quando é) sempre pelos mesmos caminhos e vê sempre
os mesmos cães. Consequentemente, muitos cães adolescentes tornam-se
progressivamente menos sociáveis com estranhos e com cães até que
eventualmente se tornam intolerantes exceto com um círculo restrito de
amigos.
Se o seu cão adolescente não sai regularmente e se estranhos não visitam
regularmente a sua casa, a dessocialização pode ocorrer de forma
alarmantemente rápida. Aos cinco meses o seu cão que era uma borboleta
social sempre com o rabo a abanar e a cumprimentar pessoas, é agora aos oito
meses defensivo e a expressar muita falta de confiança: ele ladra e afasta-se
ou atira-se com o pelo eriçado. Um cão que antes era sociável e amigável
pode subitamente e sem aviso assustar-se perante um estranho.
A sociabilização do cachorro foi um prelúdio para a socialização segura e
contínua do seu cão adolescente. No entanto, o seu cão adolescente deve
continuar a conhecer pessoas estranhas regularmente, doutra forma, ele vai
progressivamente dessocializar.
A socialização bem sucedida do seu cão adolescente faz com que a
socialização do seu cão adulto seja um prazer. Socializar é um processo
contínuo.
A socialização entre cães também se deteriora na adolescência, muitas
vezes a um ritmo alarmante, especialmente para cães muito pequenos ou
muito grandes. Primeiro, ensinar um cão a dar-se bem com outros cães é uma
tarefa difícil. Grupos de canídeos selvagens – lobos, coiotes, chacais, etc. –
raramente aceitam estranhos no seu meio, mas é exatamente isso que
queremos, do canis familiaris. Em segundo lugar, não é realista esperar que
um cão seja o melhor amigo de todos os cães que encontra.
Tal como as pessoas, os cães têm amigos especiais, conhecimentos
casuais e indivíduos de que não gostam particularmente. Em terceiro lugar, é
muito natural para os cães (especialmente machos) entrarem em brigas. Na
verdade, é raro um cão macho que nunca tenha estado envolvido numa
qualquer altercação física. Tudo corre bem entre cachorros que brincam na
aula e nos parques, mas com cães adolescentes as brigas, desentendimentos e
mesmo as brincadeiras podem ser muito reais.
A melhor forma de manter o seu cão socializado é passeando regularmente e visitando
os seus parques locais.

As primeiras visitas ao parque dos cães podem ser um pouco assustadoras para o seu
cão. Não faz mal se o seu cão se esconder ou procurar segurança perto de si. Pegue
imediatamente no seu cachorro ao colo, se estiver preocupado com a sua segurança; de
outra forma, tente o seu melhor para não reforçar sem querer o comportamento de
medo, fazendo festas enquanto o cachorro se esconde. Ao invés disso, peça a pessoas e
tente com que os outros cães atraiam o seu para o espaço aberto, e depois incentive o
seu cão entusiasticamente sempre que ele voluntariamente sair do esconderijo.

A primeira briga de um cão adolescente muitas vezes marca o início do


fim da sua socialização com outros cães. Mais uma vez, isto é mais real para
cães muito pequenos e muito grandes. Os donos de cães pequenos
preocupam-se com razão com a segurança dos seus cães e sentem-se
relutantes em deixar os seus cães correrem com cães de porte maior. Aqui é
que a socialização começa a entrar em declínio e o cão pequeno começa a
ficar cada vez mais reativo. Agora começa o círculo vicioso: quanto menos
socializado está mais ele briga e logo menos socializado estará.

Brigas

“Ele briga a maioria do tempo! Ele está a tentar matar outros cães!”
A fúria e o barulho duma briga de cães pode ser muito assustador para
quem vê, especialmente para os donos de cães. Na verdade, existem poucas
coisas que assustam mais os donos do que ver os seus cães numa briga.
Consequentemente, os donos devem ser objetivos quando avaliam a
gravidade de uma briga de cães. Senão uma única briga vai ser suficiente para
acabar com a socialização do seu cão. Na maioria dos casos, as brigas de cães
são altamente estereotipadas, controladas e relativamente seguras. Com o
feedback apropriado por parte do dono, o prognóstico para a resolução das
brigas é bom. Por outro lado, feedback irracional e emotivo, para além de ser
problemático para o dono, pode exacerbar o problema do cão.
É extremamente comum para os cães, principalmente adolescentes
machos, posturar, fixar, rosnar, arreganhar os dentes e até entrar em brigas.
Este comportamento não é “mau”, mas antes reflete o que os cães
normalmente fazem. Os cães não escrevem cartas de reclamação ou ligam aos
advogados. Rosnar e brigar, no entanto, quase sempre reflete uma qualquer
falta de confiança, característica muitas vezes típica da adolescência
masculina. Com tempo e socialização contínua, os cães adolescentes
normalmente desenvolvem suficiente confiança e não precisam mais de
continuar a provar nada. Para ter a confiança suficiente para conseguir
socializar o cão que instigou uma briga, o dono deve convencer-se que o seu
“cão que briga” não é perigoso. Um cão pode ser irritante e até extremamente
chato, mas isto não quer dizer que vai magoar seriamente outro cão. Onde
rosnar e brigar são comportamentos típicos do desenvolvimento do cão,
causar danos sérios ao cão já não.
Primeiro, é preciso estabelecer a severidade do problema. Segundo, é
preciso assegurar-se que reage apropriadamente quando o cão briga e dar
feedback apropriado quando ele não briga.
Para saber se realmente tem ou não um problema, estabeleça a quantidade
de brigas do seu cão. Para fazer isto precisa de responder a duas questões:
quantas vezes, esteve o seu cão, envolvido numa briga? E quantas dessas
brigas é que puseram o outro cão no veterinário?
Dez para zero, é um coeficiente normal para um cão macho de cerca de
um ou dois anos, isto é, dez brigas com outros cães e zero idas ao veterinário.
Este coeficiente não demonstra um problema grave. Obviamente que o cão
não está a “tentar matar” o outro cão, porque não causou dano grave em dez
brigas. O cão teria causado dano grave se ele quisesse. Mais do que isso, em
cada ocasião, o cão restringe as mordidas ao pescoço, cabeça e focinho do
outro cão. Certamente, não existe melhor prova da existência de uma boa
inibição de mordida do que no meio do frenesim duma briga, o cão
abocanhar o pescoço de outro e mesmo assim não magoar.
Este cão não é perigoso. Ele é apenas socialmente inapto tal qual a grande
maioria dos cães adolescentes. Sim, o cão é irritante, mas tem uma fantástica
inibição de mordida (estabelecida quando era cachorro) e nunca magoou
seriamente nenhum outro cão. Provas duras e cruas de uma boa inibição de
mordida – dez brigas e zero mordidas graves geridas pelas regras normais das
lutas – faz com que seja extremamente improvável que este cão alguma vez
magoe outro cão.
Brigas querem dizer más notícias, mas usualmente trazem boas notícias!
Desde que o seu cão não magoe outro cão, cada briga dar-lhe-á mais provas
que o seu cão tem de facto uma excelente inibição de mordida. O seu cão
pode ter pouca confiança ou pouca capacidade de interagir a nível social, mas
pelo menos os seus maxilares são seguros. Este não é um cão perigoso.
Consequentemente, a solução para o problema será simples. Claro, você
ainda tem um cão que precisa de treino, uma vez que o seu cão aborrece
outros cães e outros donos, tanto quanto o chateia a si.
Por outro lado, se o seu cão causar feridas graves nos membros ou no
abdómen dos outros cães numa única briga, então você tem em mãos um
problema sério. O prognóstico é mau, o tratamento será muito complicado,
moroso e potencialmente perigoso, necessitando ajuda especialista e
certamente sem garantias de um resultado favorável. Nenhum outro problema
canino apresenta um tão grande contraste entre prevenção e tratamento.

Um cão adulto que briga muito e tem uma fraca inibição de mordida é o
cão mais difícil de reabilitar, mas a prevenção deste caso quando o cão é
cachorro é fácil, requer pouco esforço e até é agradável de ser feita:
simplesmente inscreva o cachorro em aulas de sociabilização de cachorros e
leve o cão regularmente ao parque. Não espere que o seu cão adolescente
entre numa briga para aprender que você não gosta. Antes, habitue-se a
elogiar e reforçar o seu cachorro sempre que ele cumprimenta outro cão duma
forma amigável. Eu sei que pode parecer parvo – recompensar o seu
cachorrito de quatro meses e oferecer-lhe um pedaço de comida sempre que
ele não briga – mas esta é a melhor forma de prevenir essas mesmas brigas e
impedir que estas se tornem um problema sério.
Os cumprimentos caninos normalmente envolvem uma investigação detalhada das
partes privadas uns dos outros. Ler o cartão de boas vindas de outro cão é normalmente
um prelúdio para uma brincadeira. Elogie o cachorro sempre que ele cumprimentar
outro cão. Não tome por garantido os cumprimentos amigáveis do seu cachorro; a sua
primeira briga está provavelmente a alguns meses, ou semanas de distância. Se você
não quer que o seu cão entre numa briga você deve dizer ao seu cão o quão satisfeito
está quando ele cumprimenta outros cães e brinca duma forma apropriada.

O segredo para o sucesso do cão adolescente


Faça sempre questão de elogiar o seu cão e dar-lhe algumas recompensas
sempre que ele faça as necessidades no local correto. Tenha um pedaço de
salsicha numa taça perto da zona onde o seu cão costuma ir à casa de banho.
Você precisa estar lá de qualquer forma para inspecionar e apanhar as fezes
do seu cão (antes destas se tornarem ninho e jantar de dezenas de moscas).
Lembre-se que você quer que o seu cão elimine naquela área e que esteja
motivado a fazê-lo, mesmo que desenvolva incontinência geriátrica.
Um Kong recheado por dia, vai manter o comportamento de roer na linha.
O seu cão precisa de alguma terapia ocupacional para passar o tempo que está
sozinho em casa. Nada vai prevenir os problemas em casa tais como roer,
ladrar excessivo, hiperatividade, stress, aborrecimento ou ansiedade tão
eficazmente como dar a ração diária do seu cão em Kongs recheados.
Para o seu cão adolescente continuar a ser obediente e a fazer o que lhe
pede, você deve integrar curtas sessões de treino, especialmente sentas de
emergência e deitas e ficas nos passeios, sessões de brincadeiras e nas
atividades do dia-a-dia. Manter o comportamento do seu cão durante a
adolescência é fácil se você souber como, mas extremamente difícil se não
souber como. Veja as secções seguintes de “treino durante os passeios” e
“treino como estilo de vida”.
Se alguma vez a sociabilização falhar e o seu cão mordiscar, atirar-se ou
arreganhar os dentes, você irá ficar grato por ter tido o bom senso de levar o
cachorro às aulas onde ele aprendeu inibição de mordida eficaz. As ações
defensivas do seu cão não irão magoar seriamente mas irão avisá-lo que é
melhor rever o programa de socialização e manter os exercícios de inibição
de mordida antes que as brigas aconteçam de novo, e vão acontecer. Continue
a praticar exercícios de inibição de mordida indefinidamente. Ocasionalmente
dê comida à mão ao seu cão e examine a sua boca e dentes (e até pode limpá-
los).
O segredo para um cão adulto bem socializado é ter pelo menos um
passeio por dia e algumas visitas ao parque por semana. Tente mudar o
percurso dos passeios e visitar parques diferentes para que o seu cão possa
conhecer uma variedade de cães e pessoas. Socializar significa treinar o seu
cão a conhecer e dar-se bem com pessoas e cães desconhecidos. A única
forma de conseguir isto é continuar diariamente a conhecer pessoas e cães
estranhos. Elogie e dê ao seu cão um petisco sempre que ele conhecer uma
nova pessoa ou um cão diferente.
E não se esqueça de manter a sua vida social ativa convidando amigos a
sua casa pelo menos uma vez por semana, para os manter envolvidos no
treino do seu cão. Peça-lhes que tragam alguém diferente para conhecer o seu
cão.
Organize uma festa para o seu cão e peça aos seus amigos para trazerem
os seus cães, aqueles que encontra no parque e nas aulas de cachorros.
Preparar o seu cão para a vida real – cães adultos, cães grandes e
ocasionalmente cães que não são amigáveis – assegure-se de que o seu cão
adolescente tem oportunidades suficientes para socializar e brincar com os
seus companheiros de quatro patas.

O passeio do seu cão


Assim que for seguro para o seu cachorro sair de casa, leve-o a dar
passeios – muitos. Não existe um melhor exercício de socialização e melhor
exercício em geral. Como bónus, passear cães faz bem à saúde, coração e
alma. Passeie o seu cão! Amarre um laço cor-de-rosa à sua coleira e veja
quantos sorrisos consegue arrancar das pessoas e quantos amigos consegue
fazer. Socializar com cães é ótimo para a sua própria vida social.

Fotografia: Jamie Dunbar

Um passeio com o seu cão é a melhor forma de socialização e exercício físico. E é o


melhor exercício físico para si.

Treinar o cão a fazer as necessidades durante os


passeios
Se você não tem um jardim ou pátio assegure-se de que o seu cão urina e
defeca na rua, mas antes de você começar o passeio. Dessa forma, o passeio
torna-se uma recompensa para fazer a coisa certa, no local correto, na hora
certa. Doutra forma, quando você terminar um passeio agradável depois do
cão ter feito as necessidades isso tornou-se uma punição pelo cão ter feito as
necessidades no local correto. O seu cão pode então começar a retardar fazer
as necessidades de forma a prolongar o passeio.
Ponha a trela no seu cachorro, saia de casa e fique no mesmo local
enquanto o cachorro circula e cheira. Espere cerca de cinco minutos. Se o seu
cão não fizer nada, volte para dentro e tente de novo. Mantenha o seu
cachorro na zona de confinamento de curta duração durante esse espaço de
tempo. Se o seu cão for durante esse período, elogie bastante, recompense
com algo de alto valor, diga “passeio!” e vá passear. Você rapidamente irá
ver que a associação “sem as necessidades não há passeio” rapidamente
produz um cão que faz as necessidades pronta e rapidamente.
Existem ainda benefícios adicionais ao ensinar o seu cachorro a fazer as
necessidades durante os passeios. Apanhar os dejetos e colocá-los no local
apropriado (lixo) é bem melhor do que ser surpreendido pelo cão que faz as
necessidades num local imprevisto e a meio do passeio. Passear um cão que
já não precisa de fazer as necessidades é também bem mais relaxante.

Assegure-se de que o seu cachorro faz as necessidades no seu quintal ou num local
apropriado em frente a sua casa antes de o ir passear. O passeio é a melhor
recompensa para conseguir um cão que faz as necessidades rapidamente.
Sociabilizar durante os passeios
Durante o passeio pare durante algum tempo. Não apresse o seu cão
durante o passeio. Dê ao seu cão suficientes oportunidades para relaxar e ver
o mundo ao redor. Um Kong recheado pode ajudar o seu cão a relaxar e
acalmar-se cada vez que você parar.
Nunca tome por garantido o temperamento do seu cão. O mundo pode ser
um local assustador e existirão situações que irão assustar o seu cão. A
melhor forma de lidar com isto é prevenção. Dar comida ao seu cão à mão
durante os passeios ajuda a que o cão forme associações positivas com
pessoas, outros cães, carros, etc. Ofereça ao seu cão um pedaço de ração cada
vez que um carro, uma mota ou um camião barulhento passar. Ofereça ao seu
cão uma mão cheia de ração cada vez que uma pessoa ou outro cão passar por
ele. Elogie o seu cão e ofereça-lhe uma recompensa sempre que ele
cumprimentar adequadamente outro cão ou uma pessoa estranha. Elogie o
seu cão e ofereça-lhe recompensas sempre que uma criança se aproxima. E
sempre que um adolescente passar de skate ou bicicleta, dê ao seu cão duas
mãos cheias de ração.

Fotografia: Jamie Dunbar

Pare várias vezes durante um passeio, relaxe e leia o jornal, enquanto o seu cão pratica
observar calmamente o mundo ao seu redor.
Se alguém quiser cumprimentar o seu cão, primeiro mostre-lhes como
devem usar um pedaço de ração para fazer com que o cão se sente. Peça ao
estranho para dar ao seu cão um pedaço de ração depois de ele se sentar.
Desde o início ensine o seu cão a sentar-se para conhecer pessoas.

Não se veja forçado a usar vegetação ou um papel esquecido no


seu bolso.
Lembre-se
de levar sempre um saco para apanhar as fezes do seu cão quando
vai passear.

Treinar durante os passeios


Quando o seu cão chegar aos cinco meses, a infância terminou e você
começará a aperceber-se que o campeonato de capacidade de puxar pesos dos
cães, atinge os dez mil kilos. Os cães puxam na trela por muitos motivos. A
vista para quem vai à frente é sempre melhor. Uma trela tensa dá ao cão
sinais telegráficos que comunicam as intenções do dono, dessa forma
podendo o cão dar-se ao luxo de olhar à sua volta e não prestar atenção ao
dono. Puxar na trela parece ser intrinsecamente agradável para os cães. E nós
permitimos que eles o façam. Cada segundo que a trela está tensa, cada vez
que o cão puxa é fortemente reforçado pelo passo que o cão dá para a frente
para investigar o ambiente olfativo que está sempre a mutar e que é tão
excitante.
Aqui ficam algumas coisas que deve e que nunca deve ensinar ao seu cão
para que este caminhe calmamente sem puxar na trela:
• Pratique caminhar com a trela à volta da sua casa e do seu jardim/quintal
desde o primeiro dia e leve o seu cachorro a passear a locais públicos
assim que ele puder.
• Não espere até que ele chegue à adolescência antes de começar a ensiná-
lo a andar de trela em público a não ser que queira dar aos transeuntes
um bom espetáculo.
• Alterne curtos períodos de 15 a 30 segundos com períodos mais longos
de cerca de um minuto nos quais o seu cão pode andar mais livremente
e ir cheirar o mundo na ponta da trela. Isto motiva o seu cão a caminhar
ao seu lado, porque ao fazer isto ele é regularmente reforçado ao ser
permitido a andar mais à frente e ir cheirar o ambiente.
• Não espere que o seu cão adolescente ou cachorro caminhe colado ao
seu lado por tempo indeterminado. Ele aprenderá que andar ao seu lado
não lhe permite andar livre e cheirar o ambiente. Ele não vai querer
andar mais ao seu lado e vai aprender que este treino e você lhe
estragam toda a diversão.
• Considere treinar o seu cão a puxar na trela. Assim, ao invés de se tornar
um problema, puxar na trela pode ser a solução, uma recompensa
eficaz para reforçar o facto de calmamente caminhar ao seu lado.
Alternar caminhar de trela laça e puxar na trela é usado muito com
Malamutes. Eles adoram. Se puser o puxar na trela sob comando, pode
também ser extremamente útil para ajudá-lo em subidas íngremes,
puxar trenós, skates e carrinhos.
• Nunca permita que seja o seu cão a decidir quando pode puxar na trela.
Aplique o treino da luz vermelha, luz verde. Quando o seu cão puxar
na trela, pare imediatamente, fique quieto e espere. Assim que a trela
ficar laça, ou melhor, assim que ele se sentar, continue com o passeio.

Luz vermelha - luz verde


O velho passeio deve ser uma das recompensas maiores para os cães,
seguido de uma corrida sem trela pelo parque. Muitos cães ficam
completamente loucos e excitados apenas com a perspetiva de irem passear,
e, claro, o passeio em si reforça essa loucura e excitação. Para além disso os
cães tendem a puxar com maior vigor e mais força a cada passo que dão e,
claro, cada passo que você dá reforça o ato de o cão puxar. Felizmente, existe
uma forma de impedir isto. O passeio em si pode ser um potente reforço para
ensinar ao seu cão boas maneiras.
Antes de ir dar um passeio, pratique sair de casa com gentileza. Diga
“vamos passear? Vamos à rua?” e pegue e abane a trela do cão. A maioria
dos cães vai ficar louca. Fique quieto e espere até que o seu cão se acalme e
se sente. O seu cão irá suspeitar que você quer que ele faça algo antes do
passeio começar, apesar de não saber o quê. Ele irá oferecer muitas opções
criativas, quiçá todo o repertório de comportamentos. O seu cão pode
começar a ladrar freneticamente, saltar, implorar, deitar, rebolar, dar-lhe com
a pata, andar à sua volta. Ignore tudo isto; o que você quer é que o seu cão se
sente. Não interessa quanto tempo é que vai demorar; o seu cão irá
eventualmente sentar-se. Quando ele o fizer diga “boa!” e ponha a trela.
Quando você puser a trela o seu cão vai voltar a ficar histérico. Por isso volte
a ficar quieto e espere que ele se volte a sentar. Quando ele o fizer, diga
“boa!” e dê um passo em direção à porta, fique quieto e espere que ele se
volte a sentar. Dirija-se à porta, um passo de cada vez, e espere que o seu cão
se sente todas as vezes. Espere que o seu cão se sente antes de você abrir a
porta e espere que ele se sente imediatamente depois de sair da porta. Depois
volte para dentro, tire a trela ao cão e repita o processo.
Você vai descobrir que com a prática o tempo que demora até o seu cão se
sentar diminui. Você também vai notar que o cão se vai tornar mais calmo
quando sai de casa para passear.
Não incentive nem peça ao cão para se sentar. Não lhe dê quaisquer dicas.
Deixe que o seu cão o faça sozinho. O seu cão está a aprender, mesmo
quando não oferece o comportamento correto. Ele está também a aprender o
que é que você não quer que ele faça. Quanto mais você esperar que o seu
cão se sente, mais ele aprende quais os comportamentos que não resultam.
quando o seu cão se senta e recebe um elogio e uma recompensa de comida
ele aprende o que é que você pretende dele.
Os cães adoram este jogo. Após jogar este jogo durante um curto período
de tempo, o seu cão vai aprender os comportamentos que fazem com que
você prossiga e quais os que fazem com que você fique quieto.
Quando o seu cão conseguir sair de casa duma forma calma e controlada,
é então altura de realmente ir passear. Coloque o jantar do seu cão num saco e
alimente-o durante o passeio. Ponha um pedaço de ração na mão, permaneça
quieto e espere que o seu cão se sente. Quando ele o fizer, diga “boa!” e
ofereça o pedaço de ração. Depois dê um passo largo para a frente e volte a
parar, e espere de novo que o seu cão se sente. Assim que você der um passo
para a frente, o mais normal é que o seu cão volte a entrar em histeria. Fique
quieto e espere. Eventualmente o seu cão vai voltar a sentar-se. Diga “boa!”,
ofereça o pedaço de ração e dê outro passo em frente. À medida que repetir
este processo muitas vezes, você vai notar que o cão se senta cada vez mais
rapidamente quando você pára. Após algumas repetições, quando você parar,
o senta do seu cão será automático. Quando isso acontecer dê dois passos em
frente antes de parar. Despois três passos e pare, depois cinco, oito, dez, vinte
e por aí adiante. Por esta altura já se apercebeu que o seu cão caminha
calmamente e com atenção ao seu lado e senta imediata e automaticamente de
cada vez que você pára. Você ensinou ao seu cão isto tudo numa sessão
apenas, e a única coisa que você diz durante esse tempo é “boa!”.

Evite excitar sem querer o seu cão


Se o seu cão explodir com energia de cada vez que você der um
passo, pense o quanto você estará a reforçar essa energia se continuar
a caminhar. Comece por dar um passo de cada vez e depois espere
que o cão acalme e se sente antes de continuar para o próximo passo.
Obviamente, você não pode treinar o seu cão desta forma e chegar a
algum lado rapidamente, por isso pratique isto durante passeios
relaxados com a intenção específica de ensinar o seu cão a andar na
trela sem puxar.

Senta-te e acalma-te
Pratique uma série de intervalos de treino durante o passeio. Pare durante
o passeio para uma curta sessão de treino. Por exemplo, cada vez que parar
diga “senta” e assim que o cão sentar diga “vamos” e recomece o passeio.
Dessa forma, sempre que você parar, o início do passeio recompensa
eficazmente o seu cão pelo senta que ele fizer.
Mantenha os intervalos de passeios curtos, nunca mais do que cerca de
cinco segundos, de forma a conseguir reforçar rapidamente os sentas e deitas
ou sequências curtas de mudanças de posição, tais como senta-deita-senta-
levanta-deita-senta. Você pode periodicamente reforçar o seu cão com um
pedaço de ração se desejar, mas não é necessário, porque recomeçar o passeio
é uma recompensa muito maior para o seu cão. Ocasionalmente introduza
uma sessão de treino maior e pratique com o seu cão caminhar do seu lado
cerca de 15 a 30 segundos ou pratique um deita e fica de dois minutos.
Ofereça um Kong recheado para que o seu cão se divirta enquanto você lê o
jornal.

Fotografia: Jamie Dunbar

Um Kong recheado pode ser usado como forma de ensinar o seu cão a sentar ou deitar
e também para entreter o seu cão enquanto você lê o jornal.

As técnicas de treino explicadas acima irão moldar o comportamento do


seu cão durante um passeio. Se você fizer cerca de setenta sessões de treino
durante um passeio, o passeio não se tornará um problema. Por exemplo,
você pode experienciar alguma dificuldade em que o seu cão se foque em si e
acalme das primeiras vezes que você parar, mas à quarta ou quinta vez será
bem mais fácil. Após um passeio agradável com muitas sessões de treino
incluídas o seu cão será brilhante.
O motivo pelo qual esta técnica é extraordinariamente bem sucedida é
porque:
1. Sessões de treino frequentes obrigam-no a enfrentar os medos e
conquistá-los. A natureza repetitiva destas sessões de treino permitem-
lhe resolver problemas de treino rapidamente. Por exemplo, o seu
problema não é que o seu cão não sossegue; ele sossega, mas só
eventualmente ou ocasionalmente. O que você quer é que o seu cão
sossegue imediatamente quando pedido. Pratique o exercício acima
citado. O seu cão irá acalmar cada vez mais rapidamente.
Eventualmente, ele aprenderá a fazer o que lhe pede com rapidez.
2. A maioria dos donos treinam os seus cães em um ou dois locais, tais
como a cozinha e a escola de treino, e acabam por ter um cão
extremamente obediente na cozinha e na escola. Mas o cão ainda não
aprendeu a tomar atenção durante os passeios. O que o cão aprendeu é
que senta só quer dizer senta na cozinha e na escola, porque isto só lhe
foi ensinado nesses dois locais. Com as diversas e frequentes sessões de
treino durante o passeio, literalmente cada sessão de treino será num
local diferente com diferentes distrações – em caminhos calmos ou
passeios movimentados, com folhas a voar ou perto de escolas, ou nos
pátios. Assim, o seu cão aprende a prestar atenção aos seus pedidos e
rapidamente efetuá-los independentemente de onde está e do que se
passa à sua volta. O seu cão vai aprender a generalizar o “senta” e
aprender que este significa põe o rabo no chão em qualquer local, em
qualquer altura.
Se você treinar o cão em todos os passeios que der com ele, rapidamente
terá um cachorro que senta rapidamente e que se acalma com rapidez com um
só pedido, independentemente do quão excitado ou distraído esteja. Mais
ainda, o seu cão aprende a sossegar alegremente e com vontade porque ele
sabe que isso não é o fim do mundo e muito menos o fim do passeio. O seu
cão aprende que “sossega”, por exemplo, é apenas um pedido que significa
que você quer que ele fique calmo durante um curto período de tempo antes
que o passeio recomece.
Agora com o seu cão bem treinado, você verá que é bem mais fácil
passear em diferentes locais. Agora você pode escolher a rota que quer sem
ser arrastado pelo caminho.

Treinar no carro
Não se esqueça de praticar no carro. É a mesma técnica que tem que usar
nos passeios. Durante alguns dias leia o jornal dentro do carro, depois de ter
dito ao cão “sossega” e lhe ter dado um Kong recheado. Faça uma pequena
sessão de treino cada minuto ou dois com algumas mudanças de posição ou
mudanças de local – banco de trás, banco da frente, crate, etc. É muito mais
fácil fazer isto quando não estiver a conduzir. Assim que o seu cão aprender a
responder imediatamente, repita os exercícios e dê uma voltinha pequena de
carro. Rapidamente descobrirá que o seu cão responde alegremente mesmo
enquanto você conduz.
Assim que o seu cão aprender a sossegar em qualquer altura e em
qualquer local – no carro ou durante os passeios – está na altura de levá-lo a
diversos locais. Certifique-se que leva uma saca cheia de ração para onde for.
Leve o cão consigo a todo o lado – quando for a supermercado, ao banco, à
loja de animais, a casa da avó, visitar amigos, explorar a vizinhança ou
mesmo só para uma volta de carro. Está na altura dos picnics no parque, dos
passeios e mais passeios. E claro, lembre-se sempre de levar ração na mão e
dar ao seu cão dois ou três pedaços sempre que um estranho se aproximar. Dê
também um pedaço de ração aos estranhos e peça-lhes que treinem o seu cão,
ao pedir-lhe um senta para dizer “olá”.
Assegure-se que ensina o seu cachorro a sentar e sossegar, a falar e a calar dentro do
carro antes de você começar a conduzir (lembre-se que ensinar o “falar” facilita o
ensino do “cala-te”).

Treinar no parque
Deixar que o seu cão brinque ininterruptamente no parque pode ser uma
das formas mais rápidas de perder controlo sobre o seu cão adolescente.
Deixe que ele brinque ininterruptamente e rapidamente perderá a sua atenção
e não terá qualquer controlo sobre ele. Por outro lado, se você integrar o
treino na brincadeira, rapidamente terá um controlo eficaz e à distância sobre
o seu cão.

Como treinar o cão a não vir quando você o chama


Muitos donos deixam os seus cães andarem sem trela sem pedirem nem
um senta em troca. Muitas vezes os cães estão tão excitados que pulam e
ladram em antecipação da brincadeira que aí vem. Por isso tirar a trela e
deixá-los brincar reforça o comportamento de excitação. Eles deleitam-se na
sua nova liberdade, correr, cheirar, perseguir outros cães e brincarem juntos.
Os donos ficam a observá-los enquanto conversam. Eventualmente chega a
hora de ir embora. Um dos donos chama o cão, o cão vem a correr, o dono
põe a trela e vai para casa terminando a brincadeira.
Esta sequência de eventos acontece pelo menos uma ou duas vezes,
porque nas visitas posteriores ao parque o cão compreensivamente não estará
com tanta vontade de vir ao dono quando este o chamar. Não vai demorar
muito até que o cão faça a associação entre responder à chamada do dono e
ter a sessão de brincadeira interrompida. Nas visitas futuras ao parque, o cão
aproxima-se do dono com a cabeça para baixo. O dono está agora a fazer um
belo trabalho de retirar qualquer motivação que o cão tenha de vir até ao dono
e está inadvertidamente a treinar o cão a não vir quando for chamado.
Na verdade, respostas lentas aos chamamentos, rapidamente se tornam em
nenhuma resposta aos chamamentos à medida que o cão prolonga a
brincadeira com o apanha-me se conseguires. Dono irritado começa a berrar
com o cão “Anda, já disse!”. E, claro, o cão pensa “Não me parece! No
passado aprendi que esse tom e volume de voz querem dizer que tu não estás
contente. Seria muita tontice minha aproximar-me de ti agora, não parece que
estejas na melhor disposição para me recompensares e elogiares”. Mas é isso
que você vai fazer ao cão, não é?

Como treinar o cão a vir quando é chamado


O que você deve fazer é pegar no jantar do seu cão e levá-lo consigo para
o parque, chamar o seu cão cada minuto ou dois enquanto ele brinca e dar-lhe
alguns pedaços de ração e deixá-lo ir brincar de novo. O seu cão irá
rapidamente aprender que vir quando é chamado é um time-out agradável,
um pequeno refresco, uma palavra amiga, um abraço seu antes de voltar para
a brincadeira. As respostas entusiásticas do seu cão aos seus chamamentos
serão tema de conversa no parque! Quando for a altura de acabar com a
brincadeira sem trela no parque, eu gosto de tornar o meu tom de voz suave e
dizer aos meus cães “vamos buscar os Kongs”. Antes de ir para o parque,
deixo sempre Kongs recheados no carro e dou-lhes no caminho para casa
como recompensa.
Você pode também ensinar ao seu cão um senta ou deita de emergência,
que é muitas vezes melhor do que um chamamento de emergência. Com um
senta rápido você pode controlar o comportamento do seu cão
instantaneamente e limitar os seus movimentos. Assim que o seu cão estiver
sentado você tem várias opções:
1. Pode deixar que o seu cão volte a brincar (porque você estava apenas a
praticar ou porque o perigo já passou).
2. Você pode chamar o seu cão até si (porque seria melhor que o seu cão
estivesse perto de si; outros cães, pessoas e especialmente crianças
aproximam-se). O seu cão terá mais probabilidades de vir até si se
estiver sentado a olhar para si, isto é, se ele já estiver a demonstrar
atenção.
3. Você pode instruir o seu cão a deitar e ficar (o ambiente pode ser
instável durante algum tempo e seria mais seguro se o seu cão não
estivesse a correr. Por exemplo um grupo de crianças pode estar a
passar entre si e o seu cão. Para chamar o cão até si nesse momento
seria perigoso).
4. Vá até perto do seu cão e coloque-lhe a trela. Para mais estabilidade, é
bom ter a mão como um polícia a sinalizar o stop e ir elogiando o seu
cão à medida que você se aproxima. (Faça isto quando o perigo está
iminente e um chamamento à distância seja perigoso. Por exemplo um
rebanho de ovelhas está a aproximar-se do seu cão. Isto uma vez
aconteceu ao meu Malamute no parque Tilden em Berkeley).

Quatro passos para um senta de emergência à


distância
O segredo para ter controlo do seu cão sem trela, é integrar treino
divertido em todas as atividades que o seu cão desenvolva sem trela. A
integração total do treino e da brincadeira deve ser o seu objetivo desde o
início. Interrompa as atividades sem trela do seu cão a mais ou menos cada
minuto. De cada vez que você interromper uma atividade que o cão gosta
instruindo um senta, por exemplo, e depois permitindo que ele recomece a
brincadeira, você estará a reforçar o senta com uma recompensa poderosa.
Quanto mais vezes interromper as brincadeiras do seu cão, mais conseguirá
recompensá-lo por um bom senta.
Primeiro pratique os seguintes exercícios em áreas fechadas e seguras. Isto
pode ser quando o seu cachorro está sem trela na sua casa ou quintal, quando
brinca nas aulas de cachorros, durante as festas com cachorros ou mesmo nos
parques apropriados.
1. Cada minuto ou dois, corra até ao seu cachorro e agarre na coleira dele.
Elogie o cachorro, ofereça um pedaço apetitoso de comida e diga-lhe
que ele pode ir brincar outra vez. Primeiro pratique isto numa área
relativamente pequena e com poucas ou nenhumas distrações. Depois
tente isto com um outro cachorro presente. Se tiver dificuldade em
apanhar o seu cachorro, peça ao dono do outro cachorro para agarrar o
dele ao mesmo tempo. Depois tente isto com mais do que um cão
presente. Gradualmente aumente o número de cães, tamanho da área,
até que seja muito fácil segurar o seu cachorro enquanto ele brinca, por
exemplo, no seu quintal. Use pedaços de fígado durante os primeiros
exercícios para que o cachorro rapidamente aprenda a adorar que
agarrem na sua coleira.
2. Assim que for fácil agarrar no seu cachorro, recompensar com ração
seca será suficiente. Agora instrua o seu cachorro a sentar-se de cada
vez que agarrar no colar dele. Use a comida para fazer com que o
cachorro se sente e diga-lhe para ir brincar.
3. Por esta altura o cachorro não se deve sentir minimamente incomodado
consigo a correr em direção a ele e agarrarlhe na coleira. Na realidade,
ele provavelmente vai gostar que o faça, sabendo que recebe uma
recompensa apetitosa e que depois pode voltar a brincar. você vai ver
que o cão vai começar a sentar-se por antecipação. Isto é ótimo, porque
o próximo passo é instruir o cachorro antes de o agarrar pela coleira.
Corra até ao cachorro e mostre um pedaço de comida e assim que o
cachorro se aproximar de si para ir buscar a recompensa, provoque um
senta. Elogie o cachorro assim que ele sentar, agarre na sua coleira e
ofereça o pedaço de comida como recompensa e depois diga ao
cachorro para ir brincar. Nesta fase é importante não tocar no cachorro
antes de ele se sentar. Alguns donos ficam impacientes e tentam
fisicamente empurrar o cão até que ele se sente. Se você estiver
dependente do contacto físico para que o seu cachorro se sente, nunca
conseguirá controlá-lo quando ele estiver sem trela. Se você
experienciar dificuldades, volte atrás e use fígado cozido para
recompensar e provocar o senta e o chamamento.
4. Agora que o seu cão se senta quando você se aproxima dele, você deve
ensiná-lo a sentar-se à distância. Novamente, lembre-se de começar a
tentar este exercício à volta de casa sem distrações antes de tentar com
outros cães presentes. Sente-se numa cadeira e, sem mexer um músculo,
calmamente diga “senta!”. Espere um segundo e depois vá perto do
cachorro dizendo “senta, senta, senta” num tom de voz urgente mas sem
gritar. Elogie o cachorro no segundo que ele se sentar, agarre na coleira
dele, ofereça um pedaço de ração como recompensa e deixe-o voltar a
brincar. À medida que repetir este exercício, irá descobrir que serão
precisas menos repetições do comando para que o cachorro se sente. As
repetições levarão também a que o cachorro se sente mais depressa e
quando você estiver a uma maior distância. Eventualmente o cachorro
vai-se sentar imediatamente à distância depois do primeiro pedido, sem
necessitar repetições.
A partir de agora, sempre que o seu cachorro estiver sem trela, interrompa
repetida e frequentemente a sua atividade com numerosas interrupções de
treino. Noventa por cento dos treinos não devem durar muito mais do que 2
segundos. Diga ao seu cão para se sentar e depois diga imediatamente “vai
brincar”. O senta rápido do seu cão é a prova de que está sob controlo, por
isso não precisa puxar mais por ele. Não precisa prolongar o senta. Ao invés
disso, diga rapidamente ao cão para voltar a brincar de forma a reforçar esse
senta. Vá praticando coisas diferentes. Assim que o seu cão saiba sentar,
pratique um deita. Ou aproxime-se do seu cão, agarre na coleira dele, e diga-
lhe para voltar a brincar.

Integrar treino e jogos


Brincar com regras é uma forma divertida de treinar e exercitar a mente do
seu cachorro. O seu cachorro vai aprender que os jogos e brincadeiras têm
regras e que estas são divertidas. O treino torna-se num jogo e o jogo torna-se
ele mesmo no treino.
Três cães de busca e salvamento desafiam o Oso para um jogo de encontra o biscoito.

O Ivan e o Oliver aprenderam a jogar um jogo complicado de Tug-of- War com uma
corda que está presa a uma árvore no jardim. Se você não ensinar os seus cães a
brincarem a estes jogos, eles irão inventar os seus próprios jogos com as suas próprias
regras.
O Ivan consegue “salvar” chinelos estejam estes onde estiverem.

Integrar o treino no estilo de vida


Para conseguir que o seu cachorro responda aqui, ali e em todo o lado, ele
precisa de ser treinado, aqui, ali e em todo o lado. Treine o seu cachorro
pouco mas muitas vezes em pelo menos cinquenta sessões por dia, com
apenas um ou dois segundos de duração cada. O segredo é integrar totalmente
o treino no seu estilo de vida e no do seu cachorro.

O estilo de vida do seu cachorro


Integre pequenas sessões de treino (sentas por exemplo) nos passeios do
seu cachorro e durante as sessões de brincadeira sem trela. Cada senta bem
feito e rápido é recompensado pela continuação do passeio ou da brincadeira
– as melhores recompensas no mundo dos cães. Integre pequenas sessões de
treino nas atividades caninas – passeando de carro, observando-o a preparar o
jantar deles, deitando-se no sofá e brincando com o cão. Por exemplo, peça
um senta ao cão antes de lhe atirar a bola e antes de a tirar da boca dele.
Aumente progressivamente o tempo do senta e fica com cada repetição.
Da mesma forma, integre curtas sessões de treino antes de todas as
atividades que o seu cachorro gosta de fazer. Por exemplo, peça ao cachorro
para deitar e rebolar para lhe dar uma festa na barriga, ou para se deitar e
ficar antes de subir para o sofá. Peça-lhe um senta antes de lhe por a trela,
antes de abrir a porta, antes de pedir para ele entrar no carro, antes de dizer
para ele sair do carro, antes de lhe tirar a trela para ele correr. E certifique-se
que lhe pede um senta antes de lhe dar o jantar.
Com total integração, o seu cachorro não verá diferença entre brincar e
treinar. Os tempos de diversão passarão a ter uma estrutura e o treino será
sempre divertido!

Integrar o treino no seu próprio estilo de vida


Treine regularmente e descubra como o treino integrado é fácil e
agradável. Por exemplo, chame o seu cachorro para uma sequência de
mudança de posições sempre que você abre a porta do frigorífico, faz uma
chávena de chá, vira a página do jornal e manda um e-mail. Se você instituir
o cachorro a efetuar uma sequência de mudança de posições em cada uma
destas ocasiões, você conseguirá facilmente treinar o seu cachorro mais de
cinquenta vezes por dia sem se desviar do seu estilo de vida normal. Lembre-
se que você é responsável por ajudar a desenvolver um cérebro canino
responsável e impressionante. Exercite esse cérebro. Permita ao seu cachorro
atingir o seu potencial máximo.

Ver televisão oferece oportunidades excelentes de treino. Coloque a


cama do seu cachorro e um par de Kongs recheados em frente à
televisão. Durante o programa é fácil manter um olho no cachorro
enquanto ele sossega e durante os anúncios pode fazer um treino. Em
alternativa, faça com que o cachorro sossegue enquanto você vê um
vídeo de treino de cães e depois periodicamente faça pausa e pratique
com o cachorro.
Fotografia: Jennifer Messer

Oso pratica um senta e fica na rede comigo antes de praticar o exercício de sossega.

Assim que o seu cão estiver bem treinado, pode apreciar ter acesso total a
toda a casa, e será bem-vindo a qualquer lado em qualquer altura e pode até
começar a ter acesso ao sofá. Os meus cães passam a maioria do tempo
enroscados no sofá. Eles gostam do canal Discovery. Ocasionalmente, peço-
lhes para fazerem algo durante o intervalo, como afastarem-se, irem buscar o
jornal, mudar de canal, aspirar a sala ou fazer o jantar. Os meus cães estão
muito bem treinados.

O Phoenix sempre adorou estar no sofá.


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CAPÍTULO SETE
Tabelas de trabalho de casa
Todo o comportamento, treino e problemas de temperamento são
facilmente prevenidos enquanto o seu cão ainda é cachorro. Esses mesmos
problemas podem consumir muito tempo e serem extremamente difíceis de
resolver durante a idade adulta. Ansiedade por separação, medo e agressão
com pessoas devem ser prevenidos antes que o seu cachorro chegue aos três
meses de idade. Consequentemente, peça aos membros da família e amigos
para supervisionarem se o trabalho de casa tem sido feito diariamente. O seu
cachorro não pode aprender se você não o ensinar.
Tire fotocópias da tabela de trabalho de casa (e aumente-a) para cada
semana. Coloque um visto em cada caixa ou inclua um número (quantas
vezes, quanto tempo, percentagem) onde for apropriado.

Sozinho em casa
Durante a primeira semana em casa, o seu cachorro deve aprender onde
fazer as necessidades e como agir quando dentro de casa, e como se ocupar
quando fica sozinho em casa. O sucesso depende de duas coisas:
1. O cachorro passar a maioria do tempo em ambientes repletos de
estimulação mental e áreas de confinamento curto ou longo, e
2. O cachorro receber toda a sua comida através de brinquedos recheados
ou das mãos de pessoas vs. a comida ser devorada diretamente e
gratuitamente de uma taça.

Percentagem de tempo que o seu cachorro passa:


Área de confinamento de curta duração com brinquedos recheados de comida

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Área de confinamento de longa duração com brinquedos recheados de comida e casa de banho

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Brincar e treinar com pessoas tendo supervisão e feedback 100% do tempo

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Investigar a casa com 100% de supervisão e feedback

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Investigar a casa ou quintal sem supervisão

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □

Lembre-se, ao ter livre acesso à casa sem supervisão, o seu cachorro irá
desenvolver uma série de problemas previsíveis: fazer as necessidades no
local errado, roer, ladrar, cavar, fugir e outros comportamentos relacionados
com ansiedade.

Percentagem da dieta diária do seu cachorro (ração seca e biscoitos)


que ele recebe em:

Brinquedos de roer ocos

S T Q Q S S D
□ □ □ □ □ □ □
Estranhos darem como recompensas à mão

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Família e amigos darem como recompensas

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □

Número de vezes que você praticou:

Confinamento de longa duração quando está em casa

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Confinamento de curta duração em quartos diferentes

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □

Ocasionalmente, ponha o cachorro na zona de confinamento de longa


duração quando você está em casa e pode monitorar o seu comportamento.
Assim que o cachorro aprender a sossegar rapidamente com um brinquedo de
roer, você será capaz de usar a crate e confinamento de curta duração.

Número de recompensas de comida que o seu cão recebe quando faz necessidades no local correto

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Nota: é a forma mais rápida de treinar um cão a fazer as necessidades no
local correto!
Número de vezes que o cachorro come diretamente da taça de comida

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Nota: a não ser que esteja a praticar exercícios específicos com a taça da
comida você estará a gastar ração preciosa que pode ser usada para encher
brinquedos e que a sua família, amigos e estranhos podem usar como
recompensas enquanto treinam o seu cachorro.

Número de asneiras a roer

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Número de xixis no local errado

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Deve ser visto como sério. Os cachorros com problemas de fazer as
necessidades no local errado e de roer o que não devem, são usualmente
renegados e/ou confinados ao quintal onde ladram, cavam e tentam fugir
dado o aborrecimento e ansiedade. Confinar desde cedo o cachorro com
brinquedos recheados ensina o seu cachorro o que ele pode roer, quando e
onde pode eliminar e como sossegar. Manter o seu cachorro bem comportado
dentro de casa evita que ele cave ou tente fugir.

Inibição de mordida

Número de vezes que o cão brinca às mordiscadelas

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Quanto mais feedback apropriado você der ao cachorro quando ele
mordisca as suas mãos mais rapidamente ele vai aprender a diminuir a força
das suas mordidas, e mais seguros serão os seus maxilares quando ele chegar
a adulto. O número de vezes que o seu cachorro mordisca irá aumentar à
medida que a energia e desejo de brincar do seu cachorro aumenta da idade
de cachorro até à idade de adolescente. No entanto, o número de vezes que o
cachorro o magoa deveria atingir o seu máximo aos três meses e meio de
idade, quando os seus maxilares se tornam mais fortes, e diminuir
gradualmente, à medida que o cachorro aprende a ser mais gentil.

Número de vezes que as mordiscadelas do cachorro o magoam

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
A dose diária de “aus!” deveria diminuir significativamente aos quatro
meses de idade. Se isso não aconteceu, procure imediatamente ajuda de um
profissional.

Número de intervalos de treino (senta e sossega) por sessão de brincadeira

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Você pode interromper as sessões de brincadeiras as vezes que quiser.
Cada vez que você parar de brincar, continuar a brincar depois vai servir de
recompensa para aquilo que foi treinado.

Número de vezes que você supervisionou as brincadeiras do seu cachorro com peluches e brinquedos
moles

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
O exercício acima é essencial para que os brinquedos sobrevivam e uma
das formas mais eficazes de ensinar o cachorro a ser gentil com os seus
maxilares. Lembre-se que peluches e brinquedos que chiam não foram feitos
para serem roídos: A sua destruição e consumo são extremamente perigosos
para o seu cão!
Já ensinou o seu cachorro a falar e a calar-se sob comando? Está na altura
de o fazer.
Já se matriculou numa aula de cachorrinhos? As aulas de cachorrinhos
oferecem o melhor ambiente controlado para que o seu cachorro aprenda
inibição de mordida.

Sociabilização e treino em casa


O seu cachorro deve sociabilizar com pelo menos 100 pessoas antes de
atingir os três meses de idade. Isso é uma média de 25 pessoas por semana ou
quatro por dia. Liste o número de pessoas que conheceram o seu cachorro:
Número total de pessoas

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Número de homens

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Número de estranhos

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Número total de crianças

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Número de bebés (0-2 anos de idade)

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Número de crianças (2-4 anos de idade)
S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Número de crianças (4-12 anos de idade)

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Número de adolescentes (13-19 anos de idade)

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Supervisione a interação entre o cachorro e as crianças e os adolescentes.
Deixe o cachorro cheirar as fraldas dos bebés. Proteja a cara e mãos do bebé.
As crianças podem dar comida à mão e treinar o cachorro desde que você
ponha a mão da criança na sua. As crianças e adolescentes são os melhores
treinadores de cachorros desde que tenham a devida supervisão e instruções.

Número de festas com os cachorros

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Número de pessoas em cada festa

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Número de convidados que treinaram o cachorro a vir, sentar, deitar e ficar

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Número de pessoas engraçadas em cada festa

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
O seu cachorro precisa de ser exposto a pessoas que usem chapéus,
capacetes, óculos de sol e barbas, assim como pessoas que agem de forma
estranha, que fazem caretas, que caminham de forma estranha, que riem alto,
que choram, que falam alto e que fingem estar a discutir.

Número de convidados que abraçaram/agarraram o cachorro

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Número de convidados que ofereceram ração após examinar o
cachorro:

Focinho

S T Q Q S S D

□□□□□□□
Orelhas

S T Q Q S S D

□□□□□□□
Patas

S T Q Q S S D

□□□□□□□
Traseiro

S T Q Q S S D

□□□□□□□
Número de vezes que um membro da sua família oferece ração depois
de:

Examinar o focinho do cachorro

S T Q Q S S D
□ □ □ □ □ □ □
Examinar as duas orelhas

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Examinar as duas patas

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Abraçar/Agarrar o cachorro

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Fazer ao cachorro festas na barriga

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Agarrar na coleira do cachorro

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Pentear o cachorro

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Examinar e limpar os dentes do cachorro

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Cortar as unhas do cachorro

S T Q Q S S D
□ □ □ □ □ □ □
Número de pedaços de ração dados à mão enquanto ensinam o cachorro a vir, sentar, deitar e ficar

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Número de pedaços de ração dados à mão enquanto ensinam o cachorro o “larga”, “pega” e
“devagar”

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Número de troca de brinquedos (bolas, ossos, brinquedos de roer, papel) por ração enquanto se
ensina ao cachorro o “larga”, “pega” e “obrigada!”

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Número de exercícios feitos com a taça da comida

S T Q Q S S D

□ □ □ □ □ □ □
Sociabilização e treino no mundo
O mundo em geral pode ser um local muito assustador para um cachorro
de três meses de idade. Não apresse o seu cachorro a lidar com o ambiente.
Escolha uma rua calma perto da sua casa ou apartamento e dê ao seu cachorro
todo o tempo do mundo para ver o mundo passar. Assegure-se que leva
consigo o jantar do seu cão. Após algumas refeições dadas na rua a atitude do
seu cão será – já lá estive, já lá fui, já vi isso!
Dê alguns pedaços de ração ao seu cão sempre que uma pessoa ou cão
passarem.
Ofereça um pedaço de fígado cada vez que uma criança, camião, mota,
bicicleta ou skate passar por ele. Tenha recompensas de fígado prontas para
que crianças e estranhos possam dar ao seu cachorro quando ele se senta.
Tenha festas de cachorros e exponha o seu cachorro a bicicletas, skates e
outros objetos em movimento. Assim, os estímulos que inicialmente
poderiam ser potencialmente assustadores podem agora ser controlados.
Repita o procedimento acima citado numa rua movimentada, na baixa, na
área comercial, perto duma escola de crianças, num centro comercial, numa
zona rural e perto de outros animais. Assegure-se que o seu cachorro passa
tempo a explorar os escritórios, escadarias, elevadores e chãos escorregadios.

Número de pessoas estranhas que conhecem o seu cachorro

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Número de cães estranhos que conhecem o seu cachorro

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Para permanecer social e amigável, o cachorro precisa de conhecer pelo
menos três pessoas estranhas e três cães estranhos cada dia. De outra forma,
ele irá dessocializar drasticamente durante a adolescência (entre os quatro
meses e meio e os dois anos de idade).

Número de passeios

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Número de idas ao parque

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Número de intervalos para treino (sentas e deitas) por passeio

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Número de ficas de um minuto por passeio

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Número de chamamentos ou sentas e deitas de emergência no parque

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Número de vezes que o cachorro fez as necessidades antes de iniciar o passeio

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Número de vezes que treinou o cachorro no carro

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Número de vezes que elogiou e recompensou o cachorro após ele ter conhecido outro cão

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Faça uma lista das dez atividades e jogos favoritos do seu cachorro que
você pode usar como recompensas integradas no seu estilo e no estilo de vida
do seu cachorro.
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3.
4.
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6.
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10.

Liste as brincadeiras que faz com o seu cão para tornar o treino mais
simples e agradável (veja a lista de livros e vídeos divertidos)

Número de vezes que se aborreceu por causa do comportamento do seu cachorro

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Número de vezes que puniu o seu cachorro

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Se as coisas não estão a correr como planeado e você está insatisfeito com
o progresso do seu cachorro, procure imediatamente a ajuda de um treinador.
Se você conseguiu cumprir tudo o que está descrito neste livro, parabéns!
Você agora deverá conseguir apreciar uma vida inteira com um companheiro
canino bem comportado e com boas maneiras. Dê hoje ao seu cão um osso
especial “muito bem!”. E dê a si mesmo uma palmadinha nas costas “muito
bem!”.

LISTA DE COMPRAS
Muitos livros de treino, lojas de animais e catálogos de cães têm
um arraial fantástico mas confuso de produtos de treino para cães.
Como consequência eu listei um número de essenciais com as
preferências pessoais entre parêntesis. A maioria dos itens, mais os
livros e vídeos listados abaixo, estão disponíveis na sua loja de
animais ou online em www.knsediciones.com.
1. Livros e vídeos sobre treino e comportamento de cachorros
2. Crate (Vari Kennel) e uma grade para área de contenção
3. Pelo menos seis brinquedos de roer para rechear com ração e
biscoitos (Kongs, bolas de ração, Big Kahunas e Squirrel
Dudes)
4. Casa de banho canina (construa a sua)
5. Taça de água
6. Comida para cão (comida seca). Durante as primeiras semanas
em casa, assegure-se que o cachorro recebe todas as refeições
recheadas em brinquedos ou dadas à mão como recompensas
para sociabilização, modificação comportamental e ensino de
boas maneiras
7. Fígado seco ou biscoitos de fígado para homens, estranhos e
crianças poderem ganhar a confiança do seu cachorro
8. Colar, trela e Gentle Leader (Premier Pet Products)
Livros e vídeos
A maioria das livrarias e lojas de animais oferecem uma variedade incrível
de livros e vídeos acerca de cães. Como consequência um número de
organizações de treino canino votaram naquilo que consideram serem os
melhores livros para donos de cachorros. Eu incluí algumas dessas listas
votadas pelos membros da Associação de Treinadores de Cães (APDT) – a
maior associação de treinadores de cães do mundo, e dos membros da
STARdaily. A maioria dos livros e dos vídeos podem ser comprados na sua
livraria ou online em www.knsediciones.com

Top dez de DVDs votado pela APDT

1. SIRIUS@ Puppy Training – Dr. Ian Dunbar


2. Clicker Magic – Karen Pryor
3. Take a Bow Wow – Virginia Broitman & Sheri Lippman
4. Training the Companion Dog (4 Dvds) – Dr. Ian Dunbar
5. Clicker Fun (3 Dvds) – Dra. Deborah Jones
6. Dog Agression: Biting – Dr. Ian Dunbar
7. The How of Bow Wow – Virginia Broitman
8. Training Dogs With Dunbar – Dr. Ian Dunbar
9. A linguagem dos cães. Os sinais de calma – Turid Rugaas
10. Puppy Love: Raise Your Dog The Clicker Way – Karen Pryor & Carolyn Clark

dogSTARdaily’s

Top ten melhores livros para donos de cachorros


1. How to Teach a New Dog Old Tricks - Ian Dunbar James & Kenneth Publishers, 1991.
2. Doctor Dunbar’s Good Little Dog Book - Ian Dunbar
James & Kenneth Publishers, 1992.
3. Your Outta Control Puppy - Teoti Anderson
TFh Publications Inc, 2003.
4. Raising Puppies & Kids Together - Pia Silvani
TFh Publications Inc, 2005.
5. The Perfect Puppy - Gwen Bailey
hamlyn, 1995. (APDT #8)
6. Dog Friendly Dog Training - Andrea Arden
IDG Books Worldwide, 2000.
7. Positive Puppy Training Works - Joel Walton
David & James Publishers, 2002.
8. The Power of Positive Dog Training - Pat Miller hungry Minds, 2001.
9. 25 Stupid Mistakes Dog Owners Make - Janine Adams
Lowell house, 2000.
10. The Dog Whisperer - Paul Owens
Adams Media Corporation, 1999.

dogSTARdaily’s
Clássicos

1. The Culture Clash - Jean Donaldson


James & Kenneth Publishers, 1996.
2. The Other End of The Leash - Patricia McConnell
Ballantine Books, 2002.
3. Bones Would Rain From The Sky - Suzanne Clothier
Warner Books, 2002.
4. Excel-erated Learning: Explaining How Dogs Learn and How Best to Teach Them -
Pamela Reid
James & Kenneth Publishers, 1996.
5. Don’t Shoot the Dog - Karen Pryor
Bantam Books, 1985. (CAPPDT #2, APDT #7)
6. Help For Your Fearful Dog - Nicole Wilde
Phantom Publishing, 2006.
7. Behavior Problems in Dogs - William Campbell
Behavior Rx Systems, 1999.
8. Biting & Fighting (2 DvDs) - Ian Dunbar
James & Kenneth Publishers, 2006.
9. Dog Language - Roger Abrantes
Wakan Tanka Publishers, 1997.
10. How Dogs Learn - Mary Burch & Jon Bailey howell Book house, 1999.

dogSTARdaily’s
Top ten livros e DVD’s divertidos

1. Bow Wow Take 2 & The How of Bow Wow (2 vídeos)


Virginia Broitman. North Star Canines & Co. 1997.
2. The Trick is in The Training - Stephanie Taunton & Cheryl
Smith. Barron’s, 1998.
3. Fun and Games with Your Dog - Gerd Ludwig
Barron’s, 1996.
4. Dog Tricks: Step by Step - Mary Zeigenfuse & Jan Walker
Howell Book house, 1997.
5. Fun & Games with Dogs - Roy hunter howlin Moon Press, 1993.
6. Canine Adventures - Cynthia Miller
Animalia Publishing Company, 1999.
7. Getting Started: Clicker Training for Dogs - Karen Pryor
Sunshine Books, 2002
8. Clicker Fun (3 vídeos) - Deborah Jones
Canine Training Systems, 1996.
9. Agility Tricks - Donna Duford
Clean Run Productions, 1999.
10. My Dog Can Do That!
ID Tag Company. 1991. The board game you play with your dog
Quando os cães são bem treinados, podem descansar no sofá sozinhos. O Oliver
(esquerda), com 11 anos, consegue fazer isso quase na perfeição. O Ivan atingiu a
perfeição. Deus o abençoe!.

Em Memória do Ivan
Kns ediciones é uma editora especializada no treino de cães e no mundo
canino em geral. As nossas publicações podem ser encomendadas, por
telefone/fax (0034 981 519 281) ou através da Internet
(portugal@knsediciones.com). Visita o seguinte sítio da
internet: www.knsediciones.com

Outras obras publicadas


• A linguagem dos cães. Os sinais de calma - Turid Rugaas

www.casadellibro.com

• Antes de ter o seu cachorro - Ian Durban

www.casadellibro.com
Veterinário, estudioso do comportamento animal e treinador de cães, o Dr. Ian Dunbar é o Diretor do
Centro de Comportamento Animal Aplicado, fundador da Associação de Treinadores de Cães e
apresentador da série de televisão de Inglaterra Cães com Dunbar.

O Dr. Dunbar é o autor de numerosos livros e vídeos incluindo SIRIUS Treino para Cachorros e Como
Ensinar Truques Novos a um Cão Velho. Ele vive em Berkeley, Califórnia, com a sua esposa Kelly, os
cães Claude, Dune e hugo, e os gatos Ugly e Mayhem.

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