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O INÍCIO DA ÓPERA
A Ópera surge no séc.XVII como uma obra teatral que combina monólogos, diálogos, música
contínua, acção e cenários.
O teatro com ligação à música iniciou-se na Antiguidade com as Tragédias Gregas, depois na
Idade Média com os Dramas Litúrgicos e, no final do Renascimento algumas tragédias e
comédias tentavam imitar o Teatro Grego.
Entre os actos dessas comédias ou tragédias era costume representar-se interlúdios –
intermedi – com carácter pastoril, campestre, alegórico ou mitológico.
Em acontecimentos sociais mais importantes estes interlúdios eram produções musicais
muito elaboradas, com solistas, coros e grupos de instrumentos onde as representações
reforçavam as expressões de sentimentos que eram sugeridas nos textos, como suspirar, rir,
chorar, etc.
Grande parte dos compositores italianos que fizeram madrigais, também fizeram intermedi
nos finais do séc.XVI-XVII.
Os madrigais foram o género que mais se aproximou da ideia de
ópera pois era usado como texto um poema e a respectiva cena
dramática – epopeias, pastorelas, etc – sendo uma das mais
conhecidas Il Pastor Fido de Guarini.
Quando se tentaram adaptar os madrigais a fins dramáticos,
com várias cenas, diálogos, com personagens com vozes
constantes e solos, deram-lhes o nome de Ciclos de Madrigais,
hoje chamadas Comédias de Madrigais.
Estes eram apenas apresentados em concerto em círculos
privados. Mais tarde, acabaram por desaparecer.
Os textos
Nos intermedi e nos ciclos de madrigais, o compositor usava dois tipos de texto:
o Narração – onde se desenvolve a acção.
o Diálogo - exteriorização de sentimentos.
A poesia adaptava-se bem a ser cantada por um grupo de cantores, mas era necessário criar
um estilo de canto solístico onde o indivíduo (personagem) exprimisse o seu estado de alma.
Pastorela
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A camerata fiorentina
Compositores
Entretanto, Emilio de
Cavalieri (1550-1602), músico,
que geria o teatro, as artes e
a música da corte florentina,
apresenta em Roma em 1600,
num estilo semelhante, uma
peça musical sacra - «La
rappresentatione di anima et
di corpo» - o espetáculo
dramático mais longo e todo
musicado, até então feito.
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Peri e Caccini, além de compositores eram cantores e Cavalieri era compositor, coreógrafo,
administrador teatral e professor de canto. Tinham semelhantes abordagens à música
teatral e procuraram chegar a uma forma de cantar entre a recitação falada e a canção.
Peri inventou para os diálogos um novo estilo a que chamou Stile Recitativo.
O estilo recitativo
Peri começou por sustentar as notas do Baixo Contínuo, enquanto a voz se movia por
dissonâncias e consonâncias, semelhante ao movimento da fala ou como uma declamação
livre sem altura definida. Nas sílabas mais entoadas, Peri colocava-lhe uma consonância na
harmonia e no baixo. Muitos madrigais dos finais do séc.XVI eram já escritos neste estilo, a
solo, com acompanhamento de acordes instrumentais.
Caccini desenvolveu um estilo mais melodioso e silábico, com declamação clara das
palavras e com embelezamento da linha melódica, iniciando assim o virtuosismo vocal
monódico, com improvisação de ornamentos sobre as notas da melodia, tendo começado a
escrever árias e madrigais polifónicos neste estilo.
Estes dois estilos de canção – recitativo e ária – alastraram-se a todos os tipos de música
profana sacra do início do séc.XVII.
A monodia tornava possível transmitir melhor o diálogo e a narração.