ANÁLISE DE CONFIABILIDADE DO SISTEMA

DE BOMBEIO CENTRÍFUGO DAS PLATAFORMAS

DO PÓLO NORDESTE DA BACIA DE CAMPOS
ANALYSIS OF THE RELIABILITY OF THE CENTRIFUGAL
PUMPING SYSTEM ON THE NORTHEAST POLE
PLATFORMS IN THE CAMPOS BASIN
ANÁLISIS DE LA CONFIABILIDAD DEL SISTEMA DE BOMBEO
CENTRÍFUGO DE LAS PLATAFORMAS DEL POLO NOROESTE
DE LA CUENCA DE CAMPOS

Luiz Oliveira1
Mariana Bardy1
Salvador Simões Filho2
Edilnei Neves3

RESUMO
Apresentam-se,aqui, os resultados da análise estatística dos dados de tempos de vida dos conjuntos de Bombeio Centrífugo
Submerso (BCS), instalados nos poços do Pólo Nordeste da Bacia de Campos. Seu objetivo consiste em analisar os dados
coletados visando à determinação das distribuições das taxas de falhas dos diversos componentes do sistema, as quais são
importantes para a análise da confiabilidade dos sistemas de BCS e realizar a previsão do número esperado
de aquisições de equipamentos para um período anual. Adicionalmente, são feitas sugestões
visando a melhora da confiabilidade operacional dos sistemas analisados.

ABSTRACT
The results of the statistical analysis of useful life data for the Submersible Centrifugal Pumping (BCS) sets installed
in the wells in the Northeast Pole of the Campos Basin are given in this work. The objective is to analyze the data
compiled with a view to determine the failure rate distributions for the various system components.
These are important for the reliability analysis of the BCS systems and to predict the expected
number of equipment acquisitions over a yearly period. In addition, suggestions are made aimed
at improving the operational reliability of the systems analyzed.

RESUMEN
Se presenten aquí los resultados de la análisis estadística de los datos de tiempos de vida de los conjuntos de Bombeo
Centrífugo Sumergido (BCS), instalados en los pozos del Polo Noroeste de la Cuenca de Campos. El objetivo consiste en
analizar los datos colectados visando a la determinación de las distribuciones de las tasas de fallas de los diversos
componentes del sistema, las cuales son importantes para el análisis de la confiabilidad de los sistemas de BCS y realizar
previsión del número esperado de adquisiciones de equipos para un período anual. Adicionalmente, son hechas
sugerencias visando a la mejora de la confiabilidad operacional de los sistemas analizados.
(Originais recebidos em 26.01.1999).

1
PRINCIPIA Engenharia.
2
Setor de Projetos e Sistemas (SEPROJ), Divisão de Engenharia Básica Industrial (DIPRIN), Centro de Pesquisas (CENPES).
3
E&P-BC/GENPO/GESCOM

Bol. téc. PETROBRAS, Rio de Janeiro, 42 (1/4): 1-8, jan./dez.. 1999 1

1. INTRODUÇÃO
O Pólo Nordeste da Bacia de Campos compreende
três campos produtores de petróleo: Pargo, Vermelho
e Carapeba. A produção no Campo de Pargo é feita
por meio de uma única plataforma, que recebe a
produção de 23 poços, todos eles equipados com
conjuntos do Sistema de Bombeio Centrífugo
Submerso (BCS). No Campo de Vermelho existem
três plataformas, Vermelho-1, Vermelho-2 e
Vermelho-3, as quais recebem a produção de 21, 21 e
19 poços, respectivamente, todos com conjuntos BCS.
Também no Campo de Carapeba, a produção é
realizada a partir de três plataformas, Carapeba 1, 2 e
3, que também recebem a produção de 16, 21 e 14
poços, equipados com BCS. Portanto, no Pólo
Nordeste como um todo, existem 120 poços
produtores equipados com conjuntos BCS, que
começaram a ser instalados em 1990.
2. DESCRIÇÃO DO SISTEMA DE BOMBEIO
CENTRÍFUGO SUBMERSO (BCS)
O BCS é utilizado como meio de elevação artificial do
óleo, em poços onde a pressão do reservatório não é
suficiente para fazer o óleo chegar à plataforma com a
vazão desejada. Trata-se, basicamente, de uma bomba
centrífuga de múltiplos estágios, acionada por um
motor elétrico, sendo este conjunto motor-bomba
fixado na extremidade da coluna do poço. Dessa
forma, o conjunto fica submerso no óleo do
reservatório e o seu funcionamento cria um
incremento de pressão no fundo do poço de modo a se
obter a vazão desejada de óleo na superfície.
Um sistema de BCS é formado por vários
componentes arranjados logicamente na forma de um
sistema em série. Geralmente, pode-se subdividir o
sistema BCS de um poço submarino em dois
conjuntos de equipamentos: os de subsuperfície,
situados no interior do poço, e os de superfície,
localizados na plataforma de produção. Esta mesma
subdivisão pode ser usada para um poço terrestre,
sendo que neste caso, os equipamentos de superfície
localizam-se na área de produção da instalação.
Os equipamentos (doravante denominados
componentes) de subsuperfície de um sistema BCS
típico são os seguintes: motor, protetor ou selo,
intake/separador, bomba, pothead, cabo elétrico e
acessórios.
3. ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS
A análise estatística aqui apresentada, foi realizada
com o auxílio do Programa WeibullSmith,
2 Bol. téc. PETROBRAS, Rio de Janeiro, 42 (1/4): 1-8, jan./dez. 1999
desenvolvido pela Fulton Findings dos EUA,
tomando-se como base a conceituação estatística
contida no livro "New Weibull Handbook" (1)i. Este
programa permite o ajuste de distribuições estatísticas
(Weibull, lognormal e normal) a dados de tempos de
vida, sendo largamente empregado em diversos
setores industriais nos Estados Unidos. Em princípio,
buscou-se ajustar a distribuição de Weibull aos
diferentes conjuntos de dados existentes, devido à
ampla aplicabilidade desta distribuição e à
possibilidade de extrair conclusões significativas com
relação ao comportamento temporal das taxas de falha
dos componentes analisados. Dessa forma, a
interpretação dos resultados dos ajustes gráficos da
distribuição de Weibull fornece indicações de grande
importância para o diagnóstico das causas básicas,
associadas aos modos de falhas dos conjuntos BCS
como um todo e dos seus diversos componentes.
Os dados de falha analisados foram coletados pelos
técnicos do GEPRO/GENPO/GESCOM da E&P-
BC – PETROBRAS e estão armazenados no Banco de
Dados de Falhas de BCS, gerenciado pelo referido
setor da Companhia. Os dados compreendem todas as
paradas forçadas dos conjuntos BCS instalados nos
poços das sete plataformas do Pólo Nordeste da Bacia
de Campos, desde setembro de 1989 a dezembro de
1995. Existem observações referentes a tempos de
funcionamento desde a instalação até a ocorrência da
parada (interrupção definitiva do bombeamento de
óleo do poço) e dados referentes a tempos de
funcionamento dos conjuntos que não sofreram falhas
no período compreendido entre as datas das
respectivas instalações e a data da extração dos dados
do banco (20/12/95).
Neste estudo, os "tempos até a falha" são tratados
como tempos de vida e os dados referentes a
conjuntos em operação na data da observação como
"ítens suspensos ou suspensões".
Os conjuntos BCS instalados no Pólo Nordeste foram
fabricados, principalmente, por duas empresas,
denominadas, a partir de agora: fabricante A e
fabricante B. De acordo com a experiência prática dos
integrantes do GENPO/GESCOM, e conforme
verificado na análise realizada por Acioly (2)ii, o
desempenho operacional dos equipamentos dos dois
fabricantes apresenta uma nítida diferença no que se
refere a confiabilidade. Em função disso, optou-se
aqui pela análise separada dos dados relativos a cada
um dos fabricantes, ou seja, considerando-se que os
equipamentos de cada fabricante constituem
populações distintas. Nesta análise, não foram
considerados os conjuntos híbridos dos dois
fabricantes.
A análise dos dados de falhas dos conjuntos BCS foi
feita em duas etapas:
• cálculo dos tempos médios de operação (análise
não paramétrica);
• ajuste da distribuição de Weibull para os dados de
cada fabricante (fabricantes A e B)
3.1. Cálculo dos Tempos Médios de Operação
(TMO)
O cálculo do tempo médio de operação (TMO) ou
"vida média" foi feito pelos fabricantes. Os dados de
falha (paradas) decorrentes de problemas nos
reservatórios e nas colunas, ou seja, problemas devido
a fatores externos, que não eram de falha
propriamente dos componentes dos conjuntos BCS
foram expurgados da análise. Para o caso dos tempos
médios de operação, o cálculo foi feito com e sem a
consideração desses dados; onde se lê "BCS + fatores
externos" significa que os dados externos estão
contabilizados como falhas, e a indicação "BCS"
significa que as paradas causadas pelos referidos
fatores foram incluídas como suspensões na avaliação
dos resultados (e não como falhas).
Os valores indicados por ano correspondem aos
TMOs dos conjuntos instalados naquele ano, e não ao
valor médio dos tempos de vida dos conjuntos que
falharam no ano. Dessa forma, o TMO de cada ano
reflete a tecnologia e os procedimentos de instalação
utilizados naquele ano. Na tabela I, apresentam-se os
resultados obtidos para os dois fabricantes em análise,
considerando-se ou não os fatores externos como
falha.
os valores obtidos internacionalmente. No entanto,
nos dois anos subseqüentes (93 e 94), o TMO
apresentou tendência declinante, chegando a baixar
para 500 dias em 1994. Por sua vez, os equipamentos
do fabricante B - instalados em 1990 - foram os que
apresentaram melhor performance (cerca de 600 dias),
com os valores de TMO baixando seguidamente desde
então e mantendo-se entre 200 e 250 dias nos últimos
dois anos do período (93 e 94).
3.2. Análise de Weibull para os Conjuntos BCS
Esta análise foi realizada, separadamente, para o
fabricante A e o fabricante B, considerando-se os
dados relativos a falhas devido a fatores externos ao
equipamento como a suspensão de operação do
conjunto BCS. Foram feitas análises em quatro níveis
distintos: primeiramente, para o conjunto de todos dos
dados relativos aos equipamentos do fabricante A e
aos do fabricante B; em segundo lugar, esses dados
foram estratificados por plataforma; em seguida, por
componente (para os principais componentes) do
conjunto BCS e, finalmente, uma análise especial para
as bombas e motores, considerando-se apenas os
tempos de falhas correspondentes à primeira operação
desses componentes (ou seja, as distribuições de
primeiras falhas desses componentes), mantendo-se
sempre a divisão entre os dois principais fabricantes.
Além da reta correspondente ao melhor ajuste dos
dados, demonstram-se, também, as curvas
correspondentes ao intervalo de confiança de 90% (5 e
95%).
3.2.1. Equipamentos do Fabricante A

TABELA I Na figura 1 apresenta-se o ajuste para os dados

TEMPOS MÉDIOS DE OPERAÇÃO DOS globais (todo o Pólo Nordeste) dos equipamentos do
CONJUNTOS BCS (DIAS) fabricante A. Observa-se que o ajuste indica uma vida
TABLE I característica η = 662 dias e um fator de forma
AVERAGE OPERATING TIMES OF THE BCS β = 0,701; o valor obtido para o coeficiente de
SETS (DAYS) correlação, r2, foi de 0,97, indicativo de um bom
Ano Fabricante A Fabricante B ajuste (acima de 0,95).
BCS BCS + BCS BCS +
Externos Externos O valor obtido para β indica que o comportamento da
1990 739,2 644,9 596,7 510,1 taxa de falhas dos conjuntos BCS do fabricante A
470,4 298,5 298,5 caracteriza-se pela ocorrência de "mortalidade
1991 495,2
infantil". Isto quer dizer que uma fração significativa
1992 930,0 784,7 277,2 264,6
das falhas está ocorrendo em tempos relativamente
1993 740,5 710,9 230,6 211,4 curtos (falhas prematuras), causadas, provavelmente,
1994 534,0 492,9 255,4 255,4 por fatores externos, tais como: problemas na
instalação dos conjuntos, falhas no controle de
A partir dos dados da tabela I, observa-se que o TMO qualidade dos equipamentos, problemas durante o
dos equipamentos do fabricante A - instalados em transporte ou inadequação do projeto.
1992 - chegou a mais de 900 dias (sem considerar as
falhas devido a fatores externos), o que representa um Apesar desses problemas de "mortalidade infantil", a
nível significativamente alto, tomando-se como base vida característica η dos conjuntos do fabricante A
Bol. téc. PETROBRAS, Rio de Janeiro, 42 (1/4): 1-8, jan./dez.. 1999 3
alcançou o valor de 662 dias, indicativo de um tempo
médio de vida = 837 dias (o TMO obtido na seção
anterior foi de 701 dias, sem as falhas devido a
problemas de reservatório). Trata-se de um valor
bastante razoável de vida característica (quase dois
anos), quando comparado a valores que estão sendo
obtidos em outras partes do Mundo.
Fig. 1 - Ajuste de Weibull para o fabricante A.
Fig. 1 - Weibull adjustment for manufacturer A.
Apesar da vida característica dos conjuntos do
fabricante A já estar bastante razoável, o valor obtido
para β indica que há um importante potencial de
melhoria de performance dos conjuntos, se os
problemas responsáveis pela ocorrência de
"mortalidade infantil" forem devidamente resolvidos.
Na análise por plataforma, foi observado que os dados
de todas as plataformas apresentaram uma indicação
clara de ocorrência de "mortalidade infantil" dos
conjuntos BCS. Na plataforma de Vermelho-2 esse
problema ocorreu de uma forma mais acentuada,
acontecendo o oposto em Vermelho-3, com seu fator
de forma sendo o mais próximo de β=1, característico
de taxas de falhas constantes.
Quanto aos valores da vida, característica η, pela
análise dos dados revelou-se uma grande variação
entre os valores obtidos para cada plataforma,
variando desde 342 dias para Pargo-1 até 1 335 dias
para Vermelho-2. Este fato é explicado devido à
grande diferença entre as condições operacionais
dessas plataformas: na de Pargo-1 as condições de
produção são mais severas do que as de Vermelho-2
(maior profundidade, maior vazão e maior potência
das bombas). No entanto, embora as condições
operacionais de Vermelho-3 sejam mais favoráveis do
que as de Vermelho-2, os dados indicam um
desempenho médio melhor dos conjuntos instalados
nos poços desta última em comparação aos resultados
de Vermelho-3 (η = 1 335 dias em PVM-2 comparado
4 Bol. téc. PETROBRAS, Rio de Janeiro, 42 (1/4): 1-8, jan./dez. 1999
com η = 989 dias para PVM-3). Não foi encontrada
uma razão clara para a diferença do desempenho
médio dos conjuntos instalados nestas duas
plataformas.
Já para análise dos componentes críticos do BCS, os
resultados indicaram ocorrência de "mortalidade
infantil" para todos os componentes, ou seja, estes
equipamentos apresentaram taxas de falhas
decrescentes com o tempo. Quanto aos valores da vida
característica foram considerados muito altos para este
parâmetro, sendo superiores a 10 000 dias para bomba
e selo. Este fato deve-se ao pequeno número de falhas
para estes componentes diante do número total de
dados para o BCS.
3.2.2. Equipamentos do Fabricante B
O ajuste para os dados do fabricante B está
apresentado na figura 2, e indica uma vida
característica η = 307 dias e um fator de forma
β = 0,753; o valor obtido para o coeficiente de
correlação, r2, foi de 0,985, indicativo de um bom
ajuste (acima de 0,95).
Fig. 2 – Ajuste de Weibull para o fabricante B.
Fig. 2 - Weibull ajustment for manufacturer B.
Assim como para o fabricante A, o valor obtido para β
indica que o comportamento da taxa de falhas dos
conjuntos BCS do fabricante B caracteriza-se pela
ocorrência de "mortalidade infantil", indicando que
uma fração significativa das falhas ocorrem em
tempos curtos, causadas, provavelmente, por fatores
externos. O valor baixo da vida, característica η dos
conjuntos do fabricante B, alcançando 307 dias, deve-
se aos problemas de "mortalidade infantil", indicativo
de um tempo médio de vida = 365 dias (o TMO foi de
360 dias, sem as falhas devido aos problemas de
reservatório). Trata-se de um valor baixo de vida
característica (inferior a um ano).

Além do baixo valor para vida, característica dos
conjuntos fabricados pelo fabricante B, o valor obtido
para β indica que há um importante potencial de
melhoria de performance dos conjuntos, se os
problemas responsáveis pela ocorrência de
"mortalidade infantil" forem devidamente resolvidos.
Pela análise por plataforma, deduz-se que os dados de
todas as plataformas apresentam uma indicação clara
de ocorrência de "mortalidade infantil" dos conjuntos
BCS, excetuando-se Vermelho-3. A plataforma de
Carapeba-2 foi a que apresentou esse problema de
uma forma mais acentuada, enquanto que o oposto
ocorreu em Vermelho-3, isto é, esta última apresentou
o maior valor de β ( = 1,026), característico de taxas
de falhas constantes.
Quanto aos valores da vida, característica η, na
análise dos dados, revelou-se uma variação entre os
valores obtidos para cada plataforma desde 237 dias
para Carapeba-1 até 720 dias para Vermelho-3. Como
já era esperado, observou-se melhor desempenho de
Vermelho-3 em relação a Vermelho-2 já que a
primeira apresentou melhores condições operacionais.
Para a análise por componentes, os resultados obtidos
foram similares aos dos equipamentos do fabricante
A, com indicação de ocorrência de "mortalidade
infantil" para todos os componentes em análise, sendo
que este problema apresenta-se de forma mais
acentuada para selo.
4. ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS
EQUIPAMENTOS DO FABRICANTE A E
DO FABRICANTE B
Na análise dos dados de falhas para os dois
fabricantes dos conjuntos de bombeio centrífugo
submerso (BCS), instalados nos poços do Pólo
Nordeste da Bacia de Campos, revelou-se uma clara
diferença entre o desempenho dos equipamentos do
fabricante A e do fabricante B.
Na figura 3 apresenta-se uma comparação entre os
tempos médios de operação (TMO) para os dois
fabricantes, incluindo fatores externos como
suspensão de operação. Nesta figura, deduz-se que o
valor do TMO obtido para os equipamentos do
fabricante A chega a ser mais do que o dobro do
correspondente dos equipamentos do fabricante B,
sendo que para os equipamentos instalados no ano de
1993, a relação entre os valores de TMO dos dois
fabricantes foi superior a 3 para 1.
Comparando-se os resultados da análise de Weibull
dos conjuntos de equipamentos dos dois fabricantes,
observa-se que, para o conjunto de todos os
Bol. téc. PETROBRAS, Rio de Janeiro, 42 (1/4): 1-8, jan./dez.. 1999
equipamentos, os valores do parâmetro β apontam
para a ocorrência de "mortalidade infantil" nos
conjuntos de ambos os fabricantes (exceto para
PVM-3). Caso a mortalidade infantil fosse constatada
apenas nos equipamentos de um único fabricante,
então, a causa mais provável deveria ser investigada
nos seus processos de controle de qualidade. O fato da
sua ocorrência nos equipamentos de ambos os
fabricantes indica que as causas da mortalidade
infantil devem estar nos processos extra-fabricante,
estando mais provavelmente, relacionadas a
problemas na instalação, no transporte, na
armazenagem, na manutenção ou no
dimensionamento dos equipamentos. Esta conclusão
fica ainda mais evidente quando se verifica que na
única plataforma (PVM-3), onde os dados não
evidenciam "mortalidade infantil", ocorrem para os
equipamentos de ambos os fabricantes.
Fig. 3 - Comparação entre os TMO’s dos fabricantes A e B.
Fig. 3 - Comparison between the TMO's of manufacturers A
and B.
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1. Conclusões
As conclusões aqui apresentadas foram extraídas da
análise dos tempos médios em operação (TMO's) dos
BCS's, instalados no Pólo Nordeste, no período de
1989 a 1995.
• Os TMO's obtidos para os equipamentos do
fabricante A para o conjunto de todas as
plataformas do Pólo Nordeste (igual a 701 dias)
situam-se na mesma faixa dos valores obtidos em
campos situados em outras regiões do Mundo.
Portanto, o desempenho médio desses
equipamentos no referido período pode ser
considerado como razoavelmente bom.
• Os TMO's obtidos para os equipamentos do
fabricante B para o conjunto de todas as
plataformas do Pólo Nordeste (igual a 360 dias)
situam-se bem abaixo da faixa dos valores obtidos
em campos situados em outras regiões do Mundo,
sendo característico de valores obtidos há mais de
uma década atrás. Portanto, o desempenho médio
5
 desses equipamentos no referido período pode ser
considerado como bem aquém do desejado.
As conclusões apresentadas a seguir, tomam por base
os resultados das análises de Weibull dos dados de
falhas dos conjuntos BCS contidos no Banco de
Dados do GENPO/GESCOM.
• Da análise de Weibull dos dados de falhas dos
equipamentos, tanto do fabricante A como do
fabricante B, para o conjunto de todas as
plataformas, obteve-se um valor de β
característico de "mortalidade infantil" (ou seja,
β < 1). Na mesma análise realizada para os dados
de cada uma das plataformas, identificou-se o
mesmo problema em todas as plataformas, com
algumas delas apresentando valores de β
próximos de 0,5; a única plataforma cujos dados
resultaram em um β próximo de 1 foi a de
Vermelho-3.
• A ocorrência de "mortalidade infantil" indica que
uma fração significativa das falhas estão
ocorrendo em tempos relativamente curtos (falhas
prematuras), causadas, provavelmente, por fatores
externos aos equipamentos BCS, tais como:
problemas na instalação dos conjuntos, falhas no
controle de qualidade dos equipamentos,
problemas durante o transporte ou inadequação do
projeto. Isto significa que as falhas não estão
ocorrendo, prioritariamente, por desgaste dos
componentes. A grande coerência detectada entre
os dados de todas as plataformas para os
equipamentos - de ambos os fabricantes - indica
que a principal causa da "mortalidade infantil"
deve estar relacionada a processos extra-
fabricantes (instalação, manutenção, transporte,
projeto).
• Quanto à vida característica (parâmetro η da
distribuição de Weibull), apesar dos sérios
problemas de mortalidade infantil, o seu valor
para os conjuntos do fabricante A chegou a
alcançar 662 dias, o que pode ser considerado um
valor bastante razoável, conforme já discutido
anteriormente. Na análise de Weibull revelou-se
ainda que se o problema de "mortalidade infantil"
fosse devidamente resolvido, o valor da vida
característica dos equipamentos do fabricante A
poderia atingir aproximadamente 955 dias (com
um β = a 0,92). Isto significa a existência de um
potencial de ganho significativo com a solução
desse problema.
• Na análise de Weibull dos dados de falha relativos
a cada um dos três componentes principais
(motor, bomba e selo) dos equipamentos do
6 Bol. téc. PETROBRAS, Rio de Janeiro, 42 (1/4): 1-8, jan./dez. 1999
fabricante A foi indicada, sistematicamente, a
ocorrência de "mortalidade infantil" para cada um
dos três componentes analisados (β < 1 ). O ajuste
da distribuição de Weibull para os dados relativos
ao selo não se apresentou totalmente adequado.
• Analogamente, na análise de Weibull dos dados
de falha relativos a cada um dos três componentes
principais (motor, bomba e selo) dos
equipamentos do fabricante B foi constatada,
sistemáticamente, a ocorrência de "mortalidade
infantil" para cada um dos três componentes
analisados (β < 1 ).
As conclusões a seguir, foram derivadas da análise
comparativa realizada, tomando-se por base os dados
dos conjuntos do fabricante A e os do fabricante B.
Também foram levados em conta os dados reportados
por diversos autores internacionais sobre dados de
falhas de BCS's em outros campos de petróleo.
• Os valores de medida de tendência central das
distribuições de vida ajustadas, indicam,
consistentemente, um desempenho médio superior
dos equipamentos do fabricante A em relação aos
do fabricante B em todas as plataformas. Portanto,
considerando-se que os equipamentos de ambos
os fabricantes são usados indistintamente nos
poços das diversas plataformas, essa consistência
de comportamento evidencia que a diferença de
desempenho médio apontada nos dados é devida a
diferenças intrínsecas e genuínas dos
equipamentos dos dois fabricantes, não sendo
causada por outros fatores externos
(características dos reservatórios, dos poços ou de
parâmetros do próprio equipamento).
• Na análise da evolução temporal dos tempos
médios acima de 300 dias e abaixo dos 40 dias, no
período de 1990 a 1994, não se revelou uma clara
tendência de melhoria para os conjuntos BCS's,
no Pólo Nordeste, ao longo do período de análise.
• Comparativamente a valores de tempos médios de
operação (TMO's) obtidos para conjuntos BCS
instalados em outros campos de petróleo do Mundo,
os dos equipamentos do fabricante A se situaram na
mesma faixa (cerca de 700 dias) da maioria. No
entanto, resultados de algumas análises recentes
chegaram a indicar TMO's na faixa de três anos
(cerca de 1 000 dias); isto significa que deve-se
buscar atingir esta marca como objetivo a médio
prazo. Como já mencionado anteriormente, uma
possibilidade neste sentido seria a resolução do
problema da "mortalidade infantil" dos conjuntos.
• Na análise da distribuição percentual de falhas por
componentes dos conjuntos do fabricante A ficou
 constatado que o motor é o responsável por 32%
das falhas, seguido de selo, penetrador, cabo
redondo e “pothead”, com cerca de 10% cada. As
falhas da bomba respondem por apenas 7% do
total de falhas do sistema (14% das falhas estão
listadas como "causa indefinida"). Já para os
equipamentos do fabricante B, o motor domina
quase que completamente o panorama das falhas
do sistema, sendo responsável por 49% do total. A
bomba vem a seguir com 8%, e em terceiro, o
penetrador com 7% e cabo chato com 6% (16%
das falhas estão listadas como "indefinidas").
Segundo os dados reportados pelo SINTEF (3),
relativos a vários campos situados no Mar do
Norte, a bomba é o componente que apresenta
maior percentual de falhas, sendo responsável por
cerca de 23% do total das falhas dos BCS's
analisados por aquela instituição. Em segundo
lugar, aparece o motor com apenas 14% das
falhas. Verifica-se aqui, portanto, uma diferença
importante no que concerne às principais causas
de falhas de conjuntos BCS, entre os
equipamentos do Mar do Norte e os do Pólo
Nordeste.
5.2. Recomendações
• Melhoria da confiabilidade dos equipamentos do
fabricante B: recomenda-se que a PETROBRAS
envide todos os esforços no sentido de conseguir
com que o fabricante B melhore
significativamente a confiabilidade dos seus
equipamentos. Se isto não for possível, então a
utilização dos equipamentos desse fabricante deve
ser descontinuada, em função da baixa
confiabilidade evidenciada na análise aqui
desenvolvida.
• Eliminação das causas de "mortalidade infantil":
na análise dos dados evidenciou-se claramente
que uma grande parcela das falhas dos
equipamentos estão ocorrendo em tempos muito
curtos, caracterizando dessa forma, a ocorrência
de processos causadores de "mortalidade infantil".
A eliminação das causas básicas desses processos
representará um ganho significativo no
desempenho dos BCS's do Pólo Nordeste. Assim,
recomenda-se que:
a) os procedimentos de instalação existentes sejam
revistos em detalhes e que sejam feitas auditorias
periódicas para acompanhamento da instalação dos
conjuntos;
b) os procedimentos de estocagem e transporte dos
equipamentos sejam revisados e auditados
periodicamente;
c) que os componentes reutilizados sejam testados
antes da sua reinstalação nos poços;
Bol. téc. PETROBRAS, Rio de Janeiro, 42 (1/4): 1-8, jan./dez.. 1999
d) que os procedimentos utilizados para
dimensionamento dos motores e bombas sejam
revisados;
e) os sistemas de controle de qualidade dos fabricantes
sejam auditados pela PETROBRAS.
Além das recomendações acima, sugere-se ainda que
cada falha ocorrida em um tempo de operação inferior
a 100 dias seja objeto de extensa investigação para
determinação da sua causa básica.
Deve ser ressaltado que, das sete plataformas cujos
dados foram analisados, apenas os referentes a PVM-3
não apresentaram características fortes de
"mortalidade infantil". Uma investigação detalhada
das razões desta particularidade, em comparação ao
que vem ocorrendo nas demais, pode servir para
indicar procedimentos a serem seguidos em todas as
plataformas.
• Revisão da atual política de substituição dos
equipamentos : os resultados da análise revelam
que os tempos de substituição utilizados na atual
política de troca dos equipamentos de BCS no
Pólo Nordeste podem ser aumentados
significativamente, sem que isto venha a
representar um impacto sério na sua
confiabilidade, particularmente para os
equipamentos do fabricante A.
• Utilização dos resultados dessa análise para
previsão de compra de equipamentos : o
levantamento das curvas de sobrevivência
ajustadas para os BCS do Pólo Nordeste, em
combinação com a política de substituição desses
equipamentos, pode ser utilizado para a
formulação de previsões do número esperado de
falhas – para qualquer período futuro – mais
realistas do que as feitas atualmente.
6. PREVISÃO DE COMPRA DE
EQUIPAMENTOS BCS
Consiste em fazer uma estimativa do número de conjuntos
BCS a serem adquiridos no próximo ano, a partir da
situação operacional vigente na época em que a previsão
se fizer necessária. Esta previsão será feita com base no
conhecimento adquirido a partir dos ajustes das
distribuições de Weibull aos dados de falhas dos
equipamentos operacionais em cada plataforma do Pólo
Nordeste. Na previsão, será levada em conta também, a
política de substituição de equipamentos vigente no ano
para o qual será feita a previsão.
No caso do Pólo Nordeste, os valores de F(t) podem
ser obtidos a partir das funções de Weibull, que foram
ajustadas aos dados de falhas dos conjuntos de cada
7
fabricante por plataforma onde o mesmo encontra-se TABELA II
instalado no momento da previsão. Os tempos de PREVISÃO DE AQUISIÇÃO DE CONJUNTOS
operação atual de cada conjunto podem ser obtidos BCS POR PLATAFORMA E FABRICANTE
diretamente do Banco de Dados de Falhas de BCS PARA AS HIPÓTESES 1 E 2
gerenciado pelo GENPO/GESCOM. Para os tempos TABLE II
de operação acumulados, considerou-se o maior FORECAST FOR THE ACQUISITION OF BCS
tempo reunido de operação para um dos três SETS PER PLATFORM AND MANUFACTURER
componentes críticos (bomba, motor e selo), para os FOR HYPOTHESES 1 AND 2
quais existem indicações de número de série Plataforma- Hipótese 1 Hipótese 2
registrados no segundo banco de dados de falhas do Fabricante
GENPO/GESCOM. PCP1-A 1,128 1,128
PCP2-A 0,427 1,666
Foram obsevadas duas hipóteses: PPG1-A 1,102 1,102
PVM1-A 1,535 1,535
Hipótese 1: considerando os tempos de operação atual
PVM2-A 0,776 1,257
dos equipamentos.
PVM3-A 1,222 1,452
Hipótese 2: considerando além dos tempos de PCP2-B 0,819 0,747
operação atual dos equipamentos, os tempos de PVM2-B 1,138 0,849
operação acumulados. PVM3-B 0,408 0,408
TOTAL 8,554 10,144
Dentro ainda da hipótese 2, avaliou-se o número
esperado de aquisições de cada um dos componentes Os resultados obtidos prevêem a necessidade de
principais do conjunto BCS separadamente, aquisição de nove e 11 conjuntos para o período de
utilizando-se para isso os tempos acumulados de um ano de operação a partir da situação operacional
operação individuais. Como esses tempos reunidos existente em dezembro de 1995 (data da atualização
são diferentes, também foram obtidos para cada dos dados do banco de dados aqui utilizado). Vê-se,
componente valores esperados de aquisições portanto, que para a atual situação operacional dos
diferentes. conjuntos BCS do Pólo Nordeste, a consideração do
tempo acumulado de operação na política de
As diferentes faixas de potência para operação dos substituição representa apenas um acréscimo de
motores dos conjuntos BCS também foram aproximadamente 20% sobre o número total previsto
consideradas. Para isso, calculou-se a taxa de falha de aquisições, considerando-se apenas o tempo de
para cada faixa de potência em cada plataforma, operação atual.
utilizando-se o número de falhas e o tempo total de
exposição em cada uma das faixas. Os percentuais Considerando-se as faixas de potência dos motores,
para as faixas de potência foram obtidos observa-se maior valor esperado para aquisições de
considerando-se o número de equipamentos em conjuntos com motores operando com potência,
operação em cada faixa e as taxas de falhas obtidas principalmente, quando são considerados os tempos
anteriormente para estas potências.Os resultados para de operação acumulados. Concluindo, para a
as duas hipóteses são apresentados na tabela II. aquisição dos componentes do BCS separadamente,
foram estimadas nove unidades de selo e bomba e dez
unidades de motores, com aquisição prevista para o
período de um ano.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
i 1
( ) ABERNETHY, R. B. New weibull handbook. Houston : Gulf, 1994, 1 v.

(2) ACIOLY, R. M. S. Análise da duração do tempo de vida de bombas centrífugas submersas. Rio de Janeiro : Universidade
Federal do Rio de Janeiro. Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia, 1995. 95 f.

(3) SELSKAPET FOR INDUSTRIEL OG TEKNISK FORSKING. Reability of well completion equipment. Trondheim, 1992.
1 v. (STF 75 F92019).

8 Bol. téc. PETROBRAS, Rio de Janeiro, 42 (1/4): 1-8, jan./dez. 1999