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Avaliacao Do Tratamento Domiciliar de Aguas Negras Por Um Tanque de Evapotranspiracao Tevap 114161310
Avaliacao Do Tratamento Domiciliar de Aguas Negras Por Um Tanque de Evapotranspiracao Tevap 114161310
Julho 2014
Resumo
Uma nova tendência para o saneamento é o conceito de saneamento ecológico que tem como
enfoque a proteção dos recursos hídricos pelo não lançamento de esgoto nos cursos d’água,
além de reutilizar de forma racional todos os nutrientes presentes nas excretas. Considerado
uma alternativa ecológica de tratamento, o tanque de evapotranspiração (TEvap) é uma técnica
desenvolvida com potencial para aplicação no tratamento domiciliar de águas negras que visa
descarga zero. Neste preceito, o objetivo deste estudo foi avaliar o funcionamento e operação de
um TEvap tratando águas negras de uma residência com dois habitantes.O sistema foi
monitorado em dois períodos, sendo o último de 32 dias mais relevante para os resultados
levantados. O lodo da câmara de digestão apresentou uma atividade metanogênica específica
(AME) que suportaria uma carga biológica de 0,047 kgDQO/kgSSV.d o que refletiria em uma
vazão de entrada de 740 L/dia, no entanto o sistema tem capacidade volumétrica apenas para
operar com uma vazão de 48 L/dia, comportando 4 usuários. Em casos de extravasamento,
quando exposto a uma vazão atípica, o sistema se apresentou com uma eficiência de 76%,
levando em consideração o parâmetro Demanda Química de Oxigênio (DQO).
1. Introdução
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 7ª Edição nº 007 Vol.01/2014 Julho/2014
Avaliação do tratamento domiciliar de águas negras por um Tanque de Evapotranspiração (TEvap)
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Segundo o IBGE, através da Pesquisa Nacional de Saneamento - PNSB 2008, pouco mais da
metade dos municípios brasileiros (55,2%) tem serviço de esgotamento sanitário por rede
coletora, marca pouco superior à observada na pesquisa anterior, realizada em 2000, que
registrava 52,2%. No estado de Mato Grosso do Sul menos da metade (44,9%) dos municípios
são atendidos pela rede de coleta, sendo que, 43,6% deles, apresentam o devido tratamento. De
2008 para 2011 esse quadro ainda não se modificou muito, pois conforme o diagnóstico de água e
esgoto apresentado pelo Sistema Nacional de Informação sobre o Saneamento – SNIS observa-se
que apenas 55,5% dos municípios brasileiros apresentam coleta de esgoto e que apenas 37,5%
desse esgoto recebe o devido tratamento.
De acordo com a Lei Nacional de Saneamento Básico (n.° 11.445), sancionada em 05 de janeiro
de 2007 e regulamentada pelo Decreto n.º 7.217 de 21 de junho de 2010, todas as edificações
permanentes urbanas devem ser conectadas às redes públicas de abastecimento de água e de
esgotamento disponível, porém, na ausência de redes públicas de saneamento básico, serão
admitidas soluções individuais de abastecimento de água e de afastamento e destinação final dos
esgotos sanitários.
Dentro deste contexto, sabe-se que a maioria das residências apresenta sistemas de fossas sépticas
seguidas de sumidouro, no entanto, estes sistemas quando mal dimensionados e/ou dispostos em
áreas de lençol freático alto, também são potenciais poluidores das águas subterrâneas pela
infiltração de poluentes e patógenos. De cada dez pessoas no mundo, quatro não têm acesso
nem mesmo a uma latrina e apenas duas a cada dez tem acesso a água potável. Essa crise
silenciosa mata em torno de 3900 crianças a cada ano e rouba dos mais pobres, particularmente,
mulheres e crianças, sua saúde, tempo e dignidade (UN MILLENNIUM PROJECT TASK
FORCE, 2005).
Uma nova tendência para o saneamento é o conceito de saneamento ecológico, que tem como
enfoque principal o aumento da disponibilidade hídrica pela economia de água, a proteção dos
recursos hídricos pelo não lançamento de esgoto (tratado ou não) nos cursos d’água, evitando
todas as consequências causadas pelas tecnologias não sustentáveis, além de reutilizar de forma
racional todos os nutrientes presentes nas excretas. Este conceito se baseia no reaproveitamento
local dos nutrientes e da água contidos no esgoto doméstico, através da separação na fonte e do
tratamento e reuso descentralizados (WINBLAD & SIMPSON-HÉBERT, 2004).
Em uma residência, as águas residuárias podem ser segregadas em águas-cinza (lavatório,
chuveiro, lavandeira e cozinha) e águas-negras (vaso sanitário). De acordo com Otterpohl (2001),
águas negras são as águas residuárias provenientes dos vasos sanitários, contendo basicamente
fezes, urina e papel higiênico ou proveniente de dispositivos separadores de fezes e urina, tendo
em sua composição grandes quantidades de matéria fecal e papel higiênico. As águas negras
ainda podem ser segregadas em águas-marron e águas amarelas quando existe segregação de
urina na bacia sanitária, sendo aquelas água contendo apenas fezes e estas águas contendo apenas
urina.
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Considerado uma alternativa ecológica de tratamento, o tanque de evapotranspiração (TEvap) é
uma técnica desenvolvida e difundida por permacultores de diversas nacionalidades, com
potencial para aplicação no tratamento domiciliar de águas negras em zonas urbanas e
periurbanas (PAMPLONA & VENTURI, 2004).
Segundo Gabialti (2008), o funcionamento do sistema de evapotranspiração pode ser descrito da
seguinte forma: o efluente entra pela parte inferior do compartimento, composto por um túnel
(anel de concreto ou tubo de PVC perfurado, ou ainda pneus), cercado por uma camada de
entulho cerâmico ou brita. Na câmara formada ocorre a sedimentação e digestão anaeróbia do
efluente, que escorre pelos espaços entre os pneus/perfurações no anel. Saindo desse espaço, o
efluente passa pela camada de material cerâmico permeável, naturalmente colonizado por
bactérias que complementam a digestão. Na medida em que o efluente preenche todo o
compartimento, passando pelas camadas de brita e areia, em direção à superfície, o TEvap
funciona como um filtro anaeróbio. Durante esse trajeto, o efluente é mineralizado e filtrado, com
possível eliminação de patógenos. As raízes das plantas localizadas nas camadas superiores se
desenvolvem em busca de água e dos nutrientes disponibilizados pela decomposição da matéria
orgânica. O TEvap é um sistema impermeável ou seja, não há infiltração do efluente no solo,
assim através da evapotranspiração das plantas a água é eliminada do sistema, enquanto os
nutrientes presentes são removidos através da sua incorporação na biomassa das plantas, que são
podadas ou colhidas periodicamente.
Em recente publicação, Paulo et al (2012) descreveu um Tanque de Evapotranspiração (TEvap)
para tratamento de águas negras, sendo considerado um sistema natural que visa a descarga zero.
Por ser uma tecnologia ainda muito recente, não existem trabalhos disponíveis na literatura sobre
operação e eficiência de sistemas de evapotranspiração. Portanto, o objetivo deste estudo foi
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avaliar o funcionamento e operação de um tanque de evapotranspiração, operando sob diferentes
condições ao longo de 1.448 dias.
2. Metodologia
O tanque foi montado em ferro-cimento, sobre uma trincheira feita no solo, com fundo nivelado,
nas dimensões de 1 metro de profundidade, 2 metros de largura e 2 metros de comprimento. A
borda do tanque se estendeu a cerca de 10 cm acima da superfície do solo, de modo a evitar o
escoamento superficial de água da chuva para dentro do sistema. Uma câmara formada pelo
alinhamento de pneus usados foi posicionada longitudinalmente ao fundo do tanque, sem nenhum
tipo de rejunte, de forma que o efluente pudesse sair da câmara, passando por entre os pneus. A
tubulação de entrada de esgoto foi posicionada para dentro dessa câmara. Ao redor da mesma, foi
colocada uma camada de aproximadamente 45 cm de entulho cerâmico, cobrindo todo o fundo do
tanque. Acima, foram colocadas camadas com as seguintes espessuras: brita, 10 cm, areia, 10 cm
e solo, 35 cm. Na saída do tanque foi colocado um tubo de drenagem de 50 mm de diâmetro, 18
cm abaixo da superfície do solo, para o caso de eventuais extravasamentos do tanque. Foi
instalado um piezômetro (tubo de visita), feito com tubo de PVC de 100 mm de diâmetro, com
acesso ao túnel de pneus e também caixas de inspeção de alvenaria, na entrada e na saída do
tanque, para manutenção e para a coleta de amostras do efluente final, quando presente. A caixa
de saída foi conectada a uma vala de infiltração, para disposição final do efluente extravasado. A
Figura 1 mostra o desenho esquemático da composição das camadas e estrutura do tanque. Na
superfície, foram plantadas três mudas de bananeiras (Musa cavendishii), distribuídas
longitudinalmente ao centro do tanque; taiobas (Xanthosoma sagittifolium), em metade da área
do tanque e beri (diversas espécies do gênero Canna), na outra metade. Depois do plantio, o
tanque foi cheio completamente com água, para acomodação dos substratos e verificação da
capacidade líquida do tanque. O volume de água introduzido inicialmente no tanque foi medido
por meio de um hidrômetro e a relação volume de água por centímetro em cada camada do
substrato foi medido relacionando-se o volume de entrada no sistema pela medição do nível de
água, sendo realizada através do tubo de visita, com o auxílio de uma trena.
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Amostras do efluente foram coletadas em dois pontos distintos – no interior (próximo da entrada)
e na saída do tanque, em dois períodos diferentes, sendo que no primeiro período, que teve
duração de 1006 dias (12/11/2007 a 14/08/2010), a periocidade da coleta foi quinzenal. O
segundo período, que teve duração de 32 dias (28/09/2011 a 30/10/2011) as coletas foram
realizadas semanalmente nas primeiras 04 semanas e diariamente na última semana.
A vazão da água negra produzida foi calculada através da leitura de um hidrômetros de 1,5 m3.h-1
(multijato Actaris®) instalado na tubulação que alimenta o vaso sanitário do banheiro da
residência onde se localiza o sistema. A partir da vazão calculou-se o tempo de detenção
hidráulica (TDH) do TEvap durante as diferentes fases de operação do sistema.
Após 1.421 dias de operação do sistema, foi realizada a coleta do lodo na câmara de digestão
anaeróbia (câmara de pneus) por meio do piezômetro, sendo levado posteriormente para análise
do teste de Atividade Metanogênica Específica (AME) em laboratório.
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O teste AME foi realizado para classificar o potencial da biomassa na conversão de substratos
solúveis em metano (CHERNICHARO, 2007). Para elaboração deste teste foi utilizado um
frascos de vidro, com volume total de 3.250mL, o qual foi preenchido com 2.600mL de fase
liquida devido aos 20% de headspace considerado.
A fase liquida era composta por 3,7gSVT/L de biomassa (155 mL de lodo úmido) e 2.445 mL de
substrato (acetato) com uma concentração de 0,7gDQO/L e 0,6g de NaHCO3/L como tampão.
Foram realizadas duas alimentações com acetato de sódio, sendo a primeira com 0,7gDQO/L e a
segunda com 2,17gDQO/L.
O ducto de coleta de amostras líquidas permaneceu fechado, sendo aberto apenas para a coleta da
amostra com auxílio de uma seringa de 20 mL. Os frascos foram mantidos em uma temperatura
de 27 ± 3 °C, os quais eram agitados manualmente duas vezes por dia. A Figura 2 apresenta um
esquema do método utilizado na realização do teste.
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2.3 Funcionamento do Sistema
Conhecendo-se o volume total do sistema, e o diâmetro da câmara de digestão, bem como seu
comprimento pôde-se calcular separadamente o volume da câmara de digestão e do filtro
anaeróbio.
O nível de efluente dentro do sistema foi medido por meio do tubo de visita com o auxílio de
uma trena. Através também do tubo de visita o nível de lodo na câmara foi medido com a
inserção de uma haste com um pano branco amarrado na ponta. Este aparato foi mergulhado no
TEvap até tocar o fundo, depois de ficar por alguns segundos pressionado contra o fundo, o
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mesmo era retirado, ficando desta forma marcado o nível de lodo no pano, que era medido
também com uma trena.
Assim realizando-se a média, chamada de (H) na Figura 4, das medidas do nível do lodo de todos
os dias de coleta foi possível determinar o volume de lodo presente na câmara de digestão,
através de relações trigonométricas.
A B
Figura 4– A: Área da sessão de lodo; B: Volume da sessão de Lodo
Legenda 2 – X – altura do triângulo retângulo; α – ângulo do setor; L – comprimento da câmara de digestão
Fonte: dados produzidos pelo autor (2013)
Como o raio e a média dos níveis de lodo eram conhecidos, pode-se calcular a altura do triângulo
retângulo, chamada na figura 5 de X. Conhecendo-se X, foi calculado o ângulo alfa (α) e
posteriormente a área do setor. Subtraindo da área do setor a área dos dois triângulos retângulos,
obtivemos o valor da área de sessão de lodo, logo sabendo o comprimento (L) do tanque e
considerando que a altura de lodo não se modificara ao longo do compartimento de digestão
(Figura 4B), calculou-se o volume de lodo presente na câmara.
CB = (Q . S ) / M, onde: (1)
3. Resultados e Discussões
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Baseado nos resultados das análises laboratoriais para as águas negras contidas no interior e saída
do TEvap, foram calculadas as médias aritméticas e os desvios padrões, obtendo-se assim, a
características das mesmas. Embora o TEvap não seja propriamente um sistema de tratamento de
esgoto para o qual se possa aplicar o conceito de eficiência, pois se operando dentro do projetado
não deve produzir efluente, procurou-se avaliar a eficiência do tanque para as coletas onde houve
extravasamento.
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notar que o valor máximo no interior do tanque foi de 1791,37mg/L e a mínima foi de
122,5mg/L, apresentando uma média abaixo do encontrado (6695mg/L) por Rebouças et al
(2007) utilizando amostras de água negra bruta, cada uma composta por 6 L de água, papel
higiênico, fezes e 250 mL de urina e acima do encontrado (421,2mg/L) por Rebêlo (2011) para
amostras de águas provenientes dos vasos sanitários e da pia de cozinha. Já na saída do sistema
foi encontrada uma máxima de 869,68 mg/L e mínima de 60,0 mg/L com valor médio acima do
encontrado (161,3mg/L) por Rebêlo (2011) utilizando como forma de tratamento reatores
anaeróbios com chicana, com meio suporte de casca de coco.
Essas altas divergências podem ser explicadas seguindo alguns fatores relevantes para este
primeiro período de coleta, como: condições climáticas, datas e realização de coleta e freqüência
do uso do banheiro ligado ao sistema. Como o sistema se encontra alocado em um abrigo
municipal, a freqüência do uso do banheiro varia de uma forma totalmente inconstante, visto que
cada época do ano, certo número de pessoas utilizam o sanitário, além do que o período em
análise compreende quase 3 anos de monitoramento feitos sem rotina regular, logo passou por
períodos de maiores e menores incidências solares levando a altas e baixas taxas de
evapotranspiração, bem como períodos chuvosos e de estiagem que refletem diretamente no
funcionamento do tanque.
Tendo em vista o longo período de operação do sistema e uma variância considerável nas análises
estudadas, realizou-se um monitoramento com coleta mais intensiva, bem como
acompanhamento da leitura do hidrômetro pelo período de 01 mês. O estudo nesse período foi
focado na DQO para posterior avaliação da eficiência da câmara de digestão. Como no 2º
período, o monitoramento foi realizado em um intervalo de tempo menor, foi possível um melhor
acompanhamento dos fatores climáticos e da freqüência de uso do banheiro, podendo-se observar
e melhor explicar variações no sistema. O interior do tanque apresentou valor máximo de DQO
de 663,41mg/L e valor mínimo de 143,65mg/L, já na saída do sistema foi observado um valor
máximo de DQO de 160,33mg/L e valor mínimo de 31,90mg/L, com média de valores abaixo da
média do primeiro período. Este fato pode ser explicado devido ao sistema nesse período ter sido
utilizado apenas por dois moradores, o que levou o sistema a receber uma concentração de DQO
menor, refletindo assim em apenas uma vazão de 62,44L/dia, quase 1/3 da do 1º período.
Verificou-se ainda que os valores mínimos encontrado no interior e na saída do tanque ocorreram
em dias de alto índice pluvial, o que pode ter diluído a amostra.
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Das 9 datas de coleta de amostras durante o segundo período de monitoramento, em 7 ocasiões o
sistema não havia apresentado extravasamento, indicando que estava operando com uma vazão
dentro do que havia sido dimensionado, que conseqüentemente leva à um tempo de detenção
hidráulica alto,no dia de menor vazão (13,7 L/dia) o TDH chegou a 90 dias, porém o valor médio
encontrado foi de 50,70 dias.
No restante das coletas que apresentaram saída (02 coletas), realizou-se a análise de remoção
absoluta e em porcentagem, sendo 212,63mgDQO/L e 76,86% respectivamente. Apesar da
remoção absoluta ser menor do que a do primeiro período a eficiência do sistema no segundo
período foi mais representativa, devido a apresentar uma maior regularidade em seu
funcionamento (menor desvio padrão). No segundo período, o sistema já estava em operação por
1.421 dias, o que nos leva a considerar que o lodo já estava totalmente adaptado ao efluente.
Verificou-se também que neste período o tempo de detenção hidráulico médio (50,70 dias) foi o
dobro do primeiro período (24,50 dias), com isso o efluente ficava em contato com os
microrganismos por mais tempo, além do que no segundo período, as camadas de entulho
cerâmico e brita provavelmente já apresentavam uma maior camada de biofilme, tendo em vista
que a percolação dos esgotos sobre o meio suporte faz com que haja um crescimento bacteriano
na superfície da pedra ou do material de enchimento, na forma de uma fina película fixa
denominada biofilme (GONÇALVEZ., 2001)
Esta constatação fica mais evidente, quando observamos a taxa de remoção da turbidez do
primeiro e segundo período. No 1º período a taxa de remoção em termos de porcentagem são de
86% e no 2º são de 74,10% respectivamente. Sabendo-se que a turbidez é caracterizada por
partículas em suspensão no efluente, acredita-se que no primeiro período de monitoramento as
partículas foram em boa parte filtradas pelo meio suporte e aderidas a estes, formando biofilmes,
que por sua vez, auxiliaram na remoção da DQO do segundo período de monitoramento.
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Na Figura 5, observa-se que o pH se manteve estável na faixa de 7, mostrando assim que por todo
o experimento conseguiu-se uma neutralidade dentro do garrafão. Observa-se também que os
ácidos graxos voláteis (AGV) foram totalmente convertidos (99,6%), sendo que a DQO,
representada principalmente pelos AGVs na solução, apresentou uma remoção de 75%
(1639mg/L).
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O sistema em estudo foi construído com 4m² de área superficial, para atender a uma residência
com dois habitantes. De acordo com os resultados, seu volume total útil é de 1233L, sendo 1195L
(21,3L/cm) no conjunto câmara de pneus, camada de entulho cerâmico e brita, e 38L (1,41 L/cm)
no conjunto camada de areia e de solo. Com o volume total útil calculou-se o volume da câmara
de digestão (442L) e do filtro anaeróbio (791L), bem como observou-se para o segundo período
de monitoramento o tempo de detenção hidráulica médio em cada um dos compartimentos sendo
18,2 dias para a câmara e 32,5 dias para o filtro, consequentemente levando a um TDH total de
50,70 dias.
No entanto, quando analisada a eficiência do TEvap, verificou-se uma taxa de remoção de DQO
de 76%, o que é abaixo da capacidade do sistema. Uma das causas pode ter sido a vazão atípica
(454 L/dia) recebida na semana dos dias 11/10/2011 a 18/10/2011. Esta vazão pode ter sido
provocada pela utilização do sanitário por mais de duas pessoas, tendo em vista que essa semana
foi à semana do “saco cheio”, a qual é marcada pela chegada de visitantes no abrigo, além do que
os próprios moradores passam maior tempo em casa. Nesses dias o sistema operou com um TDH
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total de 2,71 dias, sendo 0,97 dias para câmara de digestão e 1,78 dias no filtro anaeróbio. Desta
forma quando o sistema recebe uma vazão deste porte ele se inunda por inteiro até o seu total
extravasamento, ficando nestes casos, o efluente por mais tempo na parte considerada como filtro
anaeróbio, que se torna o principal responsável pela remoção da DQO. De acordo com Pinto
(1995) citado por Chernicharo (1997) trabalhos de pesquisa em escala piloto utilizando-se filtros
anaeróbios como unidades isoladas de tratamento de esgoto doméstico, operando com vazões
constantes e tempos de detenção hidráulica variando de 6 a 8 horas, precedidos apenas de
dispositivos de tratamento preliminar, indicaram eficiência de remoção de DBO e DQO variando
entre 68% e 79%.
Desta forma, considerando a infiltração de chuva no sistema entre uma faixa de 80 a 100%,
chegou-se aos valores de 629 a 743L, dividindo-se estes valores pela relação volume por
centímetro (21,7 L/cm) do conjunto câmara de pneus, entulho cerâmico e brita, obtém-se o nível
de águas negras no TEvap, que foi calculado na faixa de 29 - 34 cm. Comparando esta estimativa
com o valor médio (33cm) do nível de efluente medido do sistema nesses 25 dias, nota-se que o
valor medido se encaixa na faixa de valores calculada, tornando os cálculos realizados
satisfatório.
Portanto verifica-se que o TEvap está operando com praticamente metade de sua capacidade
volumétrica, podendo ainda, receber adicionalmente a vazão já recebida diariamente (62,44
L/dia), mais 24,16 L/dia, assim teria capacidade para receber uma vazão diária de 86,6 L. Com
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isso constata-se que mesmo a atividade metanogênica do sistema tendo capacidade para receber
uma vazão de 740 L/dia , o tanque não suportaria este volume de entrada, o que implicaria em
extravasamentos, neste caso o tanque de evapotranspiração deveria ser acompanhado de sistemas
de infiltração subsuperficial no solo, como as valas de infiltração (Santos & Athayde Junior,
2008).
4. Conclusões
Quando o sistema é exposto a uma vazão atípica, nota-se que ele opera com uma
eficiência de 76%.
O tanque de evapotranspiração estudado tem capacidade para suportar uma vazão de 86,6
L/d, o que significa que ele pode ser utilizado para tratar as águas negras de 4 pessoas que tenham
os mesmos hábitos dos habitantes atuais, sem que haja nenhum extravasamento.
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ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 7ª Edição nº 007 Vol.01/2014 Julho/2014