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Doutora em História pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)/
priscila.pereira@ifsuldeminas.edu.br .
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As duas instituições foram criadas a partir da Lei nº 11.892 de 2008, que instituiu a Rede Federal de
Educação Profissional, Científica e Tecnológica e permitiu o surgimento dos IFs. No entanto a história de
ambos institutos é muito anterior a isso. No caso do IFMG Campus Bambuí, sua origem remonta à
criação, nos anos 1950, do Posto Agropecuário na Fazenda Varginha, situada no município de Bambuí,
MG. Com meio século de história, a instituição já foi Escola (1961), Ginásio (1964) e Colégio Agrícola
(1968), Escola Agrotécnica Federal (1979) e Centro Federal de Educação Tecnológica – CEFET (2002),
antes de ser incorporada à Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica em 2008. Já o
IFSULDEMINAS Campus Machado completou no ano passado 60 anos de história, atravessando
distintas etapas desde a sua criação em 1957, de Escola Agrícola à Instituto Federal.
tais características agrárias - onde o conservadorismo e tradicionalismo costumam
tangenciar os mais diversos campos, das relações de gênero à produção de alimentos –,
pensei em unir num único projeto as duas temáticas em questão, a saber, a de gênero e a
da agroecologia. Neste sentido, a presente proposta busca desenvolver ações e promover
reflexões que tenham como foco o protagonismo das mulheres no campo, seja como
trabalhadoras, pesquisadoras, agentes extensionistas e/ou detentoras de saberes
ancestrais que permitem uma melhor integração homem/ natureza. O projeto se
estrutura em torno dos seguintes eixos temáticos: a mulher no campo; empoderamento
de mulheres camponesas; as mulheres e as ciências agrárias; feminismo comunitário;
sustentabilidade e gênero; soberania alimentar, justiça social e gênero; organização
política e resistência das mulheres rurais.
Quando nos debruçamos sobre a história da classe trabalhadora brasileira, vemos
que, no caso das trabalhadoras rurais, foi (e é) árduo o seu caminho para serem
reconhecidas enquanto tais. Embora sua presença seja inconteste nos mais diversos
âmbitos das atividades realizadas no campo, ainda recai sobre elas o peso da
invisibilidade e do não reconhecimento de seu trabalho e capacidade produtiva 3.
Segundo pesquisa realizada em 2009,
No Brasil, quase 15 milhões de mulheres do campo estão privadas do acesso
à cidadania por não terem reconhecida a sua condição de agricultoras
familiares, camponesas ou trabalhadoras rurais. Embora representem 47,8%
da população residente no meio rural, somente 16% são titulares das terras
onde moram (PACHECO: 2009, p. 4).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
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(que já une mais de mil famílias campesinas e assentadas). Barra do Turvo: Associação
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PACHECO, Maria Emília Lisboa. “Os caminhos das mudanças na construção da
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SALES, Celecina de Maria Veras. “Mulheres rurais: tecendo novas relações e
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SILIPRANDI, Emma. “Um olhar ecofeminista sobre as lutas por sustentabilidade no
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na construção do futuro. Rio de Janeiro: AS-PTA, 2009.
SILVA, José Graziano. O que é Questão Agrária. São Paulo: Brasiliense, 1981.
TIBURI, Márcia. Feminismo em comum: para todas, todes e todos. Rio de Janeiro:
Rosa dos Ventos, 2018.