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Projeto de Atuadores Utilizando Polimeros Eletroativos PDF
Projeto de Atuadores Utilizando Polimeros Eletroativos PDF
Albert Einstein
Resumo
Actuators are used for several applications, from daily life devices to complex
mechanical systems. Thus, developing actuators able to handle a variety of
conditions consists on a challenge. Dielectric elastomers (DE) are one class among
the electroactive polymers category of smart materials, those able to change their
own mechanical proprieties when stimulated. DE are composite materials consisting
on a sandwich of a polymeric film among complacent electrodes. Developing new
actuators, robuster, without moving parts, high energetic density and flexible,
characteristics gathered on DE, is therefore a motivation for studying them. The
presente study models a linear DE actuator using cylindrical geometry. It also
includes the analysis of the relevant parameters and literature topics.
1 Introdução ........................................................................................................... 9
2 Objetivo ............................................................................................................. 12
5 Discussão ......................................................................................................... 33
6 Conclusão ......................................................................................................... 45
1 Introdução
Atuadores são utilizados para os mais variados fins, da robótica a um simples
sistemas de ajuste de bancos em um veículo. Diversas definições podem ser dadas
para atuadores, mas em geral se referem a elementos capazes de desenvolver
movimento e assim agir sobre o meio que os envolve (Lochmatter, 2007) Assim
sendo, são encontrados desde simples dispositivos a complexos sistemas
mecânicos. Por esta razão, desenvolver atuadores úteis aos mais diversos
ambientes e situações constitui um desafio.
Os materiais inteligentes são materiais que, quando estimulados, são
capazes de alterar suas propriedades físicas. Dentro deste campo, os polímeros
eletroativos, um grupo de materiais que responde a estímulos elétricos através de
deformações, são um grupo que vem se destacando recentemente. Apesar de
apresentarem um princípio de resposta similar aos materiais piezoelétricos
(resposta mecânica em função de um campo elétrico aplicado), suas aplicações
sugeridas diferem substancialmente, principalmente em função das grandes
deformações associadas a estes materiais. Em meio à classe dos elastômeros
dielétricos, destaca-se a classe dos polímeros dielétricos, filmes poliméricos
envolvidos por eletrodos, alvo de diversos estudos por se tratarem de materiais
leves, de baixo custo e alta densidade energética.
O uso dos polímeros eletroativos como atuadores surge a partir das
possibilidades de copiar o funcionamento de músculos orgânicos, razão pela qual
são conhecidos como “músculos artificiais”, atuando acionados por estímulos
elétricos. Desenvolver atuadores sem a necessidade de partes móveis, com alta
densidade energética e que ainda apresentem flexibilidade torna-se, então, uma
motivação para o estudo dos polímeros em questão.
Neste contexto, propôs-se inicialmente o desenvolvimento de um atuador
tubular visando o desenvolvimento de um sistema de bombeamento, em que,
através dos estímulos elétricos, o atuador se comprimisse e/ou expandisse.
Entretanto, durante a modelagem matemática do fenômeno em questão,
observou-se a impossibilidade da resolução de forma exata do modelo, fazendo
necessária a utilização de métodos numéricos para tal. Dada a complexidade
envolvida no projeto e o curto tempo para realização deste, estudos apontaram a
10
2 Objetivo
3 Revisão bibliográfica
Figura 1: A esquerda, visão de uma espaçonave do experimento com antena inflável (Inflatable Antenna
Experiment - IAE) L`Garde`s e a direita radar de abertura sintética inflável no Jet Propulsion Laboratory -
NASA (Bar-Cohen, 2001).
Há ainda, como listado por Bar-Cohen(2001), estudos para uso de EAP como
mecanismo ativo para controle de ruído e vibração, pesquisa realizada no Industrial
Technology Research Institute, Taiwan e mesmo na área de tecelagem, onde fibras
de EAP poderiam ser usadas na criação de roupas adaptativas.
Outra aplicação pela qual EAP’s tem se popularizado é a geração/coleta de
energia, principalmente através de elastômeros dielétricos, uma de suas classes. O
referido procedimento pode ser compreendido através da figura 2. Ao sofrer uma
deformação (processo 1), o elastômero dielétrico aumente sua capacitância em
relação ao seu estado não deformado, portando quando aplicada uma carga Q
(processo 2) a este, haverá no material energia elétrica decorrente das cargas em
seus eletrodos e também energia mecânica decorrente da deformação deste. Ao
retornar ao seu estado natural com a retirada da carga mecânica (processo 3), o
material reduz sua capacitância e, por manter a mesma carga elétrica, passa a um
estado de maior energia elétrica armazenada, a qual pode então ser coletada
(processo 4) permitindo o reinício do ciclo. Esse mecanismo é conhecido por ter alta
eficiência e a alta densidade energética de tais materiais os credenciam como
possível solução de energia renovável no futuro (Pelrine, et al., 2000).
17
cujo potencial para este fim foi identificado em 1999 e pode ser encontrado como a
fita dupla face VHB 4910, fornecida pela 3M. O eletrodo deve apresentar menor
rigidez dielétrica se comparado ao elastômero, possibilitando que o elastômero se
deforme substancialmente. Um material comumente usado é a graxa condutiva de
carbono, conforme Bar-Cohen detalha em seu website (Jet Propulsion Laboratory -
NASA/ Caltech, s.d.).
Por se tratar de um compósito polimérico, o material apresenta baixa
densidade e também baixo custo, além de resposta rápida e ausência de ruído,
conforme apontado por (Suo, 2010) e (Jean-Mistral, et al., 2007) em suas obras,
características importantes para um atuador em uma vasta gama de aplicações.
A Tensão de Maxwell pode ser caracterizada em função do campo
elétrico atuante entre os eletrodos (E) e também da rigidez dielétrica do meio (𝜀𝑚 )
multiplicada pela rigidez dielétrica do vácuo (𝜀0 = 8.85 x 10-12 A.s/(V.m)):
𝜎𝑚 = 𝜀0 𝜀𝑚 𝐸 2
Assim, obtemos que para uma dada carga Q neste, a energia armazenada
(𝑈𝑒 ) será:
𝑄2 𝑄2 𝑧
𝑈𝑒 = = ( 3.2 )
2𝐶 2𝜀0 𝜀𝑚 𝐴
Figura 5: Modelo de elastômero dielétrico em seu estado inicial e deformado (Pelrine & Kornbluh, 2008)
𝑄2 𝑑𝑧 𝑄2 𝑧𝑑𝐴 𝑄
𝑑𝑈𝑒 = − 2
+ 𝑑𝑄 ( 3.3 A )
2𝜀0 𝜀𝑚 𝐴 2𝜀0 𝜀𝑚 𝐴 𝐶
Consequentemente:
21
𝑑𝑧 𝑑𝐴 ( 3.6 B )
= −
𝑧 𝐴
𝑑𝑧 𝑄
𝑑𝑈𝑒 = 2𝑈𝑒 + 𝑑𝑄 ( 3.7 B )
𝑧 𝐶
Verifica-se então Tensão de Maxwell (𝜎𝑚 ) sendo exercida pelo campo elétrico
sobre o material e atribui-se a esta a parcela do trabalho mecânico realizando
durante o processo descrito anteriormente:
−𝐴𝜎𝑚 𝑑𝑧 = 𝑑𝑊 = −𝑑𝑈𝑒 ( 3.8 )
Cauchy, para o qual os estados de tensão são postulados como função apenas do
gradiente de deformação (Goulbourne, et al., 2008). Ogden (1984) descreve que
cada componente do tensor de Cauchy corresponde a componente de força por
área em um ponto na superfície do elemento deformado. Suas componentes (𝜎𝑖 )
podem ser descritas em função da energia de deformação ( 𝑊 ) e da razão de
alongamento (𝜆𝑖 ) através da equação (3.12), na qual 𝑝 é a pressão hidrostática
correspondente ao estado de tensão do material.
𝜕𝑊
𝜎𝑖 = 𝜆𝑖 −𝑝 ( 3.12 )
𝜕𝜆𝑖
𝐼1 = ∑ 𝜆𝑖 2 ( 3.14 )
𝑖=1
(Hackl, et al., 2005) dentre outros. Belytschko, et al. (2000) define o modelo em
questão como uma extensão do Modelo Isotrópico Hiperelástico, o qual delibera que
a energia de deformação pode ser escrita linearmente em função dos invariantes de
Caucy-Green (𝐼1 , 𝐼2 , 𝐼3 ). O Modelo Neo-Hookeano apresenta como única constante
em sua modelagem o módulo de cisalhamento (G) e, segundo (Kofod & Sommer-
Larsen, 2008), apresenta fidelidade ao comportamento real em deformações de até
30%. Assim, de acordo com este modelo:
𝑊 = 𝐺 (𝐼1 − 3) ( 3.15 )
Assim:
𝑊 = 𝐶1 (𝐼1 − 3) + 𝐶2 (𝐼2 − 3) ( 3.17 )
Onde N pode ser tomado como um valor inteiro tão grande ou pequeno como
desejado e os termos 𝜇𝑝 e 𝛼𝑝 são números reais. O modelo de Ogden apresenta
boa correlação, porém não são encontrados muitos estudos utilizando-o para
24
Figura 6: Correlação do Modelo de Ogden com dois termos comparada aos demais para o caso de
extensão de um fio de borracha (Kofod, 2001)
Tal relação deve ser satisfeita sempre para uma geometria axissimétrica em
que haja equilíbrio e será utilizada adiante na modelagem do atuador cilíndrico.
26
4 Construção do modelo
Figura 8: Representação esquemática de um filme composto de elastômero dielétrico (Tepel, et al., 2013)
𝜆𝑥 0 0 ( 4.1 )
𝐹 = |0 𝜆𝑦 0|
0 0 𝜆𝑧
Onde:
𝜆𝑥 = 𝑙/𝑙0 ( 4.2 )
𝜆𝑦 = 𝑤/𝑤0 ( 4.3 )
𝜆𝑧 = 𝑡/𝑡0 ( 4.4 )
Adotando a formulação utilizada na modelagem utilizando o modelo Neo-
Hookeano adotada por (Haughton, 1992) para materiais incompressíveis:
𝜎 = 𝐺𝐹𝐹 𝑡 − 𝑝𝐼 ( 4.5 )
Temos que as Tensões de Cauchy ( 𝜎) para o caso adotado podem ser
descritas pelas seguintes condições de contorno:
𝜎𝑥 0
𝜎
𝜎 = | 𝑦| = | 0 | ( 4.6 )
𝜎𝑧 −𝜎𝑚𝑎𝑥𝑤𝑒𝑙𝑙
Consequentemente, obtêm-se o sistema com as seguintes equações:
𝜎𝑥 = 𝐺𝜆𝑥 2 − 𝑝 = 0 ( 4.7 )
𝜎𝑦 = 𝐺𝜆𝑦 2 − 𝑝 = 0 ( 4.8 )
𝑉 2
𝜎𝑧 = 𝐺𝜆𝑧 2 − 𝑝 = −𝜎𝑚 = −𝜀0 𝜀𝑚 ( ) ( 4.9 )
𝑡
Através das equações (4.7) e (4.8), chega-se a:
𝑝 = 𝐺𝜆𝑦 2 = 𝐺𝜆𝑥 2 ( 4.10 )
Como 𝜆𝑦 e 𝜆𝑥 devem ser obrigatoriamente positivos e diferentes de zero,
deduz-se da equação (4.10) que:
𝜆 = 𝜆𝑥 = 𝜆𝑦 ( 4.11 )
Utilizando a equação que descreve a incompressibilidade do material,
teremos:
𝜆𝑥 𝜆𝑦 𝜆𝑧 = 1 ( 4.12 )
1
𝜆2 = ( 4.13 )
𝜆𝑧
Realizando as substituições adequadas na equação (4.9), pode-se chegar a
equação que relaciona a razão de alongamento do material no eixo z com a
diferença de potencial existente entre os eletrodos.
28
2 2 2 2 −1 𝑉 2
𝐺𝜆𝑧 − 𝑝 = 𝐺𝜆𝑧 − 𝐺𝜆 = 𝐺(𝜆𝑧 − 𝜆𝑧 ) = −𝜀0 𝜀𝑚 ( ) ( 4.14 )
𝑡0 𝜆𝑧
𝜀0 𝜀𝑚
Definindo 𝛼 = e manipulando a equação (4.14) adequadamente, a
𝐺𝑡0 2
1
Razão de alogamento
a
0.8
0.6
0.4
b
0.2
0
Tensão elétrica entre os eletrodos V
Figura 9: Curva Tensão elétrica, deformação de um filme composto de polímero eletroativo.
𝐽 = det(𝐹 ) = 𝜆𝑟 𝜆𝜃 𝜆𝑧 = 1 ( 4.20)
A quarta hipótese tem como consequência uma limitação do modelo, pois, como
visto anteriormente, o modelo de material Neo-Hookeano apresenta-se como o mais
simplificado e apresenta correlação limitada para deformações maiores.
Utilizando o modelo de tensões de Cauchy, conforme detalhadas no modelo
previamente, obtemos as seguintes relações:
𝜎𝑟 = 𝐺𝜆𝑟 2 − 𝑝 ( 4.21 )
𝜎𝜃 = 𝐺𝜆𝜃 2 − 𝑝 ( 4.22 )
𝜎𝑧 = 𝐺𝜆𝑧 2 − 𝑝 ( 4.23 )
da equação (3.21):
𝜎𝜃 = 𝜎𝑟
Portanto, igualando as equações (4.21) e (4.22):
31
𝜆𝜃 = 𝜆 𝑟 ( 4.25 )
2
2 1
𝑝 = 𝐺𝜆𝑧 − 𝜎𝑧 = 𝐺 ( ) +𝜎 ( 4.26 )
𝜆𝜃 2
2
2 1
𝜎𝑟 = 𝐺𝜆𝜃 − (𝐺 ( ) + 𝜎) = −𝜎𝑚 ( 4.27 )
𝜆𝜃 2
5 Discussão
3
𝑦3 1 1 3 𝑦3 1 1 ( 5.2 )
𝑥= √ √ √
+ + + −√ + +
27 4 2 27 4 2
34
2.5
1.5
0.5
0
0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00
Y (𝜀0 𝜀𝑚 𝑉2/(𝑡 0 2 G))
λθ λz
Figura 11: Relação tensão elétrica (em notação adimensional conforme descrita anteriormente) versus
deformação (razão de alongamento) para o atuador tubular sem carga mecânica.
14
12
Dimensão (cm)
10
8
6
4
2
0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
Y (𝜀0 𝜀𝑚 𝑉2/(𝑡0 2 G))
Figura 12: Relação entre a extensão axial do atuador e seu raio interno em relação à aplicação da tensão
elétrica (em notação adimensional). Considerando um cilindro de raio interno inicial de 10cm e 10 de
altura.
35
Figura 13: Resultado do modelo em elementos finitos emulando modo de deformação do atuador
proposto
Conforme pode ser visto na figura 13, ao ter uma pressão exercida
radialmente em suas paredes tanto internas, quanto externas, o cilindro deforma-se
reduzindo sua espessura e diâmetro e alongando-se na direção axial. Tal
36
𝐴0 = [(𝑟0 + 𝑡0 )2 − 𝑟0 2 ]𝜋 ( 5.3 )
1.7
1.6
1.5
1.4
0.9
0.8
0.7
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000
Tensão (V)
Figura 14: Efeito do carregamento no atuador.
38
Figura 15: Mapa de deformação do atuador em função da pressão axial sofrida e da tensão elétrica
atuante. Considerado atuador com espessura de parede de 0,1mm e composto por VHB 4910.
39
Figura 16: Foco na figura 15 enfatizando a faixa com menores níveis de tensão elétrica e
consequentemente menores níveis de deformação
Tal comportamento pode ser explicado ao observar que, para uma dada
𝜀0 𝜀𝑚 𝑉 2
deformação, o elemento 𝑦 = (𝑡 ) − 𝜎0 da parametrização proposta acima deve
𝐺 0
ser constante e, conforme indicado na equação 5.6, maior a tensão exigida, maior
passa a ser a inclinação das linhas indicadas na figura 15.
𝑑𝜎0 2𝜀0 𝜀𝑚 𝑉
= ( 5.6 )
𝑑𝑉 𝐺 𝑡0
Figura 17: Razão de alongamento versus tensão elétrica para um mesmo material utilizando diversas
espessuras.
41
Polyurethane Deerfield PT6100S Fluorosilicone Dow Corning 730 Silicone Dow Corning Sylgard 186
12.0
Constante Dielétrica (𝜀m)
10.0
8.0
6.0
4.0
2.0
0.0
10.0 100.0 1000.0 10000.0
Módulo de Cisalhamento (G) (kPa)
Figura 18: Conjunto de materiais em questão com suas propriedades relevantes ao modelo proposto
Tabela 2: Materiais selecionados para análise do efeito de suas propriedades, valores do parâmetro
relevante e suas respectivas identificações para simplificar referência.
Figura 19: Sensibilidade aos parâmetros do material (𝜺𝒎 /𝑮) para dadas razões entre a constante
dielétrica e o módulo de cisalhamento. Considerando um atuador com .25mm de parede.
6 Conclusão
Referências Bibliográficas
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Polymer (EAP) Actuators as Artificial Muscles: Reality, Potential, and
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