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PUC

CAMPINAS

Gestão da Manutenção
Introdução à Confiabilidade

Prof. Dr. Vinícius G. S. Simionatto


FEM – CEATEC
vinicius.simionatto@puc-campinas.edu.br
PUC Confiabilidade
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• Até o mais simples objeto engenheirado está sujeito ao conceito de


confiabilidade.
• A confiabilidade estuda a probabilidade de um objeto falhar devido
ao desgaste de seus componentes, características de projeto ou perfil
de uso.
• Em ordem topológica, as partes do sistema podem ser classificadas
em: Sistema -> subsistema -> composição -> sub-composição ->
módulo -> sub-módulo -> componente.

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PUC Confiabilidade
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• Definições:
• Conceito amplo: É a habilidade de um item de desempenhar determinada
função sob determinadas condições ambientais e operacionais por um
período de tempo pré-determinado.
• Conceito técnico: É a probabilidade de um item desempenhar sua função por
um tempo determinado quando operando sob condições ambientais normais
ou pré-estabelecidas.
• Se as condições de operação são iguais às de projeto, fala-se em
confiabilidade de projeto. Caso contrário, fala-se em confiabilidade
em campo.

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Conceitos Iniciais

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PUC Funções
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• Essenciais: São as funções primárias do objeto engenheirado. Ex: a


função essencial de uma usina hidrelétrica é produzir energia elétrica.
• Auxiliares: São as funções que dão suporte à execução da função
primária. No caso da usina hidrelétrica: manter os dutos de admissão
de água limpos.
• Protetivas: São as funções que protegem as pessoas de danos físicos
e também evitam danos ao ambiente. Ex: manter controle adequado
do nível de água na barragem.
• Informativas: São as funções de monitoramento do processo, como
sensores, alarmes, etc. Ex: controle da potência gerada, tensão,
frequência, corrente elétrica, rotação da turbina.
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PUC Falhas
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• Definição: extinção da habilidade de um item de executar uma


função.
• Falha primária: é a falha que ocorre por causas naturais (e.g.
desgaste). É necessária uma ação para manter o componente
operacional.
• Falha secundária: é a falha do componente devido a uma ou mais
causas a seguir:
• A falha primária de outro componente do sistema
• Fatores ambientais
• Ações do usuário

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PUC Falhas
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• Falha de comando: quando um componente está inoperante (não


necessariamente em falha) devido a sinais impróprios ou ruidosos.
Nestes casos, geralmente nenhuma ação corretiva é necessária no
componente para retorná-lo ao funcionamento.

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PUC Defeito
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• Definição: é o estado de um item caracterizado por sua inabilidade de


executar sua função primária.

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PUC Modo de Falha
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• Definição: é a descrição de um defeito.


• Falhas intermitentes: ocorrem sob certas condições e por um período
curto de tempo.
• Falhas estendidas ou contínuas: ocorrem até que alguma ação
corretiva a corrija
• Falhas completas: total perda da função
• Falhas parciais: perda parcial da função.

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PUC Outras Classificações de Falhas
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• Falha repentina (ou catastrófica): é a falha que ocorre sem nenhum


sinal de que irá ocorrer. Ex: um pneu estourar.
• Falha gradual (ou degradativa): ocorre gradualmente, dando sinais
de que irá ocorrer. Ex: término da carga da bateria em um brinquedo.

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PUC Causas de Falha
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• Falha de projeto: projeto inadequado


• Falha por fraqueza: devido a ponto fraco (inerente ou induzido) que
impede o componente de resistir às tensões do modo de operação.
• Falha de manufatura: devido a inconformidades no processo de
produção.
• Falha por idade: devido à idade ou uso do componente.
• Falha por uso inadequado: devido a uso incorreto do componente.
• Falha por mau uso: devido a uso abusivo ou falta de manutenção.

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PUC Severidade da Falha
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• Revela o impacto da falha sobre o sistema como um todo e sobre o


ambiente que o cerca.
• Falha catastrófica: resulta em mortes ou perda total do sistema.
• Falha crítica: resulta em dano físico severo ao usuário ou dano grave
ao sistema.
• Falha marginal: resulta em dano físico leve ao usuário ou dano leve
ao sistema.
• Falha desprezível: resulta em dano físico muito leve ao usuário ou
dano muito leve ao sistema.

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Modelagem Matemática

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PUC Caracterização em Dois Estados
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• O estado do componente é binário.


• 𝑋 𝑡 = 1 corresponde ao objeto em estado completamente
funcional.
• 𝑋 𝑡 = 0 corresponde ao estado de falha (desempenho não
satisfatório ou inaceitável)

T: Tempo para falha

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PUC Caracterização Multiestágios
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• Caracterização em estágios
finitos (1 ≤ 𝑋 𝑡 ≤ 𝐾)
• 𝑋 𝑡 = 1 representa o estado
perfeitamente funcional do item.
• 𝑋 𝑡 = 𝑖, 1 < 𝑖 < 𝐾
representa o estado parcialmente
aceitável do item.
• 𝑋 𝑡 = 𝐾 representa o estado
inaceitável, ou estado de falha.

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PUC Caracterização Contínua
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• Caracterização contínua

• Pode ser não decrescente (como na figura acima) ou não crescente.

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PUC Tempo para Primeira Falha
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• É o tempo entre o início da operação do objeto (em modo contínuo) e


o momento em que ele falha pela primeira vez.
• Há diversas formas de se medir este período.
• Veículos: quilometragem
• Tratores: horas de uso
• Aviões comerciais: ciclos de compressão e descompressão.
• O tempo para a primeira falha (T) é uma variável estatística, e não
determinística!!!

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PUC Tempo para Primeira Falha
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• Em um instante 𝑡, o sistema está em estado operante se 𝑡 < 𝑇 e em


estado de falha se 𝑡 ≥ 𝑇 e nenhuma ação foi tomada para evitar ou
corrigir a falha.
• Portanto, se 𝐹 𝑡 é a função de distribuição acumulada de T:
𝐹 𝑡 =𝑃 𝑡≥𝑇
• Assim, a FDP de T é dada por:
𝑑𝐹(𝑡)
𝑓 𝑡 =
𝑑𝑇

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PUC Função de Confiabilidade
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• A função de confiabilidade é a probabilidade de que não ocorra uma


falha antes do tempo 𝑡. Assim:

𝑅 𝑡 =1−𝐹 𝑡 =𝑃 𝑡 <𝑇 , 𝑡>0

• 𝑅(𝑡) é uma função não crescente em 0 ≤ 𝑡 < ∞


•𝑅 0 =1e𝑅 ∞ =0

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PUC Função de Confiabilidade
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PUC Tempo Médio para Primeira Falha
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• É o valor esperado para a variável T (tempo da primeira falha). Ou


seja:
∞ ∞
𝑇= 𝑡𝑓 𝑡 𝑑𝑡 = 𝑅 𝑡 𝑑𝑡
0 0

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PUC Probabilidade Condicional
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• Também conhecida como probabilidade Bayesiana


• Avalia a probabilidade de um evento acontecer sob a condição de um
segundo evento.

“Qual é a chance do evento A ocorrer


dado que o evento B tenha ocorrido?”

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PUC Exemplo
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• Qual é a chance da soma dos resultados dos dados D1 e D2 ser menor


do que 7, sabendo que o dado D1 apresentou o resultado 3?

D2
D1+D2 1 2 3 4 5 6
1 2 3 4 5 6 7
2 3 4 5 6 7 8
3 4 5 6 7 8 9
D1
4 5 6 7 8 9 10
5 6 7 8 9 10 11
6 7 8 9 10 11 12

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PUC Exemplo
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Podemos analisar o evento da soma isoladamente, que é a chance de a soma dos dados ser
menor do que 7. São 15 ocorrências em um espaço amostral de 36 possibilidades.

D2
D1+D2 1 2 3 4 5 6
1 2 3 4 5 6 7
2 3 4 5 6 7 8 15 5
3 4 5 6 7 8 9 𝑃 𝐴 = 𝑃 𝐷1 + 𝐷2 < 7 = =
D1 36 12
4 5 6 7 8 9 10
5 6 7 8 9 10 11
6 7 8 9 10 11 12

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PUC Exemplo
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Podemos também analisar a probabilidade de o dado D1 apresentar o valor 3. São 6


ocorrências em um espaço amostral de 36 possibilidades:

D2
D1+D2 1 2 3 4 5 6
1 2 3 4 5 6 7
2 3 4 5 6 7 8 6 1
3 4 5 6 7 8 9 𝑃 𝐵 = 𝑃 𝐷1 = 3 = =
D1 36 6
4 5 6 7 8 9 10
5 6 7 8 9 10 11
6 7 8 9 10 11 12

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PUC Exemplo
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Podemos analisar qual é a chance de o evento A acontecer (D1+D2<7) sabendo que o


evento B (D1=3) já aconteceu. Assim, o espaço amostral diminui:

D2
D1+D2 1 2 3 4 5 6
1 2 3 4 5 6 7
2 3 4 5 6 7 8 3 1
3 4 5 6 7 8 9
𝑃 𝐴|𝐵 = 𝑃 𝐷1 + 𝐷2 < 7|𝐷1 = 3 = =
D1 6 2
4 5 6 7 8 9 10
5 6 7 8 9 10 11
6 7 8 9 10 11 12

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PUC Exemplo
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O que queremos calcular é a chance de A e B acontecerem, sem terem necessariamente


acontecido. Assim, sabemos que:

D2
D1+D2 1 2 3 4 5 6
3 1
1 2 3 4 5 6 7 𝑃 𝐴 ∩ 𝐵 = 𝑃 𝐷1 + 𝐷2 < 7 ∩ 𝐷1 = 3 = =
36 12
2 3 4 5 6 7 8
3 4 5 6 7 8 9
D1
4 5 6 7 8 9 10 Mas como calcular 𝑃(𝐴 ∩ 𝐵) sabendo 𝑃(𝐴), 𝑃(𝐵) e 𝑃(𝐴|𝐵)?
5 6 7 8 9 10 11
6 7 8 9 10 11 12

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PUC Exemplo
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Podemos separar os problemas por espaço amostral. Conhecemos a chance de A acontecer dentro do espaço amostral de
B (𝑃(𝐴|𝐵)) e conhecemos a chance de um evento do espaço amostral de B ocorrer (𝑃(𝐵)) no espaço amostral completo.
Assim, as chances de ocorrerem os eventos A e B simultaneamente são dadas por:
D2 D2 D2
D1+D2 1 2 3 4 5 6
D1+D2 1 2 3 4 5 6
D1+D2 1 2 3 4 5 6
1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7
2 3 4 5 6 7 8 2 3 4 5 6 7 8 2 3 4 5 6 7 8
3 4 5 6 7 8 9 3 4 5 6 7 8 9 3 4 5 6 7 8 9
D1 D1 D1
4 5 6 7 8 9 10 4 5 6 7 8 9 10 4 5 6 7 8 9 10
5 6 7 8 9 10 11 5 6 7 8 9 10 11 5 6 7 8 9 10 11
6 7 8 9 10 11 12 6 7 8 9 10 11 12 6 7 8 9 10 11 12

=
𝑃(𝐵) 𝑃(𝐴|𝐵) 𝑃(𝐴 ∩ 𝐵)

6
36
X 3
6
3
36

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PUC Função de Taxa de Falha
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• A função de taxa de falha busca avaliar a chance de um item falhar


em um intervalo (𝑡, 𝑡 + 𝛿𝑡] dado que ele não tenha falhado em 0, 𝑡 .

Sabendo que o meu


item não falhou aqui... T
𝑡 𝑡 + 𝛿𝑡

0
... qual é a chance de
ele falhar aqui?

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PUC Função de Taxa de Falha
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• A chance de um objeto não falhar em um período [0, 𝑡] é dada por:


𝑃 𝑇 > 𝑡 = 𝑅(𝑡)
• A chance de um objeto falhar em (𝑡, 𝑡 + 𝛿𝑡] é dada por:
𝑃 𝑡 < 𝑇 ≤ 𝑡 + 𝛿𝑡 = 𝐹 𝑡 + 𝛿𝑡 − 𝐹(𝑡)
OBS: Note que 𝑡 < 𝑇 ≤ 𝑡 + 𝛿𝑡 implica em 𝑡 < 𝑇 ≤ 𝑡 + 𝛿𝑡 ∩ 𝑇 > 𝑡
• O que desejamos saber é a chance de ele falhar no novo período
dado que até agora ele não falhou. Isso é dado pela função:
𝑃(𝑡 < 𝑇 ≤ 𝑡 + 𝛿𝑡|𝑇 > 𝑡)

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PUC Função de Taxa de Falha
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• Da teoria da probabilidade condicional:


P A∩B
𝑃 𝐴𝐵 =
𝑃(𝐵)
• Temos:

P A ∩ B = P 𝑡 < 𝑇 ≤ 𝑡 + 𝛿𝑡 ∩ 𝑇 > 𝑡 = F t + δ𝑡 − 𝐹(𝑡)

𝑃 𝐵 = 𝑃 𝑇 > 𝑡 = 𝑅(𝑡)

F t + δ𝑡 − 𝐹(𝑡)
∴ P 𝑡 < 𝑇 ≤ 𝑡 + 𝛿𝑡|𝑇 > 𝑡 =
𝑅(𝑡)

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PUC Função de Taxa de Falha
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• Se dividirmos os dois lados por 𝛿𝑡 e tomarmos o limite com este intervalo


tendendo a zero:

P 𝑡 < 𝑇 ≤ 𝑡 + 𝛿𝑡|𝑇 > 𝑡 𝐹 𝑡 + 𝛿𝑡 − 𝐹 𝑡 1


lim = lim =
𝛿𝑡→0 𝛿𝑡 𝛿𝑡→0 𝛿𝑡 𝑅 𝑡

𝑓(𝑡)
= ℎ(𝑡)
𝑅(𝑡)

• A função ℎ(𝑡) é chamada de função de taxa de falha ou risco.


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PUC Função de Risco
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A função ℎ(𝑡) pode ter vários formatos. Este é o formato “banheira”.

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Obrigado

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