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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

ÍNDICE

INTRODUÇÃO...............................................................................................................................6
MÓDULO I .....................................................................................................................................8
Veículos de Incêndio ...................................................................................................................8
Classificação dos Veículos ......................................................................................................8
VEÍCULOS DE SOCORRO E DE COMBATE A INCÊNDIOS ..............................................9
Veículos de combate a incêndios com bomba.........................................................................9
Veículos especiais de combate a incêndios ...........................................................................10
VEÍCULOS COM MEIOS ELEVATÓRIOS ...........................................................................11
Escadas giratórias ..................................................................................................................11
Plataformas elevatórias..........................................................................................................12
VEÍCULOS DE SOCORRO E DE ASSISTÊNCIA.................................................................13
Veículos de socorro – Ambulâncias ......................................................................................13
Veículos de transporte de pessoal..........................................................................................14
Veículos de apoio logístico....................................................................................................14
Veículos para operações específicas......................................................................................15
PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA..............................................................................16
MÓDULO II ..................................................................................................................................17
Organização do Material em Viaturas .......................................................................................17
Introdução ..............................................................................................................................18
Transporte dos materiais........................................................................................................18
Módulo III......................................................................................................................................28
Entradas Forçadas......................................................................................................................28
Ferramentas ...........................................................................................................................30
Fechaduras .............................................................................................................................34
Cadeados e correntes .............................................................................................................36
Portas .....................................................................................................................................37
Abertura para dentro do ambiente .............................................................................................38
Abertura para fora do ambiente .................................................................................................39
Portas duplas.............................................................................................................................40
Portas corta-fogo.......................................................................................................................42
Portas metálicas ........................................................................................................................43
Portas metálicas de fechamento horizontal ...........................................................................44
Vitrôs e Janelas..........................................................................................................................48
Paredes.......................................................................................................................................50
Pisos...........................................................................................................................................51
Telhados.....................................................................................................................................52
Forros.........................................................................................................................................54
Divisórias...................................................................................................................................55
Divisórias de metal ....................................................................................................................55
Cercas ........................................................................................................................................56
Módulo IV .....................................................................................................................................59
Escadas ......................................................................................................................................59
Considerações Gerais sobre a escada e seu uso.........................................................................60
Escada Simples ..........................................................................................................................62
Escada de Gancho (ou de Telhado) ...........................................................................................62
Escada Prolongável....................................................................................................................63
Escada Crochê ...........................................................................................................................64
Escada de Bombeiro (ou de um banzo) .....................................................................................64
Escada Prolongável com Suporte ..............................................................................................65

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Posicionamento das Escadas .....................................................................................................66


Manuseio de Escadas.................................................................................................................66
Manuseio de escada prolongável ...............................................................................................68
Escada de bombeiro ou escalada lacraia....................................................................................69
Módulo V.......................................................................................................................................70
EPIs Em Geral ..........................................................................................................................70
Botas ..........................................................................................................................................71
Capa ...........................................................................................................................................74
Capacete.....................................................................................................................................75
Módulo VI .....................................................................................................................................77
Combate a Incêndio em Instalações elétricas e líquidos inflamáveis........................................77
Incêndios em Componentes Elétricos........................................................................................78
Emergência com eletricidade.................................................................................................79
Técnicas de combate em emergência ....................................................................................79
Incêndio em Líquidos Inflamáveis ............................................................................................80
Técnica de combate em emergências ....................................................................................81
Fenômenos BLEVE e BOIL OVER ......................................................................................83
Módulo VII ....................................................................................................................................86
Equipamentos de Iluminação.....................................................................................................86
CLASSIFICAÇÃO:...................................................................................................................88
1) Gerador de Força ...........................................................................................................88
2) Material de iluminação elétrica .....................................................................................90
Lanternas à pilha....................................................................................................................90
Faróis à bateria.......................................................................................................................91
Holofotes ...................................................................................................................................93
Utilização...................................................................................................................................93
Módulo VIII...................................................................................................................................95
Escada Mecânica .......................................................................................................................95
Movimentos principais da Escada: ............................................................................................97
Funcionamento ..............................................................................................................................98
Cuidados a serem tomados: ......................................................................................................98
Estabelecimento.........................................................................................................................99
Operação ....................................................................................................................................99
Para Armar a Escada............................................................................................................101
Preparar................................................................................................................................101
Elevar...................................................................................................................................102
Desenvolver .........................................................................................................................102
Procedimento para estaiar a AEM .......................................................................................102
Para armar a escada manualmente.......................................................................................102
Escadas Mecânicas com Armadores Automáticos ..............................................................102
Bomba de Incêndio ..................................................................................................................104
Lançamento de água com a escada não apoiada..................................................................104
Capacidade com o uso da Torre D`Água.............................................................................106
Módulo IX ...................................................................................................................................107
Bombas e abastecimento .........................................................................................................107
BOMBAS DE INCÊNDIO......................................................................................................108
Quanto ao funcionamento....................................................................................................108
Quanto à Fonte de Energia que as Movimenta....................................................................108
Quanto ao transporte............................................................................................................109
Quanto à Potência................................................................................................................109
Bomba de Pistão ..................................................................................................................109

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Bombas de Engrenagens (ou Rotativa de Engrenagens) .....................................................110


Bomba Centrífuga................................................................................................................111
Componentes Gerais de uma bomba centrífuga ..................................................................113
Funcionamento em Série e Paralelo ........................................................................................127
Associação de bombas em série ..........................................................................................127
Associação de bombas em paralelo .....................................................................................128
Cavitação - N.P.S.H (Net Positive Suction Head)...............................................................128
Manutenção de Bombas de Incêndio.......................................................................................129
Operações com Bombas ..........................................................................................................130
Abastecimento em Incêndios...............................................................................................130
Abastecimento em Hidrantes Públicos ................................................................................131
Abastecimento por viaturas .................................................................................................132
Abastecimento em Mananciais e reservatórios .......................................................................133
Módulo X.....................................................................................................................................134
Combate a Incêndio Diversos..................................................................................................134
Introdução ....................................................................................................................................135
COMBATE A INCÊNDIOS EM ARMAZÉNS E SILOS......................................................136
Comportamento em relação ao fogo........................................................................................136
Carbonização .......................................................................................................................136
Oxidação..............................................................................................................................136
Explosão ..................................................................................................................................137
Combate a Incêndio em Caldeiras ...........................................................................................138
Incêndio em Museus ....................................................................................................................140
Causa principal de Incêndios...................................................................................................141
Pré-plano de Emergência para incêndios.............................................................................143
Atuação do Corpo de Bombeiros.............................................................................................145
Usinas Hidrelétricas.................................................................................................................150
Módulo XI ...................................................................................................................................153
Combate a Incêndio em veículos à G.N.V ..............................................................................153
GNV.........................................................................................................................................155
PROCEDIMENTOS DO SOCORRO .....................................................................................156
EPI necessário......................................................................................................................156
Estabelecimento...................................................................................................................156
Isolamento ...........................................................................................................................156
Aproximação .......................................................................................................................157
Por onde se aproximar: ........................................................................................................157
Combate...............................................................................................................................157
Fechamento das válvulas .........................................................................................................158
Válvula de Abastecimento...................................................................................................158
Válvula do Cilindro .............................................................................................................159
Desligamento do cabo da bateria.........................................................................................160
Módulo XII ..................................................................................................................................161
Informações técnicas ...............................................................................................................162
Tipos de recipientes transportáveis..........................................................................................163
Fenômeno em incêndio com recipiente sob pressão. ..............................................................165
Proteção contra o Bleve...........................................................................................................166
Procedimentos no combate a incêndio com GLP. ...................................................................167
Controle de Vazamento de G.L.P com Fogo.......................................................................168
Módulo XIII.................................................................................................................................171
Materiais de Estabelecimento..................................................................................................171
Introdução ....................................................................................................................................171

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Materiais de estabelecimento...................................................................................................171
Guarnição de Combate a Incêndio...........................................................................................172
Acondicionamento de mangueiras...........................................................................................173
Acondicionamento...................................................................................................................174
Sistema Aduchado Preparado-SAP .........................................................................................178
Desenrolar Mangueiras aduchadas ......................................................................................179
Avançar e recuar Linhas ..........................................................................................................182
PLANO INCLINADO.........................................................................................................197
MÓDULO XIV............................................................................................................................204
Extintores.................................................................................................................................204
Introdução ...............................................................................................................................204
Agentes Extintores ...................................................................................................................206
Tipos de Extintores..................................................................................................................208
Agente Extintor-Pó para Extinção de Incêndio Classe ABC ......................................................216
Fabricante: Kidde Brasil..............................................................................................................216
Tempo de Descarga de Alguns Extintores...............................................................................219
Curiosidades............................................................................................................................220
Classificação dos extintores quanto à portabilidade................................................................220
Módulo XV..................................................................................................................................223
Líquido Gerador de Espuma....................................................................................................223
Utilização de Espumas em Combate a Incêndios ................................................................223
Expansão das espumas.........................................................................................................226
Equipamentos Formadores de Espuma....................................................................................233
Técnicas de Emprego de Espuma............................................................................................239
Módulo XVI ................................................................................................................................242
Rescaldo...................................................................................................................................242
Fatores considerados na elaboração de uma operação de rescaldo .....................................243
Ações que devem ser adotadas em situações de rescaldo ...................................................244
Princípios em todo serviço de rescaldo: conservar e não destruir .......................................246
Condições perigosas da edificação ......................................................................................247
Detecção e extinção de focos ocultos ..................................................................................248
Extinguindo Focos de Incêndio ...........................................................................................250
Inspeção Final......................................................................................................................251
Proteção e Preservação do Local Sinistrado........................................................................252
Equipamentos do Rescaldo..................................................................................................254
Limpeza e manutenção dos equipamentos ..........................................................................256
Módulo XVII ...............................................................................................................................257
Incêndio em Edificações Altas ................................................................................................257
Introdução ............................................................................................................................258
DEFINIÇÕES / NOÇÕES GERAIS ...................................................................................258
Material Necessário .............................................................................................................258
Cuidados ..............................................................................................................................259
Procedimentos Operacionais ...............................................................................................260
Abastecimento em hidrante público ....................................................................................263
BIBLIOGRAFIA .........................................................................................................................273

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INTRODUÇÃO
O combate a incêndio ficou conhecido em Roma Antiga, porém eram mais
organizações com fins lucrativos do que serviços prestados a população. Assim os
donos de guarnições particulares compravam edificações em chamas a preços
irrisórios, e logo após apagavam o incêndio. Depois com Augustus foi criada uma
patrulha do fogo treinada, paga e equipada pelo estado, também chamada de Vigiles.
No Brasil,foi criado do Corpo Provisório de Bombeiros da Corte, no Rio de
Janeiro em 1856 por Dom Pedro II. Devido aos incêndios no Teatro São Pedro. Logo, é
o combate a incêndio a atividade fidedigna do Corpo de Bombeiro, afinal foi para esta
atividade que ele foi criado.
Nesta apostila, encontrar-se-ão assuntos relacionados ao combate incêndio
urbano em diversas edificações e veículos. Abordando desde a organização de
material a manutenção dele após a utilização do mesmo.
A apostila foi desenvolvida pelos cadetes que cursam o 2º ano do Curso de
Formação de Oficiais no ano de 2008. Com o objetivo de criar um material didático de
apoio e padronização das atividades, tendo em vista que estes cadetes estarão no
comando de operações já ao final de 2009 como aspirantes.
Foi um verdadeiro desafio agregar informações, pois não bastava colocar
qualquer informação, precisávamos de algo atualizado e que coubesse ao dia a dia de
nossas guarnições. Colhemos muitas informações de outros Corpos de Bombeiros do
Brasil e também através da Internet recorremos a algumas informações dos Bombeiros
de Portugal, de Nova York (FDNY) e Los Angeles. Também utilizamos do nosso dia a
dia para tirar fotos e assim ilustrar este material didático.
Assim desta forma, após cinco meses de dedicação árdua e muitos dias
dispensados conseguimos finalizar a Apostila que foi orientada pelo Sr. Capitão Edson
Manasses.

Agradecimentos Especiais aos atuais Aspirantes que nos cederam uma boa
parte do material, aos Bombeiros de São Paulo que de muito os trabalhos feitos por
eles servem de consulta e base e ao instrutor desta matéria que de muito bom grado
programou e ministrou diversas instruções fossem elas práticas ou teóricas, buscando
trazer situações do nosso cotidiano para dentro da sala de aula e que sempre apoiou e
tirou dúvidas a respeito da matéria e da própria apostila dando a sua opinião sobre os
módulos e o que poderia ser melhorado.

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Responsáveis pelos Módulos – Cad. Olesh, Cad. Murillo, Cad. Feijó, Cad Ana
Paula, Cad. Rafaela, Cad. Thayane, Cad. Tondo, Cad. Gomes, Cad. Hoffmann, Cad.
Everton, Cad. Alexandre e Cad. Fidalgo

Responsável pela capa da Apostila- Cad. Theodoro]


Responsável pelas capas dos módulos- Cad. Murillo
Responsável pela formatação dos módulos- Cad. Murillo
Responsável pela formatação da Apostila – Cad. Baron

“Atitude, conhecimento e vontade ainda fazem a diferença entre uma pessoa e


outra.

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MÓDULO I

Veículos de Incêndio

Classificação dos Veículos

- Segundo a massa

Os veículos a motor utilizados pelos corpos de bombeiros classificam-se,


segundo a massa total em carga, em três tipos:

• Veículos ligeiros, entre 2 e 7,5 toneladas;


• Veículos médios, entre 7,5 e 14 toneladas;

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• Veículos pesados, superior a 14 toneladas.

- Segundo a categoria

Todos os veículos a motor são classificados em três categorias em função da


sua capacidade de movimentação em diferentes condições de terreno:

• MCategoria 1: Urbana, para circulação em vias públicas normais;


• Categoria 2: Rural, para utilização em todos os tipos de vias públicas, bem como
em terrenos pouco acidentados;
• Categoria 3: Todo-o-terreno, para utilização em todos os tipos de vias públicas,
bem como em terrenos acidentados.

- Segundo o campo de aplicação

Em função do campo de aplicação os veículos dos corpos de bombeiros estão


divididos pelos seguintes grupos, de acordo com a sua utilização principal:

• MVeículos de socorro e combate a incêndios;


• Veículos com meios elevatórios;
• Veículos de socorro e de assistência.

VEÍCULOS DE SOCORRO E DE COMBATE A INCÊNDIOS

Veículos de combate a incêndios com bomba

Trata-se de veículos equipados com bomba de incêndio, tanque de água e


outros equipamentos necessários para o salvamento e combate a incêndios, dos quais
se apresentam a seguir os mais significativos.
Estes veículos são designados por pronto-socorro e todos possuem bomba
acoplada ou moto bomba, lanços de mangueira flexível, mangueira semi-rígida de 25

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mm montada em carretel, material hidráulico diverso, extintores, espias, cabos e


material de sapador. São os Auto Bomba Tanque Resgate (ABTR).

Veículos especiais de combate a incêndios

Trata-se de veículos de combate a incêndios utilizando meios especiais de


extinção em grande capacidade, nomeadamente, auto químico (AQ), por exemplo,
alguns dos utilizados em aeroportos e refinarias.

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VEÍCULOS COM MEIOS ELEVATÓRIOS

Escadas giratórias

Trata-se de veículos com uma estrutura extensível com forma de escada, com
ou sem cesta, apoiando-se numa base giratória.
Designam-se, genericamente, por auto-escadas (AEM) e as dimensões típicas
da extensão máxima da escada são compreendidas entre 24 e 50 metros.

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Plataformas elevatórias

Estes veículos possuem uma estrutura extensível com cesta, compreendendo


um ou mais mecanismos rígidos ou telescópicos, articulados ou em tesoura,
combinados ou não entre si, sob a forma de braços e/ou escadas, podendo ou não
apoiar-se numa base giratória.
Designam-se, genericamente, por plataformas elevatórias (APM) e a dimensão
típica da extensão máxima do braço articulado é da ordem dos 30 a 50 metros.

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VEÍCULOS DE SOCORRO E DE ASSISTÊNCIA

Veículos de socorro – Ambulâncias

São veículos utilizados na assistência e transporte de doentes e sinistrados


(AA).

..

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Veículos de transporte de pessoal

São veículos destinados a transportar bombeiros e o seu equipamento


individual. Estes veículos podem ser dotados de tração normal ou tração total (4x4).
São denominados (ATP).

Veículos de apoio logístico

São veículos para transportar equipamento ou meios de extinção para reforço a


uma unidade operacional. Entre esses veículos destacam-se os auto tanques (AT), que
possuem depósitos de água, moto bomba ou bomba acoplada, lanços de mangueira
flexível, material hidráulico diverso, espias, cabos e material de sapador.
Dentre os outros veículos de apoio logístico ainda se destacam os destinados à
recarga de aparelhos respiratórios, ao transporte de grande quantidade de mangueiras,
bem como os destinados à confecção de refeições no teatro de
operações,denominados (ABS).

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Veículos para operações específicas

Trata-se de veículos destinados a operações específicas, tais como, intervenção


em acidentes rodoviários, com aeronaves ou ferroviários, bem como para socorro em
meio aquático.
De entre estes veículos distinguem-se, por serem os mais vulgares, os
seguintes:

• Veículos de Auto Busca e Salvamento, equipados com diverso material de


salvamento e desencarceramento, extintores, material de sinalização e de
sapador, tradicionalmente designados por (ABS).

• Veículos de transporte aquáticos, como as moto aquáticas, botes infláveis e a


lancha. Para atuação em operações de salvamento em ambiente aquático.

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PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA

No embarque, desembarque e durante o transporte em veículos de socorro é


essencial que os bombeiros tenham em atenção todas as questões relacionadas com a
sua segurança, bem como cumpram rigorosamente as instruções do chefe de
guarnição.
De entre os procedimentos a observar no embarque, desembarque e deslocação
em veículos de socorro são fundamentais o cumprimento rigoroso, por cada bombeiro,
dos seguintes procedimentos de segurança individual:

• Não embarcar ou desembarcar sem receber ordem expressa do chefe de


guarnição;
• Nunca embarcar ou desembarcar sem o veículo estar completamente parado;
• Nunca embarcar no veículo se existir excesso de lotação;
• Colocar o cinto de segurança durante toda a viagem;
• Garantir que todas as portas do veículo estão bem fechadas durante toda a
viagem;
• Manter todo o corpo no interior do veículo;
• Garantir, durante a viagem, que os equipamentos existentes junto aos locais
destinados à guarnição do veículo estão bem fixos e nunca os soltar;

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• Ter sempre atenção aos movimentos de um veículo, quando estiver no exterior


junto a ele;
• Regressar ao quartel sempre no mesmo veículo em que se deslocou para o
local de prestação do serviço, exceto se tiver havido rendição individual no teatro
de operações.

MÓDULO II

Organização do Material em Viaturas

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Introdução

Os materiais utilizados nas ocorrências, treinamentos e simulados de bombeiros


são muitos e diversificados. São materiais resistentes e de trato pesado, porém sem o
cuidado adequado compromete-se o equipamento inviabilizando seu uso, e tornando o
custo de manutenção da atividade operacional muito elevado. Logo, quanto melhor for
à atenção dispensada com manutenção e armazenamento deste material na viatura e
almoxarifado, maior será a durabilidade deste equipamento.
Outro aspecto importante a ser ressaltado é a confiabilidade do material que se
trabalha, pois se o cuidado não é adequado aumentam os riscos de acidentes. Assim
podendo gerar vitimas e causar outros danos a materiais e viaturas.
O armazenamento da viatura gera problemas quando este tem riscos de cair da
viatura ou quando fica mal acondicionado rolando ou batendo no interior das gavetas
da viatura operacional, danificando a viatura e o material.

Transporte dos materiais

Os materiais são transportados pelas viaturas de combate a incêndio, que no


caso aqui no Paraná são os ABTs (Auto Bombas Tanque) e os ABTRs (Auto Bombas
Tanque Resgate), dentro de suas gavetas, convés e no interior da cabine da guarnição.
Os compartimentos para materiais deverão ser protegidos com estrados de
madeiras, com sistema que permite o perfeito escoamento de líquidos (água) bem
como devem ter uma perfeita vedação das aberturas laterais, com acesso pela parte
externa do veículo. Devem ser previstos dispositivos tipos catraca para fixação de
todos os materiais no interior das gavetas. Assim são as novas viaturas adquiridas pelo
CB do Paraná.

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Temos vários lugares para transportar os materiais, e sem dúvida alguma um


posicionamento e divisão adequados dentro da viatura, principalmente nos ABTRs que
carregam equipamentos para resgate além dos de combate a incêndio, facilitam o
emprego operacional.
Geralmente temos um compartimento que abriga os comandos da bomba de combate
a incêndio, bem como as expedições e sucções de água. As viaturas mais novas estão
vindo também com um local abaixo do painel de controle da bomba para
armazenamento do sistema aduchado preparado e de uma linha de ataque direto,
sendo que estas mangueiras ficam apoiadas num suporte que impede que elas
movimentem-se no interior da gaveta.
É interessante que os materiais de combate a incêndio fiquem do lado do painel
de controle da bomba, sendo que as mangueiras devem estar aduchadas, que é a
melhor forma para o emprego operacional, e colocadas de pé em seu suporte como na
foto abaixo, porém seguras pela catraca do compartimento para que evitem bater na
porta.

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Caso a viatura não disponha de suportes no painel de controle da bomba, pode-se


acondicionar a mangueira em forma de sanfona dentro da gaveta deixando-a pronta
para o emprego operacional.

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Ainda podem ser aduchadas colocadas uma ao lado da outra de forma que não fiquem
espaços vagos e devem estar amarradas a fim de evitar a movimentação das mesmas.
Atentando-se para que as juntas não fiquem batendo umas nas outras.

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Os esguichos, reduções, proporcionadores de espuma, requintes, chaves de


mangueira, chaves de hidrante, colunas de hidrante, luvas de hidrante e outros
possíveis materiais de combate a incêndio que são feitos de metal e caso sejam
deformados perdem sua eficiência.
Deste modo devem ficar fixos, de forma que não se movimentem dentro da
viatura. Podem ser colocados no interior de caixas de madeira, amarrados com as
catracas do interior da viatura, ou simplesmente podem ser fixados, reduções Storz no
interior da gaveta e todos estes materiais supracitados podem ser atarrachados.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Os demais materiais que auxiliam o combate a incêndio devem usar dispositivos que
os fixem dentro da viatura para que não possam colidir contra as paredes dos
compartimentos nos deslocamentos para as ocorrências e no teste de prontidão.
Adiante estão alguns exemplos.

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Desencarcerador Hidráulico

Ferramenta Moto-Abrasiva e Material de Sinalização

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Materiais de Sapa que podem ser acondicionados desta forma no interior de gavetas
ou no convés dentro do compartimento reservado para elas.

Os materiais de salvamento rígidos podem ser colocados em pequenos ganchos e as


cordas acondicionadas em mochilas.

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Materiais Acondicionados (desde geradores a EPR´s)

Viatura com materiais devidamente acondicionados (lado direito da mesma).

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Viatura com materiais devidamente acondicionados (lado esquerdo da mesma).

Organização ainda é a chave de tudo.

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MÓDULO III

Entradas Forçadas

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Muitas vezes, ao ser acionado para o atendimento a uma ocorrência, o bombeiro


irá se deparar com um ambiente de difícil acesso, em que se fará necessário o uso de
ferramentas para conseguir acessar o local.
É de extrema importância que o bombeiro conheça os métodos de operação de
cada ferramenta e equipamento de entradas forçadas, objetivando sempre o uso mais
eficaz das ferramentas e causando o mínimo de danos possível, evitando ao máximo o
arrombamento.
Entrada forçada é o ato de adentrar em um recinto fechado utilizando-se de
meios não convencionais. Existem diferentes métodos de entradas forçadas que
podem ser utilizados para se retirar um único obstáculo, cabendo ao bombeiro optar
por aquele que causará menor dano e for o mais rápido.
Alguns cuidados básicos devem ser tomados ao se efetuar uma entrada forçada:

• Verificar a estabilidade da edificação ou estrutura antes de entrar;


• Verificar se portas e janelas encontram-se abertas, antes de forçá-las;
• Transportar ferramentas com segurança;
• Identificar atmosfera explosiva. Na dúvida, agir como se fosse;
• Manter-se em segurança, quando estiver quebrando vidros, e remover todos
os cacos;
• Escorar todas as “portas que abrem acima da cabeça”, bem como as portas
corta-fogo, após a abertura;
• Utilizar o EPI completo;
• Manter pessoas afastadas durante a operação;
• Desligar a chave elétrica quando houver fiação no obstáculo;
• Lembrar que uma abertura grande normalmente é mais eficaz e mais segura
que várias pequenas;
• Verificar a existência de animais de guarda no interior do imóvel e tomar as
precauções devidas;
• Não deixar pontas ou obstáculos que causem ferimentos.

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Ferramentas

Para que o bombeiro execute entradas forçadas, necessita de ferramentas e


equipamentos que tornem isto possível, bem como conhecer sua nomenclatura e
emprego.

Alavanca - São simples peças rígidas, tais como, barras, hastes, travessões
(retos ou curvos), capazes de girar ao redor de um ponto ou eixo, denominado fulcro ou
ponto de apoio, empregadas para mover ou levantar objetos pesados. Em uma das
extremidades da alavanca o operador aplica seu esforço (F) e ela transfere para a
outra extremidade (ou região) uma força (R) para a 'carga' aí colocada. Apresenta-se
em diversos tamanhos ou tipos:
• Alavanca de unha - Alavanca utilizada nas operações que necessitam muito
esforço. Possui uma extremidade achatada e curva que possibilita o
levantamento de grandes pesos, e um corte em “V” para a retirada de
pregos.
• Alavanca pé-de-cabra - Possui uma extremidade
achatada e fendida, à semelhança de um pé-de-cabra.
É muito utilizada no forçamento de portas e janelas
por ter pouca espessura, o que possibilita entrar em
pequenas fendas.
• Alavanca de extremidade curva - Também denomina-se alavanca em “S”.
Possui extremidades curvas, sendo uma afiada e outra achatada.
• Alavanca multiuso - Possui uma extremidade afilada e chata formando uma
lâmina, em cuja lateral estende-se um punção, em cujo topo há uma
superfície chata. Na outra extremidade há uma unha afilada com entalhe em
“V”.

Alicate - Ferramenta destinada ao aperto de pequenas porcas, corte de fios


metálicos e pregos finos e para dobrar ou torcer alguma peça.
O alicate é composto de três partes básicas: a cabeça, a articulação e o par de
cabos.

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Alicate de pressão - Ferramenta destinada a prender-se


a superfícies cilíndricas, possibilitando a rotação das mesmas e
possuindo regulagem para aperto.
Tipos de alicate:

Alicate universal: De bico chato:

De bico redondo: De corte:

Torquês: Bomba d´água:

Arco de serra - Ferramenta constituída de uma


armação metálica de formato curvo que sustenta uma
serra laminar. Destina-se a efetuar cortes de metais.

Chave de fenda - Ferramenta destinada a encaixar-se na


fenda da cabeça do parafuso, com finalidade de apertá-lo ou
desapertá-lo.

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Chave de fenda Philips - A extremidade da haste, oposta


ao cabo, nesse modelo de chave, tem a forma em cruz. Esse
formato é ideal para os parafusos Phillips que apresentam fendas
cruzadas.

Chave de grifo - Ferramenta dentada, destinada a


apertar, desapertar ou segurar peças tubulares.

Chave inglesa - Substitui, em certos casos, as chaves de boca


fixa. É utilizada para apertar ou desapertar parafusos e porcas
com cabeças de tamanhos diferentes, pois sua boca é
regulável.

Chave allen - A chave Allen, também conhecida pelo nome de chave hexagonal
ou sextavada, é utilizada para fixar ou soltar parafusos com sextavados internos. O tipo
de chave Allen mais conhecido apresenta o perfil do corpo em L, o que possibilita o
efeito de alavanca durante o aperto ou desaperto de parafusos. Antes de usar uma
chave Allen, deve-se verificar se o sextavado interno do
parafuso encontra-se isento de tinta ou sujeira. Tinta e sujeira
impedem o encaixe perfeito da chave e podem causar
acidentes em quem estiver manuseando.

Chave de boca - As chaves de boca podem ser do tipo


de boca aberta (chave fixa) ou boca fechada (chave estrela).
Gravado no seu cabo elas trazem um número que representa a
sua medida.

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A principal vantagem da chave de boca fechada, é que sua extremidade pode


ser fabricada mais fina, o que lhe permite entrar em locais apertados, onde as chaves
de boca aberta não conseguem penetrar.

Chave fixa - Utilizada para apertar ou afrouxar porcas e parafusos de perfil


quadrado ou sextavado. Pode apresentar uma ou duas bocas com medidas expressas
em milímetros ou polegadas.

Chave estrela - Tem o mesmo campo de


aplicação da chave de boca fixa, porém diversifica-se
em termos de modelos, cada qual para um uso
específico.Por ser totalmente fechada, abraça de
maneira mais segura o parafuso ou porca.

Corta-a-frio - Ferramenta para cortar telas,


correntes, cadeados e outras peças metálicas.

Croque - É constituído de uma haste, normalmente de madeira ou plástico


rígido, tendo na sua extremidade uma peça metálica com uma ponta e uma fisga.

Cunha hidráulica - Equipamento composto por duas sapatas expansíveis,


formando uma cunha, que abre e fecha hidraulicamente. Presta-se a afastar certos
obstáculos.

Eletrocorte - Aparelho destinado ao corte de chapas metálicas.

Machado - Ferramenta composta de uma cunha de ferro cortante


fixada em um cabo de madeira, podendo ter na outra extremidade formato de
ferramentas diversas.

Malho - Ferramenta similar a um martelo de grande tamanho, empregado no


trabalho de arrombamento.

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Martelete hidráulico e pneumático - Ferramenta que serve


para cortar ou perfurar metais e cortar, perfurar ou triturar alvenaria.

Martelo - Ferramenta de ferro, geralmente com um cabo de


madeira, que se destina a causar impacto onde for necessário.

Motor de bombeamento de óleo hidráulico - Aparelho destinado à


compressão do óleo hidráulico, para o funcionamento das ferramentas de corte,
alargamento e extensão.

Moto-abrasivo - Aparelho com motor que, mediante fricção,


produz cortes em materiais metálicos e em alvenarias.

Oxicorte - Aparelho destinado ao corte de barras e chapas


metálicas.

Picareta - Ferramenta de aço com duas pontas, sendo


uma pontiaguda e a outra achatada. É adaptada a um cabo de
madeira e empregada nos serviços de escavações,
demolições e na abertura de passagem por obstáculo de
alvenaria.

Punção - Ferramenta de ferro ou aço, pontiaguda, destinada a furar ou


empurrar peças metálicas, com uso de martelo.

Talhadeira - Ferramenta de ferro ou aço, com ponta


achatada, destinada a cortar alvenaria, com uso de martelo.

Fechaduras

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Consiste de uma lingüeta dentro de uma caixa de metal, que é encaixada no


batente da porta. Existem basicamente 5 tipos de fechaduras, sendo que para cada
uma há uma maneira adequada de se efetuar sua abertura ou retirada.

Fechadura do tipo tambor não cilíndrico saliente


Para este tipo de fechadura, deve-se usar um martelo e, com batidas
sucessivas, forçar o tambor a entrar, empurrando-o. A seguir, introduzindo-se uma
chave de fenda no vazio deixado pelo tambor, força-se a lingüeta para dentro da caixa
da fechadura.

Fechadura do tipo tambor cilíndrico saliente


Usa-se uma chave de grifo ou alicate de pressão para girar o cilindro,
quebrando, desta forma, o parafuso de fixação do tambor e soltando o cilindro, e força-
se a lingüeta para dentro da fechadura.

Fechadura do tipo tambor rente


Se o tambor não estiver saliente, coloca-se um punção no meio do tambor e,
batendo com um martelo, empurra-se o tambor para que saia do lado interno. Com

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uma chave de fenda introduzida no vazio deixado pelo tambor, força-se a lingüeta para
dentro da fechadura. Usa-se este processo para qualquer formato de tambor.

Fechadura embutida
Se a fechadura estiver na maçaneta, utiliza-se uma alavanca pé-de-cabra,
encaixando-a entre a porta e a maçaneta, forçando-a.
A partir daí, surgem duas situações:
• O tambor sai com a maçaneta — neste caso, utilizando-se a chave de fenda,
procede-se como já descrito;
• O tambor permanece e a maçaneta sai — caso típico de “tambor saliente”.

Cadeados e correntes
Cadeados e correntes podem ser cortados com o emprego do corta a frio ou cunha
hidráulica de corte, tipo Lukas.

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Portas
Antes de forçar qualquer porta, o bombeiro deve sentir o calor usando o tato. As
portas podem estar aquecidas a grandes temperaturas, o que deve exigir todo cuidado
para sua abertura, porque será possível encontrar situações em que pode ocorrer até
mesmo uma explosão (backdraft) devido às condições extremas do ambiente.

O primeiro cuidado com portas aquecidas é abri-las parcialmente, observando as


condições do ambiente: lufadas de fumaça escura, pequenos focos com labaredas
baixas e intenso calor são indicativos de possível explosão ambiental. Neste caso,
cientificar prontamente o chefe imediato. Em incêndios em locais confinados, toda a
abertura, principalmente de portas, deve ser feita com esse cuidado.

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Portas comuns
Podem ser com painéis de vidro, de sarrafos, maciças, ocas ou mistas.
As dobradiças e os batentes devem ser verificados para determinar o sentido da
abertura, que pode ser para dentro ou para fora do ambiente.

Abertura para dentro do ambiente

Sabe-se que uma porta abre para dentro do ambiente pelo fato de não se ver
suas dobradiças, embora a parte conhecida como batedeira (parte do batente onde a
porta encosta) fique à mostra. Para verificar se existem trincos, deve-se forçar a porta
de cima até embaixo, do lado da fechadura. A porta apresentará resistência nos pontos
em que se encontra presa ao batente, ou seja, onde há trincos.

A ponta de uma alavanca é colocada entre o batente e a porta, imediatamente


acima ou abaixo da fechadura. Para se colocar a ponta da alavanca neste local, usa-se
a machadinha para lascar a batedeira e expor o encontro da porta com o rebaixo do
batente. Isto feito, força-se a outra extremidade da alavanca na direção da parede,
afastando-a do batente. Nesta fresta, insere-se outra alavanca, forçando-a na direção
da porta até abri-la. Repetir a operação para os demais trincos, se houver.

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No caso de não existir batedeira (encosto), o encontro da porta com o batente estará
à mostra, bastando a utilização das alavancas para abrir a porta.

Abertura para fora do ambiente


O mais comum é que as dobradiças estejam à mostra. Neste caso, ao se
retirarem os pinos com a lâmina do machado ou martelo e formão, a porta, ou janela,
se soltará. Em seguida, usam-se duas alavancas juntas e, alternando movimentos com
elas, afasta-se a porta do batente, retirando-a.

Não estando as dobradiças à mostra, usa-se alavanca encaixada imediatamente


acima ou abaixo da fechadura, forçando-se a ponta desta na direção da parede, até
o desencaixe da lingüeta. Repetir a operação para os demais trincos, se houver.

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Portas duplas
São portas com duas folhas, geralmente uma delas fixada ao piso, na travessa
do batente ou em ambos, e a outra é amparada por ela.
Para abri-las, utiliza-se o mesmo processo usado em porta de uma folha, com a
ressalva de que, nas portas duplas, a alavanca será encaixada entre as duas folhas.

Portas de enrolar
São feitas de metal e são abertas empurrando-as de baixo para cima. Estas
portas geralmente têm dois tipos de trava: uma junto ao chão e outra nas laterais.
A trava junto ao chão pode ser eliminada de diferentes maneiras:
• Se for um cadeado que prende a porta à argola fixada ao chão e se ele
estiver à mostra, será cortado com o corta a frio.
• Se for uma trava tipo cilindro que prende a porta à argola e se estiver à
mostra, bate-se com um malho no lado oposto da entrada da chave na
fechadura, o que deslocará o cilindro, destravando a porta.

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• Se for um cadeado ou uma chave tipo cilindro que não está à mostra, libera-
se a porta das travas laterais e coloca-se uma alavanca grande, ou a cunha
hidráulica, entre a porta e o piso, próxima à fechadura. Força-se a porta para
cima, o que fará com que a argola desprenda-se do chão.
• Se houver dificuldade no desenvolvimento dos métodos anteriores, pode-se
cortar a porta em volta da trava com o moto-abrasivo ou com o martelete
pneumático. Após a abertura da porta, retirar o pedaço que ficou no chão,
para evitar acidentes.

• Existindo hastes horizontais, cortam-se suas pontas com o moto-abrasivo, o


mais próximo dos trilhos quanto for possível. O bombeiro saberá onde estão
as hastes, tomando por base uma linha horizontal que parte da fechadura até
o trilho.

Portas de placa que abrem sobre a cabeça (basculante)


São constituídas de uma única placa com eixos horizontais nas suas laterais,
que possibilitam sua abertura em movimento circular para cima. Seu sistema de
fechamento é na parte inferior, junto ao solo, podendo haver travas nas laterais e até
mesmo na parte superior, dependendo da exigência do usuário. Para sua abertura, são
utilizados os mesmos métodos empregados na abertura das portas de enrolar,
tomando-se o cuidado de forçar a porta no seu sentido de abertura.
Todas as portas que abrem sobre a cabeça devem ser escoradas, após abertas.

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Portas corta-fogo
São portas que protegem a edificação contra a propagação do fogo. Quanto à
forma de deslocamento, podem ser verticais ou convencionais (abertura circular). As
portas de deslocamento vertical e horizontal permanecem abertas, fechando-se
automaticamente quando o calor atua no seu mecanismo de fechamento.
Estes tipos de portas não necessitam ser forçadas, pois abrem-se naturalmente
com o esforço no sentido de seu deslocamento.
As portas corta-fogo convencionais são dotadas de dobradiças e lingüeta e, em
certas circunstâncias, abrem para o exterior da edificação. Nestes casos, possuem
maçaneta apenas do lado interno.
Se a dobradiça estiver à mostra, deve-se retirar o pino da mesma com uma
talhadeira e martelo, ou cortar parte da dobradiça com o moto-abrasivo, e retirar a
porta, tomando cuidado para que não caia sobre o bombeiro.

Se a porta for de uma folha, a lingüeta poderá estar à mostra. Neste caso, pode-
se forçá-la para fora com uma alavanca colocada entre a porta e o batente,
imediatamente acima ou abaixo da fechadura, fazendo a lingüeta soltar do seu encaixe,
ou ainda, com o moto-abrasivo, cortar a lingüeta da fechadura.

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Se a porta for de duas folhas ou a lingüeta estiver escondida pela batedeira,


pode-se, com moto-abrasivo, cortar partes desta batedeira, e, logo após, a lingüeta.

Portas metálicas

Portas metálicas de fechamento circular (convencional)


As portas de uma folha que abrem para fora do ambiente são tratadas de forma
idêntica às portas corta-fogo. Quando abrem para dentro do ambiente têm à mostra a
batedeira metálica que deve ser cortada com o moto-abrasivo, bem como a lingüeta
que aparecer.

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As portas de duas folhas podem abrir para dentro ou para fora do ambiente,
sendo uma destas folhas fixadas no piso e na travessa do batente e a outra amparada
por esta, trancada por um trinco horizontal. Com o moto-abrasivo corta-se a batedeira e
o trinco, o qual será localizado pela resistência oferecida.

Portas metálicas de fechamento horizontal


As portas de uma folha são difíceis de serem forçadas porque, em sua grande
maioria, seu sistema de fechamento está por dentro da edificação, protegido por uma
aba de alvenaria externa. Nestes casos, deve-se que efetuar a abertura na chapa com
o moto-abrasivo.As portas de duas folhas fechadas por corrente e cadeado podem ser
abertas facilmente com o corta a frio.

Portas de vidro

Portas de vidro comum

O painel de vidro estará circundado por uma moldura, na qual se encontram a


fechadura e as dobradiças.
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Esta porta é semelhante à porta comum. O painel de vidro, porém, irá partir-se,
se sofrer impacto, torção ou compressão. Por isso, os métodos que podem ser
utilizados para abrir a porta, sem quebrar o painel de vidro, são: forçar com chave de
grifo o tambor da fechadura, se este for cilíndrico e saliente, e retirar os pinos das
dobradiças, se a porta abrir para fora do ambiente e estas estiverem à mostra.
Se não for possível a utilização dos métodos anteriores, o bombeiro deverá
utilizar o método de quebrar painéis de vidro, usando sempre EPI.

Portas de vidro temperado


Estas portas têm custo bem superior ao das portas comuns e, assim, sempre
que possível, deve-se utilizar outros métodos de entrada forçada, antes de quebrar o
painel.
Primeiramente, verificar se é possível forçar, com chave de grifo, o tambor da
fechadura, se este for cilíndrico e saliente. Se não for possível, pode-se cortar a
lingüeta da fechadura, que neste tipo de porta geralmente está à mostra, com o moto-
abrasivo ou arco de serra.
Para quebrar o painel de uma porta de vidro temperado, utiliza-se a mesma
técnica empregada para quebrar painel de vidro comum, batendo, porém com a
ferramenta escolhida próximo às dobradiças ou fechaduras, e utilizando o EPI
necessário.

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Painéis de Vidro

Painéis de vidro comum


O bombeiro deve posicionar-se acima e ao lado do painel a ser quebrado, para
não ser atingido pelos cacos.
Deve utilizar uma ferramenta longa (machado, croque) para manter-se afastado
e bater no topo do vidro, conservando suas mãos acima do ponto de impacto,
utilizando a escada sempre que necessário.

Utilizando a lâmina do machado, deve-se retirar os pedaços de vidro que ficarem


nos caixilhos da moldura, para que não venham a ferir os bombeiros, nem tampouco
danificar o material (mangueira, por exemplo) que irá passar pela entrada. Após a
operação, o bombeiro deve remover os cacos para local apropriado.

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Quando necessário, o bombeiro deverá colar fita adesiva no vidro, em toda sua
área, deixando as pontas da fita coladas em toda a volta da moldura. Ao ser
quebrado o vidro, os cacos não cairão, ficando colados na fita, evitando acidentes.
Para retirar os cacos, soltam-se as pontas das fitas coladas na moldura, de cima
para baixo.

Sempre que quebrar vidros, o bombeiro deverá usar o EPI necessário (viseira, luva,
capacete, capa e bota com a boca fechada, evitando, assim, a penetração de vidro
em seu interior).

Painéis de vidro temperado

O vidro temperado sofre um tratamento especial que o torna mais flexível e


resistente ao choque, à pressão, ao impacto e às variações de temperatura. Para
quebrar um painel de vidro temperado o bombeiro deve procurar pontos de fissuras
para forçá-los. Estes pontos localizam-se nas proximidades da fixação do painel à
parede (dobradiças, pinos).

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Com uma ferramenta longa (machado, croque) deve bater com as laterais ou
com as pontas como punção em um dos pontos de fissura, posicionando-se acima e ao
lado do painel, conservando as mãos acima do ponto de impacto.
Quando quebrado este vidro fragmenta-se repentinamente em pedaços cúbicos
pequenos. Após a quebra, os cacos devem ser removidos para local apropriado.
Quando necessário, o bombeiro pode utilizar fita adesiva para impedir que os cacos
caiam.

Vitrôs e Janelas
Janelas e vitrôs são colocados nas aberturas das paredes para permitir que o ar
e a luminosidade entrem.

Janelas com painéis de vidro

Para realizar a entrada forçada em janelas com painéis de vidro, deve-se forçar
levemente, com uma alavanca, a moldura, no sentido de sua abertura. Se não houver
êxito, o vidro deve ser quebrado como descrito em técnica de forçar painéis de vidro,
pois a reposição do vidro é mais fácil que a do caixilho. Em seguida, liberam-se os
trincos ou trancas que seguram a moldura e abre-se a janela, se necessário.

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Janelas de deslocamento horizontal e vertical

Janelas de madeira ou metálicas que têm deslocamento horizontal ou vertical


devem ser forçadas com uma alavanca pequena, introduzida entre a folha e o batente,
ou entre as folhas, se for o caso. Se o trinco não ceder, ficará à mostra pelo esforço
sofrido ou pela deformação do caixilho. Caso não se consiga liberar o trinco com as
mãos ou com chave de fenda, deve-se romper o mesmo com alavanca ou outra
ferramenta apropriada e abrir a janela.

Janelas de duas folhas de abertura circular (convencional)

Janelas de duas folhas de madeira ou de metal de abertura circular horizontal


podem ter a dobradiça à mostra.
Retirando-se os pinos da dobradiça, as folhas sairão. Se as dobradiças não
estiverem à mostra, deve-se introduzir duas alavancas entre as folhas, uma abaixo e
outra acima, e forçá-las no sentido da batedeira. Isso fará com que a folha sem o trinco
se solte.

Grades
As grades de proteção das janelas serão cortadas com moto-abrasivo, cunhas
hidráulicas ou retiradas da parede com alavanca.

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Paredes
São obras de alvenaria ou outro material que vedam externamente as
edificações ou as dividem, internamente, em compartimentos.

Parede estrutural

É aquela que faz parte da estrutura da edificação, sendo responsável por sua
estabilidade. Na medida do possível, não se deve efetuar a entrada forçada por
paredes estruturais.

Parede de vedação

Normalmente de tijolos ou blocos, serve para vedar e compartimentar o


ambiente, não fazendo parte da estrutura da edificação. Em meio às paredes de
vedação, existem colunas e vigas de sustentação, as quais não devem ser forçadas.

Paredes de alvenaria

A abertura de paredes, lajes e pisos de alvenaria é chamada de arrombamento.


O arrombamento em parede de alvenaria pode ser feito com malho, talhadeira,
alavanca e martelete hidráulico de pneumático. A parte superior da abertura deve ser
feita em arco, com menor raio possível, suficiente para permitir a passagem do
bombeiro e material.

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Pisos

Pisos de concreto

A necessidade de se realizar a entrada forçada através do piso de concreto deve


ser cuidadosamente avaliada, porque o piso isola a propagação do fogo. Esse
procedimento cria riscos aos bombeiros e é de difícil execução.
Pode-se utilizar o martelete (britadeira) para quebrar a laje com maior rapidez ou, na
falta deste, utilizar malho, talhadeira, picareta ou alavanca.

Pisos de madeira

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O piso de madeira é encontrado em algumas edificações antigas. É formado por


tábuas, revestidas ou não, que se apóiam em vigas também de madeira.
Para fazer a entrada forçada neste piso, deve-se introduzir a alavanca ou outra
ferramenta na fresta da extremidade da tábua, forçando-a para cima. Na abertura
produzida pela retirada da parte da tábua, introduzir outra alavanca, mais próxima
possível da viga, forçando a tábua para cima. Proceder assim até que a tábua
desprenda-se totalmente da viga. Retirando a primeira tábua, as demais sairão
facilmente, ao se bater nelas com um martelo ou outra ferramenta, de baixo para cima.
Encontrando dificuldade em visualizar a fresta, pode-se cortar as tábuas com um
machado, tomando cuidado para não cortar a viga, o que comprometeria a estabilidade
do piso.

Telhados
O bombeiro deve analisar a edificação para ter certeza de sua estabilidade.
Rachaduras, sons característicos e superaquecimentos em estruturas metálicas são
alguns sinais de comprometimento da estrutura e da inviabilidade de forçar entrada
pelo teto (devido a colapso iminente).
O bombeiro deve chegar ao telhado em segurança e verificar:
• O tipo de telha — as mais comuns são de barro cozido e de fibrocimento (as
quais são maiores, mais pesadas e fixadas às travessas do telhado por
parafusos ou pregos).
• O superaquecimento da telha — isto indicará que sob ela existe grande
quantidade de calor e, se for removida, chamas e gases sairão pela abertura.
O que existe sob as telhas — a existência de laje e outros obstáculos pode
tornar inviável a entrada.

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Para andar no telhado, o bombeiro deve pisar sobre os degraus da escada de


gancho, colocada sobre o telhado. Isto dará uma melhor distribuição de peso, evitando
que o bombeiro quebre o telhado e caia dentro do ambiente.

Para retirar uma telha de barro cozido, deve-se levantar a camada de telhas que
está sobre ela e puxá-la lateralmente.

Para retirar as telhas de fibrocimento, o bombeiro deve desparafusá-las das


travessas do telhado e puxá-las no sentido longitudinal.

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As telhas também podem ser quebradas ou cortadas utilizando-se, para isto,


machado, moto-abrasivo ou outra ferramenta.

Para descer ao ambiente, o bombeiro deve utilizar escada de gancho, a qual


ficará no local até que o bombeiro providencie outra via de fuga do ambiente.

Forros
Os forros podem ser feitos de sarrafo, gesso, cerâmica, painéis de metal ou
aglomerados. Para retirá-los, o bombeiro deve puxá-los para baixo com uma alavanca
ou o croque, forçando depois os sarrafos que lhes dão sustentação.

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Divisórias
Utilizadas para compartimentar ambientes, são muito empregadas em prédio de
escritórios.

Divisórias comuns

Para fazer a entrada forçada em divisórias de gesso, madeira ou aglomerados,


deve-se introduzir uma alavanca entre o caixilho e a placa, próximo ao piso. Outra
alavanca deve ser colocada no mesmo encaixe, na parte de cima da placa. A seguir,
forçar as alavancas em direção ao caixilho e a placa sairá do seu encaixe.

O bombeiro deve estar atento à fiação elétrica no interior da divisória, e desligar a


chave elétrica do ambiente.

Divisórias de metal

As divisórias de metal são fixadas em colunas de madeira, por parafusos, e em


colunas de metal, por parafusos, arrebites ou soldas.
Quando não for possível retirar os painéis soltando os parafusos com a chave de
fenda, ou retirando os arrebites com martelo ou talhadeira, pode-se utilizar o moto-
abrasivo para cortar a chapa, sempre que possível, próximo às colunas, onde é menor
a vibração.

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Cercas

As cercas podem ser de madeira, metal, alvenaria (muro) e telas de arame.


Ao invés de entrar por cercas, há sempre a possibilidade de transpô-las. O
procedimento a ser tomado ficará a cargo do comandante da operação, que analisará a
situação, levando em consideração os seguintes aspectos:

• material a ser transposto com os bombeiros;


• urgência do serviço;
• facilidade na operação e na recuperação do local depois dos trabalhos.

Os portões destas cercas são normalmente trancados com correntes e


cadeados, que podem ser cortados com o corta a frio.

Cercas de madeira

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

São constituídas de tábuas pregadas em travessas. Para efetuar abertura,


despregam-se as tábuas com o uso de alavanca ou martelo.

Cercas de metal (Grades)

Quando as grades forem fixadas às colunas por parafusos, deve-se utilizar


chave de fenda e/ou chave inglesa para retirá-los, soltando toda a grade. Se as grades
forem soldadas nas colunas, utiliza-se moto-abrasivo ou cunha hidráulica para afastá-
las das colunas ou cortá-las, de preferência próximo às colunas, onde há menor
vibração e a eficiência no corte é maior.

Cercas de alvenaria (Muros)

Se o muro for alto e suficientemente seguro para fazer uma abertura que permita
a entrada do homem e do material, aplica-se o mesmo método de arrombamento de
parede de alvenaria. Se não houver segurança suficiente, é aconselhável retirar todos
os tijolos entre duas colunas.

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Cercas de tela ou arame

O arame ou tela deve ser cortado com alicate ou corta-a-frio próximo de uma
das estacas ou colunas que o sustenta. O bombeiro deve permanecer do lado oposto à
tensão, para que não venha a ser ferido pelo deslocamento do arame ou tela. Após o
corte dos fios da cerca, deve-se puxá-los para junto da estaca que os mantêm presos,
para evitar acidentes ou danos materiais.

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MÓDULO IV
Escadas

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ESCADAS DE BOMBEIROS

DEFINIÇÃO

Aparelho feito de madeira, metal, corda, fibra de vidro ou, combinadamente, de


madeira e corda, constituído, em princípio, de duas peças laterais ligadas por travessas
paralelas e eqüidistantes, denominadas degraus.

Considerações Gerais sobre a escada e seu uso

As escadas, quando são fabricadas, devem ser submetidas a testes para


suportar determinado peso, estes testes devem se repetir a intervalos determinados
pelo fabricante, e executados com auxílio de sacos de areia.
Para se aumentar à segurança durante a utilização de uma escada, a mesma deve ser
usada num determinado ângulo de inclinação. Este será de aproximadamente 70 graus
em relação ao solo, ao mesmo tempo o pé da escada, deverá ficar afastado da parede
o equivalente a ¼ da distância total a ser alcançada. Este intervalo obriga a um
aumento de 30 a 50 centímetros a mais em relação a altura desejada, quando a
escada é prolongada.As escadas maiores de 7 metros admitem sobre as mesmas até
dois homens e nas menores, é normalmente admitido apenas uma pessoa.

Quando uma escada é armada em uma janela para que se penetre em um


edifício através da mesma, nunca deverá ser armada no centro da janela, mas num dos
lados, de maneira tal que seu comprimento ultrapasse o peitoril e ofereça um apoio ao
bombeiro ao passar da escada para o interior do prédio. Este objetivo deverá ser
procurado sempre que se armar uma escada e que as circunstâncias o permitam.

O transporte de uma escada para o local onde deve ser armada, é feito com os
pés para frente, o que facilita sua colocação no local exato. Durante o movimento de
prolongamento de uma escada, deve-se tomar cuidado para serem evitados acidentes
que podem ser ocasionados pela quebra da corda, carretilha ou devido ao mau
funcionamento dos cliques. Para isto, deve-se evitar durante o manuseio da escada no
momento de armá-la, a colocação das mãos ou dos pés nos degraus do lanço base, e

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

a passagem dos braços entre os degraus para o acionamento da corda, para esta
operação, sempre se passa o braço por fora da escada. Após o prolongamento de uma
escada, a corda deve ser amarrada ao banzo ou a um degrau do lanço base, como
medida de segurança, pois se um clique escapar ela sustentará o lanço aéreo.

No momento de armar uma escada os encarregados, deverão tomar cuidados


suficientes para que o topo da mesma não derrube tijolos ou quebre vidros cujos
estilhaços poderiam atingir a guarnição.
Quando se trabalha com linha de mangueira sobre uma escada a mesma deverá ser
fixada a ela. A escada por sua vez, sempre que o local permitir será fixada, por meio de
uma corda, à parede no seu ponto de apoio. Quando uma mangueira é armada através
de uma escada, ela nunca deve passar entre os degraus.O treinamento intenso no
manuseio das escadas é coisa indispensável, pois, o bom uso e a prática correta com o
equipamento, não somente o protege e lhe dá maior eficiência, como também fornece
aos bombeiros maior confiança e segurança, fatores importantíssimos no combate ao
fogo.

No desempenho de suas funções, o bombeiro tem freqüente necessidade de


atingir níveis diferentes em prédios, quer para efetuar salvamentos, quer para melhor
combater o fogo.

Como nem sempre é possível a utilização das escadas do prédio, torna-se


necessário que o Corpo de Bombeiros disponha de escadas de tipos diversos e de
manejo fácil e rápido.

Considerando que o serviço de bombeiros exige rapidez e precisão, conjugadas


ao máximo de segurança possível, conclui-se que as escadas de bombeiro devem ter
desenhos especiais, bem como serem construídas com materiais que reduzam seu
peso, sem prejudicar sua resistência, para de certa forma facilitar as ações dos
bombeiros nos sinistros.

Os tipos de escada portátil utilizados pelo Corpo de Bombeiros são:

• Escada simples;

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

• Escada de gancho ou de telhado;


• Escada prolongável;
• Escada crochê;
• Escada de bombeiro;
• Escada prolongável com suportes.

Escada Simples

É a escada comum, com um só lanço, constituída de dois banzos rígidos e


paralelos, unidos por degraus.

Escada de Gancho (ou de Telhado)

É uma das adaptações da escada simples. É dotada de ganchos móveis


montados em suportes fixos no seu topo, que podem ser dobrados para facilitar seu
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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

transporte e acondicionamento. Os ganchos existem para escada em cumeeira,


parapeitos, e assemelhados, tornando-a segura e estável, mesmo sem apoio dos pés
no solo.

Escada Prolongável

A escada prolongável é constituída por dois lanços. O lanço superior desliza


sobre guias que estão no lanço base. Possui trinquetes na extremidade inferior do
lanço superior, cuja finalidade é encaixar e travar nos degraus do lanço base.

É a escada mais utilizada pelo Corpo de Bombeiros. Possui guarnição própria


para seu emprego, embora possa ser manuseada por um ou dois bombeiros.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Escada Crochê

A escada Crochê é formada por dois banzos paralelos, dobráveis ao meio,


unidos por degraus e curvos no topo, formando ganchos. Permite ao bombeiro subir ou
descer andar por andar, pelos parapeitos, sacadas ou janelas. Serve ainda para uso
em locais que não permitem o emprego de escadas maiores. Esta escada deve ser
sempre sustentada pelo gancho.

Escada de Bombeiro (ou de um banzo)

É uma escada leve, formada por um único banzo, tendo no seu topo um gancho
metálico serrilhado de forma laminar, suficientemente largo para encaixar em
parapeitos.Permite ao bombeiro subir ou descer por andares (pelos parapeitos),

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

sacadas ou janelas, bem como ainda, subir ou descer por alçapões e pequenos
buracos no teto. Esta escada deve ser sempre sustentada pelo gancho.

Escada Prolongável com Suporte

É constituída por três lanços e dois suportes articuláveis, ligados ao topo do


lanço base, que tem o propósito de facilitar sua armação.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Posicionamento das Escadas

Para a utilização das escadas com segurança, o bombeiro deve atentar para seu
correto posicionamento.A escada deve ser colocada numa posição que ofereça um
bom ângulo de inclinação. O ângulo deve variar de 68º a 75º.
Posicionar-se diante da escada com a ponta da bota encostando-se aos pés
desta. Estender os braços horizontalmente. Os dedos deverão tocar os banzos.O pé da
escada deve estar afastado do obstáculo a uma distância de 1/4 do comprimento da
escada.

Manuseio de Escadas

Manuseio de escada simples curta

Levante a escada do solo, apoiada sobre um dos banzos, colocando o banzo


superior, face interna n ombro e introduza o braço entre os degraus, próximo ao centro
de maneira que a mesma fique equilibrada.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Conduza-a, segurando com a mão correspondente ao ombro que a conduz num


degrau ou no banzo inferior, deixando o outro braço livre, a parte anterior da escada
dica ligeiramente voltada para baixo, para não dificultar a visão do operador e evitar
choques com obstáculos acima de sua cabeça.

Chegando ao local desejado, coloque o pé da escada contra uma parede ou


qualquer outro obstáculo seguro.

Com ambas as mãos eleve a escada para a posição vertical , colocando-se sob a
mesma faça com que o seu topo avance contra a parede deslocando as mãos de
degrau em degrau.

Segure a escada com ambas as mãos pelos degraus, de maneira que uma fique
três degraus acima da outra, nesta posição, afaste o pé da escada da parede até
formar um ângulo propício à subida, igual ou perto de um quarto da altura da escada.

Para desarmar efetue as operações no sentido contrário.

Manuseio de Escada simples longa, com dois homens

Os bombeiros de se colocam um em cada extremidade. Se a escada estiver no


solo, seguram, um o primeiro, e o outro o penúltimo degrau, e levantam-na até a altura
dos ombros, giram o ombro para o lado contrário e introduzem os braços livres entres
os degraus através da escada e com as mãos destes braços seguram nos degraus à
frente ou no banzo. Se a escada estiver em uma viatura é colocada diretamente nos
ombros dos bombeiros.levantam-na, deixando apenas um banzo no chão; ficam com
as faces voltadas para o local contrário ao deslocamento. Com uma das mãos

Conduza a escada, deslocando-se a posição final acima, utilizando-se o braço


livre para a ajudar a vencer possíveis obstáculos; pare com o pé da escada onde deve
ser armada.

Retire a escada dos ombros de maneira inversa à indicada na letra a segurando-


a pelo banzo.

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Para elevação da escada, o bombeiro colocado do lado do pé da escada, coloca


seus pés um em cada ponta dos banzos, abaixa-se de cócoras e dirige seu corpo para
frente para segurar o degrau ao seu alcance. O outro bombeiro toma posição ao lado
da escada, pouco além de seu meio, voltando para o topo da mesma, segurando um
dos degraus, levanta-a até poder com um giro de corpo, tomar posição sob a mesma,
continua a erguê-la deslocando-se para o lado do pé da escada, segurando os degraus
sucessivamente até atingir a vertical.

Se a escada foi elevada em um local que permite ângulo adequado em relação à


parede, é só abatê-la contra a mesma, caso necessite um deslocamento pata ganhar a
posição adequada, consegue-se pivoteando-a sucessivamente sobre um e outro pé de
banzo. Quando devido à falta de espaço, a escada é armada paralelamente à parede
em que deve ficar erguida basta, incliná-la ligeiramente sobre o banzo do lado da
parede pivoteando-a sobre o pé noventa graus, e a seguir abatê-la contra a parede.

Manuseio de escada prolongável

Quando tiver mais de 7 metros exigirá sempre mais de um homem para


manuseá-la.Se a escada estiver no solo procede-se da seguinte maneira para armá-la:

a – coloque a escada com o lanço superior voltada para o solo.


b – o bombeiro toma posição ao lado da escada, sua face voltada para o topo da
mesma, a cerca de um terço do seu cumprimento a partir dele; curva-se e segura no
degrau que estiver ao seu alcance.
c - ergue-a acima do nível do ombro, pivoteando-a no pé de um dos banzos, ao mesmo
tempo gira o seu corpo de maneira a colocá-la no ombro com o pé ainda no solo.
d – desloque o ombro para frente até balanceá-la equilibrando-a no mesmo,
levantando-a e abraçando-a segurando com a mão do ombro que a carrega, o banzo
superior ou um degrau a outra mão fica livre.
e – desloca-se com a escada no ombro até o ponto desejado, então coloca o pé da
escada no solo e eleva a escada para a posição vertical.
f – Para prolongá-la o operador coloca um de seus pés no solo ao lado de um dos
banzos com o joelho contra este para firmá-lo; pega a corda de prolongamento,
deixando o topo ligeiramente inclinado para a parede, suspende o lanço aéreo.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

g – quando a altura desejada é alcançada, prenda os cliques; a escada é apoiada


contra a parede e corda amarrada.
h – para desarmá-la, coloque um dos pés no primeiro degraus para firmar a escada,
ponha-a na posição vertical e proceda de maneira inversa. O lanço aéreo fica voltado
para a parede. Quando a escada estiver em viatura ou pendurada, é posta diretamente
nos ombros dos bombeiros. Quando é armada sobre concreto, apoiando-as em local
firme antes de prolongá-las.
i – as escadas de sete metros ou maiores devem ser armadas por dois homens. O
deslocamento da escada até o local de aramar é o mesmo já descrito para as escadas
simples longas. Para prolongá-la deve ser colocada na vertical e um dos homens por
trás da escada. Firme-a com as mãos, segurando nos banzos enquanto o outro
bombeiro à frente da mesma aciona a corda de prolongamento. Quando alcançada a
altura desejada, os dois homens abatem-na contra a parede. Para desarmá-la procede-
se inversamente.

Escada de bombeiro ou escalada lacraia

a – por se tratar de um material leve e de pequenas dimensões, pode ser transportada


por apenas um bombeiro, de maneira que seu gancho fique voltado para frente e para
baixo.
b – sua utilização é simples, o bombeiro deve fixar o gancho da escada numa estrutura
ou superfície forte e sólida, procedendo o teste de fixação e fazendo a subida logo em
seguida, da mesma maneira da escada prolongável. Para facilitar a subida o bombeiro
que está embaixo deve afastar levemente a escada da parede de modo que seus
degraus não fiquem juntos a parede. Durante a subida do segundo bombeiro, o
bombeiro que já alcançou o patamar desejado maximiza a fixação do gancho na
estrutura. Desta forma o segundo bombeiro efetua a subida.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

MÓDULO V
EPIs Em Geral

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Para a atividade de combate a incêndio, o profissional capacitado a realizar a


missão deve, antes de qualquer coisa, primar pela sua integridade e segurança, para
evitar que se torne mais uma vítima do sinistro e venha a tornar a missão ainda mais
complicada.
Para este fim, o bombeiro deve prestar muita atenção à utilização dos
equipamentos de proteção individual (EPI´s), utilizando-os sempre da maneira correta e
nunca os deixando em segundo plano, pois os EPI´s protegerão o homem nos
trabalhos e facilitarão seu desempenho durante os mesmos.
Hoje, os EPI´s mais utilizados pelo Corpo de Bombeiros para a atividade de
combate a incêndio são as botas de combate a incêndio, as luvas, as capas (ou
conjuntos) e o capacete.

Botas

Botas HARVIK para combate a incêndio Botas GREAT FIRE

As botas constituem um equipamento individual indispensável aos bombeiros,


podendo ser de couro ou borracha. Elas possuem um cano que envolve a perna até o
tornozelo ou até o joelho, protegendo além dos pés as pernas contra estrepes e
escombros e outros materiais cortantes e perfurantes. Além disso, são impermeáveis,
sendo utilizadas para proteção em áreas inundadas, tem o solado protegido por uma

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

chapa metálica para a proteção das plantas dos pés, e são desenhadas de modo a
prevenir rachaduras, refração e outros efeitos.
A borda superior do cano da bota é dotada de duas alças para facilitar o
calçamento; as alças estão dispostas uma em cada lateral no cano e tem dimensão
suficiente para que se introduza pelo menos 3 dedos da mão ao suportá-la no calçar.
As botas de combate a incêndio não são indicadas contra riscos radiológicos,
biológicos ou químicos, assim como para imersão em fogo ou contato direto com as
chamas.
As botas Black Diamond, bastante utilizadas pelo Corpo de Bombeiros, possuem
um triângulo verde na parte interna que indicam possuírem uma biqueira de aço que
suporta mais de 45 kg e uma sola de aço contra perfurações de 1 prego a 126 kg. Tal
sola é ainda resistente à ferrugem e testada com mais de 1.500.000 de flexões sem
quebrar. O símbolo Omega, presente também nas botas Harvik e Great Fire, indica que
a bota possui resistência contra choque elétrico. Todas estas botas apresentam no
cano, de forma indelével, a norma que atende e o instituto que as testou.
As botas Harvik, que vêm sendo bastante difundidas na Corporação,
apresentam três palmilhas consecutivas, sendo que a primeira é de feltro, promovendo
isolação do piso e sola, a segunda em poliuretano de alta densidade para absorver o
impacto do caminhar, e a terceira e a última palmilha em poliuretano de média
densidade, construída de forma envolvente, promovendo conforto e absorção de
impacto; essa palmilha é removível para lavagem e permitir melhor ventilação para
secagem. Elas apresentam ainda reforços de proteção para tíbia, metacarpo, tornozelo,
calcanhar e tendão.

Manutenção
Para aumentar a vida útil das botas, algumas instruções devem ser seguidas:
• Elas devem ser lavadas com água e sabão suave. Após isso, devem ser bem
enxaguadas e secadas antes de serem colocadas em uso ou guardadas;
• Sempre que estocadas, devem ser preenchidas com panos para evitar o
mofo;
• Devem ser acondicionadas em pé, sem dobras para evitar enfraquecimento
da borracha, e longe de aparelhos que produzam ozônio.

Luvas

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

As luvas constituem um equipamento individual obrigatório durante o combate


de um incêndio para proteger os bombeiros contra ferimentos por objetos cortantes ou
pontiagudos, contra produtos químicos agressivos, contra a eletricidade e contra
superfícies aquecidas. Devem ser fabricadas com materiais e de maneira a oferecer a
necessária segurança.
Atualmente, a luva mais utilizada pelo Corpo de Bombeiros é a Fireman V,
composta por três camadas. A parte mais externa trata-se de um revestimento em
couro azul que propicia resistência ao calor e abrasão; abaixo desta há uma camada
de plástico (polímero) que garante a impermeabilidade e internamente uma camada em
fibra que garante a isolabilidade térmica.

Luvas FIREMAN V

Existem outros tipos de luvas utilizadas pelos bombeiros para trabalhos


específicos, além das luvas para combate a incêndio. Dentre elas, as mais utilizadas
são:

Luva de vaqueta/couro/raspa - utilizada para manipulação de materiais


abrasivos e superfícies cortantes em serviços de manutenção mecânica e
testes de equipamentos.

Luva de vaqueta/couro/raspa cano longo – utilizada para proteção


contra superfícies aquecidas e fagulhas, sendo útil também para proteção
contra raios ultravioleta.

Luva de PVC – utilizada para manipulação de ácidos e soda caústica.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Luva nitrílica tipo mucambo – utilizada para manipulação de produtos


químicos.

Luva de alta tensão – teste 20.000 volts – utilizada na proteção de


choque elétrico em serviços de manutenção de equipamentos energizados.

Luva de vaqueta/raspa com banho em PVC – utilizada contra produtos


químicos e abrasivos nos serviços de manutenção mecânica, por exemplo.

Capa

Capa 7/8 Conjunto de combate a incêndio

Antes de falarmos da capa de combate a incêndio, é importante saber que


existem dois tipos de roupas para o serviço de bombeiro:
• Roupas de aproximação – permitem a aproximação junto às fontes de calor,
protegendo o bombeiro do calor de irradiação. O isolamento deste tipo de
roupa, em geral, não permite o contato direto com as chamas;
• Roupas de penetração – têm maior poder de isolamento que as anteriores e
permitem a penetração no interior do fogo por períodos não muito longos.
Neste caso, obrigatoriamente, o bombeiro usará por baixo da roupa um
aparelho auto-suficiente para respiração e de muito boa qualidade.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

A capa trata-se de uma roupa de aproximação e é uma peça essencial ao


serviço bombeiro. Deve ser prática, de maneira a não embaraçar os movimentos do
homem, e impermeável. Além de proteger o bombeiro da água, deve protegê-lo
principalmente do calor irradiante.
Nos dias atuais, a capa de combate a incêndio 7/8, até o joelho, tem entrado em
desuso no Corpo de Bombeiros, sendo substituída pelo conjunto de combate a
incêndio. Tal conjunto é composto por uma capa mais curta, até a cintura, e uma calça
com suspensório, nos mesmos moldes da capa. Tal modelo aumenta o nível de
proteção do bombeiro, pois protege não apenas o tronco e os braços, mas também as
pernas inteiras. Recomenda-se utilizar a calça por cima das botas, de modo a evitar
que faíscas e objetos abrasivos ou cortantes penetrem por elas.
As capas são confeccionadas por uma camada em fibra poliamida aramida com
cobertura de neopreme; possuem uma camada intermediária constituída em manta
isolante térmica antichama, onde encontra-se a proteção efetiva da roupa, e uma
camada interna de algodão anti-chama com nomex. Ela permite a respirabilidade de
dentro pra fora e sua proteção ao calor é de aproximadamente 800ºC. Possui ainda
gola alta para complementar a proteção da garganta e pescoço, punho interno
sanfonado para minimizar a entrada de líquidos e fragmentos sólidos e fita refletiva
com base em tecido antichamas de aramida, na cor cinza/prata/amarela, de 50mm de
largura, fixada em todo o barramento, peito, nas costas, e nos punhos, para facilitar a
visualização do bombeiro durante as operações.

Capacete

O capacete é uma das principais peças do equipamento do bombeiro, pois


protege-o contra a queda de telhas, tijolos e outros objetos, e por este motivo deve ser
resistente a impactos e possuir internamente um pára-choque que reduza a violência
dos mesmos. Deverá ter características de resistência a impactos, à perfuração, ao
calor irradiante, ter propriedade de isolamento térmico e elétrico, deverá ser leve e
pintado com cores que diferenciem os capacetes dos bombeiros.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Capacete MSA GALLET F1

O capacete utilizado pelo Corpo de Bombeiros é o francês MSA Gallet F1,


planejado para permitir a adaptação de sistema de ligação de rádio, iluminação,
protetor de nuca e equipamento de proteção respiratória, com encaixe no capacete
através de engates laterais. Possui ainda carneira regulável para tamanhos de cabeça
de 53 a 64 centímetros, jugular com apoio para o queixo fixa no corpo do capacete,
com ajuste por velcro, visor refletor dourado para proteção total da face, contra
irradiação de calor, corpos sólidos e respingos de produtos químicos, revestido de
película metálica dourada. Segundo visor interno em policarbonato para proteção dos
olhos quando o visor dourado recolhido, com acionamento por alavanca externa. Sua
proteção é de aproximadamente 600ºC e sua massa aproximadamente 1,2 kg.

Vale lembrar que a seqüência mais adequada para evitar a perda de tempo na
hora de colocar o EPI é a seguinte: em primeiro lugar calçar as botas, em seguida a
capa de combate a incêndio, o EPR (quando necessário), o capacete e, por fim, as
luvas.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

MÓDULO VI

Combate a Incêndio em Instalações elétricas e líquidos inflamáveis

Introdução

Nós do Corpo de Bombeiros do Estado Do Paraná nos deparamos a cada dia


com novas ocorrências, a gama de combate a incêndios é infinita que cada situação é
particular e única por isso devemos sempre ter em mente as diferenças entre cada tipo
de combate e suas peculiaridades o que pode ser feito ou não e qualquer a melhor
maneira de agir e proteger ao exposto.O risco de instalações inadequadas é muito
grande, em São Paulo, por exemplo, foi constatado que as instalações elétricas
realizadas de maneira inadequada são a segunda maior causa de incêndio e no
Paraná infelizmente não ficamos muito atrás por isso que sempre devemos focar na
Prevenção, caso a prevenção falhe, entraremos no campo do incêndio.
Outro campo a ser estudado refere-se também aos líquidos inflamáveis em geral
e suas conseqüências em caso de incêndio.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Este módulo visa, sobretudo tirar algumas dúvidas sobre equipamentos


elétricos, os seus métodos de extinção e o que são efetivamente os arcos voltaicos e
os seus perigos tanto para a vítima quanto para o Bombeiro que efetuará o combate e
também a abordar de maneira correta a forma de certa de combate aos líquidos
inflamáveis e explanar também sobre os fenômenos que podem ocorrer com tais
líquidos e os perigos eminentes.

Incêndios em Componentes Elétricos

São Incêndios que ocorrem em materiais energizados, por onde passa uma
corrente elétrica, são classificados como sendo incêndios de classe “C”, alguns
exemplos de equipamentos com essas características são: motores, geradores e
transformadores. Os sistemas elétricos, por sua vez, são constituídos de fusíveis,
medidores de corrente elétrica, caixas de distribuição geral de energia elétrica, caixas
secundárias, resistências, capacitores e fiação.

Seu Método de Extinção

O método de extinção adequado para o da classe “C” é o abafamento ou


interrupção (quebra) da reação em cadeia e resfriamento, devendo ser feito por meio
de um extintor que não conduza corrente elétrica como é o caso do pó químico seco
(PQS) e do gás carbônico (CO2). É importante que não se utilize qualquer extintor à
base de água, enquanto houver corrente elétrica, pois a água é condutora de
eletricidade, o que põe em risco de vida do operador.
Esta classe de incêndio pode ser mudada para classe “A”, se for interrompido o
fluxo elétrico. Deve-se ter cuidado com equipamentos como, por exemplo, televisores e
capacitores, os quais acumulam energia elétrica, pois estes continuam energizados
mesmo após a interrupção da corrente elétrica.
A sobrecarga na instalação é uma das principais causas de incêndios. Se a
corrente elétrica está acima do que a fiação suporta, ocorre superaquecimento dos fios,
podendo dar início a um incêndio. Devido a isso não é aconselhável ligar mais de um
aparelho por tomada, fazer ligações provisórias, manter ou deixar fios descascados e
expostos, os quais podem provocar curto circuito. De maneira geral toda a instalação

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

elétrica deve estar de acordo com a Norma Brasileira NBR 5410 da ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas).
Os perigos específicos dessa classe de incêndio são o risco da formação de
arcos voltaicos e descargas elétricas. Ocorre a produção de arcos voltaicos quando
um circuito eletrizado é interrompido brutamente, quer intencionalmente por chave ou
corte, ou acidentalmente quando um contato terminal vir a solar-se. O arco voltaico é
particularmente grave quando motores ou outros circuitos de indução estiverem
envolvidos, pois as temperaturas dos arcos são elevadas, e o calor liberado destas
pode ser suficiente para colocar em ignição, combustíveis ou materiais inflamáveis nas
adjacências com o resultado do material fundido, além de provocar queimaduras em
pessoas próximas.

Emergência com eletricidade.

Em emergência envolvendo eletricidade, alguns procedimentos devem ser


seguidos para manter o ambiente seguro ao serviço do bombeiro:
- Quando forem encontrados fios caídos, a área ao redor deve ser isolada.
- Deve-se considerar todos os fios como energizados e de alta voltagem.
- Quando existir o risco de choque elétrico, deve-se usar EPI adequado e ferramentas
isoladas.
- Deve-se tomar cuidado ao manusear escadas, mangueiras ou equipamentos
próximos a fios elétricos.

Técnicas de combate em emergência.

Ao se deparar com uma ocorrência de incêndio com material e equipamentos


elétricos devem-se tomar medidas de segurança como isolar e evacuar a área e utilizar
equipamentos de proteção individual. É necessário também obter informação sobre a
existência de vítimas no local, assim como ter conhecimento do lugar onde se encontra
a chave geral de energia para desligá-la, se for possível. Essa ação tornará o incêndio
de classe “C” em um incêndio de classe “A”, o que facilita a operação de combate, pois
a água e a espuma mecânica poderão ser utilizadas como agente extintor das chamas.
Um problema agravante em situações desse tipo é a presença de produtos
químicos perigosos e líquidos inflamáveis em instalações e equipamentos elétricos, o

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

que pode acarretar sérios riscos e determinará mudança na estratégia de combate ao


fogo. Nesse caso será necessário saber que espécie de líquido esta presente e iniciar
o combate como sendo classe “B”. Caso não seja possível interromper a corrente
elétrica do local, será necessário dar início ao combate com extintores de pó químico
seco (PQS) ou de preferência gás carbônico (CO2), o qual possui melhor resultado.

Incêndio em Líquidos Inflamáveis

São Incêndios que ocorrem em líquidos inflamáveis e em materiais gasosos,


produtos que queimam somente na superfície e não deixam cinzas, são classificados
como incêndios da classe B. Alguns exemplos desses produtos são: Graxas, tintas,
vernizes e gasolina. O método de extinção para eventos que envolvam essas
substâncias é o abafamento e os extintores indicados são os de espuma, pó químico
(PQS) e gás carbônico (CO2). Nessa classe de incêndio observamos algumas
situações de perigo mais importantes que resultam em diversos efeitos.

Os efeitos ambientais no ar são percebidos a partir de certas concentrações,


pois ao se acumular podem formar misturas explosivas, asfixiantes e tóxicas. Na água,
é prejudicial à fauna aquática. No solo a substância pode ser bioprocessada pelas
plantas ou infiltrar chegando a contaminar o lençol freático.

Os efeitos físicos químicos são queimaduras em pessoas e danos em estruturas


em caso de incêndio ou explosão. Danos à saúde em decorrência de exposição
através de inalação, em contato com a pele ou se for ingerido. Inflamam-se em contato
com a chama nua, calor e faíscas.

Os perigos específicos dessa classe de incêndio são o risco de explosão quando


seus vapores entram em contato com chama e o risco da exposição. Os principais
sintomas de uma superexposição podem ser fadiga, irritação respiratória, confusão
mental, dor de cabeça, náuseas e sonolência. Podem apresentar sensações
particulares na pele irritação ou intumescimento.

O principal cenário emergencial envolvendo um produto líquido inflamável é o


vazamento do recipiente que o contém, isso implicará na formação de uma nuvem de
vapores inflamáveis e nocivos. No caso de essa nuvem entrar em contato com fontes

80
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

de calor ou de ignição, os vapores irão se incendiar ou, dependendo da massa da


nuvem, ocorrer uma explosão. Após isso, o incêndio prosseguirá na porção
extravasada do produto.

Como os vapores podem deslocar-se até uma fonte de ignição localizada longe
do vazamento, poderá ocorrer retrocesso de chamas até a área de vazamento. A
inalação dos vapores ou o contato do produto líquido com a pele poderá provocar
efeitos adversos à saúde, anteriormente citados. Outro cenário a ser considerado é a
exposição ao calor, do recipiente que contém o produto, provocando explosão ou
incêndio. O escoamento do produto para a rede de esgotos ou outros espaços
confinados pode criar condições para a ocorrência de incêndio, explosão confinada, ou
de contaminação ambiental.

Cada espécie de líquido combustível possui particularidades de sua estrutura


molecular não podendo ser generalizada, mas sim analisada quanto as semelhanças
de comportamento em combustão. A partir daí é possível observar as reações de cada
uma e listar procedimentos padrões os quais podem combater e extinguir a queima.
Portanto incêndios com líquidos podem ser abordados de forma padronizada
respeitando e observando as especificações técnicas de cada líquido combustível.

Técnica de combate em emergências

As atitudes a serem tomadas ao chegar no local de uma emergência com


combustível líquido em geral é: evacuar e isolar a área, buscar informações sobre
possíveis vítimas, tomar conhecimento do líquido em questão e suas particularidades
através de manuais ou descritivos próprios para produtos químicos e perigosos. A
próxima providência é localizar o vazamento e se possível estancá-lo, iniciando o
combate propriamente dito a uma distancia segura com um agente extintor adequado
para a substância, utilizando-se de equipamentos de proteção que forem convenientes
para a situação. É necessário eliminar todas as fontes de ignição, tais como chamas
abertas, elementos quentes sem isolamento, faíscas elétricas ou mecânicas, cigarros e
circuitos elétricos. Impedir a utilização de qualquer material ou procedimento que
provoque a geração de fagulhas ou chamas.

A tática para o ataque deve considerar o ambiente em que o líquido se encontra:


espaço confinado ou local aberto. Em ambos os casos o equipamento de proteção

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

respiratória deve ser utilizado, sendo que em local aberto atentar para direção do vento
o qual deve estar sempre pelas costas. Outro ponto fundamental para o combate dessa
espécie é o agente extintor a ser utilizado.

A espuma mecânica é o agente extintor empregado no combate a incêndio da


classe “B” que possui melhor resposta, pois age por abafamento e resfriamento. A
espuma mecânica deve ser aplicada contra um anteparo, para que possa ir cobrindo
lentamente a superfície da área incendiada. A espuma é condutora de eletricidade,
Portanto jatos plenos de espuma não devem ser aplicados em incêndios de
equipamentos elétricos energizados, ou seja, em incêndios de Classe C, porque
contêm água com íons condutores. A água, atua no resfriamento e também pode ser
utilizada para combater incêndios da classe “B” devendo ser utilizada com de jato
neblinado, pois na forma de jato compacto pode vir a espalhar o líquido por uma área
maior violando o recipiente no qual o combustível se encontre armazenado
aumentando as chamas. O resfriamento de outros compartimentos não afetados, ao
redor do local do incêndio deve ser feita, a fim de se evitar a propagação das chamas
fazendo, dessa forma, o confinamento do incêndio.

A partir da extinção total das chamas e do resfriamento do local pode-se, então,


iniciar a fase de rescaldo respeitando todos itens de segurança próprios da operação.

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Incêndio em um tanque de óleo diesel da Replan Em São Paulo

Fenômenos BLEVE e BOIL OVER

Recipientes como tambores, galões ou tanques de armazenamento de líquidos


combustíveis podem sofrer avalias durante um incêndio ou mesmo na fase de rescaldo
e alguns fenômenos como BLEVE e BOIL OVER podem ocorrer causando problemas
para a guarnição de bombeiros. Esses fenômenos danificam, de forma bruta, a
integridade dos recipientes e locais em que os líquidos combustíveis se encontram. As
variáveis temperatura e pressão são as principais causas desses fenômenos que são
previsíveis, porém o momento exato de rompimento dos francos é de difícil diagnóstico
o que representa grande risco na operação de combate. O BLEVE e BOIL OVER são
fenômenos complexos, mas podem ser resumidos como o rompimento estrutural com
explosão devido à pressão e temperatura eleva no interior de um recipiente contendo
líquido e gases inflamáveis. Para ocorrer um BOIL OVER é necessário existir ainda a
diferença de variação de volume, ao passar da fase líquida para a de vapor, entre dois
líquidos confinados em um recipiente. Para o BLEVE é necessário pressão e

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

temperatura elevadas sobre um cilindro ou recipiente contendo líquido e gases que


acabam rompendo sua carcaça com explosão projetando os materiais para lados
opostos. Por isso a aproximação e combate a eventos nessas circunstâncias não deve
ser feito pelas extremidades do objeto e sim pela porção central, como forma de
segurança.

Bleve Nos E.U.A em 1993

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Outro exemplo de Bleve do mesmo caso

Boil Over No Canadá

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Boil Over

MÓDULO VII

Equipamentos de Iluminação

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

A iluminação adequada, tanto qualitativa quanto quantitativa, é de grande


importância para execução segura e precisa das tarefas industriais. A iluminação
natural é a preferida. É muito comum, porém, o uso de luz artificial em
complementação à natural e é obrigatório seu emprego nos trabalhos noturnos.
Normas brasileiras da ABNT estabelecem os níveis da iluminação, mínimo
requerido para cada atividade; além desses níveis, porém, ou de qualquer outra
determinação de ordem legal, é importante que certos fatores sejam levados em
consideração em cada caso específico. Por exemplo: a difusão uniforme, a qualidade e
a direção da luz, e a localização dos focos de luz em relação aos obstáculos formados
por equipamentos, devem ser considerados de modo que a luz não cause sombras e
nem ofuscamentos e que o nível de iluminação seja compatível com a atividade.

DEFINIÇÃO:

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

É o conjunto de materiais destinados a fornecer força e luz para os trabalhos de


iluminação do Corpo de Bombeiros. O material de iluminação está afeto a cada
guarnição, seja ele qual for. Dessa forma todas as guarnições deverão ter
conhecimentos suficientes para manusear tal equipamento, sempre que possível,
orientado pelo eletricista e supervisionado pelo chefe de serviço.
A iluminação adequada, tanto qualitativa quanto quantitativa, é de grande
importância para execução segura e precisa das tarefas industriais. A iluminação
natural é a preferida. É muito comum, porém, o uso de luz artificial em
complementação à natural é obrigatório seu emprego nos trabalhos noturnos.
De acordo com a NBR 15215 existem níveis de iluminação mínimo requerido
para cada atividade; além desses níveis, porém, ou de qualquer outra determinação de
ordem legal, é importante que certos fatores sejam levados em consideração em cada
caso específico. Por exemplo: a difusão uniforme, a qualidade e a direção da luz, e a
localização dos focos de luz em relação aos obstáculos formados por equipamentos,
devem ser considerados de modo que a luz não cause sombras e nem ofuscamentos e
que o nível de iluminação seja compatível com a atividade.

CLASSIFICAÇÃO:

1) Gerador de Força:
Devem ser mantidos isolados de pessoas que não fazem parte do serviço e não
devem entrar em contato com a água.
O operador deve ter total consciência dos perigos de suas atividades e
possuírem ferramentas e equipamentos de proteção adequados ao exercício seguro da
profissão em todos os seus aspectos.

Gerador de Energia à gasolina modelo

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

S1000

Check- List
Seqüência para armar torre de iluminação.

1. Disjuntores desligados;
2. Partida  Ligar e dar a partida (na cabine ou direto no motor)
3. Ligar disjuntores  1° motor
 2° caixa de disjuntores
 3° quadro de medição
 4° cabine
4. Ligar sistema pneumático  arvorar torre;
5. Ligar Joystick  posicionar holofotes;
6. Desarvorar torre;
7. Desligar sistema pneumático
8. Desligar Joystick;
9. Desligar disjuntores (seqüência contrária);
10. Desligar motor.

Seqüência para armar iluminação com moto-gerador.

1. Retirar motor da VTR;


2. Armar conjunto: tripé, holofotes e extensão;
3. Inspeção visual no motor;
4. Conferir combustível (marcador);
5. Dar a partida  abrir torneira de combustível
 afogador
 acelerador
6. Ligar disjuntor;
7. Selecionar voltagem;
8. Conectar extensão;
9. Desligar o motor;
10. Desarmar conjunto.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

2) Material de iluminação elétrica:


Compreendem os materiais que produzem luz com a utilização de corrente elétrica.

Com corrente continua


- Lanternas a Pilha;
- Faróis a Bateria;

Lanternas à pilha

 Cobertura de plástico resistente aos impactos.


 Compartimento para lâmpada sobresselente... Um detalhe muito prático para as
emergências.
 Superfície exterior com protuberâncias profundas, para evitar que a lanterna
caia.
 Resistente à corrosão.
 Resistente ao óleo, gordura, gasolina e água.
 Amortecimento na lâmpada, o que prolonga a sua duração.
 Lâmpada de gás crípton de tipo industrial, 50% mais luminosa do que as
lâmpadas normais.
 Lente de plástico resistente à ruptura.
 Interruptor protegido para evitar a sua inflamação acidental no bolso ou na caixa
de ferramentas.

Lanterna à pilha

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Conservação e cuidados

 Deixe a lanterna sempre em um mesmo local conhecido por todas as


pessoas da casa para que possa ser achada facilmente nas emergências.
 Verifique periodicamente se a lanterna está acendendo pois, como não
são usadas freqüentemente, podem ficar com os contatos enferrujados ou
as pilhas descarregadas.
 Retire sempre as pilhas ao guardar a lanterna, quando esta for ficar muito
tempo sem uso.
 Se a lanterna não estiver funcionando bem, verifique: Se as pilhas foram
colocadas corretamente. Se as pilhas não estão fracas. Geralmente um
feixe fraco, quer dizer pilha velhas. Se há ferrugem nos terminais da pilha,
no ponto de contato entre as lâmpadas ou na mola. Para retirar esta
ferrugem lixe com uma lixa fina.
 Se a lâmpada estiver queimada. Retire-a e observe se o filamento está
partido. Se estiver, ela está queimada e deve ser trocada.
 Deixe sempre pilhas reservas à mão.

Faróis à bateria

 Cobertura em plástico resistente aos choques e às intempéries.


 Ligar e desligar por meio de interruptor.
 Serve de luz de grande alcance.
 Uma prática pega de transporte aberta facilita o seu manuseamento com luvas.
 Flutua se, por acaso, cair acidentalmente à água.
 A selagem da tampa na cobertura assegura a sua hermeticidade e protege a
bateria.
 Com código de data que indica quando é que se deve carregar a bateria.
 Peso 0,56 kg.
 Duração da bateria…15 horas.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Faróis à bateria

Com corrente alternada


- Lâmpadas;
- Holofotes.

Holofotes

A cada 30 minutos trocar o holofote, quando bater água há o risco de queimar.

 Cabo com 2,5 metros, resistente às intempéries, para um comando à distância.


 Cabo de 1,25 metros para a ficha do acendedor.
 Ventosa de 15 cm, com base de montagem com mola incluída.
 Fabricado em plástico ABS de longa duração e resistente às intempéries.
 Rotação de 370º e com uma gama de ajuste vertical de 70º através de controlo
remoto.
 Lâmpada halogénica General Electric com um feixe protegido com uma potência
luminosa de 100.000 candelas, segundo a norma ASAE.
 Uma característica bastante prática é a sua transportabilidade, que permite
movê-lo de um veículo para outro com facilidade.

 Cuidado principalmente com sua proteção de vidro;


 Acondicionar na viatura em local específico sempre protegido dos demais
materiais;
 Empregar tecnicamente os diversos materiais de iluminação: geradores de
força, material de iluminação elétrica e material de iluminação à
combustível.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

 Desenvolver ações simuladas de combate a incêndio noturno em


edificação residencial, comercial e outras situações emergenciais que
exijam o estabelecimento técnico dos diversos tipos de Material de
Iluminação.

Holofotes

Utilização
No atendimento a ocorrências em ambiente com pouca ou nenhuma visibilidade,
é imprescindível o uso de materiais de iluminação. De acordo com as dimensões da
ocorrência, o bombeiro poderá utilizar diversos tipos de materiais. Um dos mais usados
é a lanterna. Este material é indispensável para o bombeiro, pois possibilita que o
mesmo possa adentrar em diversos ambientes com este material, o que não pode ser
realizado com alguns outros. A lanterna utilizada pela corporação hoje é a que produz
luz através de energia contínua, ou seja, a pilha. Porém não fornece uma luz muito
intensa, sendo limitado seu uso para trabalhar em ambiente aberto. Quando
necessárias proporções maiores de luz, o bombeiro recorre para outras fontes
geradoras, como por exemplo os geradores de força que são utilizados para fornecer
energia às holofotes que podem fornecer até 500watts de potencia.
Os materiais de iluminação devem ser usados com muita cautela pela guarnição,
verificando todas as normas de segurança e utilizando os materiais de proteção
individual como botas, luvas, capacete e também verificar se os materiais não
oferecem risco ao próprio bombeiro que ira utilizar o material, como para os demais
que se encontram nas proximidades.
Uma atenção muito importante, deve se ter para que os materiais não entrem
em contato com a água, pois a água fornecida para a população não é totalmente pura
e por isso quando em contato com o material elétrico ligado fará com que seja

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

transmitida por ela uma corrente podendo danificar o material ou até ocasionar um
choque elétrico a alguma pessoa que esteja próxima desprotegida.

Material de iluminação com combustível:


Compreende os materiais que produzem luz através da queima de combustíveis.
- Lanterna à Querosene;
- Lanterna à Gasolina ou querosene pressurizado;
- Lanternas à Gás Liquefeito de Petróleo.

Lanterna a querosene

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

MÓDULO VIII
Escada Mecânica

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Apresentação

As Auto-Escadas podem alcançar as alturas em torno de 30 a 50 metros,


podendo ser de 4, 5 e 6 lanços respectivamente. São constituídas de lanços
superpostos e engavetados, sendo montados sobre o chassis de uma viatura, e a força
motriz da mesma que movimenta a escada.
Seus movimentos são todos hidráulicos. Para a execução dos movimentos
principais, elevar, arvorar, e girar; há três circuitos hidráulicos diferentes, o que permite
a execução dos três movimentos simultaneamente.
Existem na Auto-Escada Mecânica dispositivos de segurança (hidráulicos,
elétricos e mecânicos) que evitam possíveis equívocos operacionais.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Movimentos principais da Escada:


arvorar;

B- elevar;

C- girar.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Auto Escada Mecânica (AEM)

Viatura Auto Escada Mecânica Magirus, fabricação alemã, 32 toneladas, motor


com 245 CV de potência. Este veículo é dotado de escada mecânica capaz de atingir
uma altura máxima de 50 metros de comprimento, com cesto de transporte, sendo sua
aplicabilidade nas ações de combate a incêndios em edificações altas e operações de
salvamento nesses locais.

FUNCIONAMENTO

Cuidados a serem tomados:

Local: antes de estabelecer a escada mecânica é necessário observar as


condições do terreno, se é compacto e sólido para o patolamento, verificar o nível
dentro da cabine do caminhão (o desnível não deve ultrapassar os 7 graus, e se existe

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

a condição de ser arvorar a escada, neste caso se há espaço para manobras com a
escada em seu correto grau de inclinação).

Estabelecimento
Visto todas as condições do terreno, mudar a alavanca de velocidade para ponto
morto e acionar o freio de mão do veículo, além de bloquear as rodas traseiras. Outro
ponto é o “patolamento” da escada, ou seja, estender os braços de apoio manobrando
as duas alavancas que se encontram na traseira do caminhão. Após isso manobrar a
alavanca para a fixação dos apoios. Se o procedimento for feito corretamente à luz
indicativa na traseira do caminhão ficará acesa.

Operação
Muda-se o comando da cabine para o painel de comando geral. De lá o
operador pode executar qualquer trabalho com a AEM, como desligar e ligar o motor,
por exemplo.
Com o motor ligado, aciona-se o pedal do homem-morto, liga-se a pressão do
óleo, que é notada através da luz que se acende no painel de controle. A partir deste
momento pode-se executar os movimentos da escada.
Para retirar a escada do berço aciona-se a alavanca Aufrichten-Neigen, traduzindo
levantar e abaixar respectivamente. Esses movimentos além de retirar e colocar a
escada no cesto, estabelecem a angulação de trabalho da escada. Os movimentos
aqui executados devem ser lentos.
Os movimentos de rotação, para se evitar obstáculos, devem ser executados,
posteriormente aos movimentos de levantar e abaixar citados acima. A alavanca a ser
utilizada nesta operação é a de rotação em alemão Drehen.
O ajuste de subir e descer da escada é feita através da alavanca Ausfahren-
Einfahren, subir e descer respectivamente. Neste ponto se observa a angulação da
escada e a altura máxima permitida de trabalho, em um painel no painel de comando.
Após o término do uso da AEM, deve-se executar estas instruções de maneira
inversa para o seu desligamento.
Guarnição
É composta por um Sargento (chefe da guarnição) e quatro Soldados
(armadores), numerados de 1 a 4.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Formatura e a Postos

A guarnição forma junto à viatura em duas fileiras, ficando 1 e 2 à frente e 3 e 4


à retaguarda, sendo que o 3 cobre o 1. O chefe fica à direita do 1, de acordo com
esquema ao lado esquerdo. A postos, o chefe fica ao lado do motorista. Os armadores
ocupam o banco traseiro na seguinte ordem: 4,2,1 e 3, de acordo com o esquema
abaixo. Ao saírem da viatura para operações, os armadores tomam o dispositivo,
conforme figura abaixo.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Para Armar a Escada

Compete ao comandante do socorro dar a localização da escada e a ordem de


armá-la (voz ou toque), na seguinte sequência: preparar, elevar, girar e desenvolver. A
guarnição executará essas operações em três fases.

Preparar

Os armadores nº1 e 2 avançam pelo lado direito e esquerdo, respectivamente,


armam os fixadores dianteiros, permanecendo junto a eles. Os de nº 3 e 4 indo pelo
lado direito e esquerdo, respectivamente, retiram o "currico" de mangueiras e armam
os fixadores traseiros, enquanto o chefe da guarnição aciona o dispositivo de bloqueio
do eixo traseiro. Os armadores acionam, ao mesmo tempo, os volantes dos fixadores,
após a voz de: "Atenção fixar!", que é dada pelo chefe da guarnição. Esta operação
prossegue até que a AEM esteja apoiada pelos fixadores. Terminada esta operação, os
armadores aguardam novas ordens à retaguarda da viatura.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Elevar
Nesta fase, os armadores permanecem atrás da viatura, salvo recebam outras
ordens. O armador nº4 fica responsável por armar a "escadinha" que dá acesso ao 1º
lanço.

Desenvolver
Nesta fase, os armadores nº 1 e 2 observam a oscilação da escada, e em caso
de ventos fortes deve-se estaiá-la.

Procedimento para estaiar a AEM


O armador nº 1 passa os estais ao nº 2, este por sua vez prende as cordas nos
olhais existentes na extremidade do último lanço, utilizando, se possível, molas de
segurança.
Obs 1: Cabe ao motorista todas as operações da escada através do painel de
comando.
Obs 2: Durante as operações de desenvolvimento e recolhimento da escada não
deve haver ninguém nos lanços, sob pena de ter as mãos e os pés destroçados pelo
encaixe dos lanços.

Para armar a escada manualmente


À ordem de preparar, a guarnição procede da maneira já descrita, aguardando
apenas a ordem de elevar, girar e desenvolver. Após dada, a ordem é executada
através da ação de manivelas, acionadas pelos armadores, adaptadas as extremidades
dos eixos correspondentes aos respectivos movimentos.

Escadas Mecânicas com Armadores Automáticos


Existem escadas mecânicas, que além dos dispositivos hidráulicos, contam com
um outro exclusivo para acionar os fixadores, ficando as funções dos armadores
diminuídas desse afazer.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Escada Magirus armada

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Bomba de Incêndio

Para operar a torre d’água :

• Verifique se todos os drenos estão completamente fechados e se a


válvula de descarga para escada está aberta.

• Verifique a direção do vento para que a água não respingue no operador;

• Junto ao controle de solo da escada, existem duas descargas ou


expedições as quais podem também ser usadas para suprir a linha da
escada em caso de falta da bomba e lembrar que seu dreno deve
permanecer fechado sempre;

• Usando o acelerador tanto no posto de operação da bomba quanto no


controle da escada, o operador poderá controlar a pressão e
conseqüentemente a vazão do esguicho, localizado no topo da escada.

• Lembre-se que um RPM mais alto não causará efeito ao sistema


hidráulico da viatura.

Lançamento de água com a escada não apoiada

Ao se lançar água da escada não apoiada, faz com que esta seja submetida a
um considerável esforço, devido ao peso das mangueiras, à coluna d’água e ao
retrocesso gerado pelo lançamento. Isto pode ser em perigo a escada, se não forem
observadas as seguintes regras.

É terminantemente proibido:

• O emprego de mangueiras “B” na escada; quando são dirigidas


manualmente, e, portanto, havendo pessoas sobre ela. No caso de manejo
manual, deve empregar-se unicamente mangueiras “C” ou “D”.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

• Lançar água com a escada elevada de um ângulo superior a 70º ou estando


fora de qualquer posição regulamentar.

• A colocação de mangueiras fora do centro dos pedais ou dependuradas


livremente da escada.

• O fechamento ou abertura rápida dos esguichos.

• Dirigir o jato em sentido lateral á escada.

• A escada deve estirar-se, unicamente, em longitude, isto é, a altura que os


trabalhos de extensão exijam. Ao se lançar água da plataforma de trabalho
não apoiada, devem ser colocadas, sempre que possível, as cordas de
sustentação. A pressão da água deve ser elevada lentamente e, também,
nunca interrompida abruptamente.

• Ao se empregar esguichos-canhão na plataforma de trabalho não apoiada,


não ultrapassar os seguintes valores:

Diâmetro do Pressão Máxima no Retrocesso Máximo no Vazão


requinte esguicho lançamento
MM Kgf/cm² Kgf l/min
18 12,0 60 735
22 10,0 75 1000
26 8,0 85 1260

Fatores importantes a serem considerados na operação

Ao chegar na área da ocorrência, os seguintes fatores terão que ser levados em


consideração antes de solicitar e posicionar o equipamento:

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Capacidade com o uso da Torre D`Água

Leve em consideração que as capacidades para a operação da torre d`água estão


incluídas naquelas necessárias (ou combinadas) para a utilização do equipamento,
que se baseiam numa força reativa, isto é, a força criada no esguicho (em relação à
pressão, fluxo, tamanho e tipo de abertura do esguicho) que é transmitida à estrutura
do equipamento. Isto é igual à força transmitida ao operador quando manejando a
mangueira.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

MÓDULO IX
Bombas e abastecimento

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

BOMBAS DE INCÊNDIO

Na atuação do socorro de incêndio, quase sempre se faz necessária a captação


e o lançamento de água a pontos afastados ou elevados em relação a esse manancial,
com pressões e vazões suficientes para a utilização de diversos materiais de extinção.

Descrição
São máquinas hidráulicas destinadas a aspirar e comprimir ou recalcar a água
com a pressão necessária ao serviço de extinção de incêndios.
São empregadas, também, para esgotar a água de locais inundados, a fim de facilitar
os
trabalhos de proteção e salvamento

Classificação

Quanto ao funcionamento

a) Bombas de Pistão
É o princípio de funcionamento das bombas costais utilizadas em incêndios florestais.

b) Bombas Centrífugas
São as mais utilizadas na Corporação e nas instalações fixas das diversas
edificações
(residenciais , comerciais, industriais, etc).

c ) Bombas de Engrenagens
Também chamadas de rotativas de engrenagens são utilizadas nos dispositivos
de escorvas.

Quanto à Fonte de Energia que as Movimenta

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

a ) Manual
b ) Motor a Explosão
c ) Elétrica

Quanto ao transporte

a ) Portátil
b ) Automóvel (Auto-Bomba)
c) Reboque
d ) Marítima

Quanto à Potência

a ) Bomba de pequena potência


Até 900 litros / minuto.

b ) Bomba de média potência


De 901 a 2.235 litros / minuto.

c ) Bomba de grande potência


Acima de 2.235 litros / minuto.

Funcionamento

Bomba de Pistão
Com o movimento do pistão no interior do cilindro, no sentido da aspiração, a
válvula de admissão é aberta e o ar extraído do corpo da bomba e do mangote. Devido
à pressão atmosférica, a água penetra no corpo da bomba. Invertendo o movimento do
pistão, a válvula de admissão é fechada e a água existente no corpo de bomba é
comprimida, sendo expelida para o exterior através da válvula de expulsão. As bombas
de incêndio deste tipo são, geralmente, formadas de duas ou mais bombas
conjugadas, com movimentos alternados, posuindo câmaras de aspiração e de
compressão, com dispositivos para manter o vácuo e o jato contínuo.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Bombas de Engrenagens (ou Rotativa de Engrenagens)

Como movimento de duas engrenagens de grandes dentes engrazados no


interior do corpo de bomba, sendo uma delas motriz, o ar é retirado pelos intervalos
dos dentes de cada engrenagem, que sobem, lateralmente, e não pode retornar pelo
centro em virtude dos mesmos intervalos descerem ocupados pelos dentes da outra.
Extraído o ar da parte inferior do corpo de bomba, chamada câmara de admissão e do
mangote, a água penetra na bomba, sendo arrastada para a parte superior, chamada
câmara de expulsão, onde é comprimida saindo para as mangueiras. O vácuo e o jato
são contínuos sem necessidade de dispositivos especiais. Encontram-s e em desuso
na Corporação, sendo utilizada somente nos dispositivos de escorva.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Bomba Centrífuga

Como movimento do rotor dentro do corpo de bomba, constituído por uma caixa
circular, a água que chega ao centro é projetada sobre as palhetas e pela ação da
força centrífuga, arremessada com violência para a periferia escapando com pressão
pelo tubo de saída. Quanto maior for a velocidade do rotor, maior será a pressão da
água expelida.

Como atualmente as bombas utilizadas no serviço de extinção de incêndio são,


em quase toda sua totalidade, centrífugas, pois apresentam maior uniformidade de
vazão, sensível variação de vazão, pressão, rotação e fácil manejo, vamos dar a maior
ênfase a esse tipo de bomba de incêndio.
Basicamente o princípio de funcionamento é transformação da energia cinética
obtida através da velocidade de rotação da bomba em energia de pressão. A força
centrífuga é uma força de inércia que aparece em todos os corpos que estão em um
movimento rotacional, empurrando-os para fora da curva. As transformações de
energia acontecem em virtude de duas partes principais da bomba: o impulsor e a
voluta, ou difusor.
• O impulsor é a parte giratória que converte a energia do motor em energia
cinética.
• A voluta ou difusor é a parte estacionária que converte a energia cinética em
energia de pressão.

O líquido entra no bocal de sucção e, logo em seguida, no centro de um dispositivo


rotativo conhecido como impulsor. Quando o impulsor gira, ele imprime uma rotação ao
líquido situado nas cavidades entre as palhetas externas, proporcionando-lhe uma
aceleração centrífuga. Cria-se uma área de baixa-pressão no olho do impulsor, causando

111
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

mais fluxo de líquido através da entrada, como folhas líquidas. Como as lâminas do
impulsor são curvas, o fluido é impulsionado nas direções radial e tangencial pela força
centrífuga.

A energia criada pela força centrífuga, é energia cinética. A quantidade de


energia fornecida ao líquido é proporcional à velocidade na extremidade, ou periferia,
da hélice do impulsor. Quanto mais rápido o impulsor move-se, ou quanto maior é o
impulsor, maior será a velocidade do líquido na hélice, e tanto maior será a energia
fornecida ao líquido. Esta energia cinética do líquido, ganha no impulsor, tende a
diminuir pelas resistências que se opõem ao fluxo. A primeira resistência é criada pela
carcaça da bomba, que reduz a velocidade do líquido. No bocal de descarga, o líquido
sofre desaceleração e sua velocidade é convertida a pressão, de acordo com o
princípio de Bernoulli. Então, a carga desenvolvida (pressão, em termos de altura de
líquido) é aproximadamente igual à energia de velocidade na periferia do impulsor,
expressa pela bem conhecida fórmula:

Uma fórmula simples para velocidade periférica é:

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Esta carga pode ser calculada por leitura nos medidores de pressão, presos às
linhas de sucção e de descarga. As curvas das bombas relacionam a vazão e a
pressão (carga) desenvolvida pela bomba, para diferentes tamanhos de impulsor e
velocidades de rotação.
Se formos analisar a fórmula e tirarmos uma conclusão mais pŕatica podemos
dizer que a pressão aumenta na razão quadrada da rotação dos impulsores. Como
exemplo: se a rotação dos impulsores for dobrada, a pressão aumentará de quatro
vezes.

Componentes Gerais de uma bomba centrífuga

Componentes Estacionários

Carcaça
As Carcaças geralmente são de dois tipos: em voluta e circular. Os impulsores estão
contidos dentro das carcaças.

• Carcaças em voluta proporcionam uma carga mais alta; carcaças


circulares são usadas para baixa carga e capacidade alta.

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Corte de uma bomba mostrando a carcaça em voluta

• A voluta é tipo um funil encurvado que aumenta a área no ponto de


descarga, como mostrado na Figura 03. Como a área da seção
transversal aumenta, a voluta reduz a velocidade do líquido e aumenta a
sua pressão.

• Um dos principais propósitos de uma carcaça em voluta é ajudar a equilibrar a


pressão hidráulica no eixo da bomba. Porém, isto acontece melhor quando se
opera à capacidade recomendada pelo fabricante. Bombas do tipo em voluta
funcionando a uma capacidade mais baixa que o fabricante recomenda, pode
imprimir uma tensão lateral no eixo da bomba, aumentar o desgaste e provocar
gotejamento nos lacres, mancais, e no próprio eixo. Carcaças em dupla voluta
são usadas quando as estocadas radiais ficam significantes a vazões reduzidas.

• A carcaça circular tem palhetas defletoras estacionárias, em volta do


impulsor, que convertem a energia de velocidade em energia de
pressão.

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Convencionalmente, os difusores se aplicam a bombas de múltiplos estágios.

As carcaças podem ser projetadas como carcaças sólidas ou carcaças bipartidas. A


carcaça sólida implica que toda a carcaça, inclusive o bocal de descarga, compõe uma
peça única, fundida ou usinada. Numa carcaça fendida, duas ou mais partes são
firmadas juntas. Quando as partes da carcaça são divididas no plano horizontal, a
carcaça é descrita como bipartida horizontalmente (ou bipartida axialmente). Quando a
divisão é no plano vertical perpendicular ao eixo de rotação, a carcaça é descrita como
bipartida verticalmente, ou carcaça bipartida radialmente. Os anéis de desgaste da
carcaça atuam como um selo entre a carcaça e o impulsor.

Localização dos Bocais de Sucção e Descarga

Bocais de Sucção lateral / Descarga lateral


Os bocais de sucção e de descarga são localizados nos lados da carcaça
perpendicular ao eixo. A bomba pode ter carcaça bipartida axialmente ou radialmente.

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Câmara de vedação e Caixa de Enchimento


Os termos câmara de lacre e caixa de enchimento, referem-se ambos a uma
câmara, acoplada ou separada da carcaça da bomba, que forma a região entre o eixo
e a carcaça onde o meio de vedação é instalado. Quando o lacre é feito por meio de
um selo mecânico, a câmara normalmente é chamada câmara de selo. Quando o lacre
é obtido por empacotamento, a câmara é chamada caixa de recheio.

Tanto a câmara de selo como a caixa de recheio, têm a função primária de


proteger a bomba contra vazamentos no ponto onde o eixo atravessa a carcaça da
bomba sob pressão. Quando a pressão no fundo da câmara é abaixo da atmosférica,
previne vazamento de ar na bomba. Quando a pressão é acima da atmosférica, as
câmaras previnem o vazamento de líquido para fora da bomba.

Componentes Rotativos

Impulsor
O impulsor é a parte giratória principal, que fornece a aceleração centrífuga para
o fluido. Eles são classificados em muitas formas:
Baseado na direção principal do fluxo em relação ao eixo de rotação
• Fluxo radial
• Fluxo axial
• Fluxo misto

Baseado no tipo de sucção


• Sucção simples: entrada do líquido em um lado.
• Dupla-sucção: entrada do líquido simetricamente ao impulsor, de ambos os
lados.

Baseado na construção mecânica


• Fechado: coberturas ou paredes laterais que protegem as palhetas.
• Aberto: nenhuma cobertura ou parede para enclausurar as palhetas.
• Semi-aberto ou do tipo em vórtice.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Tipos de Impulsores

 Os impulsores fechados necessitam de anéis de desgaste e estes anéis


representam outro problema de manutenção.

 Impulsores abertos e semi-abertos têm menos probabilidade de entupir, mas


necessitam ajuste manual da voluta ou placa traseira, para o impulsor alcançar
uma fixação adequada e prevenir recirculação interna.

 Impulsores das bombas de vórtice são muito bons para sólidos e "materiais
viscosos", mas eles são até 50% menos eficientes em projetos convencionais.

 O número de impulsores determina o número de estágios da bomba: uma


bomba de um único estágio só tem um impulsor e é melhor para serviços de
baixa carga. Uma bomba de dois estágios tem dois impulsores em série, para
serviços de carga média.

 Uma bomba de multi-estágios tem três ou mais impulsores em série, para


serviços de carga alta.

 Anéis de desgaste: O anel de desgaste permite uma articulação fácil e


economicamente renovável anti vazamentos entre o impulsor e a carcaça, . Se a
liberação (espaço vazio entre as duas peças) ficar muito grande, a eficiência de
bomba diminuirá, causando problemas de calor e vibração. A maioria das
bombas precisam ser desmontadas para conferir a liberação do anel de
desgaste, e providenciar sua substituição, quando a liberação dobra.

 - Principais Partes de um Impulsor

- AB = Abertura do Impulsor

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- DE = Diâmetro Externo do Impulsor


- A = Aro de vedação
- D = Diâmetro da entrada do Impulsor
 Influência do diâmetro externo do impulsor no funcionamento da bomba:

 - Aumentando-se o diâmetro externo:

- Aumenta a pressão
- Aumenta a vazão
- Aumenta a potência de acionamento.
 - Diminuindo-se o diâmetro externo:

- Diminui-se a pressão
- Diminui-se a vazão
- Diminui-se a potência de acionamento.
 Abertura do impulsor:

 - Aumentando-se a abertura do impulsor:

- A pressão permanece constante


- A vazão aumenta
- A potência aumenta (de acionamento).
 - Diminuindo-se o diâmetro externo:

- A pressão permanece constante


- A vazão diminui
- A potência diminui (de acionamento).
 Pá do Impulsor:

A forma de pá é uma curva calculada para dar maior rendimento à bomba.


 Aro de Vedação:

É o local responsável pela vedação entre o rotor e a carcaça. A folga entre o


anel e a sede é de grande importância do bom funcionamento da bomba.

Eixo
O propósito básico do eixo de uma bomba centrífuga, é transmitir o torque de
partida e durante a operação, enquanto apóia o impulsor e outras partes giratórias. Ele
tem que fazer este trabalho com uma deflexão menor que a liberação mínima entre as
partes giratórias e estacionárias.

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• Luva do eixo: Os eixos das bombas normalmente são protegidas de erosão,


corrosão, e desgaste nas câmaras de selo, articulações de vazamento, mancais
internos, e nas vias fluviais através de mangas renováveis. A menos que seja
especificado o contrário, a manga de proteção do eixo é construída de material
resistente a desgaste, corrosão, e erosão. A manga é lacrada em uma
extremidade. O alojamento da manga do eixo se estende além da face exterior
do prato da glândula de selo. (um vazamento entre o eixo e a manga não deverá
ser confundido com vazamento pelo selo mecânico).

• Junções: as junções podem compensar o crescimento axial do eixo e podem


transmitir torque ao impulsor. Elas são classificadas, de modo geral, em dois
grupos: rígidas e flexíveis. As junções rígidas são usadas em aplicações onde
não há absolutamente nenhuma possibilidade ou espaço para qualquer
desalinhamento. Junções de eixo flexíveis são mais propensas a erros de
seleção, instalação e de manutenção.

Componentes Auxiliares
Os componentes auxiliares geralmente incluem os seguintes sistemas, para os
seguintes serviços:
• Sistemas de descarga do lacre, refrigeração e afogamento.
• Dreno do lacre e suspiros
• Sistemas de lubrificação dos mancais e de refrigeração
• Sistemas de resfriamento da câmara de enchimento e selagem e sistemas de
aquecimento
• Sistema de refrigeração do pedestal da bomba

Os sistemas auxiliares incluem tubulação, válvulas de isolamento, válvulas de controle,


válvulas de alívio, medidores de temperatura e termopares, medidores de pressão,
indicadores de fluxo, orifícios, refrigeradores do selo, reservatórios dos fluidos do
dique/defletor do selo, e todas as aberturas e drenos relacionados.

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 Válvula de transferência – é uma válvula que muda a operação da bomba


conforme sua posição em volume ou pressão, ou seja em volume a válvula fica
aberta ou seja os dois estágios trabalham como se fossem único (associação
em paralelo), e na posição pressão, a válvula se fecha ou seja a descarga de um
impulsor é lançada no outro aumentando a velocidade e conseqüentemente a
pressão (associação em série).

 Válvula de alívio - É um dispositivo que permite o trabalho com pressões fixas


nas linhas, possibilitando o retorno do líquido.

Válvula de alívio manual


É instalada no tubo de passagem entre os tubos de admissão e de descarga da
bomba.
É utilizada nas bombas de deslocamento positivo, as quais fornecem uma
quantidade de água a cada revolução. O mais importante uso é, dar passagem a água
do hidrante para a linha de mangueira, enquanto usando-se tampão de pressão
durante operações de inspeção, uma vez que, a bomba de deslocamento positivo deve
ser operada continuamente. Outro uso é, dar passagem de parte da água enquanto
trabalhando com o mangotinho, aliviando a sobrecarga de motor e da válvula de alívio
automática.

Válvula de alívio automática


É uma válvula de passagem que opera automaticamente. É usada para dar
passagem a água quando uma linha de mangueira ou esguicho são fechados. Se duas
ou mais linhas estão em operação e uma delas é repentinamente fechada, a pressão
subirá, geralmente o suficiente para causar um repentino aumento na pressão
esguicho. Freqüentemente isso é uma séria situação. Para impedir isto, a válvula de
alívio automática pode ser regulada para a pressão de operação, e qualquer aumento
de pressão da bomba, provocará a abertura da válvula de alívio dando passagem ao
volume de água não utilizado.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Há dois tipos diferentes de válvula de alívio automáticas em uso, e todas operam


no princípio de desvio do excesso de água do jato da mangueira de volta a bomba.
O princípio de operação de uma válvula de alívio automática, resume-se em:
ajustar o comando mediante giro pressionando contra a mola, forçando a válvula piloto
contra a sede; quando a pressão da água do tubo de descarga excede a tensão da
mola, a válvula piloto, eleva-se da sede, permitindo que a água escoe através da linha
de água, para o pistão da válvula principal, forçando a válvula de alívio a abrir,
permitindo que o excesso de água retorne ao tubo de admissão.
A pressão da água necessária para abrir a válvula piloto, é governada pela
tensão ajustada na mola da válvula piloto. Girando-se o comando no sentido horário,
aumenta-se a tensão da válvula piloto, resultando maior pressão da bomba.
Quando a válvula de alívio automática está na posição aberta, a pressão da
água atrás do pistão provoca a abertura da válvula de alívio, permitindo que o excesso
de água retorne para o lado de introdução da bomba.
Existem válvulas de alívio automáticas que, são equipadas com parafuso de
travamento na válvula principal, tornando-a uma combinação de válvula manual e
automática.

 Escorva - Escorvar uma bomba significa encher a sua carcaça e a sua


tubulação de sucção com água, para que se possa fazer o arrastamento da
água, pois se uma bomba centrífuga não estiver escorvada, não conseguirá
proceder a sucção.

As bombas de deslocamento positivo, tidas como, bombas rotativas de


engrenagens e de pistão, tem a capacidade de bombear água. Portanto elas não
necessitam de um sistema separado de escorva. A bomba centrífuga depende da
rotação dos impulsores para pressurizar água e não tem a capacidade de extrair o ar
por si só. As bombas centrífugas são chamadas de bombas de deslocamento não
positivo uma vez que a cada rotação ela não fornece uma quantidade constante de
água. Portanto, as bombas centrífugas devem possuir um dispositivo de escorva para
succionar a água.
O sistema de escorva de uma bomba centrífuga pode ser qualquer um dos
seguintes três tipos:
→ uma pequena bomba de deslocamento positivo;
→ por meio de vácuo;

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

→ por meio de gases.


Os três sistemas de escorva de deslocamento positivo mais usados são:
→ bomba rotativa de engrenagens;
→ bomba rotativa de palheta;
→ bomba rotativa de engrenagem interna.

O sistema de escorva a vácuo, utiliza o vácuo criado no tubo de admissão do motor


para baixar a pressão interna no corpo de bomba. Não é nada mais que um tubo
ligado entre o corpo de bomba e o tubo de admissão do motor, com uma válvula de
paragem automática entre os dois. Para prevenir, a entrada de água no motor, um
pequeno tanque de segurança é instalado junto à válvula.

O sistema de escorva por desvio de gases é um dispositivo que canaliza os


gases da combustão do motor através de um venturi construido numa câmara de
ejeção. O tubo venturi é ligado a bomba através de um pequeno cano. Como os gases
da combustão são forçados através de um venturi, há a criação de um vácuo parcial na
câmara de ejeção, o que provoca a retirada de ar da bomba e, consequentemnete o
abaixamento da pressão interna.

Válvula de escorva e sistema de lubrificação

A válvula de escorva é do tipo de válvula de tubo controlada por mola. Ela é


montada entre a bomba de escorva e a bomba principal e permanece fechada todo o
tempo, exceto quando a bomba principal está sendo escorvada. A finalidade da mesma
é para prevenir que a água alcance a bomba de escorva enquanto a bomba principal
está sendo operada.
A válvula de escorva é necessária em todas as bombas centrífugas
independente do tipo de escorva usado. Na maioria das bombas a válvula de escorva é
operada manualmente. Entretanto, em alguns tipos de bomba com sistema de escorva
elas são combinadas.
As bombas de escorva do tipo rotativas são lubrificadas om óleo de viscosidade
média (SAE 30). Isto é possível pela instalação de uma linha, de óleo entre o
reservatório e o lado da introdução da bomba de escorva.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

O fluxo de óleo é controlado por uma válvula na linha, a qual permite que uma
apropriada quantidade de óleo alcance a bomba de escorva. Um pequeno orifício é
feito na porção superior da linha para quebrar o sifão criado no sistema enquanto está
sendo operado.

 Sistema de refrigeração - É uma tubulação por registros que, aproveitando a


água pressurizada da bomba, faz a mesma circularem regiões a serem
refrigeradas.
É muito importante que o motor que aciona a bomba, seja mantido na
temperatura correta de operação. Para a maioria dos motores está entre 70º e 82ºC.
Um motor se desgastará aproximadamente cinco vezes, se operar na faixa de
temperatura inferior a 37ºC, do que operar na faixa entre 70º e 82ºC. Por esta razão a
válvula termostática permanece fechada, impedindo a circulação da água no motor, até
que a temperatura de operacão seja alcançada.
A maioria dos novos motores trabalham com sistema de arrefecimento
pressurizado, geralmente entre 0,2 e 0,5 kg/cm², acima da pressão atmosférica.
Aumentando-se a pressão, o ponto de ebulição da água é aumentado, portanto o motor
pode operar a temperatura mais elevada sem perder a água do radiador. Isto resulta
um menor desgaste do motor. Exemplo: ao nível do mar (1 kg/cm² de pressão
atmosférica), a água ferve aproximadamente a 100ºC. A 3000 metros de elevação, a
pressão atmosférica é 0,3 kg/cm² menor ou aproximadamente 0,7 kg/cm², e a água
ferve a 89ºC. Pelo mesmo principio se nós adicionarmos 0,3 kg/cm² à pressão normal
ao nível do mar, o resultado será 1,3 kg/cm², pressão em que a água ferve na
temperatura de 108ºC. Com a adição de 0,5 kg/cm², o ponto de ebulição da água será
111ºC.

Alguns modelos de auto-bombas, são equipados com apenas um sistema de


refrigeração por extravazamento. Isto é meramente, uma pequena linha ligada entre a
expedição da bomba e o radiador do motor. A água fria é misturada co a água quente e
o excesso escoa pelo ladrão do radiador. Com esse sistema de refrigeração, o
operador deve tomar muito cuidado para não esfriar muito rapidamente, um motor
excessivamente quente, o que resultaria ou poderia resultar num trincamento do bloco.
Outro perigo é abrir a linha de refrigeração completamente, especialmente quando
operando em altas pressões.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Isto resultará em forçar mais água no radiador, do que a capacidade de vazão


do ladrão, ocasionando a ruptura do radiador ou da mangueira.
A maioria das auto-bombas são equipados com um intercambiador de calor.
Com o intercambiador de calor, a água da bomba resfria adequadamente a água
do sistema de arrefecimento do motor, sem misturar-se com a mesma.
O intercambiador de calor consiste de uma serpentina de tubo de cobre, envolta
em uma carcaça de metal. A água fria é forçada da expedição para a serpentina e,
desta para a introdução da bomba. A água quente do sistema de arrefecimento do
motor passa na carcaça, sobre a serpentina, transferindo parte do calor para a água
que circula na serpentina e então é jogada para o radiador para ser mais refrigerada.
Este sistema de refrigeração elimina os perigos encontrados, quando o sistema
de refrigeração por extravazamento é utilizado. Outra vantagem é evitar que a água
com impurezas penetre no radiador ocasionando seu entupimento ou das câmaras de
refrigeração do motor.

 Tacômetro - registra as rotações por minuto do motor. Eles são de grande


utilidade para a operação correta da bomba, pois, alertam contra a excessiva
rotação do motor. São obrigatórios em todas as bombas padrão.

 Manômetro - Uma bomba padrão tem dois manômetros principais – o de


pressão e o composto. O manômetro de pressão é montado no tubo de
descarga da bomba e, marca a pressão desenvolvida pela bomba em psi,
kg/cm² ou mca e lidos de 0 a 400 psi, 30 kg/cm² ou 300 mca.

O manômetro composto (manovacuômetro), é montado no tubo de admissão.


Ele marca tanto vácuo quanto pressão. Quando operando com suprimento sob
pressão, ele marca a pressão residual em psi, kg/cm² ou mca. No caso de sucção, ele
acusa a pressão negativa, ou o vácuo desenvolvido na sucção efetuada pela bomba.
De zero para baixo, no manovacuômetro, a leitura é feita em pol/Hg, mm/Hg ou
cm/Hg; comumente chamados de polegadas, milímetros ou centímetros de mercúrio de
vácuo no serviço de Bombeiros. Uma polegada de vácuo é equivalente à 25 mm ou 2,5
cm de vácuo e, são equivalentes a 0,34 m de coluna de água. Na prática, comumente
consideramos uma polegada, 2,5 cm ou 25 mm de vácuo igual à 0,30 mca. Uma leitura
de 10 pol/Hg, 250 mm/Hg ou 25 cm/Hg no manômetro composto indicará uma altura

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

negativa ou elevação de 3 metros. A razão pela qual a graduação de vácuo é calibrada,


somente é, 30 pol/Hg, 760 mm/Hg ou 76 cm/Hg é 0,34 mca x 30 = 10,20 m, indicando
um vácuo perfeito. Para converter polegadas de vácuo em libras, divida por dois
(aproximadamente) e adicione à pressão da bomba, para obter a pressão líquida. Para
converter mm de vácuo em kg/cm² multipique por 0,0013 (aproximadamente) e proceda
como descrito acima.

 Sede do selo mecânico ou gaxeta: É o local de colocação do selo ou gaxeta.


Elemento de vedação entre a carcaça e o eixo. Não permite que a água escoe
entre o eixo e a carcaça. No caso de gaxeta, deve-se ter o cuidado de não
apertar excessivamente, pois poderá provocar aquecimento no eixo.

Potência e Vazão

No local de incêndio, em função do material disponível e da situação


apresentada, necessitaremos de potências e vazões diferentes. Basicamente tais
fatores dependerão de manipulação correta da bomba.

Vazão

Pode ser explicada como o volume de um fluido que escoa, através de uma
seção transversal, por unidade expressa em m³/s, l/min ou g/l (1 galão = 4 litros
aproximadamente). Dado importante é avaliar em m³/s para que possamoa avaliar o
tempo de trabalho, que uma determinada reserva de água nos fornecerá em função da
vazão. Numericamente é obtida pela fórmula:

Q=SXV ONDE Q = VAZÃO (M³/S)


S = área da seção (m²)
V = velocidade (m/s)
É importante citar que a vazão é proporcional à velocidade do rotor.

Potência

As bombas são fabricadas atualmente, com as mais diversas potências, sendo

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

que as mais comuns são as de 30 hp. A potência é proporcional ao cubo da velocidade


do rotor.

Desempenho Operacional
Este teste deve ser feito periodicamente, para verificar o desempenho da
capacidade da bomba em comparação com o desempenho o original.
Cada bomba de incêndio possui uma classificação, geralmente classe A, para
bombas mais antigas classe B.
- Especificação para classe A é:
a) 100% da vazão a 10,5 kg/cm² (150 psi) e 2800 l/min (750 GPM);
b) 70% da vazão a 14,1 kg/cm² (200 psi) e 2000 l /min (525 GPM);
c) 50% da vazão a 17,6 kg/cm² (250 psi) e 14400 l/min (375 GPM).
- Especificação para clase B é:
a) 100% da vazão a 8,4 kg/cm² (120 psi) e 2800 l/min (750 GPM);
b) 50% da vazão a 14,1 kg/cm² (200 psi) e 1400 l/min (375 GPM);
c) 33% da vazão a 17,6 kg/cm² (250 psi) e 946 l/min (250 GPM).

A capacidade das bombas varia de 1900, 2200, 2800, 3785, 4730 e 5670 l/min
(respectivamente 500, 600, 750, 1000, 1250 e 1500 GPM).
O diâmetro (Ø) aproximado do esguicho (em mm), em função de sua capacidade
de vazão e quantidade é determinada conforme tabela abaixo:
CAPACIDAD 100% 70% 50% 33%
E
GPM l/min Quant. Ø Quant. Ø Quant. Ø Quant. Ø
500 1500 1 35 1 29 1 25 1 48
600 2270 1 38 1 32 1 29 1 48
750 2800 1 45 1 35 1 32 1 38
1000 3785 1 50 1 42 1 355 1 29
1250 4730 2 38 1 48 1 38 1 32
1500 5670 2 45 1 50 1 45 1 35

Ex. testando uma bomba classe A, com a capacidade de 1900 l/min, 946 l/min
com 17,6 kg/cm² na bomba requer 5,06 kg/cm² no esguicho de 15 mm de diâmetro:
a) Para reduzir a pressão de 17,6 kg/cm² na bomba, para 5,06 kg/cm² no

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

esguicho, serão necessários 330 a 360 m de mangueira de 63 mm;


b) Portanto é comum utilizar-se 15 a 30 m de mangueira e fechar-se as válvulas
de descarga o necessário para se conseguir a vazão desejada.
Para se verificar a reserva em capacidade, o acelerador não deve estar no seu
limite máximo. Quando o acelerador for posicionado em seu limite máximo:
a) A pressão da bomba aumentará a vazão também;
b) Um aumento de 10% (10,5 kg/cm² para 11,6 kg/cm²) indica que a bomba
possui uma razoável reserva e que o motor está fornecendo a força total,
neste caso a bomba está em boas condições;
c) Pouco aumento é aceito, mas nenhum ou 1 a 2% de acréscimo na pressão
indica que o desempenho tenha caído;
d) Caso o desempenho da bomba tenha caído consideravelmente em
comparação com o desempenho original, é necessário reparo.

Funcionamento em Série e Paralelo

A pressão adequada ao trabalho dependerá da altura total, diâmetro,


características do material utilizado.
Caberá ao comandante do socorro, fazer uma avaliação do desnível entre o
manancial e o ponto de trabalho, avaliando em termos de pressão para superá-lo,
acrescentando os valores para funcionamento do material e a distância a alcançar.

Associação de bombas em série

Caso a pressão fornecida por uma bomba não seja suficiente, o recurso a utilizar
pode ser a ligação de bombas em série. Ao lançarmos a descarga de uma bomba
diretamente no interior de outra, manteremos a vazão e teremos uma pressão final
como soma das pressões fornecidas individualmente.
Trabalhando com bombas em série, de características diferentes, deve-se
sempre calcar a bomba de menor potência para a de maior, a fim de evitar danos.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Associação de bombas em paralelo

Situações poderão exigir um volume de água superior ao fornecido pela bomba, neste
caso a associação de bombas em paralelo solucionará o problema.
Numa ligação desse tipo, manteremos a pressão e a vazão final será o
somatório das vazões.
Quando operamos com bombas de características diferentes em paralelo,
devemos observar, se a altura manométrica do sistema é superior a de uma delas.
Neste caso não conseguirá atingir a altura desejada, ficando com vazão nula e
provocando superaquecimento.

Cavitação - N.P.S.H (Net Positive Suction Head)

Antes de falarmos do NPSH, faremos uma breve explanação à cavitação, que ao


contrário do que muitos dizem, cavitação não é ar na linha (tubulação).
Toda bomba centrifuga, assim como bombas de qualquer outro tipo, funciona
normalmente somente quando a pressão à sua entrada não é demasiadamente
reduzida. Em caso contrário na entrada da bomba ou mais exatamente na entrada do
rotor, a pressão mínima pode atingir a pressão de vaporização do liquido à aquela

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

temperatura. Neste local inicia-se intensa formação de vapor. As bolhas de vapor assim
formadas, são conduzidas pelo fluxo do líquido até atingir os locais de pressão mais
elevada, onde então ocorre a implosão destas bolhas, com a condensação do vapor e
retorno ao estado líquido. Tal fenômeno é conhecido como cavitação.
O fenômeno é acompanhado por um ruído característico e, no caso do
fenômeno ser intenso poderá ocasionar a destruição erosiva das paredes metálicas do
rotor - “pitting”. Nota-se que a destruição do material provocada pela cavitação não se
verifica no lugar onde as bolhas se formam, mas sim onde estas se condensam.
Os danos provocados por cavitação em uma bomba centrífuga ocorrem não
somente no corpo da bomba, mas também no rotor. Os pontos atacados pela cavitação
estão situados no dorso das pás do rotor, próximo à entrada à juzante da região onde
se verificam velocidades elevadas que favorecem o aparecimento do fenômeno.
O martelamento provoca a destruição das paredes da carcaça da bomba e das
pás do propulsor e deve-se a dois efeitos.
Mecânico - O choque das bolhas provoca sobrepressões (golpe de aríete) que
destroem e ampliam todos os poros ou ranhuras existentes no metal.
Químico - As bolhas libertam bolsões de oxigénio que atacam todas as superfícies
metálicas.

Manutenção de Bombas de Incêndio

As Bombas de Incêndio em si não requerem muito cuidado, dado a robusta


construção, mas são necessárias algumas verificações as quais deverão ser executas
trimestralmente e anualmente.

Manutenção Trimestral
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Quadro de manutenção trimestral

 Verificar nível do óleo da caixa de transmissão, abrir dreno verificando


contaminação com água e possíveis detritos metálicos grudados no mesmo;
 Abrir e fechar todas as válvulas (expedições e introduções) e drenos;
 Abrir as introduções de 2 ½ e verificar o estado das telas de proteção;
 Operar a válvula de alívio (verificar funcionamento das luzes) retirar o filtro da
válvula piloto e limpá-lo;
 Com a válvula piloto sem o filtro e com a bomba em funcionamento abrir e
fechar a válvula de alívio permitindo saída de água;
 Engatar e desengatar a bomba manualmente;
 Realizar sucção com mangote utilizando o tanque portátil;
 Realizar teste de Vácuo;
 Verificar nível de óleo do reservatório da bomba de escorva;
 Verificar desobstrução dos furos existentes na tampa do reservatório e no
cotovelo de meta na saída do reservatório para a bomba de escorva;
 Verificar ajuste da gaxeta. Ajustá-la, apertando ou soltando os parafusos de
ajuste;
 Verificar funcionamento da bomba da caixa de transmissão. (localizada ao lado
do reservatório da (Bomba de escorva));
 Checar as condições das telas de proteção Efetuar o enxágüe da bomba (utilizar
água de outra viatura ou hidrante);
 Operar a válvula de transferência PRESSÃO-VOLUME. Após o uso mantê-la na
posição PRESSÃO;
 Fazer funcionar a válvula de alívio da admissão.

Operações com Bombas

Abastecimento em Incêndios

O abastecimento de água em quantidade adequada é imprescindível no


combate a incêndios. A falta de água por poucos momentos pode causar a perda do
controle do incêndio, trazendo uma série de conseqüências. O abastecimento pode ser
130
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

feito através da adução de bombas a partir de hidrantes, viaturas de transporte de


água, reservatórios ou, ainda, através de sucção em mananciais.

Abastecimento em Hidrantes Públicos

É a forma básica de abastecimento. Utiliza-se o hidrante público como fonte de


abastecimento, acoplando-o ao auto-bomba por meio de mangote ou mangueira. O uso
da mangueira será determinado pela vazão adequada do hidrante, ou seja, somente se
a vazão do hidrante for superior àquela exigida para o combate ao incêndio. Caso
contrário, deve-se utilizar mangote, lembramos ainda que o diâmetro do mangote no
caso tem que ser o mesmo diâmetro da expedição do hidrante.
Quando temos um grande incêndio, o consumo elevado de água para combatê-
lo pode ocasionar o estrangulamento do sistema de distribuição, ainda que a rede seja
bem dimensionada. Para se obter melhor rendimento, efetua-se a manobra d’água,
que consiste no fechamento e abertura de válvulas intermediárias, existentes na rede
de distribuição, de modo a canalizar grande volume de água para a região onde está
ocorrendo o incêndio. Tal procedimento é feito pelo pessoal da companhia de água da
localidade, que deve estar em plantão permanente.

131
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Abastecimento por viaturas

Quando a rede pública for insuficiente ou inexistente, deve-se utilizar


abastecimento alternativo. Assim o auto-bomba será acoplado a outro auto-bomba.
Este tipo de abastecimento utiliza as viaturas de transporte de água
pertencentes ao Corpo de Bombeiros e aos serviços de distribuição de água.
O ABT funcionará como um reservatório operacional encarregado de abastecer
o ABT base da operação de combate e manter o equilíbrio entre o consumo de água e
a capacidade de adução pelas várias viaturas de transporte de água. O ABT base
permanece fixo (estacionado) no local e é suprido pelos demais.
É montado, então, um ciclo de abastecimento alternativo, onde as viaturas de
transporte buscam a água em pontos distantes do local do incêndio e a descarregam
no ABT “reservatório operacional”. O número de viaturas variará devido aos seguintes
fatores:

132
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

 Tempo de deslocamento da viatura no trajeto entre a fonte de


abastecimento e o local de incêndio (distância e trânsito);
 Tempo de abastecimento de cada viatura (vazão da fonte utilizada);
 Consumo de água no incêndio (demanda para o combate).

Como a organização tática das viaturas no local é essencial ao combate ao


incêndio, sua movimentação (entrada, permanência e saída) deve ser controlada e
efetuada de forma ordenada.
Todas as viaturas devem ser posicionadas de modo a possibilitar saída rápida,
após realizarem o abastecimento da reserva operacional.
Na medida das possibilidades, o trânsito local deve ser mantido.

Abastec
imento
em
Mananci
ais e
reservatórios

O abastecimento em mananciais é realizado por sucção com uso de bomba e


alguns acessórios hidráulicos.
A bomba (do ABT ou da moto-bomba) é posicionada junto ao manancial, tendo
acoplado um mangote com ralo e válvula de retenção.
A operação se torna mais complexa pois uma pequena entrada de ar causa a
queda da coluna de água, o abastecimento é limitado pela altura entre o corpo de
bomba e o nível do líquido.
A operação é realizada quando se faz vácuo no interior do mangote e do corpo
de bomba o que resulta numa diferença de pressão entre o interior e o exterior, sendo

133
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

a pressão atmosférica maior, faz com que a água se eleve pelo interior do mangote até
o corpo de bomba, a altura que essa água pode subir, é limitada pela capacidade que a
bomba de escorva tem em retirar o ar do interior do mangote. Teoricamente uma
bomba de escorva deveria produzir 10 M.C.A ao nível do mar, ou seja deveríamos
poder realizar uma sucção com um desnível de até 10 metros, mais visto que uma
bomba de incêndio não é capaz de produzir e manter um vácuo perfeito e por causa da
perda de carga nas uniões, mangotes e ralo, ou seja nossas bombas são fabricadas
para que com três metros de desnível, consiga obter uma boa capacidade de sucção.

MÓDULO X

Combate a Incêndio Diversos

134
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

INTRODUÇÃO

O Combate a Incêndio é mais do que diversificado e pode ser empregado de


várias formas e tipos, porém cada tipo de incêndio é diferente, neste módulo
pretendemos tratar de um combate diversificado, raro de acontecer, mas que por não
ser usual acaba por se tornar complexo, tentamos com este módulo dar uma breve
noção sobre o combate em alguns estabelecimentos que por serem raros de ocorrerem
é difícil achar uma tática certa para o combate.
Este módulo abrange tanto o combate em silos e caldeiras quanto o que
devemos fazer de frente a um incêndio em uma usina ou a um museu, sabemos que no
Paraná a concentração de museus não é muito grande, porém é importante saber as
peculiaridades de tal combate, no entanto possuímos atualmente a maior usina
hidrelétrica do mundo, a usina hidrelétrica de Itaipu, e também possuímos um projeto

135
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

para a implantação da maior usina de biodiesel do mundo que seria localizada em


cidades do centro-sul do estado.

COMBATE A INCÊNDIOS EM ARMAZÉNS E SILOS

Forma de armazenamento de produtos

Dentre as formas de armazenamentos dos produtos encontrados em armazéns e


silos destacam-se:
- Fardos e sacarias (armazéns)
- Granel (silos)

Comportamento em relação ao fogo

Carbonização

Em temperaturas moderadas, não são bons combustíveis, podendo até retardar a


combustão, cada vez que as sacarias forem consumidas e os cereais caírem sob as
chamas, agindo como verdadeiros agentes extintores.
Todavia em altas temperaturas estes materiais após sofrerem pirólise ficam
carbonizados e neste caso irão atuar como carvão vegetal, ou seja, alto poder calorífico,
poucas chamas e difícil extinção. Como os principais combustíveis deste grupo,
podemos citar a farinha de mandioca, fubá, arroz, feijão e açúcar.
Graças e este fenômeno, os incêndios em armazéns com esse tipo de
combustível causam uma grande quantidade de fumaça e poucas chamas.
Tal situação direciona as ações das brigadas de emergência e o Corpo de
Bombeiros para a realização da proteção ao exposto, através da retirada do material
não atingido pelas chamas e pela ação de rescaldo.

Oxidação

É uma forma lenta de produção de calor, geralmente atribuída a ação de


microorganismos. Como exemplo típico, podemos citar os incêndios nos depósitos de

136
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

fardos de algodão, onde muitas vezes não podemos constatar as causas, atribuindo
então a fontes externas de calor, pontas de cigarro, etc., ou ainda causas elétricas.
Na realidade, se mantivermos empilhados por muito tempo uma grande
quantidade de materiais sobrepostos em membranas finas, isso ocasionará em
isolamento térmico entre o exterior e o interior, propiciando o acúmulo de calor e
conseqüentemente a eclosão das chamas.
O óleo proveniente das sementes do algodão pode através da oxidação
desencadear todo esse processo. Pela estatística de incêndios dessa natureza, há a
possibilidade de ignição através da oxidação quando a temperatura externa for superior
a 20 º C e quando ultrapassar 30º C, o perigo aumentará bruscamente.

Explosão

No caso de queima de “aerodispersóides” como comumente são chamados as


poeiras combustíveis ocorro uma explosão, também conhecida como explosão
volumétrica, isto é, seus efeitos mecânicos podem ser produzidos em tantos setores
como a quantidade de gás inflamável em condições de reagirem.
Ocorrem em áreas amplas, com quedas completas de paredes e colunas,
podendo ocorrer explosões violentas e simultâneas e diferentes distâncias, devido a
formação de nuvens de poeiras e gases combustíveis. Em 80 % dos casos, não se
atinge temperaturas suficientes para provocar um incêndio, mas pode ocorrer a
produção de “focos” de fogo em vários setores, sendo de extrema importância a
verificação minuciosa de todo o complexo da edificação.
Na construção dos silos, normalmente, as áreas de escape de pressão, como
janelas e ventarolas, são construídas de modo a não oferecerem resistências a ondas
de choque provocadas por uma eventual explosão.
Constituem prevenção mínima contra explosão de poeiras combustíveis os
seguintes itens:
- Boa organização
- Coletores de pós, que evitem sua disseminação
- Exaustores que conduzam as poeiras para o exterior
- Eliminação de fontes de ignição
- Ventilação
- Proteção contra incêndios

137
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

- Nos locais de grande perigo devem existir janelas sem fechos, “pontos
fracos” para cederem em caso de explosão sem comprometerem a estrutura da
edificação
- Uso de gases inertes para prevenir a ignição dos pós nas máquinas de
moagem
- Cuidados especiais quanto a eletricidade estática

Silo após explosão

Combate a Incêndio em Caldeiras

Caldeira é um trocador de calor, que, trabalhando com pressão superior à pressão


atmosférica, produz vapor, a partir da energia térmica fornecida por uma fonte qualquer. É
constituída por diversos equipamentos integrados.

Partes de uma caldeira

• Caldeiras flamotubulares
• Caldeiras aquotubulares
• Caldeiras elétricas
• Caldeiras a combustíveis sólidos
• Caldeiras a combustíveis líquidos
• Caldeiras a gás
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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

• Queimadores

Instrumentos e dispositivos de controle de caldeiras

• Dispositivo de alimentação
• Visor de nível
• Sistema de controle de nível
• Indicadores de pressão
• Dispositivos de segurança
• Dispositivos auxiliares
• Válvulas e tubulações
• Tiragem de fumaça

Principais causas de acidentes são provocadas por falhas humanas

No Brasil, não existe estatísticas de quantas caldeiras e vasos de pressão


estão em funcionamento e muito menos sobre os acidentes ocorridos,a maior parte
dos acidentes que ocorrem com caldeiras são por falhas humanas. Utilizando as
estatísticas norte americanas do National Board Bulletin realizadas neste ano, 10%
dos acidentes são por falha de projeto e fabricação, e os outros 90% são por erro
humano.

Acidentes por causa de válvulas de segurança, nível de água, falha nos limites
de controle de combustão e dos queimadores, instalação e reparos inadequados,
todos têm por trás o elemento humano, que durante as inspeções, manutenção e a
operação não atuam corretamente.

Um outro fator importante se refere aos proprietários das caldeiras, que não
cumprem as normas legais vigentes. Ou se cumprem é só pró-forma, com a
conivência de alguns inspetores de caldeira, que fazem os laudos de inspeção sem
terem ido à empresa. Ou, então, não seguem as recomendações dos laudos de
inspeção e não executam as medidas propostas, contratando pessoas sem lhes
fornecer o treinamento necessário

A Explosão

139
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

A explosão pode se originar da combinação de três causas: a diminuição da resistência


do material, em decorrência do superaquecimento ou da modificação estrutural; a diminuição
da espessura advinda da corrosão ou da erosão; e o aumento da pressão por falhas de
operação ou dos equipamentos de segurança.

No entanto, uma caldeira bem cuidada pode durar muitas décadas.

Incêndio nas Caldeiras da IOASA

INCÊNDIO EM MUSEUS

A importância de um museu e seu valor

Como sabemos, museu é um lugar destinado às artes e ao saber, onde objetos de

valor artístico, histórico e científico são expostos ao público e conservados, para

propiciarem o aprimoramento cultural de seguidas gerações que, sem eles,

certamente perderiam o elo que liga aos vários momentos de demonstração da arte,

da história, da ciência e da tecnologia.

140
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Cabe-nos enfocar a real importância do acervo histórico de um povo que será


o legado para as gerações futuras.
Valorizar uma obra contida em museu é uma tarefa extremamente difícil devido
à gama de aspectos que a circundam.
Pode-se enumerar uma infinidade de obras e documentos cujo valor para a
humanidade é incalculável. Nos reportando ao lado material temos que muitas dessas
obras e documentos têm também seu valor financeiro, isto é, há um comércio que
envolve as obras de arte e documentos; podemos citar atualmente o manuscrito de
Arquimédes escrito Antes de Cristo, leiloado por US$ 2.000.000,00 assim como temos
obras no Masp (Museu de Artes de São Paulo) com valor calculado em milhões de
dólares.

Princípios de incêndio em museus.

Museus são vulneráveis à uma larga variedade de causas comuns, responsáveis


pela maioria dos incêndios. Fumantes descuidados, mau funcionamento de
equipamento de aquecimento, instalação elétrica defeituosa, uso impróprio de
equipamentos de manutenção, são algumas causas de incêndios em museus.
Incêndios começaram em museus durante o dia quando eles estavam abertos e
com pessoas, e à noite quando eles estavam fechados.
Entre 1980 e 1988 havia uma média de 102 incêndios em museus por ano,
resultando uma perda média anual de $2,15 milhões em danos a propriedades,
conforme informações do Corpo de Bombeiros norte-americano. A Tabela a seguir
indica as causas principais destes incêndios.
A experiência mostra que o perigo do fogo é aumentado quando um museu está
sendo reformado ou quando uma exibição nova está sendo instalada.

Causa principal de Incêndios


Sistema de distribuição elétrica 22
Incendiários ou causas suspeitas 20
Outro equipamento 9
Chama aberta 8
Cigarro 8

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Aquecimento de Equipamento 7
Equipamento de cozinha 6
Causas naturais 3
Aplicação, ferramenta, ou ar condicionando 1
Criança brincando 3
Outra fonte de calor 0**
Desconhecido 9
Total 96

Incêndios em Museus, * pela Média Anual de Causas Principais, de 1980-88, Fogos


em Estruturas, informação fornecida pelos Corpos de Bombeiros dos Estados
Unidos:

*Refere-se a todo o edifício, não somente as salas do museu, e inclui galerias de arte,
aquários, e planetários.
* *Caminha para zero, mas não é zero.

Meios de proteção ativa indicados

• Sistema de detecção cujo detector deve ser apropriado a cada ambiente;


• Sistema de alarme;
• Sistemas automáticos de combate; (Sprinklers).

Vantagens

• Detecta o fogo no ponto de origem;


• Provoca o acionamento de alarme;
• Controla ou extingue o fogo;
• Pode ser conectado a central de alarme ou a central do Corpo de
Bombeiros.
• Extintores e Hidrantes somente com pessoal habilitado, com
treinamento especializado para cada local.;

142
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

É importante salientar que Chuveiros automáticos são os meios mais efetivos de


minimizar o risco de um incêndio ou grande perda em um museu. É o sistema de
proteção contra incêndio mais importante que um museu pode ter.
Em incêndios de museu atuais, o dano pela ação da água foi o resultado de
operações dos Corpos de Bombeiros com linhas de mangueira.
Proteção por chuveiros automáticos evita risco e reduz danos de fato causados
pela água, se aplicada uma quantia pequena de água diretamente na área de fogo, e
alertando os ocupantes ao mesmo tempo. O sistema de chuveiros automáticos controla
o fogo e reduz a necessidade de um ataque completo pelo serviço de combate a
incêndios.
Quando um incêndio acontece em uma área protegida por um sistema de
chuveiros automáticos, o calor aciona somente os bicos mais próximos ao fogo.
Estatísticas mostram que 70% dos incêndios em edifícios com o sistema de chuveiros
automáticos foram controlados ou extintos através de quatro bicos ou menos (fonte
NFPA).

A importância de um pré-plano para o museu em caso de incêndio.

Pré-plano de Emergência para incêndios.

143
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

É importante desenvolver e manter um plano prático, fácil, devendo constar,


sobretudo:

• Nomeação de alguém responsável pela retirada das obras durante uma


emergência de incêndio, e também o responsável pela guarda durante o
desenvolvimento da emergência, até a liberação do local pelo
comandante da operação, e posterior definição do destino futuro.
Estabeleça uma linha de sucessão para áreas críticas. Lembre se que a
pessoa nomeada pode não estar presente na hora do incêndio.
• Desenvolvimento de um plano modificado para pessoal de segurança
noturno (se aplicável), pois neste horário provavelmente menos pessoas
estarão disponíveis para atuar em operações de emergência..
• Mantenha lista de telefone atualizada contendo:
a) Policia e Corpo de Bombeiros
b) todo o pessoal essencial a ser acionado
c) os prestadores de serviços (eletricistas, carpinteiros, encanadores,
vidraceiros, etc.)
• Mantenha uma lista atualizada de materiais e equipamentos de
emergência, que deverão estar em local de fácil acesso e prontos para
serem fornecidas as equipes que respondem as emergências.
• Desenvolvimento de instruções simples e específicas para as tarefas
de emergência. Estas instruções individualizadas devem ser
incorporadas como uma página, nas folhas de instrução do seu plano
de emergência. Exemplos do que pode ser incluído:

a) localização e instruções de corte de energia


b) procedimentos de uso do elevador de emergência
c) operação de painel de incêndio
d) chuveiros automáticos: operação e desligamento

• Preparação de uma rota primária e alternativa de abandono inclusive


áreas de refúgio. Estabeleça um meio de controlar a saída.
• Deve se estabelecer uma agenda semestral de exercícios de abandono
de área. Dando ênfase especial acerca de que um número adequado de

144
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

pessoas estará disponível para auxiliar os visitantes assim como


qualquer funcionário uniformizado.
• Devem haver equipamentos de salvatagem próximos às áreas críticas,
como salas de armazenamento de coleção, galerias, e laboratórios. O
equipamento deve incluir lonas, vassouras, baldes, aspirador de água,
etc. Pessoal deverá ser treinado no uso destes equipamentos. Materiais
de emergência devem estar acessíveis 24 horas.
• Desenvolvimento de procedimentos de emergência para retirada das
peças. Estas diretrizes devem incluir alternativas para onde possam ser
movidos coleções e registros importantes no caso de um incêndio.
• É importante que seja solicitado ao Corpo de Bombeiros local para fazer
simulados periódicos e inspeções de prevenção de incêndios.

Atuação do Corpo de Bombeiros

A ação de combate a incêndio presume o conhecimento dos pontos críticos


da área de abrangência respectiva de cada posto de bombeiros sendo que ao nos
referimos a edificações destinadas a museu, tal premissa torna-se imprescindível,
visto que os acervos culturais, financeiros e econômicos, têm que ser ponderado
juntamente com a proteção à vida.
A diferenciação de um combate a incêndios em museus para edifícios com
concentração de públicos em geral está no emprego correto de técnicas de combate
que reforcem a proteção a vida e a preservação do patrimônio, ou seja, o objetivo deste
manual é orientar o correto emprego de equipamentos, técnicas e táticas de combate,
associados ao prévio conhecimento de local, que farão a diferença no controle do
sinistro, diferente de outros tipos de edificação.
Onde começa a análise de situação?
O conhecimento da edificação.
O comandante do posto deverá contatar os responsáveis pelos respectivos
museus de sua área com o intuito de promover visitas técnicas, para todas as
prontidões, atingindo assim o primeiro objetivo que é o conhecimento minucioso do
possível local de atuação, proporcionando assim facilitar a análise de situação.
O conhecimento da edificação engloba:
• Acesso de viaturas operacionais (deslocamento), levando-se em
consideração o tempo resposta;

145
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

• Aproximação das viaturas e seus estacionamentos;


• Os meios de acesso à edificação e rotas de fuga;
• Conhecimento dos meios de proteção ativa e passiva existente no local;
• Conhecer o pessoal interno treinado para a atuação;
• Conhecer os locais de exposição e depósitos de obras de arte;
• Conhecer os locais específicos destinados a guarda de obras em
situações emergenciais;
• Conhecer o pré-plano existente na edificação;
• Conhecer os locais onde se depositam ou estão em exposição às obras
que devem ter os primeiros cuidados;
• Conhecer todas as fontes de reabastecimento próximas à edificação.

A atuação em situações de emergências parte do pressuposto que a equipe


designada para atuar na edificação já conhece os pontos críticos necessários. A
guarnição que primeiro chegar ao local, deverá coletar os dados básicos para
estabelecer um plano estratégico de ação, tais como:

a) se há vítimas;
b) se os sistemas de detecção e alarme foram acionados permitindo a
evacuação seguras das pessoas;
c) o local exato do incêndio;
d) se houve alteração das áreas circunvizinhas em relação ao dia de visita;
e) tempo aproximado de ocorrência de incêndio;
f) se a brigada está atuando no local;
g) se os sistemas de combate estão funcionando;
h) se há recurso humano especializado disponível para orientação na remoção
das obras.
i) com base nas informações obtidas pode-se estabelecer um plano estratégico
de combate, levando-se em conta possíveis variáveis que possam ocorrer durante a
ação do combate.
j) isto levará a uma estratégica operacional que associadas às táticas de
combate levarão ao resultado final

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Como toda operação de Bombeiros a primeira ação operacional deverá se ater


ao salvamento de vítimas, neste caso específico, a seqüência de ação deverá ser em
conjunto com os voluntários no local, para a remoção de obras de arte para local
seguro.

As ações de combate devem ser conforme citado abaixo:

a. Nos locais onde haja incêndio cuja característica seja o pé direito normal (até
04 metros) e com área limitada (não muito extensa) deverá ser empregado o
ataque indireto, conforme explicado no manual de fundamentos, ou seja:
Ache o volume do compartimento. Exemplo: uma sala com 5 metors de
largura, por 6 de comprimento, por 4 de altura, possuirá 5x6x4=120 m³.
Multiplica-se o número encontrado por 1,5, logo 1,5 x 120 = 180 m³. O novo
número encontrado equivale à vazão, em litros por minuto, que serve para
selecionar o esguicho (no caso um esguicho regulável de 38 mm), o qual
deva proporcionar uma aplicação de água, em neblina, no teto da edificação
(compartimento), por 20 à 30 segundos e ser fechado a seguir. Essa ação
provocará uma grande geração de vapor, que controlará o fogo, permitindo o
acesso ao compartimento, e um ataque com pequenos jatos, diretamente no
foco do incêndio. A ação do vapor produz também uma exaustão da fumaça
e gases, e conseqüente visão do compartimento, permitindo que não se

147
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

jogue água à esmo, e em conseqüência, que não se cause danos


desnecessários.

Quando não houver possibilidade de cálculo do tamanho do ambiente

incendiado, o esguicho universal, com extensão de neblina, pode ser utilizado para a

geração de vapor. Os postos de bombeiros que possuam museus e galerias em sua

área devem ter seu pessoal treinado no uso de esguichos com extensão de neblina e

na técnica do ataque indireto, além, é lógico, da proteção de salvados.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Se não for possível o ataque indireto nestes locais deverá se optar pela
ventilação seguido do ataque direto, sempre utilizando jato em forma de neblina dirigida
à base do foco, nunca se esquecendo da proteção de salvados.

Deverão ser previstas linhas de proteção para os bombeiros que estarão


atuando no teatro de operações.

149
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Após o combate efetivo, o Bombeiro atuará no restabelecimento da edificação


com a supervisão técnica, em restauração e manutenção de obra de arte.

Usinas Hidrelétricas

A Unidade do Corpo de Bombeiros do local já deverá ter conhecimento prévio da


Usina Hidrelétrica que fica em sua região, visto que já deverá ter sido elaborado o
plano particular de intervenção daquele estabelecimento, inclusive com visita ao local
dos componentes da OPM/CB.
Todos os componentes das prontidões já deverão estar instruídos sobre a
estratégia e tática de combate a incêndios (ETCI) em Usinas
Os homens deverão estar preparados psicológica e fisicamente para atuarem em
tais ocorrências.
Apesar das instalações das Usinas serem em ambiente bastante aberto,
inclusive com áreas de risco expostas ao meio ambiente (como a área dos
transformadores, que é a de maior risco de incêndio), o uso do EPI e EPR completos
será imprescindível, buscando-se evitar acidentes. Os brigadistas da empresa também
deverão se utilizar dos equipamentos de proteção.
É conveniente lembrar que todos os cuidados essenciais para a segurança dos
homens devem ser tomadas, muito embora, historicamente, os incêndios em Usinas
Hidrelétricas não sejam de grande vulto.

As guarnições deverão proceder ao combate interno e direto do incêndio, haja


visto as instalações das Usinas apresentarem condições estruturais para, inclusive, a
entrada das viaturas, o que, talvez, na maioria esmagadora dos casos, não será

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

necessário, pois todas as Usinas apresentam sistema de combate a incêndio próprio,


como sistemas de chuveiros automáticos, extintores de incêndio, hidrantes e baterias
de CO2, além do que contam com uma reserva de incêndio quase que inesgotável,
pois a captação de água é feita diretamente dos rios sob os quais são construídas.
Dessa forma, os homens que procederão ao combate, poderão adentrar ao local
apenas com os equipamentos hidráulicos para o combate (por questão de segurança,
pois as Usinas apresentam os hidrantes completos), bem como deverão conduzir o
LGE, o qual será essencial para a extinção do fogo nos tranformadores, que possuem
sua parte interna inundada em óleo mineral.

Características: Óleo mineral isolante naftênico, não tóxico em condições


normais (diferente, portanto, do óleo ascarel), mas que pode gerar fumaça em casos de
incêndio.

Ponto de fulgor: entre 150 e 155º C


Ponto de combustão: entre 160 e 165º C

Alguns exemplos de transformadores

Transformador monofásico TR-15 (100 MegaVolt-Ampère): 30.000 litros de


óleo mineral.
Transformador trifásico marca ARGEN (100 MVA): 51.000 litros.
Transformador trifásico marca MARELLI (100 MVA): 53.000 litros.
O peso de tais transformadores (trifásicos) gira em torno de 187 toneladas.
A Central de Operações das Usinas, ao constatarem incêndio em suas
instalações, deverão proceder ao desligamento automático da energia elétrica naquele
local, desviando-a por outro caminho. Desta forma, as operações de combate
transcorrerão sempre em equipamento não energizado.
Deve-se atentar, antes do combate, para entrar em contato com a Central de
Operações da Usina, pois somente ela poderá garantir que o equipamento não se
encontra mais energizado.
Caso a ocorrência se dê em local confinado, fechado ou mal ventilado (os quais
são minoria dentro das Usinas), será necessário o uso de exaustores ou proceder à

151
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

nebulização com os esguichos (devendo, nesse caso, ser designada uma linha de
combate exclusiva para esse fim).

Sabendo-se que as Usinas são construídas em concreto, com baixa carga de


incêndio em suas dependências, aliado ao fato de que possuem sistemas automáticos
e mecânicos de corte e desvio da energia elétrica dos locais acidentados, podemos
concluir que as emergências dentro das Usinas não serão vultosas.

Usina hidrelétrica de Itaipu

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

MÓDULO XI
Combate a Incêndio em veículos à G.N.V

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

INTRODUÇÃO

Para falarmos de combate a incêndio em veículos, devemos antes levar em


conta alguns aspectos:

- Mais de 50% das reservas totais de gás natural, ou seja, 205,8 bilhões de m³, estão
localizadas na Bacia de Campos – RJ.

- O gás natural vem sendo utilizado como combustível por veículos automotores.

- As vantagens econômicas que este combustível proporciona, como economia de até


70% em relação à gasolina dentre outras, vêm fazendo com que o mercado de
instaladoras de kit de GNV (gás natural veicular) venha crescendo de forma intensa e o
número de veículos movidos por este combustível cresça também proporcionalmente.

- Os veículos movidos a GNV, apesar da existência de um selo de identificação do uso


deste combustível, não o utilizam, haja visto que este uso seria um atrativo ao furto do
veículo e mesmo que o usassem, tal selo provavelmente seria destruído nos momentos
iniciais de um incêndio, o que de qualquer forma torna a identificação do uso do gás
inviável.

- Nem sempre é possível colher a informação dada pelo proprietário, de que o veículo é
movido a GNV.

- O procedimento para combate a incêndios em veículos movidos a GNV é diferente do


combate a incêndios a veículos movidos a diesel, gasolina ou álcool, em virtude
principalmente do GNV ser um gás e estar armazenado sob alta pressão (200 bar ou
200Kgf/cm2).

Analisando os aspectos acima e levando-se em conta que o procedimento para


combate a incêndios movidos a GNV requer cuidados maiores do que os movidos
somente a gasolina, álcool ou a diesel, fica claro e evidente que para nós, profissionais

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

de segurança, a melhor saída é sempre tratar um incêndio em veículo como se este


fosse movido a GNV.

GNV

GNV é a sigla de Gás Natural Veicular, ou seja, é o gás natural utilizado em


veículo automotor.

O GNV é o mesmo gás canalizado utilizado em residências, comércio e


indústria, porém armazenado e transportado sob alta pressão em cilindros especiais,
alimentando o motor do veículo.

Composição

O GNV é composto de METANO (CH4), de 70 a 95%; ETANO (C2H6), de 5% a


13%; PROPANO (C3H8), de 0,2% a 9%; BUTANO (C4H10) e gases mais pesados, de
0 a 7% em volume .

Incolor, inodoro (sendo acrescentado o odorizador gás Mercaptana, como no


GLP, para identificar vazamentos), não é tóxico nem irritante no manuseio (baixa
concentração), pode causar asfixia, é inflamável e menos denso do que o ar (0,62 em
relação à densidade do ar enquanto que o GLP é 2,10 vezes mais denso que o ar).

Ponto de ebulição, ponto de fulgor e de ignição

Ponto de ebulição- -161,4ºC

Ponto de fulgor- não se aplica por ser um gás

Ponto de ignição- 632ºC

LIE (limite inferior de explosividade) e LSE (limite superior de explosividade)

L.I.E L.S.E
GNV 6,5% 17%
GLP 1,8% 9,3%

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

PROCEDIMENTOS DO SOCORRO
EPI necessário

Roupa de aproximação do tipo NOMEX, capacetes com visor, luvas e


equipamento autônomo de respiração (máscara do tipo MSA), todos já disponíveis em
nossa Corporação.

Estabelecimento

Análise do local:

Verificar o tipo de via (rodovia, túnel, via urbana etc.).

Verificar se há grande fluxo de pessoas.

Observar se há combustível derramado sob o veículo ou escorrendo para os


arredores.

Ao aproximar-se do veículo, considerá-lo sempre movido a GNV.

Posicionamento das viaturas:

Escolher a posição da viatura visando a segurança da mesma e da guarnição, no


mínimo, a 100 metros para carros de passeio, 200 metros para vans e táxis, e 300
metros para veículos de carga ou reboque, do veículo sinistrado.

Aproximar-se com o vento pelas costas.

Isolamento

No caso de simples vazamento,deverá ser evacuadas as pessoas e animais


num raio de 400m.

Nos casos em que houver chama envolvendo os cilindros, deverá ser adotado
um raio mínimo de 800m.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

As barreiras encontradas como muros e construções diversas podem ser


levadas em consideração para auxiliar na limitação dos danos.

Aproximação

Tipos de veículos:

• Auto comum (carros de passeio)


• Ônibus e caminhões
• Vans / Kombi
• Pick-up

Por onde se aproximar:

• Em carros de passeio pela frente do veículo, pois o cilindro se localiza atrás do


automóvel.
• Em ônibus e caminhões, aproximar-se por trás ou pela frente, pois os cilindros
estão localizados fixos nos chassis de ambos os lados entre os eixos dianteiro e
traseiro.
• Em vans e Kombis por trás ou pela frente, pelo mesmo motivo acima citado.
• Em pick-ups pela frente pois os cilindros estão sobre a caçamba ou carroceria
de madeira.

Combate

Os Bombeiros devem estar equipados com capacetes, roupas de aproximação,


cinto, luvas, botas e equipamento de proteção respiratória do tipo autônomo;

- Verificar a direção do vento;

- Armar duas linhas direta de 1 ½” com esguichos reguláveis ou armar dois magotinhos
ou armar 1 linha direta de 1 ½” e 1 mangotinho;

- Procurar sempre ter uma linha como proteção;

- O combate deverá ser realizado através do método de resfriamento dos tanques, a


fim de ser evitado o fenômeno B.L.E.V.E (Boiling Liquid Expanding Vapor Explosion)
nos cilindros envolvidos em chamas ou aquecimento por irradiação;

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

- Deverá também ser utilizado jato neblina em alta pressão (acima de 100 lbs), a fim de
se proceder ao efeito de arrastamento do ar (exaustão), para dispersão da
concentração de GNV;

- O combate deverá ser realizado em posição de “alarme gases”.

Fechamento das válvulas


Válvula de Abastecimento

Esta válvula se encontra localizada na parte destinada ao acondicionamento do


motor do veículo, intermediando o Carburador ou TBI da Injeção Eletrônica e o cilindro
de armazenamento do GNV.

Sua principal função é a de interromper o fluxo de GNV do cilindro para o motor.


Constitui-se numa pequena alavanca, geralmente pintada na cor vermelha, que se
girada no sentido anti-horário realiza a ação para a qual fora criada.

Localização da válvula de abastecimento

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Válvula de abastecimento

Válvula do Cilindro

Encontra-se localizada junto ao cilindro de abastecimento de GNV, é um registro


que impede a alimentação do citado gás ali armazenado para o restante do sistema.

Para fechá-la é necessário romper um plástico que o cobre, colocado pela


empresa instaladora do Kit GNV e girar o registro no sentido anti-horário.

Localização da válvula do cilindro

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Válvula do cilindro

Desligamento do cabo da bateria

Assim que o cilindro for resfriado e for feito o fechamento das válvulas, deve-se
proceder à desconexão dos cabos da bateria.

O cabo da bateria a ser desconectado primeiro deve ser o negativo em razão de


a mesma fazer seu aterramento com o chassi do carro através de seu borne negativo.
Do contrário, se desconectássemos primeiramente o pólo positivo, correr-se-ia o risco
de a chave metálica entrar em contato com alguma parte da carroceria e, estando esta
ligada ainda ligada ao pólo negativo da bateria, fecharia o circuito e provocando
centelhas.

Escolha dos pólos

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Retirada da Bateria

MÓDULO XII

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Informações técnicas

O gás liquefeito é um combustível formado pela mistura de


hidrocarbonetos com três ou quatro átomos de carbono (propano e butano), como
mostra a figura 1, extraídos do petróleo, podendo apresentar-se em mistura entre si e
com pequenas frações de outros hidrocarbonetos. Ele tem a característica de ficar no
estado líquido quando submetido a pressão, sendo por isto chamado de gás liquefeito
de petróleo (GLP). De fácil combustão, o GLP é inodoro, mas por motivo de segurança,
uma substância chamada MERCAPTANA é adicionada ainda nas refinarias. Ela produz
o cheiro característico percebido quando há algum vazamento de gás. O GLP não é
corrosivo, poluente e nem tóxico, mas se inalado em grande quantidade produz efeito
anestésico, podendo levar a morte por asfixia e provocar também convulsões e de
desorientação na vítima.

Figura 1- representação da estrutura molecular do GLP.

Na pressão atmosférica, a temperatura de ebulição do GLP é de -30° C e se


liquefazem a pressão de 6 a 8 Kg /cm2, diminuindo seu volume original gasoso em 250
vezes. No estado gasoso é mais pesado que o ar: 1 m3 de GLP equivale a 2,2 kg. Com
isso, em eventuais vazamentos, acumula-se a partir do chão, expulsa o oxigênio e
preenche o ambiente. Em estado liquido o GLP é mais leve que a água, pesando 0,54
kg por litro, como mostra a tabela 1.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

ESTADO GASOSO ESTADO LÍQUIDO


1 m3 de ar = 1,22 kg 1 litro de água = 1kg
1 m3 de GLP = 2,2 kg 1 litro de GLP = 0,54kg
Tabela 1. Relação de comparação do GLP com ar e a água.

Comparado a outros combustíveis, o GLP apresenta vantagens técnicas e


econômicas, associando a superioridade dos gases na hora da queima com a
facilidade de transporte e armazenamento dos líquidos, como segue na tabela 2.

Poder Calorífico do GLP em Relação a outros Combustíveis


QUANTIDADE COMBUSTÍVEL PODER CALORÍFICO
1Kg GLP 11.500 kcal
1kg óleo diesel 10.200 kcal
1kg Carvão 5.000 kcal
1kw energia elétrica 860 kcal
1m³ Nafta 4.200 kcal
1m³ gás natural 9.400 kcal
Tabela 2. Comparação energética do GLP com outras fontes de energia.

Tipos de recipientes transportáveis

Os recipientes botijões são fabricados com chapas de aço, capazes de suportar


altas pressões e segundo normas técnicas de segurança da Associação Brasileira de
Normas Técnica (ABNT). O gás dentro dos botijões encontra-se no estado líquido e no
de vapor. Do volume do botijão, 85% é de gás em fase líquida e 15% em fase de vapor,
o que constitui um espaço de segurança que evita uma pressão elevada dentro do
botijão.

Os botijões de 2 kg (P-2), foram concebidos para operar sem regulador de


pressão. Devido a esse fato sua utilização deve ser evitada e substituída por outra
fonte energética. Contudo ainda são usados para fogareiros de acampamentos,
lampiões a gás e maçaricos para pequenas soldagens, representando grande risco. A

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

válvula de saída do gás é acionada por uma mola, que retoma automaticamente
quando da desconexão.

P-2

Botijão de 2 kg (P-2).

Os botijões de 13 kg (P-13), são os recipientes de gás mais populares e comuns.


A válvula de saída de gás também é acionada por uma mola, que retorna
automaticamente quando da desconexão, mas neste caso existe uma válvula de
segurança, o plugue-fusível. Ele é fabricado com uma liga metálica de bismuto (Bi) que
derrete quando a temperatura ambiente atinge aproximadamente 78°C.

P-13

Botijão de 13 Kg (P-13).

O GLP também pode ser utilizado como combustível para motores de veículos
empilhadeiras, que utilizam um recipiente especial de 20 kg (P-20), É o único
vasilhame de GLP que pode ser utilizado na horizontal, pois o seu sistema é planejado
para funcionar na posição. Os demais devem ser utilizados na posição vertical.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

P-20

Botijão de 20 Kg (P-20).

Os botijões de 45 e 90 kg (P-45 e P-90), são indicados para as instalações


centralizadas de gás que permitem maior versatilidade no uso do GLP. A válvula de
passagem de gás nesses dois tipos de vasilhames é a de fechamento manual. Eles
também são equipados com uma válvula de segurança que libera a passagem do
gás sempre que houver um grande aumento de pressão no interior do recipiente
devido ao aquecimento do ambiente (aprox. 78° C).

P-45 e P-90

Botijão de 45 e 90 kg (P-45 e P-90).

Fenômeno em incêndio com recipiente sob pressão.

Boiling Liquid – Expanding Vapor Explosion (Bleve) – Explosão de Vapores Expandidos


de Líquidos em Ebulição.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

É a explosão (liberação súbita de pressão) de vapor em expansão de um líquido


com temperatura superior a seu ponto de ebulição através da passagem de líquido
para vapor. Neste processo de expansão, é gerada a energia que agride a estrutura do
recipiente, projetando os fragmentos e ocasionando a rápida mistura do gás com o ar,
que dá por resultado a liberação de uma grande quantidade de fogo característico. Um
exemplo que pode ser citado é o de um caso de incêndio que envolva o botijão e que
por algum motivo a válvula de segurança não venha a se romper, haverá colapso da
estrutura metálica do vasilhame (ruptura da chapa), o fenômeno descrito acima será
seguido de estampido e projeção da carcaça do botijão como um artefato bélico
(projétil).

Proteção contra o Bleve

Para proteger recipientes de explosões, deve-se resfriá-los com água, utilizando-


se uma linha de proteção com jato de água em forma de neblina, isolando o local e
mantendo o resfriamento dos recipientes de gases até que não seja mais necessário,
com o esgotamento do produto ou extinção total do vazamento e das chamas. A
aproximação do recipiente sinistrado, para combate ao fogo, deve ser feita ao longo de
sua estrutura, não pelas extremidades, devido ao fato de que, ocorrendo à explosão, a

166
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

guarnição pode ser atingida por fragmentos do recipiente colapsado, os quais serão
disparados como projéteis, em sentidos contrários.

As estatísticas demonstram as conseqüências dos acidentes, onde


ocorreram o Bleve.

Ano Local Natureza Número de mortos

1972 Rio de Janeiro, escape de GLP e conseqüente 37


Brasil BLEVE* do vaso.

1974 Flisborough, Explosão de uma planta de 28


Reino Unido caprolactama devido à
ruptura de tubulação.

1976 Severo, Itália Explosão seguida de desconhecida


liberação de dioxina.

1984 Cubatão, Brasil Rompimento de tubulação de cerca de 500


gasolina e conseqüente
BLEVE*.

1984 Mexico City, Vazamento de GLP seguido cerca de 500


México de BLEVE*.

1984 Bhopal, Índia Liberação de isocianato de mais de 500


metila por explosão de um
tanque de armazenamento.

1986 Basiléia, Suíça Contaminação do Rio Reno a danos ambientais


partir de águas de extinção de
incêndio de um depósito de
armazenamento.

Procedimentos no combate a incêndio com GLP.

Precauções ao Chegar no Local

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

• Isolar a área de risco. Com exceção das pessoas autorizadas pelo


comandante das operações no local, afastar as pessoas para evitar
acidentes e não atrapalhar os serviços da guarnição de bombeiros.
• Coletar o maior número de informações possíveis relativas à ocorrência
de todas as fontes disponíveis e acionar apoio se necessário.
• Questionar o local exato da ocorrência, aspecto da edificação, fontes de
ignição (eletricidade), quantidade e tipo de vítimas, descrição do material
do local, vias de acesso, riscos iminentes e outras dúvidas que possam
surgir.
• Traçar um plano de ação levando em consideração os meios disponíveis
e as condições do local, emitir decisões e ordens claras e precisas.
• Manter a guarnição com o vento as costas em local aberto para
aproximação de um fogo ou vazamento de GLP. Se o local for confinado,
fazer ventilação forçada ou saturar o ambiente com agentes extintores
(C02, PQS ou água em forma de neblina).
• Eliminar todas as fontes de ignição e gás externas e simultaneamente
manter todas as pessoas fora da área da nuvem de GLP iniciando esse
procedimento logo que chegar ao local.

• Entrar no local adotando procedimentos padrão de atendimento, utilizando


EPR, ressaltando que a chave geral do local deve ser desligada para
evitar faíscas; usar linha de proteção ao adentrar no local. Em locais
confinados cuidado com explosões ambientais, que podem ser evitadas
ventilando o local (utilizar o ventilador/ exaustor das viaturas no ambiente,
se possível) ou saturando o local com um agente extintor (C02, PQS ou
água em forma de neblina).
• Explorar com cuidado as partes baixas do local (chão, porão), pois o gás
tende a acumular-se nessas regiões; se houver vítima, a mesma
provavelmente estará intoxicada (eventualmente queimada) o que prioriza
a remoção para local seguro e ventilado antes de qualquer outro
procedimento de resgate.

Controle de Vazamento de G.L.P com Fogo

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Cortar a fonte do gás (fechar o registro) dos recipientes e depois realizar a


extinção. Os extintores de C02 ou PQS são um meio eficaz para controlar pequenos
incêndios. Dirigir o agente extintor a base do fogo. O maior número de ocorrências são
com botijões de 13 kg de GLP, mais comuns nas residências e as causas mais
prováveis de vazamentos, com e sem fogo, são: mangueira furada, diafragma da
válvula furada, rosca da válvula mal fechada, plugue-fusível fundido e corrosão do
botijão. O controle de vazamento sem fogo deve ser feito através da dispersão do gás,
evitando o contato com pessoas e fontes de ignição e eliminando o vazamento
(fechando o registro da válvula, estancando o gás).

O controle de vazamento com fogo deve ser feito através da diminuição da


quantidade de calor produzido pelo fogo através de aplicação de nuvem de água.
Deve-se tomar precaução para evitar a conversão de um fogo em botijão para uma
explosão provocada por gases acumulados após a extinção das chamas sem sanar
o vazamento.

Caso o vazamento seja na mangueira deve-se cortar a alimentação do fogo


fechando o registro; se não puder ser fechado, extinguir o fogo e rapidamente
desconectar o cone-borboleta da válvula do botijão.Caso o problema se encontre no
registro, colocar o estágio do mesmo na posição fechado; se não puder ser feito,
apague o fogo e remova o registro do botijão. A válvula conectora ou de segurança
também pode apresentar defeito, então, deve-se extinguir as chamas e providenciar
o estancamento do gás; se não puder fazer isso, não extinguir a chama e resfriar as
laterais até consumir todo o combustível.

Em casos de vazamento em soldas da estrutura do recipiente será necessário


providenciar a extinção do fogo e levar o botijão para local ventilado e aberto; se não
puder fazer isso, não extinguir a chama, resfriar as laterais até consumir todo o
combustível. Nunca se deve agredir a integridade física do cilindro.

Teste de Vazamento

Para verificar se há algum vazamento após a extinção do fogo, passe uma


esponja com água e sabão sobre a conexão do cone- borboleta com a válvula. Se
ainda houver vazamento, surgirão bolhas. Orientar ao usuário que o sabão só serve
para verificar vazamentos e não para vedá-lo. Caso tenha sido utilizado algum
objeto que estanque o gás, esgotar o cilindro em local seguro, aberto e ventilado,
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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

nunca em bueiros ou locais baixos. Em caso de dúvida sobre o material, acionar o


fabricante ou fornecedor.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

MÓDULO XIII
Materiais de Estabelecimento

INTRODUÇÃO

Material de estabelecimento é todo material empregado na linha de combate à


incêndio, no auxílio da montagem e na garantia da integridade dos materiais.

Materiais de estabelecimento

Alguns materiais são utilizados diretamente na linha de combate à incêndios,


como: mangueiras, esguichos, redutores, divisores, adaptadores, derivantes, coluna de

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

hidrante, gerador de espuma de meio, esguicho proporcionador de espuma, ralo,


mangote, mangotinho, canhão monitor.
Existem também alguns materiais auxiliares, mas de igual importância para
algumas táticas de combate: aparelhos de sacada, chaves de mangueira, luvas de
hidrante, chave de hidrante, passagem de nível, chave de mangote.

Guarnição de Combate a Incêndio

Formada de no mínimo quatro bombeiros: Chefe de Guarnição, Chefe de Linha,


Operador de Linha e Operador de Bomba; numa GCI pode existir, ainda, Auxiliar de
Guarnição dependendo do número de bombeiros a disposição do chefe de guarnição;
para efeito dos procedimentos descritos abaixo levamos em conta uma guarnição
reduzida.

Chefe de Guarnição

Bombeiro, no caso do estado do Paraná,praça mais antigo da GCI, responsável


pela escolha da tática de combate e da segurança da guarnição. Sua forma de avaliar
a situação para escolha da melhor maneira de ataque depende da particularidade de
cada sinistro, devido a isso não é especificado em nenhuma descrição um modelo
pronto. Deve-se salientar que durante toda a operação deve estar atento à segurança e
correta utilização das técnicas e materiais, bem como, interagir com a GCI o tempo
todo.

Chefe de Linha

Bombeiro mais antigo da linha, responsável pela avaliação do avançar e recuar


da linha, pela avaliação de riscos eminentes, obedecendo ao comando do chefe de
guarnição, seu posicionamento é logo atrás do operador de linha.

Operador de Linha

Bombeiro responsável pelo controle da vazão do esguicho, respondendo aos


comandos imediatos do chefe de linha, posiciona-se à sua frente.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Operador de Bomba

É o motorista do ABT, responsável pelo acionamento da bomba, conecção das


linhas na expedição da viatura, controle da pressão e cuidado com os materiais da
viatura.

Ajudante de Linha

Poderá haver em guarnições maiores, auxilia na armação da linha, transporte de


materiais necessários e coleta de dados.

Acondicionamento de mangueiras

Acondicionar mangueiras é deixá-las em condição para pronto emprego nas


viaturas ou para guardá-las nos almoxarifados.
Há várias formas de acondicionamento, a seguir descrevemos várias técnicas,
algumas são de pouco uso no Corpo de Bombeiros do Paraná (CB/PMPR), porém,
dependendo da particularidade e necessidade de cada quartel, podem vir a ser usadas.

Devemos salientar a necessidade de se ter um padrão pré-estabelecido.

Dentre os sistemas padronizados para acondicionamento temos o espiral, o


aduchado, o aduchado com alças, o sanfonado e o Sistema Aduchado Preparado
(SAP).

Espiral

Forma de acondicionamento própria para o armazenamento nos almoxarifados


devido ao fato de apresentar uma dobra suave, que provoca pouco desgaste no duto.
Não empregada em operações de incêndio tendo em vista a demora ao estendê-la e a
inconveniência de lançá-la, o que pode causar avarias na junta de união;

173
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Acondicionamento
d)
e) Estender a mangueira ao solo, retirando as torções que surgirem.
f) Enrolar a partir de uma extremidade em direção à outra, mantendo as voltas
paralelas e justas.

Mangueira em Espiral
Aduchada

A mangueira aduchada: é de fácil manuseio, tanto no combate a incêndio, como


no transporte. O desgaste do duto é pequeno por ter apenas uma dobra.

Acondicionamento

• A mangueira deve ficar totalmente estendida no solo, água e torções, que


porventura ocorrerem, devem ser eliminadas;
• Uma das extremidades deve ser conduzida e colocada de modo que fique sobre
a outra, mantendo uma distância de 40 cm (um antebraço) entre as juntas de
união, ficando a mangueira sobreposta;
• Enrolar, começando pela dobra, tendo o cuidado de manter as voltas ajustadas;
• Para ajustar as voltas é necessário que outro bombeiro evite folgas na parte
interna;
• Parar de enrolar quando atingir a junta de união da parte externa;
• A volta de dentro deve ser maior que a de fora para facilitar no transporte e no
lançamento.

174
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Aduchamento

Medição

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Aduchamento errado

Aduchamento Correto

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Acondicionamento Sanfonado

• A mangueira é colocada deitada, sobre estrado superior do ABT (se for colocada
para pronto emprego) ou chão reto;
• Ao atingir o tamanho desejado contrária à conecção Storz, dobrar e voltar para trás,
retornando até atingir o limite anterior e assim sucessivamente;
• Posicionar um gomo sobre o outro, comprimindo-os contra o chão ou contra uma
lateral de viatura;
• Podem ser acondicionadas conectadas (em linha contínua, formando uma linha
pronta), com vários lances. Deve-se, entretanto, ter o cuidado de fazer com que as
uniões permaneçam todas juntas à extremidade traseira do estrado, facilmente
desacopláveis, por meio de dobras falsas (a mangueira não prossegue até a
antepara e, sim, “volta” antes, para que a junta de união esteja na antepara
traseira);
• Sobre as camadas em ziguezague, colocadas sobre o estrado, poderão ser
acondicionadas outras, se necessário.

Mangueira Sanfonada

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Sistema Aduchado Preparado-SAP

No CB/PMPR está em uso o sistema “aduchado preparado”, nesse sistema tem-


se a vantagem de estar preparado para pronto emprego uma linha de ligação com duas
de ataque dentro da gaveta da viatura. É o sistema em que as mangueiras, o divisor e
os esguichos estão, antecipadamente, conectados.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Acondicionamento
A mangueira de 63 mm deve ficar disposta entre as de 38 mm, deitada ou em
pé, com o divisor sobre si e tendo sua junta externa conectada ao divisor;
As mangueiras de 38 mm devem ficar em pé nas laterais do sistema com suas
juntas internas conectadas ao divisor e as externas nos esguichos;
A junta interna da mangueira de 63 mm pode, ainda, ser pré-conectada em uma
expedição do ABT, caso contrário, é dever do operador de bomba conectá-la.

Desenrolar Mangueiras aduchadas

O bombeiro, com a mão direita sob as juntas e a esquerda acima do rolo, traz
este até a cintura, onde será imprimido um movimento de rotação de maneira a ficarem
as juntas voltadas para o operador, este, então, imprimirá ao rolo um movimento para
frente largando-o, ficando na mão direita apenas o par de juntas.
No método japonês a mangueira deve ser transportada na mão, logo atrás da
junta de união externa que fica voltada para frente; o bombeiro em acelerado carrega a
mangueira, soltando-a em seguida e deixando que desenrole naturalmente, ficando na
mão, preso entre os dedos indicadores e polegar, apenas o par de juntas.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Acoplamento de Junta Storz


Estes procedimentos em condições normais podem ser feitos por apenas um
bombeiro e sem ferramenta, mas para tanto as juntas devem estar isentas de sujeira e
danos. No caso de dificuldade dois bombeiros executam tal tarefa e, se necessário,
empregar o uso de ferramenta.
• Um deles segura uma das juntas à altura da cintura, usando ambas as mãos, e
apresenta a junta ao seu parceiro, mantendo-a firme;
• O parceiro, segurando a junta que deve ser conectada à primeira, procura
encaixar os ressaltos daquela com os alojamentos desta, que se lhe opõe;
• Gira, então, a junta que segura no sentido horário, até que os dentes encontrem
o limite dos alojamentos. Se necessário, o bombeiro deve usar chave de
mangueira.
• Para desacoplar, o processo é inverso. Por isso se faz necessário que cada
elemento da guarnição leve consigo uma chave de mangueira.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Acoplamento de Junta Storz ao Hidrante de parede com redução.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Avançar e recuar Linhas

 Se sozinho na linha, o operador de linha dá três passos para frente ou para trás
e depois começa a recuar, evitando, assim, tropeçar na mangueira;
 Se em dois, o chefe de linha auxilia no recuo indo até o meio da mangueira,
posiciona-a em seu peito e a coloca no lugar em que achar mais conveniente;
 Para avançar o chefe de linha dá a sustentação necessária ao operador.

Cuidado Com Mangueiras

As mangueiras novas devem ser retiradas da embalagem de fábrica,


armazenadas em local arejado, livre de umidade e mofo e protegidas da exposição
direta de raios solares. Devem ser guardadas em prateleiras apropriadas e
acondicionadas em espiral.
Os lances acondicionados por muito tempo (mais que 3 meses), sem manuseio,
em veículos, abrigos de hidrantes ou prateleiras, devem ser substituídos ou novamente
acondicionados, de modo a evitar a formação de vincos nos pontos de dobra (que
diminuem sensivelmente a resistência das mangueiras).
Devem-se testar as juntas de engate rápido antes da distribuição das
mangueiras para o uso operacional, através de acoplamento com outras juntas.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

As mangueiras de incêndio não devem ser arrastadas sobre superfícies ásperas:


entulho, quinas de paredes, borda de janela, telhado ou muros, principalmente quando
pressurizadas, pois o atrito ocasiona maior desgaste e cortes da lona na mangueira.

Mangueira danificada

Não devem ser colocadas em contato com superfícies excessivamente


aquecidas, pois, com o calor, as fibras derretem e a mangueira poderá romper-se.
As juntas de engate rápido não devem sofrer qualquer impacto, pois isto pode
impedir seu perfeito acoplamento.

Junta Amassada

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Devem ser usadas as passagens de nível para impedir que veículos passem
sobre a mangueira, ocasionando interrupção do fluxo d’água, e golpes de aríete, que
podem danificar as mangueiras e outros equipamentos hidráulicos, além de dobrar,
prejudicialmente, o duto interno.

As mangueiras sob pressão devem ser dispostas de modo a formarem seios e


nunca ângulos (chamada “quebra de mangueira”), que diminuem o fluxo normal de
água e podem danificar as mangueiras.

Quebra de Mangueiras

Após serem utilizadas, as mangueiras devem sofrer rigorosa inspeção visual. As


reprovadas devem ser separadas e as mangueiras aprovadas, se necessário, serão
lavadas com água pura e escova de cerdas macias.
Nas mangueiras atingidas por óleo, graxa, ácido ou outro agente, admite-se o
emprego de água morna, sabão neutro ou produto recomendado pelo fabricante.

184
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Após a lavagem, as mangueiras devem ser colocadas para secar. Podem ser
suspensas por uma das juntas de união ou por uma dobra no meio, ficando as juntas
de união para baixo, ou ainda estendidas em plano inclinado, sempre à sombra e em
local ventilado.
Depois de completamente secas, devem ser armazenadas com os cuidados
anteriormente descritos.

Mangueira Rompida Na impossibilidade de se interromper o fluxo d’água por


meios normais (fechar o divisor por exemplo), a fim de substituir a mangueira rompida
ou furada, deve-se estrangular a mangueira. Para isso fazem-se duas dobras na
mangueira, formando dois ângulos agudos, e mantendo-os nesta posição com o peso
do corpo. Com essa manobra, interrompe-se o fluxo d’água e troca-se a mangueira
rompida.

Armação de Linhas
Plano horizontal

Linha de Ligação com Linhas de Ataque

São o SAP ou o SAT (Sistema Aduchado Transportado).


Linha de ligação é uma mangueira ou série de mangueiras armadas, destinadas
a transportar água da boca de expulsão de uma fonte de abastecimento a um aparelho
divisor, servindo apenas como condutor de água; são linhas armadas com mangueiras
de 63 mm, tendo em vista o maior volume de água transportada.
Linhas de ataque são linhas armadas com uma ou mais mangueiras, partindo
geralmente de um aparelho divisor, objetivando o ataque direto ao fogo; conjunto de
mangueiras que tem um esguicho numa das extremidades; pela facilidade de manobra,
utiliza-se, geralmente, mangueira de 38 mm.
Caso necessite de apenas uma linha de combate a incêndio, a outra deve ficar
sobre o solo, pronta para uma intervenção em caso de ampliação do incêndio ou para
uso em ação de salvamento da outra linha.

185
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Requer o emprego de apenas um homem na linha, especificamente, quando na


ação de rescaldo e no ataque externo fixo, mas acompanhado da doutrina de
segurança de que as duas linhas devem estar no mesmo campo visual.

SAP:

• Ao comando de “LINHA ARMAR”, dado chefe da guarnição, a


guarnição, que já estava posicionada, em forma, frente ao sinistro em
passo acelerado vai até a gaveta onde está acondicionado o sistema;
• O chefe de linha toma em suas mãos o divisor enquanto o operador
toma em suas mãos os esguichos e saem ambos, em acelerado,
direção ao sinistro desenvolvendo, o chefe a linha de ligação e o
operador as linhas de ataque;
• O operador de linha já com as linhas de ataque desenvolvidas espera
a chegada do chefe de linha que, deixando ambas as válvulas do
divisor abertas, assume a primeira linha (a da direita) enquanto o
operador assume a segunda linha (a da esquerda);

1ª Linha 2ª Linha

• O chefe desenvolve a primeira linha, simultaneamente ao operador


com a segunda linha, direção ao sinistro; dão o pronto

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

individualmente, dizendo alto e vigorosamente “LINHA ARMADA”;


• O operador de bomba liga a bomba e aguarda o comando do chefe de
guarnição, que após o pronto da linha, coloca-a em operação
pressurizando o sistema armado, obedecendo às ordens do chefe de
guarnição quanto ao aumentar e diminuir a pressão;
• Se o SAP não for pré-conectado o operador de bomba tem o dever de
conectá-lo.

SAT:

• Ao comando de “LINHA ARMAR”, dado chefe da guarnição, a


guarnição, que já estava posicionada, em forma, frente ao sinistro em
passo acelerado toma nas mãos os materiais necessários;
• O chefe de linha lança a mangueira de 63 mm; entrega uma das
juntas ao operador de bomba para conectá-la na expedição do ABT;
desenvolve a mangueira levando consigo o divisor e um esguicho;
após desenvolver a mangueira coloca o divisor sobre um dos joelhos e
com o auxílio do operador de linha conecta no divisor a mangueira de
63 mm e as de 38 mm lançadas pelo operador; de posse da primeira
linha de ataque (linha da direita) conecta o esguicho; desenvolve-a em
direção ao sinistro deixando ambas as válvulas do divisor abertas;
dando o pronto dizendo alto e vigorosamente “LINHA ARMADA”;
• O operador de linha, em acelerado, desloca-se até certa distância do
ABT (distância equivalente ao lance de mangueira de 63 mm),
carregando consigo um esguicho e duas mangueiras de 38 mm
lançando-as simultaneamente; quando da chegado do chefe de linha
auxilia-o a conectar no divisor a mangueira de 63 mm e as de 38 mm;
de posse da segunda linha de ataque (linha da esquerda) conecta o
esguicho; desenvolve-a em direção ao sinistro; dando o pronto
dizendo alto e vigorosamente “LINHA ARMADA”;
• O operador de bomba, além de conectar a linha à expedição do ABT,
liga a bomba e aguarda o comando do chefe de guarnição, que após o
pronto da linha, coloca-a em operação pressurizando o sistema
armado, obedecendo às ordens do chefe de guarnição quanto ao

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

aumentar e diminuir a pressão;

Lançamento de mangueira

Acoplamento da Mangueira de 63 mm ao Divisor

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Acoplamento ao Divisor

Acoplamento Final ao Divisor

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Conectando o Esguicho

Divisor Aberto

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Desenvolvendo a linha

Linhas diretas

São linhas armadas com uma ou mais mangueiras, partindo-se da expedição da


bomba ou hidrante, caracterizando-se pela alimentação de um único esguicho, são
armadas com mangueiras de 63 ou 38 mm. Seu uso só é indicado quando o
mangotinho apresentar defeito, ou for muito curto, pois, na evolução do incêndio perde-
se um tempo precioso para armar linhas de ataque.

O Chefe de Guarnição após avaliar a situação determina a GCI que seja armada
uma linha direta com uma mangueira:

• Ao comando de “LINHA ARMAR”, dado pelo chefe de guarnição, a


guarnição, que já estava posicionada, em forma, frente ao sinistro em
passo acelerado toma nas mãos os materiais necessários;
• O operador de linha, em acelerado, desenvolve a mangueira lançada
pelo chefe de linha direção ao fogo após ter acoplar o esguicho; toma,
então, sua posição na frente da linha;
191
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

• O Chefe de linha lança a mangueira, entregando uma ponta ao


operador de linha e a outra ao operador de bomba; em seguida, em
acelerado, toma sua posição a retaguarda da linha; dá o pronto
dizendo alto e vigorosamente “LINHA ARMADA”;
• O operador de bomba, além de conectar a linha à expedição do ABT,
liga a bomba e aguarda o comando do chefe de guarnição, que após o
pronto da linha, coloca-a em operação pressurizando o sistema
armado, obedecendo às ordens do chefe de guarnição quanto ao
aumentar e diminuir a pressão;

Chefe de linha lançando a Mangueira

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Operador de Bomba coloca uma das pontas da mangueira no


caminhão.

Linha de Mangotinho

Pela facilidade de operação, os mangotinhos são usados em incêndios que


necessitam pequena quantidade de água, tais como: veículos, cômodos residenciais,
pequenas lojas, porões e outros locais de pequenas dimensões, bem como lavagem de
pista.
Procede-se de maneira similar à armação de uma linha direta com uma
mangueira, onde o operador de linha, após destravar o sistema, desenrola o carretel e
o chefe de linha posiciona-se em sua retaguarda; dá o pronto dizendo alto e
vigorosamente “LINHA ARMADA”.
Devemos usá-lo para combate a incêndios que estejam de 20 a 25 m que é o
tamanho normal do equipamento.

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Mangotinho na Viatura

Destravando o Sistema

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Linha de sistema de hidrante de edificações

O chefe de guarnição averigua o hidrante de recalque, juntamente com o chefe


de linha, confirmando se o sistema fixo da edificação está operante, determinando o
seu uso.

• Ao comando de “LINHA ARMAR”, dado pelo chefe da guarnição, a


guarnição, que já estava posicionada, em forma, frente ao sinistro em passo
acelerado toma nas mãos os materiais necessários;
• O chefe de linha lança a mangueira de 63 mm, entrega uma ponta ao
operador de linha e a outra ao operador de bomba para que seja conectada
na expedição ABT; desloca-se, em acelerado, juntamente com o operador de
linha até o andar, ou local, em que será armada uma linha direta do hidrante;
levando consigo mais um lance de mangueira (38 ou 63 mm dependendo
das características da edificação);
• O operador de linha, após acoplar a mangueira de 63 mm lançada pelo chefe
de linha no hidrante de recalque, desloca-se, em acelerado, juntamente com
este até o andar, ou local, em que será armada uma linha direta do hidrante;
levando consigo o esguicho e, se necessário, mais um lance de mangueira;
• Chegando ao hidrante que será usado pela guarnição procede-se de forma
idêntica a armação horizontal de linhas diretas, porém, o chefe de linha terá
de abrir o registro do hidrante, indo após isso apoiar o operador de linha.

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Hidrante de Parede

Acoplamento

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Linha de hidrante de passeio


Neste caso procede-se de forma idêntica a armação horizontal de linhas diretas,
porém, o chefe de linha terá de abrir o registro do hidrante, indo após isso apoiar o
operador de linha.

PLANO INCLINADO

Sistema Rampante

São considerados planos inclinados as escadas e rampas das edificações. A


técnica em plano inclinado é aproveitar o declive para o desenvolvimento da
mangueira, subindo o declive com a mangueira ainda aduchada, segurando as juntas e
deixando que ela desça o declive desenrolando-se com o auxílio da gravidade. As
juntas devem preferencialmente ser deixadas nos patamares das escadas evitando
que, ao ser pressurizado o sistema, elas venham a danificar os andares ou causar
acidentes.

O Chefe de Guarnição após avaliar a situação determina à GCI que seja armada
um sistema rampante, determinando o número de mangueiras necessárias,
geralmente faz-se a estimativa de uma por andar:

• Ao comando de “LINHA ARMAR”, dado pelo chefe da guarnição, a


guarnição, que já estava posicionada, em forma, frente ao sinistro em
passo acelerado toma nas mãos os materiais necessários;
• O operador de linha sobe, em acelerado, levando consigo o esguicho
e o número necessário de mangueiras; desenvolve a primeira no
primeiro andar e as seguintes alternadamente com o chefe de linha,
auxiliando-o a conectar as juntas; após desenvolver todas se desloca
até a ponta das mangueiras e conecta o esguicho; toma, então, sua
posição final;
• O chefe de linha lança a primeira mangueira e entrega uma ponta ao
operador de bomba; sobe, em acelerado, levando consigo o número

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

necessário de mangueiras a serem desenvolvidas; desenvolve-as


segundo a técnica, alternando os andares com o operador de linha
auxiliando-o a conectar as juntas; após desenvolver todas se desloca
até a ponta das mangueiras; toma então sua posição na retaguarda da
linha, dando o pronto dizendo alto e vigorosamente “LINHA ARMADA”;
• Cabe ao chefe de guarnição uma rigorosa vistoria em toda a extensão
do sistema estabelecido para ver se as juntas estão nos patamares
das escadas;
• O operador de bomba, além de conectar a linha à expedição do ABT,
liga a bomba e aguarda o comando do chefe de guarnição, que após o
pronto da linha, coloca-a em operação pressurizando o sistema
armado, obedecendo às ordens do chefe de guarnição quanto ao
aumentar e diminuir a pressão;

Juntas nos patamares

Plano Vertical
Armação de linha em planos verticais diz respeito ao estabelecimento para
ataque em nossas escadas ou nos andares superiores dos edifícios, através de linha
externa em edificações altas que não é possível utilizarmos, ou que não tenha, o

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

sistema fixo e que não possamos utilizar, por algum motivo a linha rampante (economia
de mangueira, por exemplo).
É a ascensão do bombeiro verticalmente levando consigo a ponta da mangueira ou,
com auxílio de corda, içando-a.

Em nossas escadas: A guarnição procede quanto à ligação do mesmo modo


que no plano horizontal.

• Desenrolam-se as mangueiras necessárias à formação da linha,


acumulando-as junto à base da escada comprimento suficiente para
atingir com folga a altura desejada.
• O operador de linha passa a mangueira sobre o ombro e acondiciona
o esguicho iniciando a subida até o ponto designado onde tomará
posição empunhando o esguicho com ambas as mãos.
• O Chefe de Linha acompanha o operador, subindo com mangueira
passada sobre o ombro, mantendo um pequeno seio e certa distância,
dando o pronto dizendo alto e vigorosamente “LINHA ARMADA”;
• O operador de bomba, além de conectar a linha à expedição do ABT,
liga a bomba e aguarda o comando do chefe de guarnição, que após o
pronto da linha, colocá-la em operação pressurizando o sistema
armado, obedecendo às ordens do chefe de guarnição quanto ao
aumentar e diminuir a pressão;
• Para executar trabalhos em escada, o bombeiro deve usar um cinto de
segurança que o fixe nesta.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Mangueira não Pressurizada ( nó no esguicho)

200
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Içamento de mangueira

Aparelho de sacada

201
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Linhas Aéreas

São Linhas armadas para combate externo a incêndio em edifícios altos e


ataque por sobre as edificações baixas diretamente dos cestos do AEM e do APM,
também de escadas estaiadas. Sobre utilização do AEM ver módulo específico.

APM
O APM possui tubulação articulada que formará a Torre de Água e admissão
para conecção da mangueira que será alimentada por um ABT.

202
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

203
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

MÓDULO XIV

Extintores

Introdução

Existem diversas classes de incêndio e, para cada uma delas o método


de extinção é específico, atuando em um ou mais elementos do tetraedro do fogo:
combustível, comburente, energia para ignição, reação em cadeia. Os processos de
extinção do fogo usando o extintor são o resfriamento, e o abafamento.

204
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

A finalidade dos extintores é facilitar o combate imediato e rápido à


pequenos focos de fogo, não devendo ser considerados como sistemas de extinção
mais complexos, mas sim, como equipamento adicional que deve ser usado para
eliminar os princípios de incêndio no seu estado inicial, antes mesmo que se torne
necessário lançar mão de maiores recursos.

O êxito no emprego dos extintores depende dos seguintes fatores:

g) De uma distribuição apropriada dos aparelhos pelas áreas a proteger.


h) De manutenção adequada e eficiente.
i) O pessoal que é previsto para manejar os aparelhos deverá receber treinamento
a fim de serem familiarizados com as técnicas de extinção.
A aplicação dos extintores em princípios de incêndio não deve justificar qualquer
demora no acionamento dos dispositivos de alarme geral e na mobilização de maiores
recursos, mesmo quando parecer que o fogo pode ser dominado rapidamente.
É importante que os aparelhos estejam localizados em pontos perfeitamente
visíveis e de fácil acesso, devendo ser mantido sempre prontos para utilização.

Os extintores deverão ser colocados de modo que:

d) Facilite a sua visualização;


e) Seja de fácil acesso;
f) Onde haja menos probabilidade do fogo bloquear o seu acesso;
g) Os locais destinados aos extintores devem ser assinalados por círculo ou por
uma seta de cor vermelha com bordas amarelas;
h) Deverá ser pintada uma grande área do piso abaixo do extintor, a qual não
poderá ser obstruída por forma nenhuma. Essa área deverá ser no mínimo de
01m X 01m (um metro);
i) Os extintores não deverão ser localizados nas paredes das escadas.
j) Os extintores sobre rodas deverão ter garantido sempre o livre acesso a
qualquer ponto da indústria;
k) Os extintores não deverão ser encobertos por pilhas de materiais.
Os extintores devem conter uma carga mínima de agente extintor em seu
interior, chamado de unidade extintora e que é especificada em norma.

205
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Agentes Extintores

Agente extintor é todo material que, aplicado ao fogo, interfere na sua química,
provocando uma descontinuidade em um ou mais lados do tetraedro do fogo, alterando
as condições para que haja fogo.
Os agentes extintores podem ser encontrados nos estados sólidos, líquidos ou
gasosos. Existe uma variedade muito grande de agentes extintores, além dos agentes
normais temos os agentes improvisados como areia, cobertor, tampa de vasilhame,
etc, que normalmente extinguem o incêndio por abafamento, ou seja, retiram todo o
oxigênio a ser consumido pelo fogo e recentemente o extintor multiuso para as classes
de incêndio ABC.
Veremos aqui as particularidades dos agentes extintores sem nos
aprofundarmos muito, estudando apenas as características extintoras.

Água

O agente mais antigo e eficiente na extinção de incêndios comuns, isto é, em


materiais sólidos que deixam resíduos com calor concentrado (brasa). Age por
resfriamento, abafamento e de acordo com pressão com que é lançado, produz
choque, deslocando as chamas.
É utilizado no combate a incêndios em forma de jatos sólidos, neblinados e em
forma de vapores.

Espuma Química

A espuma é proveniente de uma reação química, entre uma solução de sulfato


de alumínio e uma outra solução de Bicarbonato de Sódio, na presença de um agente
estabilizador, normalmente o Alcaçuz. O gás carbônico que se desprende nesta reação
gera pressão no interior do cilindro, atuando como propelente da carga líquida.

206
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Gás Carbônico

O agente extintor é o "Dióxido de Carbono" - CO2. É um gás mais pesado que o


ar, à temperatura e pressão normal é um gás inerte, sem cheiro, sem cor e devido à
sua capacidade condutora, o CO2 é muito usado em incêndios de Classe “C”.
Quando contido no aparelho devido a compressão em estado líquido, sua
pressão é de 50 a 60 Kg/cm2.
Quando aliviado da compressão o líquido se vaporiza e baixa violentamente a
sua temperatura, chegando a cerca de -70º (setenta graus abaixo de zero), neste caso
parte do gás se solidifica em pequenas partículas, formando umas neves carbônicas,
conhecidas como “GELO SECO”.

Pó Químico Seco

Os extintores com pó químico utilizam os agentes extintores bicarbonato de


sódio (o mais comum) ou o bicarbonato de potássio, ambos tratados com estearato a
fim de torná-los anti-higroscópicos e de fácil saída dos aparelhos.

Agentes Limpos

FM-200

Dentro dos agentes limpos destacam-se o FM-200, porque ao contrário de


outras alternativas de proteção contra incêndios, este agente extintor não deixa
nenhum resíduo oleoso, partículas, água ou materiais corrosivos e não causa danos
colaterais a bens de grande valor, produtos eletrônicos frágeis ou qualquer coisa que
tenha que ser protegida.

Pode ser utilizado sem perigo em espaços ocupados. A segurança dos


ambientes protegidos com extintor de incêndios de FM-200 é comprovada por mais de
uma década de aplicação em situações reais e validadas por aprofundados estudos
científicos.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Ecaro

Na mesma linha do FM-200 surgiu o Sistema de Ecaro, que requer 20% menos
agente limpo por metro cúbico que o FM-200 . As propriedades físicas superiores do
Ecaro, lhe permite utilizar menor diâmetro de tubulações a longa distância,
simplificando seus projetos.
Todos os agentes limpos têm que permanecer no espaço protegido por um período
especificado de tempo para extinguir um fogo. O Ecaro é 20% mais eficiente em tempo
que o FM-200, precisando 20% menos agentes proteger o mesmo local.
O gás inerte Ecaro vem substituindo integralmente o Halon, sem necessidade de
substituir tubulações e painéis de comando.

As autoridades Européias competentes eliminaram a utilização do Halon devido


aos danos da camada de ozônio e para que não houvesse prejuízos, vários
alternativas foram utilizadas, mas todas elas requerem substituição do sistema de
tubulações e comandos.

Tipos de Extintores

Extintores de Água

Esquema do extintor de Água Pressurizada

Extintor de incêndio do tipo carga de água, é aquele cujo agente é a água


expelida por meio de um gás. Sua carga é mantida sob pressão permanente.

208
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Indicado para a classe de incêndio A.

Extintor de Água Pressurizada

Manejo

c) Retirar o extintor do suporte e levá-lo até o local onde será utilizado;


d) Retirar o esguicho do suporte, apontando para a direção do fogo;
e) Romper o lacre para liberar o gatilho;
f) Dirigir o jato d’água para a base do fogo.
Manutenção

Para que possamos manter o extintor de "Água-Gás" em perfeitas condições,


devemos:
e) Inspecionar freqüentemente os extintores;
f) Recarregar imediatamente após o uso;
g) Anualmente verificar a carga e o cilindro;
h) Periodicamente verificar o nível da água, avarias na junta de borracha, selo,
entupimento da mangueira e do orifício de segurança da tampa.
Observações

• Este tipo de extintor não pode e não deve ser usado em eletricidade em hipótese
alguma. Coloca em risco a vida do operador.
• O alcance do jato é de aproximadamente 08 (oito) metros.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Extintor De Espuma Química

Neste tipo de aparelho extintor o cilindro contém uma solução de água com
bicarbonato de sódio mais o agente estabilizador, geralmente o alcaçuz.
A solução de sulfato de alumínio é colocada em um outro recipiente que vai
internamente no cilindro, separando a solução de bicarbonato de sódio.
Indicado para princípios de incêndio de classe “A” e “B”.

Esquema do extintor de Espuma Química

Extintor de Espuma Extintor de Espuma


Química Portátil Química Carreta

Manejo:

210
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

• Retira-se o aparelho do suporte, conduzi-lo até às proximidades do incêndios,


mantendo-o sempre na posição vertical, procurando evitar movimentos bruscos
durante o seu transporte.
• Inverter a sua posição (de cabeça para baixo), agitando-o de modo a facilitar a
reação.
• Dirigir o jato sobre a superfície do combustível, procurando, principalmente nos
líquidos, espargir a carga de maneira a formar uma camada em toda a superfície
para o abafamento.
• Permaneça com o aparelho na posição invertida até terminar a carga.

Manutenção

Para que possamos ter um extintor em perfeitas condições de uso, devemos:

• Vistoriá-lo mensalmente;
• Sua carga deve ser examinada aos seis meses e ser examinado o poder de
reação das soluções;
• Renovar anualmente a sua carga;
• Após o uso, o extintor de espuma deve, tão logo seja possível, ser lavado
internamente para que os resíduos de reação química não afetem as paredes do
cilindro pela corrosão;
• Após o seu uso, fazer a recarga o mais breve possível.

Observações

 Não pode ser usado em eletricidade, ele é um bom condutor da mesma


 Este tipo de extintor caminha para o desuso.

Extintor de Gás Carbônico

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Extintor de Gás Carbônico (observe o


difusor)

Indicado para princípio de incêndios das classes “B” e “C”.


O CO2 deve ser aplicado de forma homogênea e rápida, principalmente no
combate à princípios de incêndios nos combustíveis. Uma vez acionada o gatilho,
deve-se ser persistente na extinção pois o CO2 dissipa-se com muita facilidade.
É excelente para o combate a incêndio em máquina elétrica, computador etc.,
pois eles não deixam resíduos.

212
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Esquema do extintor de Gás Carbônico

Manejo

Para utilizar o extintor de CO2, o operador deve proceder da seguinte maneira:


• Retira o aparelho do suporte e leve-o até o local onde será utilizado;
• Retire o grampo de segurança;
• Empunhe o difusor com firmeza;
• Aperte o gatilho;
• Dirija a nuvem de gás para a base da chama, fazendo movimentos circulares
com o difusor;
• Não encoste o difusor no equipamento.

Manutenção

• Os extintores de CO2 devem ser inspecionados e pesados mensalmente.


• Se a carga do cilindro apresentar uma perda superior a 10% de sua capacidade,
deverá ser recarregado.
• De 5 em 5 anos devem ser submetidos a testes hidrostático, este teste deve ser
feito por empresa especializada, autorizada pela ABNT.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Extintor de Pó Químico

Especialmente indicado para princípios de incêndio das classes B e C.

Pó Químico Seco
O extintor de pó químico pressurizado utiliza como propelente o nitrogênio, que,
sendo um gás seco e incombustível, pode ser acondicionado juntamente com o pó no
mesmo cilindro.
Estes tipos de extintores possuem um manômetro que indica a pressão que está
contida no seu interior.

Extintor de Pó Químico Esquema do extintor de Pó Químico

Manejo

• Retira-se o extintor do suporte e o conduz até o local onde vai ser usado;
observar a direção do vento;
• Rompe-se o lacre;
• Destrava-se o gatilho, comprimindo a prava para a frente, com o dedo polegar;
• Aciona-se o gatinho, dirigindo o jato para a base do fogo.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Extintores Especiais

Extintores especiais, simplesmente tratam-se de extintores “evoluídos” com


características próprias que lhes conferem aplicabilidade específica superior à
extintores comumente usados, como por exemplo não deixar resíduos mantendo sua
similaridade com seu, digamos assim, extintor antecessor que deixa resíduos. Convém
aqui citar também seu preço superior aos demais.

Extintor ABC

Descrição

O extintor ABC fora projetado para operar com eficiência nas classes de
incêndio A, B e C, é um extintor recente no mercado que vem se difundindo junto à
comunidade industrial do ramo e hoje vem se tornando acessível como qualquer outro
extintor.
Por ser tratar de um extintor recente, a disponibilidade de informações
restringem-se àquelas citadas por fabricantes, abaixo temos sobre o extintor de
incêndio modelo portátil com 04 kg de carga de pó químico ABC à base de monofosfato
de amônia (norma NBR 10721).

Recipiente (particularidades)

- Carrega-se o extintor com 4 Kg de pó químico e o fecha com o conjunto válvula,


tubo sifão e manômetro.
- Pressuriza-se com nitrogênio à pressão de 10,5 Kgf/cm ², em seguida coloca-se: o
selo o rótulo e o lacre plástico.
Obs: Solda utilizada tipo Mig

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

AGENTE EXTINTOR-PÓ PARA EXTINÇÃO DE INCÊNDIO CLASSE


ABC

FABRICANTE: KIDDE BRASIL


- Pó químico para extinção de incêndio com no mínimo 80% à 90% de Monofosfato
de Amônia
- Teor de produtos aditivos menor que 5% de inibidores
- Ensaiado conforme norma NBR 9695 quanto a massa especifica aparente do
Monofosfato de amônia (NH4H2PO4) fluidez, teor de umidade, verificação do efeito
da temperatura elevada, verificação da tendência a aglomeração Granulometria:
retenção na peneira 300, 106, 75, 53, repelência a água, fusão, sulfato de amônio
((NH4)2 SO4) e higroscopicidade.

Dados de Desempenho

- Tempo de descarga maior que 8 segundos


- Rendimento na posição vertical acima de 85%

Principais Características Técnicas do Extintor de Pó Químico ABC modelo 4kg

Capacidade Peso Líquido (kg) 4


Pressão de Trabalho (Kgf/cm2) 10.5
Tempo de Descarga Aprox.(seg.) 10
Alcance do Jato-Médio (m) 5
Indicado para Classe de Fogo ABC

Manejo

• Retira-se o extintor do suporte e o conduz até o local onde vai ser usado;
observar a direção do vento;
• Rompe-se o lacre;
• Destrava-se o gatilho, comprimindo a prava para a frente, com o dedo polegar;
• Aciona-se o gatinho, dirigindo o jato para a base do fogo.

216
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Manutenção

Como nos demais casos deve-se fazer a recarga do agente extintor


anualmente e teste hidrostático a cada cinco anos.

A empresa que fizer a recarga deve observar os seguintes aspectos:

 Recarregar o extintor com pó químico à base de monofosfato de amônia


(NH4H2PO4), com teor mínimo de 80%, indicado para classes de fogos A, B e
C, sabendo-se que é de extrema importância a qualidade do pó a ser utilizado,
use somente pó com certificado de qualidade e garantia do fabricante (Teste
de Laboratório) quanto a fluidez, granulometria, umidade e teor de
monofosfato de amônia conforme norma NBR 9695.

 Utilizar somente equipamentos indicados, para que seja mantida a qualidade


do pó, em seu transporte, acondicionamento e manuseio.

 Colocar sempre a quantidade certa de pó conforme o modelo do extintor, use


tolerância conforme norma NBR 10721, com tolerância de +/- 3% para extintor
de 4kg e 6 kg e tolerância de +/- 2% para extintores de 8kg e 12kg.

Extintor de Gás Fe 36

Extintor de Gás Fe 36 Extintor de Gás Fe 36 Extintor de Gás Fe 36


(2 kg) (4 kg) Inox (4 kg)

217
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Este extintor foi projetado para proteção em unidades industriais e comerciais,


que contenham equipamentos sensíveis e delicados, como centrais de processamento
de dados, armazenagem de documentos, centrais de comunicação, etc..., que podem
ser danificados e ou destruídos por agentes extintores, tais como: água, Pó Químico,
espuma mecânica e de Dióxido de Carbono.
Destinado à proteção e combate aos riscos de incêndios das classes B e C, é
pressurizado com Nitrogênio (N) a 5,0kgf/ cm² e pressão de testes 30 kgf/ cm², 1,5
quilos de agente extintor.
Há também um modelo desenvolvido em aço inoxidável especialmente para
equipamentos de ressonância magnética, por não influenciar no campo magnético, por
não conter material ferroso.

Manejo

Com relação ao manejo é similar aos demais extintores, como, por exemplo, o
extintor de Pó Químico Seco, podendo ser utilizado nas classes de incêndio B e C, sem
deixar resíduo.

• Retira-se o extintor do suporte e o conduz até o local onde vai ser usado;
observar a direção do vento;
• Rompe-se o lacre;
• Destrava-se o gatilho, comprimindo a trava para frente, com o dedo polegar;
• Aciona-se o gatinho, dirigindo o jato para a base do fogo.

Manutenção

Basicamente para estes tipo de extintores segue-se o normal para os demais,


deve-se fazer a recarga do agente extintor anualmente e teste hidrostático a cada cinco
anos.

Extintor de Compostos Halogenados (Halon)

São compostos químicos formados por elementos halogênios (flúor, cloro, bromo
e iodo).

218
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Atuam na quebra da reação em cadeia devido às suas propriedades específicas


e, de forma secundária, por abafamento. São ideais para o combate a incêndios em
equipamentos elétricos e eletrônicos sensíveis, sendo mais eficientes que o CO2.
Assim como o CO2, os compostos halogenados se dissipam com facilidade em
locais abertos, perdendo seu poder de extinção.
Estes tipos de extintores estão atualmente em desuso por danificarem a camada
de ozônio.

Tempo de Descarga de Alguns Extintores

Os extintores de incêndio com carga de pó químico BC, bicarbonato de sódio


(NaHCO3), tem tempo de descarga aproximado de:

Modelo Tempo Rendimento


(s) mínimo
4 Kg 10 85 %
6 Kg 13 85 %
8 Kg 16 85 %
12 Kg 20 85 %

Os extintores de incêndio com carga de pó químico ABC, monofosfato de


amônia (NH4H2PO4), tem tempo de descarga aproximado conforme o modelo.

Modelo Tempo Rendimento


(s) mínimo
4 Kg 14,5 85 %
6 Kg 15,5 85 %
8 Kg 30 85 %
12 Kg 46 85 %

O extintor de incêndio com carga d’Água (H2O), tem tempo de descarga


aproximado abaixo discriminado:

219
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Modelo Tempo Rendimento


(s) mínimo
Água 10 Litros 55 %

Curiosidades

A seguir estão listadas algumas NBR's que tratam da normatização referente


aos extintores:

 NBR 10721 - para extintores com carga de Pó Químico Seco.


 NBR 11715 - para extintores com carga d’Água
 NBR 11716 - para extintores com carga de Dióxido de Carbono (CO2)
 NBR 11751 - para extintores com carga de espuma mecânica.
 NBR 11762 - para extintores portáteis com carga de Halogenados.

Classificação dos extintores quanto à portabilidade

Os extintores podem ser classificados em portáteis e sobre rodas (tipo carreta).

Extintor portátil (à esquerda) e


sobre rodas (tipo carreta à direita).

Extintores Portáteis

São aparelhos de fácil manuseio, destinados a combater princípios de incêndio.


Recebem o nome do agente extintor que transportam em seu interior (por exemplo:
extintor de água, porque contém água em seu interior).

220
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Extintores sobre Rodas (Carretas)

São aparelhos com maior quantidade de agente extintor, montados sobre rodas
para serem conduzidos com facilidade.
As carretas recebem o nome do agente extintor que transportam, como os
extintores portáteis.
Devido ao seu tamanho e a sua capacidade de carga, a operação destes
aparelhos obriga o emprego de pelo menos dois operadores.
As carretas podem ser:

 de água;

 de espuma mecânica;

 de espuma química;

 de pó químico seco;

 de gás carbônico.

Outros Extintores

(Extintores americanos em latão)

221
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

(Extintor americano “Carbon Tetrachloride)

222
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

MÓDULO XV
Líquido Gerador de Espuma

Utilização de Espumas em Combate a Incêndios

Definição

É um aglomerado de bolhas de ar formado por solução aquosa. Trata-se do


resultado do batimento de água, ar e extrato formador. Flutua sobre os líquidos devido
a sua baixa densidade.

Características

Para ser eficiente, a espuma, para incêndio, deve ter determinadas


características físicas:

223
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

• Fluidez: a espuma deve cobrir toda a superfície em chamas com rapidez;

• Resistência calor: o volume de espuma aplicado tem que ser capaz de resistir
aos efeitos destrutivos do calor irradiado pelo fogo remanescente do vapor de líquidos
inflamáveis ou de qualquer tipo de material metálico;

• Resistência ao combustível: a espuma deve resistir às ações dos combustíveis, não


se desfazendo ou perdendo sua capacidade extintora;

• Contenção de vapores: a cobertura produzida deve ser capaz de conter os vapores


inflamáveis, provocando uma selagem do combustível, minimizando os riscos de um
novo incêndio;

• Densidade baixa: a espuma deve flutuar sobre o combustível formando uma


cobertura;

• Dupla ação de combate a incêndio: A extinção do incêndio por meio da espuma é


feita por isolamento do combustível do ar (abafamento) e resfriamento.

A espuma flutua sobre os líquidos produzindo uma cobertura que impede o


contato com o ar (oxigênio), extinguindo o incêndio por abafamento. Utilizando-se
somente água, a extinção em hidrocarbonetos é muito demorada, pois possuem peso

224
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

específico tão baixo, que flutuam sobre a água. A extinção em solventes polares
(álcool, acetona, metanol, etc), que são miscíveis à água, exige atenção quanto ao
aumento do volume, pois pode ocasionar o alastramento do fogo.
Por isto, em incêndios de líquidos inflamáveis o uso de espuma mecânica é
indispensável. O baixo peso específico da espuma fará com que ela flutue sobre o
combustível, isolando-o do ar.

Esquema de espuma formada

Os líquidos liberam vapores inflamáveis. A espuma deve ser suficientemente


compacta e densa para impedir a passagem desses vapores e evitar reignição.
O resfriamento ocorre por intermédio da água que drena da espuma e, portanto
auxilia na extinção do fogo.

A utilização de espuma no combate a incêndio possui as seguintes limitações:

• Não se deve usar espuma em materiais que sejam armazenados como líquidos, mas
que em condições ambientes são gasosos, tais como o GLP (gás liqüefeito de
petróleo), o butano, o propano, o butadieno, etc.;

• Não são apropriadas para incêndios em líquidos criogênicos (de temperatura muito
baixa) e outros produtos incompatíveis com a água, exemplo o carbureto, o magnésio,
o potássio, o lítio, o cálcio, o zircônio, o sódio e o zinco;

225
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

• A espuma é boa condutora de eletricidade, portanto, não deve ser usada em


equipamentos elétricos energizados;

• Determinados agentes umectantes e alguns tipos de pós químicos são incompatíveis


com as espumas e se utilizados simultaneamente, podem desfazer a cobertura de
espuma imediatamente. Portanto, quando se usar simultaneamente dois agentes
extintores, deve-se estar seguro que ambos sejam inteiramente compatíveis;

• O seu emprego pode ser conciliado com a água ou com alguns tipos de pó químico
seco, desde que estes sejam aplicados na extinção antes da espuma, que por sua vez
complementaria a ação de combate.

• As espumas em geral e a de alta expansão, em particular, não devem ser usadas


para combate de incêndios em materiais oxidantes que liberam suficiente oxigênio para
sustentar a combustão como, por exemplo, o nitrato de celulose;

• Uso da espuma na extinção de incêndios em óleos comestíveis e de fritura bem como


em outros processos de produtos alimentares, deve ser analisado com critério, pois a
espuma contaminará todos esses produtos inutilizando-os e causando grandes
prejuízos, o que poderá ser minimizado com a escolha de outros agentes.

Espuma mecânica

Espuma mecânica é um aglomerado de bolhas formado pela mistura de água,


extrato formador e ar.
O extrato é adicionado à água através de um aparelho proporcionador, formando
a solução (água e extrato). Ao passar pelo esguicho a solução sofre batimento e o ar é,
dessa forma, a ela acrescentado, formando a espuma. As características de cada
extrato, de acordo com o fabricante, definirão sua proporção na solução (de 1% a 6%).

Expansão das espumas

Expansão é a taxa que compreende a razão do volume de solução utilizado para


a formação da espuma e o volume de espuma formada. A solução (ou prémistura)

226
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

pode gerar espuma de baixa, média ou alta expansão. Quanto maior a taxa de
expansão, mais leve será a espuma, menor será sua capacidade de resfriamento, e
menor será sua resistência.

Baixa expansão

Quando um 1 litro de solução produz até 20 litros de espuma. Espuma


pesada e resistente, para incêndios intensos e para locais não confinados.

espuma de baixa expansão


Média expansão

Quando 1 litro de solução produz de 20 a 200 litros de espuma. Espuma mais


leve que a da baixa expansão e mais resistente que a de alta expansão. Pode ser
usada para abafar a vaporização de produtos químicos perigosos.

Alta expansão

Quando 1 litro de solução produz de 200 a 1.000 litros de espuma. Sua textura é
suave e uniforme e proporciona um ótimo preenchimento, permitindo que ela supere os
obstáculos com facilidade.
É ideal para incêndios em ambientes confinados. É um tipo de espuma sintética,
utilizada para o emprego em espaços fechados como porões, minas, navios e
hangares. Nestes locais, deve haver ventilação para que a espuma se distribua de
forma adequada. Sem ventilação, a espuma não avança no ambiente.
O uso da espuma de alta expansão em espaços abertos pode ser eficiente, mas
sofre muita influência e pode ser inutilizada pela ação do vento no local.

227
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Espuma de alta expansão

Extrato Formador de Espuma (EFE)

É um composto de substâncias químicas formadas por concentrados de agentes


espumantes. Também chamado de líquido gerador de espuma (LGE) ou concentrado
para espuma.

Modelo do rótulo de EFE

É classificado conforme sua composição química, podendo ser de origem


proteínica ou sintética. Pode ser usada com água doce ou salgada.

228
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

O EFE deve ser armazenado em ambientes que não excedam a temperatura de


45 ºC e não recebam raios solares diretamente. É recomendado seu uso na faixa de 1º
C a 27º C para que a espuma formada seja mais estável.
EFEs diferentes não devem ser misturados, pois a mistura prejudica a formação
e a qualidade da espuma.

EFE Proteínico

É composto de proteínas animais e vegetais, às quais são adicionados


(dependendo do tipo de extrato) outros produtos.
Produz somente espuma de baixa expansão.

Proteínico comum

Esse foi o primeiro tipo de extrato a entrar no mercado e tem sido utilizado desde
a segunda guerra. É produzido por meio da hidrólise de queratina granulada como
tutano de boi, pena de aves, etc. Em seguida, estabilizadores e inibidores são incluídos
para prevenir corrosão e resistir à decomposição de bactérias e controlar a
viscosidade.
É utilizado em combate a incêndio envolvendo líquidos combustíveis que não se
misturam com água. Possui razoável resistência a temperaturas elevadas e
proporciona boa cobertura. Não deve ser usado para combate a incêndio em solventes
polares (álcool, acetona, etc) porque é dissolvido por eles. Solventes polares são
aqueles que se misturam com a água, conseqüentemente, destruindo a espuma.
Não pode ser utilizado em esguichos que não contenham estrutura aspirante.

Proteínico polivalente

É produzido a partir de proteínas animais e vegetais, às quais são adicionados


produtos especiais, que aumentam a estabilidade da espuma contra solventes polares.
Por isso pode ser usado tanto em incêndios em solventes polares como em
hidrocarbonetos.

229
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Fluorproteínico

É derivado do proteínico comum, ao qual foi acrescentado um aditivo fluorado,


que o torna mais resistente ao fogo e à reignição, além de dar maior fluidez à espuma.
Proporciona uma extinção bem mais rápida do fogo que o EFE proteínico comum.
Também não deve ser utilizado no combate a incêndios envolvendo solventes
polares. Possui surfactantes (substâncias que baixam a tensão superficial da água)
fluorquímicos com grande ganho de performance para a rápida extinção e
compatibilidade com pó químico seco. Utilizado em combustíveis de hidrocarboneto,
possui excelente resistência ao calor. Não pode ser utilizado em esguichos que não
contenham estrutura aspirante.

Fluorproteínico com formação de filme (FFFP)

É produzido através da mistura de surfactantes fluorquímicos com espuma de


proteína. Foi criado com o intuito de combinar a tolerância ao combustível da espuma
fluorproteínica com um grande poder de extinção. A espuma produzida libera uma
película aquosa sobre a superfície do combustível de hidrocarboneto.

EFE Sintético

É composto de substâncias sintéticas. Produz espuma de baixa, média e alta


expansão. Eficiente para controle e extinção de incêndio classe “B”. Também utilizada
com sucesso nos incêndios classe “A”, onde o resfriamento e o efeito penetrante da
solução da espuma são importantes.
Nos EFE para espuma de baixa expansão, forma-se uma película protetora que
previne a liberação de vapores do combustível, e impede a reignição. A água drenada
da espuma atua por resfriamento. Tem capacidade superior de extinção e resistência a
reignição quando comparado às espumas protéinicas ou fluorproteínicas.
É compatível com o pó químico seco, isto é, pode haver ataque ao incêndio
utilizando os dois agentes extintores.
Sua fluidez permite rápido fluxo através de obstáculos e destroços.
Pode ser usado através de dispositivos não-aspirantes, no entanto, para uma
performance perfeita, um esguicho aspirado deve ser utilizado.

230
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

EFE Sintético para espuma de baixa expansão

AFFF 3%

Significa “Aqueous Film Forming Foam” (espuma formadora de filme aquoso),


sendo um extrato à base de substâncias fluoretadas, solventes e hidrocarbonos.
Utilizado somente para incêndios em hidrocarbonetos na dosagem de 3%.

Modelo do rótulo do AFFF 3%


AFFF 6%

É um extrato à base de substâncias fluoretadas, solventes e hidrocarbonos.


Utilizado somente para incêndios em hidrocarbonetos na dosagem de 6%.

Modelo do rótulo do AFFF 6%

AFFF-ARC 3% - 3%

AFFF-ARC significa “Aqueous Film Forming Foam – Alcohol Resistent


Compounds” (espuma formadora de filme aquoso – resistente a álcool). O Filme
aquoso formador de espuma para solventes polares (AFFF-ARC) é um extrato à base

231
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

de substâncias fluoretadas, solventes, hidrocarbonos e polímero polissacarídeo. Pode


ser usado a 3% tanto para combustíveis de hidrocarbonetos quanto para solventes
polares, sendo por isso polivalente.

Modelo do rótulo do AFFF 3%-3%

AFFF-ARC 3% - 6%

Este concentrado deve ser usado a 3% para hidrocarbonetos e a 6% para


solventes polares.

Modelo do rótulo do AFFF 3%-6%

EFE Sintético para espuma de média e alta expansão

O concentrado de espuma de alta expansão é uma mistura de agentes ativos


com agentes espumantes do tipo detergente sintético.
Para o seu uso adequado, devem ser consultadas as especificações do
fabricante para se conhecer suas características técnicas, porém a regra geral é que:
232
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

• Para espuma de média expansão deve ser utilizado com a dosagem de 3% ou 6%; e

• Para espuma de alta expansão deve ser utilizado com a dosagem de 1% ou 3%.

Equipamentos Formadores de Espuma

Para se produzir uma espuma de boa qualidade é necessária uma dosagem


correta do EFE na água e um esguicho apropriado. Se a dosagem de EFE for muito
alta, a espuma poderá ser rala e insuficiente para fluir ao redor de obstáculos. Além
disso, o tempo de operação do sistema diminuirá. Quando a dosagem é muito baixa, a
espuma apresentará uma drenagem bastante rápida e será menos resistente ao calor e
às chamas, desfazendo-se em menos tempo que o normal.
Equipamentos proporcionadores foram criados para se produzir uma dosagem
correta do EFE na água.

Proporcionadores

Existem dois tipos: equipamento proporcionador portátil e proporcionador na


própria bomba (“around the pump”).

Proporcionadores portáteis

A espuma pode ser gerada pelos seguintes proporcionadores portáteis:

• Conjunto proporcionador – esguicho lançador;


• Esguicho proporcionador de espuma;
• Esguicho proporcionador de espuma com vazão regulável; e
• Esguicho proporcionador de espuma para canhão monitor.

Conjunto proporcionador - esguicho lançador

233
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

O proporcionador de linha, edutor, ou entrelinhas trabalha com o princípio de


Venturi. A água é introduzida sob pressão na entrada do equipamento e passa por um
orifício reduzido, que aumenta a velocidade da água, fazendo com que o tubo coletor
realize a sucção do EFE.

Sucção pelo princípio de Venturi

Acima o esguicho lançador e abaixo o proporcionador

234
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Esguicho laçador de espuma de baixa expansão

Esguicho proporcionador de espuma

Reúne o proporcionador e o esguicho lançador de espuma de baixa expansão


em uma única peça ou corpo. Possui dois dispositivos de sucção, um para o EFE e
outro para aspiração do ar.
Possui um dispositivo que arrasta o ar para o seu interior, adicionando-o a
solução, que se expande ao sofrer esse batimento, formando-se espuma.
Equipamento disponível nos diâmetros de 40 e 65 mm.
Esguichos proporcionadores mais antigos vêm calibrados para dosagem de 3%
ou de 6%. Os mais novos possuem uma válvula que faz a dosagem correta a ser
misturada a água, que pode ser regulada de 1 a 6%.
Para o uso deste equipamento deve ser consultado o fabricante para se
conhecer suas especificações técnicas, porém a regra é que a pressão de entrada no
esguicho proporcionador de linha não deve ser inferior a 7,0 kgf/cm2 (100 PSI);

235
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Esguicho proporcionador

Esguicho proporcionador de espuma com vazão regulável

Reúne o proporcionador e o esguicho lançador de espuma de baixa expansão


em uma única peça ou corpo. Possui dois dispositivos de sucção, um para o EFE e
outro para aspiração do ar.
Possui um dispositivo que arrasta o ar para o seu interior, adicionando-o a
solução, que se expande ao sofrer batimento, tornando-se espuma. Possui válvula
dosadora calibrada para 3 e 6%.
É um esguicho pequeno e leve, pode operar em jato pleno ou neblina, possuindo
dispositivo que pode variar e regular a vazão.
Para o uso deste esguicho deve ser consultado o fabricante do equipamento
para se conhecer suas especificações técnicas, porém a regra é que a pressão de
entrada no esguicho não deve ser inferior a 5,3 kgf/cm2 (75 PSI).

236
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Esguicho proporcionador de espuma com vazão regulável

Esguicho proporcionador de espuma para canhão monitor

Reúne o proporcionador e o esguicho lançador de espuma de baixa expansão


em uma única peça ou corpo. Possui dois dispositivos de sucção, um para o EFE e
outro para aspiração do ar.
Possui um dispositivo que arrasta o ar para o seu interior, adicionando-o a
solução, que se expande ao sofrer batimento, tornando-se espuma. Possui válvula
dosadora calibrada para 3 e 6%.
É conectado em canhões monitores que normalmente são fixos em viaturas,
embora existam também canhões monitores portáteis.

Para o uso deste esguicho deve ser consultado o fabricante do equipamento


para se conhecer suas especificações técnicas, porém a regra é que:

• A pressão de entrada no esguicho não deve ser inferior a 7,0 kgf/cm2 (100
PSI);
• Pode operar com jato pleno ou neblina; e
• Possui grande vazão.

237
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Esguicho proporcionador de espuma em canhão monitor portátil

Proporcionador na bomba de viatura

A formação da solução se dá na bomba de incêndio, devido ao proporcionador


nela existente. São chamados de proporcionadores “around the pump”, e existem nas
viaturas que dispõem de tanque para EFE .Os operadores de bomba devem conhecer
a pressão recomendada pelo fabricante da bomba, para a produção de espuma.

Esguichos para espuma de média expansão

O esguicho lançador de espuma de média expansão é utilizado em conjunto


com o proporcionador de linha. No interior do esguicho, ocorre o batimento através da
projeção da solução contra uma tela, formando a espuma.

238
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Esguicho lançador de espuma de média expansão

Gerador para espuma de alta expansão

A maioria dos geradores de espuma de alta expansão são utilizados em


conjunto com o proporcionador de linha. Os geradores são constituídos de uma tela,
onde é lançada a solução, e de uma hélice, que funciona como ventilador, projetando
uma corrente de ar sobre a tela, formando a espuma. A hélice pode ser movida
hidraulicamente, ou seja, pelo próprio jato, ou movida por um motor elétrico ou à
explosão.

Gerador de espuma de alta expansão

Técnicas de Emprego de Espuma

O emprego de espuma deve ser feito de maneira mais suave possível, o que
possibilitará maior rapidez na extinção.
Para evitar sua saturação e conseqüente destruição, a espuma não deverá ser
mergulhada no líquido incendiado.
O jato de espuma deve ser dirigido, preferencialmente, contra a parede interna
do reservatório ou contra um anteparo ou, no caso de um vazamento, à frente deste e
contra o solo.

239
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Usando um anteparo

A espuma é direcionada a um anteparo para ser aplicado de forma suave, o que


reduzirá sua velocidade, proporcionado um combate mais eficiente.

Aplicação de espuma na parede interna do tanque

Combate em espiral ou caracol

Consiste na aplicação da espuma em forma espiral, iniciando-se na parte


externa do incêndio até atingir o centro. Isso faz com que a espuma se acumule
extinguindo o incêndio.

Início do combate em espiral

240
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Recomendações

Quando da montagem da linha de espuma para o combate a incêndio deve ser


observado que:

• Entre o proporcionador de linha e o esguicho lançador não é recomendado que se


coloque mais de 30 m de mangueiras, devido à grande perda de carga do
proporcionador; e

• Linhas de espuma montadas com esguichos proporcionadores limitam a mobilidade


da guarnição de bombeiros, visto que a bombona de EFE fica junto ao esguicho, o que
não acontece com as linhas montadas com proporcionadores de linha e
proporcionadores “around the pump”.

241
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

MÓDULO XVI
Rescaldo

Entende-se por rescaldo o conjunto das operações necessárias para completar


a extinção, impedir a reignição e colocar o local em condições de segurança. É a fase
final do combate ao fogo e apresenta grande importância para a imagem do Corpo de
Bombeiros.
Para a execução completa desta operação os bombeiros despendem de
trabalho e tempo consideráveis, pois o serviço é árduo, difícil e moroso, mas nunca

242
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

deve ser omitido ou executado com descaso. É importante destacar que para o
desenvolvimento destas operações de rescaldo, o comandante da emergência deve
adotar um estilo de liderança diferente do que vinha adotando até então no “calor” da
ocorrência, quando o incêndio ainda não estava extinto ou mesmo sob controle.

Fatores considerados na elaboração de uma operação de rescaldo

• Condições estruturais da edificação: a fim de prevenir o perigo ao pessoal


empenhado no serviço de proteção e rescaldo;

• Principais ações iniciais: quais as ações que deve colocar em prática para
extinguir os focos remanescentes do incêndio,impedindo que possa ocorrer a
reignição;

• Ponto de origem do incêndio e fonte de ignição: se for possível determinar, pois


é bem provável que uma eventual reignição possa partir desse local;

• Problemas com indícios de incendiários: quando houver indícios de incendiários,


devem ser tiradas fotografias antes da remoção dos materiais. Devem-se tomar
todas as precauções na busca e preservação dos indícios de incêndio criminoso;

• Remanejar os materiais: como devem ser manejados os materiais restantes e


onde devem ser colocados;

• Material de construção danificado: paredes ou outras estruturas danificadas que


possam representar uma ameaça à vida ou causar prejuízos às propriedades
vizinhas, ou ainda, ser causa de futuros incêndios. Deve-se verificar o que pode
ser feito para evitar tais perigos;

• Condições de perigo apresentado pela edificação: quais as ações que devem


ser postas em prática para corrigir outras condições perigosas existentes na

243
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

edificação, tais como pisos encharcados ou escorregadios,vidros quebrados em


portas e janelas,buracos em pisos, aberturas verticais,etc;

• Meios de realizar a operação: tempo e pessoal necessário para completar a


tarefa. Ajuda que deve ser solicitada da direção e dos empregados da
firma,exceto quando se tratar de residências ou apartamentos.

Uma vez extinto o foco principal do incêndio, as linhas de mangueiras de 2 ½”


que estavam sendo usadas devem ser substituídas por linhas de1 ½” ou mangotinhos
(1” ou ¾). Todo cuidado é pouco para evitar que na fase do rescaldo sejam causados
quaisquer danos ao material. Os detritos em que ainda há fogo abafado não devem ser
inundados com água. Os objetos maiores devem ser removidos e mergulhados em
uma vasilha com água. Mobília estofada, colchões,devem ser removidos para fora da
edificação e então se proceder a extinção do fogo que ainda possuam em seu interior.
Objetos e artigos em boas condições ou parcialmente queimados devem ser retirados
dos detritos e colocados em lugar seguro.Artigos que aparentemente não têm mais
valor podem ser bastante úteis na elaboração do levantamento dos prejuízos.
Quando se tratar de incêndios em algodão em fardos, papel ou materiais
similares, em que o fogo já penetrou profundamente, a “água molhada” presta um
grande auxílio. No rescaldo de residências ou prédios de apartamentos, mangotinhos
com esguichos de neblina e jato sólido (reguláveis) representam o melhor tipo de
equipamento a ser empregado.

Ações que devem ser adotadas em situações de rescaldo

Montar ação imediata para completar a extinção do incêndio remanescente;


Inspecionar todos os caminhos através dos quais o fogo possa ter propagado;
Verificar todos os espaços fechados;
Remover vidros quebrados de portas,janelas,clarabóias,etc;
Procurar e preservar quaisquer indícios de incêndio criminoso;

Verificar o prédio e seu conteúdo, acompanhado do proprietário ou um seu


representante autorizado, para constatar se há razões para acreditar que alguém

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

tenha entrado no prédio antes do incêndio, sinais de roubo e mesmo para verificar
as condições do patrimônio após o incêndio;

• Se o sistema de instalação elétrica foi danificado, a corrente deve ser cortada,


desligando-se a chave geral. É aconselhável o comparecimento da companhia
fornecedora de energia elétrica para cortar o fornecimento e regulariza-lo quando a
instalação estiver em condições;

i) Se a edificação for abastecida com gás e o sistema for danificado, fechar o controle
de entrada;
j) Eliminar as condições perigosas existentes na edificação, ou colocar avisos
adequados antes de devolver o prédio a seu proprietário ou ocupantes;

k) Quando o prédio for protegido por “sprinklers”, os bicos fundidos devem ser
recolocados e o sistema deve ser posto em condições de funcionamento o quanto
antes;

l) Advertir o proprietário e ocupantes da edificação sobre outros perigos porventura


existentes e recomendar as precauções necessárias;

m) Obter os necessários informes para os relatórios;

n) Entregar a edificação e seu conteúdo aos respectivos proprietários, representantes


autorizados ou autoridades policiais competentes.
Um local de incêndio deve, em princípio, ser abandonado somente quando todos os
riscos estiverem eliminados.

Que riscos podem ainda subsistir?

• O risco de reignição de incêndio devido a focos despercebidos;


• Risco de desabamento devido a materiais enfraquecidos em virtude do incêndio
ou materiais deformados – construção de
materiais,paredes,fachadas,chaminés,etc.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Que trabalho deve ser executado?

• Achar e extinguir focos de incêndio;


• Escorar ou derrubar (elementos de construção);
• Retirar cargas pesadas de pisos enfraquecidos, fogões, máquinas, etc.

O comandante da emergência deve observar o seguinte:

 Comece logo com os serviços, mas sem que isto venha a atrapalhar os
trabalhos de extinção. Divida o trabalho em grupos e dê a cada um uma missão.
 Providencie o material necessário e também a iluminação para a noite.
 Determine um lugar específico para o entulho: o entulho em brasa deve ser
extinto.
l) Mande derrubar o que for necessário somente se o risco não puder ser evitado
de outra forma.
m) Utilize para estes serviços pessoal com experiência no assunto.
n) Procure indícios da causa do incêndio. Deixe-os, quanto possível, no local de
origem. De qualquer modo, deixe-os seguros.
j) Entregue pequenos locais (quartos, cozinha) bem limpos.

Princípios em todo serviço de rescaldo: conservar e não destruir.

O comandante da emergência deve deixar uma ou mais guarnições de alerta


quando não estiver convencido de que todos os riscos foram eliminados.

Quais as obrigações das guarnições de alerta?

k) Extinguir os focos que surjam;


l) Terminar o serviço de rescaldo;
m) Observar o local do incêndio.

O equipamento e a quantidade de guarnições dependem da proporção do


incêndio e da situação do local do incêndio.

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O Comandante da emergência deve ter em mente:

g) Nunca deixe como guarda um único bombeiro. No mínimo, uma


guarnição de dois bombeiros;
h) Determine o responsável pela guarnição e dê-lhe uma missão;
i) Deixe para a guarnição suficientes equipamentos para extinção de
possíveis focos. Na maioria das vezes um esguicho de 1 ½” é suficiente;
• Lembre sempre da iluminação para a noite;
• Se o trabalho for demorado providencie rendição; e
• Retire a guarda somente quando estiver convencido que não existe
mais perigo.

Outro assunto de grande relevância, diz respeito à segurança no local de


incêndio, onde foram abordados aspectos que devem ser observados, visando a
garantia da integridade física dos bombeiros no atendimento da emergência. Não há
dúvida de que o elemento humano, ou seja, o próprio bombeiro, é a mais importante
arma para que a vitória contra o fogo seja alcançada, possibilitando o vencimento das
batalhas do dia-a-dia e, conseqüentemente, dessa “guerra" contra os incêndios,
cumprindo com a missão de preservação da vida, do meio-ambiente e do patrimônio.

Condições perigosas da edificação

Antes do início do rescaldo, é imprescindível verificar as condições de


segurança da edificação. A intensidade do fogo e a quantidade de água utilizada no
combate ao incêndio são fatores importantes para se determinar essas condições. O
fogo pode afetar partes estruturais da edificação, diminuindo sua resistência; a
utilização de água em grandes quantidades implica em peso adicional sobre pisos e
paredes.

247
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Há outros fatores que resultam em condições inseguras ao rescaldo, tais como:

Detecção e extinção de focos ocultos

A detecção e a extinção de focos são procedimentos essenciais para o rescaldo.


Requerem do bombeiro conhecimento, atenção e persistência. O bombeiro só deve
abandonar esse serviço quando tiver certeza da completa extinção do fogo. Rescaldo
apressado ou mal feito pode exigir o retorno ao local sinistrado, o que demonstrará a
ineficiência do serviço.

Pode-se detectar focos ocultos visualmente, por toques e sons.

Visualmente, observando-se se há:

• material descolorado;
• pintura descascada;
• saída de fumaça pelas fendas;
• rebocos trincados;
• papel de parede ressecado e/ou chamuscado.
• Por meio de toques,sentindo a temperatura das paredes ,pisos e outros
materiais.

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• Ouvindo os sons, procurando identificar estalos característicos de materiais


queimando, chiado de vapor.

É importante em um rescaldo ter paciência para verificar todas as possibilidades


de focos de incêndio escondidos.
É imprescindível, na pesquisa de focos ocultos, a verificação sistemática e
contínua para se determinar se houve propagação do fogo para outros compartimentos
da edificação ou para outras edificações. Verificando-se que houve propagação, é
preciso saber as maneiras pelas quais o fogo se propagou.
Deve-se dar atenção especial ao madeiramento de telhado e pisos, devido à
facilidade que estes têm de conduzir o fogo de um ambiente para outro.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Havendo suspeita de focos em espaços ocultos sob pisos, acima de forros ou


entre paredes e divisórias, deve-se abri-los.
O método de abertura de forro consiste em destacá-lo da estrutura de
sustentação. Quando puxar o forro, o bombeiro deve posicionar-se distante da
abertura, de onde poderão sair estilhaços. Não se deve realizar esta operação sem
estar usando equipamento de proteção adequado (capa, luvas, capacete, máscara,
etc.).

Extinguindo Focos de Incêndio

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Manter sempre uma linha de ataque armada para extinção de focos ou para
qualquer eventualidade.Havendo necessidade do uso de água, deve-se fazê-lo em
pequena quantidade,sempre tomando cuidado para não prejudicar a perícia do
incêndio.
Durante o rescaldo é comum descobrirmos pequenos objetos queimando.
Devido ao seu tamanho e condições do local, é melhor colocá-los em um recipiente
com água que molhá-los com jatos. Lavatórios, pias, bacias e tanques são muito úteis
para isso. O bolsão também pode ser usado como recipiente para este fim.Os móveis
grandes, como sofás, camas e estantes, deverão ser removidos para fora do ambiente,
onde possíveis focos poderão ser facilmente extintos.

É indispensável à utilização de EPIs, inclusive aparelho de proteção respiratória,


nas operações de rescaldo.

Inspeção Final

A inspeção final tem por objetivo:

• Assegurar que a causa do incêndio está totalmente eliminada;


• Verificar se o rescaldo foi totalmente realizado;
• Avaliar a eficiência do rescaldo;

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

• Verificar as condições finais de segurança do local sinistrado.


• Durante esta inspeção, verifica-se se ainda há necessidade de escoamento da
água ou remoção de escombros e limpeza. O local deve ser deixado nas
melhores condições de segurança e habitabilidade. Somente então o
equipamento é recolhido.

Proteção e Preservação do Local Sinistrado

Durante o combate ao incêndio e rescaldo, o bombeiro deve ter duas


preocupações:

• Manter as evidências das causas do fogo onde foram encontradas, sem tocá-las
e sem removê-las, se possível;
• Identificar, remover e guardar, em segurança, evidências que não possam ser
deixadas no local.

É importante lembrar que resíduos ou objetos parcialmente queimados podem


ser evidências para a perícia determinar as causas e os efeitos do incêndio. O
bombeiro que detectar evidências de incêndio criminoso deve preservar o local,
proteger a evidência e comunicar imediatamente a descoberta a seu chefe imediato.
Não alterar as evidências mais do que o absolutamente necessário à extinção
do incêndio.
Não usar água em excesso, o que pode destruir a evidência, além de significar
gasto desnecessário.
Após a preservação do local e proteção das evidências, os escombros devem
ser removidos para prevenir possível reignição. Qualquer material não danificado pelo
fogo deve ser separado e limpo.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Os escombros devem ser colocados em local adequado, fora da área do


incêndio, evitando-se deixá-los na calçada ou na rua.
Especial cuidado deve ser tomado em locais onde se encontram livros
contábeis, notas fiscais, recibos e outros documentos. A remoção deve ser ordenada
— mantendo o material arrumado e separado — e a extinção,criteriosa, para não
causar danos maiores. Lembrar que esse tipo de material pode também ser evidência
de incêndio criminoso.
Com o intuito de preservar evidências e evitar acidentes, deve ser
absolutamente proibida a presença de qualquer pessoa estranha ao serviço de
combate a incêndio, com exceção das autorizadas pelo Comandante da operação, e
devidamente acompanhadas por um bombeiro.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Equipamentos do Rescaldo

Muitos dos equipamentos usados para o rescaldo são os mesmos que os


utilizados para outras operações de bombeiros. A seguir são apresentados alguns
equipamentos próprios para estas operações.

• Croque

Para abrir teto, verificando a extensão do incêndio e removendo forros em


brasa.

• Machado e alavanca

Para abrir paredes e pisos.

• Pá, gadanho e enxada.

Para remover materiais em fardos ou soltos

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• Bomba costal e mochila antincêndio com bico aerador

Para aplicação de água ou espuma para combate direto aos incêndios, rescaldo
e construção de aceiros úmidos;

• Abafadores

Para auxiliar no combate aos incêndios de menor intensidade, no ataque direto e


rescaldo.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Limpeza e manutenção dos equipamentos

A ação do incêndio sobre os equipamentos de bombeiros pode ser danosa se


não há um cuidado especial logo após o seu uso. Entre os cuidados necessários,
destaca-se a limpeza de todo o equipamento.
Para a limpeza dos equipamentos de rescaldo, usam-se somente jatos d’água e
escova dura. Apenas os materiais extremamente sujos devem ser esfregados com
detergente neutro e enxaguados abundantemente. A limpeza deve ser feita antes que o
material seque, evitando a impregnação de fuligem ou produtos químicos.
Antes de guardado ou dobrado, o equipamento deve ser bem seco. A umidade é
nociva, podendo causar-lhe ferrugem, bolor ou mofo.
Devem-se fazer inspeções periódicas, especialmente após o uso, visando
localizar danos ou irregularidades no material. Se possível, deve-se realizar reparos
necessários.
A manutenção dos equipamentos deve ser:
• Preventiva: lubrificando, colocando em uso ou simplesmente limpando;
• Corretiva: executando os reparos necessários.

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MÓDULO XVII
Incêndio em Edificações Altas

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Introdução
Este módulo destina-se a ocorrências em edifícios altos, tanto de natureza
comercial como residencial e mista.

DEFINIÇÕES / NOÇÕES GERAIS

A altura de um edifício não é o único parâmetro para avaliação e definição de


"Edifício Alto", outros fatores influentes foram levados em conta, tais como: o tipo da
ocupação, área construída, número de ocupantes e a existência de meios para
proteção, fuga e combate, sendo assim, definimos:

Edifício Alto - É aquele inatingível, na sua totalidade, por equipamentos


manuais do corpo de bombeiros, operados ao nível da rua.
Proteção Contra Incêndios - Este tipo de edificação, em razão de suas
características construtivas e das normas de proteção contra incêndio, deverá possuir
além da Proteção Passiva (estrutural), também a Proteção Ativa (extintores,
hidrantes, sprinklers, detectores, alarmes, iluminação de emergência e sinalização),
equipamentos dos quais o bombeiro poderá lançar mão para efetuar o combate.
A estrutura normalmente é de concreto armado, existindo porém, algumas
edificações cuja estrutura é metálica.
De acordo com o Decreto Estadual Nº 38069/93 - Especificações para
Instalações de Proteção Contra Incêndios do Corpo de Bombeiros - as edificações com
altura superior a 12m deverão possuir escadas de segurança, que deverão ser
utilizadas pelos ocupantes do edifício em uma situação de emergência. A escada de
segurança tem seus acessos protegidos por portas corta fogo (PCF), as quais
impedem, por um determinado tempo, a propagação de fumaça e calor entre os
pavimentos da edificação (evitando-se o efeito "CHAMINÉ").

Material Necessário

Viaturas de Intervenção Operacional, com equipamentos e guarnições.


Os equipamentos mais usados são: máscaras autônomas, equipamentos
hidráulicos (mangueiras, esguichos, conexões e chaves), equipamentos para entradas

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

forçadas (malho, alavancas e machados), iluminação, equipamentos de proteção


individuais (luva, capa, capacete, bota), hand talk, cinto Ziegler,etc

Cuidados

A visualização do local de incêndio poderá ser enganosa, principalmente em


edifícios de grande estrutura.
As informações recebidas por terceiros podem ser imprecisas.
Os dispositivos eletromecânicos ligados ao sistema de alarme contra incêndios
podem ser ativados em pavimentos distantes do local incendiado.
A proteção ativa contra incêndio pode apresentar-se em mau estado de
conservação ou inexistente, e a proteção passiva, devido a grande faixa etária de
construção de várias edificações, não existe.
A carga incêndio existente nas edificações de ocupação comercial
(principalmente os escritórios) é muito alta, favorecendo a rápida propagação do fogo e
grande geração de fumaça. A fumaça e o fogo podem espalhar-se, através de dutos de
exaustão e sistema de ar condicionado, para outras dependências da edificação,
colocando em perigo os ocupantes de áreas seguras.
Quanto maior o incremento da fumaça, menor será a visibilidade, a qual durante
o início do incêndio pode ser reduzida apenas à altura dos pés.
Durante as operações de combate ao incêndio, portas devem ser abertas
cuidadosamente, devendo ser fechadas rapidamente, para interromper o suprimento de
ar para as áreas de extremo calor.
Em edifícios fechados, o calor poderá crescer a ponto de tornar-se insuportável,
pois a faixa de temperatura tolerável é de 40º à 150º C, se o ar estiver seco e uma faixa
menor quando existe umidade na atmosfera. O ser humano não pode inspirar mais que
duas ou três vezes o ar quando saturado, pois haverá sérias conseqüências.
A rápida e adequada ventilação é imprescindível para livrar alguém do edifício,
facilitando na completa extinção, nos trabalhos de rescaldo e ajudando na troca
térmica.
O incêndio produz inúmeros tipos de gases tóxicos, sendo o mais comum o
monóxido de carbono.
Cuidado com o pânico que pode ser gerado pelas pessoas que tentam sair da
edificação em chamas.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Pode ocorrer o BACKDRAFT, explosão ou combustão repentina dos gases


quentes gerados pela introdução de grande quantidade de oxigênio no interior de um
ambiente, onde a falta de exaustão da fumaça mantém o local com pouca ventilação.
Pode ocorrer o FLASHOVER, estágio do incêndio onde a superfície de todos os
materiais é elevada ao seu ponto de ignição e entram em combustão quase que
simultaneamente.
O combate a incêndio em edificações é mais eficiente quando efetuado em seu
interior (direto, indireto ou combinado), favorecendo assim uma rápida extinção, pois o
objetivo principal é garantir as vias de fuga.
O ataque externo, devido ao jato d'água deslocar grande quantidade de calor e
fumaça para dentro do prédio, deverá ser feito só quando da certeza de estar
desocupado.
O acúmulo excessivo de água agrava os danos, principalmente às estruturas,
podendo provocar o colapso destas.
O calor altera as propriedades físicas dos materiais, enfraquecendo as estruturas
metálicas e ferragens usadas em lajes, pela deformação, levando ao colapso da
estrutura ou provocando a queda de objetos ( luminárias, placas de reboco, prateleiras
etc.) ruptura de dutos ( água, gás e instalações elétricas).
Deve ser cortado o fornecimento de gás e energia elétrica conforme a
necessidade (compartimento, pavimento ou de todo o edifício), evitando assim a rápida
progressão do fogo, uma explosão ou choque elétrico.
Edificações em construção ou abandonadas podem ser verdadeiras armadilhas,
apresentando escadas e pisos inacabados, sem vedações e poço de elevadores,
shafts elétrico e hidráulico abertos, que poderão causar acidentes de quedas. Este tipo
de edificação, às vezes, são ocupados por funcionários ou "sem-tetos", que vivem
precariamente, improvisando cômodos pequenos e divididos, com materiais de fácil
combustão (madeiras, plásticos, tecidos etc.). Nesses casos, não adentrar sem
iluminação e ancoragem.

Procedimentos Operacionais

- Estacionar a viatura e acoplar linha de 2 ½" no registro de recalque ou


hidrante mais próximo do edifício sinistrado ou armar linha adutora.

260
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

As viaturas deverão posicionar-se a uma distância segura da edificação


sinistrada, deixando livre o acesso para outras viaturas que venham apoiar a
ocorrência. O local de estacionamento deverá ser devidamente isolado e sinalizado, a
fim de evitar acidentes e interferência de populares.
A viatura Auto - Bomba deverá pressurizar a rede de hidrantes através do
registro de recalque, com a utilização de adutora. Caso não haja registro de recalque
ou a sua localização não seja possível, ou esteja sem condições de uso por falta de
manutenção, a rede poderá ser pressurizada através do primeiro hidrante. Para tal,
quando se tratar de rede de incêndio com adaptações tipo engate rápido de 38mm,
conectar uma adaptação rosca fêmea para engate rápido em 63mm, retirando a de
38mm. A pressão da água na ponta do esguicho deve ser compatível com a
necessidade da ocorrência, entretanto não deixe de considerar a perda de carga desde
a expedição da bomba até o incêndio.
A adutora poderá ser armada pelo corpo de escada, suspensa ou através de
viatura aérea, conforme manual básico.
Existindo rede de sprinklers na edificação, a guarnição de Auto - Bomba, deverá
armar adutora ligando as expedições da viaturas ao registro de recalque da rede de
sprinklers. A rede deverá ser pressurizada somente quando for notada ineficiência no
combate ao incêndio. Já iniciado pelos chuveiros automáticos. Neste caso, o Auto -
Bomba deverá recalcar água com pressão compatível com a ocorrência levando em
consideração a perda de carga decorrente da metragem e diâmetro dos condutores e
quantidade de "bicos de sprinklers” em ação. As válvulas de comando do sistema
somente deverão ser fechadas após a extinção do fogo ou se estiverem ocorrendo
danos ou desperdício de água. Caso não seja possível fechar a válvula de comando,
deve-se utilizar bloqueadores de chuveiros automáticos. A interrupção do
funcionamento do sistema somente poderá ser feita após o Comandante da Operação
verificar a extinção do incêndio. Após o término dos serviços de combate a incêndio o
sistema deve ser colocado em condições de operação, sendo os chuveiros utilizados
substituídos por outros do mesmo tipo.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

A rede de hidrantes deve ser pressurizada pelo registro de recalque.

O abastecimento poderá ser feito a partir de hidrantes públicos, viaturas de


transporte de água, através de sucção em mananciais ou em reservatórios de
edificações próximas ao sinistro.
O hidrante público é a fonte mais utilizada, principalmente nos centros urbanos.
Utiliza-se o hidrante público para abastecimento acoplando-o ao Auto Bomba por meio
de mangueira ou mangote.O uso da mangueira será determinado pela vazão do
hidrante. Se a vazão do hidrante for superior àquela exigida para o combate ao
incêndio, pode-se utilizar a mangueira, caso contrário deve-se utilizar o mangote.
Quando a rede pública for insuficiente ou inexistente, deverá ser utilizado
abastecimento alternativo, como:
a) Veículos de transporte d'água.
b) Mananciais (rios, lagos, reservatórios públicos, piscinas), sendo o
abastecimento realizado por sucção com emprego de bomba e alguns acessórios
hidráulicos. A bomba (do ABT ou Moto Bomba) é posicionada junto ao manancial,
onde se acopla um mangote com filtro e válvula de retenção; e
c) O uso de água dos reservatórios das edificações próximas ao local sinistrado.
Este procedimento poderá ser executado conectando-se uma mangueira (adutora) ao
recalque ou na impossibilidade, ao primeiro hidrante do edifício à viatura de
abastecimento, atentando para a troca de adaptações. Neste caso deve ser
especificado em relatório o volume de água utilizado.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Abastecimento em hidrante público

- Analisar a situação, verificando a possibilidade de armar linha de


proteção para evitar propagação do incêndio aos edifícios adjacentes ao
sinistrado.

A proximidade de edificações é um fator preocupante que favorece a rápida


propagação de um incêndio. O Comandante da primeira guarnição que chegar ao local,
deve avaliar de imediato este risco, armando linha de proteção aos edifícios
adjacentes, cumprindo desta forma a fase tática de isolamento.

A proximidade de edificações favorece a propagação do incêndio

- Solicitar apoio de pessoal, viaturas, equipamentos, outros órgãos e


suprimento de água, conforme informações iniciais do local.

O incêndio em edifícios altos é amplamente desfavorável, pelo menos nos


primeiros momentos, às guarnições do Corpo de Bombeiros. Dentre as dificuldades
podemos citar:

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

- Maior demanda de equipes para o salvamento e combate;


- Dificuldade de acesso operacional, conseqüentemente as guarnições
levarão mais tempo para chegar ao andar sinistrado;
- Dificuldade de abastecimento;
- Dificuldade de comunicação.
Considerando tais aspectos, o Comandante da Guarnição deverá transmitir, via
rádio ao COBOM as informações à primeira vista da situação, tais como:
comportamento dos ocupantes da edificação, volume de fogo e fumaça e a
necessidade de meios de apoio (pessoal,viaturas e suprimento de água).
Assim que a situação estiver controlada o COBOM deverá ser informado tão logo
seja possível.
A comunicação é fator imprescindível no teatro das operações, por isso as
mensagens devem ocorrer entre o Comandante das Operações e as equipes de
trabalho de maneira ordenada, evitando a simultaneidade e demora na transmissão de
mensagens, bem como deverá se processar de maneira hierárquica evitando que
essas mensagens sejam transmitidas diretamente ao COBOM sem passar pelo
Comandante de operações.

A comunicação é essencial nas operações.

- Penetrar no local, com EPI e EPR, cabos, mangueiras de incêndio de


38mm, esguichos reguláveis de 38mm, lanternas, machados, HT(s)

O ambiente de trabalho dos bombeiros exige a utilização de EPI e EPR. As


possíveis lesões poderão ser reduzidas se tais equipamentos forem utilizados
adequadamente. A previsão de uso do EPI e EPR não garantirá por si só a segurança
do bombeiro. Todo equipamento tem o seu limite de segurança, o qual deve ser
conhecido para que o seu grau de proteção não seja ultrapassado quando de sua

264
Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

utilização. O treinamento e a manutenção adequada destes equipamentos proverá uma


proteção excelente.

O uso de EPI e EPR adequadamente garantirá a segurança do Bombeiro.


- Imobilizar os elevadores no andar térreo, mantendo-os com portas
abertas.

Os elevadores deverão ser trazidos para o pavimento térreo e controlados pelo


Corpo de Bombeiros.

NOTA: Considerações sobre Elevadores:

a) Possuem componentes elétricos e/ou eletrônicos que são facilmente


danificados quando atingidos, mesmo que por pouco tempo ou pequena quantidade,
pelo calor ou água, provocando sua parada e impossibilidade de saída, a não ser por
ajuda externa, dos seus ocupantes;

O elevador para uso em emergência, deve possuir dispositivo de manobra


manual e alimentação de energia independente, por gerador, o que é muito pouco para
garantir o seu emprego em caso de incêndio, haja visto que, alguns itens importantes
como enclausuramento da caixa de corrida e casa de máquinas por paredes
resistentes a 4 horas de fogo e a abertura de suas portas metálicas para antecâmara
ventilada ou varanda, hall enclausurado e pressurizado, ou patamar de escada
pressurizada, ou ainda, local análogo do ponto de vista de segurança contra fogo e
fumaça, são desprezadas e deixam de existir, comprometendo a sua confiabilidade.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

b) Mesmo que o elevador seja efetivamente de segurança ou emergência, ou


seja, que, comprovadamente atenda a todos os itens da legislação mais exigente, o
bombeiro não possui nenhuma forma confiável e rápida de constatar a sua segurança,
portanto, o uso do elevador comum não é aconselhável e o de emergência ou
segurança deverá ser operado pelo bombeiro e utilizado após, rápida análise, ter
constatado que não há probabilidade do calor ou água atingi-lo, restringindo seu
percurso de utilização até dois pavimentos abaixo do pavimento sinistrado.

- Controlar as fontes de energia do edifício (GLP, Energia Elétrica, Ar


Condicionado e outros).

Desenergizar apenas o compartimento em emergência a fim de não prejudicar o


andamento dos procedimentos de rotina da edificação. Caso não seja possível
desenergizar o pavimento, sendo que só em último caso a energia elétrica de toda
edificação deverá ser cortada.
De acordo com as necessidades da emergência o abastecimento de gás de rua
ou de baterias deverá ser cortado, bem como manter o controle do sistema de ar
condicionado.

Controlar as fontes de energia do edifício

- Realizar criterioso trabalho de busca e exploração sempre usando cabo


guia.

O reconhecimento, salvamento e exploração deverão ser executados pela


primeira guarnição que chegar ao local de ocorrência.
A fase tática de salvamento consistirá na remoção de pessoas do local de risco e
sua colocação em lugar seguro. Quando o bombeiro entra num local em chamas para
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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

executar um trabalho de salvamento, primeiramente precisa levar em conta sua própria


proteção. Para se proteger do calor e das chamas deve usar roupas adequadas. O uso
de equipamento autônomo de proteção respiratória deve ser estabelecido como regra.
Cabos-guia presos ao corpo de um bombeiro e uso de iluminação são imprescindíveis
quando um salvamento precisa ser feito no escuro ou em situação perigosa.
Ferramentas de entrada forçada são necessárias para o bombeiro chegar à
vitima e sair do ambiente com segurança.
Rádios portáteis são importantes no serviço de salvamento, pois todo homem
deve ter sua localização conhecida.
Jatos de água podem ser utilizados para proteção de bombeiros e vítimas, pois
poderão ficar retidos numa edificação em chamas e ter seus meios de fuga normais
obstruídos pelo fogo.
Devem ser obedecidos os seguintes procedimentos de busca e salvamento para
se localizar e remover vítimas, com sucesso, rapidez e segurança:
- usar sempre aparelhos de proteção respiratória quando executar busca e
salvamento num incêndio. Lembrar que a maioria das vítimas perdem a vida ou sofre
graves lesões, devido a intoxicação por monóxido de carbono (CO);
- sempre trabalhar em duplas;
- se o local for escuro e perigoso utilizar lanterna, cabo-guia e mosquetão preso
ao cinto;
- Observar a parte exterior do prédio antes de entrar, localizar mais um meio de
fuga;
- antes de entrar no prédio, procurar se informar se outros bombeiros já estão
efetuando salvamento ou combate ao fogo.
- uma vez dentro, a visibilidade será a pior possível se não visualizar os pés não
permanecer em pé. Proceder às buscas em quatro apoios, começando sempre que
possível, pela parede que dá para o exterior, isso possibilitará a localização de janelas
e portas permitindo sua abertura.
- quando houver muita fumaça e pouca visibilidade, subir e descer escadas
apoiando-se sobre as mãos e joelhos, mantendo a cabeça elevada, de vez em quando
suspender as buscas e ouvir pedidos de socorro ou outros sinais, como choro, tosse ou
gemido. Confirmado o pedido de socorro ir até a vítima, não tentar orientá-la apenas
verbalmente;

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

Uma busca adequada garantira uma cobertura completa do ambiente

- Sinalizar os locais vistoriados, demarcando acessos e porta dos


compartimentos.

- após ter dado busca num cômodo, deixar algum sinal indicando que o ambiente
foi vasculhado, cadeiras de pernas para cima, colchões enrolados e portas de armários
abertas. Por exemplo: Fechar a porta de entrada, ao sair do cômodo, para dificultar a
propagação do fogo;
- fazer uma marca visível na escada para indicar que um pavimento de um
prédio já foi vistoriado e assim que uma vítima for resgatada, deixá-la sob
responsabilidade de um bombeiro de modo que ela não tente entrar novamente no
prédio, qualquer que seja o motivo.

O Bombeiro deve sinalizar o local vistoriado

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

- Promover abandono de edifício, com a retirada de sua população, se


necessário.

Os edifícios modernos são construídos com escadas protegidas. dotadas de


portas corta - fogo, provendo saída suficiente para todos os ocupantes do prédio.
Porém na impossibilidade ou inexistência destas, escadas mecânicas, plataformas
áreas, equipamentos de descida, escalagem e helicópteros providos de equipamentos
de resgate, podem ser utilizados no salvamento de vítimas.

Salvamento com cabos

- Determinar ao operador da bombas, a vazão e pressão necessárias para atingir o


pavimento incendiado.

O Comandante da guarnição ao determinar a pressão necessária para o


combate deve levar em consideração, dentre outros fatores, a perda de carga, que
pode ser definida como aquela parte da pressão total utilizada para superar o atrito
resultante do recalque da água através da mangueira ou tubulação. A diferença de
pressão em um lance de mangueira entre o esguicho e a bomba é um bom exemplo de
perda de carga.
São vários os fatores que causam a perda de carga, tais como:
- Comprimento da mangueira (quanto maior o comprimento, maior será a perda
de carga);
- Velocidade da água;
- Diâmetro da mangueira;
- Estrangulamento de mangueiras;
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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

- Acoplamentos amassados;
- Dobras acentuadas; e
- Desnível de recalque.

Exemplos:
Para mangueira de 30m de 38mm a perda de carga de 30 PSI (2,l Kg/cm2),
corresponde a vazão de 100 GPM ( 380 LPM ).
Para mangueira de 30m de 63mm a perda de carga de 3PSI (0,2 Kg/cm2)
corresponde a vazão de 100 GPM (380 LPM).
A perda de pressão por elevação de 5 PSI ( 0,35 Kg/cm2 ), correspondente a um
desnível de 3m.

- Realizar as ações de ventilação natural ou forçada no edifício.


A fase tática de ventilação deverá ser colocada em prática durante todo o
desenrolar da ocorrência a fim de facilitar o abandono do pavimento sinistrado,
propiciar o desdobramento das fases táticas e técnicas de combate a incêndio,
evitando que a fumaça se propague para as demais dependências da edificação.

Ventilação forçada com uso de jato d'água na forma de neblina.

- Armar, no mínimo, 2 (duas) linhas face as condições de combate e de


proteção.

Dando-se início a fase tática de combate a incêndio, a guarnição se desloca até


o pavimento onde se localiza o fogo e procede a armação de duas linhas, face às
condições de combate e de proteção.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

A forma de extinção a ser utilizada (ataque direto, indireto ou combinado) deverá


ser determinada pelas condições do ambiente.
O mais eficiente uso de água em incêndio em queima livre é o ataque direto. O
bombeiro deverá estar próximo ao incêndio, utilizando jato contínuo ou chuveiro (30º ou
menos), sempre concentrando o ataque à base do fogo, até extinguí-lo. Em locais com
pouca ou nenhuma ventilação, o bombeiro deverá usar jatos intermitentes e curtos até
a extinção. Os jatos não devem ser empregados por muito tempo sob pena de
perturbar o balanço térmico. O balanço térmico é o movimento dos gases aquecidos
em direção ao teto e a expansão de vapor d'água em todas as áreas, após a aplicação
dos jatos. Se o jato for aplicado por muito tempo, além do necessário, o vapor
começará a se condensar causando a precipitação da fumaça ao piso e por sua
vagarosa movimentação haverá perda da visibilidade, ou seja, os gases aquecidos que
deveriam ficar ao nível do teto tomarão o lugar do ar fresco que deveria ficar ao nível
do chão e vice-versa.
O ataque indireto consiste na estabilização do ambiente através da vaporização
da água, sendo que os focos de incêndio poderão ser visualizados mais nitidamente
facilitando o combate direto.
No caso do incêndio estar em local confinado sem risco de explosão ambiental,
mas com superaquecimento do ambiente, que permite a produção de vapor para
auxiliar a extinção (abafamento e resfriamento), usa-se o ataque combinado. O ataque
combinado consiste na técnica da geração de vapor combinada com ataque direto à
base dos materiais em chamas. O esguicho, regulado de 30º a 60º, deve ser
movimentado de forma a descrever um círculo, atingindo o teto, a parede, o piso, a
parede oposta e novamente o teto. No ataque combinado os bombeiros devem ficar na
posição que caracteriza este ataque. Quando não houver mais geração de vapor
utiliza-se o ataque direto para extinção dos focos renascentes.

A aplicação correta de jatos d'água garante uma extinção mais rápida

- Realizar as ações de proteção de salvados, com vista às áreas não


atingidas, aos materiais e escoamento das águas represadas no pavimentos.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

A proteção de salvados deverá ser levada a efeito durante todo o desdobrar da


ocorrência, visando diminuir os danos causados pelo fogo, pela água e pela fumaça
durante e após o combate ao incêndio. Este procedimento operacional compreende
diversas ações, tais como, cobertura de objetos, escoamento de água, secagem,
remoção de materiais, etc.

- Realizar as ações de rescaldo, nas áreas atingidas

Na fase tática de rescaldo deverão ser adotados todos os procedimentos para


localizar focos de incêndio ou brasas, visando impedir que o fogo volte após estar
dominado. Deve-se realizar a remoção e não a destruição dos materiais, se possível
recuperar o local.
Antes do início do rescaldo é imprescindível verificar as condições de segurança
das edificações. A intensidade do fogo e a quantidade de água utilizada no combate ao
incêndio são fatores importantes para se determinar estas condições. A intensidade do
fogo afetará partes da estrutura, diminuindo sua resistência, a quantidade de água
determinará peso adicional sobre os pisos e paredes. Há outros fatores que resultam
em condições inseguras ao rescaldo, tais como:
- concreto rompido ou cisalhado pela ação do calor;
- madeiramento do telhado ou piso queimado;
- pisos enfraquecidos devido à exposição de vigas de sustentação ao calor e a
choque térmico durante o combate ao incêndio;
- revestimento (reboco) solto devido à ação do calor;
Uma vez constatadas condições inseguras para a entrada ou permanência no
local, o bombeiro deverá cientificar imediatamente ao comandante da Operação; que
determinará as medidas cabíveis.

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Apostila de Combate Incêndios III Aspirantes 2009 Paraná

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