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RESENHA DO ARTIGO: THE CONCEPTO OF BA:

BUILDING A FONDATION FOR KNOWLEDGE CRIATION

Mª de Lourdes Alves Figueiredo, mestranda do PPGTE, disciplina Territorialidade

Nonaka, I., & Konno, N. (1998). The Concept of ba: Building a Foundation for Knowledge
Creation. California Management Review, 40(3), 40–54. https://doi.org/10.2307/41165942

O artigo foi escrito, em coautoria, por Ikujiro Nonaka e Noboru Konno.


Nonaka, com um extenso currículo, é Professor Emérito da Universidade Hitotsubashi, em
Tóquio, conselheiro executivo na Japan-America Institute of Management Science – JAIMS,
recebeu honras acadêmicas em mais de dez instituições, publicou dezenas de artigos e livros
sobre gestão organizacional, gestão do conhecimento, administração, etc. Konno, é professor
na New Era Office Center, no Instituto de Tecnologia de Quioto e na Tama Graduate School of
Management and Information Science, presidente da Knowledge Innovation Research
Organization – KIRO e Assessor da Nikken Sekkei. Ph.D. (Management Information Science).

Os autores iniciam o texto com questionamentos a respeito da gestão de


conhecimento e indicam a intenção de construir, a partir do conceito de ba (um espaço não
necessariamente circunscrito, de afloramento do conhecimento), um Modelo de Criação de
Conhecimento.

Há o desejo de provocar, especialmente no homem ocidental, o desapego, o


afrouxamento dos padrões cristalizados por uma cultura em que predomina o pensamento
linear-cartesiano. Os autores nos apresentam em ba a possibilidade de um compartilhamento
de experiências agindo como estímulo no construto de conhecimentos, um mecanismo
retroalimentado que transcende os próprios limites lineares alcançando a criatividade, gerando
novos conhecimentos. Esse tipo de conhecimento é intangível e dinâmico que, sem aplicação
em sua finalidade, perde seu valor. Salienta-se que conhecimento fora do ba é tangível,
considerado informação. Ba constitui-se em ambientes físicos ou não, entre indivíduos, entre
grupos e no próprio indivíduo com seu entorno. Os autores nos apresentam também o basho,
como uma espécie de coletivo de ba, ou seja, o ba para o indivíduo é a equipe e para esta é a
instituição, onde todos juntos formam o basho.

Em uma das mais conhecidas teorias da Gestão do Conhecimento, a “Espiral


do Conhecimento”, o texto mostra as diferenças entre dois tipos de conhecimento, tácito (CT)
e explícito (CE). Em Nonaka e Tekeuchi (1995) temos as distinções dos dois tipos de
conhecimento. No explícito, ou objetivo, temos a racionalidade do conhecimento (mente),
conhecimento sequencial (lá e então), o conhecimento digital (teoria), conhecimento tácito, ou
subjetivo, conhecimento da experiência (corpo), conhecimento simultâneos (aqui e agora) e o

conhecimento analógico (prática). (Ikujirō Nonaka, Takeuchi, & 竹内, 1995). No esquema

desenvolvido, modelo SECI, a interação dos dois tipos de conhecimento, em um movimento


ascendente, sequencial e evolutivo, agrega conhecimento através de padrões de conversão. Ou
seja, a Socialização, pelo compartilhamento de CT entre os indivíduos; a Externalização, que é
a tradução do conhecimento tácito para entendimento dos outros; a Combinação, que envolve
mudança do CE em mais blocos de CE, conforme o texto, nesta etapa existem problemas na
comunicação e na difusão e extensão do conhecimento; e a Internalização, que é a criação de
novo CT a partir dos CE combinados. Nonaka e Konno caracterizam de maneira mais profunda
o conceito de ba, ao valorar os sentimentos positivos relacionados ao próximo, como cuidados,
generosidade e confiança, e a proximidade entre os indivíduos para a efetivação do
compartilhamento em ba.

A tecnologia, segundo os autores, fornece importantes ferramentas na


construção de um ba. O ambiente virtual, Cyber ba, é um facilitador que permeia e potencializa
o processo de comunicação organizacional, em uma combinação do novo CE com informações
já existentes e seu compartilhamento.

Aplicando o conceito ba para empresas, os autores indicam a necessidade de


desenvolver processos organizacionais que criem um ambiente favorável para o diálogo. Eles
citam os exemplos da Sharp e Toshiba, que desenvolveram um ba para “promover a
concentração orgânica de conhecimento e criação de conhecimento” (Ikujiro Nonaka & Konno,
1998) e da empresa Maekawa Seisakusho, que foi criada no conceito ba e conta com um
complexo de instituições independentes, formando um basho, que inclui o feedback dos
clientes. Por meio de infográficos e outras informações, o artigo descreve a ideia das estratégias
empresariais para “criação de conhecimento” nas três instituições.

Concluindo, a Sharp utiliza como plataforma ba uma equipe, a Toshiba uma


divisão na organização e a Maekawa Seisakusho criou uma cultura organizacional baseada em
ba. Nonaka e Konno afirmam que a base orgânica para a criação de conhecimento é um
processo cíclico de recursos que inclui um retorno do mercado. Para ser um processo bem
sucedido, é necessário que um líder idealista complete uma equipe e todos assumam a gestão
de modo responsável, justificado, com apoio financeiro e carinho, além de contar com o
entendimento dos níveis hierárquicos mais altos da necessidade de manutenção deste processo.

REFERÊNCIAS

Nonaka, I., & Konno, N. (1998). The Concept of “Ba”: Building a Foundation for Knowledge
Creation. California Management Review, 40(3), 40–54.
https://doi.org/10.2307/41165942
Nonaka, I., Takeuchi, H., & 竹内弘高. (1995). The knowledge-creating company : how
Japanese companies create the dynamics of innovation. Oxford University Press.
Recuperado de https://books.google.com.br/books?hl=pt-
PT&lr=&id=tmziBwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PA3&dq=The+knowledge-
creating+company&ots=pS5dJM0DGx&sig=ujEetqIIhUvsFtWH3XFJREmEmOk#v=on
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