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PERFIL DO SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL NA REGIÃO DE MARINGÁ

INOUE, Ronaldo (1); DE MORI, Luci Mercedes M. Sc.(2)


(1)Acadêmico de Engenharia Civil, Participante de Projeto de Iniciação Científica (PIC),
UEM e-mail: ro2edu@uol.com.br
(2) Professora do Departamento de Engenharia Civil, UEM e-mail: ldmori@uem.br

1. INTRODUÇÃO

As transformações nas relações econômicas, sociais, tecnológicas e políticas da sociedade


geram desafios a serem vencidos pelas empresas, exigindo das mesmas mudanças de ordem
tecnológica, econômica/financeira e organizacional para que estas garantam sua
sustentabilidade. De modo geral, as empresas do setor da construção civil não estão alheias a
este processo e, ao longo do desenvolvimento do país, têm se mostrado ativas, transformando-
se e adaptando-se às novas condições que lhe são impostas, embora não o façam na
intensidade e tempo ideal.
Segundo DE MORI (1998), atualmente, os fatores que impulsionam a reestruturação do setor
às mudanças de caráter organizacionais e tecnológicos são:
(1) O subsetor edificações passou de um estado em que seu desenvolvimento era financiado
em grande parte por órgãos governamentais para um estado onde está sujeito à realidade
de mercado. Deste modo, as empresas do subsetor foram impelidas a competir com outros
setores econômicos por recursos de investidores privados e a buscar formas alternativas de
financiamento da produção.
(2) Deslocamento do foco da gestão empresarial dos lucros advindos da administração
financeira para os lucros advindos da produção, devido à estabilidade econômica;
(3) Alteração do perfil do consumidor brasileiro, o qual passou a exigir maior qualidade,
menores preços e menores prazos de entrega. Tal alteração cultural foi influenciada, de
modo geral, pela abertura do mercado nacional, pelo maior acesso à informação, pela
percepção dos desníveis entre qualidade e preço apresentado por diferentes empresas
atuantes no mercado e pela instituição do Código de Defesa do Consumidor;
(4) Proliferação de programas de incentivo à qualidade e à produtividade, por parte dos
governos federal e estaduais e de sindicatos, os quais têm como objetivo fomentar a
incorporação de tais critérios pelas empresas brasileiras;
(5) Instituição da norma regulamentadora NR 18, a qual objetiva melhorar as condições dos
trabalhadores em canteiro de obra em termos de segurança e conforto.
Estas condições promovem novas necessidades e novas regras para o setor. Portanto, cabe às
empresas implementar ações para responder a este contexto que se apresenta, buscando o
aumento de sua competitividade.
Atualmente, as empresas do setor tem se mobilizado na busca de soluções que melhorem a
produtividade e a qualidade de seus produtos. Os esforços desenvolvidos por empresas,
entidades de classe, indústrias de materiais e componentes e instituições de ensino e pesquisa
baseiam-se no desenvolvimento de tecnologias, processos e materiais, na racionalização dos
sistemas construtivos tradicionais, na implementação de sistemas de controle de qualidade e
na incorporação e adaptação de conceitos, teorias e metodologias gerenciais desenvolvidas
para o ambiente industrial.
Portanto, as empresas têm buscado se adaptar as condições do ambiente em que elas estão
inseridas. Tal ambiente caracteriza-se por estar em constante alteração, ou seja, é
extremamente dinâmico, exigindo das empresas uma elevada capacidade adaptativa como
condição de sobrevivência.
O objetivo natural das empresas é o crescimento e o desenvolvimento, ou seja a evolução e,
segundo PORTER (1986) a evolução é importante estrategicamente porque traz consigo
mudança nas fontes estruturais de concorrência e a concorrência é uma grande
impulsionadora de melhorias nas empresas.
Segundo CHIAVENATO (1999), mudanças têm como desencadeador forças que vem de fora
da organização, as denominadas externas, e forças de alguma parte da organização, as ditas
internas.
Segundo o autor as forças externas provém do ambiente externo, as quais seriam novas
exigências da economia globalizada, da tecnologia, dos consumidores, dos concorrentes, dos
fornecedores, entre outras, e as internas tem origem na organização: decisões e atividades
internas, demandas de novos processos e tecnologias, novos produtos ou serviços, entre
outras.
O processo de mudança se inicia pela análise das forças externas e internas que criam tal
necessidade. A partir deste processo de análise surgem as necessidades percebidas na
organização, as quais baseiam a definição do que deve ser modificado na empresa e por fim a
implantação da mudança. (CHIAVENATO, 1999). Tais mudanças podem ser de ordem
organizacional e/ou tecnológica.
Segundo THIOLLENT (1997) a mudança na empresa visa substituir aspectos da organização
por outros que estejam de acordo com os novos objetivos e valores. Existem vários tipos de
mudanças organizacionais: mudança socio-organizacional, mudança na configuração do
espaço, mudança na estrutura formal, mudança nas relações interpessoais, mudanças nas
regras e critérios de atuação e mudanças referentes a automação e informatização.
Neste sentido, propõe-se o estudo das empresas atuantes na construção civil na Região de
Maringá buscando detectar as mudanças já implementadas por estas empresas e que
contribuem para a modernização do setor, bem como, conhecer as dificuldades e necessidades
vivenciadas, ou seja, as necessidades percebidas na empresa, através da análise que esta faz
das forças internas e internas que interferem na organização e que serão base para a definição
do que deve ser modificado na empresa.
O estudo proposto é também necessário para a criação um banco de informações sobre as
empresas locais de construção civil e dos profissionais de engenharia civil que atuam na
Região.

2. METODOLOGIA

Esta pesquisa está sendo realizada a partir de duas fontes de coletas de dados, sendo elas o
banco de dados do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Estado do Paraná
(CREA–PR), Regional de Maringá, e empresas de construção civil atuantes na Região.
A partir da disponibilização do banco de dados pelo CREA-PR, com dados referentes às
empresas e profissionais que atuam na Região de Maringá, foi possível colher informações
quanto ao número de empresas atuantes, área construída por cada empresa, atividade
desenvolvida pela empresa, número de engenheiros atuantes e data de registro dos
profissionais de engenharia civil.
Com relação aos dados originados pelas empresas, eles estão sendo obtidos através de
questionário, o qual foi elaborado pelos Executores deste estudo conjuntamente com a
Diretoria do Sinduscon–Nor. O preenchimento do mesmo está sendo feito por responsáveis
técnicos das empresas.
O questionário aborda questões relativas ao tempo de vida da empresa, campo de atuação,
forma de contrato de pessoal, área construída, forma de financiamento da produção, processo
construtivo entre outros aspectos que permitirão identificar com mais clareza as características
evolutivas empregadas pelas empresas. As questões abordadas pelo questionário são
apresentadas em anexo.
Os dados obtidos a partir das duas fontes serão analisados e transformados em informações, as
quais serão apresentadas ao setor.

3. RESULTADOS

Por se tratar de uma pesquisa em desenvolvimento, apresenta-se aqui alguns resultados


parciais, advindos do banco de dados fornecido pelo CREA-PR.
As 42 cidades sob jurisdição do CREA-PR, Regional de Maringá, objetos deste estudos, são:
Alto Paraná, Apucarana, Barbosa Ferraz, Campo Mourão, Cianorte, Cidade Gaúcha,
Colorado, Cruzeiro do Oeste, Engenheiro Beltrão, Floraí, Floresta, Goioerê, Iretama, Ivaiporã,
Jandaia do Sul, Janiópolis, Jardim Alegre, Juranda, Kaloré, Loanda, Mandaguaçú,
Mandaguari, Marialva, Maringá, Nova Cantú, Nova Esperança, Nova Londrina, Paraíso do
Norte, Paiçandú, Paranacity, Paranavaí, Peabiru, Planaltina do Paraná, Querência do Norte,
Santa Cruz do Monte Castelo, Santa Fé, Santa Inês, Santa Isabel do Ivaí, São Pedro do Ivaí,
Tapejara, Ubiratã e Umuarama.
O total de empresas atuantes na Região é de 239, distribuídas em 42 cidades, sendo que,
destas, 47 % se concentram na cidade de Maringá, conforme observado na Figura 01.

Jandaia do Sul
Jardim Alegre
Outras 1%
2%
14%
Paiçandú

2%
Maringá Santa Fé
47% 3%

Paranavaí
4%

Cianorte

Campo 6%
Apucarana U m u a r a m a Mourão
9% 6% 6%

Figura 01 – Número de empresas da Região de Maringá


Fonte: CREA – PR, (2000)

Com relação a área média construída por empresa, por ano, observa-se a partir da Figura 02
que entre os anos de 1975 e 1989 cada empresa construiu em média, por ano, uma área de
aproximadamente 30.000 m2. Em 1990 e 1991 este índice sofreu um grande aumento
chegando a atingir um valor de 95.948,36 m2 por empresa por ano. Posteriormente a 1991
ocorreu uma queda significativa na produção das empresas, atingindo o valor mínimo do
período analisado: 1.646,35 m2.
Esta análise leva a crer que nos anos de 1990 e 1991 o setor de construção civil da Região
vivenciava um período de crescimento.
Área média / ano 120.000

100.000 95.948,36

80.000

60.000

40.000

27.548,75

20.000

1.646,35

72 75 78 81 84 87 90 93 96 99

Ano

Figura 02 – Área média construída pelas empresas da Região de Maringá, por ano
Fonte: CREA–PR, (2000)

O número de engenheiros civis registrados junto ao CREA-PR, regional de Maringá é de 969


profissionais.
Considerando o número de engenheiros civis registrados junto ao CREA-PR e a população de
cada cidade, pode-se obter, correlacionando-se estes indicadores, o número de engenheiros
para cada mil habitantes, conforme apresentado na Tabela 01.

Tabela 01 – Número de engenheiros civis para cada 1000 habitantes na Região de Maringá

Cidade Nº de eng. civis Habitantes Nº / 1000 hab.


Maringá 573 291.884 1,96
Paranavaí 48 74.207 0,65
Umuarama 51 85.128 0,60
Nova Esperança 16 27.089 0,59
Campo Mourão 44 80.253 0,55
Apucarana 57 105.067 0,54
Cianorte 24 54.664 0,44
Demais 35 cidades Média: 4,46 Média: 13.038 Média: 0,34
Total 969 1.174.621 0,82
Fonte: CREA–PR, (2000); Paraná Cidade, (2000)

Através da Tabela 01, verifica-se que o maior número de engenheiros civis está concentrado
na cidade de Maringá e, apesar do número de habitantes ser considerável, nota-se uma relação
acentuada de engenheiros por habitantes, quando comparado às demais cidades.
A média da Região é de 0,82 engenheiro civil para cada 1000 habitantes, enquanto que na
cidade de Maringá este índice se eleva para 1,96.

300

Quantidade de Engenheiros 252


250

200 191

179
150
162
148

100

50
3 3 4 26
1
0
1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000
Ano

Figura 03 – Registro de profissionais junto ao CREA-PR, regional de Maringá


Fonte: CREA–PR, (2000)

Com relação a data de registro dos profissionais no órgão regulamentador, observou-se, por
meio da Figura 03, que no período de 1979 a 1985 houve um grande crescimento no número
de registros e, posteriormente a 1985, uma propensão do número de novos registros anuais
permanecerem entre 150 e 200.

4. CONCLUSÃO

De acordo com os resultados já obtidos pela pesquisa, pode-se verificar que o maior
desenvolvimento na área da construção civil, na Região, concentra-se na cidade de Maringá, a
qual reune 47% das empresas e 59% dos engenheiros civis atuantes.
A área média construída por empresa, por ano, foi bastante elevada nos anos de 1990 e 1991,
fato que indica que nesta época houve um crescimento significativo na construção civil na
Região.
Com relação ao número de engenheiros por habitantes, constatou-se que a média da Região é
de 0,82 engenheiro civil para cada 1000 habitantes, enquanto que na cidade de Maringá este
índice se eleva para 1,96.

BIBLIOGRAFIA

CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 5 ed. São Paulo:


Campus, 1999
CREA-PR – Relatório das empresas de engenharia e engenheiros civis atuantes na regional de
Maringá. Curitiba: 2000
DE MORI, Luci M. Análise de fatores de competitividade do subsetor edificação com o uso
do método de matriz de análise estruturada. Florianópolis, 1998. Dissertação (Mestrado
em Engenharia) Departamento de Produção e Sistemas. Universidade Federal de Santa
Catarina.
PARANÁ CIDADE – Municípios do Paraná. Consultado na Internet em 11 de setembro de
2000. http://www.paranacidade.org.br/base/municipios.shtml
PORTER, Michael E. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da
concorrência. Rio de Janeiro: Campus, 1986
THIOLLENT, Michel. Pesquisa-ação nas organizações. São Paulo: Atlas, 1997

ANEXO

Questões abordadas pelo questionário enviado às empresas do setor.

01. Tipos de obras edificadas pela empresa.


02. Área construída pela empresa.
03. Tempo de vida da empresa.
04. Número de funcionários da empresa.
05. Qual a formação da(s) pessoa(s) que toma(m) as decisões na empresa.
06. Fonte de recursos financeiros utilizada pela empresa.
07. As mudanças organizacionais e tecnológicas que têm havido na empresa ocorreram.
08. Quanto ao suprimento, a empresa.
09. Que tipo de controle a empresa utiliza?
10. Quais as inovações tecnológicas implantadas?
11. No canteiro de obras a empresa implantou.
12. Quais as melhorias nas condições de trabalho implantadas?
13. Qual a forma de contratação de mão-de-obra que a empresa utiliza?
14. Quais são os critérios para seleção da mão-de-obra subcontratada?
15. Como é realizado o treinamento fornecido a mão-de-obra pela empresa?
16. Quanto a informática a empresa.
17. Quanto ao aspecto comercial.
18. Quanto à qualidade e produtividade.
19. Quais foram os motivos que levaram a empresa a implantar mudanças?
20. Quais os benefícios advindos das mudanças implantadas?
21. A empresa tem interesse em participar do Programa Brasileiro de Qualidade e
Produtividade no Habitat (PBQP-H)?
22. Quais são os principais problemas e/ou necessidades da empresa, sob o ponto de vista
organizacional e/ou tecnológico? (esta resposta é fundamental para a proposição de ações
que auxiliem às empresas neste sentido)

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