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PAULO SERGIO CREMONA

Advogado OAB/SP 55.753, Faixa preta 5º Dan de Aikido, titular da Cremona Dojo Aikido e
2º vice-presidente da FEPAI - Federação Paulista de Aikido
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CREF NÃO ATUA MAIS


NAS ARTES MARCIAIS
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO - SÃO PAULO DECRETA O FIM DA
INTERFERÊNCIA DO CREF-4/SP SOBRE O AIKIDO E ARTES MARCIAIS EM GERAL

Resumindo o que já foi noticiado nas supracitadas matérias, em junho


de 2003, como advogado da FEPAI- Federação Paulista de Aikido
e da Confederação Brasileira de Aikido- Instituto Takemussu Brazil
Aikikai, promovi ação ORDINÁRIA contra o CREF-4/SP- Conselho
Regional de Educação Física do Estado de São Paulo, perante o MM.
Como já é do amplo conhecimento Juízo Federal da 19ª Vara Cível da Seção Judiciária de São Paulo,
processo nº 2003.61.00.016690-1, objetivando a declaração por
dos leitores desta conceituada parte da Justiça Federal, de que a lei de regência dos profissionais da
revista, por meio de matérias Educação Física, de nº 9696/98, não tinha qualquer aplicação sobre
as artes marciais como um todo e, em especial, sobre o AIKIDO.
pretéritas de minha autoria
Em novembro do mesmo ano, obtive liminar de antecipação de
publicadas sobre o assunto, tutela, concedida pelo Desembargador Federal Márcio Moraes,
determinando que o CREF-4/SP se abstivesse de exigir registro
tomo a liberdade de, uma vez nos seus arquivos, fiscalizar e ou cobrar quaisquer valores das
mais, servir-me deste veículo para entidades autoras da ação judicial, suas associações filiadas e
praticantes em geral, até que fosse proferida decisão terminativa
dar maiores e mais abrangentes no referido processo. Tal decisão, manifestada por sentença proferida
pelo Juiz de Direito da 19ª Vara Cível da São Judiciária de São
esclarecimentos sobre a situação Paulo e publicada na imprensa oficial julho de 2005, confirmou os
termos da antecipação de tutela concedida liminarmente e condenou
atual da interferência do Conselho a autarquia ré ao pagamento de custas processuais e honorários
Regional de Educação Física advocatícios.

do Estado de São Paulo sobre O CREF-4/SP apelou junto ao Tribunal Regional Federal da 3ª
Região- São Paulo, em dezembro de 2005, recurso ao qual, após
as organizações, academias ser rebatido por mim, foi negado provimento, por votação unânime
dos desembargadores que compõem a Egrégia Terceira Turma do
e professores da arte marcial mencionado Tribunal, conforme acórdão nº 1333/2010, publicado no
Diário Oficial do Estado de 23 de março do corrente ano, decisão
que transitou em julgado em 05 de maio do mesmo ano e da qual,
não cabe mais recurso.

Cumpre reproduzir, na íntegra, a ementa do acórdão em evidência,


como segue:

30 -
“APELAÇÃO CÍVEL Nº 2003.61.00.016690-1/SP
e o conhecimento do mesmo, é de fundamental importância
RELATOR : Desembargado Federal MÁRCIO MORAES para que os aikidoístas e simpatizantes das artes marciais
de todo o Brasil, fiquem cientes de que a administração,
APELANTE: Conselho Regional de Educação Física do o desenvolvimento, a prática e o ensino do Aikido – e por
Estado de São Paulo CREF4SP extensão, de todas as demais artes marciais –, não estão
afetos, de maneira alguma, ao que determina a Lei 9696/
APELADO: FEDERAÇÃO PAULISTA DE AIKIDO–FEPAI e 98, resoluções e portarias dela decorrentes, seja no que
INSTITUTO TAKEMUSSU BRAZIL AIKIKAI concerne à definição que esta lei dá à expressão “atividade
física”, seja no que respeita, evidentemente, à pretendida
EMENTA intervenção, necessidade de registro e de subsunção à
atividade fiscalizadora dos Conselhos Regionais e Federal
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ORDINÁRIA. CONSELHO de Educação Física, pelos praticantes de Aikido, dentro do
REGIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA. LEI N. 9.696/1.998. território nacional.
RESOLUÇÃO CONFEA N. 46/2002. EXIGÊNCIA DE
INSCRIÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ARTES MARCIAIS. Traduzindo, em miúdos, em função da decisão judicial ora
INVIABILIDADE. Remessa oficial tida por submetida, nos abordada, nenhuma entidade administradora do Aikido
termos do art. 475, inciso I, do CPC. – confederação, federação, liga, etc –, nenhuma associação,
academia, clube, ou escola onde se pratique o Aikido e,
O inciso XIII, do art.5º, da CF/1988, que dispõe ser ‘livre o por via de conseqüência, nenhum praticante, instrutor ou
exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas professor da referida arte marcial, estão obrigados a cursar
as qualificações profissionais que a lei estabelecer’. uma faculdade de Educação Física, ou registrar-se no
Tratando-se de norma de eficácia contida, apenas a lei, e Conselho Regional de Educação Física, bem como pagar
não um ato normativo inferior a ela, poderia impor condições quaisquer taxas ou emolumentos e muito menos sujeitarem-
ao livre exercício de qualquer profissão. se à fiscalização dos referidos órgãos.

A Resolução CONFEF n. 46/2002 extrapolou o exercício Portanto, o Aikido em especial, e as artes marciais em geral,
do poder regulamentar, descrevendo atividades às quais estão definitivamente livres da interferência dos Conselhos
não estão identificadas com a formação do profissional de Federal e Regionais de Educação Física, no Estado de São
educação física. Precedentes. Paulo e em todo o Brasil.

A Lei Paulista n. 9.039/1994 trata especificamente das Como decorrência de toda a problemática consubstanciada
modalidades desportivas de artes marciais. O seu art. 3º na citada e irregular interferência do Cref4/SP e demais
permite que o estabelecimento seja supervisionado por um Conselhos Regionais de Educação Física sobre as artes
‘ técnico credenciado pela respectiva Federação Estadual’, marciais, e preocupado com o futuro destas últimas,
não havendo necessidade de registro no CREF4/SP. elaborei um projeto de lei federal, objetivando a criação da
figura legal do profissional das artes marciais e de órgãos
Apelação a que se nega provimento. federais e estaduais de natureza autárquica, que tenham
como principal escopo, a normatização e a fiscalização da
ACÓRDÃO prática das artes marciais e de lutas no Brasil, e o entreguei
Vistos e relatados estes autos em que são partes as ao Deputado Federal Roberto Santiago, do Partido Verde em
acima indicadas, decide a Egrégia Terceira Turma do São Paulo, que enviou o mesmo à sua assessoria jurídica,
Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por unanimidade, para análise e eventual encaminhamento oficial ao Poder
negar provimento à apelação e à remessa oficial, tida por Legislativo.
submetida, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo
parte integrante do presente julgado. Tão logo eu tenha notícias sobre o andamento do projeto
de lei, comunicarei aos senhores leitores.
São Paulo, 11 de março de 2010.
PAULO SERGIO CREMONA
MÁRCIO MORAES Advogado OAB/SP 55.753,
Desembargador Federal ”

O texto integral do acórdão pode ser consultado e obtido no site


do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (www.trf3.jus.br)

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