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INSCRIÇÃO: 00148
CATEGORIA: PT
MODALIDADE: PT01
#PÉROLASDONICOLAS - Um estudo sobre planejamento gráfico-visual
TÍTULO:
editorial para pessoas com baixa visão
GABRIELLA RESENDE FARIA LOPES (UNIVERSIDADE FEDERAL DE
AUTORES:
GOIÁS); Lara Lima Satler (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS)
PALAVRAS- Acessibilidade, Baixa Visão, Comunicação, Planejamento Gráfico Visual,
CHAVE: #PérolasdoNícolas
RESUMO
A presente pesquisa traz um estudo sobre o planejamento gráfico visual editorial com foco na Baixa
Visão que atualmente acomete 78% das pessoas com deficiência visual no Brasil (IBGE, 2013). A
pesquisa justifica-se pelo convívio diário com pessoas com baixa visão, especialmente nosso filho
Nícolas (10 anos) e suas dificuldades quanto a formas de acessibilidade. A questão central é
conhecer as necessidades visuais dessas pessoas e propor soluções que favoreçam tal acessibilidade
em materiais impressos, levando em conta diferentes diagnósticos. O objetivo é estimular
comunicadores a voltarem-se para essa parcela de pessoas por vezes negligenciada no acesso a
conteúdos impressos por não serem cegas. Para isso, nos utilizaremos de pesquisa bibliográfica e
metodologia projetual e como resultado desse estudo apresentamos o livro adaptado à pessoa com
baixa visão intitulado #PérolasdoNícolas.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho pretende abordar questões práticas sobre a acessibilidade na leitura e
compreensão de materiais impressos por pessoas com baixa visão através do planejamento gráfico-
visual com vistas a promover conforto visual a esses leitores, fazendo escolhas tipográficas (corpo e
espaçamentos), de formatos, traços e cores que corroborem ao bom entendimento da mensagem por
esse indivíduo com suas limitações visuais. Não temos aqui a pretensão de solucionar todos os
problemas de acessibilidade das pessoas com baixa-visão, porque sabemos ser uma tarefa
impossível, dada a diversidade de diagnósticos e especificidades de cada um com suas carências
visuais, mas pretendemos apresentar modelos possíveis que permitam a essa parcela de pessoas
perceber um sinal de preocupação dos projetistas com sua inclusão. Com esse estudo,
desenvolvemos o livro "#PérolasdoNícolas" onde aplicamos o conhecimento reunido nessa pesquisa
de forma a favorecer a visualização do conteúdo na prática com aplicações de recursos visuais
acessíveis de modo lúdico contribuindo para o melhor entendimento dos projetistas acerca da
necessidade específica da pessoa com baixa visão no desenvolvimento dos seus projetos gráficos
futuros.
OBJETIVO
Fazer-se compreender parece ser um dos objetivos centrais da comunicação. Em todo o mundo,
muitos estudos e experimentos são feitos para tornar a comunicação mais eficiente à maior parte
possível do público alvo. Na prática, o que se tenta é construir uma atmosfera de estímulos
sensoriais que corroboram para uma melhor experiência do usuário com a informação. Ao longo da
vida, somos bombardeados por estímulos de toda espécie, mas pelo menos 80% deles são visuais
(FIGUEIRA, 1996). As imagens estão ali para comunicar algo que precisa ser interpretado e fazer
sentido para cumprir seu papel. Para que essa construção de sentido seja possível, é preciso
compreender o contexto ao qual está inserida a imagem e o observador, de maneira que haja uma
interrelação entre ambos. E, levando em conta o observador, precisamos pensar também naqueles
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para os quais a visão não é o sentido predominante. Especialmente para nós, por vivermos em casa
esse desafio da deficiência visual de um filho de dez anos com baixa visão, este estudo tende a abrir
horizontes e nos orientar a lutar por melhores condições de acesso à informação, especialmente na
escola, onde - atualmente - a dificuldade se apresenta mais real, mas, sobretudo com o passar do
tempo, quando os desafios serão ainda maiores. Com base nisso, o objetivo geral desse estudo é
servir como ponto de partida para comunicadores e interessados no tema seguirem por esse caminho
de tornar a informação cada vez mais acessível a todos, especialmente para esse público até aqui
negligenciado: as pessoas com baixa visão. Para que isso seja possível, buscaremos 1) Entender as
diferentes necessidades da pessoa com baixa visão; 2) Discutir o planejamento gráfico-visual e seus
usos; 3) Experimentar o planejamento gráfico visual de forma a acessibilizar o conteúdo de
materiais impressos à pessoa com baixa-visão.
JUSTIFICATIVA
São mais de 6 milhões de brasileiros (IBGE, 2013) com baixa visão que merecem ter acesso à
informação de forma clara e simplificada, sem constrangimento comumente causado pela falta de
conhecimento das pessoas acerca do problema dessa parcela da população. E é com base nesse
pensamento que este estudo pretende esclarecer um pouco das nossas interrogações acerca do
processo de construção e planejamento gráfico-visual, sobretudo, com foco no indivíduo com
deficiência visual classificado como baixa visão por possuir resíduo visual útil, e suas limitações na
percepção das imagens e textos impressos. Daí a importância desse estudo em romper a barreira do
desconhecimento para permitir que essas pessoas possam, por si mesmas, construir sentido nas
informações que lhes chegam, sendo estimuladas a utilizar seu resíduo visual para que este não se
perca. De acordo com a Lei Municipal nº 8438 (GOIÂNIA, 2006), hotéis e restaurantes de Goiânia
devem disponibilizar pelo menos um exemplar do seu cardápio impresso no sistema Braile de
leitura, para os clientes cegos. Porém, as pessoas com baixa visão não dispõem de qualquer
legislação que obrigue aos estabelecimentos oferecerem o cardápio ampliado, deixando a cada um o
ônus de ter em mãos recursos ópticos para a leitura do cardápio convencional, o que, por vezes, se
faz insuficiente, dada a tipografia escolhida, corpo do texto, cores, baixo contraste e outros recursos
visuais utilizados que são inacessíveis a uma pessoa com baixa visão. Percebe-se aqui, portanto, a
importância de tornar conhecidas as carências desse público para que medidas sejam tomadas em
direção a uma comunicação amplamente acessível que contemple aos deficientes visuais como um
todo. E não apenas os cegos, mas também aqueles que dispõem de resíduos visuais e que estes se
sintam estimulados a utilizá-lo. Diversas outras doenças são descritas na literatura médica como
causadoras de baixa visão e também de cegueira, porém, nos limitamos aqui a essas, apenas para
fins de compreensão de algumas das dificuldades apresentadas na leitura e compreensão de imagens
e textos que são nosso foco neste estudo. No Brasil, mais de 8 milhões de pessoas com idade acima
dos 14 anos têm alguma deficiência visual, sendo 22% cegos e a grande maioria (78%) com algum
resíduo visual funcional que os qualifica como baixa visão (IBGE, 2013). A baixa visão pode ser
causada por uma patologia congênita ou adquirida e pode se abater sobre qualquer pessoa. A
deficiência visual, contudo, não é igual à perda de autonomia, uma vez que a pessoa cega ou com
baixa visão pode ter uma vida plena e feliz muito embora tenha dificuldades para ver. Sabe-se,
entretanto, que a subutilização do resíduo visual tende a prejudicar sua funcionalidade
(OFTALMOLOGIA, 2012), por isso são necessárias ações de estímulo e recursos que permitam a
boa utilização destes. Recursos ópticos e de acessibilidade são primordiais para o auxílio da pessoa
com baixa visão, embora para alguns casos, ainda sejam necessários recursos auxiliares, dada a
complexidade e o comprometimento visual de cada um. Com base nisso, percebemos a importância
de estudos comunicacionais com vistas a atender essa parcela de pessoas até aqui esquecidas.
MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS
Diante da complexidade do fenômeno a ser estudado, a pesquisa bibliográfica (STUMPF, 2005)
revela-se adequada para compreender a baixa visão, suas limitações, bem como os processos de
planejamento gráfico e os elementos que melhor suprirão as necessidades do nosso público. Tal
metodologia justifica-se na medida em que tentará preencher possíveis lacunas do plano teórico e
prático das diversas deficiências e também norteará a melhor maneira de se produzir um projeto
gráfico eficiente. Com esse estudo, desenvolveremos o livro "#PérolasdoNícolas" onde pretendemos
aplicar o conhecimento reunido nessa pesquisa de forma a favorecer a visualização do conteúdo na
prática com aplicações de recursos visuais acessíveis de modo lúdico contribuindo para o melhor
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CONSIDERAÇÕES
Quando do início da pesquisa, por vezes nos questionamos se seria possível e viável uma adaptação
eficiente em materiais impressos, e como tornar isso real. A necessidade era latente, mas a
insegurança era companhia constante dos estudos. Contudo, precisávamos seguir em frente e dar um
primeiro passo. Apresentar ao leitor as pessoas com baixa visão e como alguns diagnósticos se
apresentam enquanto causadores de lesões oculares capazes de impedir a correta percepção visual
do indivíduo. Conhecer a legislação vigente no país pôde nos orientar mostrando que os incentivos à
produção gráfica de livros acessíveis são fundamentais para estimular adaptações pensando em
todos os tipos de deficiência, sobretudo, a deficiência visual. Esse foi o real motivador dessa
pesquisa: pensar medidas que tornassem essas pessoas mais autônomas, detalhando as técnicas de
comunicação visual escolhidas para um projeto visualmente acessível. Quem dispõe de todas as
suas faculdades visuais talvez não consiga perceber a dificuldade de quem tem baixa visão. Do
sonho em poder enxergar o arco-íris ao desejo de ler os preços no supermercado. Talvez não
consigamos convencer Deus de melhorar o contraste do arco-íris, mas ao menos queremos tornar
conhecido aos colegas projetistas, as necessidades dessas pessoas que desejam ler sozinhas a bula
do medicamento do filho, o cardápio no restaurante ou o letreiro do ônibus.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS
FIGUEIRA M. M. Assistência Fisioterápica à criança portadora de cegueira. Revista Benjamin
Constant. Rio de Janeiro: IBCENTRO, 1996. p. 5.
GOIÂNIA Prefeitura Municipal de. Lei nº 8438 de 10 de Maio de 2006. Goiânia: 2006.
MEÜRER, Mary Voni. GONÇALVES, Berenice Santos. CORREIO, Vilson João Batista Tipografia
e Baixa Visão: Uma discussão sobre legibilidade. Projética. Londrina: Dezembro de 2014. Vol. 5. p.
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SOUSA MIGUEL. Guia de Tipos. Estugarda - Alemanha: Instituto Politécnico de Tomar, 2002.
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