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Planejamento Estratégico em uma empresa de construção civil janeiro/2013

Planejamento Estratégico em uma empresa de construção civil


Marcos Bonetti de Carvalho
bonetti.carvalho@gmail.com
Pós Graduação em Auditoria, Avaliações e Perícias da Engenharia
Instituto de Pós Graduação - IPOG

Resumo

Este artigo objetiva apresentar proposta de Planejamento Estratégico para uma empresa de
construção civil, situada na região sul de Santa Catarina. Este estudo, de caráter
exploratório, prático na forma de um estudo de caso, sendo a coleta de dados proveniente de
dados secundários, buscando abordar esses tópicos propostos que, segundo a autoria, são
essenciais para se obter eficácia, eficiência nos processos administrativos e de gestão da
empresa. A abordagem do problema é de forma qualitativa e o instrumento de pesquisa de
análise documental. Os resultados do estudo possibilitam a escolha por um modelo de
Planejamento Estratégico para XYZ Engenharia e Construções LTDA., iniciando pelo
diagnóstico estratégico, posteriormente definindo a declaração de valores, missão e visão. A
participação neste curso de qualificação oportunizou a iniciativa de implantação desta
empresa. Foram apontados os fatores críticos de sucesso, determinando as oportunidades e
ameaças, pontos fortes e pontos fracos através das análises externas e internas. Após a
elaboração da matriz fofa, para finalizar, foram definidas as questões e ações estratégicas,
ficando elaborado um Planejamento Estratégico completo pronto para ser implantado na
empresa em questão.
Palavras-chave: Construção Civil; Avaliações e Perícias; Planejamento Estratégico; Gestão.

1. Introdução

Atualmente, vive-se diante de incertezas e turbulências no mercado de trabalho. Essa


complexidade no cenário empresarial, exige das empresas a busca cada vez mais incessante
de ferramentas e técnicas mais adequadas para gestão empresarial. É aí que entra o
Planejamento Estratégico, que é uma dessas ferramentas. Na competitividade existente entre
as empresas (nesse artigo vai-se abordar uma microempresa) uma importante condição para
sua sobrevivência está ligada à clara definição de seus objetivos e planejamento antecipado
das atitudes a serem tomadas, determinando os possíveis caminhos para atingir tais objetivos.
Segundo dados do SEBRAE(2008) é alto o percentual de mortalidade das empresas
implantadas, exatamente por carências administrativas e econômicas. Diante deste cenário os
empresários decidiram investir na qualificação profissional, principalmente em avaliações e
perícias de obras da construção civil, porque traria insumos e oportunidades para a
organização e a gestão da empresa. Tendo também essa informação, o autor busca novas
idéias sobre Gestão Estratégica para viabilizar, de maneira consistente, a elaboração do
Planejamento estratégico para uma empresa de construção civil, bem como na estruturação e
nas decisões estratégicas da empresa.
O objetivo deste projeto visa a apresentar proposta de Planejamento Estratégico para
uma empresa de construção civil e sua viabilidade operacional. Como se está implantando
uma micro-empresa de construção civil, acha-se oportuno estudar modelos de Planejamento
Estratégico compatíveis com a realidade desta empresa. Após intensa pesquisa bibliográfica
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sobre o tema, escolheu-se um modelo para subsidiar o Planejamento Estratégico da empresa


em estudo.
Justifica-se a elaboração do projeto também pela preocupação que os sócios sentem
em garantir a qualidade no atendimento do seu público, tendo dessa forma a sua satisfação e
uma empresa saudável.
Quando da realização da Pós graduação em Auditoria, Avaliações e Perícias da
Engenharia, a autoria do presente artigo se preocupou em atualizar a bibliografia referente a
esta área do conhecimento. No livro Alonso & D‟Amato (2009, pg. 23) são elencadas as
principais atribuições e tarefas que devem seguir de orientação para a empresa de engenharia
no que concerne os serviços de avaliações:

É o campo da engenharia que trata da metodologia ou da técnica avaliatória, cabendo


ao profissional legalmente habilitado, quer por lei, quer pela própria natureza do
trabalho, a exclusiva atividade de avaliar bens ou coisas dentro das suas respectivas
atribuições.
É de longa data que inúmeros profissionais se dedicam ao estudo, pesquisa e
divulgação da técnica de avaliar bens móveis e imóveis. Atualmente, um grande
número de profissionais vem militando nessa especialidade, mostrando existir,
realmente, uma metodologia científica e, mais ainda, que o trabalho só pode ser
criteriosamente executado por profissionais bastante especializados, em face da
exigência de conhecimento técnico-científico.

Dentro deste prisma, os empresários mantiveram o foco previsto no próprio


Planejamento Estratégico.
O presente artigo é apresentado da seguinte forma. Além desta introdução, tem-se no
item 2 - Fundamentação Teórica, que dará amparo ao autor para elaborar o proposto no artigo,
estando dividido em 2.1 – O cenário de atuação da empresa na construção civil tendo como
foco Avaliações e Perícias na Engenharia 2.2 – Planejamento Estratégico; 2.3 – Metodologia
de Planejamento Estratégico e de Avaliações e Perícias; o item 3 – Aspectos Metodológicos;
o item 4 – Apresentação e Análise dos Resultados, divididos em 4.1 – Caracterização da
empresa onde será proposta a elaboração do planejamento estratégico, trazendo a forma que é
constituída e o foco do trabalho da XYZ Engenharia e Construções LTDA.; 4.2 -
Apresentação da proposta de Planejamento Estratégico, aborda o modelo do Pereira(2010)
como diretriz para elaboração do Planejamento Estratégico da microempresa de construção
civil; o item 5 – Conclusão, o autor expressa a importância do estudo realizado resultando na
elaboração do Planejamento Estratégico que deve ser empregado na microempresa objeto do
estudo; Finalizando o item 6 – Bibliografia, apresenta a bibliografia utilizada na pesquisa.

2. Fundamentação Teórica

Os fundamentos teóricos que subsidiam a presente pesquisa envolvem os temas:


Planejamento Estratégico e Metodologia de Planejamento Estratégico.

2.1 O cenário de atuação da empresa na construção civil tendo como foco Avaliações e
Perícias na Engenharia

Na área de construção civil, assim como acontece com empresa dos mais variados
ramos, as informações são trocadas e relações acontecem com várias organizações inseridas

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no seu ambiente externo, seja essa, empresas concorrentes, bem como fornecedores,
sindicatos, etc., dessa forma se torna totalmente arriscado os seus gerentes administrarem a
sua empresa como se ela fosse independente, com pensamento monopolista, e sim, devem
administrar mutuamente, tanto por questão de competitividade ou pela própria sobrevivência.
É fundamental que a empresa diversifique suas atividades e os engenheiros
proprietários, como empreendedores que são, estão atentos as mudanças e variações no
mercado da construção civil. As informações devem vir de todos os segmentos possíveis,
porque pensa-se globalmente embora se viva localmente. A realidade da empresa mesmo
sendo local sofre as influências dos mercados nacionais e até internacionais. Com a
implementação de programas sociais que visam à construção civil para classes C e D,
seguramente haverá em um futuro próximo situações de perícias. É perfeitamente plausível se
pensar que o aumento quantitativo acelerado de moradias populares, haja um incremento
significativo nas patologias de construções. Atenta a isso a empresa XYZ Engenharia e
Construções LTDA., perseguindo a eficácia e eficiência na sua atuação no mercado, entende
ser de fundamental importância a qualificação, também na área de avaliações e perícias.
Segundo Dantas (2005, pg.16):

Para se avaliar é preciso conhecer. Para se conhecer é necessário vistoriar. A vistoria


é, portanto, um exame cuidadoso de tudo aquilo que possa interferir no valor de um
bem, tanto interna como externamente. Para isto deve-se conhecer da melhor maneira
possível o imóvel avaliando e o contexto urbano a que pertence, daí resultando
condições para adequada orientação da coleta de dados. Assim, nesta etapa deve-se
vistoriar não apenas o bem avaliado, mas também a região envolvente, com o objetivo
de conhecer detalhadamente as suas características físicas, locacionais, tendências
mercadológicas, vocação etc.

Todos esses aspectos abordados acima são características também relevantes para uma
análise criteriosa do engenheiro perito, porém não se deve parar em simples vistorias, porque
nas mesmas, segundo Fagundes Neto (2008, pg. 130) “não se busca a apuração das causas que
originaram as patologias enquanto na perícia a apuração das causas é o fator determinante.”
Ainda segundo Fagundes Neto (2008, pg. 130) “Nas perícias, caberá ao jurisperito ou
simplesmente ao técnico, diagnosticar as causas e em que fase do processo construtivo se
instalou a patologia.”

2.2 Planejamento Estratégico

Deve-se administrar com visão sistêmica, permitindo que todos colaboradores, tanto
no ambiente interno, quanto no externo, exerçam suas funções trocando informações entre si.
Exercendo a visão sistêmica, involuntariamente, ou não, já está se praticando o Planejamento
Estratégico.
Para Pereira(2010, pg. 39) “O Planejamento pode ser compreendido em sua essência a
partir de quatro visões distintas, porém complementares: a visão globalística ou sistêmica;
participativa; empreendedora ou inovadora; e humanística.” O ponto chave da questão das
quatro visões acima citadas, é que distintas de nada valem. Não adianta ter na organização
pessoas que enxergam de forma global, que estão por dentro dos acontecimentos, atualizadas,
se elas guardarem pra si e não participarem, não existir um envolvimento.
As empresas não sobrevivem eternamente se ficarem na mesmice, é preciso
inovar,ousar, a visão empreendedora precisa estar na mente dos Gestores, precisam ter sempre
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esses espíritos e conseguindo unir esse espírito de inovação juntamente com um lado mais
humano, saber lidar com pessoas, com os colaboradores, clientes, fornecedores,etc... se
completariam as quatro visões que se complementam possibilitando a elaboração de um
Planejamento Estratégico de sucesso.
Afinal o que seria Planejamento Estratégico? Pereira(2010, pg.47), coloca que:

Planejamento Estratégico é um processo que consiste na análise sistemática dos


pontos fortes (competências) e fracos (incompetências ou possibilidades de
melhorias) da organização, e das oportunidades e ameaças do ambiente externo, com
o objetivo de formular (formar) estratégias e ações estratégicas com o intuito de
aumentar a competitividade e seu grau de resolutividade.

O autor Oliveira (2007 pg.17) define Planejamento Estratégico de uma forma mais
objetivo, sendo o “processo administrativo que proporciona sustentação metodológica para se
estabelecer a melhor direção a ser seguida pela empresa, visando ao otimizado grau de
interação com os fatores externos – não controláveis – e atuando de forma inovadora e
diferenciada”.
Já para Drucker (1984, pg, 133), considerado o pai da administração moderna,
Planejamento Estratégico é:
um processo contínuo de, sistematicamente e com o maior conhecimento possível do
futuro contido, tomar decisões atuais que envolvam riscos; organizar
sistematicamente as atividades necessárias à execução destas decisões e, através de
uma retroalimentação organizada e sistemática, medir o resultado dessas decisões
em confronto com as expectativas alimentadas.

Os autores Chiavenato (2003, pg 39) preferem definir Planejamento Estratégico como


“um processo de formulação de estratégias organizacionais, no qual se busca a inserção da
organização e de sua missão no ambiente em que ela esta atuando.”
Após abordar o conceito de Planejamento Estratégico através de 5 autores, podemos
observar que o apesar de cada autor desenvolver seu conceito escrito de formas diferenciadas,
podemos observar que todos tratam como um processo que, toma-se decisões para conhecer
as oportunidades e ameaças que o mercado apresenta para as empresas.
Apesar do conceito de Planejamento Estratégico ser o mesmo para os diversos
segmentos que compõem nosso universo, cada empresa tem a sua identidade, seus valores,
suas ambições, nenhuma empresa é igual a outra. A estratégia criada para uma empresa não
necessariamente dará certo na outra,pelo contrário, a possibilidade de fracasso é grande, pois
a realidade de cada empresa nunca será exatamente a mesma.
Porter(1986 pg.96) uma referência em administração estratégica, salienta, em relação
aos sinais do mercado que “dedicar uma atenção demasiada a eles pode ser uma distração
contraproducente. Ao invés de decifrar todos os sentidos ocultos nas palavras e ações dos
concorrentes, adotar políticas de acordo com isto, as companhias deveriam concentrar seu
tempo e energia na competição.” Porém na sequência ele alerta “Ignorá-los é como ignorar
também os concorrentes.” Pode-se observar que nem todos os sinais de mercados são
transformados em oportunidades, existem muitos sinais meramente especulativos. Tem-se que
ficar atentos e conseguir filtrar o que realmente pode marcar o diferencial de atuação da
empresa.
O propósito ao criar uma empresa é evidentemente o sucesso, este nada mais é que
alcançar a meta planejada, idealizada no Planejamento Estratégico. Desta forma é
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imprescindível que se estabeleçam a visão, missão princípios e valores, itens constantes na


elaboração do Planejamento Estratégico. Costa (2007, pg 35) “Visão e Missão são dois
conceitos fundamentais distintos, mas complementares e intimamente ligados entre si, como
se fossem duas faces da mesma moeda: o primeiro procura descrever o que a organização
quer ser no futuro, e o segundo resulta de uma reflexão sobre a razão de sua existência.”
Costa(2007, pg 38 e 39) define Princípios como “pontos e tópicos os quais a organização não
está disposta a mudar aconteça o que acontecer.” E valores “são características, virtudes,
qualidades da organização que podem ser objeto de avaliação, como se estivessem em uma
escala, com gradação entre avaliações extremas” e finaliza o conceito de princípios e valores
dentro do Planejamento Estratégico fazendo analogia a um edifício “É como se os princípios
fossem os fundamentos de um edifício, ao passo que os valores seriam as cores e os
acabamentos das paredes externas ou internas do prédio.”
Sabe-se que apesar da extrema importância de caracterizar uma empresa, definir o seu
perfil com os elementos acima citados, nenhuma instituição sobrevive sem ter traçadas suas
estratégias. Antes da implantação é importante fazer as análises externas e internas e assim
definir as ações estratégicas. Segundo Hartmann (2005, pg50-51) Os fatores externos devem
ser tratados em dois momentos, o primeiro “fazendo a análise do setor em que está contido o
empreendimento. Setor é o conjunto de empresas similares a sua que atuam no local
geográfico definido na sua Visão Estratégica, cercado pelas outras forças competitivas
denominadas fornecedores, clientes, novos entrantes e outros empreendimentos contidos em
outros setores com produtos substitutos.” Já em um segundo momento o autor avalia o
desdobramento dos fatores externos “O segundo momento implica destacar, além da cadeia,
mas ainda no ambiente externo, caracterizado como Natural, Econômico, Político/Legal,
Social, Cultural, Demográfico e Tecnológico, aspectos importantes que geram influências
favoráveis(oportunidades) ou desfavoráveis(ameaças) que influenciam significativamente o
comportamento do empreendimento.” Essas análises externas são preponderantes para o
sucesso na criação da empresa. As perguntas a serem desenvolvidas devem avaliar um
contexto geral, desde a concorrência, preços competitivos, produtos e serviços de qualidade,
até se o mercado em questão realmente comporta a abertura da mesma.
Ainda citando Hartmann (2005, pg52-53) agora para análise e desdobramento dos
fatores internos, “Tudo aquilo que influencia positivamente o seu desempenho e,
consequentemente, a sua rentabilidade, denomina-se de Ponto Forte e, tudo aquilo que
influencia negativamente, de Ponto Fraco.” A análise interna para o propósito que se tem
nesse artigo se torna simples, deve-se elaborar um planejamento, e iniciar o controle dos
fatores internos, tais como: contas a receber, pagar, custos, qualificação dos colaboradores,
administração da matéria prima, planos de curto e longo prazo. Resumindo, todos fatores que
ocorrem dentro do seu escritório, se tiver excelência na condução os transformará em pontos
fortes.
Conhecendo o mercado em que estiver inserida a empresa, as oportunidades e
ameaças, pontos fortes e fracos da empresa devem-se criar as ações estratégicas e para isso
precisa-se definir objetivos e metas. Oliveira (2007 pg.52/53) define o objetivo dentro do
Planejamento Estratégico como “o alvo ou situação que se pretende alcançar. Aqui se
determina para onde a empresa deve dirigir seus esforços.” E meta como “passos ou etapas,
perfeitamente quantificados e com prazos para alcançar os desafios e objetivos. As metas são
decomposições dos objetivos ao longo do tempo (anos,semestres, meses).”
A maioria dos empreendedores é, de certa forma, aventureira, se “joga” no mercado
sem ter o mínimo de conhecimento, sem fazer um estudo, e é por isso que a pesquisa feita
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pelo SEBRAE(2008) aponta que 30% das empresas quebram ainda no seu primeiro ano de
funcionamento e que 60% não consegue completar seu quinto ano de vida. Ou seja, a cada 10
empresas abertas, apenas 4 conseguem completar o seu primeiro qüinqüênio(SEBRAE, 2008).
Nota-se que a pesquisa é recente, 2008, mas mesmo assim muitos acham que elaborar um
plano de ação, um planejamento estratégico onde pode-se reduzir esse índice, demanda muito
tempo e não tem tanta utilidade, ou seja, o benefício não compensa o tempo “perdido”.
As pesquisas bibliográficas demonstraram que é absolutamente viável e extremamente
importante, elaborar um Planejamento Estratégico para a XYZ Engenharia e Construções
LTDA.
A seguir, no item 4.2, apresentação do modelo teórico proposto pelo autor para ser
elaborado para empresa XYZ Engenharia e Construções LTDA., será apresentado, e de
maneira bem didática, as etapas que constituem fundamentalmente um Planejamento
Estratégico. O Objetivo primordial deste artigo é demonstrar a viabilidade da elaboração de
um Planejamento Estratégico visando à gestão moderna de empresa de construção civil.

2.3 Metodologia de Planejamento Estratégico e de Avaliações e Perícias

O Planejamento Estratégico está bastante difundido no mundo inteiro, existem vários


autores e metodologias. O autor deste artigo decidiu se embasar, para elaboração do
Planejamento Estratégico da XYZ Engenharia e Construções Ltda., no Modelo de
Planejamento Estratégico contido em Pereira (2010) que será exposto abaixo, bem como sua
metodologia. A escolha está embasada no fato de ser acessível, clara e eficaz, além de ser
oriunda de uma recente publicação.

Figura 1 – Modelo de Planejamento Estratégico que demonstra seus momentos. Contido no livro
Pereira (2010, p.57)

Segundo Pereira (2010, pg. 55) para optar pela elaboração do Planejamento
Estratégico de uma empresa, o Sócio Administrador (ou responsável) deve responder duas
perguntas: “é esse o momento ideal para a organização desenvolver um Planejamento
Estratégico?” e “a maior coalizão dominante da organização está consciente da sua
responsabilidade, ou seja, tem consciência de que terá que se envolver 100% com o

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processo?”. Esse é o primeiro momento do Planejamento e torna-se imprescindível que as


respostas das questões acima sejam positivas, caso contrário pode ser um fracasso a
elaboração do Planejamento Estratégico, resultando em gastos desnecessários e tempo
perdido.

A formação da equipe para elaboração do Planejamento Estratégico pode ser feito de


três formas conforme Pereira (2010, pg. 58):

Top Down: processo de tomada de decisão que ocorre de cima para baixo, ou seja, a
cúpula define o que fazer e como será o processo, sem participação de escalões
inferiores da organização.
Button-Up: processo de tomada de decisão que ocorre de baixo para cima, ou seja,
todos participam do processo.
Misto: seria uma saída para o impasse do Top-Down e do Button-Up. Desse modo,
monta-se uma Equipe de Planejamento Estratégico com pessoas das mais diversas
áreas da organização.

Qualquer que seja a escolha, Pereira (2010, pg. 59) pede atenção para que a equipe
tenha obrigatoriamente: “Coalizão Dominante Formal (CDF) que são todas aquelas pessoas
que ocupam cargos na estrutura da organização, que detêm poder, principalmente da linha
hierárquica.” E “Coalizão Dominante Informal (CDI) que são todos os indivíduos que não
estão em cargos na estrutura da organização, no entanto, exercem influência sobre
determinadas pessoas.”
No entendimento de Pereira, é fundamental essas pessoas (CDF e CDI) fazerem parte
do processo, pois são formadores de opinião dentro da empresa. Como a formação da equipe
que irá participar da elaboração do Planejamento Estratégico, inicia-se o momento dois, sendo
definida a declaração de valores, missão, visão e fatores críticos de sucesso, análise externa,
análise interna, matriz FOFA, questões estratégicas, estratégias e ações estratégicas
respectivamente. Mesmo sendo dispostas as etapas na ordem acima, Pereira (2010, pg. 71)
alerta que:

Planejamento Estratégico é um processo, ou seja, algo dinâmico. Então,


principalmente enquanto estivermos no momento 2, devemos seguir uma ordem de
discussão. São as etapas que já foram apresentadas, no entanto, podemos também
retornar à discussão de itens passados. Quero dizer: se a organização já definiu a
missão e, ao traçar por exemplo, as estratégias, alguém teve uma outra idéia, sobre a
missão. Tudo bem! Estamos no momento 2, e é um processo, não algo estático.
Protanto, devemos retornar e escutar o que a pessoa que levantou a dúvida tem a dizer,
é melhor pararmos agora para uma nova reflexão, do que depois de finalizarmos o
momento 2 e já estarmos no momento 3, ou seja, implementando o Planejamento
Estratégico. Caso tal situação ocorra no momento 3, será um complicador muito
maior.

Assim como temos nossos valores, devemos instituir para a empresa seus valores,
assim cobra-se dos colaboradores seu cumprimento, define-se os fornecedores que se
enquadram, e demonstra-se para os clientes as intenções da empresa. Pereira (2010, pg. 74)
define Declaração de Valores sendo:

crenças, princípios, políticas, filosofia, ideologia, entre outros, mas não vamos entrar
na discussão filosófica de cada conceito. Vamos entender tudo como Valores, ou seja,

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aqueles elementos em que acreditamos, que os membros da organização como um


todo vêem nesses elementos os seus norteadores de comportamento, são os
balizadores da ação empresarial, eles dizem para todos na empresa o que é certo e o
que é errado. São elementos nos quais os membros acreditam piamente.

Já a Missão para Pereira (2010, pg. 81) “é a razão de ser da organização; representa o
negócio em que ela se encontra. É o papel desempenhado pela organização em seu negócio. A
Missão visa comunicar interna e externamente o propósito de seu negócio”.
É importante que toda a equipe explane suas idéias em relação a missão da empresa, e
no final coloca-se as idéias em discussão chegando a missão ideal.
Pereira (2010, pg. 87) define Visão sendo “como uma bússola, mostrando a direção na
qual a organização está caminhando. Além de apontar o caminho para o futuro, faz com que
ela queira chegar lá; e representa suas maiores esperanças e os seus mais expressivos sonhos”.
Sucedendo a Visão chega-se a definição dos Fatores Críticos de Sucesso (FCS), que
segundo Pereira (2010,pg. 94) esses fatores:
são da organização. No entanto, não é ela sozinha quem os define. Quem faz isso na
verdade é o mercado, são as condições fundamentais que precisam necessariamente
ser satisfeitas para que ela tenha sucesso no seu setor de atuação. Elas são diferentes
para cada setor, pois dependem diretamente de forças específicas que atuam em cada
um deles. Pode-se dizer, ainda, que é um conjunto especial de condições baseadas na
análise do setor e nas forças que a organização identificou como responsáveis pela
estrutura do seu negócio. Podem ser inclusive diferentes para organizações de um
mesmo setor da economia. Para cada organização, temos um rol de FCS.

Na continuidade das etapas proposta pelo modelo do Pereira e ainda no momento 2, a


Análise Externa, com avanço da tecnologia e o mercado cada vez mais acirrado, fica
praticamente impossível administrar uma empresa sem se preocupar com o ambiente externo.
Pereira (2010, pg.102) salienta que:
Na análise do ambiente externo, as organizações devem interpretar as situações à luz
de suas oportunidades e ameaças. Por oportunidade, entendemos a força ou a variável
incontrolável pela organização que pode favorecer as suas estratégias. As ameaças são
os elementos negativos, ou seja, continuam sendo estratégia, no entanto, poderão ou
não ser evitadas quando conhecidas em tempo suficiente para serem administradas.

A análise interna resume-se em dois pontos, fortes e fracos. Pereira (2010, pg. 109)
define o primeiro sendo, “características ou recursos disponíveis da organização que facilitam
o resultado. É uma situação que lhe proporciona uma vantagem no ambiente organizacional.
Em tese, é uma variável, controlável, pois a organização pode agir sobre o problema ou
situação, ou seja, pode interferir mais rapidamente.”
Já para pontos fracos, Pereira (2010, pg. 110) coloca que “são características ou
limitações da organização que dificultam a obtenção de resultado. Em tese, também é uma
variável controlável, pois a organização pode agir sobre o problema ou situação, ou seja, pode
interferir mais rapidamente.”
Na junção das análises externa e interna, surge a matriz FOFA (pontos Fortes,
Oportunidades, pontos Fracos e Ameaças), em inglês corresponde à matriz SWOT(Strenght,
Weaknesses, Opportunities e Threats). Segundo Pereira (2010, pg. 114) “A análise da matriz
FOFA tem como objetivo reunir todos os itens considerados como pontos fortes e relacioná-
los com os pontos fracos, oportunidades e ameaças.” Deve-se observar se tais pontos fortes
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acabam com pontos fracos, ajudam a aproveitar a oportunidade e minimizam a ameaça. Após
esse comparativo, Segundo Pereira(2010, pg. 115),
caso a empresa apresente mais de 80% de resposta Sim, significa que a organização
está muito bem. Porém, pode-se fazer uma ainda uma prova real aos 80%. Por
exemplo, a empresa, depois de finalizar e fazer o percentual, faz a seguinte pergunta a
ela mesma: caso eu substitua todos os mesmos 80% de Sim em Não e os 20% de Não
em Sim, a organização, na visão da empresa, melhorará? Caso a resposta seja SIM,
melhorará com a mudança, assim configura-se que a organização não está bem, pois
as ligações de Sim não são consistentes e, portanto, não está bem.

Finaliza-se o momento 2 do modelo proposto para a Elaboração do Planejamento


Estratégico, com as questões estratégicas, estratégias e ações estratégicas que a empresa deve
determinar. Para determinar os 3 itens acima Pereira (2010, pg.130) salienta que é importante
“primeiramente discutir quais são as questões estratégicas da organização, olhando
obviamente para todos os itens até agora formulados.” É importante também tratar “as
questões estratégicas à luz do seu grau de impacto para a organização.” Define-se as questões
estratégicas e aí, cria-se as estratégias para resolver cada questão levantada e que serão
executadas através das ações estratégicas que forem definidas.
Ao mencionar estratégias não se pode deixar de incluir a matriz BCG, Pereira (2010,
pg. 124) diz que a matriz BCG é
conhecida como uma técnica de análise de portfólio de produtos, tem como objetivo
avaliar a performance relativa dos produtos e serviços de uma organização. São quatro
posições em destaque a partir de dois vértices: participação relativa de mercado que a
organização tem com o seu produto ou serviço em comparação ao seu principal
concorrente; e crescimento do mercado em que se encontra o produto ou serviço.

As quatro posições mencionadas acima são tratadas como Produto ou Serviço


“Estrela”, “Abacaxi”, “Vaca Leiteira” e “Dúvida”, que significam, segundo Pereira (2010, pg.
125):

“Estrela”: são aqueles líderes no mercado e ainda por cima em mercado em expansão.
Requerem da organização um certo grau de atenção e investimento, porém está
trazendo muito resultado para a mesma;
“Abacaxi”: não tem destaque no mercado em que atua e, para piorar, o mercado está
em baixa. É um produto ou serviço que consome muitos recursos da empresa e, ainda
por cima, não traz nenhum resultado. No médio e longo prazo, se a empresa nada
fizer, ele pode levar a mesma a ter sérios problemas de caixa e, mesmo, levar a
empresa a fechar as atividades;
“Vaca Leiteira”: tem uma elevada participação no mercado. Porém, o mercado está
com baixo crescimento. Tal produto é importante, por exemplo, para gerar caixa para
os produtos “Estrela”e “Dúvida”;
“Dúvida”: estão em mercados em crescimento, porém sua participação no mercado
ainda é uma dúvida. São produtos ou serviços que exigem investimentos por parte da
organização, por exemplo, em estratégias de marketing.

Partindo para o Momento 3 do modelo, teremos a implantação do Planejamento


Estratégico, bem como seu acompanhamento e controle. Pereira (2010, pg. 133) ressalta que
para o sucesso da implantação do Planejamento Estratégico:

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A organização deve fazer um lançamento oficial do documento para todos os


funcionários. Deve ser na própria organização. Pode ser de diversas maneiras, um
vídeo postado na intranet da organização gravado com a Coalizão Dominante Formal
apresentando o Planejamento Estratégico; pode ser através de cartazes; de um evento
de lançamento, no site da empresa; enfim tem que ser comunicado oficialmente que a
organização conta agora com um documento formal de Planejamento Estratégico.

Após anunciada a utilização do Planejamento Estratégico montada por uma equipe,


deve-se formar e oficializar os membros que farão parte do acompanhamento e controle do
Planejamento Estratégico.

3. Aspectos Metodológicos

O enquadramento metodológico da presente pesquisa está estruturado da seguinte


forma:
A natureza do objetivo deste projeto é exploratória, segundo Vieira (2002, p.5) “uma
pesquisa exploratória visa proporcionar ao pesquisador uma maior familiaridade com o
problema em estudo”.
A natureza do artigo é prática, na forma de um estudo de caso. Um estudo de caso
permite, segundo Yin (2003, p. 21), "uma investigação para se preservar as características
holísticas e significativas dos eventos da vida real."
A coleta de dados envolve dados secundários por meio da análise da literatura.
Richardson (1999) comenta que “os dados secundários são aqueles obtidos, por exemplo, de
obras bibliográficas ou de relatórios de pesquisas anteriores.”
A Abordagem do problema é qualitativa, pois não tem “emprego de instrumental
estatístico no processo de análise do problema” segundo estabelece Richardson (1999).
Tendo o autor a preocupação de determinar o melhor Modelo de Planejamento
Estratégico para empresa em questão, o instrumento de pesquisa é de análise documental,
possibilitando um embasamento científico mais sólido para elaboração do Planejamento
Estratégico proposto. Segundo Oliveira (2003, p. 65) a análise documental consiste em “uma
forma de coleta de dados em relação a documentos, escritos ou não, denominados fontes
primárias”.

4. Apresentação e Análise de Dados

O Planejamento Estratégico será efetuado na Empresa XYZ Engenharia e Construções


LTDA. e sua análise contextual será feita na sequência.

4.1 Caracterização da empresa onde será proposta a elaboração do planejamento


estratégico

Segundo diretrizes do SEBRAE a empresa XYZ Engenharia e Construções LTDA. é


uma micro empresa, composta por 2 sócios engenheiros civis, responsáveis pela criação dos
projetos, execução das perícias e avaliações de obras na engenharia e gestão de obras. A
atividade de execução é terceirizada, não havendo funcionários até o momento. A atuação no
mercado poderá acarretar a necessidade de ampliação do capital intelectual. Inclusive, a
participação de um sócio nesse curso, teve explicitamente esta decisão. A empresa está
regularizada junto aos órgãos competentes que supervisionam essa atividade profissional
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Planejamento Estratégico em uma empresa de construção civil janeiro/2013

(CREA/SC). A empresa foi criada com objetivo de atender a demanda criada pelo projeto
governamental em conjunto com a Caixa Econômica Federal, Minha Casa Minha Vida,
atendendo, prioritariamente as classes econômicas C e D. E também visando a oportunidade
existente pela carência de profissionais que executem as atividades de avaliações bem como
de perícias na área de engenharia civil, na região.
A Construção civil, como se pode observar, é uma das áreas em franco
desenvolvimento. A XYZ Engenharia e Construções LTDA notou que se abria uma
oportunidade impar para abrir negócios. As principais características que a empresa pretende
ter, além da gestão estratégica, é a flexibilidade de atender a maior parte dos serviços ligados
à área de Engenharia Civil. A Sociedade de hoje é pautada em situações de especialização e
de generalidades, embora pareça ser paradoxal, é de suma importância o empresário ser
versátil em ambas as situações.
Além dos serviços ligados à engenharia, a empresa XYZ pretende ter como atividade
diferencial e prioritária, a administração de obras, dando a oportunidade ao seu cliente, de
repassar todas as atribuições e responsabilidades da obra. Nesse processo, o intuito da
empresa não é unicamente dar oportunidade para seu cliente utilizar o tempo que demandaria
o envolvimento na obra, para que faça o seu dia a dia, administrando seu tempo, conforme
mencionam os autores Serra e Macedo (2009), que por acúmulo de atividades acabamos
atropelando outras, deixando questões estratégicas de nossa empresa de lado, aproveitando
pouco o tempo com a família, além de muitas vezes nos depararmos fazendo duas atividades
ao mesmo tempo.
Dessa forma, nos repassando algo que não dominam, sobrará mais tempo para
questões profissionais e pessoais do cliente em questão. Mas também, gerar uma economia
com o melhor produto possível, sendo essa economia, no mínimo, maior que a porcentagem
cobrada pela empresa. Como? Bom, por estar inserida no meio do mercado civil, a empresa
teria mais fácil acesso aos fornecedores, e seu corpo técnico o conhecimento e parceiros para
realização de cada etapa da obra.
Outra oportunidade que se apresenta para a empresa é a execução de habitações
populares. Com o programa de financiamento (Minha Casa, minha vida) criado pelo governo
federal em parceria com a Caixa Economia Federal. Desta forma, as Classes C e D, vêem a
oportunidade de viabilizar sua casa própria. Por se tratar de casas para classe baixa, através de
uma pesquisa mercadológica pode-se observar que muitos construtores acabam diminuindo a
qualidade da mão de obra e da matéria prima empregada, aumentando assim seu lucro. Outra
oportunidade detectada, idealiza-se uma margem menor de lucro, tendo condições de
trabalhar com a mão de obra e a matéria prima mais qualificada, eliminando re-trabalhos.
Sabe-se que o ramo da construção civil está repleto de oportunidades. Estas e as
ameaças fazem parte do Planejamento Estratégico de uma empresa, ou seja, já se está
começando a responder a questão de que o Planejamento Estratégico é não só possível, mas
fundamental para uma empresa de engenharia.

4.2 Apresentação da proposta de Planejamento Estratégico

Conforme modelo proposto pelo autor para amparar a elaboração do Planejamento


Estratégico da XYZ Engenharia e Construções LTDA., a primeira etapa a ser pesquisada é
momento 1, ou seja, o diagnóstico estratégico, a decisão de fazer, ou não, o Planejamento. A
idéia dos sócios ao optar pela sua elaboração se dá, principalmente, para iniciar uma empresa
com bases administrativas sólidas, preparados para enfrentar as vulnerabilidades do mercado.
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Planejamento Estratégico em uma empresa de construção civil janeiro/2013

No momento 2, ou seja, no processo de Planejamento Estratégico, insere-se a


declaração de valores que consolidarão a empresa XYZ Engenharia e Construções LTDA. no
mercado são os que seguem, em ordem de prioridade. Ética, Valorização Humana,
Comprometimento, Transparência, Qualidade e Segurança. Mesmo que haja esta escala, os
sócios da empresa declaram que todos estes valores farão parte integrante da sua atuação
como princípios norteadores de conduta.
A missão que será perseguida tenazmente é: Atender as necessidades dos clientes e
colaboradores, através da prestação qualificada do serviço de engenharia, observados os
valores da empresa, promovendo o bem estar e superando suas expectativas, quando
possível.
A visão norteadora da empresa XYZ Engenharia e Construções LTDA. é: Ser
reconhecida até 2015 como empresa referência da região da AMUREL1 na qualidade da
prestação de serviços de engenharia.
Os fatores intrinsecamente determinantes na saúde da empresa e o seu conseqüente
sucesso serão: sustentabilidade administrativa e financeira, possibilidade de competição no
mercado e qualificação crescente de seus serviços de engenharia colocados à disposição dos
clientes.
Algumas das oportunidades que se apresentam para a empresa XYZ Engenharia e
Construções LTDA. são: Facilidade de financiamento para habitações populares para
classes C e D, procura maior que oferta nas construções, residenciais, comerciais e
industriais, carência de profissionais em áreas específicas, avaliações e perícias, da
engenharia civil na região da AMUREL.
As Ameaças que poderão se fazer presentes na atuação da empresa XYZ Engenharia e
Construções LTDA. são, entre outras, falta de mão de obra qualificada, alta concorrência
na execução de obras e mudança governamental na taxa de juros dos financiamentos
habitacionais.
Como a empresa XYZ Engenharia e Construções LTDA. está se estruturando para
atuar no mercado, os itens componentes na análise interna estarão em discussão constante dos
sócios da empresa. Haverá uma orientação fundamentada nos valores, missão e visão da
empresa para implantação gradativa dos itens constantes na literatura que embasou o presente
artigo. Como no momento, deste estudo a empresa é composta, apenas, pelos dois sócios
proprietários, mostrar-se-á precária a apresentação de todos os itens compreendidos na análise
interna da implantação do Planejamento Estratégico proposto. A título de exemplificação
pode-se citar como pontos fortes os seguintes: capacitação dos sócios, solidez financeira,
motivação e adequadas condições de trabalho, e com pontos fracos: falta de liquidez e
imprevisibilidade nos lucros.
Com as análises externas e internas definidas deve-se fazer a matriz FOFA(Pontos
Fortes, Oportunidades, Pontos Fracos e Ameaças), também conhecida como matriz SWOT.
Essa tabela abaixo foi elaborada pelo autor:

MATRIZ FOFA – Empresa XYZ Engenharia e Construções LTDA.


Itens Descrição
ter
An

na
áli

Ex
se

Oportunidades 1 Facilidades de financiamento para habitações populares para

1
Associação dos Municípios da Região de Laguna- AMUREL – Associação que compreende, além do
município de Tubarão, pólo da região, os municípios seguintes: Armazém, Braço do Norte, Capivari de Baixo,
Imaruí, Imbituba, Jaguaruna, Laguna, Rio Fortuna, Sangão, Santa Rosa de Lima, São Martinho e Treze de Maio.
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Planejamento Estratégico em uma empresa de construção civil janeiro/2013

classes C e D
Procura maior que oferta nas construções residenciais,
2 comerciais e industriais
Carência de profissionais em áreas específicas, avaliações e
3 perícias, da engenharia civil na região da AMUREL
4 Falta de mão de obra qualificada
5 Alta concorrência na execução de obras
Ameaças
Mudança governamental na taxa de juros dos
6 financiamentos habitacionais
7 Capacitação dos sócios
Análise Interna

8 Solidez financeira
Pontos Fortes
9 Motivação
10 Adequadas condições de trabalho
11 Falta de Liquidez
Pontos Fracos
12 Imprevisibilidade nos lucros

Elaborada pelo autor deste artigo em dezembro de 2010


Cruzamento dos Pontos Fortes com Oportunidades, Ameaças e Pontos Fracos, conforme orientação de
Pereira (2010, pg.114)

7e1 Sim 8e1 Sim 9e1 Não 10 e 1 Não


7e2 Sim 8e2 Sim 9e2 Não 10 e 2 Não
7e3 Sim 8e3 Não 9e3 Sim 10 e 3 Não
7e4 Sim 8e4 Sim 9e4 Sim 10 e 4 Sim
7e5 Sim 8e5 Sim 9e5 Sim 10 e 5 Sim
7e6 Não 8e6 Não 9e6 Não 10 e 6 Não
7 e 11 Não 8 e 11 Sim 9 e 11 Não 10 e 11 Não
7 e 12 Sim 8 e 12 Sim 9 e 12 Não 10 e 12 Não

Resultado final indicando uma porcentagem de 51,52% de Sim e 48,48% de


Não.
Figura 2 – Matriz Fofa fazendo o cruzamento entre os pontos fortes com as oportunidades, ameaças e pontos
fracos

Conforme Pereira (2010, pg. 115) o percentual de 80% de “sim”, significa que a
empresa está muito bem. A Empresa em questão teve um percentual de 51,52% de “sim”, mas
deve-se levar em consideração que a empresa XYZ Engenharia e Construções LTDA. está
iniciando suas atividades, não tendo pontos fortes necessários para combater os fracos e as
ameaças.
A empresa XYZ Engenharia e Construções LTDA., iniciou suas atividades utilizando-
se de recurso próprio para execução de habitações populares geminadas. De acordo com a
matriz BCG, exposta abaixo na figura 3, considera-se esse serviço como “Estrela”, pois é um
serviço que está em crescimento no mercado e que dá uma boa rentabilidade para a empresa.
Já a administração de obras é considerada “Estrela” também por se tratar de uma atividade em
crescimento no mercado e que não demanda um capital alto de investimento, uma vez que
administram-se obras de terceiros, com recursos de terceiros, ganhando uma certa
porcentagem em cima do montante pelo serviço prestado. E por fim, incluem-se os serviços
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Planejamento Estratégico em uma empresa de construção civil janeiro/2013

de avaliações e perícias em obras de engenharia como “Estrela” porque persegue uma


qualificação crescente de um dos sócios da empresa. Há que se ressaltar que esta é uma área
carente de recursos humanos disponíveis no mercado de trabalho local.
Já como “Vacas Leiteiras” consideram-se os Projetos Arquitetonico e
Complementares, uma vez que a empresa está mantendo seus custos fixos, através desses
serviços, porém, não é idéia dos sócios manterem esse serviço por muito tempo. A idéia é ser
excelência na parte de execução dentro da construção civil, seja com recurso próprio, seja
executando para terceiros.
Devido ao crescimento que passa a construção civil em todo Brasil, na região da
AMUREL, não é diferente. Ocasionando uma alta procura para impressão dos projetos de
engenharia. Dessa forma coloca-se como serviço “Dúvida” a central de Plotagens, pois apesar
do crescimento do mercado, seu investimento é alto, e precisa-se fazer uma pesquisa de
mercado para saber se é necessário outra central de Plotagens, uma vez que a região já é
contemplada com outras empresas que praticam esse serviço.
A unificação e desmembramento de terrenos são classificadas como “Abacaxi”, pois a
burocracia excessiva dos órgãos competentes que tratam destas questões inviabilizam a
eficiência necessária para que se tenha a lucratividade dentro de um patamar plausível em sua
execução para a empresa XYZ Engenharia e Construções LTDA.. A empresa não tem
interesse em manter esses serviços.

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Figura 3 – Matriz BCG indicando o posicionamento de cada serviço da empresa XYZ Engenharia e Construções
LTDA.
As questões estratégicas que foram elencadas, a título de exemplificação, afim de
combater as ameaças citadas, anteriormente foram: Como se preparar para uma possível
mudança governamental nos programas de habitação popular, alterando e aumentando a taxa
de juros? e Como melhorar a mão de obra do chão de fábrica? (conforme figura 4).
A diversificação das ações e atividades da Empresa vai viabilizar a rotação e
priorização requeridas nos momentos de grande dificuldade gerada por elementos externos à
empresa. Como por exemplo: a alta da taxa de juros nos programas de habitação do governo,
juntamente com a Caixa Econômica Federal(C.E.F.).
Com profissionais multifuncionais, aptos a exercerem as diferentes atividades
requeridas em momentos de crise, ou seja, ameaças.
A empresa deve oferecer oportunidades de treinamentos internos e ou buscar
convênios e parcerias com órgãos governamentais de capacitação e qualificação profissionais,
tais como SEBRAE, SENAC, SENAI entre outros.

Figura 4 – Questões Estratégicas importantes para minimizar as ameaças da XYZ Engenharia e Construções
LTDA..

No momento 3 são previstas as etapas de implantação, acompanhamento e controle.


Pretende-se quando for efetivada a implantação, após 6 meses de atuação realizar o
acompanhamento e o controle do processo total do Planejamento Estratégico. Isto fornecerá
um feedback de todo o processo e serão destacados novamente as oportunidades e ameaças e
pontos fortes e fracos, assim o processo cria um dinamismo próprio e estabelece os princípios
básicos da eficiência, eficácia e efetividade administrativa da empresa, criando um processo
contínuo de aperfeiçoamento.

5. Conclusão

A XYZ Engenharia e Construções LTDA., empresa de construção civil, está iniciando


suas atividades e dessa forma o autor viu e elaborou um Planejamento Estratégico que será
implantado.
O autor aproveitou a sua capacitação em uma área específica da engenharia, avaliações
e perícias, e juntamente com o outro sócio engenheiro, capacitado em gerenciamento de
projetos, decidiu abrir seu próprio negócio. Com a ampliação da área de conhecimento dos
sócios, viu-se uma oportunidade de se fixar no mercado. A empresa XYZ Engenharia e
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Construções LTDA. foi implantada e está sendo implementada no decorrer de 2011 com a
implantação do Planejamento Estratégico e da metodologia prevista nas bibliografias
pesquisadas, notadamente em Imóveis Urbanos de autoria de Mônica D „Amato e Nelson
Roberto Pereira Alonso.
Observa-se, que a empresa está inserida em um mercado extremamente competitivo,
que num descuido pode ver uma grande oportunidade passar. O Planejamento Estratégico
elaborado apontou diversas oportunidades e ameaças, pontos fortes e pontos fracos, como
foram apontados no item 4.2 deste artigo, que se trabalhados de forma correta, contribuirão
para um crescimento sólido da empresa. Pode-se dizer também que, iniciar uma empresa com
um Planejamento Estratégico traçado é um diferencial no mercado, além de contar com a
experiência adquirida em Auditoria, Avaliações e Perícias da Engenharia.
Mesmo assim, ficou constatado que é de fundamental importância os sócios ficarem
atentos ao crescimento inicial da empresa, principalmente, identificando sempre os pontos
fortes e fracos, para não haver surpresas, já que nesse início a empresa conta apenas com os
sócios no quadro de funcionários.

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