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1. Introdução ................................................................................................................................... 1
1.1. Objectivos......................................................................................................................... 3
3. Conclusão.................................................................................................................................. 16
1. Introdução
Neste contexto utilização da informática em todos os segmentos sociais é uma realidade que não
pode ser ignorada uma vez que, segundo DELORS (1998) “As sociedades actuais são todas,
pouco ou muito, sociedades da informação, nas quais o desenvolvimento das tecnologias pode
criar um ambiente cultural e educativo susceptível de diversificar as fontes do conhecimento e
do saber”.
Diante deste cenário, vem sendo desenvolvidas várias acções pelos governos mundiais em prol
da “inclusão digital”, no caso do nosso país o governo juntos dos seus parceiros de cooperação
criou os telecentros de Manhiça e Mandimba em Maputo e Niassa respectivamente, e centros
provinciais de recursos digitais (CPRD) na Zambézia e Nampula, permitindo as pessoas e ou
comunidades locais aprimorar e desenvolver novas competências e habilidades dentre elas a de
utilizar os recursos da informática e da comunicação, como os computadores e a Internet.
Neste processo o mais importante é que as TIC’s sejam apropriadas e usadas pelas pessoas por
serem úteis na resolução das suas preocupações diárias, de maneira que a “inclusão digital”
possa contribuir para o desenvolvimento sócio-económico de toda a sociedade e ajudar a reduzir
1
Tecnologias de Informação e Comunicação
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Electronic Government
as assimetrias e a divisão entre as zonas rurais e urbanas, promovendo igualdade de acesso e uso
de informação, educação e aprendizagem, treinamento, compra e venda de bens e serviços,
entretenimento, intervenção na esfera pública, política e maior eficácia no trabalho e na
comunicação.
1.1. Objectivos
Verificar quais e como os diferentes actores sociais podem contribuir para a inclusão
digital com enfoque no contexto nacional;
1.3. Metodologia
2. Inclusão Digital
Conceptualizar a inclusão digital é uma tarefa sui generis, uma vez que vivemos num contexto de
mudanças em que a sociedade revê vários dos seus conceitos e suas concepções. Mas para
melhor compreender a inclusão digital se faz necessário conceptualizar a inclusão em si.
SASSAKI (1999), em seu livro Inclusão: Construindo uma sociedade para todos, fala-nos que:
A sociedade, em todas as culturas, atravessou diversas fases no que se refere às práticas sociais.
Ela começou praticando a exclusão social de pessoas que, por causa das condições atípicas, não
lhe pareciam pertencer à maioria da população. Em seguida, desenvolveu o atendimento
segregado dentro de instituições, passou para a prática da integração social e recentemente
adoptou a filosofia da inclusão social para modificar os sistemas sociais gerais, passando as
sociedades actuais a se regerem sob os princípios de celebração das diferenças, direito de
pertencer, valorização da diversidade humana, solidariedade humanitária, igual importância das
minorias e cidadania com qualidade de vida.
Neste sentido, os praticantes da inclusão baseiam-se no modelo social em que a sociedade deve
se mobilizar e se modificar para atender a diversidade da sua população.
Das afirmações de Sassaki, a inclusão digital deve expressar um conceito que encerre uma
consideração profundamente humanista. É nesta vertente que Cruz e outros autores apresentados
por Pellanda, definem a inclusão digital.
Para CRUZ (2004) “a inclusão digital deve favorecer a apropriação da tecnologia de forma
consciente, que torne o indivíduo capaz de decidir quando, como e para que utilizá-la”.
Na mesma obra Cruz, acrescenta que, para ser incluído digitalmente, não basta ter acesso a
computadores conectados à Internet. Também é preciso estar preparado para usar estas
máquinas, não somente com capacitação em informática, mas com uma preparação educacional
que permita usufruir de seus recursos de maneira plena.
pode servir de dispositivo cognitivo ontológico para que os seres humanos possam se pensar
como sujeitos de seu próprio processo de viver e, então, possam se considerar como um nó nessa
grande rede humana construindo seus próprios instrumentos de inclusão.
Se repararmos a nossa volta no dia-a-dia, constatamos que existem basicamente duas formas de
inclusão: uma inclusão espontânea e uma inclusão induzida.
O cidadão que vive hoje nas grandes cidades utiliza, querendo ou não, diversos dispositivos
electrónicos como, as caixas de bancos (ATM), cartões electrónicos, cartões de memória, etc.,
sendo, de alguma forma, obrigado a incluir-se/aprender a usar as diversas ferramentas da era da
informação. A vivência na sociedade da informação coloca os cidadãos em meio ao que estamos
chamamos de inclusão espontânea.
A forma induzida é aquela em que se criam espaços, projectos, dinâmicas educacionais por
iniciativas governamentais e ou não governamentais, ou do sector privadas, visando o reforço
técnico, social, cultural e intelectual.
As iniciativas mais comuns são os telecentros, Centro Multimédia Comunitário - CMC, internet
cafés, etc., visando induzir a formação, o acesso e a destreza no manuseio das novas tecnologias
de informação e comunicação.
Cognitiva – visa a autonomia e independência no uso complexo das TIC’s, isto é, criar a
capacidade de livre apropriação dos meios, condições para o desenvolvimento de pensamento
crítico, autónomo e criativo em relação às novas tecnologias de informação e comunicação de
forma transformadora e consciente.
Existem vários critérios que se devem ser tomados em conta para uma inclusão digital efectiva,
mas dentre estes demos relevâncias, os que estão ligadas ao acesso e as politicas associadas, uma
vez considerarmos como o primeiro passo a ser dado, tendo como base os critérios da
Bridges.org3, é uma entidade sem fins lucrativos, da África do Sul, criada para ajudar na melhora
da qualidade de vida nos países em desenvolvimento com a informática e as comunicações. Ela
definiu 12 critérios para avaliar se existe acesso real à tecnologia:
3
http://www.bridges.org/digitaldivide/realaccess.html
Acesso Físico – os computadores e telefones precisam ser acessíveis e estar disponíveis aos
utilizadores.
Preço Acessível – o custo da tecnologia e de seu uso precisa estar de acordo com a capacidade
que a maioria das pessoas e organizações tem de pagar por elas.
Integração – a tecnologia não pode se tornar uma dificuldade na vida das pessoas, mas deve se
integrar ao dia-a-dia da comunidade.
Factores Socioculturais – questões como género e raça não podem ser barreiras ao acesso à
tecnologia.
Confiança – as pessoas precisam ter condições de confiar na tecnologia que usam e entender
suas implicações no que diz respeito a questões como privacidade e segurança.
Estrutura Legal e Regulatória – as leis e regulamentos devem ser elaboradas com o objectivo de
incentivar o uso da tecnologia.
Ambiente Económico Local – deve haver condições que permitam o uso da tecnologia para o
crescimento da economia local.
Vontade Política – os governos precisam de vontade política para fazer as mudanças necessárias
para uma adopção ampla da tecnologia, com base em forte apoio da população.
O modelo que é apresentado neste trabalho é o definido pela International Society for
Technology in Education (ISTE) e adoptado pela UNESCO4, que define uma base para
obtenção de dados quanto ao desempenho do professor e do aluno em tecnologias de informação
e comunicação.
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Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura.
Nessa fase o indivíduo possui o nível de compreensão e aplicação orientada sobre o uso das
TIC’s.
Nessa fase o indivíduo possui o nível de aplicação autónoma e análise sobre o uso das TICs.
Nessa fase, o indivíduo possui o nível de síntese. Nesta etapa participa de redes sociais,
comunidades de práticas, de aprendizagem virtual e de colaboração, além de utilizar as TICs de
forma criativa, sustentável e inovadora, para ganho social e comunitário.
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SANTOS, D. B.. “Modelo Teórico de Habilidades para Inclusão Digital e Social”. In: Avaliação de Habilidades
de Inclusão Digital: Uma proposta de instrumento de medida. Monografia de Licenciatura em Computação.
Departamento de Ciência da Computação, Instituto de Ciências Exactas. Brasília, Universidade de Brasília, 2007.
pp. 31 – 32.
Nessa fase o indivíduo possui o nível de avaliação. Identifica novos problemas e propõe soluções
colaborativas com o uso das TIC’s, do conhecimento e da rede social estabelecida.
Nessa fase também possui o nível de avaliação, no entanto além de identificar alternativas de uso
das TIC’s na solução de problemas, actua da maneira inovadora para o ganho social e
comunitário, preservando valores, identidades culturais e recursos ambientais.
Este processo, não ocorre isoladamente, é condicionado pela intervenção de vários intervenientes
cada um desempenhando o seu papel e estes por sua vez complementando-se.
O governo – este deve ser o principal impulsionador da inclusão digital, elaborando políticas e
criando parcerias, de modo a garantir o acesso as tecnologias de informação e comunicação, bem
como expandindo a infra-estrutura das TIC’s. O nosso país é também um exemplo vivo, com a
Estratégia de Ciência, Tecnologia e Inovação: “Todos os Moçambicanos têm o direito ao acesso
e equidade na disponibilidade do uso da ciência, tecnologia, inovação e tecnologias de
informação e comunicação com vista a acelerar o processo de criação de riqueza, da
erradicação da pobreza, e, deste modo, acelerar a melhoria da sua qualidade de vida.”
Empresas do sector privado – existem várias formas das empresas contribuírem para inclusão
digital. Entre elas, estão a doação de computadores, o estímulo ao voluntariado corporativo, o
patrocínio do desenvolvimento de tecnologias de inclusão digital, a promoção da capacitação
tecnológica de professores de escolas públicas, o financiamento de computadores e acesso à
Internet em escolas públicas e o apoio a centros comunitários e a escolas de informática, que
podem ser instaladas tanto na própria empresa quanto nas comunidades onde estão sediadas.
Instituições de ensino público e privado – são um dos garantes do processo de formação dos
cidadãos e de formação do conhecimento, isto é, devem garantir que a aprendizagem seja das
TIC’s reflictam-se como benefício no dia-a-dia dos seus formandos e das comunidades. Estas
oferecem cursos na área de informática, tecnologias e afins de acordo com os anseios da
sociedade, e contribuem para a disseminação das tecnologias através de várias pesquisas,
projectos e actividades em desenvolvimento.
Agentes de Inclusão Digital – visam facilitar o uso intensivo das novas tecnologias pelos
utilizadores, em particular os de acesso comunitário, actuando como um professor, instrutor,
“multiplicador”, facilitando o processo de aprendizagem.
O acesso as TIC’s pode ser vista como uma combinação de três componentes essenciais: acesso
à infra-estrutura física; capacidade de usá-la; e capacidade financeira para custear o tal uso,
(GASTER et al., 2009).
Portanto o grande desafio dos governos consiste em criar uma infra-estrutura básica sustentável,
isto para não se investir em tecnologias que não reflectem os anseios da comunidade e que mais
tarde se torne um fardo para sua manutenção e até mesmo a sua desactivação. A título de
exemplo, podemos citar a convergência tecnológica no campo das tecnologias de informação e
comunicação, com à eliminação das barreiras anteriormente existentes entre as tecnologias de
informação (TI), telecomunicações, radiodifusão e outros meios de informação e entretenimento.
Estas áreas, que outrora eram considerados separados, agora poderão começar a ser
caracterizados como um único sector novo de TIC, dai que é preciso apostar nestas novas
tecnologias, uma vez reduzirem custos, embora nem sempre.
Nos dois casos, um dos principais desafios por vencer é o preço de aquisição por parte dos
cidadãos, devido má distribuição de renda.
A baixa taxa de escolaridade, fraca capacitação para usar a tecnologia de modo aplicá-la de
forma efectiva, bem como o fosso entre as zonas rurais e urbana é entre os muitos um dos
obstáculos à inclusão digital, são obstáculos que até mesmo podem levar a outras formas de
exclusão social.
Um dos desafios não menos importante é a criação de conteúdos relevantes, de acordo com os
interesses e às actividades da comunidade local.
Por enquanto, a discussão sobre inclusão digital está praticamente restrita ao acesso a
computadores ligados à rede de telefonia fixa com os famosos modens ADLS. Mas novas
No caso dos celulares, a tecnologia já está disponível. A principal barreira, como foi dito, é o
preço.
Outras opções tecnológicas que podem contribuir para a inclusão digital são as redes locais sem
fio, também conhecidas como Wireless Fidelity (Wi-Fi), o satélite e a tecnologia Powerline
Communications (PLC), que usa a rede de energia eléctrica para a comunicação de dados,
reduzindo assim custos com aquisição material para implementação de nova infra-estrutura. O
avanço tecnológico abre novas possibilidades
Não se pode deixar de lado uso do software livre, como o sistema operativo (SO) Linux, o
servidor de páginas Web Apache bem como os seus aplicativos, pois os software’s proprietários
têm a sua influência na hora de aquisição, uma vez que deve-se pagar para aquisição das licenças
de uso.
3. Conclusão
Do presente trabalho, é notável que a inclusão digital esta além de fornecer tecnologia, mais sim,
que estas tecnologias se reflictam na melhoria de vida dos cidadãos. Um exemplo visível é o da
informática a internet, que por si só não transformam vidas, ao menos que para isso, as pessoas
precisam ser ensinadas com uma metodologia que inclua processos mais complexos do que o uso
do teclado e do mouse.
Devidos aos vários constrangimentos como, infra-estrutura básica ainda inexistente em alguns
como países como o nosso, concentração de capacidade humana qualificada na zona urbana que
cria fosso com a zona rural, custos de aquisição de algumas tecnologias que para muito ainda é
elevado devido a sua baixa renda, se faz necessário que haja esforços consertados de modo a
tornar o processo de inclusão digital efectivo, sob pena de se criar-se uma nova camada de
pessoas excluídos digitalmente e socialmente.
Sendo assim todos intervenientes da sociedade são chamados a dar o seu contributo um prol da
inclusão digital e da sociedade de informação e conhecimento.
4. Referências Bibliográficas
1. CRUZ, R.. O que as Empresas Podem Fazer pela Inclusão Digital., São Paulo, Instituto
Ethos, 2004.
2. SILVEIRA, S. A.. Exclusão Digital. São Paulo, Fundação Perseu Abramo, 2001.
3. GASTER, Polly, et al.. Inclusão Digital em Moçambique: Um Desafio para Todos. Centro de
Informática da Universidade Eduardo Mondlane, Julho, 2009.
4. SASSAKI, R. K.. Inclusão: Construindo uma Sociedade para Todos. Rio de Janeiro, WVA,
1999.
Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. São Paulo, Cortez;