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Ecoturismo
de Base
Comunitária
Ferramentas para um planejamento responsável
Arquivo pdf com 248 k
140 páginas, capa e verso da capa
Todos os direitos reservados. Parte integrante do livro Manual de Ecoturismo de Base Comunitária:
ferramentas para um planejamento responsável, do WWF-Brasil.
Para conhecer os outros capítulos do Manual, o método de elaboração, os projetos parceiros
e demais informações sobre este livro, visite o site do WWF-Brasil – www.wwf.org.br.
SECÇÃO 2
IMPLEMENTAÇÃO RESPONSÁVEL:
instrumentos para desenvolvimento físico, educação e capacitação
CAPÍTULO 2.6
Implantação e manejo de trilhas
Autor: Waldir Joel de Andrade
PARCERIA:
APOIO:
MANUAL DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITÁRIA
FERRAMENTAS PARA UM PLANEJAMENTO RESPONSÁVEL
FICHA TÉCNICA
Esta publicação, "Manual de Ecoturismo de Base Comunitária: ferramentas para um planejamento responsável” é pu-
blicada com o apoio da USAID - Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional - com sede na
Embaixada Americana no Brasil, nos termos do acordo nº 512-0324-G-00-604. As opiniões expressas do(s) autor(es)
não necessariamente refletem as opiniões da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional.
Esta publicação contou com o apoio da Kodak Company, USA, nos termos do acordo de cooperação técnica celebra-
do para apoio ao desen volvimento dos projetos do Programa de Ecoturismo de Base Comunitária do WWF-Brasil. As
opiniões expressas do(s) autor(es) não necessariamente refletem as opiniões da Kodak Company.
A viabilidade desta publicação contou com a participação da Companhia Suzano de Papel e Celulose, por meio de
convênio de parceria entre o WWF-Brasil e o Instituto Ecofuturo. As opiniões expressas do(s) autor(es) não necessa-
riamente refletem a opinião desta Companhia.
Bibliografia
ISBN: 85-86440-12-4
CDU 504.31
GESTÃO INTEGRADA
6. Implantação
e manejo de trilhas
Waldir Joel de Andrade
❒ Quanto à função
As trilhas são utilizadas em serviços
administrativos – normalmente por guardas
ou vigias, em atividades de patrulhamento
(a pé ou a cavalo) – ou pelo público visi-
tante, em atividades educativas e/ou recrea-
Estrada
tivas. Nestes casos, podem ser divididas em
trilhas de curta distância, as chamadas "tri-
lhas interpretativas" (Nature Trails) ou de tri- ✑ FIG. 2 – Trilha em oito
6 lhas selvagens e de longa distância
(Wilderness Trails).
Trilhas de curta distância apresentam Trilha
caráter recreativo e educativo, com progra-
mação desenvolvida para interpretação do
ambiente natural. Já as de longa distância
valorizam a experiência do visitante que
busca deslocar-se por grandes espaços sel-
vagens, como as viagens de travessia pela
região. Um exemplo clássico em nosso país
é a travessia Petrópolis – Teresópolis, através Estrada
do Parque Nacional de Serra dos Órgãos, no
Rio de Janeiro. Lembra-se que a interpre- ✑ FIG. 3 – Trilha linear
tação ambiental deve ocorrer nos dois tipos
acima citados, mudando-se apenas os meios Pico, caverna, etc
(ver capítulo Interpretação Ambiental).
Lago
❒ Quanto à forma
a) Trilha Circular Trilha
A trilha circular oferece a possibilidade
de se voltar ao ponto de partida sem repetir
o percurso no retorno. Pode-se também
definir um sentido único de uso da trilha, o
Estrada
que permite que o visitante faça o percurso
sem passar por outros visitantes no sentido
contrário (FIG. 1). o caminho principal, quando já não é o
próprio, a algum destino como lagos,
b) Trilha em Oito clareiras, cavernas, picos etc.. Apresenta as
Essas trilhas são muito eficientes em desvantagens do caminho de volta ser igual
áreas limitadas, pois aumentam a possibili- ao de ida e a possibilidade de passar por ou-
dade de uso desses espaços (FIG. 2). tros visitantes no sentido contrário (FIG. 3).
B Regular
✑ FIG. 4 – Trilha em atalho C Semi-pesada
b) Vegetação
A presença de uma trilha provoca
mudanças na composição da vegetação ao
2. Impactos ambientais decorrentes da
redor. Quando uma trilha é aberta há alte-
implantação e uso de trilhas
ração da luminosidade disponível, o que
s trilhas representam uma interferência facilita o crescimento de plantas tolerantes à
A do homem na natureza. Provocam tanto
impacto físico como visual, sonoro e de
luz. O constante pisoteio na trilha acaba
destruindo as plantas por choque mecânico
cheiro. Ao mesmo tempo, restringem essa direto e pela compactação do solo. A erosão
interferência a um único e delimitado itine- do solo expõe as raízes das plantas, dificul-
rário. Usualmente, as trilhas para ecoturis- tando sua sustentação e facilitando a conta-
mo passam por ambientes naturais frágeis minação por pragas. Os caminhantes tam-
ou carentes de proteção. Os efeitos que uma bém trazem novas espécies para dentro do
trilha causa no ambiente ocorrem principal- ecossistema, principalmente gramíneas e
mente na superfície da trilha propriamente plantas daninhas em geral.
dita, mas a área afetada pode ser de um
metro a partir de cada lado. c) Fauna
Há quatro elementos ambientais sob O impacto de trilhas em relação à fauna
influência direta do uso de trilhas: ainda não é bem conhecido. Provavelmente
deve haver uma alteração no número de
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Implantação e manejo de trilhas – IMPLEMENTAÇÃO RESPONSÁVEL
Uma ascensão moderada pode ser con- de mata, e pense se nestas circuntâncias
seguida por meio de um traçado em ainda poderia ver B.
ziguezague, com curvas espaçadas, para
que uma não seja visível de outra, de modo ❒ Haja uma mudança acentuada de
a evitar que as pessoas cortem caminho. declividade (inclinação) na trilha, tanto
ascendente (termina uma descida e
PLANEJAMENTO DE UM SISTEMA começa uma subida; ou a trilha de
DETRILHAS EM UMA MESMA ÁREA ligeiramente inclinada passa a forte-
mente inclinada; ou ainda de fortemente
Nos casos de unidades de conservação inclinada passa a levemente inclinada)
como parques, geralmente há potencial quanto descendente (termina uma subi-
e necessidade de mais de uma trilha. da e começa uma descida).
Mesmo que já haja várias trilhas em uso,
Quando uma ou ambas as condições
a adequação e melhoria de trilhas
6 acima ocorrerem, B interrompe a caminha-
existentes, e especialmente a abertura da e A e B começam, no trecho delimitado,
de novas trilhas, devem ser precedidas o levantamento das variáveis apresentadas
de um planejamento conjunto de toda abaixo. Ao terminar o levantamento do tre-
a área, como um sistema de trilhas. cho, A coloca-se no ponto onde B estava, e
este último caminha até a identificação de
Assim, é possível propiciar o acesso a uma
um novo trecho.
diversidade de públicos-alvo e a maior Este processo é seguido até que toda a
variedade de ambientes e atrativos da área, trilha tenha sido percorrida e suas medidas
com possibilidade de realizar atividades levantadas. O levantamento envolve a
diferentes sem que haja sobrecarga medição das seguintes variáveis em cada
trecho da trilha:
do ambiente ou conflitos entre visitantes
devido aos objetivos de uso diversos a) Metragem
(ver capítulo Planejamento Integrado). Trata-se da distância entre os dois pontos A
e B, medida com roda métrica (ver quadro a
seguir), por vezes cinta métrica, e ainda em
p Levantamento de trilhas dois casos por estimativa no mapa. A
Uma vez definido o traçado, deve-se metragem é necessária não só para conheci-
realizar o levantamento da trilha, ou seja, a mento da extensão total da trilha, mas também
medição de diversas variáveis para toda a para identificação e marcação de trechos de
extensão da trilha. Os resultados do levanta-
mento podem, por vezes, levar à necessi-
dade de alteração do traçado da trilha. O QUE É RODA MÉTRICA?
O levantamento é feito por trechos da
trilha, e geralmente envolve o trabalho de Roda métrica é um instrumento que facilita
duas pessoas. Para definir o tamanho do tre-
cho, uma das pessoas (A) coloca-se no muito medições de distância. Constitui-se
começo da trilha e a outra (B) vai cami- de uma roda com um odômetro e um cabo
nhando pela trilha até que: para ser empurrada pela pessoa que realiza
a medida (como um carrinho). É adequada
❒ Haja uma mudança acentuada de dire-
para este tipo de trabalho que não exige
ção na trilha, de forma a que A não mais
possa ver B. Em locais descampados, é precisão absoluta das medidas de distância.
necessário que A imagine um ambiente Pode ser eletrônica ou mecânica.
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Implantação e manejo de trilhas – IMPLEMENTAÇÃO RESPONSÁVEL
EXEMPLO:
FORMULÁRIO PARA LEVANTAMENTO DE TRILHA
Canais
perpendiculares Com tábuas
isoladas
Barreira
Trilha
Trilha
Contenção de erosão
Contenção de erosão “acima” “abaixo” da trilha
da trilha com uso Trilha com o uso de pedras
de mais de um material
6
é especialmente importante em trilhas lon- losos. Na escolha do tipo de madeira deve-
gas, que geralmente não recebem sinaliza- se levar em conta a durabilidade, facilidade
ção interpretativa (ver capítulo Interpretação de ser trabalhada, disponibilidade e custo.
Ambiental) ou mesmo estaqueamento. A Uma placa de madeira de boa qualidade
sinalização deve ser sistemática, compreen- não possui nós e não empena.
sível e à prova de vandalismo. As dimensões das placas são variáveis.
As placas do início da trilha, por conterem
a) Marcação a tinta mais informações, tais como mapas e orien-
Marca padronizada, utilizada para tações gerais, devem ser maiores. Forma,
demarcar a trilha, colocada estrategica- cor e tipo de letra devem ser padronizados.
mente numa árvore ou pedra. Deve-se As letras podem ser entalhadas na madeira e
definir a forma e cor padrão para a trilha. As a pintura deve distinguir o fundo, que pode
melhores cores são o azul, vermelho, ser pintado ou natural; nesse caso, deve-se
amarelo, branco e laranja. É interessante aplicar verniz náutico ou automotivo, para
adotar as cores primárias para a trilha prin- proteger das intempéries.
cipal e uma cor secundária para as trilhas Para a instalação, utiliza-se poste de
secundárias. Tinta látex se presta bem a isso. madeira tratada ou totem (pilhas de pedra).
Os pontos a serem marcados – troncos de Não se deve fixar placas diretamente em
árvores ou pedras – devem ser raspados com tronco de árvores com o uso de pregos.
escova de aço ou raspador de metal.
Quando o traçado da trilha sofrer alterações, c) Montes de pedras (Totem)
as marcações antigas devem ser eliminadas, Para se marcar as orientações de direção
para não confundir os excursionistas. em trilhas que não possuem árvores, podem
ser usadas pilhas de pedras, que são de fácil
b) Placas visualização. Também conhecidas como
As placas devem ser dispostas ao longo totens (FIGURA 9).
da trilha, e informar sobre o nome da trilha, A distância entre os totens deve ser tal
a direção, os pontos importantes, a distân- que o excursionista ao lado de um totem
cia, o destino etc. Podem ser confec- possa visualizar outros dois – o da frente e o
cionadas em pedra, metal ou madeira. Esta de trás. Em locais sujeitos à neblina,
última é a mais popular e atrativa e, se devi- recomenda-se a pintura das pedras do topo
damente afixada, dificilmente será levada do totem para facilitar a visualização.
como souvenir por visitantes inescrupu-
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Implantação e manejo de trilhas – IMPLEMENTAÇÃO RESPONSÁVEL
4. Implantação
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✑ TOME NOTA:
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