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DIREITO CONSTITUCIONAL I – AULA 12

GARANTIAS CONSTITUCIONAIS (SEGUNDA PARTE)

Mandado de Segurança (Individual e Coletivo) – incisos LXIX e LXX

O Mandado de Segurança é uma ação1 voltada para uma solução rápida


para problemas que as pessoas físicas e jurídicas tenham com alguma
decisão (ou perspectiva de decisão) tomada por uma autoridade do serviço
público.

A concessão da ordem de segurança (o resultado que se pretende com o


mandado de segurança) está condicionada a dois fatores: a) a existência de
direito líquido e certo (demonstrável apenas com documentos), não
protegido por habeas corpus ou habeas data; b) que a ilegalidade tenha
sido praticada (ou esteja na iminência de ser praticada) por autoridade
pública ou pessoa que tenha recebido esta autoridade em delegação, não
podendo ser utilizado para atacar uma lei em tese.

Quando se defenda direito que possa ser atribuído individualmente a


alguém, o mandado de segurança será individual, ainda que muitas pessoas
estejam na mesma ação.

Quando o direito a ser defendido é coletivo ou difuso, apenas partidos


políticos, organizações sindicais, entidades de classe ou associações com
mais de um ano de funcionamento podem apresentar o mandado de
segurança coletivo ao Poder Judiciário. Para isso, precisam demonstrar
vínculo entre seus interesses e a ação proposta.

Em qualquer dos dois casos, a tutela obtida por esta ação pode ser
inibitória, prevenindo a prática, a reiteração ou a continuação do ato ilícito.
Ou pode ser voltada para obrigar a autoridade coatora a praticar um ato a
que se recusava.

1
Ação, em um conceito bem simples, é um meio formal de apresentar um pedido perante o Poder
Judiciário. Cada tipo de ação tem determinados requisitos a serem preenchidos e servem, grosso modo,
para um determinado tipo de resultado que se busque. O tema será exaustivamente estudado no
futuro, no curso de Direito Processual Civil.
Mandado de Injunção

O Mandado de Injunção é um tipo de ação criada pela Constituição de


1988, com a finalidade de veicular reclamações ao Poder Judiciário de que
direitos definidos por ela estavam inviabilizados por falta de norma
regulamentadora.

Esta ação pode ser proposta, nos termos da Lei 13.300/16, por qualquer
pessoa que se considere nesta situação: impedida de usufruir um direito
previsto na Constituição, por falta de regulamentação em norma
infraconstitucional. Será proposta contra a autoridade responsável pela
elaboração da norma em questão.

A decisão proferida pelo Tribunal inicialmente terá validade apenas entre


as partes envolvidas no processo. Mas poderá alcançar efeito erga omnes,
servindo para todas as pessoas que estejam na mesma situação, até que o
responsável pela elaboração da norma dê cumprimento à sua obrigação
constitucional, caso o tribunal que profira a decisão compreender que isso é
mesmo inerente a ela, ou indispensável para sua execução.

Habeas Data (inciso LXII). Sigilo indispensável à segurança do Estado


(inciso XXXIII)

Trata-se de ação à disposição dos cidadãos para que eles possam obter as
informações (e eventualmente retificá-las) sobre sua própria pessoa que
foram coletadas por bancos de dados de entidades governamentais ou de
caráter público (abertas à consulta pública).

Qualquer pessoa física o jurídica que tenha tido essas informações negadas
está legitimada (autorizada) a propor a ação. Também os sucessores de
pessoa falecida.

Quem deve responder ao habeas data? As instituições da administração


pública, ou instituições privadas que tenham caráter público (SPC,
SERASA, etc.) e disponibilizem estas informações a terceiros.

Excluem-se da cobertura do habeas data apenas as informações cujo sigilo


seja imprescindível à segurança do Estado, hipótese em que prevalece o
interesse geral sobre o interesse individual. Este sigilo não é uma decisão
do administrador, mas sim o reconhecimento de uma das hipóteses
previamente fixadas em lei (Lei 12.257/11).

Ação Popular (inciso LXXIII)

A ação popular é um meio que permite que o cidadão colabore com a


fiscalização da Administração Pública.

Basta que a pessoa seja cidadão (conceito identificado como de eleitor


regular pela Lei 4.717/65) para que possa propor uma ação em que peça a
anulação de ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente, ou ao patrimônio
histórico e cultural.

O tema voltará a estudo nos Cursos de Direito Administrativo e Direito


Processual Civil.

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