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MEMBRANA PLASTÁTICA

INTRODUÇÃO
Presume-se que a primeira célula tenha originado-se da inclusão de RNAs auto-replicativos e de
moléculas associadas, em uma membrana composta por fosfolipídios. Assim, esta unidade seria
capacitada para auto-replicação e posterior evolução.
DEFINIÇÃO
A membrana Plasmática (MP) circunda a célula, define seus limites e mantém as diferenças entre o citosol
e o meio extra-celular. Dessa forma, a MP determina ao composição do citoplasma.
Embora desempenhando várias funções, a MP das células atuais é composta por lipídios e proteínas
mantidas juntas principalmente por interações NÃO-covalentes.
FUNÇÕES
1. Manutenção da integridade da estrutura da célula.
2. Controle do movimento de substâncias para dentro e para fora da célula (permeabilidade seletiva).
3. Regulação da interações célula-célula.
4. Reconhecimento de células estranhas e de células alteradas, através de receptores e antígenos.
5. Atuação como interface entre o citoplasma e o meio externo.
6. Estabelecimento de sistemas de transporte para moléculas específicas.
7. Transdução de sinais extracelulares físicos e/ou químicos em eventos intracelulares.
EXISTÊNCIA DA MEMBRANA PLASMÁTICA
Estudos com células vegetais – Bowmann (1840).
Em 1924, dois cientistas alemães (E. Gorter e R. Grendel) forneceram as primeiras evidências de que as
membranas biológicas consistem de bicamadas lipídicas.

ERITRÓCITOS HUMANOS
1. Os eritrócitos humanos são obtidos em grande número, de bancos de sangue e, relativamente sem
contaminação com outros tipos celulares.
2. A MP sendo sua única membrana (não possuem núcleo e organelas membranosas), pode ser isolada
sem contaminação por outras membranas, evitando sérios problemas como encontrados em outros tipos
celulares, nos quais a MP constitui menos de 5% do total das membranas da célula.
3. A facilidade de preparo e obtenção de MP, a partir dos eritrócitos.

COMPOSIÇÃO BIOQUÍMICA
Todas as membranas biológicas, incluindo a MP e as membranas internas das células Eucarióticas, são
compostas por moléculas de LIPÍDIOS (MP dos eritrócitos ~ 50% e membrana das organelas ~ 30%) e de
PROTEÍNAS (MP dos eritrócitos ~ 50% e outras membranas ~ 70%), mantidas juntas por interações NÃO-
covalentes, e;
CARBOIDRATOS (variam de 2 a 8%), presentes nas MP das células Eucariontes, ligados aos Lipídios
(Glicolipídios) e às Proteínas (Glicoproteínas).

LIPÍDIOS DA MEMBRANA
1. A bicamada lipídica fornece a estrutura básica da membrana e serve como uma barreira relativamente
impermeável à passagem da maioria das moléculas hidrossolúveis.
2. Constituem cerca de 50% ou mais da massa da maioria das membranas da células animais (10 9
moléculas de lipídios / MP de uma célula animal).
3. São moléculas ANFIPÁTICAS (ou Anfifílicas), ou seja, possuem uma extremidade hidrofóbica e outra
hidrofílica.
PRINCIPAIS TIPOS DE LIPÍDIOS
Os principais tipos de Lipídios membranários são:
FOSFOLIPÍDIOS ~ cerca de 55%
COLESTEROL – aproximadamente 25%
GLICOLIPÍDIOS – apenas 20%.
1. MOLÉCULAS DE FOSFOLIPÍDIOS (algumas características – 55%)
1. Essas moléculas possuem uma cabeça POLAR (hidrofílica) e duas caudas de hidrocarbonetos
(hidrofóbicas);
2. As caudas são geralmente ácidos graxos, com 14 a 24 (18 ~20) átomos de carbono; podem diferir em
comprimento;
3. Uma das caudas tem uma ou mais (até 4) duplas-ligações cis (Insaturadas), enquanto a outra NÃO as
contém (Saturada);
4. Cada dupla-ligação causa uma pequena “flexão” na cauda;
5. As diferenças no Comprimento e Saturação das caudas dos ácidos graxos influenciam a habilidade das
moléculas de fosfolipídios de se arranjarem e, por consequência, afetam a fluidez da membrana.
PRINCIPAIS TIPOS DE FOSFOLIPÍDIOS (algumas características)
1. Os principais tipos de fosfolipídios são:
Fosfatidiletanolamina
Fosfatidiserina
Fosfatidilcolina
Esfingomielina
Fosfatidilinositol
2. A metade externa da MP consiste principalmente de fosfatidilcolina e esfingomielina.
3. A metade interna da MP possue a fosfatidiletanolamina, fosfatidilserina e, em menor proporção, o
fosfatidilinositol.
4. O fosfatidilserina e o fosfatidilinositol têm uma carga negativa.

ASSIMETRIA DA BICAMADA LIPÍDICA


A composição lipídica das duas metades da bicamada, nas membranas é marcantemente diferente.
A maioria das membranas das células eucarióticas, incluindo a MP, é sintetizada no RE e, nesta organela,
ocorre a Assimetria Fosfolipídica, produzida por translocadores-fosfolipídicos, que deslocam os
fosfolipídios de uma monocamada para outra.
Esta Assimetria é fundamental para o funcionamento de numerosos processos, por exemplo, os sistemas
enzimáticos.
TIPOS DE MOVIMENTOS DAS MOLÉCULAS DE FOSFOLIPÍDIOS NA BICAMADA LIPÍDICA
2. COLESTEROL (principais características - cerca de 25%)
1. É um lipídio neutro, constituinte da maioria das MP das células eucariontes.
2. Presente em quantidade molar equivalente àquela dos fosfolipídios (1:1).
3. Nas organelas, é menos abundante, cerca de 5 a 10% dos lipídios.
4. Estão ausentes nas bactérias (procariontes) e substituído pelo ergosterol, nas células vegetais.
5. Devido ao pequeno tamanho do seu grupo polar, é passível de realizar o movimento “flip-flop”.
6. normalmente, as células animais obtêm colesterol das dietas, mas, elas têm a capacidade de produzí-lo
endogenamente, para suprir a capacidade diária requerida. O fígado é o órgão mais importante,
qualitativamente, para esta síntese.

FLUIDEZ DA BICAMADA LIPÍDICA


Fluidez – facilidade com a qual as moléculas lipídicas movem-se no plano da bicamada.
Importância – capacita as proteínas da membrana a se difundirem rapidamente, no plano da bicamada e a
interagirem umas com as outras, essencial para muitas funções, como por exemplo, a sinalização celular.
FATORES QUE INTERFEREM NA FLUIDEZ
1. COMPOSIÇÃO DA BICAMADA LIPÍDICA
1A. FOSFOLIPÍDIOS
1. Comprimento das Caudas dos hidrocarbonetos – cadeia MAIS CURTA reduz a tendência de
interagirem umas com as outras e, portanto, AUMENTA a fluidez da bicamada.
2. Insaturação das Cadeias hidrocarbonadas – AUMENTA a fluidez da dupla camada lipídica. A
saturação das cadeias hidrocarbonadas a torna viscosa.
1B. COLESTEROL
As moléculas de colesterol aumentam as propriedades de “barreira de permeabilidade” da bicamada
lipídica.
O colesterol insere-se no interior da bicamada lipídica com seus grupos hidroxila polares próximos aos
grupos de cabeças fosfolipídicas, seu anel esteróide rígido interage e imobiliza as regiões das cadeias de
hidrocarbonetos próximas aos grupos das cabeças polares, DIMINUINDO a permeabilidade da bicamada
(MENOS FLUIDA).
O colesterol, presente em altas concentrações nas células eucarióticas, também impede as cadeias de
hidrocarboneto de se aproximarem e cristalizarem.

2. TEMPERATURA
Altas temperatura e baixas temperaturas interferem com a fluidez da membrana.

OS MICRODOMÍNIOS LIPÍDICOS: “RAFTS” ou BOLSAS LIPÍDICAS


Em formato de mosaico, a dupla camada lipídica é um fluido bidimensional no qual os lipídios e as
proteínas se propagam livremente.
As membrana são formadas por macro e microdomínios, que compreendem os dois folhetos da dupla
camada lipídica.
A MP é um mosaico de microdomínios lipídicos, denominados “rafts” separados por regiões “NÃO-
rafts”.
O tamanho desses microdomínios pode variar; eles também podem fusionar uns com os outros ou mesmo
dissociar-se.
INTERAÇÕES DIFERENCIAIS ENTRE OS LIPÍDIOS
Os esfingolipídios e o colesterol se associam lateralmente em “rafts” muito densos, num meio mais
fluido, formado principalmente pela fosfatidilcolina.
Os esfingolipídios, que tendem a ser dotados de cadeias de hidrocarbonetos longas e com ácidos graxos
saturados, as forças de atração (coesão) de van der Waals podem ser suficientemente fortes para mantê-las
temporariamente unidas, em pequenos microdomínios (rafts lipídicos).
Assim, a MP de células animais parece conter muitos destes pequenos “rafts” (~70 nm de diâmetro), ricos
em esfingolipídios e colesterol.
Devido à sua constituição, as bolsas são mais espessas que as outras partes da bicamada, podendo
acomodar certos tipos de proteínas da membrana.
MOVIMENTO DAS MOLÉCULAS NAS BOLSAS LIPÍDICAS
Na maior parte da membrana, as moléculas lipídicas em uma monocamada se movem independentemente
das moléculas presentes na outra monocamada.
Nas bolsas lipídicas, as longas caudas de hidrocarboneto dos esfingolipídios de uma monocamada
interagem com aquelas presentes na outra monocamada.
IMPORTÂNCIA DAS BOLSAS LIPÍDICAS
1. Os “rafts” servem como plataforma para a fixação de proteínas membranáriass (GPI, enzimas digestivas
apicais dos enterócitos, etc).
2. Os “rafts” intervêm na expressão dos genes.
3. Ativação de algumas enzimas (proteína quinase C).
4. Biogênese da membrana e divisão celular.
5. Exerce papel estabilizador (anexina II liga o citoesqueleto cortical aos “rafts”).

GLICOLIPÍDIOS
As moléculas que exibem uma marcante e consistente ASSIMETRIA na distribuição da membrana
celular, são os GLICOLIPÍDIOS, descritos exlusivamente na face EXTRA-CELULAR.
Na MP, os grupos de açúcares estão expostos para a Superfície Celular, onde sugere-se que eles estejam
associados através de pontes de hidrogênio.
A Assimétrica distribuição dos Glicolipídios na bicamada, resulta da adição de grupos de açúcares, nas
moléculas de lipídios, no lúmen do aparelho de Golgi, que é topologicamente equivalente ao exterior da
célula.
Os Glicolipídios provavelmente ocorrem na MP de todas as células animais, constituindo cerca de 2 a 5%
das moléculas lipídicas da monocamada externa. São descritos também, em algumas membranas
intracelulares.
Os mais complexos Glicolipídios são os GANGLIOSÍDEOS.
FUNÇÕES DOS GLICOLIPÍDIOS (Supostas funções)
Membrana das células epiteliais – confinados à superfície apical destas células, ajudam a proteger a
membrana contra condições desfavoráveis (baixo pH e enzimas digestivas).
Gangliosídeos – são glicolipídios que possuem carga, podendo alterar o campo elétrico através da
membrana e das concentrações dos íons (em especial, o Ca++), na superfície da membrana.
Acredita-se que os glicolipídios participem dos processos de reconhecimento celular (adesão célula-
célula).
Alguns glicolipídios propiciam pontos de entreda para algumas toxinas bacterianas. O gangliosídeo GM1
atua como receptor celular de superfície para a toxina bacteriana que causa a diarréia debilitante de cólera.

PROTEÍNAS
Apesar de a estrutura básica das membranas biológicas ser fornecida pela bicamada lipídica, as proteínas
de membrana desempenham a maioria das funções específicas das membranas.
As quantidades e os tipos de proteínas em uma membrana são altamente variáveis.

Devido ao seu pequeno tamanho, existem cerca de 50 moléculas de lipídios para cada molécula de
proteína, em uma membrana que tenha 50% de sua massa em proteínas.
Similarmente aos lipídios, as proteínas da membrana frequentemente têm cadeias de oligossacarídeos
ligados a elas, voltados para a face externa da célula.
ASSOCIAÇÃO DAS PROTEÍNAS COM A BICAMADA LIPÍDICA
Proteínas transmembrana atravessando a bicamada como uma α-hélice única ( 1 ), como multiplas α-
hélices ( 2 ), ou como uma folha β pregueada (um barril β) ( 3 ).
Outras proteínas de membrana estão expostas somente em um lado da membrana:
. algumas destas, estão ancoradas à superfície citosólica por meio de uma α-hélice anfipática que separa a
monocamada citosólica da bicamada lipídica através da face hidrofóbica da hélice ( 4 ).
. podem estar ligadas também, à monocamada citosólica, por meio de uma ou mais cadeias lipídicas
ligadas covalentemente (através de cadeias de ácidos graxos ou grupamentos prenila ( 5 ).
. outras proteínas estão inteiramente expostas na superfície externa da célula, estando ligado à bicamada
por uma ligação covalente (via um oligossacarídeo específico) com o fosfatidilinositol da monocamada
lipídica externa da MP ( 6 ).
Algumas proteínas de membrana não se projetam para o interior da bicamada lipídica; ao contrário,
ligam-se a uma das faces da membrana por meio de interações NÃO-covalentes com outras proteínas de
membrana
( 7, 8 ).
FORMAS EM α-hélice e barril β
Na maioria das proteínas transmembrana a cadeia polipeptídica atravessa a bicamada lipídica em uma
conformação α-hélice (fig. A).
As proteínas transmembranas multipassagem têm os seus segmentos transmembranas arranjados como
barris β, em vez de α-hélice. O número de segmentos β varia muito, (8 a 22) (figs. B)
As proteínas que formam barris β são abundantes e se restringem principalmente às membranas externas
das mitocôndrias, dos cloroplastos e de muitas bactérias. Algumas são proteínas formadoras de poros
(por exemplo, as porinas).
MUITAS PROTEÍNAS DE MEMBRANA SÃO GLICOSILADAS
A grande maioria das proteínas transmembranas em células animais é glicosilada. Os resíduos de açúcar
são adicionados no lúmen do RE e do aparelho de Golgi.
As cadeias de oligossacarídeos estão geralmente presentes no lado NÃO-citosólico da membrana.
Devido ao ambiente redutor do citoplasma, pontes dissulfeto intra e intercadeias (S-S) entre resíduos de
cisteína formam-se predominantemente no lado extra-celular. Fig.10-22
PROTEÍNAS DE MEMBRANAS: GRANDES COMPLEXOS
As proteínas de membrana são frequentemente organizadas em grandes complexos não somente para
captar várias formas de energia mas também para converte sinais extracelulares em sinais intracelulares.
Fig 10.38

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