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Sobre Tarsila do Amaral

Nascida em 1º de setembro de 1886, em Capivari, interior de São Paulo,[1] era filha de


José Estanislau do Amaral Filho e de Lídia Dias de Aguiar, e neta de José Estanislau do
Amaral, cognominado “o milionário” em virtude da imensa fortuna acumulada em fazendas do
interior paulista.
Seu pai herdou a fortuna e diversas fazendas, onde Tarsila e seus sete irmãos
passaram a infância. Desde criança, fazia uso de produtos importados franceses e foi
educada conforme o gosto do tempo. Sua primeira mestra, a belga Mlle. Marie van
Varemberg d’Egmont, ensinou-lhe a ler, escrever, bordar e falar francês. Sua mãe passava
horas ao piano e contando histórias dos romances que lia às crianças. Seu pai recitava versos
em francês, retirados dos numerosos volumes de sua biblioteca.
Começou a aprender pintura em 1917, com Pedro Alexandrino Borges.[1] Mais tarde,
estudou com o alemão George Fischer Elpons. Em 1920, viaja a Paris e frequenta a Academia
Julian, onde desenhava nus e modelos vivos intensamente. Também estudou na Academia de
Émile Renard.
Apesar de ter tido contato com as novas tendências e vanguardas, Tarsila somente
aderiu às ideias modernistas ao voltar ao Brasil, em 1922. Numa confeitaria paulistana, foi
apresentada por Anita Malfatti aos modernistas Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Menotti
Del Picchia. Esses novos amigos passaram a frequentar seu atelier, formando o Grupo dos
Cinco.
Em janeiro de 1923, na Europa , Tarsila se uniu a Oswald de Andrade e o casal viajou
por Portugal e Espanha. De volta a Paris, estudou com os artistas cubistas: frequentou a
Academia de Lhote, conheceu Pablo Picasso e tornou-se amiga do pintor Fernand Léger,
visitando a academia desse mestre do cubismo, de quem Tarsila conservou, principalmente, a
técnica lisa de pintura e certa influência do modelado legeriano.
Principais Obras

Réplica do Sagrado Coração de


Jesus, 1922
Foi em Barcelona, em 1902, em um colégio interno,
que Tarsila pintou, aos dezesseis anos, o seu
primeiro quadro, uma réplica do Sagrado Coração de
Jesus. Trata-se de uma pintura em óleo sobre tela,
com 103 cm por 76 cm. Duas curiosidades: a pintura
demorou cerca de um ano para ficar pronta e a
pintora assinou como Tharcilla, nome artístico que
usava na época.

Retrato de Oswald de Andrade, 1922


Quando retornou ao Brasil depois da sua estadia na
Europa, Tarsila conheceu outros
artistas, namorou com o escritor Oswald de Andrade
e, mais tarde, casou-se com ele. Tarsila chegou a
ilustrar o livro Pau-Brasil (1925), de autoria do
escritor modernista. Quatro anos depois de ter
pintado o retrato de Oswald de Andrade, a artista
inaugurou a sua primeira exposição individual em
Paris (1926).

Operários, 1933
O quadro retrata o período de industrialização em São
Paulo. As feições dos operários são muitas vezes
sobrepostas e abatidas, chama a atenção também a
quantidade de rostos que a pintora é capaz de ilustrar
na imagem.

Segunda Classe, 1933


Pintado em 1933, Segunda Classe segue a mesma
linha de Operários e é representativo da pintura social
de Tarsila. Os personagens aparecem descalços e
são registrados em uma estação de trem, com
aparência fechada e rostos maltratados
Costureiras, 1936
Costureiras também se alinha ao horizonte
temático e ideológico proposto
em Operários e Segunda Classe. Na tela, de
73cm por 100cm, vemos trabalhadoras têxteis
em horário de serviço. É de se sublinhar a
presença de um gato no retrato, uma série de
pinturas de Tarsila contêm animais domésticos
nas cenas retratadas

Autorretrato, 1923
Autorretrato (também conhecido como Manteau
Rouge) foi pintado em 1923 e tem dimensões
médias (73cm por 60,5cm). O casaco vermelho
de gola alta, que Tarsila veste na pintura, foi
desenhado pelo estilista Jean Patou e usado no
jantar, em homenagem à Santos Drummond,
oferecido pelo embaixador brasileiro em Paris,
em 1923. Atualmente a tela encontra-se no
Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de
Janeiro.

A negra, 1923
Criada em 1923, A negra é uma pintura a óleo
sobre tela com 100cm por 80cm de dimensão. A
tela foi revolucionária porque representou, pela
primeira vez, com protagonismo, uma negra. O
também pintor Fernand Léger, então professor de
Tarsila, ficou encantado com o
trabalho. Atualmente a tela se encontra no acervo
do Museu de Arte Contemporânea da
Universidade de São Paulo.
A Cuca, 1924
A cuca foi pintada em 1924 e traz como
tema um animal inventado tipicamente
brasileiro: a cuca. O personagem é uma
mescla de diversos animais distintos e o
quadro está realizado com cores fortes
em homenagem as cores nacionais.

Nos anos 20, Tarsila levou o amigo e


poeta Blaise Cendrars para uma viagem
ao Rio de Janeiro e as cidades históricas
de Minas Gerais. Foi depois desse
percurso que a pintora resolveu tematizar
o lado rural do Brasil, juntando assim a
técnica cubista que aprendeu em Paris
com a temática nacional.

Abaporu, 1928
Abaporu talvez seja o quadro mais famoso pintado
por Tarsila. Criado em 1928, a tela foi um presente
oferecido por ela para o então marido, o escritor
Oswald de Andrade. A tela promove uma exaltação
da cultura nacional e é bastante representativa da
fase antropofágica da pintora, ocorrida entre 1928 e
1930. O quadro atualmente faz parte do acervo do
Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires.
Procissão, 1954
Para se ter uma idéia da importância da pintora, Tarsila foi convidada em 1954 para
pintar no Pavilhão da História do Ibirapuera um painel em homenagem ao IV
Centenário da Cidade de São Paulo.

O resultado do convite foi uma pintura enorme, de 253cmx745cm, que retrata uma
procissão de Corpus Christi no século XVIII. A obra atualmente se encontra na
Pinacoteca Municipal de São Paulo.

Antropofagia, 1929
Antropofagia é um quadro que tem a digital
da pintora e reúne traços comuns que já
haviam sido testados em A
negra e Abaporu. Há quem considere o
quadro de fato uma fusão das duas
pinturas. Chama a atenção as formas
inchadas e com perspectivas alteradas
utilizadas, assim como a predominância do
verde explorado em plantas tipicamente
brasileiras, ao fundo da paisagem. A tela se
encontra exposta na Fundação José e
Paulina Nemirovsky, em São Paulo, e tem
79cm x 101cm de dimensão.

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