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Projeto Pós-Graduação
Curso Enfermagem do Trabalho
Disciplina Doenças Ocupacionais
Tema O Risco Ambiental: agente químico
Professor Anísio Calasans
Introdução
Os agentes químicos são uma importante parcela de nossos estudos
das doenças ocupacionais e suas causas, seja devido à frequência com que os
encontramos no ambiente de trabalho e pela experiência em identificá-los
como perigo e causadores de lesões.
Nós já tínhamos uma descrição da intoxicação por chumbo, feita pelo pai
da medicina, Hipócrates, no entanto, vemos a criação de novos polímeros e
substâncias a cada dia, cada uma com um potencial lesivo novo e, muitas
vezes, imprevisível.
Daí a importância de dominarmos um pouco dessa ciência e estarmos
preparados para o que o futuro nos reserva.
(Vídeo disponível no material on-line)
Problematização
Você trabalha no Centro de Referência Especializado em Saúde do
Trabalhador - CEREST - da sua região e, juntamente com a equipe técnica, foi
chamado(a) para avaliar uma pequena fábrica de brinquedos,
Recentemente, tem ocorrido o afastamento de empregados, que
apresentam mudança de comportamento, tremores, fraqueza muscular,
hiporreflexia, labilidade emocional e redução de memória.
Em alguns casos suspeitou-se de dependência química por abuso de
Agentes químicos
Consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou
produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas
de poeira, fumo, névoa, neblina, gás ou vapor, ou que, pela natureza da
atividade de exposição, possam ter contato ou serem absorvidos pelo
organismo através da pele ou por ingestão (9.1.5.2).
Nas atividades ou operações nas quais os trabalhadores ficam expostos
a agentes químicos, a caracterização de insalubridade ocorrerá quando forem
ultrapassados os limites de tolerância.
Agentes Tóxicos
Embora este tema seja objeto de uma matéria específica em seu curso
de especialização, aqui é útil conhecermos os princípios da toxicologia, cuja
definição mais utilizada é da “ciência que estuda os efeitos nocivos decorrentes
das interações de substâncias químicas com o organismo”.
“Todas as substâncias são venenos, não existe nenhuma que não seja. A dose
correta diferencia um remédio de um veneno”. Paracelso.
Toxicocinética
Pensando nas doenças ocupacionais possíveis na exposição aos
agentes químicos, podemos prevê-las ao seguir esses tóxicos estudando seu
deslocamento dentro do organismo. A isso se dá o nome de Toxicocinética.
TOCICOCINÉTICA:
ABSORÇÃO
DISTRIBUIÇÃO
METABOLISMO
EXCREÇÃO
Resposta tóxica
Uma vez que o trabalhador foi exposto, a resposta negativa sob seu
corpo dependerá de uma série de fatores:
Frequência
Via
Ambiente
Temperatura
Pressão atmosférica
Umidade do ar
Idade
Sexo
Peso corporal
Estado nutricional
Comorbidades
Suscetibilidade individual
Poeiras
Podemos definir as poeiras como partículas sólidas em suspensão no ar.
Em geral possuem origem mineral e advém do processamento de rochas, mas
temos registros de contaminação do solo com exposição também na
agricultura.
Precisamos analisá-las conforme o tamanho de suas partículas, tanto
para entendermos o poder de dispersão quanto de penetração na árvore
respiratória. Também sua concentração e capacidade de reação tecidual. Essa
é chamada pneumoconiose.
As partículas inaláveis são aquelas cujo diâmetro é menor que 10µm.
Elas podem ainda ser classificadas como partículas inaláveis finas, menores
que 2,5µm e grossas. As partículas finas, devido ao seu tamanho diminuto,
podem atingir os alvéolos pulmonares, já as grossas ficam retidas na parte
superior do sistema respiratório.
(Vídeo disponível no material on-line)
Fumos
A condensação, sublimação ou reação química resultante de materiais
fundidos forma os fumos metálicos. Trata-se de metais pesados em
suspensão, portanto com maior possibilidade de intoxicação.
Processos que envolvam solda a quente, produção de baterias
automotivas ou o processo de galvanização constituem locais com perigo em
potencial dessa intoxicação.
Névoas
Quando tratamos de partículas em suspensão em estado líquido,
chamamos de névoa. São originados a partir da condensação de gás ou vapor
ou pela dispersão de líquido.
Vapores
Vapores são dispersões de moléculas no ar, em geral pela própria
evaporação. A classe de substâncias que estão mais afeitas a esse processo
são os solventes orgânicos, álcoois e solventes aromáticos.
Esse último tem como um de seus maiores representantes o benzeno,
cujo uso está regulamentado pelo anexo 13-A da NR15, em que se salientam
as propriedades cancerígenas do produto.
(Vídeo disponível no material on-line)
Revendo a problematização
Muito bem! Acredito que já tenhamos tido tempo suficiente para refletir
sobre o caso apresentado no início dos estudos deste tema. Escolha entre as
alternativas a que melhor se aplica à situação.
a. Sabendo a implantação de um novo produto, com meio de produção
desconhecido pelos trabalhadores, somada à mudança na diretoria e
tratamento pelo gerente, verifica-se um possível clima de trabalho
inóspito, o que geraria um uso abusivo de álcool fora do ambiente de
trabalho. A negação é costumeira, explicando o desconhecimento do
diretor e falha no diagnóstico hospitalar. Sugerir tratamento
psicoterápico para desintoxicação, abstinência e melhor adaptação
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Feedbacks
a. Mesmo que os fatores psicossociais devam ser considerados, como
pressões no trabalho e suas formas de compensação, não é comum
o surgimento de novos casos sem histórico específico ou com
mesmo tempo de evolução. Ignorando-se uma possível intoxicação
orgânica podemos retardar o tratamento específico.
b. A introdução de novos agentes traz potencial perigo aos
trabalhadores, devendo haver estudo prévio de sua toxicidade e
exposição, além das medidas ambientais de controle de
contaminação e a previsão no programa de controle médico de
saúde ocupacional - PCMSO - do monitoramento biológico.
c. Embora algumas medidas mais energéticas e urgentes devam ser
tomadas, quando temos a suspeita de uma grande intoxicação
coletiva, a definição da doença ocupacional exige o diagnóstico da
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Síntese
Completado o estudo de um dos grandes grupos de riscos, causadores
potenciais de doenças ocupacionais, vimos nos agentes químicos seu potencial
de intoxicação.
Novamente, demos ênfase ao conhecimento e, a partir daí, ao
reconhecimento dos perigos à saúde do trabalhador. Somando-se a isso o
entendimento das formas de exposição e efeitos potenciais no organismo
humano, pudemos identificar o risco de adoecimento.
Mas o mais importante nesse estudo é a interferência que podemos
fazer, de forma pró ativa, nos fatores do adoecimento. Ao identificarmos, por
exemplo, que uma poeira não tem potencial para lesões brônquicas, podemos
estipular proteções mais confortáveis. Porém se o agente pode chegar aos
pulmões, precisamos conhecer seus efeitos, monitorá-los e não apenas
aguardar que um estado patológico se instale e se manifeste, muitas vezes de
forma já irreversível.
Concluímos lembrando que produtos químicos são desenvolvidos a cada
minuto, seja por uma nova combinação de produtos já existentes e com efeitos
bastante imprevisíveis, seja pela criação pura de novas substâncias, efeito de
novas tecnologias, como está ocorrendo com a nanotecnologia. Assim, nossa
vigilância promete nunca cair em uma rotina.
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